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Arquivo : Phil Jackson

Com reservas, Kerr dá cartada de Jackson e Popovich em momento crítico
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Giancarlo Giampietro

Barnes era o único titular em quadra em arrancada pelo quarto período

Barnes era o único titular em quadra em arrancada pelo quarto período

Os astros de Oklahoma City não estavam tão bem assim, mas a vantagem do Golden State Warriors era de apenas quatro pontos ao final do terceiro período. Quando Steve Kerr terminou de conversar com seu grupo, antes dos 12 minutos que poderiam ser os últimos de uma temporada já histórica.

Daí que mesmo o torcedor mais fanático de Oakland pode ter engasgado quando viu o quinteto que o treinador havia mandado para quadra: Shaun Livingston, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Marreese Speights faziam companhia ao brasileiro Leandrinho. Nada de Steph Curry, Klay Thompson ou Draymond Green. Barnes, um fracasso durante a série, era o único titular presente.

Kerr havia pirado?

Não, só havia seguido uma página de tantas lições que anotou nos tempos de jogador de Phil Jackson e Gregg Popovich, dois dos treinadores mais vitoriosos da NBA. Talvez tivesse se lembrado até mesmo daquela noite de 3 de junho de 2003, quando ele estava do outro lado: como um jogador sentado na ponta do banco, mais como espectador.

Quando o San Antonio Spurs se viu em situação complicada pelo Jogo 6 da final do Oeste de 13 anos atrás, Gregg Popovich recorreu ao veterano tetracampeão da liga. O Dallas Mavericks vencia por 13 pontos. Fez a diferença com seus chutes de três e viu o Spurs reagir e acabar com a série para ir à final da liga e conquistar o quinto título de sua carreira.

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Assim relatou a Associated Press: “Steve Kerr foi um homem esquecido pela maior parte dos playoffs. ‘Tenho 37 anos. Sou lento. Não sou um defensor muito bom’, disse Kerr, explicando por que o técnico o havia mantido na ponta do banco. Kerr entrou no jogo com apenas 17 minutos pelas finais e um total de zero cestas.”

Tony Parker estava doente. Speedy Claxton não estava jogando bem. Pop recorreu a Kerr e disse para que o veterano chutasse sem dó. Foi um bombardeio, no qual acertou quatro bolas de longa distância, somando 12 pontos em 13 minutos. “Foi só atirar para cima para ver o que acontecia. Esta é uma das melhores noites da minha carreira, bem ao lado de tudo o que aconteceu em Chicago”, disse, pouco antes de se aposentar.

Numa série de playoff, cabe às comissões técnicas reagirem rapidamente, em menos de 48 horas, para tentar ajudar seus atletas. Encontrarem respostas, os chamados ajustes. No caso do Warriors, era pela sobrevivência pela final do Oeste.

Dente tantas opções discutidas e executadas, um maior papel para a segunda unidade foi surpreendente, quando nem mesmo seus All-Stars estavam conseguindo resistir ao poderio atlético e defensivo de OKC. Então não dava para segurar ao menos Thompson como referência ofensiva no lugar de Barnes? Kerr entendeu que não. Que precisava dar um descanso maior aos seus principais atletas e ao mesmo tempo tentar ganhar algo de novo.

Não dá para saber se o Mestre Zen ou Pop fariam o mesmo, nessa situação específica. Mas suponho que tenham ficado no mínimo positivamente surpresos pela coragem de seu antigo discípulo, para não dizer orgulhosos, depois do que se passou em quadra.

O time com Leandrinho e mais três reservas anotou oiro pontos em sequência. Quando o brasileiro foi substituído a 9min01s do fim, dando enfim lugar a Thompson, a vantagem era de dez pontos. Levou mais um minuto para que Curry e Draymond voltassem, no lugar de Livingston e Barnes, e aí eles tinham de proteger uma liderança de 12 pontos (95 a 83). Isso mostrou confiança de Kerr em seu sistema, mesmo enfrentando tanta dificuldade na série contra um adversário que vem causando muito desconforto.

“Se o sistema dos triângulos estivesse funcionando, o Tex (Winter, mentor, amigo, guru) costumava dizer que a equipe deveria jogar junto, como se fossem os cinco dedos da mão. Nos primeiros anos, eu usava uma rotação de dez jogadores, sendo cinco titulares e cinco reservas, para garantir que os suplentes tivessem tempo suficiente para entrar em sintonia com o resto da equipe. Na reta final da temporada, eu reduzia a rotação para sete ou oito jogadores, mas tentava usar outros reservas sempre que possível. Às vezes os reservas podem ter um impacto surpreendente”, escreveu Jackson em seu último livro, “Onze Anéis”.

O torcedor do Bulls vai se lembrar sobre como Phil, se descontente ou inquieto, não hesitava em mandar para o jogo um quinteto como John Paxson, Trent Tucker, Scottie Pippen, Scott Williams e Stacey King, segurando-os até que Jordan desse uma boa respirada.

Popovich já foi muito mais drástico, e não faltam casos nesta era dourada interminável de San Antonio em que o técnico apostou/prestigiou/premiou quintetos alternativos. Quantos não foram os jogos em que os reservas do Spurs conseguiram uma reação improvável, encostaram no placar e, quando todo mundo poderia supor que a cavalaria retornaria, o técnico mantinha os Cory Josephs e Beno Urihs em quadra?

Na sua cabeça, servia não só como lição para os titulares, por estarem ‘fazendo o certo’, como também dava rodagem e confiança a atletas que eventualmente seriam exigidos em situação de pressão nos playoffs.

“Um dos trabalhos mais difíceis de um treinador é impedir que os operários enfraqueçam a química da equipe. O técnico Casey Stengel, do New York Yankees, costumava dizer: ‘O segredo é manter os caras que te odeiam longe daqueles que estão indecisos’. No basquete geralmente quem te odeia são aqueles que não estão recebendo tanto tempo de quadra como acham que mereciam. Tendo sido um reserva, sei o quanto grave pode ser se você está definhando no banco durante um jogo crucial. Minha estratégia era manter o pessoal do banco o mais engajado possível”, escreveu Jackson.

É um desafio, mesmo, que vale também para Billy Donovan com o Thunder. Na derrota desta quarta-feira, Dion Waiters saiu zerado, Enes Kanter fez apenas um pontinho em seis minutos, mas I técnico ao menos ‘ganhou’ um empolgado Anthony Morrow, que acertou todos os seus quatro arremessos e terminou com 10 pontos em sete minutos.

Para OKC, porém, é sabido que Durant e Westbrook vão concentrar a pontuação. Pelo Golden State, porém, a despeito da capacidade incrível de chute de Curry e Thompson têm, uma distribuição mais igualitária sempre foi vista como ideal. Tanto que na temporada regular nenhum titular de Kerr teve mais de 35 minutos em média.

Em entrevista a Sekou Smith, do NBA.com, Klay Thompson exagerou e disse que os reservas  teriam nível para formar um time de playoff até. “Há várias noites em que os titulares não estão produzindo, e nossa segunda unidade é boa o bastante para reagir. Eles são bons o bastante para ir aos playoffs para mim”, afirmou. Em Washington, depois de o Wizards fazer duas partidas equilibradas com o Warriors, John Wall deu o braço a torcer e afirmou que “esta segunda unidade pode te matar”. Nesta final de conferência, todavia, não estava rolando. “Não estávamos conseguindo render na série”,  disse Speights, cestinha da segunda unidade com 14 pontos. “Mas fomos bem desta vez e agora temos muito dessa confiança para o próximo jogo.”

Os astros comemorando no banco feito torcedores

Os astros comemorando no banco feito torcedores

Que Speights esteja se sentindo bem, é uma ótima cartada para Kerr, para espaçamento de quadra ou ataque dentro do garrafão. Entre os demais suplentes, pensando no Jogo 6, o técnico poderia encontrar uma forma de reativar Shaun Livingston, que até agora só anotou 22 pontos e 11 assistências em cinco partidas, acertando 39,2% dos arremessos. O mais importante é que, se forem utilizados novamente, que rendam bem como grupo, a começar pela defesa. Se Enes Kanter estiver em quadra, melhor. Poderiam correr mais.

E quanto aos brasileiros? Bem, foi o que o chapa Renan Prates perguntou durante a vitória desta quarta. Leandrinho saiu zerado em sete minutos, mas fez boa partida, dando energia à equipe, especialmente na defesa. Esforço sempre bem-vindo por parte de um atleta que fez carreira na liga muito mais pelo talento como cestinha. Não por acaso, o único registro estatístico feito em seu nome foi o de duas roubadas de bola. Do ponto de vista do ligeirinho, o importante foi ter jogado quando havia partida ainda por ser disputada.

Quanto a Anderson Varejão, a situação é a mesma de Cleveland. Complicada e para Ruben Magnano refletir. Seria injusto avaliá-lo em seus minutos limitados. Em Oakland, o pivô capixaba foi o único jogador do Warriors que saiu de quadra com saldo negativo. Kerr tinha esperança de que o veterano, de carreira excelente, seria útil, valioso no garrafão. A resposta até agora ficou aquém do que diretoria e técnicos imaginavam. Difícil que seja acionado novamente, até pelo cenário ainda crítico.

O Warriors está numa final de conferência, lutando contra a eliminação. Kerr chamou a galera do banco, assumiu riscos. No início do quarto período, teve sucesso, por três minutinhos, conseguindo uma vantagem que fez a diferença. Ao contrário do que aconteceu há 13 anos, quando o Spurs contou com um veterano enferrujado para fechar a série, a equipe californiana ainda precisa de mais duas vitórias. Não é sempre que os reservas vão conseguir encarar um quinteto que tenha Durant como adversário. Ainda mais fora de casa.

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Quais perguntas podem separar os clubes da NBA de suas metas? Parte II
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Giancarlo Giampietro

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É regra geral: todo gerente geral de um clube da NBA entra em uma nova temporada cheio de otimismo, com a expectativa de ver os planos das férias colocados em prática, se transformando em vitórias, ginásio cheio, vendas lá no alto e o tapinha nas costas do chefão. Quer dizer: todos, menos Sam Hinkie e o Philadelphia 76ers.

Acontece que não há trabalhos perfeitos, não existe ciência exata na hora de compor os elencos, de imaginar e sugerir uma tática e executá-la. Há casos de jogadores que não vão se entender como se imaginava. Lesões podem atrapalhar tudo logo no primeiro mês de campanha. Um técnico pode ter perdido o controle do vestiário. A concorrência talvez esteja mais forte. Sorte e azar estão sempre rondando por aí. Os dirigentes sabem disso – até a hora de confrontar os problemas mais graves, porém, não custa sonhar que tudo esteja bem encaminhado.

Entre o sucesso e o fracasso numa temporada, muitas questões precisam ser respondidas, como numa lista de afazeres. Não dá para colocar todas elas aqui, até porque há tópicos que vão aparecer no meio do caminho e que não estavam previstas, interna ou externamente. Com um belo atraso, o blog vai retomar sua série de, hã, ‘prévias’ (na falta de um termo mais atualizado) sobre cada franquia e tentar se aprofundar nessa lista. Para compensar o tempo perdido, porém, seguem as indagações que julgo mais importantes para cada time, ponderando quais suas ambições mais realistas e o que pode separá-los de suas metas.

Coferência Leste, lá vamos nós:

(E clique aqui para ler sobre o Oeste)

CENTRAL

Hoiberg dá liberdade ao Bulls. Como os jogadores vão aproveitá-la?

Hoiberg dá liberdade ao Bulls. Como os jogadores vão aproveitá-la?

– Bulls: vamos descobrir qual o impacto de se proporcionar liberdade, criatividade e poder de decisão para um elenco que venceu muitas partidas (e suou e se arrebentou) sob o pulso firme de Thibs. Essa, para mim, é a questão mais interessante, do ponto de vista de cultura esportiva, de toda a temporada. É uma questão até mesmo humanista. (Sim, gente, é nesse momento que você pode entrar com a referência básica na linha de “o esporte enquanto reflexo/espelho/laboratório da sociedade.)

– Bucks: é o time mais enigmático do Leste, ao meu ver. Essa molecada pode tanto avançar consistentemente rumo ao topo da conferência como pode engasgar com seu ritmo frenético, fazendo uma pausa para uma avaliação mais cuidadosa de quem é quem no elenco para saber exatamente o que eles têm no elenco. É o tipo de questão que qualquer jovem equipe tem de enfrentar depois de um primeiro ano com sucesso acima do esperado.

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– Cavaliers: se o time chegar pelo menos com 80% de sua capacidade técnica aos playoffs, acho que não vai ter desculpa: será o suficiente para brigar de igual para igual com qualquer rival, mesmo aquele que venha do Oeste. E aí vamos saber se o plano mirabolante de LeBron James de assumir o controle de uma franquia ainda como jogador pode vingar. Dependendo dos resultados, pode ser outro marco histórico da indústria esportiva (mais e mais astros exigindo poder pleno no futuro), ou o supercraque terá muito o que explicar sem apontar para uma ou outra falha de técnicos, dirigentes e companheiros que deveriam ter autonomia, mas, hoje, são basicamente seus subordinados

O remodelado Pacers vai pedir mais de Paul George. Mas e o que está ao seu redor?

O remodelado Pacers vai pedir mais de Paul George. Mas e o que está ao seu redor?

Pacers: Larry Bird arrefeceu e decidiu mudar o curso do time em 180º, e Paul George não sabe exatamente como reagir e o que fazer com as novas instruções. Qualquer alteração drástica a esse ponto pede paciência para se avaliar. Em Chicago, Hoiberg ao menos tem as peças para fazer o jogo aberto e bonito. Já Frank Vogel vai ter de se virar com Monta Ellis, Rodney Stuckey e George Hill. Esse trio pode conviver em paz, ainda mais sabendo que a bola vai ficar mais com seu astro? Esses caras vão atacar de modo integrado ou vão adotar o sistema de “uma-vez-de-cada-um”? Com tantos possíveis tijolos forçados atirados rumo ao aro, o duvidoso novo conjunto de pivôs vai estar preparado para apanhar os rebotes? Vogel será deveras exigido.

Pistons: de certa forma, está tudo aqui, finalmente. SVG mexeu, remexeu e conseguiu formar um time com peças bem similares ao que tinha em Orlando. Andre Drummond pode não ser um Dwight Howard defensivamente, mas, no ataque, vai atrair ajuda de marcação sem parar, liberando a quadra para os alas chutadores e para os ataques de Reggie Jackson. Só falta aqui um segundo playmaker como era Turkoglu. Então… será que agora vai!?!? Será que o Pistons voltará a ser um time digno de NBA (o que, no Leste, equivale basicamente a time de playoff)?

NORDESTE

– Celtics: Ainge está tentando, cavucando e, aos poucos, encontrando. Um Jae Crowder aqui, outro Amir Johnson ali, e Brad Stevens vai ganhando peças. Será que eles têm pique e fôlego para desafiar Toronto no topo da divisão?

Greg Monroe não quis saber de Phil Jackson. Entra Robin Lopez

Greg Monroe não quis saber de Phil Jackson. Entra Robin Lopez

– Knicks: muita gente, mas muita gente mesmo simplesmente acredita que Phil Jackson foi um tremendo de um sortudo em sua carreira de técnico por ter em mãos grandes lendas do basquete. O que é ridículo, uma vez que nenhum desses craques havia ganhado um título antes de conhecê-lo. Bem, de qualquer forma, agora como presidente do Knicks, o Mestre Zen ainda não conseguiu uma superestrela para fazer companhia a Carmelo. Então, para que o Knicks volte a ser competitivo, o que vai pesar é sua visão geral e seu olho de scout, confiando que os alvos alternativos que escolheu são os corretos. Vai dar triângulo? Ou melhor, vai dar jogo?

– Nets: sério… qual é a graça aqui? O que tem de divertido nesse time, agora que Brook Lopez nem visita mais a Comic Con!? Além de uma eventual troca pelo cada vez mais lento Joe Johnson, da estabilidade física de seu talentoso pivô e da histeria de Lionel Hollins, não sei bem o que pode gerar interesse em torno da franquia. O que é alarmante, considerando que Billy King vai ceder uma escolha alta de Draft ao Celtics antes de tentar seduzir algum agente livre com os cacos de um projeto estilhaçado.

DeMarre Carroll chega ao Raptors com propósitos claros

DeMarre Carroll chega ao Raptors com propósitos claros

– Raptors: depois da tremenda decepção dos últimos playoffs, Masai Ujiri tinha uma chance de implodir tudo e resgatar a ideia de repaginação do clube, abortada em meio a uma inesperada guinada. Ou, poderia fazer uma análise fria do que faltava ao seu time, acreditando que, com essa base, é possível, sim, chegar ao título do Leste. Ao dar US$ 15 milhões a DeMarre Carroll, fica claro o caminho que preferiu seguir, de modo que não há muitas dúvidas aqui. É preciso saber se, com um novo estafe e reforços de mentalidade cascuda, Dwane Casey vai conseguir montar uma defesa forte e sustentável.

– 76ers: entre os que pregam a frieza de cálculos e experimentos e a necessidade natural de se querer competir. qual o limite? Pelo bem de Brett Brown, qual o limite para se estender esse dilema? Não há a menor possibilidade de prolongar este Processo por mais um ano, certo? CERTO!?

SUDESTE

Não é exatamente para cravar que Splitter foi contratado por Budenholzer

Não é exatamente para cravar que Splitter foi contratado por Budenholzer

– Hawks: se até o Bulls e o Pacers quiseram ficar mais leves e velozes, será que o Hawks já estava light demais? Entra em cena Tiago Splitter, com seu impacto nos pormenores do jogo e da defesa, para fazer uma rotação, em teoria, perfeita com Millsap e Horford. Só é preciso checar se Bazemore, Sefolosha e Holiday conseguem segurar as pontas no perímetro para que o catarinense não seja exigido demais para compactar a defesa.

– Hornets: a lesão de Kidd-Gilchrist dói demais, a concorrência parece mais ajeitada, mas o Leste ainda é o pálido Leste, e algum clube precisa se dar bem por aqui. Caberá a Steve Clifford chegar a um total que valha mais que a soma de suas peças, remediando a defesa e confiando que o sofrível ataque será animado pela chegada de Batum, Lin, Kaminsky e, quiçá, Jeremy Lamb, em sua última chamada.

– Heat: não vejo meio termo aqui: ou esse time vai arrebentar, ou vai se arrebentar. Qual alternativa será a correta, então? a) todos jogam (Wade e Bosh especialmente), Dragic e Wade dialogam, Whiteside é de verdade, e Spoelstra terá condição de preparar um bom menu. Ou… b) com um monte de peças de durabilidade suspeita, as lesões não cessam, o time não consegue ganhar um conjunto, e, em tempos de dificuldade, os egos tomam conta da bola?

O Orlando precisa de Hezonja. Mas, para jogar com Skiles, ele precisa defender

O Orlando precisa de Hezonja. Mas, para jogar com Skiles, ele precisa defender

– Magic: os jovens de cabeça boa agora têm um mentor com histórico positivo nos primeiros anos de trabalho, podendo tirar o máximo de sua ética de trabalho. Ainda assim, sabe do que esse time vai precisar, se quiser entrar na briga pelos playoffs? Justamente de seu jogador com temperamento mais volátil. Sim, Mario Hezonja! O jovem croata será um desafio para Skiles durante a jornada, uma vez que, suponho, Fournier não será o bastante para desafogar o ataque.

– Wizards: tudo parece muito bem encaminhado aqui. Wittman está decidido a aplicar na temporada regular o ritmo acelerado bem-sucedido de algumas semanas de playoffs. Quando o Wizards voltar ao mata-mata, só não terá aquele tal de Paul Pierce para chamar a bronca. E aí será a vez de John Wall e Bradley Beal darem mais um passo, na tentativa de conquistar Kevin Durant.


Quais perguntas podem separar os clubes da NBA de suas metas? Parte I
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Giancarlo Giampietro

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É regra geral: todo gerente geral de um clube da NBA entra em uma nova temporada cheio de otimismo, com a expectativa de ver os planos das férias colocados em prática, se transformando em vitórias, ginásio cheio, vendas lá no alto e o tapinha nas costas do chefão. Quer dizer: todos, menos Sam Hinkie e o Philadelphia 76ers.

Acontece que não há trabalhos perfeitos, não existe ciência exata na hora de compor os elencos, de imaginar e sugerir uma tática e executá-la. Há casos de jogadores que não vão se entender como se imaginava. Lesões podem atrapalhar tudo logo no primeiro mês de campanha. Um técnico pode ter perdido o controle do vestiário. A concorrência talvez esteja mais forte. Sorte e azar estão sempre rondando por aí. Os dirigentes sabem disso – até a hora de confrontar os problemas mais graves, porém, não custa sonhar que tudo esteja bem encaminhado.

Entre o sucesso e o fracasso numa temporada, muitas questões precisam ser respondidas, como numa lista de afazeres. Não dá para colocar todas elas aqui, até porque há tópicos que vão aparecer no meio do caminho e que não estavam previstas, interna ou externamente. Com um belo atraso, o blog vai retomar sua série de, hã, ‘prévias’ (na falta de um termo mais atualizado) sobre cada franquia e tentar se aprofundar nessa lista. Para compensar o tempo perdido, porém, seguem as indagações que julgo mais importantes para cada time, ponderando quais suas ambições mais realistas e o que pode separá-los de suas metas.

Coferência Oeste, lá vamos nós:

PACIFICO

Lance Stephenson é um dos talentos cheios de personalidade que Doc vai monitorar

Lance Stephenson é um dos talentos cheios de personalidade que Doc terá de monitorar

Clippers: no papel, o banco melhorou consideravelmente, e foi algo que faltou no ano passado. Do ponto de vista técnico, não se discute. O que pega é saber se eles poderão se transformar num conjunto que possa dar minutos significativos de descanso aos principais caras do time. Nesse sentido, a balança aqui se inverte: caberá ao técnico Doc honrar as contratações do executivo  Rivers e comprovar que a segunda unidade melhorou, sim, o suficiente para enfim ajudar a dupla CP3-Griffin a conseguir os resultados que ainda não chegaram (leia-se: vencer mais que duas rodadas de playoff). Doc Rivers é reconhecido como um mago de vestiário, e suas habilidades devem ser testadas diante de tantas *personalidades* reunidas.

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Kings: em meio ao caos geral da franquia, a cordialidade e malandragem de Vlade Divac ou o estilo oposto e confrontativo de George Karl pode amainar e dar um jeito nas coisas? Talento aqui não se discute, e há espaço para crescer no Oeste, independentemente de o Rajon Rondo de hoje ser a figura deprimente de Dallas ou a maravilha de Boston.

O que importa, mesmo, para o Lakers, a partir de agora, é o desenvolvimento de D'Angelo Russell e não os números de Kobe

O que importa para o Lakers, a partir de agora, é o desenvolvimento de D’Angelo Russell e não os números de Kobe

Lakers: pode Kobe ser uma figura grandiosa, quando não são suas glórias, números e façanhas o que mais importa? Isto é, pode o Laker mais adorado de todos os tempos, aos 37 anos, 20 de NBA, e após uma série de graves lesões, entender suas limitações, ser paciente e dar suporte no desenvolvimento das jovens apostas do elenco? Para o clube, pensando em resultados, a era Bryant já é passado. Se o astro, porém, relutar, já está comprovado que Byron Scott não vai comprar briga e fazer o que precisa ser feito para frear uma poderosa locomotiva que avança rapidamente em direção o precipício. (Há quem diga, na verdade, que ela já saltou sobre o trilho rompido e, neste exato momento, está  poucos segundos de se espatifar de vez lá em baixo. Favor imaginar aqui aquela cena de blockbuster hollywoodiano, com a câmera em slow, e o trem em chamas sendo engolido pelo breu de um penhasco.)

Markieff Morris ainda não sabe o que é jogar um playoff

Markieff Morris ainda não sabe o que é jogar um playoff em meio ao hiato do Suns

Suns: dois times dos playoffs do ano passado estão estão bem mais fracos e, dependendo da enfermaria de New Orleans, a lista sobe para três. Se não for este o momento para Jeff Hornacek enfim chegar com sua equipe aos mata-matas, quando vai ser? Especialmente com Tyson Chandler ainda em forma para tentar fortalecer a defesa. É um ano de presão para o técnico e o gerente geral Ryan McDonough.

– Warriors: são o alvo, não mais a novidade. Internamente, não há dúvidas sobre a motivação em busca do bi. Mas em que ponto o time ainda pode ainda crescer para o momento em que, supostamente, terão de enfrentar um concorrente de peso e 100% saudável (em tese, Clippers e Spurs chegam fortalecidos para um eventual embate)? Com Kerr afastado, esse crescimento pode ser simplesmente natural, orgânico, fruto de uma estrutura e cultura plenamente estabelecidas? Ou eles nem precisam crescer? (Olha, na real, é difícil encontrar qualquer preocupação para além da saúde de seu adorado e aclamado técnico. Esses caras são demais, e o início de campanha de Steph Curry provoca uma comoção geral na liga. No mata-mata passado, eles já enfrentaram algumas situações críticas e souberam contorná-las. Não parece haver qualquer tipo de crise numa temporada regular que possa desestabilizá-los.)

NOROESTE

Blazers: há um núcleo jovem aqui para se trabalhar em cima, mas vai levar quanto tempo, num Oeste duríssimo, para o Portland voltar para a briga? O caso do Phoenix Suns serve como exemplo de como pode ser difícil reconstruir o clube nesta conferência, sem que se apele a extremos. Tal como no Arizona há dois anos, o Blazers tem dois jovens armadores fogosos para conduzir a reformulação e uma série de atletas promissores, mas do mesmo nível técnico em seu elenco. Escolhas terão de ser feitas e precisarão ser certeiras, caso Paul Allen não queira assistir aos playoffs de seu luxuosíssimo iate, longe do eterno Rose Garden. (Moda Center? Não.)

Raulzinho mal chegou e já está cheio de responsabilidades em Salt Lake City

Raulzinho mal chegou e já está cheio de responsabilidades em Salt Lake City

– Jazz: Quinn Snyder tem formações flexíveis para empregar, mas é o quinteto mais alto, com Favors e Gobert ao centro, que faz estragos, que é o diferencial da equipe. Mas podem Raulzinho, Burke e Burks jogar consistentemente bem para dar suporte a Hayward e municiar esses pivôs para que ataque não zere tamanho potencial defensivo?

Nuggets: Mike Malone vai colocá-los para jogar preparados e bem mais combativos do que nos anos de Brian Shaw. Mas, por mais que seus pirulões europeus sejam bastante instigantes, que Mudiay tenha seus flashes e que Gallo esteja em forma, a sensação é de que eles ainda estão num estágio abaixo de Portland no que se refere a jovem coleção de talentos e na curva de retomada. Então fica a dúvida: como lidar com essa situação incômoda de que talvez estejam no limbo sem perspectivas reais para ascensão num futuro breve? Vão precisar ser ainda mais pacientes e eficientes no Draft, ou agressivos em busca de uma troca redentora.

Pontos e rebotes não são problema para Kanter. E o resto?

Pontos e rebotes não são problema para Kanter. E o resto?

– Thunder: aqui são duas perguntas em uma, pois não tem jeito de evitá-las: a tempestade de lesões, enfim, acabou? Se a resposta for positiva, podem Kanter e Waiters se endireitar e fortalecer as pretensões de título de uma franquia que bate na trave há tempos, na hora mais providencial, antes que Durant vire efetivamente um agente livre?

Timberwolves: depois da lamentável notícia que comoveu toda a liga (R.I.P. Flip), quem vai assumir o controle do departamento de basquete? Que direção tomar com um elenco abarrotado de peças extremamente atraentes – seguir com a reconstrução passo a passo ou, dependendo do ritmo de Towns, já acelerar o processo?

SUDOESTE (A CARNIFICINA)

Matt Barnes muito provavelmente não é a solução para os problemas de ataque do Grizzlies

Matt Barnes muito provavelmente não é a solução para os problemas de ataque do Grizzlies

Grizzlies: remando contra a maré até quando com os dois pivôs batedores de bife? Ou: o quão difícil é, de verdade, encontrar na NBA de hoje um ala que possa jogar bem dos dois lados da quadra, ou que, no ataque, pelo menos saiba arremessar? A julgar pelo investimento feito em Jeff Green, parece que é complicado, mesmo. E o viajado, mas sempre útil Matt Barnes já não foi esse cara em Los Angeles…

Mavericks: quantos truques a mais poderia ter a mente brilhante de Rick Carlisle? Cabe ao técnico, ano após ano depois de 2011, dar um jeito e tirar de seu elenco um rendimento acima do previsto, relevando as seguidas tentativas frustradas de mercado de Mark Cuban.

– Pelicans: pode um só Monocelha compensar tantas lesões já de cara? Isso, claro, se ele, mesmo, ficar intacto na temporada, coisa que ainda não rolou em sua breve carreira.

– Rockets: Daryl Morey conseguiu formar um elenco com duas grandes estrelas (uma produtiva de verdade, a outra já com alguns asteriscos) e, ao redor deles, reuniu um bando de atletas um tanto subestimados, mas cuidadosamente garimpados para turbinar o sistema idealizado pelas mais complexas planilhas estatísticas. Até que chega, quase de graça, um Ty Lawson. Posto isso, supondo que uma hora as lesões vão acalmar, fica para o tampinha e o Sr. Barba um questionamento simples: e aí? Eles vão conseguir conviver, cada um fazendo sacrifício em termos de números com um único objetivo em comum?

Ty Lawson está de volta a um time de ponta, com um contrato de risco

Ty Lawson está de volta a um time de ponta, com um contrato de risco (para ele). Precisa dar certo

– Spurs: numa liga que abraçou de vez a velocidade e o espaçamento, pensando no curto prazo, vai adiantar ter tantos pivôs excelentes se a bola não chegar redonda para eles? LaMarcus é um bastião para o futuro pós-Duncan, mas, para o presente, o que vai contar, mesmo, é o estado físico e atlético de Tony Parker (e Manu Ginóbili).


Loteria da NBA sorri para o torcedor do Lakers (e de Minnesota)
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Giancarlo Giampietro

Roda a roda! Bingo! Quem dá mais?

Parece gincana até, mas a loteria da NBA é coisa séria. Ou melhor, a liga americana conseguiu transformar até mesmo o sorteio da ordem de seu recrutamento de calouros num grande evento para TV. Um trabalho de marketing, de valorização do produto incomparável, fale a verdade. A audiência desta terça teve a maior audiência desde que a ESPN passou a transmitir a cerimônia, com um aumento de 10% em relação ao ano passado. Ajuda, claro, que Los Angeles Lakers e New York Knicks estivessem envolvidos no processo.

Para quem não viu, a ordem dos dez primeiros ficou a seguinte:

NBA Draft order, 2015

Pois é. O Minnesota Timberwolves, a pior campanha da temporada, conseguiu, hã, defender sua posição no topo da tabela, enquanto o Knicks, vice-lanterna, caiu para quarto. O Los Angeles Lakers, numa condição extremamente preocupante, poderia se ver obrigado a ceder sua escolha para o Philadelphia 76ers, caso ficasse fora do Top 5. Acabou, para alívio geral de Byron Scott, pulando para segundo. Enquanto o Philadelphia 76ers, que no final das contas não conseguiu ter nem mesmo o maior número de derrotas em seu questionado projeto, continuou em terceiro.

Alguns comentários, então, a respeito:

– Caso Flip Saunders não tente fazer nenhuma loucura, o Minnesota Timberwolves vai ter em seu elenco o número um dos últimos três Drafts. Isso jamais aconteceu na história da liga. E quem deve ser o primeiro colocado, o escolhido? A esmagadora maioria dos scouts aponta o jovem pivô Karl-Anthony Towns, de Kentucky, como o melhor prospecto. O torcedor brasileiro mais antenado vai lembrar que Towns já enfrentou a seleção brasileira vestindo a camisa da República Dominicana. É um talento formidável, mesmo, com muita versatilidade no ataque e uma presença defensiva respeitável. Tem apenas 19 anos e talvez só não esteja pronto para causar impacto imediato. Mas é visto como uma aposta segura em seu desenvolvimento. Acontece que, segundo as especulações de bastidores, entre todos os principais candidatos ao topo do Draft, o Wolves seria o único na dúvida entre Towns e o imenso Jahlil Okafor, de Duke. Saunders e seu estafe não estariam tão preocupados assim com as supostas deficiências do pivô (a falta de mobilidade ou interesse na defesa e o lance livre deficitário). Lembramos que Okafor começou a temporada por Duke como o candidato mais badalado, mesmo.

– Os dois são os favoritos a primeira e segunda escolhas. O que quer dizer que estariam dividos entre os lagos de Minnesota e os Lakers de Los Angeles.

Minneapolis_lakers_logo(…)

Sacou?

(Tu-tu-tun-tá!)

Para quem não pegou, o trocadilho vem do apelido Lakers. Não existem lagos em Los Angeles, gente. Essa foi apenas uma herança de uma franquia que saiu dos arredores da geralmente gélida Minneapolis para se basear em Hollywood, perto da praia. Uma mudança pouco estratégia, não é verdade? Aliás, a contraposição dessas duas cidades já gerou logo na noite do Draft a especulação de que os agentes dos novatos mais bem cotados possam fazer jogo duro com o Wolves, tentando empurrar seus clientes para o Lakers, que, além de qualquer fator geográfico ou climático, ainda é a segunda franquia mais vitoriosa da liga, a despeito dos fracassos recentes.

E aí? Quem está disposto a ser maltratado por Kobe?

– Só para ficar no clima piadístico ainda, talvez o fato mais comentado  que a própria definição do Wolves como o primeiro colocado – e a do Lakers, como segundo – tenha sido o de que Jahlil Okafor conseguiria segurar até 13 bolas de tênis em uma de suas mãos. Sim, mais de uma dúzia. Ver para crer:

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

Com a seguinte imagem, fica mais fácil de entender como é bem possível essa quantia:

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 – Sobre o Knicks: Phil Jackson não compareceu ao evento, que, talvez para os padrões vencedores do Mestre Zen, pode parecer humilhante. Os jornalistas mais combativos de Nova York, porém, relembraram o fato de Pat Riley ter subido ao palco no ano em que o Miami Heat teve a pior campanha de sua história. Fato é que, antes de tentar seduzir agentes livres para jogar ao lado de Carmelo Anthony e aceitar o sistema de triângulos, Jackson vai ter de se concentrar no Draft e caprichar na quarta escolha – ou trabalhar com o telefone sem parar para encontrar alguma proposta que lhe agrade. Seria uma bobagem o Knicks trocar o pick. Afinal, vai ter a chance de adicionar um jovem, barato e provavelmente talentoso jogador ao seu elenco. Caso queira fazer uma troca, vai ser obrigado a assimilar um salário muito provavelmente bem maior e que poderia interferir até mesmo nos planos a partir de julho. Sim, o técnico mais vencedor da liga, mas um executivo inexperiente ainda, está sob pressão, depois de uma campanha ridícula em Manhattan.

– A lista dos representantes dos clubes na loteria contou com gente como Larry Bird, Russell Westbrook, Byron Scott, Vlade Divac, Alonzo Mourning e Nerlens Noel. Cabia, então, para o Knicks um Jackson ou um Carmelo, não? Pelo menos alguém mais carismático – e que tenha muito mais responsabilidade sobre os problemas nova-iorquinos – do que o gerente geral Steve Mills. “Acho que estamos abertos a muitas coisas”, disse Mills, após a decepção do quarto lugar. “Sabemos que podemos conseguir um bom jogador nessa escolha, mas estamos abertos a conversas com os outros times e avaliar opções diferentes.”Se o Knicks mantiver seu posto no Draft, deve se dividir entre os armadores D’Angelo Russell (mais técnico, chutador, comparado a James Harden) e Emmanuel Mudiay (atlético, explosivo, no estilo de um Derrick Rose), dependendo de quem sobrar. O ala Justise Winslow, campeão por Duke, também correria por fora. Dia desses, inclusive, foi a um jogo do Yankees com Carmelo.

– Ficar em terceiro talvez tenha evitado mais dor-de-cabeça ao torcedor do Philadelphia 76ers. Sim, estamos cientes que os mais fanáticos abraçaram o projeto de Sam Hinkie com ardor, confiando naquilo que já se chama de O Processo, com caixa alta. O Processo é como se fosse uma pessoa já, sempre presente na tomada de decisão do dirigente. De qualquer forma, voltando ao ponto: a não ser que Wolves e Lakers sobrevivam, não vai passar nenhum pivô por eles, o que empurraria Philly para a seleção de Russell ou Mudiay, que cobririam a lacuna deixada por Michael Carter-Williams. Empilhar Okafor com Joel Embiid e Nerlens Noel não faria o menor sentido, ainda que o discurso seria o de que Hinkie não se importa com o entrosamento do time agora e esteja pensando no futuro.

– No final das contas, não teve nenhum susto. Do tipo: o Utah Jazz saltar da 12ª posição para a terceira. Se fosse o caso, a torcida do blog ficaria para Indiana Pacers e Oklahoma City Thunder, dois clubes que não tinham a menor intenção de participar da loteria, mas se viram forçados a entrar na roda devido a uma sucessão de graves lesões. Um novato de ponta seria uma bela recompensa. Não rolou: continua, respectivamente, em 10º e 14º. Vestido desta maneira, porém, não havia como Wess dar sorte ao seu clube:

Mais uma edição da Russell Fashion Week

Mais uma edição da Russell Fashion Week

– Uma atualização sobre Georginho e Lucas Dias: os dois estão treinando numa academia no Arizona neste momento, se preparando para um giro de treinos/testes individuais com os clubes americanos. A procura está grande, e pelo menos seis convites já foram feitos. Ambos estão listados para participar do adidas Eurocamp em Treviso, entre os dias 6 e 8 de junho. Danilo Fuzaro, que passa a ser discutido com mais frequência e aparecer nas projeções pré-Draft, também aguarda um convite para o evento, que dá exposição boa não só para os times americanos como também para grandes clubes europeus.


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

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Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

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David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Fazendo aula de geometria com o New York Knicks
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Phil Jackson leva o triângulo a NYC

Phil Jackson leva o triângulo a NYC

“Assisti ao Knicks ontem de noite. Claramente eles ainda estão aprendendo o triângulo. Eu ainda não o entendo.”

A frase poderia ser de qualquer torcedor. Mas saiu da boca do comissário da NBA, Adam Silver, um advogado nova-iorquino fanático por basquete que certamente viu o Chicago Bulls e o Los Angeles Lakers de Phil Jackson jogarem e acumularem títulos. Ainda assim, a aura em torno do sistema ofensivo desenvolvido por Sam Barry, na Universidade Southern California nos anos 40, desenvolvido por Tex Winter nas décadas seguintes e adotado por Jackson com fervor.

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Com seu ex-técnico fazendo o papel de mentor, fora da quadra, agora é o estreante Derek Fischer que tenta empregá-lo em Manhattan, na esperança de reconduzir o New York Knicks ao patamar de potência na Conferência Leste. Do ponto de vista tático, esta é certamente a principal história desta temporada. amuita ênfase de modo geral.

sistema dos triângulos, basqueteA abordagem dos triângulos basicamente contraria tudo isso – a única semelhança seria a aversão a jogadas desenhadas, ensaiadas e previsíveis –, com sua dança de jogadores em situação de meia quadra e a bola passando de um lado para o outro, mas sempre usando o poste baixo ou alto como ponto de convergência. Há muitos mais detalhes, que não caberiam aqui e já foram explicados por gente que realmente entende do ramo. Então, se alguém tiver o interesse de ler a respeito desse conceito, recomendo os comentários do grande Marcel de Souza no DataBasket em sua sequência detalhada de editoriais sobre o sistema. Leva tempo para aprendê-lo e aplicá-lo com sucesso.

O ídolo da seleção brasileira e atual treinador do Pinheiros lista alguns tópicos importantes, de todo modo: a) evitar o drible; b) ao passar a bola, procurar sempre o jogador mais livre; c) ao receber a bola, olhar sempre para a cesta; d) usar a criatividade e a intuição; e) jogar sem a bola; f) ler a defesa. Lidos assim, isolados, parece algo muito básico. E é, mesmo – o sistema espera que seus atletas sejam bem fundamentados e conscientes em quadra. Só não dá para confundir “básico” e “fácil”. Vá perguntar para o JR Smith.

“Você tem de pensar mais sobre o jogo. É mais complexo o modo como jogamos, mais do que estamos acostumados a fazer. Estamos acostumados a receber a bola e partir com ela, coisas do tipo. Agora, tem de saber o momento de cortar para a cesta, assegurar que estamos indo para os lugares certos na quadra. É um esforço de consciência, acho”, afirmou o ala, provavelmente com a cuca fritando.

Fisher tenta explicar para JR

Fisher tenta explicar para JR

Existe essa aura, mesmo, de sofisticação e complicações em torno do sistema. Por um lado, a tática foi vencedora na grande liga, ganhando o respaldo de uma lenda viva como Jackson, que já disse para os atletas e técnicos do Knicks que eles ainda vão passar por períodos de dureza durante a temporada. Por outro, seus detratores vão dizer que Jackson tinha Jordan, Pippen, Shaq, Kobe e Gasol ao seu lado. Que, dessa forma, qualquer um se consagraria, independentemente do sistema. O que os críticos dizem, porém, a respeito do fato de nenhum desses astros ter vencido antes de seus caminhos cruzarem com o do Mestre Zen? Mistério.

O que eles vão apontar é que aqueles que tentaram empregá-lo acabaram fracassando de modo retumbante, como Jim Cleamons em Dallas e Kurt Rambis em Minnesota. Nenhum dos dois venceu mais que 30% de suas partidas. Por outro lado, se não tinham supercraques em mãos, também não precisava exagerar na ruindade. É só dar uma espiada nos elencos que dirigiam. Além do mais, existe a possibilidade de que eles simplesmente não estavam preparados para serem treinadores principais. De todo modo, ambos foram contratados por Jackson para serem hoje assistentes de Fisher em Nova York.

Mesmo que não tenha topado assumir o Knicks como técnico, Jackson sempre considerou os triângulos como um quesito obrigatório para a reformulação da equipe. Por isso, limitou sua busca por treinadores que já tivessem familiaridade com o sistema. Steve Kerr era a prioridade, fato, mas escapou para o Warriors. Fisher foi, então, o segundo alvo natural. Pentacampeão pelo Lakers, ex-presidente do sindicato dos jogadores, um veterano respeitadíssimo nos vestiários, tem o tipo de aura que pede o respeito de jogadores, jornalistas e torcedores.

O novato Shane Larkin vai jogando enquanto Calderón não volta

O novato Shane Larkin vai jogando enquanto Calderón não volta

Para ambos, a coisa é séria. “Não achei muita graça ao ver o comissário tripudiando em cima disso também. Ele não precisa se envolver nisso. Já há foco o suficiente no triângulo, e não é nada demais. É um sistema. É o basquete simples. Apenas joguem. Já chega de falar do triângulo: agora é a hora dos negócios e de jogar da forma certa”, rebateu Jackson.

O time: não tem Jordan, não tem Kobe, mas tem Melo. Carmelo Anthony ganha o foco ofensivo do Knicks, independentemente do sistema utilizado. O ala agora vai ser testado de uma forma diferente, como o próprio presidente do clube adiantou em conversa com o seu chapa Charley Rosen, publicada no ESPN.com: “Passar nunca foi uma grande força de seu jogo, mas no triângulo ele vai poder ter leituras rápidas como um quarterback procurando por seu primeiro recebedor, e depois o segundo e o terceiro. Vai haver muitas oportunidades de isolamento para Melo, e no triângulo vai ficar muito difícil de as defesas fazerem dobras para cima dele. Não vai ser que nem na temporada passada, em que ele teve de partir para o arremesso decisivo com uma gangue de marcadores ao seu redor. Também vamos ter Melo receber diversas oportunidades no post-up”.

Sem explosão, Amar'e vai jogando bem no ataque. Difícil é ser relevante na defesa

Sem explosão, Amar’e vai jogando bem no ataque. Difícil é ser relevante na defesa

Nesse tipo de situação, é especialmente de frente para a cesta que Carmelo produz como uma verdadeira estrela, usando seu primeiro passo explosivo e excelente arremesso. Se confiar no sistema e nos companheiros, o jogo tende a ficar mais fácil para ele. “Quero que Phil e Derek saibam que estou dentro. Estou abraçando este desafio”, diz o ala, que precisa avisar estar totalmente comprometido com o projeto do clube que vai lhe pagar mais de US$ 124 milhões pelos próximos cinco anos. Que bom.

Aliás, para os que encaram o inglês basqueteiro, vale a pena acessar este link de Rosen para ver os comentários de Jackson sobre cada atleta de seu elenco. Ele não se mostra o mais entusiasmado possível, mas, no geral, no contato com a mídia americana, vem mantendo um tom positivo, bem distante do sarcasmo que dominava seus últimos meses em Los Angeles. “Vejo crescimento neste time, e estou otimista. Nem sempre o que importa é o placar final, mas, sim, como você joga por vezes. Acho que estamos jogando muito melhor, com o nível de dedicação que gostamos de ver.”

Quando José Calderón voltar, o ataque vai ganhar um arremessador e um passador dos mais brilhantes da liga, evoluindo naturalmente. O problema sério que Fisher tem para resolver está do outro lado, na defesa. Trocar Tyson Chandler por Samuel Dalembert tem suas consequências, Amar’e Stoudemire não conseguia segurar a onda nem mesmo quando era um dos atletas mais temidos da liga, Bargnani faz Stoudemire parecer Tim Duncan, Calderón é muito mais lento que 95% dos atletas de sua posição, Carmelo gosta de dar uma viajada – ou espreguiçada… Enfim, a coisa é feia. Fisher vai ter muito trabalho para bolar um esquema que cubra por tantas deficiências individuais.

A pedida: aprender o sistema, conferir aqueles que realmente valem algo ao time e dar um passo decisivo apenas na temporada que vem. No Leste, tudo é possível, mas ir aos playoffs neste ano ainda vai ser bem difícil.

Ninguém ligou para o Shump nas férias

Ninguém ligou para o Shump nas férias

Olho nele: Iman Shumpert. No início de temporada, o ala-armador de 24 anos é aquele que vem mais produzindo com o novo sistema, elevando bastante suas médias tanto em quantidade como qualidade. Destaque para o elevado aproveitamento nos arremessos de três pontos, que não deve ser sustentável, por mais que Carmelo pense o contrário: “Ele está jogando de acordo com o esquema, aproveitando aquilo que lhe é oferecido”. De qualquer forma, com explosão física e agilidade, é também o melhor defensor da equipe. A subida de produção pode ser um problema. Ao final da temporada, Shumpert vai virar agente livre, depois de seus agentes e os dirigentes mal terem conversado neste ano.

Abre o jogo: “Não havia reconhecido o número que me ligou. Então telefonei de volta, e era o Phil. Daí minha bateria acabou e eu tive de correr para recarregá-la. Ele só queria dizer que acreditavam em mim e que uma coisa que eu precisava fazer era também ter essa fé em mim mesmo”, de Thanais Antetokounmpo, ala-pivô grego selecionado pelo Knicks no último Draft, mas que vai defender sua filial da D-League nesta temporada. O episódio serve para ilustrar o tipo de impacto que Jackson já causa pelo Knicks. Não é todo dia que você tem a chance de trocar mensagens com o técnico mais vitorioso da história da NBA, uma personalidade deste tamanho. Um cara que fortalece a marca do clube e vai colocá-lo em toda conversa por um agente livre.

Você não perguntou, mas… Spike Lee, torcedor mais ilustre do Knicks e excepcional cineasta, produziu um filme de cerca de uma hora para tentar ajudar o torcedor da franquia a entender o sistema de triângulos. Foi ao ar no dia 24 de outubro, no canal MSG, da mesma rede que controla a franquia e o próprio (veja um trecho). “Nunca fiz nada parecido com isso antes. A ideia era explicar para o torcedor comum o sistema e a misteriosa mitologia e o aspecto zen que o Phil Jackson usou para vencer seis títulos em Chicago e mais cinco em LA”, disse Lee. O diretor assistiu a alguns jogos dessas equipes, filmou um breve ensaio com os atletas do Knicks e acredita que (talvez) tenha passado a sacar um pouco do que acontece. “Todo mundo diz que moleque do colegial pode guiá-la. Os proponentes do ataque por triângulos dizem que é simples. Mas, se você não for um proponente, não vai saber o que está acontecendo.”

Tim Hardaway Jr. treina, Spike Lee observa e registra

Tim Hardaway Jr. treina, Spike Lee observa e registra

Patrick Ewing, Knicks, center, BullsUm card do passado: Patrick Ewing. Um cara que sofreu na mão de Jackson e seu Bulls nos anos 90 e que, por isso, provavelmente poderia advogar a favor do novo sistema empregado pelo clube, não fosse por seu rancor cada vez maior por não receber uma chance de virar um técnico principal da equipe – ou de qualquer equipe. Ewing vem sendo assistente há um bom tempo já e sempre falou em público sobre o desejo de promoção. Seus clamores, contudo, não despertaram muito interesse ou entrevistas, nem mesmo da franquia na qual se consagrou e que não se cansa de trocar de treinadores. Hoje, o ex-superpivô trabalha no Hornets. Para constar: há quem duvide seriamente de sua capacidade como treinador. Por outro lado, o clã Van Gundy e Steve Clifford o defendem  como um candidato.


Detroit Pistons: todo o poder a Stan Van Gundy
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Orlando estava muito bem, obrigado, mas...

Orlando estava muito bem, obrigado, mas…

E se você estivesse curtindo uma semiaposentadoria na Flórida, vivendo mais próximo das crianças, acompanhando-as no jogo de futebol no final da tarde de uma terça-feira, respirando e relaxando numa vizinhança tranquila? Depois de passar uns dois bons anos estressantes, tendo de responder diariamente aos mesmos questionamentos, 99% deles ligados a um gigante de 2,11 m e massa muscular assustadora, mas mal crescido em outros aspectos, que muito provavelmente queria sua demissão, mas que, ao mesmo tempo, era sua única aposta para o sucesso?

Para tirar a pessoa de um sossego desses, só com uma oferta irrecusável, mesmo. Como, por exemplo, ter controle total nas operações de basquete de um clube de NBA, respondendo apenas ao bilionário que comprou a franquia. Ter a oportunidade de, basicamente, ser o seu próprio chefe, e ainda ganhando US$ 7 milhões por ano. Só assim, mesmo, para Stan Van Gundy retornar, tendo o Detroit Pistons como seu grande brinquedinho.

O magnata Tom Gores bem que flertou com Phil Jackson no passado. Em 2013, por exemplo, o Mestre Zen fez um frila em Detroit, trabalhando como consultor de Joe Dumars durante o período de mercado aberto para os agentes livres e também para a contratação de (mais) um treinador. Não se sabe exatamente qual foi a influência de Jackson, o quanto Dumars o escutou. Sabemos, no entanto, que as coisas não deram muito certo, resultando no desligamento de Maurice Cheeks antes mesmo que ele concluísse a primeira temporada de seu contrato.

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

SVG e um novo pivô para desenvolver: até onde pode Drummond chegar?

Com o time novamente fora dos playoffs, seria, enfim, a gota d’água para Dumars. Chegaria a hora de se despedir do ídolo, bicampeão como jogador e arquiteto do time que derrubou o Lakers nas finais de 2004, retornou às finais em 2005 contra o Spurs e alcançou a decisão da Conferência Leste em seis anos consecutivos. Depois de tanto sucesso, o gerente geral falhou gravemente no processo de reformulação, com muitas apostas caríssimas e furadas, como Allen Iverson e, especialmente, a inesquecível dupla Ben Gordon e Charlie Villanueva. O aproveitamento nas últimas cinco temporadas não passou dos 40%. Para limpar essa bagunça, Jackson, amigo do proprietário, nem topou. Van Gundy aceitou.

O ex-técnico do Orlando Magic e Miami Heat andava comentando alguns jogos da liga para a rede de rádio da NBC e do basquete universitário para a TV. Mas sem tanto compromisso. Diferentemente do acordo que teria com a ESPN, para a qual trabalharia como analista em seus shows pré-jogo e tal, de muita repercussão no dia-a-dia da NBA. Acontece que a equipe de David Stern, ao que tudo indica, não fiou tão entusiasmada assim com a possibilidade de uma figura tão inteligente e desbocada ganhasse esse tipo de plataforma para se expressar.

Desde então, muitos clubes fizeram fila para conversar com o SVG, Clippers e Kings entre eles. Mas as propostas não eram o suficiente para que ele se afastasse da família, ou que os fizesse mudar de cidade novamente. Passado um tempinho, para os garotos avançarem nos estudos, e a autonomia para gerir os negócios, e cá estamos com o retorno de uma figura muito respeitada – menos por Shaquille O’Neal –, que desenvolveu uma série de jogadores em Orlando além de Dwight Howard (Marcin Gortat, Trevor Ariza, Courtney Lee, Ryan Anderson e até mesmo gente rodada como Hedo Turkoglu e Rafer Alston!), formando um time bastante competitivo em torno do pivô.

Agora a expectativa é que ele faça o mesmo com o mastodôntico Andre Drummond, que transborda vigor físico e potencial. As dúvidas? Essa coisa de ele, mesmo, sair contratando suas peças. São poucos os treinadores que ganharam tanto poder na liga. Temos hoje os seguintes casos: Gregg Popovich com o Spurs, Doc Rivers com o Clippers e Flip Saunders com o Timberwolves. Em San Antonio, Pop conta com o inestimável apoio de RC Buford e uma estrutura já enraizada. Rivers e Saunders estão começando nessa aventura.

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Meeks foi a primeira contratação de SVG. Pagou caro

Com um bom espaço para contratações, não dá para dizer que SVG tenha causado boa impressão no mercado. Os valores gastos em veteranos como Jodie Meeks (US$18 milhões por três anos e já afastado por uma lesão nas costas) e Caron Butler (US$ 10 milhões por dois anos) foram, no mínimo, suspeitos e bem acima do que atletas com as mesmas habilidades receberam (Anthony Morrow e o Oklahoma City Thunder fecharam por US$ 10 milhões e três anos). DJ Augustin recebeu um pouco menos, mas a equipe já tinha um armador diminuto e irregular em Brandon Jennings. Além disso, sua versão cartola também falhou em chegar a um acordo com Greg Monroe. Pior: o pivô assinou a oferta qualificatória da franquia e vai se tornar um agente livre sem restrições ao final da temporada.

Resultado: Van Gundy, o técnico, vai ter de arrumar isso. Um tanto esquizofrênico isso? Pois é. Acontece quando você é o seu próprio patrão. Não tem com quem reclamar. O brinquedinho é todo dele.

O time: SVG olha para o seu elenco e vê três excelentes homens de garrafão, mas que tiveram sérias dificuldades quando escalados juntos na última temporada. Usar Josh Smith mais afastado da cesta é um convite para uma série de decisões absurdas. É provável que, ao contrário de Cheeks, o novo treinador chegue a uma simples conclusão: fazer um rodízio, mesmo. Sai um, entra o outro, e por aí vai, seguindo sempre com uma dupla forte. Agora, nas alas… Hm…  Temos um problema. Em teoria, Jerebko, Singler, Datome são o mesmo jogador – claro que há características peculiares que os diferenciam, mas as funções exercidas em quadra são basicamente a mesma. No fim, é um trio de atletas promissores, mas que geram  nenhum deles consegue se separar do outro. E aí que Butler só deixa essa rotação mais confusa nesse sentido. Mais uma ala 3/4, para espaçar a quadra, e tal. Na armação, Jennings precisa tomar um rumo na vida: se DJ Augustin mandá-lo para o banco, seria basicamente o fim. Van Gundy costurar tudo isso e fazer um grande conjunto? Seria sua maior obra.

Smith quer a bola. Drummond é o foco

Smith quer a bola. Drummond é o foco

A pedida: um retorno aos playoffs seis anos depois. Mesmo no Leste, um desafio, e tanto.

Olho nele: Kentavious Caldwell-Pope. Alguém com um nome desses precisa fazer um sucesso, né? O ala vai para o seu segundo ano, mais confiante e animado com as mudanças que vê ao redor.  Kentavious é bastante atlético, com capacidade para colocar a bola no chão e atacar a cesta. Além disso, tinha a reputação de ser grande arremessador vindo da universidade, ainda que essa habilidade ainda não tenha aparecido na grande liga (aproveitamento de 30,3% de longa distância até aqui). Aos 21 anos, ainda tem muito o que desenvolver. Fez ótima summer league em Orlando, mas perdeu boa parte da pré-temporada devido a uma torção no joelho. Dependendo do seu progresso, pode fazer as contratações de Butler e Meeks ainda mais banais.

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Para que chamá-lo de KCP, quando se tem Kentavious?

Abre o jogo: “Não é um desrespeito com as pessoas que estão trabalhando no clube, mas foi duro para mim chegar a um acordo por mais quatro anos com gente que é nova por aqui. Honestamente, se você for perguntar para qualquer um na rua se eles topariam isso, na área em que trabalham, diriam não.  As pessoas ficam presas ao dinheiro e acham que, se foi oferecido, você é obrigado a aceitá-lo. Nós ganhamos muito dinheiro, mas todo o restante não pode ser relevado por causa disso. Se os jogadores fizessem esse tipo de coisa, seriam infelizes, porque receberiam o dinheiro apenas por receber e não estariam totalmente dedicados”, Greg Monroe, explicando por que não aceitou uma das ofertas de Van Gundy para estender seu contrato e seguir a rota incomum de jogar um ano pela oferta qualificatória. Ao mesmo tempo em que ganha liberdade para decidir seu futuro, o pivô também corre certo risco. Reparem nos malabarismos retóricos que ele precisa fazer para não entrar em conflito com os torcedores do Pistons.

Você não perguntou, mas… o Pistons entrou para o rol dos clubes da NBA que tem sua própria filial na D-League, o Grand Rapids Drive (não, não se trata de trocadilho).  Ex-gerente geral do Orlando Magic, Otis Smith foi agora contratado por seu antigo subordinado para dirigir o time B em quadra. Será a primeira vez que cumprirá a função de técnico. “Gosto do ‘desenvolvimento’ que está no nome da liga. Desta forma posso passar mais tempo no desenvolvimento do estafe e dos jogadores, dentro e fora da quadra”, afirma Smith. “Estar em quadra com os caras, ensinando-os, fazê-los evoluir e serem profisisonais… Isso é o que mais me anima.”

dennis-rodman-pistons-cardUm card do passado: Dennis Rodman. Com menos músculos, sem tatuagens, antes de se relacionar com Madonna e se casar com Carmen Electra, de atuar com Jean-Claude van Damme e Mickey Rourke e virar celebridade mundial, para além do quadrante da NBA, antes de se indispor com David Robinson, de intrigar e vencer mais Phil Jackson e de passar algumas noites mal dormidas na casa de Mark Cuban, Rodman já era um grandessíssimo jogador na Motown, ainda que como coadjuvante de Thomas e Dumars. Em suas últimas duas temporadas por lá, de 1991 a 93, o ala-pivô começou seu impressionante período hegemônico de melhor reboteiro da liga – e talvez da história –, com médias superiores a 18 por jogo. Nos dias de hoje, Andre Drummond é forte candidato a liderar o campeonato neste fundamento.


Andrew Bynum, a aposta enigmática de Larry Bird
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Giancarlo Giampietro

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Quando o Indiana Pacers avançou rapidamente com a contratação de Andrew Bynum, não foram poucos os que entenderam o acerto como uma medida preventiva por parte atual líder da Conferência Leste. Prevenção em muitos sentidos, dentre os quais se destacaria sorrateiramente a intenção de tirar o pivô da alçada do Miami Heat. Poxa, os caras já estão se virando com o Greg Oden – qual o motivo, então, de dar a Pat Riley a chance de reabilitar dois gigantes talentosos?

Larry Bird, o Jesus do basquete em Boston e chefão do Pacers, não achou a menor graça nessa lógica. Ao menos foi o que disse: “Não temos dinheiro para jogar fora assim e deixá-lo sentado no banco. Essa talvez seja uma das coisas mais estúpidas que já ouvi”.

Se ele está falando, quem somos nós para discordar, né? Mesmo que a cada jogo entre Indiana e Miami as coisas fiquem mais quentes, na esteira de dois confrontos eletrizantes em duas temporadas seguidas pelos playoffs da liga, com os treinadores e jogadores falando abertamente sobre cada elenco/time está moldado para bater o outro…

Mas tudo bem. É o que está colocado publicamente. E, de qualquer forma, Bird menciona algo indiscutível: a despeito da capacidade que a franquia tem para competir pelo topo no Leste, o Pacers está bem distante da elite em termos de arrecadação. Eles até se viram com boa administração, algumas apostas certeiras no Draft e um programa sólido de desenvolvimento dos atletas. Só não dá para fazer aviãozinho com notas de cem e distribuir em seja lá qual for a praça central de Indianápolis.

Agora, mesmo que a ressalva do legendário ex-jogador seja aceita, diante dessa lógica de economia apertada, a pergunta ainda se faz necessária: se não podem queimar a grana, vale, ao menos, apostar?

Porque Bynum, a essa altura, é, sim, uma aposta. De um milhão de dólares.

* * *

Orgulhoso, Andrew Bynum fez questão de espalhar a informação por toda a NBA: ele não assinaria contrato algum que fosse pelo salário mínimo da liga. Mesmo que estivesse desempregado, dispensado imediatamente pelo Chicago Bulls, depois da troca por Luol Deng. Mesmo que já tivesse embolsado US$ 6 milhões na temporada, para ficar em quadra exatamente por 420 minutos pelo Cavs – fazendo as contas, dá mais de US$ 14,2 mil a cada 60 segundos de jogo.

Podem falar que o cara é um sanguessuga, mercenário, depravado, o que for. Mas, assim como Kobe se recusou a ganhar menos em sua extensão contratual, para teoricamente ‘ajudar’ o Lakers, Bynum simplesmente não aceitou ganhar o piso – que é, por exemplo, o que o Phoenix Suns vai pagar a Leandrinho pelo restante do campeonato.

Típico. De jogador mais jovem da história da liga a pivô dominante, passando por muitas lesões e lições desde que foi selecionado pelo Lakers no Draft de 2005 – o último em que foi permitida a entrada direta dos adolescentes de high school e no qual foi ensanduichado, acreditem, por Ike Diogu e Fran Vázquez! –, o pivô se firmou como um dos personagens mais singulares numa liga CHEIA desses tipos. Até mesmo Phil Jackson se viu encafifado em diversas ocasiões tentando entender o sujeito.

Bynum e um de seus possantes

Bynum e um de seus possantes

Quando Bynum foi afastado pela diretoria do Cleveland Cavaliers nesta temporada, o Mestre Zen, mesmo depois de alguns anos separado do jogador, propenso a reflexões sobre o Cosmo e a Vida, não foi capaz de avaliar com propriedade o que se passa com o cara. “Fico relutante em julgar as intenções dele no basquete. Ele é um homem com muitos interesses e que tem uma vida fora do jogo”, disse. “Mas ele gosta de competir.”

Na época, para tentar limpar a barra de tantas calças enlameadas, diretores e treinadores do Cavs vazaram descaradamente diversas informações (ou “opiniões” travestidas de fatos) sobre como o pivô era uma figura apática no cotidiano da equipe e de como já não parecia ter mais o mínimo desejo de estender sua carreira. Coincidentemente ou não, foi a mesma linha de raciocínio que o seguiu durante sua passagem patética pela Filadélfia, cuja única contribuição para o Sixers só foi a estética capilar diversificada do lado de fora da quadra.

E vale a ênfase no “fora de quadra”, aliás. É o que mais se ouve sobre Bynum, como o próprio Jackson ressaltou.

É bastante curiosa, aliás, a reação generalizada aos “interesses do jogador para além do basquete”, como um viés crítico – obviamente não é o caso do treinador mais vitorioso da liga, que sabe muito bem: nem todos são maníacos feito Kobe Bryant. De qualquer forma, para aqueles de visão mais cerrada, é como se um advogado ou um dentista não pudessem pensar em outra coisa que não a lei, contratos, cáries e resina.

Um perfil da Sports Illustrated (daqueles imperdíveis, clássicos a partir da impressão) já detalhou suas diversas paixões. Como carros e o automobilismo em geral, por exemplo. Suspeita-se que, no mundo da NBA, talvez seja um dos poucos que acompanhe a Fórmula 1 para valer e vá identificar Rubens Barrichello numa pista de esqui em Aspen. Sabemos que ele também gosta bastante de futebol e já chegou a adiar uma importante cirurgia para acompanhar a Copa do Mundo de 2010 de perto – aí, sim, o Mestre Zen ficou fulo da vida.

O quanto essas coisas servem como distração? Ou, por outro lado, o quanto a “mente aberta” de Bynum poderia ajudá-lo a prosperar em sua profissão de verdade?

Kareem Abdul-Jabbar – 1) o maior cestinha da NBA; 2) ex-assistente do Lakers pessoal para Bynum; 3) co-piloto de aviões nas horas vagas – tenta nos ajudar a entender um pouco mais sobre isso. “Quando trabalhei com Andrew, eu o descobri como alguém brilhante e dedicado, mas que se entendiava com a natureza repetitiva do trabalho com os fundamentos do basquete, algo muito importante para que ele fosse bem-sucedido”, disse. “Na minha opinião, Andrew é o tipo de pessoa que tem uma batida diferente, é como se fosse um ‘baterista diferente’. Então não vamos saber os fatos até que Andrew decida nos dizer exatamente qual o problema (em Cleveland) e que compartilhe seus pensamentos a respeito.”

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Quem também pode contar um pouco mais sobre o “homem Andrew Bynum” é Darvin Ham, alguém com um currículo muuuuuito mais modesto que o de Jabbar, mas que sempre foi daqueles jogadores prediletos dos técnicos por onde quer que tenha passado e que trabalhou como seu treinador da mesma forma. “Realmente passei muito tempo com ele em sessões de um contra um e também fiquei em trabalhos de grupo. Ele não é, mesmo, um cara que cria problemas. Ele apenas quer ficar sozinho, na dele, jogando basquete. Simples assim”, disse o hoje integrante da comissão técnica do Atlanta Hawks.

“Ele é um cara inteligente. Tem essas ideias sobre novas maneiras de treinamento. Umas coisas que ele sugeria para mim. Tivemos uma chance de conversar nas últimas férias, e ele simplesmente me deixou embasbacado pelo nível de como ele pensa as coisas”, continuou Ham.

Daí que ele foi questionado sobre quais técnicas novas seriam essas para se trabalhar com jogadores ou pivôs? “É uma atividade de ninja que poucos já viram e que ninguém dominou ainda. Vamos colocar as coisas desta maneira. E ele foi um dos melhores pupilos nisso. Abraçou isso totalmente.”

Técnicas ninja completamente secretas?!

Calma, não se assustem, pede o assistente do Hawks.

“É uma pena que ele tenha passado por tantos problemas físicos, mas agora estou feliz. Fico feliz de ver que alguém se prontificou a seguir em frente e foi atrás dele. No ambiente certo, mas sem querer dizer que outro lugar era o ambiente errado… Quando ele está focado, ele se foca de verdade.”

*  *  *

Larry Bird, seja na versão de jogador, técnico, dirigente, comentarista ou amigo de bar, é daqueles que não alivia em nada. Sai falando “verdades” na fuça de qualquer um. Obviamente, ao negociar com o pivô e seu agente, deve ter exposto quais condições ou tipos de conduta que não serão aceitas em seu quintal. Definitivamente não vai tolerar muito do que se ouviu sobre seus maneirismos em Cleveland.

Segundo consta, Bynum por diversas vezes entrou em conflito com Mike Brown e seus assistentes, sem aceitar bem o que se passava em quadra. Desafiava a comissão ao quebrar jogadas e rotações defensivas nos treinos. Ficava com cara de poucos amigos no banco ou no vestiário. Esse tipo de coisa que irrita no dia a dia.

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Agora, também é preciso dizer que, no Cavs, o grandalhão não era o único resmungão ou forrrgado a atrapalhar a pretensa arrancada do time rumo aos playoffs. Bynum já foi dispensado, Deng chegou para tentar ensinar boas maneiras aos rapazes, e as derrotas não pararam de acontecer. Na mais recente visita desta cambada a Nova York, consta que diversos jogadores caíram na noite ao lado de JR Smith – e de quem mais, oras? – na véspera da partida. Tomaram mais uma sova daquelas (21 pontos).

As coisas estão pegando fogo por lá. O gerente geral Chris Grant foi demitido. Os rumores não cessam. O Akron Beacon Jorunal publicou que, “se não acontecer nenhuma virada significante antes da data final para trocas, este elenco vai passar por uma reformulação”. Para quem tiver um tempinho sobrando e o mínimo de interesse sobre o inferno que ronda Anderson Varejão, também vale a leitura. Dion Waiters, o talentoso e tinhoso ala-armador, já estaria nas últimas, com um temperamento de supercraque e produção extremamente irregular que alienam qualquer um. Mas até mesmo o queridinho Kyrie Irving também não passa despercebido. “Seu comportamento tem irritado companheiros e outros membros da organização”, diz a reportagem. Sim, Luol Deng não poderia estar mais deslocado.

Esperava-se que Irving e Waiters, pelo prestígio com que chegaram na NBA, seriam dois jogadores a liderar uma reação do Cavs, que colocariam fim ao luto pela partida de LeBron James – e seus talentos – para a Flórida. Em vez disso, os corajosos torcedores da combalida franquia são obrigados hoje a ouvir Bynum falando este tipo de coisa: “Não é que não tenha dado certo. Aconteceu apenas que a atmosfera por lá não era daquelas que promovem energia positiva”.

Agora bem distante desse ambiente, num time muito mais sereno e que é sério candidato ao título, o pivô tem a chance de recuperar sua imagem, já arranhada pelo ano sabático que passou em 2012-2013 e por algumas intempéries que deixavam Kobe e Gasol malucos em Los Angeles.

*  *  *

Você pode apelar aos números, pode passar horas e horas diante da TV ou laptop, vendo basquete que não acaba mais. É assim que se entende e se ama o jogo. Mas, para um time prosperar, as ações que se passam longe das câmeras e calculadoras também são igualmente importantes. A famosa química fora de quadra. A cultura de vestiário.

Na construção do atual elenco, Bird, traumatizado pelos assustadores acontecimentos em Auburn Hills há mais de dez anos, enfatizou por anos e anos a contratação de sujeitos de “bom caráter”, “comprometidos com o clube a comunidade” e tudo isso. Mesmo que custasse o desmanche de uma base muito talentosa e que tivessem de passar por um longo processo de reformulação, foi por esse caminho que ele seguiu. Acostumada a jogar os mata-matas desde os tempos de Reggie Miller novato, a equipe chegou a ficar quatro anos fora dos playoffs na década passada. Foi preciso paciência.

Paul George tinha apenas 14 anos quando Artest e Ben Wallace quase fizeram David Stern infartar. Há um distanciamento claro aqui. Mas o progresso que testemunhamos tanto do ala como de Roy Hibbert e Lance Stephenson tem influência direta desse trabalho que Bird desenvolveu a partir de 2005. Assim como a composição de uma das melhores defesas de todos os tempos. Não se trata de mera falácia. Para se armar um paredão desses, é preciso que um atleta cubra o outro, e isso vai além de conceitos táticos, embora Frank Vogel ainda não receba os créditos devidos pelo que armou. Fato é que, todavia, neste plano de longo prazo, a franquia juntou aos poucos as peças que formam o timaço de hoje, tendo sempre em vista uma só diretriz pessoal.

Para os que cobrem regularmente o Pacers 2013-14, a sinergia no discurso dos jogadores e a camaradagem entre eles são grandes marcas e se impõem jogo após jogo, treino após treino. Não que sejam todos santos. Stephenson já aprontou das suas, inclusive como um reservão há dois anos no primeiro grande embate com o Heat, provocando LeBron James. Agora uma figura importantíssima para o time, o ala-armador se acalmou.E muito disso tem a ver com o contato diário com Bird e jogadores bastante sérios como David West e Luis Scola, entre outros, que metem medo ao seu jeito. As costelas dos adversários têm marcas a respeito.

É nesse contexto que a enorme e controversa figura de Bynum será inserida. Nem mesmo nos tempos de títulos com o Lakers o pivô teve contato com um ambiente regrado, controlado desses. Como vai reagir? E, talvez mais importante, como os donos do pedaço encaram sua chegada?

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

Paul George foi o mais receptivo, durante a repercussão da negociação, embora colocando uma ou outra vírgula aqui e ali. “Não dá para deixar passar um talento gigante desses, e espero que ele seja capaz de nos ajudar, vindo com uma atitude para aceitar nosso programa”, afirmou o jovem astro. “Ele vai ter de provar muita coisa para si mesmo, se ele quer jogar, ou não. Se ele vier pronto para isso, pronto para trabalhar bastante, realmente acreditando em nosso programa, não temos nenhum problema de tê-lo por aqui. Esperamos que, no segundo em que ele entrar no vestiário, que todos o recebam de braços abertos e que ele sinta a química da equipe. Temos um grupo muito próximo aqui. Vamos saber de cara se ele está comprometido conosco, ou não.”

Não parece, realmente, um discurso de irmandade? Seria Bynum capaz de aprontar tanto a ponto de bagunçar com isso? Seria dispensado de imediato, ao menor sinal de alerta?

David West e George Hill, por exemplo, não quiseram falar de imediato sobre o assunto. “O que o Larry disse? Se você tem alguma questão, vá perguntar para ele, ou Frank”, afirmou o ala-pivô. “Pergunte para o Frank”, reforçou o armador, em contato com o Star, de Indianápolis.

Bem, Frank Vogel, aquele que vai tentar fazer o que Mike Brown fracassou em duas ocasiões – dobrar Bynum –, estava bem mais sorridente que seus atletas. “Ele sabe que aqui é o lugar certo. Acreditamos também que oferecemos o lugar certo para ele. Ele expressou (durante as tratativas) que quer se encaixar no time, e essa foi a palavra que queríamos ouvir, considerando nossa mentalidade de que o que conta primeiro é o time”, afirmou.

Tudo isso é muito bacana, mesmo, mas não impediu que o próprio Vogel ligasse com urgência para Brian Shaw, seu ex-braço direito e outro a trabalhar no Lakers com Bynum, para se informar mais a respeito do grandalhão antes que qualquer cheque fosse assinado. Qual foi a resposta?

“Acho que muito do que se fala sobre ele… Ele é um bom sujeito. Não é má pessoa”, disse.

(Parêntese 1: Reparem que, tal como Darvin Ham, Shaw interrompe seu discurso e redireciona a frase para algo mais direto.)

“Acho que ele passou por algumas situações em qe ele realmente não respeitava o treinador e o programa.”

(Parêntese 2: Essa foi uma baita espetada em Mike Brown, e vale relembrar que muitos esperavam e/ou torciam para que Shaw fosse contratado como o sucessor de Phil Jackson no Lakers… Mas continuemos.)

“Sei que, em sua vida pessoal, ele vem lidando com algumas coisas com sua mãe. Então ele ficou meio que distraído, o que é algo você espera, levando em conta essas coisas.”

*  *  *

No release para anunciar a contratação, a equipe de comunicação do Pacers fez questão de incluir esta frase aqui do bebezão: “Será ótimo ficar na reserva de Roy, e eu farei qualquer coisa para ajudar este time”. Bem conveniente, né? Que gesto bonito. “Não foi uma decisão difícil. Acho que é o lugar certo para mim e, com toda a honestidade, acredito que temos a melhor chance para vencer.”

Ok, vamos dar um voto de confiança, então. Que ele se dedique ao máximo e desencane de jogar boliche com o joelho estourado. Já ajudaria bastante. Mas, pensando em quadra, que tipo de Bynum vai se apresentar em Indiana?

Sonhar com seus números e atuações dos bons tempos de Los Angeles Lakers, quando chegou a ter médias de 18,7 pontos e 11,8 por jogo, parece delírio. Mas será que, num time muito mais bem estruturado, ele consegue render (muito) mais do que fez em pouco tempo de Cleveland? Bird e Vogel esperam que sim. Porque o que ele apresentou nos primeiros meses da temporada não deixa muita gente animada, não. Vejamos, por exemplo, seu aproveitamento ofensivo:

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas mostram no gráfico

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas (abaixo da média da liga) mostram no gráfico

Agora, segue seu quadro de arremessos na temporada 2011-2012:

Em 2011-2012, sua última temporada inteirona, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante, vemos um aproveitamento muito melhor. Muito melhor

Em seu último campeonato em que estava inteiro, ou algo perto disso, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante de atuação, vemos um aproveitamento muito superior.

Além de ser muito mais eficiente nas finalizações próximo da cesta – quem não se lembra das ponte aéreas de Gasol para o cara? –, é importante comparar a diferença  no volume de chutes de média distância entre os dois gráficos, constando-se um padrão de jogo bem diferente . Sem explosão ou mobilidade, Bynum se viu afastado do garrafão. Mas, mesmo ali perto, não foi nada ameaçador. Na defesa, ele pode ficar ainda mais exposto a jogadas em pick-and-roll, sem conseguir se deslocar adequadamente para o lado, e, de certa forma, precisará ser protegido pelo sistema, sem precisar subir tanto em quadra.

Em termos estatísticos, suas médias despencaram tanto do ponto de vista de índices de eficiência (que podem ser comparados aos de seu segundo ano na liga, quando tinha apenas 19 anos) como nas projeções de produção por minuto. Definitivamente não estamos mais diante de uns dos três ou cinco melhores pivôs da liga. Ainda assim… Seus números são bem mais palatáveis que os do francês Ian Mahinmi, que, silenciosamente, vem fazendo uma campanha horripilante de ruim, nos 16 minutos em média que recebe para dar um descanso a Hibbert. Temos aqui, enfim, algo concretamente positivo a falar sobre o investimento.

E Frank Vogel está muito mais otimista, na verdade, do que qualquer blogueiro pé-rapado e abelhudo. “Ele tem uma mobilidade muito boa e deu a entender que pode ser uma força”, disse o técnico, com base nas análises de seu estafe sobre as atuações do grandalhão neste campeonato. “Ele pareceu bem.”

É de se imaginar que o treinador queira ver seu novo gigante atuando desta maneira:

No dia 30 de novembro, Bynum, mesmo pesadão, conseguiu se impor diante de Joakim Noah (também baleado, diga-se, sem ter feito uma pré-temporada adequada) e do chatíssimo Chicago Bulls, com 20 pontos, 10 rebotes e 5 tocos. Mesmo com tempo limitado, ele ainda emendaria mais três jogos sólidos em seu primeiro momento de brilho desde 2013 – e que durou pouco. Em Indiana, todavia, a carga será muito mais leve.

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Vogel e sua comissão tentarão trabalhar o jogador de uma forma que ele se aproxime ao máximo de um fac-simile de Hibbert, nos minutos que tiver ao seu dispor. Que consiga, de alguma forma, proteger a cesta, sem se expor ao máximo no perímetro. Mas convenhamos que, para o Pacers, pensando no confronto que interessa, a final do Leste, eles realmente esperam que o reforço não tenha tanto tempo de quadra. Quanto mais Hibbert ao centro da defesa, melhor para brecar os LeBrons de Miami.

Sim, o Pacers vai passeando no Leste, a despeito de um ou outro tropeço recente, mas essa excepcional campanha só vai valer para alguma coisa se eles passarem pelo time da Flórida no final do ano. É só nisso que eles pensam, admita ou não Larry Bird.

A abordagem do presidente do clube é de tudo ou nada neste ano. “Não estou preocupado sobre o ano que vem, e nem tenho um ano todo pela frente. Estamos aqui e agora, e vamos fazer de tudo para que posamos avançar o mais longe possível. Sabemos que efrentaremos uma dura competição, mas, se tivermos a chance de melhorar nossa equipe, vamos fazer isso”, afirma.

O Indiana será uma equipe melhor com o enigmático pivô?

Erik Spoelstra, do seu lado, garante que não está  preocupado. “Estamos concentrados apenas em nós neste momento. Estou certo de que (a contratação) chama muitas manchetes e diversas histórias. Ele combina com o estilo deles, de terem um garrafão alto e físico, mas, pensando do nosso ponto de vista, isso não nos afeta em nada”, afirma o técnico do Heat.

Sim, definitivamente Andrew Bynum, hoje, não é um problema ou solução para os atuais bicampeões. Larry Bird não quis saber de permitir isso. Agora, para quem não tem tanto dinheiro para fazer estripulias no mercado, ele só espera que daqui a alguns meses sua aposta se mostre bastante lucrativa.


Técnico do Lakers esbanja otimismo ao avaliar reforços e planejar temporada
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Giancarlo Giampietro

Mike D, likes to keep it clean

Mike D’Antoni, visionário ou maluco?

Você, amigo torcedor do Lakers, pode receber as informações abaixo de duas maneiras.

1) Abrindo um sorriso de orelha a orelha.

2) Depois do engasgo, se armar com sarcasmo.

É o seguinte: Mike D’Antoni acabou de dar uma longa entrevista para a rádio ESPN de Los Angeles e se mostrou o sujeito mais otimista da Califórnia. Que seu time tenha terminado a temporada passada varrido pelo Lakers? Que Dwight Howard tenha arrumado a trouxinha e fugido da pressão rumo a Houston? Que o retorno de um Kobe Bryant pleno ainda seja dúvida? Que a torcida tenha se apegado aos cantos de “We want Phil! We Want Phil!”?

Nada disso importa para abalar a confiança do treinador. “Vamos ser melhores do que a maioria das pessoas pensa”, disse o treinador, que elogiou o trabalho do vice-presidente Jim Buss e do gerente geral Mitch Kupchak para compor o elenco 2013-2014. “Estou empolgado com muitos dos jogadores que estão chegando.”

Para os que perderam viagem, o clube já acertou as seguintes contratações: o armador Jordan Farmar, os alas Nick Young e Wesley Johnson, o pivô Chris Kaman, além de ter renovado com o segundanista Robert Sacre e de ter acertado um contrato (sem garantias) com o novato alemão Elias Harris. É isso aí. De resto, ele conta com Steve Nash e Pau Gasol, Steve Blake, Jodie Meeks, Jordan Hill e qualquer coisa que Kobe possa oferecer.”Acho que eles fizeram um ótimo trabalho recarregando da melhor maneira que poderíamos, mantendo o olho no mercado e mantendo nossas opções em aberto, de acordo com as regras da nova CBA (o acordo trabalhista da liga)”, disse.

Maaas…Completou o raciocínio desta forma, com uma singela ressalva nas primeiras frases: “Precisamos desenvolver alguns deles. Eles precisam ser melhores do que muitos pensam, e acho que podemos fazer isso e surpreender as pessoas. Então veremos. Não dá para descartar nada. Você não pode por um teto para suas expectativas, e estou realmente animado com as contratações”. Uma coisa o técnico tinha ao seu lado em Phoenix: seu sistema ou Nash faziam de jogadores subvalorizados muito bem pagos. Mas isso faz tempo já.

D’Antoni está tão confortável com seu elenco que pretende usar até 11 jogadores em sua rotação durante a temporada. “Seriam 11 caras com muitos minutos, sendo envolvidos com o time e isso nos permitiria jogar em um ritmo mais acelerado”, afirmou.

E o que mais? Em que termos estaria seu relacionamento com Pau Gasol agora? “Acho que está bom. Acho que está bom, de verdade. Tivemos de passar por algumas coisas primeiro”, disse, acrescentando que também espera uma das melhores campanhas da carreira do espanhol a partir de outubro. “Essa é minha meta… Estou extremamente feliz… Ele será uma peça grande do que vamos fazer.”

Para constar, o bigodudo também não acredita que Steve Nash vá largar tudo para ser um jogador de futebol e que também espera um baita campeonato de seu escudeiro.

É isso: as celebridades fazem piquenique em algum parque de Los Angeles, as borboletas voam, coloridas que só, enquanto o céu está azulzinho, não há tensão racial alguma nos subúrbios e Arnold Schwarzenegger topa, sim, fazer um Exterminador 4.

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Bom, agora que despejamos suas frases, vamos aos comentários…

Sobre a rotação com 11 jogadores, historicamente, o técnico não está habituado a usar tantos atletas assim. Na temporada, nove jogadores tiveram mais de 20 minutos em média (ou 11 com mais de 14), mas isso se deve muito mais devido a lesões de Gasol, Nash e Blake do que qualquer outra coisa.

Em seus tempos de Knicks, isso não fica muito claro devido ao monte de trocas que Donnie Walsh fechou ano após ano na expectativa de limpar sua folha salarial. Mas, na era de sete segundos ou menos de Phoenix, o número de jogadores escalados com frequência não passava de oito. Em diversas ocasiões o clube trocou suas escolhas de primeira rodada do Draft não só para poupar as reservas de Robert Sarver, mas também por que se dizia que “Mike não iria jogar com os novatos, mesmo, e ele trabalha com poucos jogadores”. Agora, de repente, ele pensa em usar 11 caras? Será essa sua verdadeira intenção ou está apenas querendo agradar ao chefe, que o protegeu durante um período de críticas pesadas?

Segundo: se ele for colocar a rapaziada correndo feito doida em quadra, como  esperar uma temporada espetacular de Pau Gasol? O espanhol não foi moldado para descer a quadra voando. E, mesmo se fosse o caso, vem lidando com tendinite nos joelhos, fascite plantar aguda e todas as dores que um gigante de 2,13 m pode ter depois de jogar basquete por tanto tempo na vida. Por que você vai pegar seu melhor jogador – e é este o caso, enquanto não sabemos detalhes dos boletins médicos de Kobe – e forçá-lo a se adaptar num sistema que não favorece seus talentos? Já parece uma temeridade desde já, e não dá para imaginar Gasol aceitando bem nada disso. Daí para a troca de farpas via mídia voltar, não demora…

Toda a lógica do parágrafo vale da mesma forma para Chris Kaman, com a enorme diferença de que estamos falando de Chris Kaman e, não, de um dos maiores jogadores dos últimos dez anos.

E quem poderia se beneficiar do “sistema” – desde que Nash esteja em forma? Wes Johnson, atlético e que poderia se encaixar como um falso ala-pivô nessa formação, em vez de vagar sem destino no perímetro, e Nick Young, caso ele tope jogar sem a bola.  Jordan Hill, um pivô mais leve e muito mais atlético que Gasol, mas que não convenceu D’Antoni tanto assim em Nova York, e Jordan Farmar, que nunca teve muita oportunidade de jogar solto em sua carreira, também seriam eventuais beneficiários.

Quer dizer: você vai sacrificar um Gasol na esperança de fazer dois alas medíocres e dois reservas melhores?

Não faz muitos sentido, não.

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D’Antoni também comentou a surpreendente contratação de Kurt Rambis, um aliado ferrenho do Mestre Zen, como seu assistente para a próxima temporada. “O Phil põe uma sombra grande para qualquer um, e é assim que deveria ser – mas estou apenas tentando contratar os melhores caras qualificados (para o emprego. A torcida gosta muito dele, mas o fato é que ele sabe como treinar…. Ele vai tornar nosso time melhor”.

Rambis chega com incumbências defensivas. Uma tarefa hercúlea para uma equipe que teve apenas a 18ª retaguarda mais eficiente na última temporada, mesmo com Dwight Howard (ou a “Carcaça de Dwight Howard”) no garrafão. Uma retaguarda que também perdeu o Ron Artest, velhaco, é verdade, mas ainda seu melhor marcador no perímetro.

“A defesa deles nunca lhes deu realmente uma chance para vencer”, resumiu Rambis. “Foi muito errática, no melhor dos cenários. Em geral, quando você traz muitos jogadores de sistemas diferentes, leva um tempo para conectar todos e deixá-los na mesma sintonia. Para se defender contra uma miríade de ataques da NBA, gente muito talentosa, isso pede cinco jogadores envolvidos. E para o Lakers, no ano passado, estava claro que eles nunca se conectaram neste lado da quadra.”

“Dava para ver na maioria dos jogos que os caras iriam colocar as mãos para cima, dizendo que não era sua responsabilidade, se perguntando quem deveria estar ali para fazer algo. Então, temos de fazer um trabalho muito melhor para direcioná-los para cobrir uns aos outros”. completou o renomado assistente.

Restou Rambis dizer apenas que o Lakers novamente terá uma penca de jogadores novos para serem trabalhados. Suas habilidades de discípulo Zen serão testadas.

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Para fechar, uma última frase de Mike D’Antoni, na direção de Dwight Howard – que não teve coragem de enfatizar isso, mas também não escondeu de ninguém que não respeita seu ex-técnico, sentindo-se subutilizado no ataque: “É difícil para mim entender por que ele saiu de um lugar como LA. Isso é um pouco incompreensível. Isso está no DNA dele”. Ouch. Até o técnico se sente confortável em questionar o, digamos, estofo do pivô. Mal vemos a hora do próximo Lakers x Rockets.


Saída de Howard deixa caldeirão de Mike D’Antoni borbulhando em Los Angeles
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Giancarlo Giampietro

D'Antoni, LA Confidential

D’Antoni vai ter trabalho para colocar um Lakers coeso em quadra. Howard, o 12, caiu fora

É, Mike D’Antoni, e a gente pensando que 2012-2013 já havia sido complicado…

Com a saída de Dwight Howard rumo a Houston, o treinador que já dirigiu um dos times mais divertidos da história da NBA vai ter de ser bastante criativo se quiser voltar a sorrir – uma vez que seja – no próximo campeonato. Se ele já havia enfrentado enorme pressão nos últimos meses, a coisa pode ficar feia, mesmo, é a partir de agora.

Aliás, faz tempo que ele tem prazer de verdade na profissão.

Desde que viveu temporadas mágicas pelo Phoenix Suns em 2008, o técnico conseguiu apenas duas campanhas vitoriosas na liga. Vitoriosas no sentido de ter um aproveitamento superior a 50%, pelo menos. Em 2011, venceu 42 e perdeu 40 pelo Knicks (51,2%). Em 2013, venceu 40 e perdeu 32 pelo Lakers (55,6%).

Nash & D'Antoni

D’Antoni e o “jovem” Nash: será?

Dá para entender também: nos dois primeiros anos em Nova York, ele herdou um elenco que precisava ser fraturado e regenerado por Donnie Walsh, o homem incumbido de limpar toda a sujeirada que Isiah Thomas havia feito durante a década. O Knicks estava jogando, dolorosamente, para perder, mesmo. O objetivo era abrir espaço para a contratação de LeBron James e mais uma estrela em 2010. Acabou que chegou apenas Amar’e Stoudemire – que se reuniu com seu mentor do Phoenix Suns e ao menos conduziu o clube de volta aos playoffs.

Quanto ao Lakers? Bem, o aproveitamento esteve bem longe do esperado, a despeito de toda a turbulência que o clube enfrentou no último campeonato. Ainda assim, também se garantiram nos playoffs, mesmo que não tivessem chance alguma contra o Spurs sem Kobe, Nash e, glup!, Steve Blake, no fim.

Agora… Se as lesões certamente foram um fator decisivo em uma temporada que chacoalhou Los Angeles, boa parte do drama todo em volta de um elenco estelar que não teve liga alguma também foi causado pela incapacidade do treinador em controlar a situação. Ele simplesmente não teve personalidade para apaziguar os ânimos.

Só não dá para dizer que era tudo sua responsabilidade também. Com o afastamento e, depois, a triste morte de Jerry Buss, o KAkers foi tomado pela instabilidade. Seus filhos travavam uma guerra fria há anos pela sucessão, e essa disputa abalou consideravelmente a capacidade administrativa de Mitch Kupchak, que operou durante todo o ano sem um assistente e com um número reduzidíssimo de scouts, numa época em que a maioria dos concorrentes investiu mais e mais.

Também não foi D’Antoni quem telefonou para Phil Jackson e levou a negociação a público logo após a demissão de Mike Brown. A diretoria – Jim Buss, nêmesis de Jackson, e Kupchak, na verdade – atiçou uma das torcidas mais exigentes do esporte americano e, depois, decidiu inovar na contratação do substituto. Sobrou para quem?

O pior efeito deste flerte foi sobre Dwight Howard. Em suas primeiras entrevistas desde que escolheu o Rockets, o pivô, ao seu modo evasivo, expressou sua frustração com o treinador do Lakers. “Acho que tivemos nossos bons momentos, mas acho que seu estilo de jogo era um pouco diferente daquele ao qual estava acostumado”, disse – e isso que é de matar em Howard… Ele simplesmente não consegue ir direto ao ponto nunca. Depois, lamentou também o fato de não ter podido trabalhar com o Mestre Zen: “Bem, eu pedi para tê-lo como técnico no começo do ano”.

Para o torcedor do Lakers mais fanático, essa combinação de frases pode ser mortal quanto a D’Antoni – a não ser que este mesmo torcedor esteja puto o suficiente com o próprio pivô e todos seus caprichos, que possa dar um desconto ao técnico. De todo modo, bastará um início de campanha com acúmulo de derrotas para que o caldeirão borbulhe.

E como fazer para controlar isso e ter sucesso em quadra?

Ryan Kelly, inglês

Ryan Kelly é o único reforço até agora

Kobe Bryant ainda é uma incógnita. Voltar bem (mas bem mesmo, de acordo com seus padrões) de uma ruptura de tendão de Aquiles aos 35 anos seria algo inédito na NBA. Steve Nash? Completará 40 anos durante a temporada, um ano mais velho e um ano a mais distante dos curandeiros do Phoenix Suns. Pau Gasol? Mesmo que tenha reclamado horrores também de D’Antoni, seu maior problema foi mesmo o excesso de lesões – só disputou 49 partidas e, na verdade, nenhum jogador do time esteve em quadra por toda a temporada, cumprindo as 82 rodadas.

Entre os operários, Earl Clark, o mais atlético num plantel de jogadores enferrujados, saiu. Jordan Hill, outro que podia revigorar a equipe, mal parou em pé. Jodie Meeks esteve distante dos 40% na linha de três pontos (35,7%). Darius Morris, único novinho da turma, não foi desenvolvido. Draft? Chega apenas o ala-pivô Ryan Kelly, talentoso britânico de Duke – bom atirador de longa distância, bom passador –, mas que não defende quase nada.

Difícil.

Para o time poder prosperar, o técnico vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua vida e, ao mesmo tempo, torcer para que algumas – ou todas? – questões tenham soluções positivas: 1) que Kobe desafie qualquer prognóstico e esteja pronto feito Kobe em novembro; 2) que Gasol possa ficar saudável (mesmo com mais responsabilidades sem Howard); 3) o mesmo vale para Nash; e 4) que a diretoria acerte nas contratações periféricas e parem se apaziguem nos bastidores.

Por outro lado, se dois desses quatro tópicos tiverem resposta negativa, independentemente de quais, aí pode ter certeza que, no Staples Center, haverá mais um a gritar por Phil Jackson: o próprio Mike D’Antoni.