Vinte Um

Arquivo : Luke Walton

Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Oeste
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. A do Leste está aqui. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: Stephen Curry
Jura!? Afe. (Assim como Anthony Davis fez na primeira metade da temporada passada, Chef Curry no momento vai sustentando por ora o maior índice de eficiência da história da NBA, com PER de 32,94, contra os 31,82 do mítico Wilt Chamberlain em 1962-63. Será que ele vai manter o ritmo? O interessante dessa medição é que ela independe da quantidade de minutos jogados. Então não importa se o Warriors vai acabar com todas as partidas daqui para a frente em apenas três quartos. Não tem muito mais o que ser dito sobre alguém que arremessa mais de 10 bolas de três pontos por partida e converte 45,5% delas, ajudando na construção de uma média de 29,9 pontos em apenas 33,8 minutos. Aqui, porém, sou obrigado a concordar com Mark Jackson, algo raro levando em conta o discurso excessivamente religioso de seu ex-treinador: Curry é tão bom que, de certa forma, pode fazer mal ao basquete, se for visto como exemplo de jogador a ser seguido, imitado. Não é nada normal o que ele faz. Não é algo que se ensina da noite para o dia. Para alcançar este nível, requer-se talento natural, mas também muito treino. Muuuuuuuuuuito treino. E não seria bacana que a molecada de base saísse tentando imitar o ídolo máximo do momento sem ter isso em mente. Curry faz parecer fácil e correto, mas sua seleção de arremessos inclui bolas em um um nível de dificuldade absurdo de conversão. Não quer dizer que eventualmente um garoto de 12 anos hoje não possa superá-lo no futuro. Mas as chances são reduzidas.)Outros candidatos? Vindo de longe, e não por culpa deles, estão Russell Westbrook, Kawhi Leonard e Kevin Durant. Num degrau mais abaixo, mas com anos maravilhosos ainda, vêm Chris Paul, Draymond Green e o Boogie Cousins de janeiro.

Melhor treinador: Luke Walton
Santa mãe, muito difícil essa. Então vou apelar para a mais bonitinha das opções – e não em termos estéticos, que fique claro. 🙂

Mas é que não deixa de ser notável que Steve Kerr tenha ficado semiafastado de metade da temporada e que, quando retornou, tenha encontrado um time com campanha de 39 vitórias e 4 derrotas. Repetindo: 39 triunfos em 43 partidas, aproveitamento de 90,6%. Sendo o interino. O Golden State vem jogando tanta bola há muito tempo que corre-se o risco de subestimar a grandeza destes números todos que os caras apresentam, combinando novamente o melhor ataque com uma das melhores defesas da liga (a terceira mais eficiente, e, se há alguma crítica a ser feita a Walton, é a de que ele deixou a peteca flutuar um pouco para baixo nesse quesito… E blablabla). Mas a NBA nem reconhece a campanha do cara? Problema dela. Isso é só uma formalidade. Pois, se nos registros oficiais, o ex-ala do Lakers não tem currículo como treinador, a expectativa é que, pelo trabalho realizado, vá receber diversas propostas ao final do campeonato. Fora isso, vale a discussão sobre o quanto um técnico é importante para um time que tem um elenco formidável. É tentador dizer que esse conjunto joga sozinho. Até você perceber o que se passou em Cleveland nas últimas semanas e ver que não é bem assim. A gestão de egos na liga sempre exige muito.

Quem?! Eu?!

Quem?! Eu?!

Outros candidatos: que tal uma confissão, então? Optar por Walton era o caminho mais fácil, claro. Afinal, seria complicado de separar Gregg Popovich (de novo ele) e Rick Carlisle (idem!). Há um padrão aqui, que vocês vão reparar: na dúvida, ponto pro Warriors e sua temporada histórica. Merecem. E, se fosse para apontar o pior, era bem mais tranquilo: Byron Scott na cabeça!

Mas falemos sobre os veteranos professores. Enquanto a vasta maioria da liga quer jogar com mais velocidade, Pop, gradativamente, vai desacelerando o Spurs, saindo do 12º ritmo mais rápido em 2013-14 para o 9º mais lento neste ano. Creio que por duas razões: por respeitar o envelhecimento de seu eterno trio de ouro, mas também por entender que, correndo, ele jamais vai ganhar do Golden State. E aí entram em ação LaMarcus Aldridge, David West e o inigualável Boban Marjanovic. Quando o sérvio foi contratado, pensei se era realmente o melhor time para ele. Não haveria espaço algum. Vendo o Spurs jogar, porém, faz muito sentido. A equipe quer ganhar o jogo interior de qualquer jeito e estocou pivôs para isso. Boban é a apólice de seguro mais carismática e luxuosa da liga hoje. Mesmo que o gigantão sérvio pouco fique em jogo em seu ano de adaptação, esperando pelas deixas aqui e ali de Tim Duncan, a equipe é a segunda em percentual de rebotes, coletando 53,3% do que está disponível em quadra, atrás dos 53,9% da envergadura de OKC. Em rebotes ofensivos, estão na ponta. Na defesa, seu time é que o melhor contesta os arremessos nos arredores da cesta. E por aí vamos. Ao mesmo tempo, individualmente, cada jovem jogador adicionado ao sistema apresenta evolução constante. Seu desafio agora é recuperar a confiança e pontaria de Danny Green para os playoffs, enquanto regular os minutos de seus veteranos religiosamente.

Já Carlisle é aquele que mais tira leite de pedra no basquete americano – em, Boston, Brad Stevens desponta como seu sucessor nessa categoria. Quando um de seus alas está voltando de uma cirurgia de microfratura no joelho e o outro, pior, de uma no tendão de Aquiles, quando seu armador tinha, até outro dia, um dos cinco piores contratos da liga, quando é recomendável que seu principal jogador não passe dos 30 minutos por partida, quando seu pivô cabeçudo foi cedido de graça, quando o orgulhoso proprietário da equipe é humilhado por alguém que comemora quando fica em 50% nos lances livres… Bem, quando tudo isso acontece, você não espera que seu time 1) flerte com o top 10 de eficiência ofensiva, 2) tenha uma campanha vitoriosa e 3) esteja bem na luta por uma vaga nos playoffs, mesmo que sua tabela esteja entre as 12 mais duras. Se estivéssemos conversando em dezembro, Carlisle seria a escolha indiscutível, ao meu ver. Aos poucos, porém, com os adversários mais atentos e estudados, o feitiço perde um pouco de seu poder. A segunda metade da temporada promete ser desafiadora, mesmo que Chandler Parsons pareça em plena forma nesses últimos dias.

Para fechar, menção honrosa a Terry Stotts, ex-assistente de Carlisle.

Melhor defensor: Draymond Green
O melhor defensor do Oeste é o melhor defensor de toda a liga, não há dúvida, devendo ficar entre  Draymond, Kawhi Leonard e Rudy Gobert. A campanha do francês foi atrapalhada por sua lesão no joelho, que o tirou de quadra por mais de um mês.

Até Griffin sofre contra Draymond

Até Griffin sofre contra Draymond

Daí que, na minha cabeça, fica quase como se pudéssemos escolher os outros dois finalistas na moedinha. A tentação imensa é de apontar Kawhi, e tudo bem, sem se importar que ele já tenha vencido o prêmio oficial na temporada passada. Afinal, ele seria o símbolo de uma defesas mais sufocantes da história da liga. Todavia, talvez pensando por outro lado, o fato de a defesa do Spurs ser tão boa com ou sem ele, diga-se, possa enfraquecer, um tiquinho que seja, sua candidatura? Se você investiga os números do time de Pop, percebe que a máquina está realmente ajeitada de um modo em que as coisas funcionam independentemente da periculosidade do ala, ou de seus companheiros de quinteto titular. Os reservas entram e mantêm mais ou menos o mesmo padrão. Mas… coff, coff!… Claro que o sujeito é simplesmente um terror ao redor da bola, com mãos e pés muito ágeis, somando 2,1 roubos e 1,0 toco por 36 minutos, sendo uma ameaça constante ao oponente.  No ranking de Real Plus Minus do ESPN.com, ele aparece em sexto entre os marcadores, sendo o único jogador que não é escalado como pivô ou ala-pivô entre os 20 primeiros colocados. Kawhi impõe tanto medo que, em todo o mês de dezembro, ele só foi testado em 14 posses de bola por atacantes em jogadas de mano a mano, em 16 partidas. Menos de uma por jogo, e e ele sofreu a cesta em apenas três dessas tentativas. Ninguém quer encarar a fera.

Ainda assim… Hã… Vou de Draymond, devido seu papel fundamental no sempre subestimado sistema defensivo de Golden State – um sistema que dá sustentabilidade para o time atacar daquela forma avassaladora. O ala-pivô está no centro dessas atividades. Sem ele, a verdade é que provavelmente Steve Kerr teria de adotar outra abordagem (com todo o respeito a Andre Iguodala, Klay Thompson e Harrison Barnes, todos caras hoje combativos e capazes de fazer a troca e, em níveis diferentes de eficiência, incomodar o adversário com quem sobrarem, independentemente de quem).

Mas é Green aquele que dá maior versatilidade a esse tipo de cobertura, podendo fazer sombra tanto a um lateral mais explosivo como, ao mesmo tempo, exercer o papel verdadeiro xerife na proteção do aro. Consulte a seção de arremessos dos oponentes no NBA.com/Stats, filtre a turma toda por pelo menos 20 minutos jogados em média e cinco arremessos tentados por partida, e se surpreenda: o ala-pivô vai aparecer em terceiro na lista, permitindo apenas 42,4%% de aproveitamento a seus adversários quando debaixo da cesta. Acima dele estão apenas Gobert (bingo, com 39,8%) e Serge Ibaka (42,2%). Com a diferença de que Green é listado generosamente com 2,01m de altura. Que tal? Esse é o tipo de fator imensurável para uma equipe. Para se ter uma ideia, quando o ala-pivô vai para o banco, o Warriors leva em média 11,4 pontos a mais por 100 posses de bola. Uma diferença absurda. Vai de 98,8, que valeria como a segunda mais eficiente da liga, com ele em quadra para 110,2 sem, o que seria a pior de todas, pior até mesmo, creiam, que a do Lakers. Ao contrário do que acontece em San Antonio, em que as perdas e ganhos praticamente se sustentam com quer em que esteja em quadra, para o Warriors, só um jogador acompanha Green em termos de impacto defensivo: curiosamente, Stephen Curry. Lembrando que, das quatro derrotas sofridas pela equipe até o momento, Curry não jogou em uma e Green, em outra.

De qualquer forma, perguntem amanhã, e a moeda pode cair do outro lado. Dureza.
Outros candidatos: aqueles aqui já citados e Tim Duncan, invalidado por minutos limitados.

Melhor novato: Karl-Anthony Towns
Ele é tão bom, mas tão bom que, mesmo se tivesse sido draftado pelo Lakers, nem mesmo Scott ou Kobe poderiam atrapalhá-lo. Towns vai ser um All-Star por anos e anos e torna um talento raro como Andrew Wiggins como uma peça secundária até. Só precisa que o Timberwolves acerte na formação do elenco ao seu redor.

Para alguém que não ficava tanto tempo com a bola em mãos no supertime que Calipari montou em Kentucky no ano passado, o jovem pivô se mostra confortável demais em quadra. Com um arsenal daqueles, todavia, fica fácil de entender. Ele tem o chute de média para longa distância. Finaliza com força e categoria perto da cesta. Se os números de 16,1 pontos, 9,8 rebotes e 1,8 toco já impressionam, esperem só até Sam Mitchell permitir que jogue por mais que 29,4 minutos (em de poupar o veterano para os playoffs, né?!?!). Em 36 minutos, subiria para 19,7, 12,0 e 2,2, respectivamente. O quesito em que o garoto tem de ser trabalhado ainda é a hora de saber se livrar da bola. Se não tiver a chance de ir para a cesta, não é o fim do mundo: que tal olhar para os companheiros? Por enquanto, comete mais turnovers do que dá passes para cesta. Mas ele tem apenas 20 anos, com tempo para trabalhar isso nas próximas férias.
Outros candidatos: Nikola Jokic foi um tremendo de um achado dos olheiros internacionais do Denver, via segundo round. Também foi contratado no momento certo, esperando mais um ano na Sérvia para crescer. . Devin Booker vai terminar o ano em alta, com elogios de todas as partes. Demorou um pouco para George Karl lhe dar o devido espaço, mas Willie Cauley-Stein vai ajudar Sacramento na briga pela oitava posição do Oeste. Aqui, porém, é o mesmo caso da disputa pelo prêmio de MVP. Só incluímos essa moçada  por educação.

Melhor reserva: Will Barton
Aliás, fui me dar conta só agora de que faltou este no Leste. O post atualizado vai ser atualizado com… Lance Thomas, acho. Ou Jeremy Lin. Aqui, no Oeste, vamos com o surpreendente ala do Denver Nuggets, que veio de Portland na troca por Arron Afflalo – uma negociação que se mostra ultraproveitosa para o time do Colorado. Barton é o equivalente a Ty Lawson no Denver de tempos atrás, saindo do banco para botar fogo em quadra, correndo feito um presidiário em fuga no alto das Montanhas Rochosas, para marcar 15,1 pontos por jogo, a segunda melhor média entre atletas que tenham saído do banco pelo menos por 20 partidas, empatado com Jrue Holiday. Em pontos por jogo em transição, ele é o 11º da liga. No geral, na verdade, está entre os mais qualificados em qualquer medição ofensiva de contra-ataque. Em meia quadra, se transformou no chutador mais confiável do time em longa distância, sem comprometer na defesa. A combinação de perímetro com Gary Harris é muito promissora.


Outros candidatos: Enes Kanter é, disparado, o reserva com o melhor índice de eficiência da NBA, se intrometendo num grupo de caras como Kyle Lowry, Blake Griffin e Chris Bosh. Agora, como bem escreveu o mestre Marc Stein, do ESPN.com, um dia desses, existe um motivo para que um atleta tão produtivo como esse fique limitado ao banco e a 20 minutos por jogo: com salário de US$ 16 milhões, ele só joga de um lado da quadra. Por mais que a turma em OKC se esforce para dizer que o turco já não é mais um desastre defensivo, os números ainda não jogam a seu favor. Na lista do Real Plus Minus, ela aparece em penúltimo entre todos os pivôs da liga. Injusto? Nem tanto. Com ele em quadra, o Thunder leva 7,9 pontos a mais a cada 100 posses de bola. E não é que ele só jogue com reservas. Das dez escalações em que é mais utilizado, em quatro delas Kanter tem pelo menos a companhia de dois entre Westbrook, Durant e Ibaka. Sobre a questão ataque x defesa, o mesmo raciocínio vale para o unabomber Ryan Anderson, que atira muito e com precisão (39,4% dos três) de um lado e é metralhado do outro. Por coincidência, ou não, Anderson também é o penúltimo aqui. Com mais de 30 minutos em média, além do mais, é como se fosse um titular.

O que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Steph Curry (glup!), Barton, CJ McCollum e Dwight Powell são algumas das possibilidades.

Melhor executivo: a mesma coisa. Melhor avaliar o conjunto da obra ao final. O combo Gregg Popovich/RC Buford, o gerente geral do Warriors, Bob Myers, do Warriors, e Neil Olshey, do Blazers, parecem os candidatos.

All-Stars: Curry, Westbrook, Kawhi, Durant e Draymond. Mais: Chris Paul, James Harden (a despeito de suas patéticas partidas iniciais), Klay Thompson, Gordon Hayward (sem Gobert, sem Favors, mantendo o time na luta), Dirk Nowitzki (sua regularidade pesa para assumir a vaga do lesionado Blake Griffin), Anthony Davis (não deu mais um salto, é cobrado pelo próprio técnico, mas ainda faz a diferença) e DeMarcus Cousins, o insano.
(Aos fãs de Damian Lillard, JJ Redick, DeAndre Jordan, Danilo Gallinari, Tim Duncan e LaMarcus Aldridge, desculpe.)


Quais perguntas podem separar os clubes da NBA de suas metas? Parte I
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

curry-cp3-paul-point-guard-best-nba-warriors-clippers

É regra geral: todo gerente geral de um clube da NBA entra em uma nova temporada cheio de otimismo, com a expectativa de ver os planos das férias colocados em prática, se transformando em vitórias, ginásio cheio, vendas lá no alto e o tapinha nas costas do chefão. Quer dizer: todos, menos Sam Hinkie e o Philadelphia 76ers.

Acontece que não há trabalhos perfeitos, não existe ciência exata na hora de compor os elencos, de imaginar e sugerir uma tática e executá-la. Há casos de jogadores que não vão se entender como se imaginava. Lesões podem atrapalhar tudo logo no primeiro mês de campanha. Um técnico pode ter perdido o controle do vestiário. A concorrência talvez esteja mais forte. Sorte e azar estão sempre rondando por aí. Os dirigentes sabem disso – até a hora de confrontar os problemas mais graves, porém, não custa sonhar que tudo esteja bem encaminhado.

Entre o sucesso e o fracasso numa temporada, muitas questões precisam ser respondidas, como numa lista de afazeres. Não dá para colocar todas elas aqui, até porque há tópicos que vão aparecer no meio do caminho e que não estavam previstas, interna ou externamente. Com um belo atraso, o blog vai retomar sua série de, hã, ‘prévias’ (na falta de um termo mais atualizado) sobre cada franquia e tentar se aprofundar nessa lista. Para compensar o tempo perdido, porém, seguem as indagações que julgo mais importantes para cada time, ponderando quais suas ambições mais realistas e o que pode separá-los de suas metas.

Coferência Oeste, lá vamos nós:

PACIFICO

Lance Stephenson é um dos talentos cheios de personalidade que Doc vai monitorar

Lance Stephenson é um dos talentos cheios de personalidade que Doc terá de monitorar

Clippers: no papel, o banco melhorou consideravelmente, e foi algo que faltou no ano passado. Do ponto de vista técnico, não se discute. O que pega é saber se eles poderão se transformar num conjunto que possa dar minutos significativos de descanso aos principais caras do time. Nesse sentido, a balança aqui se inverte: caberá ao técnico Doc honrar as contratações do executivo  Rivers e comprovar que a segunda unidade melhorou, sim, o suficiente para enfim ajudar a dupla CP3-Griffin a conseguir os resultados que ainda não chegaram (leia-se: vencer mais que duas rodadas de playoff). Doc Rivers é reconhecido como um mago de vestiário, e suas habilidades devem ser testadas diante de tantas *personalidades* reunidas.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Kings: em meio ao caos geral da franquia, a cordialidade e malandragem de Vlade Divac ou o estilo oposto e confrontativo de George Karl pode amainar e dar um jeito nas coisas? Talento aqui não se discute, e há espaço para crescer no Oeste, independentemente de o Rajon Rondo de hoje ser a figura deprimente de Dallas ou a maravilha de Boston.

O que importa, mesmo, para o Lakers, a partir de agora, é o desenvolvimento de D'Angelo Russell e não os números de Kobe

O que importa para o Lakers, a partir de agora, é o desenvolvimento de D’Angelo Russell e não os números de Kobe

Lakers: pode Kobe ser uma figura grandiosa, quando não são suas glórias, números e façanhas o que mais importa? Isto é, pode o Laker mais adorado de todos os tempos, aos 37 anos, 20 de NBA, e após uma série de graves lesões, entender suas limitações, ser paciente e dar suporte no desenvolvimento das jovens apostas do elenco? Para o clube, pensando em resultados, a era Bryant já é passado. Se o astro, porém, relutar, já está comprovado que Byron Scott não vai comprar briga e fazer o que precisa ser feito para frear uma poderosa locomotiva que avança rapidamente em direção o precipício. (Há quem diga, na verdade, que ela já saltou sobre o trilho rompido e, neste exato momento, está  poucos segundos de se espatifar de vez lá em baixo. Favor imaginar aqui aquela cena de blockbuster hollywoodiano, com a câmera em slow, e o trem em chamas sendo engolido pelo breu de um penhasco.)

Markieff Morris ainda não sabe o que é jogar um playoff

Markieff Morris ainda não sabe o que é jogar um playoff em meio ao hiato do Suns

Suns: dois times dos playoffs do ano passado estão estão bem mais fracos e, dependendo da enfermaria de New Orleans, a lista sobe para três. Se não for este o momento para Jeff Hornacek enfim chegar com sua equipe aos mata-matas, quando vai ser? Especialmente com Tyson Chandler ainda em forma para tentar fortalecer a defesa. É um ano de presão para o técnico e o gerente geral Ryan McDonough.

– Warriors: são o alvo, não mais a novidade. Internamente, não há dúvidas sobre a motivação em busca do bi. Mas em que ponto o time ainda pode ainda crescer para o momento em que, supostamente, terão de enfrentar um concorrente de peso e 100% saudável (em tese, Clippers e Spurs chegam fortalecidos para um eventual embate)? Com Kerr afastado, esse crescimento pode ser simplesmente natural, orgânico, fruto de uma estrutura e cultura plenamente estabelecidas? Ou eles nem precisam crescer? (Olha, na real, é difícil encontrar qualquer preocupação para além da saúde de seu adorado e aclamado técnico. Esses caras são demais, e o início de campanha de Steph Curry provoca uma comoção geral na liga. No mata-mata passado, eles já enfrentaram algumas situações críticas e souberam contorná-las. Não parece haver qualquer tipo de crise numa temporada regular que possa desestabilizá-los.)

NOROESTE

Blazers: há um núcleo jovem aqui para se trabalhar em cima, mas vai levar quanto tempo, num Oeste duríssimo, para o Portland voltar para a briga? O caso do Phoenix Suns serve como exemplo de como pode ser difícil reconstruir o clube nesta conferência, sem que se apele a extremos. Tal como no Arizona há dois anos, o Blazers tem dois jovens armadores fogosos para conduzir a reformulação e uma série de atletas promissores, mas do mesmo nível técnico em seu elenco. Escolhas terão de ser feitas e precisarão ser certeiras, caso Paul Allen não queira assistir aos playoffs de seu luxuosíssimo iate, longe do eterno Rose Garden. (Moda Center? Não.)

Raulzinho mal chegou e já está cheio de responsabilidades em Salt Lake City

Raulzinho mal chegou e já está cheio de responsabilidades em Salt Lake City

– Jazz: Quinn Snyder tem formações flexíveis para empregar, mas é o quinteto mais alto, com Favors e Gobert ao centro, que faz estragos, que é o diferencial da equipe. Mas podem Raulzinho, Burke e Burks jogar consistentemente bem para dar suporte a Hayward e municiar esses pivôs para que ataque não zere tamanho potencial defensivo?

Nuggets: Mike Malone vai colocá-los para jogar preparados e bem mais combativos do que nos anos de Brian Shaw. Mas, por mais que seus pirulões europeus sejam bastante instigantes, que Mudiay tenha seus flashes e que Gallo esteja em forma, a sensação é de que eles ainda estão num estágio abaixo de Portland no que se refere a jovem coleção de talentos e na curva de retomada. Então fica a dúvida: como lidar com essa situação incômoda de que talvez estejam no limbo sem perspectivas reais para ascensão num futuro breve? Vão precisar ser ainda mais pacientes e eficientes no Draft, ou agressivos em busca de uma troca redentora.

Pontos e rebotes não são problema para Kanter. E o resto?

Pontos e rebotes não são problema para Kanter. E o resto?

– Thunder: aqui são duas perguntas em uma, pois não tem jeito de evitá-las: a tempestade de lesões, enfim, acabou? Se a resposta for positiva, podem Kanter e Waiters se endireitar e fortalecer as pretensões de título de uma franquia que bate na trave há tempos, na hora mais providencial, antes que Durant vire efetivamente um agente livre?

Timberwolves: depois da lamentável notícia que comoveu toda a liga (R.I.P. Flip), quem vai assumir o controle do departamento de basquete? Que direção tomar com um elenco abarrotado de peças extremamente atraentes – seguir com a reconstrução passo a passo ou, dependendo do ritmo de Towns, já acelerar o processo?

SUDOESTE (A CARNIFICINA)

Matt Barnes muito provavelmente não é a solução para os problemas de ataque do Grizzlies

Matt Barnes muito provavelmente não é a solução para os problemas de ataque do Grizzlies

Grizzlies: remando contra a maré até quando com os dois pivôs batedores de bife? Ou: o quão difícil é, de verdade, encontrar na NBA de hoje um ala que possa jogar bem dos dois lados da quadra, ou que, no ataque, pelo menos saiba arremessar? A julgar pelo investimento feito em Jeff Green, parece que é complicado, mesmo. E o viajado, mas sempre útil Matt Barnes já não foi esse cara em Los Angeles…

Mavericks: quantos truques a mais poderia ter a mente brilhante de Rick Carlisle? Cabe ao técnico, ano após ano depois de 2011, dar um jeito e tirar de seu elenco um rendimento acima do previsto, relevando as seguidas tentativas frustradas de mercado de Mark Cuban.

– Pelicans: pode um só Monocelha compensar tantas lesões já de cara? Isso, claro, se ele, mesmo, ficar intacto na temporada, coisa que ainda não rolou em sua breve carreira.

– Rockets: Daryl Morey conseguiu formar um elenco com duas grandes estrelas (uma produtiva de verdade, a outra já com alguns asteriscos) e, ao redor deles, reuniu um bando de atletas um tanto subestimados, mas cuidadosamente garimpados para turbinar o sistema idealizado pelas mais complexas planilhas estatísticas. Até que chega, quase de graça, um Ty Lawson. Posto isso, supondo que uma hora as lesões vão acalmar, fica para o tampinha e o Sr. Barba um questionamento simples: e aí? Eles vão conseguir conviver, cada um fazendo sacrifício em termos de números com um único objetivo em comum?

Ty Lawson está de volta a um time de ponta, com um contrato de risco

Ty Lawson está de volta a um time de ponta, com um contrato de risco (para ele). Precisa dar certo

– Spurs: numa liga que abraçou de vez a velocidade e o espaçamento, pensando no curto prazo, vai adiantar ter tantos pivôs excelentes se a bola não chegar redonda para eles? LaMarcus é um bastião para o futuro pós-Duncan, mas, para o presente, o que vai contar, mesmo, é o estado físico e atlético de Tony Parker (e Manu Ginóbili).


Jukebox NBA 2015-16: “San Francisco”, para o campeão Warriors
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-curry-mckenzie

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “San Francisco”, por Scott McKenzie.

Por quê? Hã… a ligação mais óbvia é a geográfica. Uma ponte de sete quilômetros de extensão liga Oakland a San Francisco. A proximidade à metrópole californiana, de certa forma, ofusca a atual sede, e o próprio nome da franquia entrega isso: estamos falando dos guerreiros do Golen State, e, não, de Oakland. Além disso, os proprietários do clube não escondem a intenção de levar o time de vez para lá, encaminhando a construção de mais uma dessas arenas ultramodernas, sonhando inclusive com a mudança já para 2017, ainda que uma estimativa mais conservadora valha para 2018.

Sim, tal como na primeira linha da letra do clássico de McKenzie, “eles estão indo para San Francisco”, e parece que não há seus torcedores possam fazer, mesmo que eles estejam entre os mais fanáticos da liga e que estejam enfim curtindo uma fase vencedora depois de duas décadas levando pancadas. O dinheiro é que está chamando aqui, e não pessoas gentis com flores no cabelo.  Mas há uma razão mais legal ainda para escolher esta música – e que, magina, não nada a ver com o fato de ser considerada uma das mais bonitas da história na opinião de um certo basqueteiro.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

O hit de 1967 vem numa época em que a região da baía estava fervendo e fritando miolos por assim dizer, com o boom de uma geração hipponga com aquela ânsia de se libertar de qualquer amarra, preconceito ou figura de autoridade que pudessem lhe enfezar. Ali, em São Francisco, temos uma das poucas metrópoles em que esse legado realmente perdurou, em que pese a ascensão high-tech do Vale do Silício.  Há 50 anos, a galera estava pensando em migrar para o Oeste, para a Baía em busca desse clima. “Por toda a nação (há) uma vibração estranha. As pessoas em movimento. Há toda uma geração com uma nova explicação”, canta o trovador todo paz-e-amor.

É que, se formos pensar no que se passa com a NBA hoje, existe também uma nova geração que ganhou no Warriors seu maior símbolo: vencer com o arremesso de três pontos sendo uma arma relevante, o jogo rápido e vistoso, mas sustentando uma das melhores defesas. Como Phil Jackson está de prova, esse movimento causa estranheza em muitos círculos da liga ainda. Mas a revolução festiva que o time apronta não se limita ao conceito tático. E, para fazer jus à vocação hipster, sua diretoria é pautada por mentes abertas, em diálogo constante e progressista, ouvindo um ícone da velha guarda como Jerry West ou um membro do estafe de Steve Kerr que nem 30 anos tem.

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Campeões

A pedida? O bicampeonato. É bem curioso até. O Golden State tem uma base jovem ainda. Em relação ao elenco que ganhou o primeiro título da franquia em 40 anos, pouco, ou quase nada foi alterado. Até mesmo a mudança mais significativa pode ser considerada uma melhoria para Steve Kerr, que nem precisava de reforços, uma vez que, com um plantel com tantos atletas versáteis, ele já tinha como alterar uma partida olhando apenas para o banco de reservas, sabendo bem como utilizá-las.

Não que Jason Thompson seja um jogador superior a David Lee. Mas, para o papel que pode caber ao ex-pivô do Sacramento Kings, com minutos esporádicos e pouco volume no ataque, o que ele tem a oferecer é mais valioso, como a boa defesa em situação de pick and roll e no fechamento de espaços no lado contrário. Também tem físico e impulsão para ajudar no rebote e provavelmente pode surgir como um concorrente para Mareese Speights, que é um arremessador de média distância mais qualificado. Além disso, para complementar o banco, estão dando uma chance a Ben Gordon, que seria mais um chutador emergencial, no caso de alguma lesão para Leandrinho ou os dois All-Stars titulares. Desde que o britânico, claro, entenda que seus dias de referência ofensiva já acabaram.

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

De resto, é a mesmíssima base vencedora, com todos os papéis na rotação pré-definidos. E isso, meus caros, vale muito. Ou por acaso vamos ignorar que, dentre tantos fatores que nos ajudam a entender o o duradouro sucesso do San Antonio Spurs, termos como “continuidade”, “química”, “cultura” apareciam constantemente no topo da lista? Depois de “Tim Duncan”, claro. Pois é. O raciocínio deve se aplicar da mesma forma aqui.

Agora, segundo a impressão dos jogadores do Warriors, não vem acontecendo. Eles não sentem que, entre insiders e jornalistas da liga, estejam recebendo o devido respeito.Veem todos falarem sobre Rockets, Clippers e, claro, o próprio Spurs, o que não deixa de ser irônico, já que o clube texano passou por uma de suas intertemporadas mais agitadas e com uma grande troca de jogadores, ao menos para o padrão da gestão Popovich e Buford.

E quer saber do que mais? No final das contas, isso só joga contra a concorrência de Chef Curry & Cia. Depois de um título, uma das grandes ameaças é justamente o relaxamento ou a temerosa “Doença do Mais” – aquele mal que Pat Riley, o Dr. PHD em Estruturas Vitoriosas, já registrou em seus estudos, em que a gana por maior reconhecimento, mais minutos, mais arremessos e badalação pode fazer ruir um time campeão. Com a percepção de que há desconfiança ou descrédito em torno de seu título, a turma de Steve Kerr tem mais motivos para fortalecer sua união. Há apenas o contrato de Harrison Barnes para se resolver.

Nesse ponto, a declaração de Doc Rivers de que o Golden State possa ter tido “sorte” no último campeonato pode ser o maior tiro pela culatra de sua gestão, superando Spencer Hawes e dependendo do que for acontecer com aquele tal de Lance Stephenson. Por que Rivers falaria uma bobagem dessas? O técnico e manda-chuva do Clippers pode até achar que seu rival de divisão foi sortudo de ter escapado de um confronto com sua equipe ou com o Spurs nos playffs. Mas, vem cá: por que exatamente o Clippers não estava na final de conferência para desafiá-los? Ah, por ter sofrido um dos maiores colapsos de que se tem notícia na história recente dos playoffs? Algo que teve a ver com o esgotamento de sua equipe, devido ao excesso de minutos da temporada regular já que seu banco de reservas era uma piada ambulante? Sei.

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

E, para seguir no campo da “sorte”, talvez seja tenha sido isso mesmo que aconteceu com os campeões, que, não por coincidência, foram aqueles que menos minutos perderam devido a lesões durante toda a competição. Ou, quiçá, o acaso tenha passado longe aqui, já que o Warriors tem uma comissão técnica, um estafe médico e uma diretoria irrequietos e em perfeita sintonia, sempre dispostos a adotar medidas pouco usuais no dia a dia da liga se elas puderem significar menor probabilidade de desgaste para seus atletas. Claro que lances de azar acontecem, como cotovelada violenta na disputa por um rebote ou uma torção de tornozelo. Agora, favor notar que, após ser visto como um atleta com as articulações de vidro, Curry perdeu um total de apenas dez partidas nas últimas três campanhas.

Em termos de problemas médicos, a grande questão em torno do clube fica por conta da saúde de Steve Kerr. Que coisa, hein? O treinador está afastado do time por tempo indeterminado para se reabilitar de duas cirurgias nas costas. Ele simplesmente rompeu um disco durante o Jogo 5 das finais. Ao retornar ao trabalho para o training camp, admitiu que suas férias foram basicamente infernais por conta disso. Técnico ganha jogo? Estamos prestes a conferir, ainda mais com a saída de Alvin Gentry para New Orleans. Quem fica responsável pela condução da equipe, por ora, tem pouca experiência no assunto. Luke Walton, senhoras e senhores! Está certo que o ex-ala do Lakers esteve envolvido com o basquete desde a época de fraldinha. Que era um jogador muito inteligente. Que ainda terá Ron Adams ao seu lado como grande ajuda. Que seu time não deve ter dificuldade para levar o sistema adiante. Mas não deixa de ser uma situação curiosa para se observar, dependendo de quanto tempo Kerr ficará longe. No Oeste competitivo, qualquer deslize pode significar a perda de mando de quadra lá na frente. E, para o timaço do Warriors, essa é preocupação legítima, ainda que no ramo hipotético.

A gestão: avançada. Bom, já citamos um ou outro ponto acima. A palavra final é do proprietário Joe Lacob, o martelo nunca vai ser batido sem que antes ocorra uma boa discussão, debatendo pontos contra, a favor, até se chegar a um consenso, ou algo perto disso. E, ao contrário do que 98% da internet acredita, isso faz bem e ajuda na condução dos negócios. O bacana aqui é ver a diversidade das vozes. Temos o ex-atleta que inspira até hoje o logo da NBA. Outro grande arremessador que ganhou cinco títulos em quadra. Um ex-agente. Um bilionário que era acionista minoritário do Boston Celtics. O filho do dono, mas que parece um pouco mais competente do que a média já vista na liga. Outro fez carreira no clube, começando como analista de vídeo até se tornar assistente do gerente geral. Diferentes origens, diferentes pontos de vista, expansão de conhecimento e bons resultados.

Quanto a Kerr, o certo era nem escrever muito a respeito. Pois não há o que se contestar em seu primeiro ano como técnico. Foi simplesmente um trabalho impecável. Ele venceu e, melhor sem perder o bom humor, sendo mais um caso de treinador que afasta a ideia de que é preciso ser rabugento para domar um time de craques milionários. Ainda assim, parece haver muitos que julgam que ele “só cumpriu com sua obrigação por ter um timaço em mãos”. É, pois é. Não me recordo de ver, em outubro de 2014, muita gente alçando o Golden State a candidato ao título, quanto menos prevendo que eles fariam uma das melhores campanhas da história. Também é difícil de entender como pode-se julgar normal que seu time tenha aliado o topo do ranking de eficiência defensiva com a segunda colocação da lista ofensiva (perdendo por 0,1 ponto para o Clippers e vindo do 12º lugar no campeonato anterior). Isso, claro, com o ritmo mais acelerado da paróquia. Uma aberração.

Leandrinho, o segundo título brasileiro

Leandrinho, o segundo título brasileiro

O brasileiro: Leandrinho. O reencontro com Kerr e com um time tão disposto a correr fez bem ao ala-armador, que fez sua melhor temporada desde o primeiro ano em Toronto (2010-11), estando três anos mais velho e se recuperando de uma cirurgia de ligamento cruzado no joelho. Kerr soube como tirar o melhor do ligeirinho. Controlou seus minutos e não pediu mais do que habitual explosão em direção ao garrafão, a arrancada no contra-ataque e o arremesso do lado contrário e ainda contou com sua energia positiva para animar o vestiário.  A recompensa foi um aumento de US$ 1 milhão no salário, valendo mais do que havia ganhado nas últimas temporadas. Seu papel não deve ser alterado nesta temporada.

Olho nele: Klay Thompson. O salto que Thompson deu em sua quarta temporada foi formidável, arcando com maiores responsabilidades ofensivas e respondendo com os melhores índices ofensivos, defensivos, de eficiência, de assistências e nos chutes de três pontos de sua carreira. Entrou no time das estrelas e não deve sair tão cedo. Vale observar se o ala, de 24 anos, será capaz de elevar novamente sua produção a um outro patamar, talvez se tornando uma ameaça ainda maior no drible, mesmo que seu percentual de turnovers já seja baixo o bastante.

card-ricky-barry-warriors-76Um card do passado: Rick Barry. O Warriors seu primeiro título em Oakland em 1975, liderado por um autêntico sniper em Barry, um dos maiores pontuadores que a NBA já viu, ao mesmo tempo que também era uma força criadora e, segundo consta, um dos jogadores mais detestáveis da história. Você abre o “Book of Basketball” de Bill Simmons e busca por citações da fera. Vai encontrar declarações resgatadas como essa de Billy Paultz: “Ao redor da liga, a opinião era de que ele era o jogador mais arrogante da história. Não conseguia acreditar. Metade dos jogadores não gostavam dele. A outra metade o odiava”.

Ainda assim, o cara era talentoso o bastante para compensar as coisas em quadra e carregar sua equipe. Em 1976, retornaram à final da Conferência Oeste e perderam o Jogo 7 para o Houston Rockets, uma equipe inferior, segundo Simmons. Barry se envolveu numa briga com Ricky Sobers, um ala bem mais forte. Nenhum dos seus companheiros intervieram a seu favor. No segundo tempo, o pai de Jon, Brent e Drew simplesmente deixou de arremessar, assim como Kobe Bryant fez um dia pelo Lakers em duelo com o Phoenix Suns, para perplexidade de Phil Jackson. Ambos foram derrotados. No Golden State deste ano, com a adoração que Stephen Curry desperta, é bem difícil que isso vá acontecer.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>