Em grande fase, John Wall usa reta final para se firmar no grupo dos melhores da NBA
Giancarlo Giampietro
Quando John Wall dispara com a bola, de um garrafão para o outro, terminando a jogada com a enterrada ou uma assistência, é ele quem está correndo, mas é você que pode perder o fôlego. Um dos caras mais velozes do mundo, sem dúvida, impressionante de se ver ao vivo.
Ele também tem altura acima da média para a posição, com 1,93m, é forte, uma pessoa tranquila, que não dá trabalho no vestiário. Nas categorias menores, dominou seus contemporâneos, um prospecto perfeito para a posição de armador. Até que você começa a reparar em algumas falhas. Seu arremesso de média e longa distância pode deixar Derrick Rose parecendo um Steve Nash. Wall costuma funcionar apenas quando se aproxima da cesta. Quando para no meio do caminho, ou quando acelera demais, também tem alguma limitação em sua leitura de jogo.
Como a escolha número um do Draft de 2010, o prodígio tem enfrentado, então, a ansiedade de dirigentes, treinadores, torcedores e – oi! – corneteiros nos últimos anos, todos esses sofrendo, apreensivos com A Pergunta, todos querendo saber se ele viraria, mesmo, aquele atleta jogador de elite, depois de um segundo ano em que pouco evoluiu. Como se, aos 21 anos, ele já tivesse estacionado. O problema no joelho que enfrentou ainda o tiraria de quadras até meados de janeiro? Xiiiii, lá se foi o John Wall embora.
Para, né?
Desde que voltou para as quadras, o Washington Wizards se transformou, com 22 vitórias e 18 derrotas, bem superiores aos abismais 5 e 28, respectivamente, das semanas anteriores, mesmo com o afastamento do talentoso novato Bradley Beal e com os problemas físicos constantes de Nenê. Recém-eleito o jogador da semana no Leste, destroçou Mike Conley Jr., Jerryd Baylles e o Memphis Grizzlies, com a partida de sua vida; 47 pontos, 8 assistências e 7 rebotes. O time da capital estava desfalcado de meio time – Nenê entre eles –, então o armador resolveu por conta. “Foi um desempenho incrível. Ele nos carregou. Senti que estava tudo sob controle, tudo dentro de nosso ataque, dentro do que estamos fazendo”, afirmou o técnico Randy Wittman, mais do que satisfeito.
Dois jogos antes, havia somado 24 pontos e 16 assistências em triunfo contra o Lakers em Los Angeles, matando a partida confortavelmente na linha de lances livres. Contra o Orlando Magic, na sexta passada, foram 35 pontos e nove rebotes. Quer dizer, esses números absurdos estão começando a virar padrão, em vez de anomalias.
A melhoria mais considerável e importante é constatada, enfim, em seu arremesso. Treinou duro nas férias, e os resultados vão aparecendo, com as melhores médias – de longe – em tiros de quadra, três pontos e lances livres. Não que o aproveitamento de 31,3% na linha de fora deixe as defesas intimidadas, mas já representa um grande avanço quando pensamos que ele acertou apenas 7,1% no campeonato passado. Você leu corretamente: apenas sete vírgula um. Sua confiança no jumper era tão fraca que ele chutou apenas 42 vezes de longa distância em 66 partidas.
O próximo passo? Wall precisa encontrar um modo de reduzir o número de desperdícios com a posse de bola, ainda muito elevado (3,9 por 36 minutos, superior até mesmo ao que teve como novato, 3,6). Muitos desses erros acontecem em suas infiltrações agressivas, que não devem sair do seu repertório de modo algum. Só requer um pouco de paciência para escolher a hora certa de bater para dentro, entendendo quais armadilhas a oposição pode preparar em seu caminho. Um refinamento que tende a acontecer com mais tempo.
Nada que lhe vá custar milhões e milhões na hora de negociar seu novo contrato com o Wizards, ao final do campeonato, quando estará sujeito a estender seu vínculo com o clube ou se tornar um agente livre restrito em 2014. A amostra ainda é pequena, mas John Wall finalmente está se aprontando para jogar e ser respeitado como uma estrela.
“Sei o que posso fazer. Você simplesmente melhora ano a ano, aprendendo. Sei como jogar, mas ainda estou aprendendo, não sei tudo ainda. Sabia, porém, que precisava melhorar meu jogo antes de ajudar alguém a melhorar. Quando você se cobra, você pode cobrar todos ao seu redor. Agora me sinto como um líder e que posso ajudar meu time”, afirmou.
A julgar por suas atuações nesta temporada, sem dúvida que pode.