Fiquem de olho: Huertas quer tentar a NBA na próxima temporada
Giancarlo Giampietro
A pergunta mais feitas a qualquer blogueiro ou comentarista de basquete nos últimos quatro, cinco anos deve ter sido esta: ué, o Marcelinho Huertas não tem bola para jogar na NBA? Ou essa, ou alguma de suas variantes – ninguém vai contratá-lo, quando ele vai tentar? Etc.
(Nos últimos meses, esse questionamento provavelmente foi superado por “Onde está Fab Melo?”, até que o pivô assinou contrato com o Caciques de Humacao, que é o lanterna da liga porto-riquenha. O pivô, afastado das quadras desde que foi dispensado pelo Paulistano em setembro, ainda não fez sua estreia.)
Mas esta nota aqui é para falar de Huertas, mesmo. O contrato do armador com o Barcelona vai expirar ao final da temporada, e, segundo o que apurou o VinteUm, pode ter chegado a hora: o jogador está realmente empenhado em explorar o mercado dos Estados Unidos. Não é garantia de que vá jogar na liga norte-americana, veja bem: depende do nível de interesse demonstrado pelos clubes e de que tipo de proposta toparia. É muito provável que, em termos financeiros, ganharia mais se continuasse na Europa. De todo modo, parece disposto a encarar esse novo teste.
É essa a intenção por trás da recente mudança de agente por parte do jogador, agora representado nos Estados Unidos por Alex Saratsis e por Gerard Darnes na Europa, ambos da Octagon. Saratsis também trabalha na campanha pré-Draft da dupla pinheirense Georginho e Lucas Dias e tem Giannis Antetokounmpo como um de seus principais clientes.
Um fator que favorece a transição a travessia do Atlântico para Huertas agora é o fato de várias franquias estarem preparadas para fazer grandes contratações a partir de julho, quando começa o período de negociação com os agentes livres. Os alvos são, claro, astros estabelecidos (Kevin Love?, Marc Gasol, LaMarcus Aldridge, Goran Dragic, DeAndre Jordan, Paul Millsap), ou jovens emergentes (Kawhi Leonard, Jimmy Butler, Khris Middleton, Greg Monroe, Brandon Knight, entre outros).
Não são todos os clubes que conseguem acertar com os primeiros nomes em suas listas. Aí os dirigentes passam para opções secundárias, e tal. Até o momento em que têm de decidir se vale a pena gastar por gastar, ou poupar o dinheiro (e, principalmente, o espaço na folha salarial) para 2016. As pretensões salariais de Huertas não deve ser exorbitante – especula-se que ganhe algo em torno de US$ 1,7 milhão por temporada com o Barça. Isso é basicamente o que Pablo Prigioni ganha no Houston Rockets, tendo sido seu contrato elaborado pelo New York Knicks. Há de se considerar aqui, todavia, diferentes cargas tributárias e eventuais mimos que os clubes europeus dão aos atletas, como casa e carro.
O armador argentino, aliás, seria o paralelo mais próximo para o brasileiro. Prigioni também viveu seus melhores anos na Europa antes de migrar para os Estados Unidos, aos 35 anos, fechando um contrato bem baixo, de US$ 473 mil. Depois de mostrar serviço, com a competência de sempre – sereno com a bola, comete poucos erros e marca muito bem –, ganhou o aumento. A diferença é que seu ex-companheiro de Baskonia chegaria mais jovem, aos 32, embora com habilidades diferentes: Huertas é muito mais criativo com a bola, mas tem dificuldade na defesa, especialmente no mano a mano. Essa seria a maior questão na transição do titular de Ruben Magnano, segundo scouts e dirigentes da liga consultados pelo VinteUm. Nem sempre é fácil, especialmente para armadores. Basta lembrar que verdadeiras lendas do basquete europeu como Sarunas Jasikevicius, Vassilis Spanoulis e Juan Carlos Navarro não tiveram as oportunidades que mereciam, se frustraram e voltaram correndo. Todos eles precisavam da bola em mãos para produzir – diferentemente de Prigioni.
Um ponto que pesa a favor de Huertas é a boa imagem que deixou em confrontos recentes com o Team USA. Já virou tradição. Até por terem o mesmo fornecedor de material esportivo, a Nike, estão sempre se enfrentando rumo a alguma competição internacional importante. Um maestro na hora de conduzir jogadas de pick and roll, fazendo a festa de diversos pivôs como Tiago Splitter e Ante Tomic, o paulistano se esbaldou em quadra em muitas ocasiões contra a nata da NBA. Virou um personagem cult para a imprensa americana. Foram projeções numéricas, “show de Huertas” e coisas do tipo. Essa reputação foi construída a partir do grande susto que a seleção brasileira deu na equipe de Coach K no Mundial de 2010, na Turquia.
Além disso, também se saiu bem em amistosos contra clubes da grande liga. Em 2010, mesmo, enfrentou Spurs e Grizzlies e teve médias de 6,5 pontos, 10 assistências, 5,5 rebotes, em 33 minutos, acertando 6/15 arremessos. Em 2012, foi a vez de se testar contra o Dallas Mavericks, então com Darren Collison. Marcou 12 pontos e deu 3 assistências em 36 minutos. O gigante catalão venceu.
Foram amistosos, que não podem ser avaliados com exatidão, ainda mais por serem intercontinentais. De qualquer forma, é o mais perto que Huertas chegou da liga americana, em quadra. A cada jogo desses, o armador teve de responder muitas vezes se sobre o que acharia de jogar lá. Em 2013, por exemplo, falando com Juca Kfouri, estava ainda muito tranquilo a respeito, satisfeito como titular do Barcelona, ainda no meio de um grande contrato. Esse vínculo agora está chegando ao fim, e pode ser que seus fãs brasileiros tenham enfim a chance de botar a teoria em prática.
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Se optar por um contrato de NBA, mesmo, Huertas se despediu da Euroliga nesta quinta-feira. Seu Barcelona foi eliminado pelo Olympiakos na fase de quartas de final da competição continental. Placar de 3 a 1 na série, com a equipe grega, bicampeã em 2012 e 2013, roubando o mando de quadra. Foi uma eliminação dolorosa. Não só pelo fato de o clube espanhol ter as mais altas aspirações, mas pelo modo como aconteceu, com cesta de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. Atualizo a seção Euroligado do blog no fim de semana com mais detalhes. Para quem vem acompanhando a temporada do brasileiro aqui no VinteUm, sabe-se que ele perdeu muito espaço na rotação de Xavier Pascual nas últimas semanas. O tcheco Tomas Satoransky, um belíssimo jogador, assumiu a vaga de titular, com autoridade. Na Liga ACB, o Barça ocupa a terceira posição, com atordoantes nove vitórias.
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Quem também falou esta semana sobre a possibilidade de jogar nos Estados Unidos foi o pivô Augusto Lima, hoje um dos principais nomes da Liga ACB. Em entrevista ao site EuroHoops, deixou as coisas em aberto – diferentemente do que vinha falando durante sua excepcional campanha, assegurando que a prioridade era renovar contrato com o Murcia, pelo qual já comemorou até mesmo vitória contra o Real Madrid. Seu contrato vai até 2016, mas… “Você nunca sabe. Todo jogador sonha em jogar no mais alto nível da Euroliga ou da NBA. Mas tenho de dar um passo de cada vez. No momento, estou concentrado em ajudar o Murcial. Posso jogar na NBA algum dia! Vou considerar as opções durante as férias e tomar a melhor decisão”, disse. No ano passado, ele já teve uma proposta do Philadelphia 76ers.