Vinte Um

Hawks fecha com pivô macedônio, e minutos para Lucas Bebê ficam ainda mais minguados

Giancarlo Giampietro

Pero Antic, figuraça

Pero Antic, figuraça e uma contratação no mínimo criativa do Atlanta Hawks

Desde que assumiu o controle das operações de basquete do Atlanta Hawks, o gerente geral Danny Ferry está inspirado. Conseguiu despachar o salário estratosférico de Joe Johnson, não caiu na armadilha de pagar horrores para Josh Smith, fechou um contrato muuuuuito mais palatável com Paul Millsap, achou dois novatos estrangeiros muito promissores no Draft mesmo sem ter uma das 15 primeiras escolhas, manteve um time competitivo e, ao mesmo tempo, com boa possibilidade de crescimento para o futuro.

Missão cumprida? Tudo certo?

Não, o sujeito simplesmente não para.

Em mais um movimento surpreendente, o dirigente está prestes a fechar um contrato com o gigante macedônio Pero Antic, bicampeão da Euroliga pelo Olympiakos. Antic chegaria a Atlanta para, muito provavelmente, ocupar o papel de quarto pivô da rotação do técnico Mike Budenholzer, atrás de Al Horford, Millsap e Elton Brand.

Somem aí também o ala DeMarre Carroll, que também pode marcar alas-pivôs em formações mais baixas, mais o segundanista Mike Scott, em franca progressão, e a conta de minutos disponíveis para Lucas Bebê fica bem minguada para a temporada 2013-2014. I

De acordo com o site espanhol Encestando, o brasileiro estaria disposto, sim, a pagar sua multa rescisória com o Estudiantes para migrar para os Estados Unidos já neste ano. Para se liberar de seu contrato com o clube madrilenho, o pivô precisaria pagar US$ 1 milhão, sendo que o Hawks pode contribuir com até US$ 575 mil na transação.

Sem citar fontes, o texto foi publicado, porém, antes da contratação de Antic. Resta saber se esse negócio pode alterar de alguma forma os planos de Lucas e de seu agente, o ex-jogador Aylton Tesch. Em entrevista à Rádio Bradesco Esportes FM, Aylton havia indicado que esperava que seu atleta tivesse pelo menos algo em torno de cinco a dez minutos por jogo. Nem mesmo essa quantia parece estar disponível agora.

Mas nem isso seria um impedimento também. Se lermos com atenção, nesse mesmo bate-papo, que já destacamos aqui, a preocupação maior para a próxima temporada seria, mesmo, o fortalecimento do atleta. “Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram'', disse.

Mesmo que o brasileiro jogue pouco, a ideia seria, então, deixá-lo nos Estados Unidos para uma temporada de amadurecimento fora de quadra, que faça parte de um projeto de longo prazo para Bebê, talvez pensando em aproveitá-lo mais no segundo ano na liga norte-americana.  “Ele só vai para a NBA se o time tiver um plano de evolução para ele”, afirmou o agente. “Tem de planejar algo para que eu me sinta bem e o atleta também.”

 Vamos aguardar.

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Antic vai fechar contrato (de um ano garantido) nesta quinta-feira em Atlanta.

E quem é Pero Antic?

Estamos falando de um pivô que vai completar 31 anos na próxima semana. Veteranaço, então, de muitas batalhas pelo Olympiakos nas últimas duas temporadas, no melhor momento de uma carreira que era modesta, modesta até brilhar no Eurobasket de 2011. Na ocasião, sua Macedônia desbancou favoritos, liderada pelo americano Bo McCalebb, e causou sensação. Escoltando o gringo, enfim chamou a atenção da elite do continente. Revelado pelo Rabotnicki Skopje, antes de defender o Olympiakos, defendeu o AEK de Atenas, o Estrela Vermelha de Belgrado, o Academic de Sófia, e, na Rússia, o Lokomotiv Kuban e o Spartak de São Petersburgo.

Detalhe: não será a primeira vez do macedônio no basquete norte-americano. Em 2000-2001, ele jogou uma temporada inteira dehigh school.

Em quadra, a despeito do físico – e visual – intimidador, com 2,08 m de altura e cerca de 120 kg, Antic é um jogador que, no ataque, atua muito mais no perímetro, distante da cesta. É um ótimo passador e… Bem, ficamos nisso, embora ele acredite piamente que pode ser uma arma nos chutes de três pontos.

Em sua carreira na Euroliga, o pivô só converteu o 26,7% de seus disparos, algo muito abaixo do aceitável. O que não o impediu de, na última temporada, ter arremessado 115 bolas de longa distância em 31 jogos, tendo matado apenas 26,1%. Nos chutes de dois pontos, o rendimento melhora um pouquinho: 51,5% (embora, no geral, tenha 47,3%). Em lances livres, converteu 67,3% em seis anos.

Na campanha do bicampeonato continental, eve médias de 6,2 pontos e 3,3 rebotes, em 15,7 minutos por partida. Suas contribuições para o Olympiakos, porém, estão muito mais nas intangíveis. O pivô é relativamente ágil para alguém de seu tamanho, se deslocando bem lateralmente para fechar espaços.

É uma contratação no mínimo curiosa de Ferry. Antic tem tudo para virar uma figura cult na NBA.