Vinte Um

Categoria : Notas

Na capital do basquete, duas ligas unidas
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Giancarlo Giampietro

Todo mundo junto em quadra

Todo mundo junto em quadra

Mais que qualquer enterrada ou arremesso do meio da quadra convertido – e, veja, bem, não há naaaada de errado com eles –, o fato mais positivo do fim de semana de Jogo das Estrelas do basquete brasileiro, em Franca, precede o evento em si: a mera união entre as duas ligas nacionais, a LNB e a LBF.

Alguém já deve ter dito por aí que as ideias mais proveitosas geralmente são as mais simples, né? Não é preciso inventar a roda todo dia. Aproximar as meninas dos rapazes poderia parecer meio óbvio, mas era algo que não havia sido feito antes. Até porque não se trata de uma  logística tão fácil. Requer um calendário coincidente, viabilização comercial, bufunfa etc. Mas que bom que eles tenham conseguido, e parabéns para quem teve a ideia.

A união das ligas obviamente contribuiu para que um dos maiores bancos brasileiros, o Bradesco, que já ajuda a CBB a pagar as suas contas, assumisse a condição de patrocinador master do evento, numa movimento bastante instigante. O Pedrocão foi envelopado com suas cores. A ver se o investimento pode realmente se expandir pela modalidade – e se, mais relevante, vai durar mais que um ciclo olímpico no qual o país é a sede do grande evento.

A parceria com a NBA também já rendeu mais três patrocinadores para a festa, registre-se – sem contar aqueles que já tinham vínculo com os dois campeonatos brasileiros. Essas marcas estavam expostas em telas de LED ao redor da quadra, em vez daquelas estruturas metálicas de sempre. A liga americana também enviou a Franca o ex-pivô Horace Grant, tetracampeão, para ser um dos jurados do concurso de enterradas. É de se esperar mais ações nessa linha. Aos poucos, esse acordo, vigente há menos de cinco meses, vai propiciando frutos.

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Nesta sexta-feira, foi bacana levar para a quadra ídolos do passado de Franca – Fausto Gianecchini, Chuí, Edu Mineiro, Paulão e Robertão. Assim como levar Hélio Rubens como jurado, para aclamação popular. Em termos de apelo com a galera, porém, parece que Helinho ganharia eleição para presidente na cidade.

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Nos eventos, quem roubou a cena no Pedrocão foi o ala Maxwell, do Brasília. O jogador de 23 anos era o único, hã, baixinho (1,97 m de altura) no torneio de enterradas, concorrendo com três pivôs: Gerson, do Mogi, Mims, de Uberlândia, e o carismático André Coimbra, figurão aparentemente com status cult na capital brasileira do basquete. Coimbra venceu a disputa após cinco enterradas – mas dá para dizer que tenha sido uma decisão caseira do corpo de jurados. Normal, pelo clima do ginásio.

No torneio de três pontos, Marcelinho Machado mandou ver, a despeito das vaias que ouviu – os demais homenageados foram Ricardo Fischer, Robert Day e, claro, Nezinho. Acho que a torcida deu uma exagerada nessa. O veterano tem ainda mecânica muito rápida, além da facilidade para entrar em ritmo. E dá para dizer que ele curte uma plateia hostil.

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Jay Jay é claramente um  prospecto de NBA enquanto mascote. Ele bem que poderia ter assumido a vaga aberta no Philadelphia 76ers nesta temporada – se fosse Sam Hinkie, teria até mesmo gastado uma escolha de segunda rodada no Draft por ele. Jay Jay é profissa.


Chegou a tempestade Westbrook junto com a bonança
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Giancarlo Giampietro

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Quando OKC anunciou, antes do início da temporada, que Kevin Durant ficaria afastado por algumas semanas devido a uma fratura no pé, a meteorologia detectou, talvez de maneira preventiva, a iminência de uma Tempestade Westbrook que estaria por vir. Era uma previsão do tempo ambígua, tal como acontece hoje em dia em São Paulo e outros cantos do país: em tempos de seca, uma chuvarada trovejante não se equivale necessariamente a má notícia, embora possa causar sempre os estragos paralelos.

Pensando em Westbrook, com Durant enfrentando uma série de percalços após a cirurgia pela qual passou, era de se esperar muitos, mas muitos arremessos, mesmo, para o bem ou para o mal. O Thunder iria depender demais do explosivo jogador. Só restava saber o resultado disso. Ele se perderia nessa situação, com fome de bola, alienando os companheiros, chutando até antes da linha central da quadra, ou ficaria ainda mais confortável como o dono da bola, carregando o time em pontos e como força criativa.

Ao conseguir seu quarto triple-double consecutivo em suada vitória sobre o Sixers por 123 a 118, com prorrogação, acho que já nem precisa mais cair nessa discussão, né? O armador-ala-craque-não-importa-a-definição vive a melhor fase de sua carreira, na hora que a equipe mais precisa, para proteger a oitava colocação na Conferência Oeste.

Quatro triple-doubles seguidos? Isso não acontece desde 1989, quando Michael Jordan causava geral. Até mesmo Sua Alteza do Ar tem de se impressionar com o que Westbrook produziu nesta quarta-feira: 49 pontos, 10 assistências e 16 rebotes, em 42. Muito provavelmente a melhor atuação da temporada, concorrendo com os 52 pontos em 33 minutos de Klay Thompson. “É, definitivamente, uma bênção. Mas o mais importante é que estamos vencendo”, disse.

O curioso? Na ficha estatística da partida, vemos que, com o camisa #0 em quadra, seu time perdeu por 12 pontos. É o tal do +/-, o saldo de pontos. Um número frio que, isolado, obviamente não diz nem 50% do que foi a partida. Talvez só aponte problemas defensivos, visto que o segundanista Isaiah Canaan, recém-saído de Houston, marcou 31 pontos e deu 6 assistências. Mas problemas defensivos gerais, e, não, só de um jogador. Até porque, numa liga que usa e abusa do jogo com bloqueios, os pivôs e os homens que são obrigados a rodar vindo do lado contrário são tão ou mais importantes que o defensor primário em cima da bola.

Além do mais, para alguém com tamanho volume ofensivo, toda a ajuda possível se faz necessária do outro lado da quadra. Por exemplo: nas campanhas de título do Miami Heat, LeBron assumia responsabilidades para marcar os destaques adversários, sim. Mas só nos minutos mais importantes de jogos parelhos. Até lá, tinha um Shane Battier para quebrar um galho danado. (Obviamente, Westbrook, desatento e arrojado demais, nunca foi um defensor tão qualificado como LeBron.)

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Sam Hinkie, gerente geral do Sixers apegado a diversas contas, certamente teria mais observações para fazer a respeito desse saldo de pontos negativo. Claro que a torcida devota de Oklahoma City não está nem aí para isso. Estão curtindo demais as exibições de um de seus queridinhos. Um momento bacana nesse triunfo foi quando, na linha de lance livre, Wess ouviu gritos de “MVP” estrondosos. Básico. O legal é que, no banco, ainda tentando entender exatamente o que acontece em seu pé direito, lá estava Kevin Durant fazendo gestos com os braços pedindo para que a algazarra fosse maior. Por ele, o prêmio de jogador mais valioso nem precisa sair da cidade.

Aqui do meu canto, ainda fico entre Stephen Curry e James Harden, mais regulares durante a temporada (perderam pouquíssimos jogos tanto em termos de resultado como de lesão) e igualmente exuberantes. Agora, por tudo o que vem fazendo recentemente, o superatleta de OKC ao menos aparece acima de LeBron James, também mais ou menos pelo mesmo critério: jogou seis partidas a menos, mas, quando esteve em quadra, arrebentou, enquanto o astro do Cavs tirou uns bons dois meses de folga antes de entrar em duas semanas sabáticas revigorantes. Quem vota ao seu favor vai alegar que ele tem médias de 27,0 pontos, 8,2 assistências e 7,0 rebotes, números maiores que os dos três concorrentes aqui citados.

Pois é, na coluna de cestinhas da liga, Westbrook superou seu ex-companheiro Harden, assumindo a primeira posição. É coisa de um décimo – 27,0 x 26,9 –, mas superou. Por mais que não fale dessas coisas, ou melhor, por mais que não fale muito sobre quase nada, deve estar feliz da vida. Tendo Durant ao seu lado, dificilmente assumiria o topo dessa lista, mesmo que tivesse potencial absurdo para tanto:

E aí? Você ainda fica embasbacado com esse tipo de lance, ou já está acostumado com as jogadas dessa aberração?

(…)

Sim, ficamos todos boquiabertos. Ainda mais quando lembramos que o fenomenal atleta já passou por três cirurgias no joelho nos últimos dois anos. Não faz o menor sentido que alguém, 100%, possa executar um lance deles com tanta velocidade e força. Quanto mais alguém que passou por uma sala de cirurgia tantas vezes em tempos recentes. Que o diga, infelizmente, Derrick Rose.

westbrook-mask-philly-triple-doubleWestbrook ainda tem um arranque devastador, que lhe propicia, por exemplo, a cobrança de 20 lances livres em 42 minutos – contra 14 de seus companheiros. Dá para ter uma ideia do nível de atividade necessário para, sendo armador, cobrar 20 num jogo? Só um cara feroz desta forma, mesmo. Na temporada, ele bate 9,2 em média, maior marca de sua carreira.Essa produção elevada na linha se mantém numa projeção por minutos. O número alto de lances livres o ajuda a atingir também seu melhor índice de eficiência, e de longe, mesmo que esteja falhando nos arremessos de longa distância. Com 27% de acerto nos tiros de fora, é saudável, então, que tenha dado uma maneirada em suas tentativas, comparando especialmente com o que havia feito nas duas temporadas passadas.

É isso.

A tempestade veio, mesmo. Mas já acompanhada pela bonança.

*    *    *

O triple-double de Westbrook ganhou as manchetes na rodada desta quarta, mas não foi um fato isolado. De vez em quando, o universo parece conspirar por uma noite de anomalias estatísticas que só fazem confundir a cabeça. Vamos lá:

– Na vitória dramática sobre o Utah Jazz, com uma cesta de Tyler Zeller no finalzinho, o Boston Celtics cometeu apenas 3 turnovers. Três! Vale com um recorde da franquia. Antes de matar o jogo, Zeller havia sido um dos vilões da noite. Ele, Avery Bradley e Isaiah Thomas desperdiçaram a bola uma vez cada. Lamentável, não é coisa que se faça.

– Num jogo em que acertou apenas 1 de 13 arremessos de quadra, errando inclusive todos seus chutes de três pontos, Damian Lillard encontrou um jeito diferente para contribuir em vitória do Blazers sobre o Clippers na prorrogação: pegou 18 rebotes (17 defensivos). Ele é o primeiro jogador de 1,90 m, ou menos, a conseguir essa marca desde Fat Lever, um dinâmico ex-armador do Denver Nuggets, em 1990. Em sua carreira, o All-Star de Portland tem média de 3,7 rebotes. Na temporada, vem com 4,6.

– Se o assunto é rebote, não tem como fugir dos 25 que Hassan Whiteside coletou contra o Lakers. Sozinho, a revelação do Miami Heat igualou o desempenho de quatro adversários Carlos Boozer, Robert Sacre, Ed Davis e Jordan Hill nesse fundamento. Foi o terceiro jogo nesta temporada em que o sujeito, que tem Líbano e segunda divisão da China em seu currículo, passou da casa de 20 rebotes no ano. Impressionante. Por outro lado, se for pensar, é algo que vem acontecendo até que bastante vezes neste ano, não? O Data21 foi, então, pesquisar: em 19 jogos a marca de 20 rebotes foi superada, sendo que DeAndre Jordan é o líder aqui, com cinco jogos absurdos desses. Contra o Mavs, no mês passado, ele teve 27 rebotes em 39 minutos.

Agora, não dá para falar de Jordan nesta quinta de manhã sem mencionar seu lapso mental no jogo contra o Blazers. Justamente ao se posicionar bem para aproveitar uma rebarba ofensiva, o pivô teria a chance de efetuar um tapinha para buscar a vitória no tempo regular. Não fez e dominou a bola, causando um surto cômico de Chris Paul:

– O ala Jason Richardson marcou 29 pontos na derrota do Sixers para o Thunder. Nos tempos de cestinha do Golden State Warriors das vacas magras, ou municiado por Steve Nash, pelo Phoenix Suns de 2010, isso até que era normal. Porém, depois de ficar dois anos parados, tendo passado por duas cirurgias graves, tem de comemorar. “Pensei que nem voltaria a jogar basquete mais”, disse Richardson, que não ultrapassava a marca de 25 pontos desde o dia 11 de fevereiro de 2012, pelo Orlando, contra o Milwaukee Bucks.

– O tempo de afastamento de Anthony Davis das quadras foi bem mais curto. Ele perdeu cinco jogos seguidos devido a uma contusão no ombro. Retornou de forma providencial contra o Detroit, da dupla Andre Drummond e Greg Monroe. Caras pesados, né? Que, juntos, acumularam 26 pontos, 33 rebotes e 6 tocos. Bela produção. Acontece que Davis, sozinho, teve 39 pontos, 13 rebotes e 8 tocos. Se ele aguentar fisicamente o tranco, meu amigo, prepare-se: a Era Monocelha só está começando.


Euroligado: as coisas ficam mais nebulosas
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Giancarlo Giampietro

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Dentre tantas possibilidades de “Mal do Século” do jornalismo, no Brasil, na Suécia ou na Cochinchina, a capacidade de reagir de modo exagerado a uma notícia lá na parte de cima do ranking. Então não é porque o CSKA Moscou sofreu a segunda derrota nas últimas três rodadas, que tudo o que o time construiu até este momento precisa ser demolido pela crítica. Mas que as coisas na Euroliga ficaram mais nebulosas e, por isso, mais interessantes? Ah, se ficaram.

De líder e favorito disparado um mês atrás, com 15 vitórias seguidas, o clube russo agora se vê na terceira posição do Grupo F, o Grupo da Morte que, com o perdão da confusão, já não parece mais tão mortal assim – mas, de repente, pode ser, sim. Hoje, nos despedindo de fevereiro rumo a março, temos nas duas chaves do Top 16 um clima de suspense no ar.

(Clima de suspense no ar: taí um clichê que não pode ser descartado, né? A sonoridade da frase supera o desgaste do uso corrente.)

Responsável pela quebra da invencibilidade do CSKA há três semanas, o Olympiakos agora lidera o grupo, com sete vitórias e uma derrota, no início do returno, restando seis partidas pela frente. Protagonista da segunda derrota moscovita, o Fenerbahçe agora pulou para segundo, com as mesmas seis vitórias e duas derrotas de sua vítima, mas levando a melhor no saldo de pontos do duelo. Lembrem-se que os dois primeiros ganham mando de quadra nas quartas de final – e, numa série melhor-de-cinco, isso conta muito. Mas este não é o único drama a ser explorado: na quarta posição, tendo perdido o confronto direto nesta sexta, Anadolu já se vê incomodamente pressionado pelo Laboral Kutxa, algo que parecia impensável há pouco tempo atrás.

Do outro lado, no Grupo F, a história para ser acompanhada é a tentativa de reação do Barcelona de Huertas. Depois de sofrer três derrotas no primeiro turno, estando no quarto lugar, o clube catalão tem a missão de superar o Panathinaikos e o Maccabi Tel Aviv dentro da zona de classificação. Ao menos o dramático triunfo diante do Alba Berlin rende um pouco de conforto em relação a sua vaga nos mata-matas.

O jogo da rodada: CSKA Moscou 75 x 81 Fenerbahçe

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Foi a partida que passamos ao vivo pelo Sports+ nesta sexta, ao lado do Mauricio Bonato. Daquelas que, ao final da transmissão, você se sente um sortudo de ter participado. Apelamos aqui a mais um clichê, então: aquele que evoca o boxe para fazer metáforas em outros esportes. Pois foi como uma luta franca de pesos pesados, mesmo, cada um trocando golpes até que, no minuto final, um ato de descontrole de Milos Teodosic pois tudo a perder para os anfitriões. Foi para estragar a festa de Andrei Kirilenko.

Sim, o Kirilenko! Quem se lembra dele? Relegado ao ostracismo da NBA após sofrer com dores crônicas nas costas e também bater de frente com Lionel Hollins, o astro russo foi mandado para Philadelphia. O que hoje, a liga americana, é o mais próximo que temos da Sibéria. AK47, claro, nem mesmo se apresentou ao clube. Até que, passada a data final para trocas, sem que ninguém demonstrasse interesse significativo em tirá-lo do Sixers, ele assinou sua rescisão contratual enfim e fechou prontamente com o CSKA, clube pelo qual foi o MVP em 2012. Resta saber se o craque vai conseguir entrar em forma para ajudar a equipe na reta final europeia. Outra questão fica por conta da tão sagrada química: o ala-pivô Andrei Vorontsevich, por exemplo, está jogando muito bem e seria uma tremenda injustiça se lhe tirassem muitos minutos. Vamos acompanhar.

Contra o Fener, o veterano jogou por apenas cinco minutinhos, claramente enferrujado. Marcou dois pontos e deu uma bela assistência para cravada de Sasha Kaun, que lhe prestou todas as homenagens e reverências em quadra. Tem moral, claro. De destaque, mesmo, fica seu corte de cabelo bem comportado. Era até difícil de identificá-lo em quadra.

Não foi a melhor partida para se estrear. O clube turco chegou a Moscou disposto a jogar duro, conseguindo a proeza de limitar o ataque adversário a míseros dez pontos no primeiro quarto. Na segunda parcial, porém, tudo mudou, com o CSKA marcando 27 pontos para tirar o atraso. No intervalo, os visitantes venciam por dois pontos (39 a 37).

Apesar de ver o rival deslanchar, Zeljko Obradovic deve ter ficado satisfeito pelo que seus rapazes fizeram em quadra. No duelo com seu pupilo, ex-braço direito e compadre Dimitris Itoudis, o sérvio optou por um jogo truncado, de meia quadra, anulando as possibilidades de jogo em transição para a equipe russa, algo que faz tão bem. Também soube preparar um esquema para limitar os tiros de três pontos, com muito sucesso (levou apenas cinco em 20, 25%). Outro setor que funcionou: a disputa pelos rebotes, com 16 ofensivos e 43 no geral.

Em termos de destaques individuais, também vale mencionar  Jan Vesely, que, com sua sua capacidade atlética invejável, também marcou presença no garrafão, com 14 pontos, 5 rebotes e inacreditáveis 80% nos lances livres (4/5, sendo que sua média na temporada de 39%). Voltando de lesão, Bogdan Bogdanovic se desdobrou na defesa e ainda contribuiu com 13 pontos. Nemanja Bjelica somou um duplo-duplo de 11 pontos e 13 rebotes em apenas 25 minutos e teve muito sangue frio no final para selar o triunfo.

Foi necessário, já que no segundo tempo as equipes se alternaram constantemente no placar. Perdi a conta de quantas vezes trocaram uma liderança de um só pontinho no quarto período. Até que, no minuto final, Teodosic reclamou uma barbaridade de uma falta marcada em disputa de rebote ofensivo e foi expulso de quadra – um raro momento de destempero para o genioso armador nesta temporada, a melhor de sua carreira. Foi um estrago daqueles: seu compatriota Bjelica teve quatro lances livres para cobrar, matando três. Na posse de bola seguinte, Bogdanovic acertou mais um lance livre, e a vantagem do Fenerbahçe chegou a 78 a 72. Aí já era.

Na trilha de Huertas

Satoransky, agora titular

Satoransky, agora titular

Já havia acontecido na decisão da Copa do Rei contra o Real, com o Barça saindo derrotado, mas a notícia aqui é que o armador brasileiro perdeu seu posto de titular para Tomas Satoransky. O jovem tcheco abraçou a chance que ganhou de Xavier Pascual e ajudou o clube espanhol a vencer o Alba Berlin, apenas na prorrogação, com 11 pontos e 8 assistências em 28 minutos. Huertas jogou por apenas 16 minutos e terminou com 5 pontos e 2 assistências. Juan Carlos Navarro retornou, com 14 pontos em 19 minutos, com 6/6 nos lances livres.

Lembra dele? Samardo Samuels (Olimpia Milano)
É, a gente poderia falar que Samuels foi aquele brutamontes que acompanhou Anderson Varejão nos anos de pindaíba do Cleveland Cavaliers pós-e-pré-LeBron. Mas, no fim, depois de uma fatídica Copa América de 2013 para o basquete brasileiro, a referência obrigatória ao atleta se tornou a Jamaica, que terminou de humilhar a seleção de Rubén Magnano na Venezuela com uma vitória/derrota histórica. Dureza. Pois bem. O pivô está hoje em sua segunda temporada Olimpia Milano. Na quinta, teve talvez aquela que seja a partida de sua vida, ao acumular 36 pontos (27 no primeiro tempo!), 9 rebotes e um índice de eficiência de 47 pontos, completamente anormal para os padrões da liga, em vitória sobre o Nizhny Novgorod por 85 a 76. Ele converteu 14 de seus 16 arremessos de dois pontos, um recorde na fase de top 16. Como diria o Bonato, saca só:

Em números
119 – É o saldo de pontos do Real Madrid após oito rodadas do Top 16. O mesmo Real que já suscitou textos e textos na imprensa espanhola sobre uma suposta crise interna no departamento de basquete do clube, sobre a possível demissão de Pablo Laso e tudo mais. O time realmente fez alguns jogos preocupantes na temporada, mas, no geral, vai se acertando desde o retorno de Rudy Fernández de uma cirurgia na mão direita. Para relativizar o saldo, o CSKA é aquele que mais se aproxima dessa marca nessa fase, com 64.

10 – Mais uma rodada de Euroliga, mais uma atuação formidável de Vassilis Spanoulis, que liderou o Olympiakos a uma vitória por 77 a 72 sobre o lanterninha Unicaja Málaga. O armador grego teve aproveitamento de 100% nos lances livres, acertando todas as duas 10 tentativas. Também distribuiu 10 assistências em um duplo-duplo com 18 pontos.

9 – Juntos, os ‘armadores’ Darius Adams e Mike James somaram 9 turnovers pelo Laboral Kutxa, justamente no confronto com Thoma Heurtel, o antigo titular da posição no clube basco, hoje no Anadolu. Ainda assim, com uma excelente partida do pivô Colton Iverson, a equipe espanhola conseguiu uma importantíssima e surpreendente vitória, por 87 a 84. O grandalhão, cujos direitos na NBA pertencem ao Boston Celtics, marcou 17 pontos e pegou 11 rebotes em 24 minutos. Do seu lado, Heurtel saiu de quadra com 17 pontos e 5 assistências em 26 minutos. Juntos, os esfomeados Adams e James ficaram com 8 pontos e 6 assistências. Que coisa.

7 – Talvez o Fenerbahçe nem se importe com isso de mando de quadra nas quartas de final. Em Moscou, o time de Obradovic chegou a sua sétima vitória consecutiva fora de casa.

As jogadas da semana


O intrincado caminho para o desenvolvimento de Caboclo e Bebê
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Giancarlo Giampietro

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O Toronto Raptors já surrava o Milwaukee Bucks, em casa, quando Lou Williams recebeu a bola no meio da quadra e viu Bruno Caboclo bem posicionado para o passe, já cruzando a linha de três pontos. O passe foi na medida, e o ala partiu direto para a enterrada. A essa altura, princípio de quarto período, o Air Canada Centre já estava agitado. Depois do lance, entrou em polvorosa, para celebrar o calouro que adotaram prontamente como um xodó. Foi uma estreia perfeita, talvez o momento mais especial da temporada, do ponto de vista brasileiro. Era 21 de novembro, ainda muito cedo no campeonato, mas tudo se encaixava como um conto de fadas para um garoto que nem bem havia jogado como profissional no Brasil e já estava lá na NBA querendo mandar seu recado.

Acontece que aquele seria um episódio isolado, quase um espasmo. O ala mal jogaria depois. De acordo com os planos do time, não há nada de errado com isso. Desde o momento em que anunciou a seleção de Caboclo na 20ª posição do Draft, o Toronto Raptors, representado pela figura de seu gerente geral Masai Ujiri, pregou paciência. O jogador seria lançado aos poucos. Beeem aos poucos. Para o pivô Lucas Bebê, mesmo três anos mais velho, o panorama era o mesmo. Tudo muito calculado.

O difícil, porém, é fazer que as revelações brasileiras, que tanto querem jogar, entenderem e abraçar a causa, o projeto: já se circula pelos bastidores da NBA que o clube canadense tem vivido algumas das semanas mais complicados no processo de desenvolvimento dos dois. Múltiplas fontes da liga americana – de outros clubes, frise-se –, passaram ao VinteUm relatos de uma turbulência em Toronto envolvendo Bruno e Lucas.

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Os dirigentes do Raptors, com o gravador ligado, se concentram em fatos positivos – algo mais que natural, considerando que, em termos práticos, qualquer cartola, quando fala de seus jogadores, está se referindo a patrimônio do clube, seja para o uso na quadra ou como bem de valor.

Conversei em Nova York com quatro fontes diferentes ligadas ao time: Ujiri, o chefão; o treinador Jama Mahlalela, quem mais passa tempo em quadra com o brasileiro; o chefe do departamento de scouting internacional Patrick Engelbrecht, o homem que ‘descobriu’ Caboclo; e Kyle Lowry. Eles discorreram sobre o trabalho com os jovens brasileiros. São aqueles que mais os veem em ação no dia a dia de treinos, uma vez que jogos, para valer, são escassos. As declarações, no entanto, ganharam um contexto muito diferente dias depois do All-Star Weekend, a partir da notícia sobre a visita-surpresa dos jogadores aos camarotes do Carnaval do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí.

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Caboclo e Bebê mal têm jogado pelo time canadense. Depois do furor da estreia, o ala só seria utilizado em mais três jogos, com um total de 16 minutos. Seria na D-League em que ele ganharia mais tempo para botar em prática aquilo que tem treinado diariamente com a comissão técnica. Bebê não foi enviado para a liga de desenvolvimento da NBA, mas também foi pouco acionado pelo técnico Dwane Casey (menos de 24 minutos em seis partidas). De novo: nada ao acaso.

Por tudo o que o blog ouviu, tanto empenho nos treinos e as poucas oportunidades para jogar levaram os atletas a um nível de frustração alarmante, sucedida por atitudes questionáveis fora de quadra. “Muita exposição, muito cedo”, “não há como negar que coisas ruins aconteceram”, “há problemas em Toronto com os dois”… Esses foram alguns dos comentários endereçados. O que se sabe, nos corredores da liga, é de atos indisciplinares, que não precisam ser publicados. São uma mistura de imaturidade e um certo deslumbre com todas as armadilhas que podem cercar a vida de qualquer jogador da liga norte-americana, quanto mais de dois jovens estrangeiros.

A ida ao Rio de Janeiro para o Carnaval não pegou bem. Pessoalmente, ao ver as fotos da Sapucaí, de início não achei crime algum naquilo. Não foram os primeiros, nem serão os últimos atletas da NBA a sair pela noite, e, além do mais, eles estavam em meio a uma semana de folga. Aliás, não custa lembrar que a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) usou o desfile das escolas de samba para promover o Rio Open, levando Rafael Nadal, David Ferrer e Guga Kuerten para a avenida. Antes da estreia dos espanhóis no torneio – Ferrer seria o campeão.

Por outro lado, os brasileiros viajaram um tanto tarde, já perto da data de retorno aos treinos. Além disso, dá para entender perfeitamente a linha crítica a esse passeio, uma vez que, se eles mal jogam pelo time, precisariam aproveitar qualquer dia disponível de treino para tentar melhorar e buscar espaço no time. Não sei se existe certo ou errado aqui. E, de qualquer forma, já há dois problemas nessa divagação: 1) a opinião de um blogueiro não vale de nada comparada com a de quem trabalha com os jogadores diariamente; 2) a escapada veio nesse contexto já tenso.

A primeira passagem de Bruno pela D-League, por exemplo, terminou bem antes do esperado, depois de apenas três jogos, e não foi devido aos seus altos e baixos em quadra – o que era esperado. “É o que acontece com o jogador jovem. Vai ter esses altos e baixos, jogos de um ou três pontos, vai fazer 20 pontos em outro dia. Ele tem de passar por essa curva de aprendizado. Não acho que possamos esperar muito de seus jogos”, diz o gerente geral Ujiri. O problema não foi a quadra. O brasileiro deu trabalho ao Fort Wayne Mad Ants fora dela e teve de ser resgatado às pressas pelo Toronto.

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Agora, o ala está de volta ao clube de Indiana, com temperaturas gélidas, literalmente ou não. Tem novamente jogado muito pouco: foram 14 minutos totais nos dias 19 e 20 de fevereiro, com um aproveitamento melhor na segunda, contra o Westchester Knicks, na qual fezoito pontos em 10 minutos, com a equipe conquistando sua única vitória em todas as cinco partidas em que escalou o paulista de Osaco. No dia 22, ele nem mesmo entrou em quadra – por decisão do treinador Conner Henry. Independentemente do que acontece atrás das cortinas, este já está longe de ser um cenário ideal para o progresso do ala como jogador.

Em sua estreia pelo Fort Wayne, detalhada aqui, Caboclo fez um primeiro tempo excepcional, mas depois se atrapalhou bastante na volta do intervalo, cometendo muitas faltas e um turnover crucial em uma derrota para o Iowa Energy. No jogo seguinte, sem remorso algum, o técnico Henry deu apenas cinco minutos para o brasileiro, que não escondeu seu descontentamento. Esse tipo de situação jamais aconteceria num clube que fosse exclusivamente controlado pelo Raptors. Nesse sentido, o modelo conduzido por Miami Heat, Houston Rockets, San Antonio Spurs e Golden State Warriors, entre outros, é visto como o ideal.

“Bruno vai ter momentos em que vai parecer muito bom e outros em que vai parecer muito ruim. Vai ser assim. Ele precisa jogar, ganhar experiência. Podemos fazer os exercícios, os treinos a cada dia, mas precisamos que ele jogue mais. Vamos mandá-lo para a D-League para isso”, diz Jama Mahlalela, o assistente do Raptoras, que também ressalta a importância da próxima liga de verão para o brasileiro, a segunda de sua carreira. “Aí será com o nosso sistema, nossos treinadores e minutos prolongados para ele mostrar o que pode”, explica.

Toronto, todavia, não pode depender apenas de um punhado de jogos em julho para desenvolver seus jovens talentos. Por isso, está sondando seriamente o mercado da liga de desenvolvimento em busca de uma filial de seu uso exclusivo. Desta maneira, teriam mais autonomia para botar em prática o que têm de planejado não só para os brasileiros, como para qualquer prospecto no futuro. Esse é um ponto crucial que um scout já havia destacado ao blog, ao término da liga de verão de Las Vegas no ano passado.

Bruno Caboclo, Summer League, Toronto

Duas fontes independentes também disseram ao VinteUm que a franquia busca um time no estado de Nova York, bem próximo de sua base. A cidade de Rochester seria uma possibilidade, estando a apenas 140 km de distância. Por que não no Canadá? Para evitar dificuldades com visto de trabalho e outras burocracias que podem ser facilmente resolvidas num ambiente mais estável como o da NBA, mas seriam muito maiores numa competição bem mais volátil como a D-League. Só não é, de forma alguma, um processo simples de se executar. A criação de mais um time depende de uma série de avaliações, técnicas e comerciais, por parte de ambas as ligas, além da viabilização de toda uma estrutura paralela para o Raptors gerir.

A relação entre a franquia canadense e o Fort Wayne Mad Ants é amistosa, profissional, mas não pode ser aprofundada pelo fato de o clube da liga menor ter total autonomia em suas operações – é o único que não desfruta de um relacionamento direto com um time da NBA. Quando o técnico Conner Henry recebe um talento vindo de cima, de qualquer uma das 13 agremiações com as quais têm convênio, não tem a obrigação de usá-lo, independentemente das necessidades ou do currículo do jogador. Além do mais, o Mad Ants também joga hoje para vencer e vencer, sendo o atual campeão, inclusive. Sua prioridade difere muito em relação ao restante de seus concorrentes.

“É uma situação difícil, acaba sendo complicado manter qualquer tipo de continuidade. Mas existe um diálogo, sim, e podemos expressar o que pretendemos quando mandamos nossos calouros e a melhor maneira de acomodar isso”, diz Mahlalela. “Não é uma situação perfeita, mas você trabalha com as condições que tem e parte daí.”

Caboclo, Ujiri, Toronto

Mesmo com os momentos difíceis nos bastidores, segundo o que VinteUm apurou, o Raptors em nenhum momento envolveu ou ofereceu os brasileiros em negociações na semana passada, antes do encerramento da janela para trocas na NBA, na quinta-feira. Quatro clubes diferentes foram consultados a respeito. Nenhum ouviu sequer um pio de qualquer rumor em torno de Bruno ou Lucas. O consenso é que Ujiri investiu muito – tanto do ponto de vista financeiro, como esportivo – nos dois jogadores e ainda confia no desenvolvimento de seu imenso talento.

É bom lembrar que o contrato de calouros da NBA tem apenas dois anos garantidos – os terceiro e quarto anos são opcionais para as equipes. No caso de arrependimento, os times têm, então, menos compromissos assumidos, menos dinheiro comprometido, e podem facilmente seguir em outra direção. Vide o caso de Fabrício Melo e o Boston Celtics: após um só campeonato, o pivô mineiro foi trocado por Danny Ainge para o Memphis Grizzlies, que o dispensou de imediato, consumindo seu salário final de mais de US$ 1 milhão. Melo ainda tentou assinar com o Dallas Mavericks, mas não passou no corte do training camp. Hoje está afastado do basquete, após ter contrato rescindido com o Paulistano, por conta de graves problemas particulares.

Mas, em Toronto, estamos falando de um conjunto de dirigentes que se encantou há pouco tempo com Caboclo. Gente que sabia que não seria uma transição simples para um adolescente. “Sim, o que se pede é paciência, mesmo. Ele é um garoto muito jovem, tentando se desenvolver. Sabíamos que levaria um tempo para isso acontecer. Mas está tudo bem para nós também. Ele vai ter de passar por esse processo, vai levar alguns anos, mas vamos ser pacientes”, diz Masai Ujiri.

O jovem ala com o qual tiveram contato no período pré-Draft inspira a confiança de que, independentemente dos percalços, o Raptors ainda pode colher bons frutos adiante. “Temos de lembrar: estamos falando de um garoto. Sabemos que é uma peça para o futuro de nosso clube e não para amanhã. Para nós, o que conta é o progresso contínuo, dia após dia”, afirma Engelbrecht. “Ele é um desses caras que se sente em casa no ginásio. É seu ambiente natural, no qual ele fica realmente confortável, quando está treinando. Para nós, esse foi um dos pontos principais para apostar. Pensamos que, não importasse o nível de talento que tivesse, sua dedicação o levaria adiante. Isso nos deu a segurança para realmente considerá-lo naquela escolha.”

Bruno Caboclo, Toronto Raptors, treino, workout

Houve momentos, nas primeiras semanas de convívio em Toronto, em que o clube precisou até mesmo pedir para o ala maneirar em suas idas ao ginásio. Houve dias em que estava ultrapassando a casa de quatro horas de treino, usando estagiários para ajudá-los em séries de arremesso etc. Para a comissão técnica, o ideal é trabalhar por menos horas, mas com muita intensidade.

Em termos práticos, o Raptors vem trabalhando em duas frentes com Caboclo. “Estamos tentando deixá-lo mais forte agora. Estamos nos concentrando em deixar sua base mais forte, mesmo. É para isso que este ano vai servir. Além disso, vamos desenvolvendo também algumas habilidades individuais de NBA, um trabalho extenso em cima disso”, diz Ujiri. Bebê também passa pelo mesmo processo, embora com menos ênfase – já está num ponto diferente de aprimoramento.

O que se mais trabalhou até agora foi realmente o aspecto físico, com a supervisão do renomado Alex McKechnie, escocês que é o diretor de ciência esportiva do clube e que trabalhou pelo Lakers de 2003 a 2011. Durante as ‘férias’, Caboclo e Lucas passaram por um período intenso em um centro de treinamento de Vancouver que tem McKechnie como um dos proprietários. “Foi uma ótima oportunidade para o Alex realmente avaliar o corpo deles, encontrar os pontos fortes e fracos em seus corpos e, a partir daí, elaborar um plano para atacar essas fraquezas”, afirma Engelbrecht.

Agora em Toronto, os brasileiros se dedicam a exercícios diários, específicos antes ou depois dos treinos oficiais comandados por Dwane Casey. É aí que entram Mahlalela e outro assistente, Bill Bayno. Bebê, mais velho e bem mais experiente, vindo de três temporadas na Liga ACB espanhola, o principal campeonato nacional da Europa, estaria mais perto de ser aproveitado. “Esperamos que nessa segunda metade da temporada ele possa ter oportunidades. Não necessariamente ganhando um papel definido no time, mas uns cinco minutos aqui e ali. Em jogos que tenhamos uma vantagem confortável, talvez ele possa entrar no segundo quarto para se testar, para provar um pouco e dar mais motivos para que ele possa continuar treinando forte”, diz Engelbrecht. “Ele tem feito um ótimo trabalho. Esperamos que a comissão técnica se sinta confortável com o nosso time caminhando para o fim da temporada e possa dar a ele alguns minutos. Mas essa é uma decisão dos treinadores. Masai e os técnicos conversam sobre o que querem em termos de desenvolvimento.”

A palavra, então, passa a Mahlalela, um dos técnicos: “Acho que é mais provável, sim, que encontremos minutos primeiro para Lucas do que para o Bruno, mas acho que ele tem de fazer por merecer e, se for chamado, tem de estar pronto para jogar. Ele tem um feeling natural para o jogo, o que nos deixa mais à vontade em colocá-lo em quadra para ver o que pode fazer”. O técnico, porém, relembra: “Ele é mais velho, mais maduro, mas também ainda é um novato na NBA, está tentando encontrar seu caminho e ainda é um trabalho em andamento”.

Em termos de habilidades como atleta, não há dúvida de que há muito potencial para ser explorado pela dupla. Aquela estreia incrível de Caboclo contra o Bucks ainda está na memória, como prova clara e irrefutável disso. Só é necessária a consciência de que aquela euforia passou e o caminho para o sucesso vai passar por semanas e semanas de treino, mesmo, sem muito glamour, sem os holofotes. “Ele vai poder olhar para aquele momento no futuro e perceber o quão especial foi”, diz Mahlalela. “Mas ele tem de continuar trabalhando. Foi um momento único, mas que não vai acontecer o tempo todo.”


Gerson, a novidade intensa do Mogi no NBB 7
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Giancarlo Giampietro

Gerson, Mogi das Cruzes

As cravadas que se tornaram rotina. Mas tem muito mais no jogo do pivô

Sabe aquela do coisa faça o que eu digo, só não faça o que eu faço, né? Pois bem. Para qualquer atleta é fácil olhar para o jornalista, para o técnico, ou para o torcedor, antes ou depois de um jogo, e falar sobre a importância da de jogar duro numa quadra de basquete, pregar o jogo com energia máxima como o caminho viável para as vitórias.

Em sua primeira temporada como profissional no basquete brasileiro após se formar em quadras universitárias norte-americanas, o pivô Gerson do Espírito Santo bateu muito nessa tecla: da “intensidade” de como defende o Mogi das Cruzes a cada rodada. Mas, se esse termo corre o risco de ficar banalizado em meio a tanta gente que o emprega, o discurso do jovem de 23 anos talvez não faça justiça ao que tem feito pela equipe paulista, terceira colocada no NBB 7, para se tornar uma das revelações da temporada.

“O Gersão é um monstro. É um cara que dá a vida pelo time, no rebote ofensivo, na ajuda em bloqueio, na execução do bloqueio, que são coisas que as vezes podem passar desapercebidas. Esse trabalho sujo que ele faz, essa entrega dele não tem preço”, afirma o armador Gustavinho ao VinteUm. “Ele é um cara que chega a ser até bitolado no basquete. Treina mais que todo mundo, ama jogar, mesmo.”

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Quando você vê o jogador descendo a quadra, não tem como desviar a atenção. Trata-se de um pivô de 2,05 m de altura com agilidade e explosão física fora do comum para alguém de sua estatura. Vai ser difícil encontrar um grandalhão tão atlético por estas bandas: um baita achado no mercado para o Mogi, uma das melhores contratações, em termos de custo-benefício da sétima edição do campeonato nacional. Para quem já estava familiarizado com o estilo do pivô, todavia, não chega a ser uma surpresa.

“Já havia jogado com ele aqui no Pinheiros, quando ele era mais novo, de categoria de base. Ele já tinha essa raça quando treinava com a gente no adulto. Sempre botou disposição para caramba, e os técnicos acreditavam nele, vislumbraram o potencial”, disse Gustavinho, olhando para trás, em 2009, antes de o pivô ir para os Estados Unidos.

A vibração de Gerson se encaixou perfeitamente em Mogi

A vibração de Gerson se encaixou perfeitamente em Mogi

Na estrada
Foi com a mesma velocidade que tem em quadra que Gérson despontou no basquete brasileiro e saiu de cena, deixando as categorias de base do Pinheiros para tentar uma rota seguida por muitos brasileiros: entrar em um Junior College dos Estados Unidos para, depois, tentar voos mais altos. O fato de Rafael “Baby” Araújo e João Paulo Batista terem conseguido não quer dizer que seja algo fácil: sem dominar a língua, você se embrenha em pequenas cidades e vai se virar como pode. Por outro lado, o atleta já estava habituado a viver longe de casa.

O pivô começou a jogar quando garoto em sua cidade natal de Valença, no Rio. Não era federado, porém, disputando apenas competições no interior do estado. O próximo passo, então, foi se transferir para o América de Três Rios e, aí, sim, se registrar como jogador de basquete. Não demorou muito para que pegasse uma seleção fluminense e, num Campeonato Brasileiro em Santa Catarina, ganhasse os olhares de Zé Luiz Marcondes, da base do Pinheiros. Nem chegou a se apresentar direito pelo clube adulto quando se mandou para os Estados Unidos em 2010.

O que pesava mais nessa decisão? A vontade de estudar ou de se formar como jogador de basquete? “Eu fui para jogar, mesmo, e aproveitei para poder me formar (em artes liberais, pela Colorado State). Mas meu principal objetivo era tentar aprender o máximo sobre o jogo de basquete, sim. Foi o que me levou para lá”, diz Gerson ao VinteUm.

Em Colorado State, experiência de ter disputado o torneio nacional da NCAA em 2013: venceram Missouri na primeira rodada e foram eliminados pela eventual campeã Louisville na segunda etapa; o time teve a segunda melhor campanha da Mountain West Conference, atrás de New Mexico, acima da UNLV e de San Diego State

Em Colorado State, experiência de ter disputado o torneio nacional da NCAA em 2013: venceram Missouri na primeira rodada e foram eliminados pela eventual campeã Louisville na segunda etapa; o time teve a segunda melhor campanha da Mountain West Conference, atrás de New Mexico, acima da UNLV e de San Diego State

O sonho, claro, era a grande liga americana. “Com certeza que, para qualquer jogador, quando você é novo, a NBA é uma meta. Eu queria saber até onde conseguiria ir com o meu jogo”, diz. Mas o caminho até lá certamente não seria fácil, dando largada no College de Southern Idaho. Considerando o amplo universo de atletas que começam suas carreiras universitárias nos chamados JuCos, escolas de transição, que ajudam no desenvolvimento de estudantes que não tenham as notas necessárias para saltar do high school para a faculdade. Sonny Weems, Qyntel Woods e o próprio Baby são alguns exemplos que me ocorrem agora, de gente que tiveram sucesso nessa escalada.

Gerson ao menos conseguiu se mudar para a região das Montanhas Rochosas, ao sair de Southern Idaho para a Universidade de Colorado State. Os Rams não são necessariamente o conjunto mais tradicional para formar jogadores profissionais, mas ultimamente têm tido mais sucesso nessa empreitada. O pivô Jason Smith, do New York Knicks, saiu de lá, assim como o armador Milt Palacio, ex-um-monte-de-time, e o pivô Colton Iverson, draftado em 2013 pelo Boston Celtics e hoje jogador do Baskonia, vulgo Laboral Kutxa, clube de Euroliga.

“Meu jogo melhorou muito, mas acho que minha cabeça foi o que fez o diferencial para poder chegar até aqui. Maturidade, crescendo, aprendendo mais fora de quadra, tendo a cabeça de ir lá e trabalhar todos os dias foi a melhor coisa para mim. Sempre treinei da melhor maneira possível para tentar conseguir esse meu objetivo (de NBA)”, diz. “Mas sabia que qualquer coisa era possível e, se não desse, poderia voltar ao Brasil.”

Em casa
Gerson começaria, então, sua jornada de profissional num campeonato com outra sigla de três letras, o NBB, embora não soubesse exatamente o que o aguardava. “Acompanhei muito pouco. Comecei a seguir mais quando cheguei ao meu último ano na universidade, pois sabia que provavelmente voltaria para cá”, afirma, com franqueza.

Por outro lado, o Mogi das Cruzes estava mais atento ao que o jogador vinha fazendo nos Estados Unidos. “É um jogador que no ano passado já estávamos seguindo, vendo toda a sua trajetória por lá”, diz o técnico Paco Garcia ao VinteUm. “Seus agentes buscavam um lugar em que ele não perdesse nada daquilo que havia aprendido nos Estados Unidos. A intensidade, a seriedade do trabalho, a disciplina. Aí acharam que Mogi era um bom lugar para que ele retornasse.”

A briga incessante pela bola

Vejam só: de novo a tal da “intensidade”.  Justamente aquilo que o pivô aprendeu nos Estados Unidos. “A intensidade do jogo, o jeito que se corre pela quadra, como as coisas são bem rápidas, a intensidade da defesa. A gente fala muito em quadra, tanto na defesa como no ataque. Isso é uma das características do jogo americano que tento trazer para o Brasil”, conta.

Desta forma, o trabalho com Paco Garcia não lhe parece estranho. O técnico já construiu uma reputação de exigente e detalhista ao extremo em suas cobranças, muitas vezes em rompantes que podem ferir o ego de jogadores. Aqui, não é o caso. “Olha, eu gosto muito, porque no universitário eu tinha um treinador (Larry Eustachy) que era tão exigente e detalhista quanto o Paco. Acho que isso até ajudou o meu jogo na hora de voltar ao Brasil. Se conseguisse mostrar meu trabalho e o tanto que tento entregar aquilo que me pedem para colocar em quadra, ia me destacar.”

O espanhol conferiu isso rapidamente. “Ele buscou seu espaço. No Paulista, já ganhou muitos minutos e passou a jogar também na Sul-Americana. Acho que ele pode ser um jogador importante no Brasil em muito pouco tempo. Ele salta muito, vai bem nos rebotes, tem muita intensidade para marcar. Tinha certeza de que seria um jogador valioso para nós”, afirma o treinador. “O Gerson sempre teve esse potencial”, destaca Gustavinho. A gente o chamava de mini Garnett. Agora ele está com muito mais base, mais força e mais atlético.”

Jogando de frente para a cesta: sua preferência no ataque

Jogando de frente para a cesta: sua preferência no ataque

Subindo
Esse tipo de postura somada a seus atributos físicos e atléticos o tornaram um sucesso imediato em Mogi, formado com o americano Tyrone Curnell uma dupla que aterroriza os adversários pelo fuzuê que podem armar em quadra. Foram duas contratações que, se não tão badaladas como as de Shamell e Paulão, acabaram se tornando tão ou mais fundamental para que o clube elevasse seu jogo. O time passou de grande surpresa dos mata-matas da sexta edição do NBB para candidato ao título, ocupando hoje a quarta posição na classificação geral, a uma vitória de se igualar ao atual bicampeão Flamengo. Nos últimos dez jogos, foram nove triunfos.

Na Liga Sul-Americana, mesmo que ainda buscasse melhor entrosamento e lidasse com algumas distrações no vestiário, a equipe conseguiu alcançar uma inédita decisão. Acabou levando uma surra de Bauru, é verdade. Mas estariam prontos, agora, para tentar dar o troco e desafiar o poderoso elenco de Guerrinha?

“Nosso time foi reunido há seis, sete meses. Vieram muitos jogadores novos. Só agora que a gente está conseguindo ter a melhor química, como gosto de falar. Está todo mundo unido, com o mesmo foco, independentemente de quem vai bem em um jogo ou outro, de quem vai chutar a última bola, de quem vai fazer o quê. Todo mundo sabe mais ou menos a sua função dentro da quadra. Todo mundo quer colocar seu companheiro para a frente, e acho que estamos na melhor fase por causa disso”, diz Gerson.

Esse ambiente foi muito benéfico e acolhedor para suas próprias características.  “Na posição dele, temos o Paulão, que foi o melhor pivô do NBB passado”, diz Gustavinho. “E o Gerson não se importa se vai jogar 15, 20 ou 30 minutos. Quando sai de quadra, vai sempre dar a mão para os caras, parabenizar. Ter um cara desses no time… Pelo amor de Deus, sem palavras. É a mesma alegria de sempre.”

O jovem atleta tem médias de 8,5 pontos e 7,0 rebotes em 23 minutos, com aproveitamento de 56,6% nos arremessos de quadra e mais que saudáveis 74,2% nos lances livres. É o quarto principal reboteiro do NBB, atrás de Shilton, do Minas Tênis, Caio Torres, do São José, e Steven Toyloy, do Palmeiras – todos jogadores muito mais experientes. Também aparece entre os 30 melhores da competição em índice de eficiência, sendo o terceiro mais jovem nesse grupo, depois de Léo Meindl, do Franca, e Ricardo Fischer, do Bauru.

Não causa espanto. Basta ver o modo como Gerson se movimenta em quadra e a voracidade com a qual ataca as tábuas defensiva e ofensiva, além de sua excelente técnica para finalizar as jogadas no pick and roll, cortando para a cesta. E tem isso: como Gustavinho já nos contou, a relevância deste fluminense em quadra vai muito além dos números. Um desempenho que, para mim, valeria uma convocação para o Jogo das Estrelas da competição, algo que não aconteceu.

Num ano em que a seleção tem duas competições para disputar – Copa América e Pan-Americano –, é de esperar que um certo argentino esteja tomando nota. “Olha, acabei de voltar ao Brasil e esse é meu primeiro ano de profissionOal. Penso em trabalhar forte, a cada dia melhorar meu jogo, aprender mais com os jogadores que tenho aqui no time, como o Shamell e o Paulão.  O que acontecer fora do que faço dentro do Mogi vai ser por mérito. Claro que seria bacana, mas tento não pensar na frente, e só pensar um dia de cada vez, trabalhando”, diz.

E trabalhando como?

“Tendo cada vez mais intensidade em quadra”, diz, naturalmente.


Georginho e Lucas Dias vão testar o Draft da NBA
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Giancarlo Giampietro

Lucas Dias e Georginho, duas apostas do Pinheiros

Lucas Dias e Georginho, duas apostas do Pinheiros

Com tantos olheiros da NBA viajando ao Brasil para assistir aos jogos do Pinheiros pelo NBB e pela LDB, isso não chega a ser uma bomba, mas tem de ser avisado que o armador Georginho e o ala Lucas Dias terão seus nomes declarados na lista de concorrentes ao Draft 2015 da NBA, o processo de recrutamento de calouros da liga americana.

Os jovens atletas que não têm sua candidatura automática têm até o dia 26 de abril para se inscrever nesse páreo. São aqueles que defendem equipes do basquete universitário americano e ainda não vão se formar neste ano e os estrangeiros nascidos a partir de 1994. Que é o caso de George, de 1996, e Lucas, de 1995.

O ato de declarar não significa participação obrigatória no recrutamento. Os jogadores e seus agentes têm até 15 de junho, 10 dias antes do evento, para decidir se vão manter a candidatura e encarar o processo de seleção – e aí são 60 vagas abertas. Até lá, muita informação vai correr em todas as vias possíveis: agente-clube, clube-mídia, agente-mídia etc. Devido ao espaço reduzido de operação para tanta gente, o ambiente de ‘guerra fria’ da NBA só se intensifica.

>> Depois da impaciência, o desenvolvimento para Lucas Dias
>> Conheça Georginho, armador que é ameaça de triplo-duplo

Georginho, hoje, é quem desperta maior curiosidade, quem está mais bem cotado. A coisa esquentou para valer especialmente depois de ter sido promovido pelo DraftExpress, o site especializado mais influente, ao primeiro round em sua projeção. Para Jonathan Givony, o armador brasileiro seria, no momento, o 28º melhor prospecto deste ano. Quer saber como o armador do Pinheiros entrou no radar da NBA? Aqui, passo a passo da promissora trajetória do atleta.

Ainda está muito cedo, mas hoje, em 23 de fevereiro, o brasileiro aparece com boas perspectivas. Não só pela concorrência em sua posição ser fraca, mas principalmente por todo o potencial que tem. Os scouts mais interessados acreditam que ele poderia ser selecionado até mesmo entre os 20 melhores. Para a turma do fundão da primeira rodada, ele é visto como um investimento de longo prazo, com a possibilidade de render uma recompensa bastante valorosa.

Em Nova York, durante o camp Basketball without Borders, um executivo de um time da Conferência Leste me disse, em off, que ele e seus companheiros de escritório já teriam interesse em escolher o armador até mesmo no Draft do ano passado, na segunda rodada. Isso, claro, se George pudesse se declarar. Não era o caso, uma vez que completaria apenas 18, e a idade mínima para concorrer ao processo é de 19.

Georginho, ao fundo, chama a atenção, mas a exposição agora é geral

Georginho, ao fundo, chama a atenção, mas a exposição agora é geral

O armador pode ser o principal alvo, mas a exposição ao seu jogo só faz bem a Lucas, ao ala-armador Humberto e a todos os seus companheiros e adversários. Na semana passada, durante a conclusão da temporada regular da LDB, pelo menos seis times visitaram Mogi das Cruzes para ver o Pinheiros de perto: Dallas, Detroit, LA Clippers, Miami, Portland e Toronto. Some-se aí Indiana, San Antonio, Sacramento – com direito a Mitch Richmond e tudo –, e temos um mínimo de nove times avistados nos ginásios brasileiros, mais de um quarto da liga.

Virão ainda mais, agora que sabemos as datas da segunda fase da liga de desenvolvimento, com oito clubes divididos em dois quadrangulares que serão realizados nos dias 2, 3 e 4 de março, em São Paulo, na própria sede do Pinheiros. A fase decisiva, de semifinais e final, será disputada nos dias 8 e 9, com sede ainda a ser definida.

Em 23 partidas pela competição, Lucas Dias tem médias de 21,3 pontos, 9,3 rebotes, 2,0 roubos e 1,5 assistência, em 30 minutos. Georginho soma 12,6 pontos, 4,0 assistências, 6,1 rebotes e 1,8 roubo, em 28 minutos. No caso de saída para a liga americana, cada jogador pode render ao Pinheiros US$ 600 mil pela rescisão contratual, pagos pelo clube interessado, tal como aconteceu com Bruno Caboclo no ano passado.

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O Brasil tem marcado presença constante nos últimos Drafts da NBA. Em 2013, Lucas Bebê foi selecionado a mando do Atlanta Hawks na 16ª posição. O armador Raulzinho saiu em 47º, sendo repassado do mesmo Atlanta Hawks para o Utah Jazz. E 2014, a grande surpresa foi a escolha de Caboclo pelo Toronto Raptors em 20º.

A grande diferença é que, dessa vez, não há mais segredos. Se Caboclo foi fisgado pelo clube canadense muito cedo no processo do ano passado, o nome de Georginho consta agora na lista de observação de, provavelmente, todas as equipes. Depois da LDB, o armador  deve disputar algumas partidas do Campeonato Paulista Sub-19. Em abril, vai encarar um evento que pode ser determinante para suas pretensões de Draft: o Nike Hoop Summit, na segunda semana de abril, reunindo em Portland as mais badaladas revelações do basquete internacional para um período de treinamentos seguido por um jogo, no dia 10 de abril, contra os destaques do high school dos Estados Unidos. O time americano já tem sua seleção definida. Existe a possibilidade de Lucas também participar da partida, ainda no aguardo de uma confirmação dos organizadores do evento.


Jovem armador brasileiro se apresenta com sucesso a olheiros em NYC
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Giancarlo Giampietro

Guilherme Santos e Tiago Splitter: 13 anos de diferença

Guilherme Santos e Tiago Splitter: 13 anos de diferença

Ao pisar em um dos ginásios do Baruch College, em Nova York, para ver as atividades do Basketball without Borders, tinha poucas referências sobre quem seria Yuri Sena, 17 anos. Sabido que se tratava do irmão mais novo de Wesley Sena, com quem foi do Palmeiras para o Bauru, com uma passagem abrupta para testes pelo Saski Baskonia, da Espanha, vulgo Laboral Kutxa, no meio.

De Guilherme Santos, também de 17, porém? Não havia ouvido falar nada e nem deu tempo de fazer uma pesquisa mais apropriada antes do embarque para os Estados Unidos. Quem eu consultei por aqui também não soube dizer muita coisa. O que tinha até, então, era que ele havia acabado de assinar com o mesmo Bauru, saindo de Barueri, o mesmo clube que trabalhou com Bruno Caboclo antes de este sair para o Pinheiros e, depois, para Toronto. Mais jovem e mal jogou com o ala do Raptors por lá.

>> Leia também: Agora veterano, Splitter se admira com ‘surgimento’ de revelações no Brasil
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Então era a hora de saber quem era o garoto. Ao lado de muitos, mas muitos olheiros e dirigentes da NBA, como RC Buford, gerente geral do Spurs, David Griffin, gerente geral do Cleveland Cavaliers, Sam Hinkie, gerente geral do Philadelphia 76ers, e Masai Ujiri, homem reponsável pela seleção de Caboclo em Toronto. Sem contar Nikola Vujicic, diretor do Maccabi Tel Aviv, e outros cartolas europeus.

A impresssão foi positiva. “Ele foi uma grata surpresa”, afirmou ao VinteUm o chapa Jonathan Givony, o cara por trás do DraftExpress, o site mundial mais influente quando o assunto são as revelações do basquete. “Eu o desconhecia totalmente também. Ele fez um ótimo camp para mostrar seu talento. É um armador de jogo muito leve e que pode jogar em diferentes velocidades e vai especialmente bem quando em transição.”

Para apresentar seu cartão de visitas, Guilherme, de 1,92 m, teve a chance de jogar com três dos atletas mais renomados na lista geral: o croata Dragan Bender, MVP do camp e o mais perto de um grande craque garantido ali, o armador canadense Jamal Murray, com quem dividia a quadra nos momentos decisivos, e o pivô australiano Isaac Humphries, um legítimo pivô de 2,13 m, que deve causar bom impacto o momento que for jogar na NCAA. Os três devem, cedo ou tarde, aparecer na NBA. O que, naturalmente, resultou em maior atenção para sua equipe, que jogava em nome do Houston Rockets, dirigida por Matt Buser, um dos assistentes de Kevin McHale.

Dá para dizer que essa versão alternativa e fraldinha do Rockets venceu muito mais jogos do que perdeu no decorrer dos três dias do evento. Não que isso importe para muita coisa. O que todos estavam querendo ver ali era como cada garoto se comportava num ambiente desafiador por diversos sentidos, especialmente por estarem enfrentado a elite da categoria (embora alguns jogadores tenham sido proibidos por seus clubes de viajar), num ambiente de, sim, pressão.

“Digo a eles que já passei por isso, esse tipo de treino, com muita pressão. Falo para eles apenas irem para a quadra, fazerem o que sabem, para curtir o momento”, disse Tiago Splitter, que compareceu justamente ao terceiro dia de atividades, para contar algumas histórias para a garotada. “Sei que é difícil fazer isso, afinal, para muitos, o futuro está na mesa, precisando jogar bem. Mas ao se tornar um jogador profissional, essa pressão existe em cada jogo. Então pelo menos já se adaptam a isso. Gostaria de ter mais tempo para trabalhar com eles.”

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Para alguém que disputava apenas seu segundo evento internacional e que pouco fala inglês, Guilherme se mostrou bastante confortável. Bastante, mesmo. Era como se estivesse no quintal de casa. Comunicativo – não me pergunte como – e com uma energia contagiante, evidenciada por seu empenho nos treinos de fundamento. Sempre saltitando e dando até um jeito de furar a fila quando um companheiro aparentava cansaço e hesitação, para receber a bola novamente e partir para o abraço.

Essa eletricidade toda se traduziu para os jogos. Com envergadura, força física e muita agilidade no deslocamento lateral, pressionava demais o drible dos adversários em marcação adiantada, forçando turnovers seguidos ou ao menos desequilibrando qualquer orquestração ofensiva que o menino rival tivesse em mente. Isso aconteceu em especial no segundo dia. Foi impressionante. Quanto mais sucesso teve, mais Guilherme ganhava confiança e acelerava seu passo. “Dá para ver que ele é um cara dedicado nos dois lados da quadra e tem um nível de energia excelente”, disse Givony.

No ataque, deu para notar um jogador bastante tranquilo com a bola, com excelente drible e velocidade para atacar a cesta. No garrafão, quando corta pela esquerda, ainda foge da canhota na hora de finalizar. O arremesso dele ainda sai um pouco baixo e os braços se elevam um pouco inclinados demais para a frente, dando mais chance para que os oponentes o bloqueiem, ou atrapalhem. Não aconteceu nos momentos em que o observei.

(Durante o camp, na hora dos jogos, duas quadras paralelas ficavam ocupadas. Os jogadores são substituídos de cinco em cinco minutos, saindo praticamente todos de uma vez, para que cada inscrito tenha chances de mostrar serviço. Então o ritmo é frenético, com muitos jogadores para serem observados. Não dá para – e seria um desperdício – grudar os olhos num só atleta.)

Seu chute, ainda que com essa mecânica, até caiu com boa frequência. Mas, num nível mais alto de competição, pode ser um problema. Na avaliação dos scouts com quem conversei, é algo de fácil correção. No artigo, só dou aspas para Givony, pelo simples fato de os olheiros não poderem se pronunciar oficialmente sobre os chamados underclassmen, os jogadores que não estão na liga e nem passaram pela fase de Draft.

Agora, os cuidados devidos: foram só três dias de atividade, ainda que o fato de ele já ter sido o melhor jogador do All-Star do BwB das Américas do ano passado, no Canadá, seja outro ótimo sinal. Ele tem apenas 17 anos, como a grande maioria dos que ali se apresentaram. Todos cheios de inconsistências, longe de estarem formados tecnicamente.

Guilherme pode por vezes demorar para passar a bola. Quando tenta acalmar as coisas, como aconteceu na hora do primeiro jogo do domingo, teve uma partida praticamente nula. Estava num ritmo mais lento, apenas conduzindo a bola. Nesse contexto, isso dificilmente vai acontecer. A não ser que estejamos falando desse tipo raro de jogador que lê o jogo com uma fluência de veterano desde os anos de chupeta, como o Kendall Marshall de North Carolina. Não é o caso de Guilherme. Não é o caso de mais de 90% dos atletas na sua posição. Essas coisas se desenvolvem com o tempo.

Yuri Sena ao centro. De vermelho, Matt Buser orienta seu time

Yuri Sena ao centro. De vermelho, Matt Buser orienta seu time

No BwB, os meninos passam quase todo o tempo de treino em trabalhos específicos de fundamentos, para passe, finalização, defesa, cortes para a cesta e movimentação fora da bola/espaçamento. Os times mal treinam juntos, antes de a bola subir. Os técnicos têm tempo de passar uma ou outra jogada, que servem muito mais para se avaliar a capacidade de execução e improviso deles, do que para vencer uma partida. Além disso, cada quinteto assimila jogadores do mundo todo.

No segundo jogo do domingo, o jovem brasileiro já havia voltado ao modo turbo, agredindo desde o princípio. Obviamente havia tomado uma chamada do técnico. Depois, algo que fui descobrir por lá, em papos informais com o garoto e com gente da liga, é que ele, até o ano passado, jogava muito mais fora da bola – vá lá, como um “2” do que como um armador com mais responsabilidades com a bola. Uma informação valiosa para entender essas dificuldades e que torna o que ele mostrou em NYC algo mais interessante ainda. “Ele tem de continuar treinando seu arremesso e sua habilidade como criador de jogadas, mas ele nos mostrou alguns lampejos legais, no ataque e na defesa, que nos fazem acreditar que ele pode virar um bom jogador. Ele tem um futuro legal pela frente.”

Guilherme é um jogador que efetivamente entrou no radar da NBA. O que, de novo, não garante nada. “Quando tinha 17 anos, estava jogando na Espanha e as pessoas começaram a falar sobre mim como jogador de NBA. Já era profissional na Espanha, estava ciente disso, mas só fui entrar na liga aos 25 anos. Levou um bom tempo entre o momento que começaram a olhar para mim e a hora que cheguei para jogar aqui. Você tem de ser paciente”, diz Splitter, que, na verdade, não pode ser comparado com ninguém. Desde muito cedo, foi visto corretamente como um prodígio, alguém com uma maturidade e jogo muito evoluído para alguém de sua idade. Não é o caso de seu compatriota 13 anos mais jovem.

* * *

Sobre Yuri, é preciso dizer: se a vida de armador num camp destes não é fácil, para o pivô fica mais difícil ainda. Os grandões podem passar minutos e minutos sem nem mesmo ser acionados no ataque. Mais: esta foi a estreia internacional do garoto. Demorou um pouco para se aclimatar, como ele mesmo admitiu.No terceiro e último dia, estava bem mais solto no ataque e conseguiu se estabelecer como uma boa opção no jogo dentro da zona pintada, quando lhe passavam a bola.

De certa forma, Yuri, de 2,07 m, lembra, e muito, seu irmão. É comprido e magro. Tem um corpo que lhe permite jogar dentro e fora do garrafão. Sua predileção é ficar mais perto da cesta, mesmo. Tem um trabalho de pés ágil e consegue girar bem para os dois lados, finalizando também com a mesma eficiência com ambas as mãos, algo que, creiam, é uma raridade mesmo num seleto grupo desses.

A impressão que me passou é a de que o garoto ainda está tentando se sentir confortável com seu corpo em quadra, que talvez esteja em plena fase de crescimento. Impressão que também pode ter a ver com algo que o pivô contou: era para ele também ter jogado no ano passado, ao lado de Guilherme, na edição americana do BwB. Devido a uma lesão no pé, acabou não acontecendo. Ficou dois meses fora de ação.

Yuri tem as pernas bem compridas, o que é uma vantagem e salta aos olhos mesmo no jogo de transição. Mas sua base corporal ainda é fraca. O que dificulta o jogo de costas para a cesta contra adversários mais fortes, físicos.

* * *

Como dito aqui, tanto Guilherme como Yuri estão no Bauru, o time do momento no basquete brasileiro. NBB, para eles, a gente pode esquecer. O curioso é saber como o clube vai se comportar com eles em relação à LDB. Nem mesmo isso parece garantido, já que há uma série de atletas mais velhos, que mal veem a quadra no conjunto de selecionáveis de Guerrinha, para serem aproveitados.

Na armação, o time pode usar, por exemplo, Rafael Carioca – que é muito mais explosivo e forte que Guilherme, sendo quatro anos mais velho. Já Yuri poderia jogar ao lado do irmão Wesley, o que seria bem interessante. Pelo fato de terem perdido os primeiros jogos desta quarta etapa disputada em Belo Horizonte, dificilmente serão aproveitados agora. Para a fase final? A expectativa é que sim. A ver.

* * *

Ayán (d) e Maximo, promessas argentinas

Outro talento meio-brasileiro chamou a atenção no BwB em Nova York: o ala-armador Ayán Nuñez Caravalho. Sim, Carvalho: seu pai é brasileiro, a mãe argentina. Ele foi inscrito como argentino. É um jogador de vigor físico intrigante, belo arremessador, boa impulsão e muita agilidade. Dos três vizinhos que estavam por lá, foi o que mais chamou a atenção. O ala-armador Maximo Fjellerup também tem prestígio e possui um jogo mais veterano do que a média, aproveitando ou criando brechas na defesa para pontuar e passar. Mas não fez um camp muito bom no geral, um pouco fora de sintonia, forçando muitas jogadas de efeito. Também jogou por lá o ala Agustín Mas Delfino, que é forte para burro, sólido, mas tem um basquete, digamos, terreno que limita suas opções profissionais por ora. Acho que ainda pode fazer algo na Europa, mas, hoje, é difícil imaginá-lo na NBA.

* * *

Um consenso: o nível do BwB deste ano foi bastante elogiado. Foi uma safra muito generosa, claro que pelo fato de reunir talentos do mundo todo pela primeira vez. Além de Bender (que é um prospecto de fazer cair o queixo, gente, e sobre o qual se encontra informação por aí na rede já de monte, incluindo vídeos), Murray (idem), mais alguns nomes para se monitorar: Silvio de Sousa, Angola, 16 anos, 2,03 m – um ala muito forte e atlético, com bom drible; Thomas Wilson, Austrália, 17 anos, 1,92m – depois de Murray, o melhor armador natural do camp; Yanhao Zhao, China, 17 anos, 1,95 m – um ala-armador muito rápido, atrevido e talentos com a bola.


Fim de semana das estrelas, com entretenimento: parte final
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Giancarlo Giampietro

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

Acho que o basqueteiro mais purista precisa aceitar, de uma vez por todas, que o fim de semana All-Star da NBA tem propósitos de entretenimento. Ou que, pelo menos, o aspecto de diversão do esporte se sobrepõe ao de competitivo. Pelo menos por três dias, gente. Temos 82 partidas da temporada regular para nos preocuparmos com quem está vencendo – ou entregando – jogos para valer.

Neste ano, a convite do Canal Space, fiz minha primeira cobertura do evento ao vivo. Faz diferença. Ainda que o alcance de audiência TV seja infinitamente maior que o dos felizardos ou abnegados que decidiram comprar um dos ingressos para o Barclays Center ou o Madison Square Guarden, que tenhamos HD e atee Ultra HD, televisores enormes, som estéreo etc. etc. etc., não se pode ignorar que algumas coisas têm impacto maior para quem está no ginásio. Ainda mais com os próprios telões enormes ali para complementar o que está sendo visto ao vivo – aliás, o público reagiu sempre muito mais a qualquer brincadeira veiculada no telão do que nos trechos de Jersey Boys, Mamma Mia! e Chicago que vimos.

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Pegue, por exemplo, a partida deste domingo. Entre o aquecimento dos atletas e o apito final, foram três apresentações de números da Broadway e dois shows de popstars. Mais as intervenções das mascotes, que, acreditem, funciona muito mais com a visão geral da quadra. Figuras. Você pode até não gostar de uma coisa ou de outra – como foi o meu caso com a senhorita Ariana Grande, já correndo o risco aqui de irritar seus mais de 20 milhões de seguidores do Twitter. Mas a festa é bem armada e extrapola, e muito, o limite das quatro linhas. Literalmente, para quem viu o palco permanente montado atrás de uma das cestas.

A partida não tem defesa? Tem arremessos de três pontos a mais de dois metros da linha, tem ponte aérea, não tem defesa etc. etc. etc. Mas, num universo em que se contesta muito as lesões dos atletas, em que o clamor por menos jogos na temporada cresce, não vamos querer realmente que LeBron James entre em quadra sedento para fazer Klay Thompson ou Damien Lillard zerarem.

O Oeste venceu por 163 a 158, com um recorde de 321 pontos combinados entre ambas as seleções, os minutos finais tiveram um certo suspense, e tal, mas não dá para analisar o jogo como se fosse uma partida qualquer.

Seguem umas notas, então, do que reparei na plateia:

– Bill Clinton foi a personalidade mais aplaudida no Garden, e de longe, deixando Jay-Z, Beyoncé e Rihanna na saudade. Pega essa, cultura pop. Até Dwyane Wade foi tietá-lo antes do início do segundo tempo, pedindo uma foto. Para o meu gosto, o ator Ethan Hawke era aquele que merecia aplausos de pê pelo combo Boyhood, Dia de Treinamento e a trilogia de Antes do Amanhecer, mas tudo bem.

– Clinton e os milicos estavam no ginásio, mas não se iludam: quem anda naquilo tudo é o Little CP3, que, em determinados momentos, iria até o banco de reservas e se sentava ao lado do pai, empurrando algum companheiro de time para o lado.

Pequeno Chris não perde uma

Pequeno Chris não perde uma

– De novo: não dá para crucificar ninguém, mas parece que Carmelo Anthony decidiu encerrar suas atividades nesta temporada antes mesmo de o Jogo das Estrelas começar. O ala anfitrião teve diversos arremessos livres, mas não acertou a mão, desperdiçando 14 de 20 chutes. Com 14 pontos dele e apenas três de Kevin Durant, tivemos apenas 17 no geral para os dois últimos jogadores a vencer o prêmio de cestinha da liga. Devido a dores crônicas no joelho, essa pode ter sido a despedida melancólica de Melo nesta temporada absolutamente deprimente do Knicks.

– Os jogadores mais empolgantes de se ver foram Stephen Curry e Russell Westbrook. Cada ao seu modo, né? Curry com seu controle de bola fenomenal, por vezes ignorado devido a sua habilidade no arremesso, enquanto o MVP Wess desafia as leis da física em suas arrancadas corriqueiras. Além do mas, houve momento em que baixou o santo de Kyle Korver nele nos tiros de fora. LeBron James, do seu lado, consegue combinar um pouco dos dois astros em seu jogo.

– Por falar em Korver, ele terminou com 21 pontos, todos eles em arremessos de longa distância. Quando a bola não caía, ele ficava realmente nervoso. Não por ter lhe custado algum recorde – mas pelo simples fato de que o ala do Hawks parece, hoje em dia, não acreditar que seja possível que a bola bata no aro e caia fora da cesta.

– Foi por apenas um minutinho que o técnico Mike Budenholzer pôde fazer um exercício hipotético no qual seu Hawks tivesse Jeff Teague, Korver, Paul Millsap e Al Horford acompanhados por… LeBron James na ala, em vez do valente DeMarre Carroll. O Rei só foi escalado para acompanhar o quarteto por um breve momento no terceiro período, até dar o lugar a Jimmy Butler.

– O lance mais engraçado, para mim, aconteceu no primeiro tempo ainda, quando Dirk Nowitzki desafio as recomendações ortopédicas e saltou para completar uma ponte aérea de Stephen Curry com uma enterrada. O astro alemão, depois, fez uma graça em quadra, empolgado que só com aquela que talvez tenha sido sua primeira enterrada desde o título de 2011.  : )

– O Garden é a meca, sim. Mas o retorno ao ginásio do Knicks depois de ter passado duas noites no Barclays Center proporciona um contraste incrível. O clima da torcida em Manhattan, vaiando airball de LeBron, tendo boas sacadas durante a partida, porém, acaba compensando.

– Pelos corredores do ginásio, em um giro pré-jogo, foi possível visualizar os aposentados Kevin Willis e Jason Collins, além do jovem ala-armador Victor  Oladipo, o único que sonhou em desafiar Zach LaVine no torneio de enterradas. O legal é que o rapaz do Orlando Magic, sem crecencial vip nenhuma, foi reconhecido aos poucos pelo público, enquanto batia o maior papo com um amigo. Pelo que vi, depois da primeira, porém, ficou mais de dez minutos tirando fotos com quem se aproximava.

Oladipo, no meio da galera

Oladipo, no meio da galera

Para fechar, segundo números extraoficiais, os cinco primeiros dias em NYC, até a conclusão do ASG, tiveram:

18 viagens de metrô
1 corrida de táxi
2 carona de ônibus
1 princípio de gripe
2 cheesebúrgueres (juro!)
1 pedaço de pizza
6 donuts
11 chocolates quentes


Splitter quer fim de “sofrimento” para o Spurs no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Sabe como é, né? Quando você está habituado a vencer, a lutar pelo topo sempre, a mera classificação para os playoffs não é o bastante. Nem mesmo na brutal Conferência Oeste da liga, que tem dez equipes com aproveitamento superior a 50%, sete das quais acima até mesmo de 64%. No intervalo para o fim de semana do All-Star da NBA, o San Antonio Spurs ocupa a sétima colocação, acima de três times competitivos como Phoenix Suns, New Orleans Pelicans e Oklahoma City Thunder, praticamente num empate técnico com Los Angeles Clippers e Dallas Mavericks e com apenas duas derrotas a mais que Portland Trail Blazers e Houston Rockets.

Mas nem venha com esse lero todo, não? Hmpf. Para Tiago Splitter, é uma situação que incomoda.

O catarinense parou para falar um pouco neste domingo em Nova York com um punhado de jornalistas, em sua visita ao camp Basketball Without Borders, no qual, mais tarde, encontraria os garotos compatriotas Guilherme Santos e Yuri Sena (foto acima). Foi uma conversa rápida, mas atenciosa, em que o pivô falou bastante sobre o processo de formação de jogadores hoje em dia, inclusive lamentando o modo como se cuida das revelações no Brasil. Esse tópico requer mais tempo e será abordado agora na segunda-feira. Por ora, vamos nos concentrar neste post aqui nessa luta dos atuais campeões por uma posição melhor de classificação para os mata-matas.

“A gente está sofrendo, né? Comparando com os outros anos em que estávamos lá em cima…”, respondeu ao VinteUm, mesmo consentindo que “a conferência é muito forte”. Antes, o brasileiro havia lembrado todos os desfalques que os texanos tiveram nos primeiros meses da temporada. Kawhi Leonard – hoje o cestinha do clube! – perdeu 18 jogos. Para Tony Parker, foram 14 partidas de estaleiro. Patty Mills ficou fora de 32. Ele mesmo, poxa, não pôde jogar em 24 rodadas.

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Então, se for pensar com o copo meio cheio, não parece tão mal assim, vai? Peguem o Oklahoma City Thunder: com as lesões de Kevin Durant e Russell Westbrook, o clube se vê numa situação ainda muito pior: em décimo, ainda tenha dados sinais de que esteja, enfim, acertando os ponteiros recentemente.

Isso nos coloca numa situação bem curiosa, aliás. Pura subversão ao acaso: os dois finalistas do Oeste na temporada passada, aqueles que dominam os títulos da conferência nos últimos três anos, podem muito bem entrar nos playoffs como sétimo e oitavo colocados. Que presentão, né? Splitter ri e responde: “É verdade, é uma possibilidade. Acontece. Já tivemos a experiência de ser primeiro colocado e perder do Memphis (em 2011, sua campanha de calouro na liga americana, com o Grizzlies triunfando por 4-2). E não é nada legal, não. Mas o Oeste está uma coisa de louco neste ano. Realmente todo mundo tem chances.”

Então será que faz muita diferença assim ficar na parte de cima ou baixa da tabela? No caso do Spurs, por questão de costume, parece que sim. “Acho que se ficarmos em segundo, em terceiro… Bem, a gente não sabe o quão bem o Warriors vai continuar. Se eles vão manter essa pegada. Então essa seria nossa meta, pelo menos… (segundo ou teceiro)”, deixou no ar.

“Não começamos do jeito que a gente queria, sabemos disso. Mas muita gente se machucou. Agora é quando estamos sentindo que nosso ritmo está voltando, que estamos retomando nosso ritmo. É nessa segunda metade, na Rodeo Trip, que a gente consegue sempre fazer a diferença. Nesses jogos fora de casa. Vamos ver. A gente tá meio que em sétimo, mas empatado com o quinto, então vamos ver se conseguimos subir na tabela”, afirmou.

A Rodeo Trip é a já famosa excursão que o Spurs se vê obrigado a fazer pelos Estados Unidos no mês de fevereiro. Mas não é que o pivô de Blumenau troque o tênis pelas botas com esporas. O que acontece é que o ginásio do clube acaba dominado por caubóis, no Rodeio de San Antonio, forçando os maiores ídolos da cidade a perambular estrada afora por um tempo.

E vocês aí reclamando de ou curtindo Barretos, né?

Nos últimos três campeonatos, durante essas longas viagens, o time de Gregg Popovich somou uma campanha de 21 vitórias e 6 derrotas, um aproveitamento de 77,7%. Se mantiver esse pique, provavelmente já seria o suficiente para alcançar o quinto ou o quarto lugar. Uma questão de orgulho – e de confiança também.

Por trás dessa luta toda, sempre existe a questão do “até quando? para o Spurs. Até quando esses caras vão aguentar competir em alto nível com a atual base? Seria o último ano de Tim Duncan? E de Manu Ginóbili? A cada temporada que se inicia, essa pergunta ganha mais força, enquanto os mais pessimistas vão ficando mais e mais perplexos com esse sucesso duradouro. Na visão de Tiago, as coisas não param por aqui, não. Pelo menos é o que ele entende acompanhando, por exemplo, Duncan no dia a dia.

“Acho que ele fala isso muito bem: que, enquanto se sentir capaz de ser produtivo para o time, vai jogar. E o dia em que não sentir isso,  vai sair no meio da quadra e ir para a casa. Mas eu vejo ele treinar, sei como ele é e que ainda tem basquete. Algo realmente impressionante”, analisou. Corrobora o que o próprio Duncan havia dito no Media Day do All-Star: que ele não pensa em parar no auge, no caso de título (2014), ou em estender sua carreira no caso de uma derrota dura (2013). Joga enquanto achar que dá para jogar, e bem. De qualquer forma, se for vencendo, melhor ainda. “A intenção nossa é sempre ganhar. Enquanto a gente puder…”, completa Splitter.


LaVine, as enterradas e a parte 2 de um fim de semana com as estrelas
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Giancarlo Giampietro

Zach LaVine salvou o torneio de enterradas.

(Ok… Podem discordar por um tempo. Momento de desabafo, simbora.)

O que o garoto do Minnesota Timberwolves fez neste sábado no Barclays Center é tudo o que se cobrava nos últimos anos malfadados da disputa, em teoria, mais nobre do fim de semana das estrelas da NBA. Conseguiu executar alguns movimentos inéditos, só não beijou o aro porque não quis, agitou o ginásio todo. E fez tudo isso com a pressão de favorito para o concurso, sem frustrar as expectativas.

O problema é que já são 31 anos de concurso. Chega uma hora que é difícil encontrar um meio de surpreender. Se a gente espera sempre o novo, aí tem de conviver com os erros de Victor Oladipo na etapa final – o cara tentou coisas impensáveis, improváveis e acabou pagando o preço por isso.

Paciência, e muito bem.

Agora LaVine tem um desafio pela frente: carregar o oba-oba pela conquista nas cravadas para a continuação de sua carreira. Algo que não acontece tão frequentemente assim, desde que a liga passou a ter dificuldade para convencer seus principais nomes ou apostas a participar da disputa, desde a virada dos anos 90 para a década passada – excluindo aqui Dwight Howard (já consagrado) e Blake Griffin (a verdadeira exceção, quando calouro).

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Além disso, Howard e Griffin já integram outro grupo, que é o dos grandalhões que triunfaram nas enterradas. Na lista os vencedores na história, a maioria esmagadora é de alas. Muitos deles capazes de lances mirabolantes com a quadra limpa, sem oposição do outro lado que não a pressão psicológica, mas que, num ambiente de cinco x cinco, se revelam limitados.

Terrence Ross ainda está nessa luta em Toronto. Jeremy Evans voltou a ser enterrado no banco de Utah. Gerald Green precisou rodar o mundo todo até reencontrar seu espaço, e nem dá para garantir que, terminado seu contrato com o Phoenix Suns, vá ter um grande emprego na próxima temporada. Fred Jones, Desmond Mason foram competentes no que lhes foi pedido, mas só. De 2000 e Vince Carter para cá, talvez só mesmo Jason Richardson se enquadre na categoria de atleta que foi além das dunks e fomentou uma reputação maior como jogador, para além de sua capacidade atlética – com bom chute de três pontos, boa defesa, mas um arsenal ofensivo um tanto reduzido. Ainda assim, ainda tem em suas cravadas de 2002 e 2003 como os melhores momentos de sua carreira.

LaVine, pelo pouco que vimos nesta temporada, tem muito potencial para derrubar essa suposta barreira, com bom controle de bola e arranque incrível. Mas ainda tem uma longa jornada pela frente, na qual nada é garantido. O ponto positivo para ele, nesse sentido, é que o presidente/técnico Flip Saunders, antes um rabugento com calouros, tem se esforçado para encontrar tempo de quadra para o adolescente de apenas 19 anos, independentemente da forma física de Ricky Rubio ou das estripulias de Mo Williams, que acabou trocado para Charlotte.

Se o seu desenvolvimento acontecer da forma esperada, o Wolves terá mais uma peça para compor um futuro brilhante – desde que, claro, na hora de chegar a hora de renovar os contratos de tantas promessas, consiga convencê-los a ficar em uma terra gélida e pacata.

Mais algumas notas, observações:

– É uma balança difícil, uma discussão que talvez não tenha fim, a procura pelo equilíbrio entre o que é “certo” e “puro” com o que seja “espetacular”, numa conotação que, para alguns, singifica “espalhafatoso”. Sempre que um jogador for encarar a cesta para tentar suas acrobacias, esse debate vai ser resgatado, para tentar entender o que poderia estar dando errado, ou certo, no basquete.  Uma coisa realmente exclui a outra? São poucos os que chiam, se é que eles existem, sobre o concurso de arremessos de três pontos. Afinal, o ato do chute seria algo legítimo da modalidade, sua finalidade. A glamorização das cravadas já significaria a corrupção. Por outro lado, é claro que também há quem só saiba valorizar acrobacias na quadra e ignore tantos outros elementos ricos e decisivos do jogo. A melhor solução não é tentar sempre conciliar as coisas, encontrar o meio termo nesse tipo de – sério, mesmo!? – polêmica? Hoje essa coisa de bola ao cesto já envolve muita gente, digamos, grandinha, em todos os sentidos. Enterrar faz hoje parte do jogo.

– Victor Oladipo, o vice-campeão de LaVine, acabou levando o prêmio de revelação artística da noite, com duas sacadas bacanas: primeiro cantou “New York, New York” em sua entrada na quadra, depois aproveitou as presenças ilustres de beira da quadra para autografar uma bola.  Quem diria: três anos atrás, o ala-armador era apenas mais um na Universidade de Indiana. Um prospecto bem cotado por sua defesa e nada muito além disso – supostamente, era para ele ser um jogador ‘sério’, gente…

– Na disputa dos chutes de três, a final esperada entre os Splash Brothers do Golden State. O problema foi a desconcentração de Klay Thompson na hora de tentar bater o companheiro Stephen Curry. A exibição do armador, tendo acertado 13 bolas em sequência, claro, contribuiu para tanto. Mas há também outro caminho que a gente pode seguir nessa, falando sobre a transmissão americana original. As interações de Reggie Miller, Kenny Smith, Charles Barkley etc.  passaram, em tempo real, também no telão e no sistema de som do ginásio do Nets. Fico imaginando se a matraca de Miller não acaba sendo um obstáculo ainda maior para os arremessadores hoje do que um Tony Allen ou Kawhi Leonard.

– James Harden  não foi nada bem nessa competição, mas não tem do que reclamar: tem sido, consistentemente, um dos mais aplaudidos durante todo o final de semana. O ala-armador, entendemos, já é uma estrela oficial da liga, e não só para os nerds. Missão cumprida: foi por um belo cheque, mas também por esse motivo que ele deixou OKC. Ele e sua barba merecem.

– Mais reverenciado que Harden só, mesmo, Paul McCartney, que estava perdido pelo Barclays Center, com cara de que não entendia nada quando flagrado no telão. O Beatle superou as candidatas a rainhas pop Rihanna, sua surpreendente companheira de gravação, e Nicki Minaj, a trinitina responsável por Anaconda, a música. Isso, no mesmo dia em que fez um show quase que intimista em NYC. Show ao qual não fui. Rrrrrghhh.

– No desafio das habilidades, é muito irônico que Patrick Beverley, justamente aquele que leva a bola por menos tempo em seu time, tenha sido o campeão. Escolta de Harden no dia a dia do Houston Rockets, acabou prevalecendo na final contra Brandon Knight. Um feito e tanto para um jogador que foi draftado pelo Lakers em 2009 e nem teve chance com Phil Jackson, sendo trocado para Miami, aonde também foi ignorado. Depois, o aguerrido Beverley defendeu o Olympiakos brevemente na Grécia e ainda passou pelo basquete russo antes de ser contratado pela franquia texana, forçando, nessa, a dispensa do armador Scott Machado. É por sua atitude e pressão que coloca na defesa que foi valorizado. Neste sábado, conseguiu mostrar que vai um pouco além disso. (PS: Kyle Lowry confessou para os jornalistas que estava esquecendo de que era um dos inscritos no evento, de tão empolgado que estava com sua seleção para o All-Star Game).  

– Impressionante a qualidade do sinal wireless dentro do Barclays Center. Compartilhado com milhares de pessoas, e, mesmo assim, melhor que o de casa. O mundo, porém, não é dos Nets, infelizmente.

– Vou escrever com mais detalhes neste domingo ou segunda, mas o armador Guilherme Santos vai mandando muito bem no camp Basketball without Borders, da NBA, que ocorre em Nova York de modo paralelo ao All-Star. Podem anotar o nome do jogador de 17 anos, recém-contratado pelo Bauru, ex-Barueri. Bons papos sobre Bruno Caboclo e Georginho também saíram do ginásio do Baruch College, onde passei boa parte deste sábado, botando o papo em dia também com o chapa Jonathan Givony, do DraftExpress. Aguardem.

– Agora, a grande festa nos espera no Madison Square Garden. O jogo das estrelas da NBA tem transmissão do Canal Space no Brasil, com direito a comentários de Magic Paula.