Vinte Um

Categoria : Notas

Nenê protagoniza melhor momento brasileiro na temporada
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Giancarlo Giampietro

Nenê sobe livre para a enterrada triunfal, depois de Wall limpar a quadra

Nenê sobe livre para a enterrada triunfal, depois de Wall limpar a quadra

Não dá para dizer que a temporada 2013-2014 seja a mais auspiciosa para os brasileiros na NBA. Não que estejam terrivelmente mal. Nada disso. Mas tem faltado um pouco de brilho, barulho, grandes momentos – talvez pelo fato de a turma ter se assentado em situações cômodas, de estabilidade.

De todo modo, neste sábado, Nenê ao menos conseguiu registrar um grande momento para a legião de exportados, realizando um dos melhores jogos de sua já longínqua carreira na liga norte-americana. Na verdade, o melhor momento, e justo com ele, sempre afeito a dar o mérito aos companheiros. Um cara que não curte muito esse negócio de se gabar em entrevistas – isso, claro, quando ele topa falar com algum repórter. Mas dessa vez não havia muito como ele escapar dos microfones e gravadores.

O pivô marcou 30 pontos na vitória do Washington Wizards sobre o New Orleans Pelicans, igualando sua melhor marca pessoal. Mais: fez a cesta do triunfo, uma enterrada com 0s9 no cronômetro, bem em cima da buzina, mesmo, para definir o placar de 94 a 93. “Apenas rezei”, afirmou o são-carlense, em mais um gesto típico, sempre evocando termos religiosos para suas ações em quadra. “Queria encerrar o jogo com a bola nas minhas mãos. Eles fizeram isso, colocaram nas minhas mãos. O John foi fantástico: uma infiltração daquelas, e ele me encontrou.”

Veja a jogada aqui, eleita pela turma da NBA como a melhor de uma noite cheia de jogos (e, de brinde, veja a enterrada poderosa do brasileiro na 10ª posição, deixando o Monocelha na saudade):

Esses foram apenas os famosos “highlights”, né? Mas, se você quiser saber exatamente o estrago que Nenê fez na defesa do Pelicans, melhor assistir a este compacto com suas cestas de quadra (e algo a mais):

O pivô estava simplesmente com as mãos pegando fogo, tendo convertido 13 de 19 arremessos de quadra. Para quem não clicou no vídeo, a boa nova foi sua confiança na conversão dos chutes de média distância. Na temporada, este vem sendo seu aproveitamento:

Em amarelo: Nenê arremessando de acordo com a média da liga em praticamente todo o perímetro interno, sendo mais eficiente na cabeça do garrafão e dois ou três passos para a direita. Não por acaso, região em que encaçapou diversas vezes contra o Pelicans

Em amarelo: Nenê arremessando de acordo com a média da liga em praticamente todo o perímetro interno, sendo mais eficiente na cabeça do garrafão e dois ou três passos para a direita. Não por acaso, região em que encaçapou diversas vezes contra o New Orleans

Quer dizer, Nenê já precisa ser respeitado na hora de subir para o jump-shot. Se conseguir, de alguma forma, elevar seu rendimento, seu impacto no ataque do Wizards seria mortal: 1) é difícil parar John Wall em suas infiltrações, no mano a mano, de modo que o pivô (Greg Stiemsma, por exemplo, em diversos dos lances acima)  também precisa recuar um bocado no garrafão para fechar a porta; 2) Marcin Gortat é um ótimo finalizador debaixo do aro e também chama a atenção da ajuda, da cobertura; 3) o mais ilustre dos Hilários do esporte tem liberdade para receber o passe e finalizar; se for para matar, deixa os defensores praticamente diante de constante xeque-mate após xeque-mate.

Agora, voltando à discrição de Nenê. Vasculhando os sites norte-americanos, ou mesmo os locais de Washington, foi difícil encontrar mais declarações do brasileiro. Vamos aqui com as únicas duas:

– “Foi uma vitória fantástica” – a básica.

– “Não, não, não. Isso não está certo” – o pivô descrevendo o que pensou quando Anthony Davis (aliás, mais um jogo sensacional para este jovem craque) converteu dois lances livres nos segundos finais para por o time visitante na frente do placar.

A enterrada de outro ângulo

A enterrada de outro ângulo

E só. Se alguém tem outra na manga, favor endereçar em telegrama urgente. É impressionante e diz muito sobre seu comportamento – com a ressalva de que o elenco do Wizards se mandou rapidamente do ginásio, com um voo marcado para Cleveland, aonde jogam novamente neste domingo.

Mas o sumiço do pivô também fala bastante sobre a moral que John Wall tem na capital norte-americana. (Claro, essa não é uma surpresa, já que é, agora oficialmente, o All-Star da franquia.) Sua assistência para a enterrada triunfal de Nenê foi o grande chamariz nos relatos da partida. E, de fato, merecia destaque. “John fez duas jogadas no fim que você não consegue ensinar”, afirmou o técnico Randy Wittman. “Ele partiu para a cesta querendo a bandeja. Estando um ponto abaixo, com o relógio correndo, ele ficou sob controle, para fazer aquela última jogada para o Nenê. Foi uma boa execução no momento  decisivo.”

É… Vejam que Wall atrai a atenção de marcação tripla no garrafão, limpando um espaço precioso para a decolagem de seu pivô. “Eu queria ir para um arremessos”, confessou o armador. “Mas vi Anthony Davis se aproximar. Então pensei em passar por trás para Gortat. Mas aí vi (Jeff) Withey chegar ao mesmo tempo, e então vi Nenê por ali, e e era o passe mais fácil e mais seguro. Por sorte, ele conseguiu fazer a cesta a tempo.”

Fica bem claro o amadurecimento do número um do Draft de 2010. Demorou um pouco mais, mas ele chegou lá, sem perder o embalo da temporada passada, na qual ficou afastado por um longo período devido a complicações no joelho.

O Wizards se mantém na zona de classificação da Conferência Leste, ainda que não consiga de jeito nenhum ultrapassar a marca de 50% de aproveitamento. Wall é quem lidera essa campanha, mas, sem Nenê, pode ter certeza de que não conseguiriam. Por mais que ele diga pouca coisa a respeito.

*  *  *

Varejão e Splitter, de novo lidando com questões físicas

Varejão e Splitter,  lidando com questões físicas

Um bom momento para checar como estão os demais brasileiros, né?

Tiago Splitter vem sofrendo novamente com suas já famosas lesões na panturrilha, o tipo de problema físico que precisa ser muito bem cuidado, para que não vire algo mais grave, que possa lhe atrapalhar nos playoffs. Com Gregg Popovich, porém, não há esse risco. Na semana passada, o catarinense se viu incluído numa lista nada agradável, elaborada pelo jornalista Bill Simmons, editor-chefe e fundador do inigualável Grantland e comentarista da ESPN: a dos 30 piores contratos da liga. Simmons autaliza esta relação anualmente e incluiu o pivô na 23ª posição. “Eu sempre levo pro lado pessoal quando o Spurs paga mais do que deve para alguém. O Spurs é supostamente o clube mais esperto da liga! Por favor, RC Buford! Você é um modelo a ser seguido!!! Você deu US$ 36 milhões para alguém que nem conseguia ficar na quadra nas finais de 2013???? Justo você?? Por quê????”, exclamou, questionou, aloprou.

Splitter recebeu um contrato de US$ 36 milhões por quatro anos. Uma bolada. Mas Simmons não apresentou muitos argumentos para atacar o negócio, além do fato de o jogador ter penado contra o Miami na decisão para questionar esse montante – como se ele fosse o único pivô a ter enfrentado dificuldade contra o time da Flórida . Naturalmente, o comentário despertou uma certa indignação entre os torcedores do Spurs. O blog Pounding the Rock saiu em defesa do atleta, de modo racional. O mesmo blog já havia elaborado um artigo excelente para detalhar a importância do pivô para a defesa texana. Há coisas que os números realmente não contam, ao menos na superfície. Por outro lado, é preciso dizer que Tiago vive sua pior temporada desde o ano de novato, de acordo com medições estatísticas mais avançadas ou em projeções por minuto, mesmo depois de ter descansado durante as férias, sem ter disputado a Copa América. Não quer dizer que esteja mal, mas que pode render mais.

Anderson Varejão estava começando a embalar no garrafão do Cleveland Cavaliers e… Está fora de quadra desde 9 de fevereiro, por conta de alguma contusão/lesão/questão/dor nas costas. O Cavs não divulgou exatamente qual o problema do capixaba, deixando os blogueiros da cidade ressabiados. A ESPN chegou a noticiar que ele teria tomado uma injeção de cortisona, mas o gerente geral David Griffin negou a informação. Em contato com Sam Amico, repórter da FoxSports, contudo, o dirigente confirmou que ao menos um tipo de injeção foi aplicada. Só não quis confirmar qual.

O pivô estreou na temporada um pouco mais tarde, se reabilitando da assustadora embolia pulmonar que o tiro das quadras na temporada passada. Seu tempo de quadra vinha sendo mais controlado, se comparando com os três campeonatos anteriores, mas aos poucos ele vinha recebendo uma carga maior de minutos. Em 2014, tinha médias de 10 pontos, 10 rebotes, 3,3 assistências e 1,5 roubo de bola. Até que parou. Neste sábado, sabe-se que ele não treinou.

– Para Leandrinho, só o fato de já somar 18 partidas na temporada 2013-2014 já é uma vitória, superando uma série de dúvidas sobre seu retorno depois de uma lesão grave no joelho. Prova de sua dedicação, seriedade, devoção aos treinamentos. Aliás, um aspecto muito subestimado na carreira do ligeirinho – não foi só talento natural que o levou ao sucesso nos Estados Unidos. Posto isso, o ala-armador tem perdido rendimento em fevereiro. Depois de abrir o mês marcando 13 pontos em dois jogos seguidos (ambas derrotas, para Chicago e Houston), converteu 17 no total em suas últimas quatro partidas, em seis cestas de quadra, tendo ficado fora da surra do Suns para cima do Spurs, na sexta, abrindo vaga para o calouro extremamente promissor Archie Goodwin. O baixotinho Ish Smith foi o beneficiado.

– Em um ano em que o Boston Celtics joga mais para perder do que para ganhar, a estreia do técnico Brad Stevens na NBA foi considerada pela mídia norte-americana como um dos poucos pontos positivos. É elogiado pelo quanto se prepara para cada confronto, pela eficiência de suas jogadas após pedidos de tempo, pela evolução de Jordan Crawford em suas mãos, entre outros pontos. Agora, no que se refere a Vitor Faverani, acho que o jovem treinador erra, e feio. Dar tempo de quadra para um veterano como Kris Humphries, no último ano de contrato, em detrimento de uma aposta para o futuro, não faz muito sentido. E não é que o pivô gaúcho tenha afundado a equipe quando jogou.  Agora, caminhando para os meses finais de temporada, Faverani se recupera de uma torção no joelho esquerdo. Em três jogos completos pela D-League, teve médias de 16,3 pontos, 12 rebotes, 3,6 assistências e 2 tocos, em cerca de 32 minutos. A ressalva de sempre: os números nesse campeonatos são sempre inflados, pelo ritmo de pelada de muitas partidas. De qualquer forma, Faverani entregou. Agora é ver se consegue voltar para quadra rapidamente e se vai receber mais uma chance adequada de Stevens.

*  *  *

Enquanto isso, na D-League…

Scott Machado, novamente Warrior

Scott Machado, novamente Warrior

– Superada (?) a frustração da dispensa pelo Utah Jazz, Scott Machado voltou à alçada do Warriors, defendendo novamente a filial da franquia em Santa Cruz. Dessa vez, porém, ele é reserva de Seth Curry, o irmãozinho do Steph. Antes que acusem o clube de nepotismo, saibam que o armador tem média de 19,5 pontos por jogo e 6,4 assistências, mesmo que não tenha colocado em prática seu grande arremesso de três pontos (32,5% de longa distância… cai a eficiência quando ele passa mais tempo com a bola, claro). O gaúcho de Nova York tem médias de 20,8 minutos, com 8,6 pontos, 3,4 assistências, 3,1 rebotes e apenas 33,3% nos chutes de quadra…

Fabrício Melo passou um bom tempo em inatividade (inexplicavelmente, diga-se) e assinou com o Texas Legends, a filial do Dallas Mavericks, clube que o cortou no training camp, lembrem-se, numa situação que nunca lhe foi muito favorável. Ainda preciso sentar um dia à frente do YouTube para ver em que tipo de forma está o pivô mineiro, mas depois de fazer ótimas partidas no ano passado pelo Maine Red Claws, seus números na atual campanha por enquanto são tímidos: 4,1 pontos, 3,6 rebotes e horrendo 38,6% nos arremessos em apenas 13 jogos (13,6 minutos). É reserva do imortal Melvin Ely, hoje com 35 anos. Um cara que entrou na NBA no mesmo Draft de Nenê (2002), rodou por várias franquias (Clippers, Hornets/Pelicans. Spurs, Nuggets…) e nunca teve média superior a 25 minutos por jogo.


Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Steven Adams, o novato mais odiado da NBA
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Giancarlo Giampietro

Steven Adams, cara, só a cara de bom moço

Steven Adams, cara, só a cara de bom moço

A atual classe de novatos da NBA nunca chegou a empolgar muito, nem mesmo antes do Draft. Gerentes gerais e scouts eram bastante pessimistas na hora de avaliar o talento do grupo de jogadores disponíveis. Bem, neste caso, as previsões estavam certas. Não há muito com o que se animar, não.

Apenas três jogadores têm média superior a 10 pontos por partida – Michael Carter-Williams (17,5), Trey Burke (13,5) e Victor Oladipo (13,4) – curiosamente, os únicos três candidatos que podem aspirar ao prêmio de calouro do ano, e não (somente) por encabeçarem a tabela de cestinhas de sua geração.

Agora, não quer dizer que os momentos relevantes da trupe mais jovem está limitado a essas três revelações citadas acima. Aqui e ali, aparecem alguns flashes de potencial. O Milwaukee Bucks que o diga com sua aberração atlética helênica que tem nome de Giannis Antetokounmpo (dados sobre o garoto estão sendo coletados,e  jajá ele ganha sua própria manchete, podem esperar).

De todos eles, aquele que mais vai fazendo barulho pelas coisas erradas – ou certas, depende do ponto de vista – é o Steven Adams. O pivô do Oklahoma City Thunder é uma das surpresas da temporada, tendo conseguido espaço na rotação de um time candidato ao título, quando muitos o consideravam meramente um prospecto a longo prazo.

Está preparado para embarcar nessa viagem pelo universo deste neozelandês atrevido?

Vamos juntos, o Vinte Um infoooooooooooorma pra vocêeeee, na voz do Nilson César:

– Vocês sabiam que Steven Funaki Adams é o filho mais novo de um batalhão de 18 irmãos!? Dá um elenco inteiro de NBA e três deles ainda precisariam ser lamentavelmente dispensados ao final do training camp.

– Imaginava que, dentre esses 18 irmãos, aos 20 anos, daquele tamanho todo, ele é o caçula?

– Aliás, se estamos falando de tamanho, que tal a altura dessa galera? Os homens têm média de 2,06 m, enquanto a das mulheres dá 1,83 m. Apesar da estatura, apenas outro dos irmãos Adams seguiu carreira no basquete, Sid Adams Jr., que joga na minúscula liga neozelandesa.

Valerie, a Adams mais laureada por enquanto, e de longe

Valerie, a Adams mais laureada por enquanto, e de longe

– Entre as irmãs, consta uma tal de Valerie Adams. É, a Valerie Adams atual bicampeã olímpica no lançamento de peso. Sim, a mesma que também sustenta um tetracampeonato mundial na modalidade, recordista em distância atingida (21,24 m) e em sequência de títulos na competição (desde Osaka 2007, sendo que já havia ficado com a prata em Helsinque 2005). Além do mais, em 2009, ela esteve aqui pertinho de nós, competindo no Grande Prêmio do Rio. Obviamente se despediu dos cariocas novamente como a vencedora.

– O pai dessa turma toda era o Sid Adams, um velho marujo da Marinha Real britânica. Vejam só.

– Sid navegou por aí e teve cinco diferentes mulheres. A mãe de Steven é de Tonga.

Isto é Tonga, no meio do Pacífico. Vamos todos?

Isto é Tonga, no meio do Pacífico. Vamos todos?

– Sid morreu em 2006, quando Steven ainda era um adolescente de 13 anos. O pivô afirma que estava desandando legal sem tê-lo ao redor, como referência, até que um dos manos mais velhos, Warren, assumiu os controles das coisas. Warren o levou da pequena cidade de Rotorua para a capital Wellington. Foi lá, numa academia de basquete, que ele começou a jogar para valer. Até para extravasar as emoções e energias.

– O coordenador da academia conseguiu que Steven se matriculasse numa escola privada local, a Scots College. Que hoje o relaciona como um de seus alunos de honra, claro, ao lado do All Black Victor Vito, de um governador da Irlanda do Norte, de um satirista e de um autor. Orgulho kiwi.

– Steven até começou a jogar pelo Wellington Saints da liga local, a NBL. Em 2011, foi eleito o novato do ano, mas o campeonato ficou muito pequeno para suas qualidades atléticas. Aí o rapaz pegou as trouxas e cruzou o pacífico em direção aos Estados Unidos. Fez um estágio na escola preparatória de Notre Dame, bastante tradicional no trato com basqueteiros – alô, Michael Beasley, Ryan Gomes e Shawn James. Não conhece o Shawn James? Pegue qualquer partida do Maccabi Tel Aviv no Sports+ para ver. Vale a pena.

– Estudando e treinando, Steven conseguiu a nota necessária para se inscrever na universidade de Pittsburgh. Os Panthers até que mandaram alguns jogadores decentes para a NBA nos últimos anos, como os ursões DeJuan Blair e Aaron Gray, o esforçado Sam Young e o delicado Mark Blount. Nenhum deles, contudo, foi uma escolha de primeira rodada – ainda que Blair só tenha caído no colo de Greg Popovich devido a exames de última hora que apontavam problemas estruturais em seus joelhos. O último jogador a ter deixado o time de Pitt e entrado na ronda inicial do recrutamento de novatos da liga foi o armador Vonteego Cummings (26º em 1999), um cara que não agradou nada em uma fase tenebrosa do Golden State Warriors no início da década passada.

– Nada disso importou. Adams demorou um pouco para se ajustar ao basquete universitário e, da metade de sua primeira e única temporada em diante, se soltou e começou a elevar sua cotação entre scouts e dirigentes, para os quais já havia se apresentado em um dos campos de treinamento da adidas em 2010. Treinou muito bem em sua turnê pelos Estados Unidos, impressionou as franquias com suas entrevistas particulares e acabou, com a 12ª escolha, se tornando uma das peças que o Thunder recebeu em troca de James Harden.

– Para quem o consideraria um mero projeto – seu físico e capacidade atlética impressionam, mas os fundamentos ainda deixam a desejar (veja o quadro abaixo) –, é surpreendente, sim, que esteja recebendo mais de 15 minutos em média por jogo. E pode ter certeza de que ele está aproveitando ao máximo cada instante em quadra. Com muita energia, saltitante, ele causa um fuzuê sempre que acionado para render o já ancião Perk.

Adams nem se mete a besta de querer tentr uma cesta que não seja realmente nos arredores do garrafão, e mesmo ali de perto tem dificuldade de finalizar. Ainda há muito o que evoluir nesse sentido, seja por entender o tempo certo para buscar os dois pontos, ou pelo desenvolvimento físico, para ganhar estabilidade por ali

Adams nem se mete a besta de querer tentr uma cesta que não seja realmente nos arredores do garrafão, e mesmo ali de perto tem dificuldade de finalizar. Ainda há muito o que evoluir nesse sentido, seja por entender o tempo certo para buscar os dois pontos, ou pelo desenvolvimento físico, para ganhar estabilidade por ali

– “Você já viu minha irmã?”, questionou o pivô neozelandês, respondendo a uma pergunta com outra interrogação, depois de se enroscar em quadra com Larry Sanders um dia desses. Estavam querendo saber se Adams, por acaso, não tinha noção do perigo de querer arrumar encrenca em meio aos gigantes da NBA. Para quem foi o caçula numa família de gigantes, moleza.

– Sem contar a óbvia paixão do pivô pelo rúgbi, o esporte que ele mais praticava até descobrir o basquete. “Os dudes no rúgbi ficam empilhados, levam um soco, joelhada e tudo isso “, afirma. “Eles poderiam estar sangrando, estarem machucados, mas ainda têm de jogar.”

– Sanders, na verdade, foi o quarto jogador a ser excluído neste campeonato depois de algum entrevero com o calouro do Thunder. O pivô do Milwaukee Bucks acertou uma cotovelada no rapaz, e a arbitragem viu. Mas sabe do pior/melhor? Seu oponente continuou jogando – e que fase a do Larry Sanders, aliás. O mesmo aconteceu com o espevitado Nate Robinson, com Jordan Hamilton, coadjuvante do Nuggets, e até mesmo com um pamonha como Vince Carter. Adams aparentemente consegue sempre dar a primeira, ao mesmo tempo em que evita o flagrante. O vídeo com Carter deixa isso claro. Jogo sujo ou duro?

Liderado por um Kevin Durant em fase esplendorosa, o Thunder tem tudo para ir muito longe nos playoffs. É nos mata-matas que os jogos ficam mais pesados, em que os adversários se estudam e se desgastam com a repetição dos confrontos durante os dias. O nosso estimado kiwi vai estar envolvido nessa. Faça as contas…. Sim, se você ainda não embarcou nesta viagem meio maluca com Adams, pode ter certeza de que ele vai chegar até você, de um jeito ou de outro. Só não se incomode com o cotovelo.


O Fantástico Mundo de… JR Smith! Edição especial
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Giancarlo Giampietro

No flagra

No flagra

Faz tempo que não conseguimos acrescentar aqui um episódio sobre o lunatismo que ronda o Fantástico Mundo de Ron Artest, né? Olha, não é que tenhamos deixado nosso anti-herói de lado, nem nada disso. Acontece que, em meio ao caos que controla a temporada do New York Knicks, nem mesmo as intempéries e trejeitos do Ron-Ron conseguem chamar muito a atenção.

Por exemplo. Dia desses ele estava diante da sedenta mídia nova-iorquina, que procurava repercutir um encontro que o proprietário da franquia, o magnata e cantor James Dolan, teve com com o elenco. Quando foram checar o que o #mettaworldpeace tinha a falar a respeito, o jogador escapou de um modo criativo. “Não sou um jogador. Eu sou um alien. Não estava lá de verdade. Estava em outra galáxia com meus amigos galácticos”, disse.

On the record.

Claro que a piada nem é tão original assim, depois que Baron Davis fez brincadeiras a respeito de abdução por seres extraterrestres numa entrevista qualquer – e muita gente acreditou que ele estava falando sério.

O que impressiona na declaração do Sr. Artest é a velocidade de pensamento, o reflexo de autodefesa, para tirar da cartola uma piada dessas em vez de simplesmente dizer que “não tinha comentários a fazer a respeito”.

Dava para ter feito, então, o post: “O Fantástico Mundo de Ron Artest – Arquivo X”, e tal. Mas perdi o bonde, e não só isso: ele vem jogando muito pouco nesta temporada, drenando o joelho sem parar, apelando a outros tratamentos com placas sanguíneas agora, e talvez não valesse dedicar tanto espaço assim. Mas fica aqui, de qualquer forma, o registro.

O bom nessa história toda de humor na NBA e em Nova York é que sempre vai haver outra fonte para nos divertir. O maníaco do JR Smith dá mais que conta.

Uma semana depois de ter recorrido a redes sociais para acusar a diretoria do Knicks de “traição” por ter dispensado seu irmãozinho caçula improdutivo, apenas alguns dias depois de ter desafiado Andrea Bargnani no concurso de arremesso mais estúpido da temporada (*), o ala aprontou mais uma neste sábado, na calada da noite em Dallas.

Em uma aparente reação na temporada, após terem batido o Spurs, despertando toda a fúria do Coach Pop, e jogado no pau contra o Rockets, os Bockers iam ganhando do Mavs, controlando bem o jogo. As coisas estão mudando, pensava Spike Lee. E os caras venceram, mesmo, a cambada de Dirk Nowitzki, saindo do Texas com surpreendentes triunfos.

E aí que, nesta segunda, calha a gente recuperar uma inacreditável molecagem do irmão mais velho do Chris.

Vocês viram?

Dirk Nowitzki estava na linha de lances livres, com pouco mais de dois minutos restando no quarto período. JR saiu do banco, chamado por Mike Woodson. Ele se posicionou no garrafão, ao lado de Shawn Marion. Ele se curva para, supostamente, mexer, em seu tênis. De forma sorrateira (ou nem tanto), contudo, ele puxa com a mão direita o cadarso de… Marion! Que reparou, claro. É uma coisa de louco:

Na posse de bola seguinte, Marion tenta arrumar o calçado. Até que, no ataque do Dallas, com mais uma falta cometida, ele enfim tem tempo para acertar tudo.

O que dizer a respeito? E se o ala do Mavs tivesse torcido o pé? E se ele perdesse o tênis no meio da jogada, parasse, e o Knicks atacasse com um homem a mais? Ele ficaria orgulhoso? É sério tudo isso?

Na temporada em que ele já foi suspenso por violar as leis antidroga da NBA (e não como jogador do Denver Nuggets em tempos de maconha liberada no Colorado), e que, no Twitter, deixou no ar uma ameaça a Brandon Jennings, que havia criticado a contratação de seu irmão, Smith conseguiu: desbancou Ron Artest na condição de príncipe lunático da liga.


Uma saudável entrevista para tentar decifrar Nenê
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Giancarlo Giampietro

Nenê meio que abre o jogo em entrevista nos EUA

Nenê meio que abre o jogo em entrevista nos EUA

Numa cortesia do jornalista que faz a melhor cobertura da NBA nestes dias (Zach Lowe, do Grantland) –, temos a melhor entrevista de Nenê em muito tempo. Isso se não for a melhor de todas – até porque o acesso ao pivô do Washington Wizards nunca foi dos mais fáceis para quem tenta daqui do Brasil.

Corra para ler.

(…)

Já voltou?

Bem, são vários os pontos para serem destacados:

Nenê x Magnano, Washingotn, CBB, seleção

Seleção: Segundo o jornalista, Nenê supostamente afirma que a CBB não imagina o que seja disputar uma temporada da NBA e do desgaste que isso gera. Digo “supostamente” porque as palavras não estão precisamente saindo da boca do pivô, mas, sim, num complemento do próprio Lowe.

“Você vai disputar a Copa do Mundo da FIBA em 2014 se o Brasil ganhar um convite?” – esta foi a pergunta.

Ao que o grandão responde: “Não sei. Tive lesões no passado, e isso deu a oportunidade para que outros jogassem, para que pudessem se desenvolver um pouco e ganhar experiência. A temporada aqui, na NBA, tem quase 115 jogos se você vai para os playoffs. (A Confederação Brasileira de Basquete) não tem ideia do que é isso. Ao final da temporada, você precisa de descanso. Te de parar e acalmar um pouco”.

Dá para ler este trecho e já fazer a manchete chocante, não? “Nenê ataca a CBB: ‘Não tem noção sobre o que é a NBA'”.

Fica a tentação. Mas, a partir do momento em que a entidade não é mencionada na pergunta e a referência sai do jornalista, não parece correto. Após as lamentáveis vaias que tomou no Rio de Janeiro, é bem provável que o pivô esteja falando sobre o país como um todo, sobre a falta de compreensão do que se passa numa campanha na liga.

Ele admite que os clubes (Nuggets e Wizards) fazem pressão para que os jogadores recusem as convocações. “Mas quando você está lidando com a seleção nacional, não dá para controlar muito. Você sabe como é. Espero que eles mudem a cabeça sobre jogadores que estão na NBA. Temos muitos jogos, muita pancadaria aqui.”

– Mentor: O papel de liderança, de exemplo que o paulista de São Carlos desempenha no time. Saíram dois exemplos interessantes sobre os quais os brasileiros em geral não têm acesso, sem poder acompanhar de perto o cotidiano do Washington Wizards – a não ser que você, torcedor sofredor do ex-Bullets, abra o Post e blogs locais religiosamente:

Nenê e o ex-companheiro Danilo Gallinari: figura respeitada no vestiário

Nenê e o ex-companheiro Danilo Gallinari: figura respeitada no vestiário

1) De acordo com os relatos de gente de dentro do clube, Nenê é desses raros caras que dizem não liga para estatísticas e que realmente age desta maneira, sem se importar com sua produção em quadra. “Só olho mais quando perdemos, para ver o que posso fazer melhor”, diz o jogador.Esse tipo de postura, numa liga tomada pelos mais diversos egomaníacos, faz um bem danado em qualquer vestiário. Envergonha os mais aparecidos e estabelece uma boa referência aos mais jovens.

2) O ala-armador Bradley Beal, segundanista, revelou que, quando algum de seus companheiros falha no posicionamento em quadra, no ângulo ou no timing de um corte para a cesta, ele pode se preparar: lá vem berro do pivô. “Ah, mano, não grito tão duro assim”, defende-se Nenê.

O brasileiro, então, discorre sobr seu entendimento do jogo e afirma que ter jogado futebol na infância o ajudou nisso. “Tem a ver com a visualização das jogadas. Quando um jogador corre em campo, e você quer passar a bola, é preciso enxergar dois pontos (a trajetória). Você tem de enxergar a conexão. É a mesma coisa no basquete”.

Simples assim: o famoso ponto futuro de Cláudio Coutinho!

E, para constar, o francês Kevin Seraphin é quem fica de orelha mais quente. “Ah, sim! Ele pode ser um pouco lento. Aí vou gritar!”, sorri

Lesões: Sem se incomodar em ter fama de bichado, Nenê fala dos diversos problemas físicos que teve na carreira. “Aprendi sobre meu corpo. Sei que alguma coisa vai acontecer. Mas tem vezes que você não consegue controlar. Tem vezes que você precisa jogar e você vai lá e faz. Tento pensar de modos como evitar as lesões, mas estou recebendo um salário alto”. Aí o pivô diz que tudo isso aconteceria por uma razão, num determinismo religioso. “Não está no meu controle, tudo acontece por uma razão”, diz. Ok, não sou o maior fã desse tipo de discurso, mas cada um se guia pelo que quer. Depois, ele dá a entender que os planos de se aposentar em 2016 podem ser revistos. Mas tudo dependendo dos planos de uma entidade suprema.

Rebotes: Para alguém com sua agilidade, tamanho, envergadura e inteligência de quadra, Nenê tem uma média um tanto ridícula de 6,9 rebotes na carreira. Mas Lowe destaca em uma de suas questões que, quando o brasileiro está jogando, seus times tendem a ter um dos melhores aproveitamentos na coleta de arremessos errados. O atleta explica: “Se eu não fizer o bloqueio de rebote, se tentar roubar a bola de meus companheiros, poderia ter média de 13 ou 14 por jogo. Mas eu aprendi do jeito certo. Aprendi a bloquear, respeitar cada lado da cesta. Há uma razão para termos um rebote melhor quando jogo, porque sei os fundamentos. Você precisa bloquear não só perto da cesta, mas no garrafão inteiro. Os caras de fora também, para que os baixinhos não nos surpreendam lá embaixo”. Para os que veem o brasileiro jogar há tempos, não há o que se questionar aqui: estes pequenos detalhes são evidentes.

Wizards x playoffs: no finalzinho da entrevista, Nenê evita em prometer qualquer coisa aos torcedores. Mas todo mundo sabe que é playoff ou nada para a equipe da capital neste ano. “Se eu for dizer que vamos terminar em tal lugar e não acontecer, então será tudo contra minhas palavras. Mas nosso time é muito, muito bom quando jogamos do jeito certo, quando exploramos nosso talento. O céu é o limite. As pessoas sempre perguntam se podemos ir para os playoffs. E eu digo que que sim. Essa é a resposta honesta. Mas temos de trabalhar.”

O problema: Nenê já perdeu sete partidas este ano, das 24 que o time fez até aqui. E o Wizards depende muito de suas habilidades e de seu jogo estabilizador. Segundo Lowe, o time venceu apenas 7 de 39 partidas sem o brasileiro. Com ele, são 42 triunfos e 46 derrotas.


Vida nova: 5 jogadores que tentam salvar a carreira na NBA
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Giancarlo Giampietro

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

O esporte, assim como a vida, está rodeado de surpresas agradáveis, sim. Mas, ao mesmo tempo, decepção é o que não falta.

(Chorei.)

No jogo jogado, são diversos os atletas em quem se pode apostar uma fortuna, fazer planos grandiosos  e ver toda essa grana ir ralo abaixo. Por vezes, é questão de azar: uma lesão grave e precoce, por exemplo. Más influências externas também podem atrapalhar muito. A falta de personalidade para fazer valer o talento. Um técnico cabeça-dura e rancoroso. A simples avaliação errada de um departamento de scouts. E mais e mais fatores podem determinar uma aposta furada.

Mas qual é o momento exato para definir que uma determinada história deu errada? Até quando os dirigentes, treinadores, torcedores e analistas devem esperar para dar uma carreira como “acabada”? No Brasil, somos especialmente bons nisso. A facilidade que temos para julgar alguém como “lixo” é incrível. Muitas vezes sem saber nem quatro linhas sobre a vida ou o contexto em torno de um atleta qualquer.

Agora brecamos o negativismo por aqui, sem se apegar tanto a amarguras da vida, tá? Afinal, é final de ano, hora de erguer a cabeça, estufar o peito. Simbora.

Então, assim bruscamente, vamos virar o disco. Quer dizer, vamos identificar algumas das boas e surpreendentes histórias do início de temporada da NBA. Uma turma que vai usando os primeiros meses do campeonato para tentar prolongar suas carreiras:

Xavier Henry, ala do Lakers
O pai de Xavier jogava na Bégica. A mãe integrou a equipe feminina da universidade de Kansas. Seu irmão mais velho foi escolhido na primeira rodada do Draft de 2005 – na MLB. Quer dizer: o DNA estava ali, pronto para ser explorado. E não teve jeito: o garoto seguiu a trilha de esportista, com destaque desde cedo. Foi um dos destaques de sua geração no colegial, sendo eleito para jogar o McDonald’s All American, o Nike Hoops Summit (do qual foi o cestinha americano) e o Jordan Brand Classic. Badaladíssimo.

Xavier, astro colegial

Xavier, astro colegial

Depois de se inscrever na Universidade de Memphis, voltou atrás e seguiu a trilha da mãe e passou seu primeiro e único ano de NCAA jogando pelos Jayhawks. Na estreia, anotou 27 pontos e estabeleceu um recorde pela tradicional universidade. Tudo seguia de acordo com o plano, até ser selecionado pelo Memphis Grizzlies em 12º no Draft de 2010. Em suas primeiras semanas com Lionel Hollins, agradou o bastante para ser promovido a titular por 11 partidas. Aos poucos, porém, começou a sentir dores crônicas no joelho e, de janeiro em diante, foi escalado em apenas 10 jogos. Na segunda temporada, foi a vez de ele sofrer uma torção e ruptura de tendão no tornozelo.

Jogado de canto num time com aspiração de ir longe nos playoffs,  foi envolvido em uma troca tripla no dia 4 de janeiro por Marreese Speights (que seria um taa-buraco devido a lesões de Zach Randolph e Darrell Arthur), indo parar no New Orleans Hornets. Em sua nova equipe, nunca chegou a empolgar. Não passou dos 17 minutos por jogo em duas campanhas – teve médias no geral de 14,6 minutos e meros 4,3 pontos, acertando apenas 40,1% dos arremessos. Foi dispensado.

Talvez seja justo afirmar que, quando assinou um contrato  sem garantias com o Lakers para a atual temporada, ninguém deu bola. Até que, na pré-temporada, começou a fazer barulho e conseguiu passar pelos cortes para compor o elenco de um time que precisava de ajuda desesperadamente no perímetro, enquanto Kobe não voltava.

Ok, o ala vem com uma produção inconsistente, não é que esteja incendiando a cidade, mas ao menos seus espasmos indicam que talvez seja muito cedo ainda para que seja descartado. Só tem 22 anos.

(PS: Jonathan Abrams contou tudo com mais detalhe no Grantland esta semana).

Jordan Crawford, ala-armador do Boston Celtics
Crawford não era tão cobiçado assim quando adolescente e, para piorar, ainda perdeu todo o seu último ano de colegial devido a uma lesão de tornozelo. Ainda assim, fez o suficiente em Detroit para atrair algumas universidades, optando por se inscrever na tradicional equipe de Indiana, pela jogou por um ano (2007-2008).

Jordan Crawford, o armador

Jordan Crawford, o armador

Depois que o técnico Kelvin Sampson foi afastado, no entanto, transferiu-se para Xavier e teve de ficar uma temporada de molho por violar alguns dos mais diversos códigos que a NCAA impõe. Ainda assim, o cestinha conseguiu aquele que talvez seja o mais comentado lance de sua carreira, em 2009, quando enterrou na cara de LeBron James durante um coletivo em um camp organizado pelo próprio atleta (ou pela Nike em seu nome, digamos).

Quando voltou para as quadras para valer, arrebentou pelos Musketeers, com média de 20,5 pontos por jogo e 39,1% nos três pontos. Bastou para lhe garantir a 27ª colocação no Draft de 2010, o mesmo de Henry, para o Atlanta Hawks. Lá, ele arrumou uma confusão danada para os mais desatentos que fossem conferir as tabelas de estatísticas do time, uma vez que suas credenciais se misturavam com as de Jamal Crawford. Waka-waka-waka.

Mas esse foi basicamente o único destaque de sua passagem por Atlanta, mesmo, uma vez que foi repassado para o Washington Wizards ainda como um novato. Na capital americana, não demorou para deixar seu talento evidente (um pontuador criativo a partir do drible), ao mesmo tempo em que foi devidamente posicionado na turma dos cabeças-de-vento JaVale McGee e Andray Blatche como uma figura que não ajudava em nada na química no vestiário.

Em dois anos e meio pelo Wizards, por vezes substituindo John Wall na armação, ele conseguiu dois triple-doubles e algumas noites incríveis de cestinha, com quando 39 pontos contra o Miami Heat. Mas nunca chegou nem a 42% no aproveitamento de quadra e tirou muitos companheiros (e técnicos e torcedores) do sério com seu “apetite” pela bola. Em fevereiro deste ano, foi chutado fora da cidade e acolhido pelo Boston Celtics, em troca de um lesionado Leandrinho. Para ver a moral que tinha.

Num time em derrocada física, não ajudou muito nos playoffs. Mas eis que, nesta campanha, em meio a um time de renegados ou desprestigiados, Crawford encontrou a Luz. Ou Brad Stevens, no caso, que o transformou num armador competente, enquanto não termina a reabilitação de Rajon Rondo. O técnico novato guia o a talentoso jogador em sua temporada mais eficiente na liga, e de longe, na qual, não por acaso, é a que está mais passando a bola.

Ao Zach Lowe, do Grantland, Stevens jura que não teve uma conversa do tipo “venha-conhecer-jesus” – e foi esta a pergunta de jornalista, de me matar de rir.

“A única coisa que eu queria ter certeza era de que ele sabia do meu ponto de vista: que era um novo começo e que acreditamos nele”, afirmou. “Eu já tinha visto ele ser quase impossível de se parar na faculdade, em um jogo que eu treinei contra ele. Eu sabia que ele era um cestinha implacável. A outra coisa que eu sabia era que ele não está com medo em momento algum. Mesmo no Torneio da NCAA, numa atmosfera tensa daquelas, e isso pede muito colhão.”

E o que saiu daí? Simplesmente que o Miami Heat está interessado em seus serviços.

DeMarre Carroll, ala-pivô do Atlanta Hawks
“Junkyard Dog”.

Algo como “Cachorro de Ferro-Velho”. Bravo, salivando para dar umas boas dentadas em quem ousar escalar e saltar a grade. Se cuida aí, mermão!

(Associo sempre esse tipo de cão ao doberman, que anda sumido de nosso ecossistema. Sem preconceito, ok.)

Bem, era esse o apelido de Carroll em seus tempos de universitário, especialmente quando ele jogava sob a orientação de seu tio, Mike Anderson, em Missouri – depois de duas temporadas por Vanderbilt.

Criado no Alabama, o ala-pivô não despertava tanta atenção assim dos olheiros, mas conseguiu bolsa-atleta  um universidades grandes – embora não necessariamente de ponta, esportivamente falando. Pelos Tigers, teve seu grande momento ao liderar uma campanha rumo às quartas de final do Torneio da NCAA.

Foi quase uma dádiva para um garoto que havia recebido uma notícia para lá de preocupante um ano antes. Incomodado com uma persistente coceira nas pernas, Carroll procurou dermatologistas para saber se tinha alguma espécie de alergia. Depois de muita investigação, acabou constatado algo bem mais grave: uma doença no fígado. Pior: uma doença no fígado que muito provavelmente exigiria um transplante no futuro.

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

A doença foi mantida sob sigilo por um bom tempo – segundo os médicos, era algo que não afetaria sua carreira. Ele poderia jogar o quanto quisesse e cuidar do órgão depois. Acontece que, após sua grande campanha nos mata-matas universitários, durante os treinos privados pré-Draft, o segredo acabou revelado. Por mais que tentasse amenizar a notícia, viu sua cotação cair. Não era o fim do mundo, contudo. Acabou escolhido pelo Memphis Grizzlies em 27º.

Aos 23 anos – mais velho que o calouro regular destes tempos –, estaria pronto para ajudar na rotação de Lionel Hollins, antes da chegada de Xavier Henry. Ou não. Mesmo num elenco jovem, em formação, na lista dos minutos distribuídos pelo técnico, foi apenas o nono mais utilizado.

Na temporada seguinte, foi trocado para o Houston Rockets, que devolveu Shane Battier ao time do Tennessee. Menos de um mês depois, em abril, foi dispensado. Só voltou no campeonato seguinte, defendendo o Denver Nuggets. Ficou no clube de dezembro a fevereiro, quando foi novamente mandado para o olho da rua, tendo participado de apenas quatro partidas.

De qualquer forma, a recuperação estava por vir. Foi contratado prontamente pelo Utah Jazz, encontrando espaço no banco de reservas do time, fazendo aquilo que mais sabe: correr pela quadra toda, enchouriçar a vida de quem estiver driblando nas redondezas, lutar por rebotes. O serviço sujo. Mesmo sem Deron Williams, o time deu um jeito de se intrometer entre os oito classificados aos playoffs do Oeste.

Depois de mais um ano de contrato pelo Utah Jazz, foi recompensado nesta temporada com uma proposta de certa forma surpreendente – mais de US$ 7 milhões por três anos. E, sim, para quem interessar possa, um valente como Carroll já garantiu US$ 12 milhões na carreira, no mínimo.

“Eu sou o junkyard dog e você realmente não pode tirar isso de mim”, orgulha-se.

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ala do Philadelphia 76ers
Quase todo o elenco do Sixers podia estar listado aqui, na verdade. É o time com mais refugos desde a montagem do Charlotte Bobcats em seu draft de expansão. Mas vamos com este, ao menos por enquanto.

(Além do mais, com um nome tão comum como esses, é um caso perfeito para esta lista, não? Numa liga dominada por LeBrons, Kobes, Dwyanes e Carmelos, fica difícil prosperar como “James Anderson”. Para piorar, ele não consegue ser nem mesmo o “J.A.” mais bem ranqueado na pesquisa do Google, perdendo para um jogador de críquete qualquer homônimo.

Mas, então, sobre o ala Anderson: aqui estamos falando de mais um “McDonald’s All-American”, vindo do Arkansas. Em seu primeiro jogo de NCAA, por Oklahoma State, marcou logo 29 pontos. No segundo ano pela equipe, teve média de 18,3 pontos e foi chamado para a Universíade. Ao final da terceira temporada, com 22,3 pontos, foi eleito o jogador do ano da conferência Big 12.

Estava pronto, então, para entrar na NBA, sendo selecionado pelo San Antonio Spurs em 20­º. E aí que ele se tornou um raro caso de jovem jogador que não evoluiu sob a tutela de Gregg Popovich no Texas. Se, por um lado, teve um pouco de azar com lesões na temporada de novato, por outro ousou reclamar do técnico por não receber os minutos que achava justo ter nos campeonatos seguintes. Aiaiai. Vagou pelo Austin Toros, a filial de desenvolvimento do clube, sem causar sensação alguma e simplesmente não teve seu contrato estendido. O Coach Pop simplesmente desistiu do atleta em dois anos. A partir daí, passaria um bom tempo na estrada viajando de um lugar para outro.

Anderson tentou, então, um emprego com Danny Ferry no Atlanta Hawks, mas não foi aprovado. Foi inscrito na D-League novamente, pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Houston Rockets. Foi chamado novamente pelo Spurs para cobrir um período de lesão de Stephen Jackson. Voltou para o Vipers, mas foi promovido de imediato para o Rockets, pelo qual disputou apenas dez partidas.

Na hora de escolher os chutadores que rodeariam James Harden e Dwight Howard em quadra, porém, Daryl Morey preferiu outras opções e foi mais um a dispensar Anderson. E aí Sam Hinkie, ex-braço direito de Morey, o recolheu de imediato na lista de waiver.  Em Philadelphia ele também reencontraria o técnico Brett Brown, ex-assistente do Spurs. Ufa.

“Esta é definitivamente uma grande oportunidade para mim. Sinto que esta é o melhor chance que tive até agora. Definitivamente quero aproveitá-la”, afirma Anderson, que começou a temporada como titular nas alas. Ok, agora está saindo do banco, mas jogando mais de 20 minutos por partida, com média de 10,9 pontos e aproveitamento de 47,7% nos arremessos neste mês. Aos 24 anos, ele enfim conseguiu um pouco de estabilidade.

“Ele se encaixa com nosso estilo com suas habilidades para correr na quadra”, disse Brown. “Ele tem um temperamento calmo. Sabe, talvez ele apenas esteja em uma fase de sua carreira em que vai aproveitar e seguir adiante. Talvez eu e nosso clube estejamos pegando James Anderson no momento certo de sua carreira.”

Josh McRoberts, ala-pivô do Charlotte Bobcats
Era 2005, numa época em que a NBA ainda permitia que os colegiais entrassem direto na liga, sem precisar passar pela hipocrisia do mundo da NCAA. De sua geração, Monta Ellis, Lou Williams, Martell Webster, Gerald Green, CJ Miles, Amir Johnson e Andrew Bynum, todos McDonald’s All-Americans, aproveitaram a brecha e se declararam para o Draft. McBob, considerado o ala-pivô mais promissor do país na categoria, optou por jogar em Duke antes de ganhar seus milhões.

Daí que… Podemos dizer que ele foi uma das maiores frustrações no reinado do Coach K. O potencial atlético do jogador sempre foi evidente, assim como sua versatilidade, preenchendo a tabela de estatísticas. Mas ainda havia muito o que trabalhar em seu jogo, como o físico, a consistência e fundamentos (rebote nunca foi o seu forte, por exemplo, a despeito de sua altura, impulsão e agilidade).

Os scouts começaram a se cansar do cara, a garotada em Duke também, e McBob resolveu sair ao final da segunda temporada. No fim, não fez uma coisa (entrar cedo, após o colegial, com base na aposta em seu talento natural), nem outra (ir para a faculdade para desenvolver seu jogo e se candidatar como um prospecto refinado). Resultado: despencou até a 37ª posição do Draft de 2007, via Portland Trail Blazers.

Na Rip City, o ala-pivô foi o jogador que menos minutos recebeu de Nate McMillan: apenas 28. No ano todo!  Bem, em 2008 acabou trocado para o Indiana Pacers, voltando para sua cidade natal com a benção de Larry Bird. Demorou dois anos, mas na temporada 2010-11, enfim, ele virou um jogador de NBA de verdade, com 22,2 minutos por partida, dividindo posição com Tyler Hansbrough, enquanto David West não chegava.

Como agente livre em 2011, assinou com o Los Angeles Lakers – a ideia dos Busses era combiná-lo com Troy Murphy para tentar suprir a ausência de Lamar Odom. Não deu tão certo assim, e na temporada seguinte ele acabou envolvido na supertroca que levou um suposto superpivô que marcaria história no time. “Isso não me incomoda. Não é que eles me trocaram por uma máquina qualquer ou algo assim. Eles me trocaram por um dos melhores jogadores da liga”, afirmou.

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

Em Orlando, McBob nem bem arrumou as malas  e já teve de se mudar para Charlotte, aos 25 anos.  “Estava em uma situação horrível em Orlando, onde eles só queriam me ver fora dali. Eles queriam jogadores jovens e contratos expirando. Em Los Angeles, também não estava muito bem, mas isso não é culpa de ninguém. Foi apenas o jeito como as coisas evoluíram para os agentes livres depois do locaute”, disse.

E foi pelo Bobcats que se encontrou.  Embora continue mal nos rebotes, vem com o melhor índice defensivo de sua carreira. Mas o que chama mais a atenção, mesmo, é sua média de 4,3 assistências por jogo, tecnicamente empatado com o armador Kemba Walker no fundamento. Além disso, ele é o segundo que mais cestas de três fez na temporada, atrás também de Walker.

“Tem sido ótimo para mim até aqui, em termos de ganhar uma oportunidade de jogar na minha posição. Você não quer nunca se acostumar em quicar de um lado para o outro. Este é meu sexto ano e já vi tanta coisa. Agora só quero ficar em um lugar em que eu tenha a oportunidade de ajudar e, tomara, vencer algumas partidas”, disse o ala-pivô.

No que depender Michael Jordan, de Charlotte ele não sai: “Espero que ele não exerça sua cláusula contratual. Temos de fazer de tudo para manté-lo”, disse o proprietário da franquia.

Menções honrosas: Gerald Green em Phoenix, Michael Beasley em Miami, Andray Blatche no Brooklyn, Wesley Johnson em Los Angeles e Lance Stephenson em Indiana. Quem mais?


Tudo errado em Philadelphia: Sixers termina a 1ª semana semana invicto
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Giancarlo Giampietro

MCW, fazendo de tudo para estragar os planos de inscuesso do Sixers

MCW, para com isso

Talvez os jogadores do Philadelphia 76ers não tenham entendido direito o recado. Sam Hinkie, o novo gerente geral da equipe, estava fazendo de tudo para sabotar seus prospectos para esta temporada, com o objetivo de se colocar no páreo para as melhores posições do próximo Draft.

Ele foi o último a contratar um treinador. Sua folha salarial não atinge nem mesmo o mínimo requerido pela liga. O elenco parecia mais preparado para competir na D-League do que da liga principal.

E o que a rapaziada me faz em quadra, na primeira semana da temporada? Vencem. Não param de vencer – já são três triunfos em três rodadas. Não contentes em bater o Miami Heat na noite de abertura, eles ainda derrotam o Chicago Bulls.

Aí, não, né? Exageraram. Tudo errado!

“Sabemos o que todos têm dito e escrito sobre nós”, afirma o treinador Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e ex-comandante da seleção australiana masculina. “Nossos caras estão se dedicando no dia a dia, algo que sempre foi nossa mensagem. Sou sortudo de ter encontrado um grupo que curte tanto a companhia de cada um que gosta de jogar junto.”

Mas tudo isso pode não passar de apenas um equívoco  por parte do armador Michael Carter-Williams, grande responsável em quadra por esse sucesso inesperado. Sabe como é, né? O cara é novato, ainda não entende direito como devem funcionar a coisas.

A escolha número 11 do Draft tomou a semana inaugural da NBA de assalto, com inacreditáveis médias de 20,7 pontos, 9 assistências e 4,7 rebotes. Sua atuação contra o Heat, aliás, foi uma das maiores estreias da história, beirando um quádruplo duplo absurdo.

“O técnico me dá muita confiança. Posso jogar com liberdade e apenas fazer as coisas acontecerem para minha equipe”, afirma.

Só não pode colocar toda a culpa no calouro, todavia. Um veterano como o pivô Spencer Hawes deveria saber muito bem que seus 19,3 pontos e 11,3 rebotes não ajudam em nada, mas nada mesmo nos grandes objetivos do clube. Além do mais quando ele resolve acertar 50% de seus arremessos de três pontos.

E o que dizer de Evan Turner? Com um rendimento um tanto decepcionante para alguém que foi o número dois do Draft de 2010, o ala me resolve, justo agora, elevar seu padrão de jogo, dividindo bem a bola com Carter-Williams – algo que não consegui nos últimos anos ao lado de Jrue Holiday ou Andre Iguodala.

Enfim, são diversos os detalhes que encaminham esse inesperado início. Com três vitórias, o Sixers só precisa de mais sete para ao menos escapar da pecha de “pior equipe da história”, título que pertence justamente à versão de 1972-73 da franquia (9-73!).

Era algo que muitos julgavam como uma séria ameaça para este elenco. Mas está cedo ainda, de qualquer forma. Sam Hinkie ainda tempo suficiente para mexer em seu time e colocar a equipe no seu devido rumo. De derrotas.


Quem diria? Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam Clippers
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Giancarlo Giampietro

Xenry decola!

Xenry decola!

Na verdade, o título deveria estar acompanhado de muitos pontos de exclamação e interrogação. Algo como: “Quem diria?!?!?!?!?!?!?!?!?!?! Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam o badalado Clippers”.

Mas não caberia. Temos um limite de 75 caracteres agora para produzir uma manchete apelativa e sensacionalista para fisgar você, leitor. Somos todos uns aproveitadores, admitamos.

O post não fica nisso, claro. Todas as arrobas de exclamações que poderíamos inserir na frase acima teriam a ver com o fato de que, sim, hoje, qualquer vitória do Lakers para cima do Clippers será algo completamente inesperado – algo que, para os mais tradicionalistas, ainda é muito difícil de assimilar. Então seria a surpresa da surpresa, sabe?

E foi o que rolou na noite de abertura da temporada 2013-2014, com o time de Mike D’Antoni marcando incríveis 41 pontos no quarto período para vencer por 116 a 103. Ainda sem Kobe Bryant. Com Steve Nash e Pau Gasol marcando, juntos, 18 pontos. Nenhum dos dois astros jogou por mais de 30 minutos. Por essa só esperava aquele torcedor mais tapado, mesmo.

Dentro do elenco, porém, o resultado não chega a ser nenhum absurdo. O próprio D’Antoni vem falando constantemente sobre como estariam subestimando a equipe – claro que ele não poderia jogar a toalha antes de o campeonato começar, mas ele realmente tem insistido sobre em como o ambiente estaria significativamente mais otimista no lado amarelo e roxo do Staples Center. “Nesta pré-temporada, tudo foi muito mais positivo que no ano passado, e fizemos as coisas de um jeito muito melhor”, afirma Gasol. “A atmosfera, a atitude e a união dos jogadores tem sido realmente positiva. Agora, temos de ver se isso vai nos ajudar.”

Não dá para tirar muitas conclusões com apenas 48 minutos dos 3.936 que o Lakers ainda vai disputar nesta temporada. Mas não deixa também de ser uma primeira partida que sublinha essa percepção animada nesses primeiros meses sem Dwight Howard – e, necessário dizer, Kobe Bryant no dia-a-dia dos treinamentos.

Contra o Clippers, quem decidiu a parada foram os reservas. A equipe entrou no quarto final com desvantagem de quatro pontos. O que, levando em conta as expectativas em torno de ambas as franquias, já estaria supostamente de bom tamanho. Só esqueceram de combinar com os reservas de D’Antoni. Os reservas, gente. Contra o que os rivais têm de melhor.

Jordan Farmar, Jodie Meeks, Xavier Henry e Jordan Hill botaram para quebrar e compensaram todos os esforços de Wesley Johnson (1-11 nos aremessos) para acabar com a festa. Foi com esse quinteto que eles chutaram o traseiro de Chris Paul e Blake Griffin, para carimbar a estreia de Doc Rivers em Los Angeles.

Os cinco, juntos, terminaram com um saldo de pontos superior a 15, com Meeks, tão apagado no ano passado, liderando com +19. Juntos, eles mataram mais de 50% de seus tiros de três pontos (9-17), deram 13 assistências (das 23 do time), recuperaram a bola em quatro ocasiões e ainda apanharam 24 rebotes.

Henry deu sequência ao seu bom momento da pré-temporada, somando, em apenas 26 minutos, 22 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, com excepcionais 8-13 nos arremessos de quadra e 3-4 nos tiros de longa distância. O ala dispensado por Grizzlies e Hornets/Pelicans já vale o seu próprio post. Parece uma bela história. Jordan Farmar é outro: terminou com 16 pontos, 6 assistências e 4 rebotes, em 27 minutos. Faz um bom tempo em que o armador se apresenta de modo muito mais confiante em quadra, bem diferente daquele reserva de Derek Fisher nos tempos de Phil Jackson.

Com esse quinteto, obviamente o Lakers fica muito mais rápido e atlético em quadra, com figuras que se encaixam bem no sistema desenhado por D’Antoni que revolucionou a liga na década passada. Os números acima atestam isso. Só é difícil pensar que o time vá vencer muitos e muitos jogos dependendo exclusivamente dessa turma. Nash, ainda travado, terá de jogar mais: do contrário, seus minutos devem ser repassados a Farmar. Gasol vai precisar ser uma presença dominante no garrafão. E ainda nem sabemos exatamente o que se vai passar com Kobe.

De qualquer forma, por uma noite que seja, a hierarquia histórica em Los Angeles, aquela que não permite exclamações ou interrogações,  foi restabelecida.


México toma de assalto o grupo da Argentina e se recoloca no mapa do basquete das Américas
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Giancarlo Giampietro

O técnico Sergio Valdeolmillos e sua prancheta

Treinador Sergio Valdeolmillos e a equipe-sensação do torneio

Ter um ala-pivô de NBA, que já foi um jogador top na Liga ACB, em meio a um monte de adversários desfalcados, pode fazer toda a diferença nesta Copa América.

Né, Luis Scola Gustavo Ayón?

Com o ala-pivô do Atlanta Hawks em sua escalação, o México se transformou no bicho papão do Grupo A da Copa América, vencendo seus três primeiros jogos – da mesma forma que fez Porto Rico no Grupo B, de Brasil.

Se alguém estava escondendo jogos nos amistosos, temos o vencedor: a seleção mexicana, que trouxe seus jogadores desconhecidos para um giro de amistosos arqui no Hemisfério Sul e, na hora do vamos ver, adicionou um craque do quilate de Ayón para fazer a diferença. Mas vamos falar especificamente sobre ele um pouco mais adiante no torneio, mas só fica um aviso: de nada vale olhar sua ficha de estatísticas de NBA na hora de avaliar seus talentos. De todo modo, o que temos é uma surpreendente seleção, passados quatro dias.

“Eu bem que gostaria assumir que podemos chegar ao Mundial. É verdade que a soma de vitórias nos gera outra responsabilidade e motivação. Mas a análise que fazemos é que o México não tem uma história no basquete. Viemos com muita humildade”, afirmou o técnico Sergio Valdeolmillos.

Neste ponto, vale destacar a curiosa e relação entre México e o restante do continente.

Com gente da Patagônia ao Alasca, a cada dois anos, a Fiba realiza essa confraternização chamada Copa América, em que velhos conhecidos como Daniel Santiago, Hector Romero, Rubén Garces e outros tantos personagens se reencontram para colocar a conversa em dia. Figuras que o amaaaaante do basquete brasileiro – coisa piegas, hein? Mas vá lá… – aprendeu a achincalhar ou adorar, dependendo do gosto, que tem pra tudo. Nesse ambiente, contudo, os primos pobres da América do Norte parecem verdadeiros estranhos no ninho.

São pouquíssimas as referências que temos deles. Até outro dia desses “Eduardo Nájera” parecia sinônimo de “basquete mexicano”. Ou que tal “Horacio Llamas”? Algo natural, considerando que seja muito difícil o esporte se desprender da política e cotidiano de um país – e eles estão completamente virados para o Norte de sua fronteira, nesse sentido. Seus jogadores estão espalhados pelas universidades das diversas conferências da NCAA espalhadas pela Costa Oeste americana. Na contramão, a liga mexicana paga bem, aproveita americanos de maior quilate do que os que estamos acostumados a receber em clubes do NBB. E fica basicamente  por aí o intercâmbio dos caras.

Daí que corre-se o risco de assumir Ayón como o Nájera da vez, ignorando outros jogadores perigosos como o chutador Orlando Méndez, ala-armador com 14,3 pontos e aproveitamento de 50% nos tiros de três pontos até aqui, um perigo quando livre na zona morta. Os defensores precisam ficar colados para contestar seu arremesso, considerando sua baixa estatura.

Mas vale ficar de olho, mesmo, no ala-armador Jorge Gutiérrez, 24, 14,7 pontos de média e aproveitamento de 61,9% nos arremessos até aqui. O ex-aluno da Universidade da Califórnia não teve problema nenhum em ralar com Alex Garcia nos amistosos de preparação – foi um atleta que chamou muito minha atenção no confronto realizado no Paulistano, por seu primeiro passo explosivo e a habilidade para converter bandejas. Basicamente: um sujeito muito difícil de se conter quando ele bota na cabeça que seu destino final é a cesta.

E adivinha só?

Em seu perfil no site oficial, a Fiba coloca uma foto de… Gustavo Ayón, claro. Figura onipresente, num México que entrou de vez na briga por vaga Copa do Mundo.

Hora de aprender um pouco mais sobre eles.

*  *  *

O México não joga o Mundial desde 1974, quando terminou com a oitava colocação. Sua melhor classificação? Um oitavo lugar em…1967, no Uruguai, quatro anos depois de ter ficado, no Rio de Janeiro, em nono. Em termos de Olimpíadas, olha que coisa: ganharam um bronze histórico nos Jogos de Berlim 1936. O país não disputa essa competição desde Montreal 1976, quando ficou em décimo.

*  * *

Nono, sexto, décimo, sétimo, sétimo e ausente: esse é o retrospecto da seleção mexicana nas últimas seis edições da Copa América. Sim, eles nem jogaram em Mar del Plata.

*  *  *

No Draft Brasil, o fuçador Luiz Gomes resgata a história de Manuel Raga Navarro, um craque mexicano que em 1970 chegou a ser draftado pelo Atlanta Hawks, em posição de pioneiro. Ele esteve presente nas campanhas da década de 60 citadas acima. Muito antes de Nájera e Ayón. Vale muito a leitura.


Caras da Copa América: Renaldo Balkman, o homem banido das Filipinas
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Giancarlo Giampietro

Balkman no rebote

O pogobol Balkman na disputa por rebote – enquanto não faz nenhuma besteira em quadra

LeBron James ministrou uma clínica de basquete em Manila para 15 mil pessoas. Clínica nada, claro. Era mais um evento de adulação ao superastro do Miami Heat, com direito a show pirotécnico. Kobe Bryant também se divertiu um bocado por lá, como vemos nessa galeria, depois de ter enfrentado uma tempestade durante seu voo. JaVale McGee? Quase se naturalizou filipino.

As Filipinas amam a NBA e o basquete. Eles estão abertos a tudo. Só não querem saber mais de ver Renaldo Balkman nem pintado de ouro

Em março deste ano, o ala-pivô da seleção de Porto Rico aprontou um fuzuê inacreditável durante sua breeeeve passagem jogando na liga local. Vestindo a camisa do Petron Blaze Boosters (!?), num confronto com o Alaska Aces (!?!?), o rapaz  perdeu por completo as estribeiras em quadra após discordar de uma decisão da arbitragem.

Num episódio que rodou o mundo, Balkman começa a berrar na direção de um dos juízes. Quando um dos assistentes de sua equipe tenta chegar no clima de “deixa-disso”, levou um “chega-pra-lá”. Depois foi a vez de encarar um companheiro de time, com aquela postura de “tira-a-mão-di-mim”. E segue com sua insanidade. Dedos em riste, cabeça tombada, gritos e gritos, enquanto os adversários estão cobrando lances livres. Até que sobrou para Arwind Santos, outro parceiro de time, que… Acaba estrangulado! E não para nisso. Se acha impossível, veja aqui:

O episódio naturalmente deixou muita gente perplexa, incluindo o comissário da liga, Chito Salud, que optou por banir o porto-riquenho do basquete filipino para toda a eternidade. Além disso, só para deixá-lo sem o dinheiro do busão, também aplicou uma multa de 250 mil pesos filipinos, que dava na época algo como US$ 6 mil.

Depois, arrependido que só, Balkman usou o Twitter para tentar se redimir. “Gostaria de pedir desculpas a Arwind Santos como pessoa, alguém que respeito verdadeiramente (a-hã) e alguém que não iria machucar intencionalmente. Minhas ações foram irresponsáveis (ah, vá)”, disse o cabeludo, que falou que foi levado pelas emoções de um jogo intenso e que curtiu sua estadia nas Filipinas. “Todo mundo faz uma vez na vida algo que não era para se fazer e me deu branco naquela hora.”

Foi bom enquanto durou – ele tinha médias de 25 pontos, 13,4 rebotes, 2,4 assistências e 2,7 tocos por jogo na temporada, enfrentando uma concorrência bem fraca. Chito Salud não se sensibilizou com a resposta, mantendo a decisão da liga. Até porque ele citou este episódio aqui para julgar o atleta como reincidente:

Aqui, vemos Balkman “encarando” o venezuelano Greivis Vasquez, durante a Copa América/Pré-Olímpico de 2011, em Mar del Plata. Ele não gostou de uma falta dura do hoje armador do Sacramento Kings. Acabou suspenso por um jogo, ao lado de Nestor Colmenares, que chega para o empurrão em defesa de seu companheiro.

Sabemos também que o ala-pivô também já teve problemas disciplinares com a seleção porto-riquenha, abandonando o time por considerar que não estava sendo aproveitado de modo adequado.

Mas, tudo bem. Paramos por aqui, porque a ideia nem é pintar Balkman assim como o maior bandido do planeta. Só é preciso tomar cuidado com ele em quadra. Porque isso faz parte de todo um pacote de um dos jogadores realmente mais intensos que você pode encarar em quadra.

Ele definitivamente não é dos mais talentosos. Mas foi abençoado com uma capacidade atlética incrível – acho que consegue dar uns quatro ou cinco pulos em sequência na busca de um rebote, sem peder um centímetro na impulsão de pogobol – e muita determinação, correndo sem parar pela quadra. Incomoda mesmo, com os brasileiros puderam atestar na disputa da Copa Tuto Marchand, em que ele se aproveitou da lentidão dos adversários para revier seus tempos de astro filipino, com 24 pontos, 15 rebotes e quatro roubos de bola.

Renaldo Balkman

Balkman matou o garrafão brasileiro no último amistoso

Só com muito esforço e garra, mesmo, para que pudesse encaminhar sua carreira adiante. Quando estava no colegial, Balkman mal podia sonhar com alguma bolsa de estudos até que foi descoberto pelo técnico da Universidade da Carolina do Sul, Dave Odom, durante uma partida de eu Laurinburg Institute, em Orlando. “Eu me lembro da primeira vez que o vi. Estava sentado neste ginásio, com (o assistente) Barry Sanderson, e perguntei: ‘Quem é aquele garoto com os dreadlocks? É deste cara que precisamos’. Barry foi atrás, voltou e ninguém sabia seu nome”, afirmou o técnico.

É isso. De um jeito ou de outro, o jogador sempre esteve correndo – e por fora. Até que, de última hora, aparece alguém para acreditar. Quando, no Draft de 2006, o New York Knicks o escolheu na posição número 20, poucos puderam acreditar. Poucos, menos Isiah Thomas, então o chefão da franquia nova-iorquina, um dos piores gestores que a NBA já viu, mas um sujeito de grande reputação na hora de identificar talentos. Seria esse mais um diamante bruto descoberto pelo ex-genial armador?

Hoje, sabemos que não foi o caso. Balkman até desfrutou de algum sucesso em sua primeira pela temporada como um Knick, mas em nenhum momento justificou uma escolha tão alta, ainda mais quando gente como Rajon Rondo e Kyle Lowry estava disponível. (Embora, um parêntese: Cedric Simmons Rodney Carney, Shawne Williams, Oleksiy Pecherov e Quincy Douby foram os cinco jogadores selecionados antes de Thomas tomar sua decisão… Então não é que Rondo ou Lowry fossem tão amados assim naquele Draft.)

Não demorou muito, então, para que o atleta fosse chutado para fora de Nova York, trocado por um saco de batatas do Denver Nuggets, durante o expurgo do legado de Thomas que Donnie Walsh promoveu, numa reconstrução de elenco que depois resultaria na contratação de Amar’e Stoudemire e Carmelo Anthony. Alías, bem lembrado: quando Melo conseguiu forçar a barra para deixar as Montanhas Rochosas rumo a Manhattan, ironicamente Balkman foi incluído no mesmo pacote, de volta ao Knicks. Neste retorno, porém, jogou muito pouco até ser dispensado em fevereiro de 2012.

Foi aí que Balkman caiu na vida de andarilho do basquete e chegou a Manila. Para lá, no entanto, ele nunca mais pode voltar.