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Categoria : Notas

Steven Adams emerge para causar alvoroço no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Não há nem sangramento que segure Adams contra os melhores do Oeste?

Não há nem sangramento que segure Adams contra os melhores do Oeste?

Quando o San Antonio Spurs contratou LaMarcus Aldridge, renovou com Tim Duncan, manteve Boris Diaw e ainda fez questão de fechar com David West e Boban Marjanovic, ficou claro: Gregg Popovich queria voltar aos tempos de jogo pesado no garrafão, para tentar fazer paçoca dos adversários e, ao mesmo, se preparar para um eventual embate com o Golden State Warriors. Não dava para correr, duelar em tiros de três pontos ou flexibilizar com eles, acreditava.

Bom, acontece que sua linha de frente envelhecida não conseguiu lidar com a do Oklahoma City Thunder pelas semifinais da conferência. E o duelo como os veteranos do time texano serviu como um bom aquecimento para Steven Adams e amigos. Ao lado de Serge Ibaka e Enes Kanter, o neozelandês saiu de quadra nesta terça-feira mais uma vez dominante, para conduzir seu time a uma intrigante vitória por 108 a 102, para roubar o mando pela final do Oeste.

O emergente pivô combinou 16 pontos com 12 rebotes e 2 tocos em raríssimos 37 minutos de ação por Billy Donovan, 12 acima de sua média nas últimas duas temporadas. Se o técnico mal tirou o folclórico gigante de quadra, é porque não dava, mesmo. A produção de Adams não o permite: com ele patrulhando o garrafão e finalizando com propriedade, seu time teve saldo favorável de 19 pontos.

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Foi o quarto double-double seguido pata o bigodudo nestes playoffs. Nestes quatro jogos, ele anotou surpreendentes 59 pontos, ou, podemos arredondar, 15,0 por rodada. Em termos de rebotes, se formos levar em conta as seis últimas partidas, foram 73, ou 12,1. Chegou a hora de treinadores adversários se prepararem melhor para marcar o kiwi em seus mergulhos no garrafão. Como se lidar com Kevin Durant e Russell Westbrook não fosse o suficiente.

Depois de bater Tim Duncan com vigorosa facilidade, pelo Jogo 1 da final de conferência foi a vez de fazer Andrew Bogut parecer bem velho, mesmo (só 3 rebotes, 2 tocos e nenhum arremesso tentado em 17 minutos). Quer dizer: Duncan e Bogut estão travadões, mesmo. Para ajudar, besta batalha de monstrengos da Oceania, o gigante australiano está se recuperando de um estiramento no adutor direito, ficando ainda mais limitado em seus deslocamentos.

Adams tenta segurar Curry no perímetro. Antes de declaração infeliz

Adams tenta segurar Curry no perímetro. Antes de declaração infeliz

Adams está se esbaldando em jogadas de pick-and-roll e nos rebotes ofensivos, prevalecendo atleticamente, mas também mostrando mais agressividade e habilidade para pontuar ao redor da cesta. Está claramente mais confiante, desenvolto, ganhando o respeito de seus companheiros. Isso aumenta muito sua cotação, para ir além da imagem de grandalhão atlético, enérgico, bom no rebote, mas marreteiro. De repente, a dupla Durant-Wess ganhou a companhia de um terceiro cestinha, e melhor: alguém cujo estilo se molda adequadamente ao que costumam fazer no ataque. Ao contrário de James Harden, que precisa criar com a bola em mãos.

Sempre o Harden, né? Até porque é difícil apagar uma transação dessas dos registros. Mas a menção aqui não é tão gratuita. O pivô neozelandês é justamente a única peça que veio naquela troca que ainda jogando para valer por OKC — Mitch McGary ficou para depois. Obviamente que Adams não é mais valioso, um jogador superior ao Sr. Barba. E também resta saber como o Warriors vai fazer para marcá-lo daqui para a frente. A série só começou. Mas o gerente geral Sam Presti deve estar se sentindo bem ao ver o desempenho recente do atleta.

Que Adams e Kanter tenham conseguido jogar juntos até contra a “escalação da morte”  dos atuais campeões, sem sofrer na defesa, então, é para fazer o chefinho de OKC pedir aumento. Isso muda tudo no tabuleiro.

No final do primeiro,.Donovan tentou usar Durant e Ibaka em sua linha de frente, numa formação mais leve. De imediato, Steve Kerr também rebaixou seu time, lançando a temível formação com Draymond Green como pivô solitário. Restando 4min04s, os anfitriões ampliaram sua vantagem de seis para 13 pontos.

No segundo tempo, não teve dupla light na zona pintada para Donovan, que voltou a apostar na parceria que deu tão certo pelos períodos finais contra o Spurs: Adams e Kanter. Juntos, os dois jogos pivôs deram saldo de 14 pontos para OKC em 7min45s. No geral, nos 24 minutos após o intervalo, a defesa do time forçou muitos turnovers, soube marcar os arremessos de fora e, completando o serviço, ainda contestou ou amedrontou os perigosos cestinhas do Golden State, que acertaram 8 de 19 arremessos de curta distância, aquela que vão se tornando uma especialidade de Adams. Dominando os rebotes a partir dos erros, tiraram velocidade da partida. No quarto período, o quinteto mortal da casa apanhou, sendo superado por -19,5 pontos por 100 posses, marca que ficaria bem abaixo até mesmo do Philadelphia 76rs no decorrer do campeonato.

Esse tipo de desempenho defensivo, consistente, não deixa de ser surpreendente. Durante a temporada regular, o Thunder intimidava poucos quando tinha de proteger sua cesta. Era o time que nunca tinha uma vantagem absolutamente segura. Como quando perdeu para o Los Angeles Clippers com folga aparentemente inapelável de 17 pontos no Staples Center. À época, Durant reclamou: “Eles tiveram disciplina, nós, não. Se quisermos virar um grande time, do modo como estamos jogando, estamos nos enganando”.

Contra o Warriors, na hora decisiva, foram muito mais sólidos marcando. Foi dessa forma que OKC venceu um jogo em que Durant e Westbrook converteram apenas 17 de 51 arremessos e no qual o time como um todo fez apenas uma cesta em oito tentativas durante o “crunch time”, fora de casa, contra um adversário que teve mais descanso (mas com Steph Curry também à procura de seu melhor ritmo, a despeito do show que havia dado em Portland — 26 pontos em 22 arremessos e sete assistências para sete turnovers).

A defesa fica mais forte com Adams em quadra. Se ele não representasse uma ameaça no ataque, seria muito difícil mantê-lo em um jogo de playoff, por comprometer o espaçamento. Como este terror, que tudo crava, pode, na verdade, contribuir para seus companheiros, puxando a marcação para dentro, como Tyson Chandler fazia por Dallas. Quando questionado durante a série contra o Spurs sobre esse paralelo, o neozelandês se surpreendeu.

À distância, parece natural o desenvolvimento de um pivô de 22 anos que passou a jogar em um grande centro apenas aos 19, quando recrutado pela Universidade de Pittsburgh. “Tudo isso (de progresso) acontece muito devagar. Vai levar um bom tempo ainda para eu chegar ao nível que quero. Estou bem distante, mas estou me esforçando. Estou acostumado com longas jornadas”, afirmou ao jornalista Brian Windhorst, do ESPN.com. “Eu me tornei um viciado em melhorar.”

Vigor de Adams foi importantíssimo para OKC eliminar San Antonio

Vigor de Adams foi importantíssimo para OKC eliminar San Antonio

Foi mais um desses perfis em somos lembrados sobre como Adams tem 17 irmãos e uma deles é bicampeã olímpica como lançadora de peso e sobre como ele vem de uma cidade ao Norte da Nova Zelândia, Rotorua, de 60 mil habitantes que atrai turistas devido a suas atrações termais, com direito a geysers que liberam enxofre. O que, nas palavras do rapaz, faz o local cheirar a… Precisa completar? Sim, infelizmente, para entendemos outra declaração mais polêmica desta terça. “Parece que alguém peida em sua cara o tempo todo”, diz

Quem acompanha o noticiário de OKC sabe que Adams é deste jeito. Não é dos mais recatados, digamos. Então é preciso cuidado antes de julgá-lo racista quando se referiu aos cestinhas do Warriors como “rápidos macaquinhos”. Obviamente que gerou polêmica, e, mais tarde, em entrevista ao USA Today, teve de pedir desculpas. Disse que a frase vinha de um dialeto de sua cidade natal. “Foi uma escolha infeliz de palavras. Não estava pensando direito. Estava tentando apenas expressar o quão difícil é perseguir estes caras. No dialeto, é diferente. Palavras diferentes, expressões diferentes, coisas do tipo. Estou assimilando, cara, ainda tentando descobrir quais os limites, mas eu definitivamente os ultrapassei hoje.”

Então. É o mesmo Adams que, na entrevista a Windhorst, comenta sobre uma refeição que experimentou em Taiwan. “Teve um prato que comi lá cuja tradução do nome é ‘O Monge Pula a Cerca’. É um prato de peixe com todos esses temperos. Era lindo, cara, era poesia. Tinha toda uma história”, disse.

Nem todo mundo está acostumado a pensar ou mesmo ouvir coisas dessas. Mas fique preparado. Quanto mais exibições de alto nível Adams tiver por OKC, maiores as chances de sair frases do tipo. Bem diferente de um Duncan ou de Aldridge. Mas esses caras não passaram. O problema do Golden State ainda é grande do mesmo jeito.

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CSKA resiste a pressão sobre establishment e volta a conquistar a Euroliga
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Giancarlo Giampietro

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Foi uma temporada em que os gigantes sofreram, com forte pressão sobre o establishment do continente, mas, no final, a Euroliga 2015-16 ficou com o CSKA Moscou, justamente o clube de maior orçamento do campeonato. Agora, qualquer torcedor do Olympiakos pode muito bem tirar um sarro aqui: e quem disse que o CSKA faz parte da elite? Afinal, estamos falando do clube que não ganhava o título desde 2008, acumulando desde então alguns dos maiores colapsos da história do basquete. E, glup, quase aconteceu de novo.

No Final Four de Berlim, a equipe moscovita passou pelo estreante Lokomotiv Kuban pelas semifinais e bateu o Fenerbahçe pela decisão, de modo dramático: 101 a 96 após prorrogação. Que os dois finalistas tenham ido ao tempo extra parecia algo totalmente improvável ao final do primeiro tempo, quando os russos venciam por 20 pontos de diferença (50 a 30), ou mesmo ao final do terceiro período, quando a vantagem era de 16 (69 a 53). Os turcos venceram a última parcial para inacreditáveis 30 a 14, e aí, meus amigos, parecia a reedição de um novo pesadelo.


No ano passado, o CSKA tinha vantagem de nove pontos sobre o Olympiakos no início do quarto período e arrefeceu. O mesmo havia acontecido contra o mesmo oponente grego em 2012 e 2013, sendo o maior vexame aquele de quatro anos atrás, quando levou a virada depois de abrir 19 pontos no placar. Outro tropeço marcante aconteceu contra o Maccabi em 2014, quando tinha 15 pontos de folga. Que coisa, hein? Então imagine o desespero de Andrey Vatutin, o jovem presidente do clube, aquele que assina um polpudo cheque a cada ano, assistindo a tudo isso novamente à beira da quadra.

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“O fato é que mostramos nossa personalidade. Por exemplo, o que aconteceu em 2012, em Istambul, foi uma catástrofe. Mas agora conseguimos conquistar o título depois de uma reação de nosso adversário. Nós também reagimos. Mas é claro que eu me assustei u m pouco. Mas quer saber? Acho que prefiro assim. É muito melhor do que se tivéssemos vencido com os 20 pontos do primeiro tempo”, afirmou o dirigente, que chegou a ser especulado como candidato a gerente geral do Brooklyn Nets, devido aos óbvios laços com Mikhail Prokhorov, antigo proprietário do CSKA e acionista majoritário da franquia nova-iorquina. Eu, hein? Era melhor evitar uma emoção dessas.

De todo jeito, a reação mais engraçada foi a do técnico Dimitris Itoudis, perto de quem Gregg Popovich parece um monge. O grego, que desbancou seu mestre Zeljko Obradovic pela final, não gostou quando foi questionado se “velhos fantasmas” rondavam seu time durante a virada do Fener. “Isso é só um jogo de basquete, maldição”, disparou. “É apenas um jogo de basquete entre dois grandes clubes e grandes jogadores. Sim, aconteceu um monte de coisas no quarto período. Eles reagiram e assumiram a liderança. Mas estávamos calmos. Mostramos isso aos jogadores. Dissemos para fazer e confiar no que havíamos feito durante toda a temporada, e tivemos sucesso. Muitos de vocês (jornalistas) disseram que éramos os favoritos porque jogamos um basquete atraente, que agradava à maioria das pessoas. Então era para se lembrarem disso. Ficamos sob controle, empatamos o jogo e fomos para a prorrogação.”

Que o CSKA tenha sobrevivido, então, fez-se justiça com alguns dos maiores jogadores de sua geração, como o genial Milos Teodosic e o faz-tudo Victor Khryapa, caras que têm currículos invejáveis, muito talento, mas vinham sendo julgados como perdedores devido aos seguidos fiascos pelo Final Four europeu. Teodosic nunca havia ganhado uma Euroliga, diga-se. Já Khryapa havia chegado à fase decisiva em nove ocasiões e saído vencedor apenas uma vez, em 2008.

O armador sérvio anotou 19 pontos e deu 7 assistências em 34 minutos, matando três bolas de longa distância em seis tentativas, com mais oito lances livres. Foi o jogador mais produtivo da partida. Mais que os números, porém, ele ditou o ritmo de jogo e dessa vez não confundiu a necessidade de liderar sua equipe com heroísmo, como aconteceu em outros momentos da carreira, com alguns arremessos tresloucados.

Veja um de seus passes brilhantes na jogada número 3 abaixo:

Já Khryapa foi detonado pela mídia europeia por alguns lapsos em 2012 e 2014, para um jogador tão versátil e inteligente. Aos 33 anos, mas com o corpo bastante castigado, já não é mais um protagonista do time. Porque não dá mais: participou de apenas dez partidas em toda a campanha. Mas conseguiu encontrar seu melhor jogo na hora mais decisiva, forçando a prorrogação com uma cesta maluca em rebote ofensivo a 1s3 do fim (a jogada número acima). Antes, já havia matado uma bola de três importante. No minuto final do tempo extra, ainda apareceu com um toco providencial, mostrando toda a versatilidade que lhe alçou ao topo na Europa. Tivesse chegado à NBA de hoje com todas as suas habilidades, seria um jogador muito mais relevante do que aquele que acabou desprezado por Blazers e Bulls.

A estrela da campanha, de todo modo, foi o armador Nando de Colo, que cresceu muito nas últimas duas temporadas, desde que se desligou do Toronto Raptors. O francês foi eleito tanto o MVP da temporada como do Final 4. Foram 52 pontos e 11 assistências  em 61 minutos pela fase decisiva, com médias de 19,4 pontos, 5,0 assistências, 3,6 rebotes e 46% nos arremessos de longa distância e 55,6% de dois pontos.

Quase revolução
Ver o CSKA Moscou entre os quatro semifinalistas da Euroliga é o mais distante que temos de uma surpresa. Neste século, os caras só não disputaram duas edições do Final Four (2002 e 2011). Com 22 vitórias e 5 derrotas entre primeira fase, Top 16 e quartas de final, não havia como mudar esse curso.

Mas onde estavam Real Madrid, que defendia o título e havia participado de quatro das últimas cinco edições? O clube espanhol pagou pela exaustão, depois de um ano fantástico. Não teve Maccabi Tel Aviv também, clube que jogou sete vezes desde 2001 e dessa vez nem passou da primeira fase, num tremendo vexame sob o técnico Guy Goodes, demitido. E nada de Barcelona (sete participações, eliminado pelas quartas de final pelo Lokomotiv, por 3 a 2, com graves problemas defensivos e um elenco envelhecido), Panathinaikos (seis, varrido pelo Baskonia pelas quartas, num ano em que investiu mais) e Olympiakos (cinco desde 2009 e que não passou da segunda fase, o Top 16, com Vassilis Spanoulis sofrendo pelo físico).

Enfim, as principais forças dançaram mais cedo.  Assumiram suas vagas o Fenerbahçe, vice-campeão, o Lokomotiv, terceiro colocado, e o Baskonia, que ficou em quarto.

O Fener já havia jogado o F4 do ano passado, tem uma torcida imensa, mas só é reconhecido atualmente como uma superpotência do basquete, tendo investido muita grana nos últimos anos para tentar ser o primeiro clube turco a ganhar a Euroliga, a ponto de convencer um octocampeão Obradovic a abraçar sua causa. O Baskonia tem quatro semifinais neste século, mas todas elas aconteceram entre 2005 e 2008. Desde então, não havia passado das quartas de final. Pior: nas últimas duas temporadas, não passou nem da segunda fase, o Top 16. Já o Lokomotiv é um clube nômade da Rússia que só chegou a Krasnodar em 2009 para assumir a atual formatação. Em anos anteriores, o máximo que poderia apresentar era um vice-campeonato da Copa da Rússia ou da Copa Korac.

Tanto Fener como Loko podem ser considerados novos ricos do basquete. Em tempos de crise (braba, mesmo), era questão de tempo que seus orçamentos fizessem a diferença e que pudessem se intrometer entre os Barças e Panathinaikos da vida. Se você der aquela espiada em seus elencos, vai entender bem.

O clube russo tem três jogadores ex-NBA (Anthony Randolph, Chris Singleton e Victor Claver), além do armador americano mais badalado do continente (Malcom Delaney), de um grande chutador (Matt Janning) e de um australiano olímpico (Ryan Broekhoff), mais três russos que eventualmente possam fazer parte de sua seleção (Evgeny Voronov e Sergey Bykov, dois bons marcadores veteranos, e o ala-pivô Andrey Zubkov, ex-CSKA). Foram orientados por Georgios Bartzokas, campeão europeu pelo Olympiakos em 2013.

Já o clube turco joga com um orçamento que só é superado pelo do CSKA. Importou, então, quatro jogadores da NBA (Jan Vesely, Epke Udoh, Pero Antic e Luigi Datome) e outros quatro de seleções nacionais (os prodígios sérvios Bogdan Bogdanovic, Nikola Kalinic, o americano naturalizado turco Bobby Dixon e o gatilho grego Kostas Sloukas). Algumas promessas nacionais completam a lista, com destaque para o pivô Omer Yurtseven, de apenas 17 anos, cortejado pelas grandes universidades dos EUA e que fechou com North Carolina. É um esquadrão.

Nesta classe de novos ricos, também ouvimos o Khimki Moscou fazer barulho, assim como o Darussafaka Dogus, da Turquia, que agora vai receber Bartzokas. Na primeira fase, O Khimki bateu o Real Madrid duas vezes, contando com uma linha de armadores espetacular (Tyrese Rice, Alexey Shved, Zoran Dragic e Petteri Koponen). Já o Darussafaka, com diversos americanos experientes de Europa, ajudou a eliminar o Maccabi na primeira fase. Ambos caíram no Top 16.

As surpresas não ficaram por conta só de quem tem dinheiro, todavia. Com sete vitórias e sete derrotas, o jovem time do Estrela Vermelha foi longe neste campeonato, deixando Bayern, Anadolu Efes e o  próprio Darussafaka pelo caminho. Com um punhado de revelações sérvias e contratações certeiras de americanos, alcançaram as quartas de final, sem conseguir fazer frente ao CSKA, então. Já o Brose Baskets, da Alemanha, bastante organizado, se meteu em um empate tríplice com Real Madrid e Khimki pela segunda fase, todos com sete vitórias e sete derrotas. O Olympiacos ficou para trás, com seis vitórias e oito derrotas, num grupo duríssimo.

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Chegou a hora para Tim Duncan? Ele não diz
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Giancarlo Giampietro

O jogo já havia acabado há um tempo, mas era questão de cumprir os 48 minutos regulamentares. O San Antonio Spurs até tentou uma última reação, com a possibilidade de reduzir uma enorme diferença para a casa de um dígito. Mas não rolou. Era demais até para o time mais vencedor das últimas duas décadas da liga. Quando a buzina estourou em quadra, mal dava para ouvi-la, de tão alto que animados que estavam os fervorosos torcedores de OKC. Depois de saudar os vencedores, Tim Duncan se dirigiu sozinho a um dos corredores de acesso, de cabeça baixa, tipicamente, enquanto era aplaudido por um ou outro anfitrião. O máximo que fez foi erguer o braço direito e apontar o dedo indicador para cima, num gesto austero de agradecimento.

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É o máximo de emoção que Timmy vai mostrar

Se este foi o último jogo de sua carreira, dá para dizer que ele saiu de quadra ao seu modo. Sem papel picado, fogos, música, tributos, meias especiais ou milhões de merchandising. Sem choro, sem emoção, totalmente frio, depois de competir do jeito que dava contra adversários hoje muito mais vigorosos. O único detalhe que não cabia ali? Que ele tivesse saído após uma derrota acachapante – 113 a 99, cujo peso é muito maior pela virada sofrida na série contra o Thunder, do que pelo placar em si. Isso definitivamente não combina com um notório vencedor.

(Nos registros da NBA, tem a companhia de Kareem Abdul-Jabbar e Robert Parish num clubinho exclusivo de jogadores com mais de mil vitórias na carreira. São os três apenas, e, entre eles, o aproveitamento de Timmy é consideravelmente superior: triunfou em 71,9% de seus jogos, contra 68,8% de Kareem e 62,9% do Chief.)

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Foi o fim mesmo? Talvez nem ele mesmo tenha certeza. O máximo que soltou, quando questionado sobre seu futuro, foi: “Vou pensar nisso quando me mandar daqui e aí ver o que fazer da vida”. De novo, contido de tudo, econômico que só. É muito provável também que, mesmo que saiba qual a sua decisão, não fosse falar assim de imediato, por se recusar a atrair manchetes, ainda mais numa hora dessas, após a eliminação.  Já Gregg Popovich preferiu desconversar, com suas respostas ora rabugentas, ora engraçadas, se negando a nos contar qual foi o assunto em sua conversa com o pivô na saída de quadra. Duncan admitiu, porém, que o técnico o procurou e perguntou se queria seguir jogando. “Sempre quero jogar. Então ele me disse para seguir em frente. Foi isso. Então continuei jogando o tempo todo.”

Mas Pop nem precisava dizer nada, mesmo. Que ele tenha mantido Duncan até o instante final do quarto período, mesmo depois de a reação de sua equipe ser encerrada, já diz muito sobre qual é a sensação, o palpite do técnico-presidente. Não é que estivesse dando um recado ao veterano – como sempre fez, sem fazer concessões a seu status –, ou tentando humilhá-lo, dãr. A impressão que passou é que, se aquela era a saideira de seu velho companheiro, sua despedida do basquete, que ele pudesse aproveitar até o finalzinho, mesmo. Mesmo que ele já tivesse jogado 47.368 minutos pela temporada regular e mais de 9.300 pelos playoffs.

Se o Spurs perdeu, ao menos Duncan, aos 40 anos, pôde fazer seu melhor jogo na série, com 19 pontos em 14 arremessos, com 50% de aproveitamento, em 34 minutos, bem acima de médias melancólicas que teve no confronto. Com ele em quadra, mais importante, o time texano ainda teve saldo positivo de 13 pontos, vejam só. Mas não pensem que isso vá servir de algum consolo para o gigante.

Em sua carreira, o pivô nunca teve sequer um arroubo individualista de que tenha memória. A gente mal sabe o que ele pensa sobre a liga e sobre a vida (risos). O máximo que se ouviu sobre ele foi de um divórcio (e daí?) e de que ficou pê da vida quando David Stern instaurou um código de vestimenta para os atletas — seu negócio era usar bermudão, e pronto. Redes sociais? Por favor. É como se ele estivesse em outro mundo, mesmo, de outros tempos também. De resto, são apenas frases nada eloquentes, mas preocupadas com seus companheiros, seu clube. O time sempre à frente.

Nesse sentido, se foi o último jogo, mesmo, ouso dizer que foi muito mais significativo que os 61 pontos de Kobe, episódio sobre o qual ainda estou devendo texto (posso dizer que está ficando enorme e, por isso, de difícil conclusão). A matemática não nos deixa mentir, que 61 > 19. Além disso, o Lakers venceu o Utah Jazz, enquanto seu Spurs perdeu. Mas a questão é que, para Duncan, essa história de números nunca foi a prioridade, por mais que sua consistência (vejam isto aqui) o coloque entre os melhores também estatisticamente: é 14o maior cestinha da liga, sexto em rebotes e quinto em tocos, enquanto, nos playoffs, ele é o sexto, terceiro e primeiro, respectivamente, nesses quesitos.

Um card de novato de Duncan

Um card de novato de Duncan. Faz muito tempo

Ah, os playoffs, né? Sim, os texanos estavam jogando pela fase decisiva, enquanto o Lakers fechava a pior campanha de sua história contra um time desmotivado por sua eliminação na última rodada. No ocaso de sua carreira, Kobe primeiro teve de lutar contra graves lesões e, depois, contra as próprias limitações de um elenco abaixo da mediocridade. São os piores anos da franquia angelina. Não é culpa direta do ala, claro, embora seu salário astronômico tenha sido um empecilho, assim como Duncan não é a única razão pelo período de excelência de seu clube, tenso sacrificado alguns milhões para que LaMarcus chegasse. O que não dá para negar? Que os dois, dos maiores da história, são, foram as faces de suas franquias.

Um ponto que os une é especialmente esse: de serem os caras de um time só, por tanto tempo. Para Kobe, foram 20 anos como Laker. Foram 19 anos como Spur para Duncan, igualando a marca de John Stockton pelo Utah Jazz. Esses 19 anos atravessaram três décadas, e em todas elas ele ganhou um título. Só mesmo o operário John Salley, ex-Pistons, Bulls e Lakers, havia conseguido isso antes, mas já como conselheiro de vestiário nos últimos dois clubes, depois de surgir na liga no final dos anos 80 como um ala-pivô extremamente atlético. Spurs e Lakers se cruzaram diversas vezes durante todos estes anos. Quase sempre com chance de título. Desde 1997, quando o pivô das Ilhas Virgens entrou na liga, os dois ganharam 10 troféus e disputaram 13 finais, mais de 50% do que esteve em disputa.

A diferença é que, nesta reta final Duncan e o Spurs ainda estavam envolvidos em jogos relevantes. E que Duncan, mesmo no primeiro ano em que não passou dos 10,0 pontos em média, se manteve como uma influência positiva em quadra durante a temporada. Um dos criadores da medição de “Real Plus-Minus” do ESPN.com, Jeremias Engelmann atesta que, com o quarentão, o Spurs melhora sua eficiência defensiva em 5,3 pontos por 100 posses de bola. Isso é muita coisa e o deixou na segunda colocação do ranking.

O problema é que no ataque sua mobilidade o limita demais já. Quando confrontado com atletas como Steven Adams, Serge Ibaka e Enes Kanter, isso ficou ainda mais evidente. Não sabemos se ele sentiu alguma coisa a mais do a mera trava nos joelhos e costas. Até o Jogo 6 desta quinta-feira, porém, a coisa estava feia. A primeira questão é saber se foi algo pontual, pelo desgaste da temporada, a despeito da menor carga de minutos da carreira e pela característica dos rivais, ou se o declínio é permanente. Uma hora acontece. Depois, precisaria ver se Duncan poderia tolerar este declínio, se teria vontade e pique para isso – certeza ao menos de que estaria num time muito forte ainda, podendo contratar mais um jogador de ponta em julho. Ele simplesmente não fala sobre essas coisas. Se vai jogar mais um ano, ou não, não dá para esperar estardalhaço nenhum.

(Nenhuma palavrinha sobre Manu Ginóbili? Ainda não é hora, pois já sabemos que ele vem ao #Rio2016, e,se for para pensar de modo egoísta, o técnico Sérgio Hernández até pode comemorar o fato de que a campanha do Spurs terminou antes de junho, dando um respiro ao seu craque.)

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OKC vence em San Antonio: dissecando os 13s5 mais loucos dos #NBAPlayoffs
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Giancarlo Giampietro

O que foi tudo aquilo que aconteceu?

Bom, vocês viram. Faltavam 13s5 no cronômetro, e o Oklahoma City Thunder defendia uma vantagem de um ponto, com o direito de repor a bola. Só precisavam colocá-la na mão de Kevin Durant ou Russell Westbrook e esperar pelo melhor — no caso, a conversão de dois lances livres e uma boa defesa para evitar o empate. Dion Waiters surtou, agrediu Manu Ginóbili na cara do ‘seo juiz’ e atirou um balão na direção de Kevin Durant. Danny Green interferiu, Durant cai desequilibrado, e o Spurs tem a chance. Green passa para Patty Mills, que não tem ângulo para finalizar. O australiano aciona Manu Ginóbili. O craque argentino não vai para a cesta e devolve para a formiguinha atômica. Sai um airball da zona morta. Serge Ibaka está lutando pelo rebote sozinho com LaMarcus Aldridge e Kawhi Leonard. Os dois All-Stars do Spurs não conseguem subir coma  bola na cesta. Final de jogo.

Resumido assim, já é uma loucura, né? Tudo em 13,5s frenéticos, envolvendo duas das quatro melhores equipes da temporada regular. Elencos experientes, estrelados, orientados por um técnico cinco vezes campeão pela NBA e outro bicampeão universitário. E nada disso importou em meio à tensão de um jogo de playoff, com o Thunder tentando apagar o vexame que havia passado pelo Jogo 1 e o Spurs tentando validar seu mando de quadra, ciente de que um triunfo por 30 pontos tem o mesmo valor de uma derrota por um pontinho.

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Mas e se a gente fizer (quase) frame a frame? Separar as imagens abaixo terminou de apagar o sinal de “pause” do botão do controle. Por sorte, não o afundou de vez. Tem imagem que você congela para ver uma coisa, e acaba percebendo outra. Simbora:

Spurs x OKC - 2016 playoffs - Game 3

Tudo começou assim. Waiters fazendo a reposição. Os quatro demais jogadores do Thunder (Durant, Westbrook, Ibaka e Adams) posicionados no perímetro interno. A primeira dúvida, mais óbvia, aqui é a escolha de Waiters para fazer a reposição. Não estamos falando do sujeito mais equilibrado emocionalmente, por mais que até viesse com uma boa atuação pelo quarto período. O problema é que talvez não houvesse opção melhor. A presença de dois dos maiores cestinhas da liga no mesmo elenco esconde um problema sério: estamos falando da versão menos talentosa do time desde a saída de James Harden. Uma opção talvez fosse Andre Roberson? Ao menos é mais alto. Para além de Waiters, a grande questão é: o que diabos Steven Adams está fazendo em quadra? Para fazer corta-luz, ok. Ao mesmo tempo, é menos um jogador para receber o passe, com seu aproveitamento de 58,5% nos lances livres. Não à toa, foi marcado por Patty Mills (veja a diferença de tamanho). Pop sabe que ele não vai receber o passe de modo nenhum.

Spurs x OKC - 2016 playoffs - Game 3

Aqui, Manu começa a sassaricar à frente de Waiters, com o juizão fazendo a contagem (1 segundo). Westbrook dispara para o lado contrário, para abrir espaço. Acredito que a ideia foi sempre foi passar para Durant. Adams olha em sua direção, provavelmente para fazer o tal do corta-luz. Acontece que o Spurs tem dois excelentes defensores em sua formação: Danny Green e Kawhi Leonard, podendo colocar cada um deles em uma das superestrelas adversárias. Green, sendo muito mais baixo, faz um ótimo trabalho e não desgruda de Durant.

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O corta-luz de Adams não rolou. Durant já veio para o centro da quadra, ainda pressionado por Green. Além disso, Manu cortou aquela linha. Por outro lado, havia um corredor claro aqui para Ibaka, um chutador de lance livre mais competente (75,2% no ano). De todas as opções de passe que se apresentaram, esta seria a mais segura — mas não a ideal, claro. Além disso, seu posicionamento na lateral da quadra seria muito propício para uma dobra agressiva de Aldridge e Ginóbili. Não precisava fazer a falta de imediato. É fácil falar daqui do sofá, com o controle remoto em mãos. Mas os jogadores fazem isso todo santo dia e têm de estar preparados para tomar a decisão num instante que seja. O juiz segue contando (2 segundos). Westbrook breca e volta em direção à bola com Kawhi em seu cangote.

Waiters, Ginobili, push, offensive foul, inbound

Dion Waiters, que figura. “Nunca vi isso antes”, disse um enervado Chris Webber, comentarista da TNT. Essa frase seria repetida durante toda a noite, madrugada adentro. Talvez Ginóbili estivesse muito perto (convenciona-se uma distância de três pés para a marcação da reposição). Por outro lado, essa coisa de empurrar o defensor com o antebraço, antes de fazer o passe, não existe. Quer dizer: não existia até a noite de segunda-feira. Na cara da arbitragem, claramente de olho no lance. Seja pelo ineditismo do lance, sem saber como proceder naquele momento, ou por pura esquiva, deixaram passar. Enquanto isso, no canto direito, Kawhi permite que Westbrook escape e, por isso, apela, puxando-o pela camisa.

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Aqui, o puxão de Kawhi fica bem claro. Esse ângulo também nos permite ver o quanto Waiters invadiu a quadra. Ao fundo, pode ser que LaMarcus esteja segurando o braço esquerdo de Ibaka. Dois juízes têm plena visão do lance, a não ser que tenham se distraído com a torcida…

Waiters inbound play, push

Depois do empurrão em Ginóbili (aqui desequilibrado), Waiters comete uma segunda atrocidade: um balãozinho de passe, todo suave, para o centro da quadra, com Danny Green já preparadíssimo para saltar. Não há tanta separação entre ele e Durant.

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Não deu outra. Green contesta Durant antes mesmo de ele alcançar a bola. Mills e Adams estão mais próximos — os dois vão se reencontrar ainda. Ginóbili observa, com Dion Waiters alguns passos preciosos para trás.

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Durant desaba na disputa com Green (ao meu ver, não houve falta ali, foi uma disputa no ar), e o Spurs ataca com três jogadores contra Adams, graças ao avanço de Ginóbili. Reparem na voto de cima de novo e vejam de onde ele saiu. Com 10s3 no cronômetro, era tempo suficiente para realizar o ataque e, olhando este cenário, acho que Gregg Popovich acerta em não pedir o tempo (tinha mais um breque de 20 segundos). Olhando este frame, a dúvida que surge: não teria sido melhor Green respirar por um segundo e acionar Ginóbili pela direita? Entre ele e Mills, estava um pivô superatlético de 2,11m, com alto risco de interceptação. Se a bola fosse para Ginóbili, seria num passe mais rápido também, aproveitando a superioridade numérica, e ele poderia seguir no trilho e se apresentar como nova opção a um novo passe, no caso de contestação do neozelandês contra o argentino. Mais uma decisão fácil de se questionar em slow-motion.

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Para evitar Adams, Green faz o passe muito alto, mesmo. Mills vai receber o passe, mas sem condições de fazer a finalização. Dion Waiters chega bem atrasado, enquanto Durant e Ibaka estão fora do quadro. Do Spurs, só LaMarcus não consta aqui.

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A bola não só demora a chegar, permitindo a recuperação de Westbrook e Waiters, como o deixa numa posição desconfortável. Ginóbili, como sempre, bem posicionado, aparece para o resgate. Restam 8s3 ainda. Seria o caso aí de Gregg Popovich pedir tempo?

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Ginóbili é acionado e tem espaço para atacar. Restando 7s3 no cronômetro, Kawhi e LaMarcus já estão no garrafão, acompanhados por Ibaka, Waiters e Adams. Não era o caso de pelo menos o ala ter estacionado na linha de três pontos para abrir mais espaço? Não era uma situação de desespero, de dois segundos, em que era pegar e chutar. Logo, não eram necessários dois homens posicionados para rebote.

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Ginóbili ataca o garrafão congestionado. Ainda assim, tem espaço para criar. Adams subiria para a contestação na certa. Canhoto, ainda ágil e elástico, afeito a lances improváveis, será que o argentino não poderia ir para um gancho de esquerda? Ou um tiro em flutuação justamente de onde está com a bola? Mills está voltando para quadra, para a zona morta. À esquerda, Durant caça borboletas, e se distancia de Green.

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Manu opta pelo passe para Mills, porém, de costas, por cima do ombro esquerdo, como só alguém de sua categoria, criatividade (e coragem) poderia pensar em fazer. Acontece que a bola não sai com tanta precisão assim. Mills tem de abaixar para fazer a recepção, enquanto Adams já vem feito um louco em sua direção.

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O instante que Mills perdeu para dominar a bola foi o instante que permitiu a aproximação do pivô. Pela foto, não dá para notar, mas tenho quase certeza, olhando atentamente ao vídeo, que Adams consegue dar o toco, nem que tenha sido com a pontinha do dedo. Quer dizer: por vias tortas, Donovan acertou em deixar o grandalhão em quadra. A bola sobe levemente e cai muito antes de chegar à cesta. O detalhe aqui? Vejam como Danny Green está chegando livrinho à linha de três pontos. Um pouco mais de paciência, e talvez o australiano pudesse ter passado para um companheiro que havia matado duas bolaças minutos antes.

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Enquanto LaMarcus tenta subir com a bola lá embaixo da cesta, repare que Adams está imóvel aqui no canto direito, e, não, por estar petrificado como Kevin Durant (enquanto Ginóbili e Green estão abertos para um chute, com 2s2). Mas, sim, pelo fato de um torcedor do Spurs o segurar. O imbecil está coberto pelo placar da TNT aqui.

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A NBA TV depois mostrou. Lamentável. Poderia o Spurs ser multado por isso? É o mínimo.

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Adams, aqui, tenta se desvencilhar do torcedor, enquanto Aldridge tenta subir para a cesta, com marcação dobrada de Waiters e Ibaka. Ele já saltou, mas não conseguiu subir com a bola. A gente vai ver este lance mais de perto:

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Enquanto o chute de Mills ainda estava longe de ser completo, a camisa de Aldridge já é puxada com tudo por Ibaka.

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Quando Aldridge tentou subir com a bola, sua camisa segue esgarçada por Ibaka. Sinceramente? Esse é o tipo de falta de escanteio, que acontece direto. Se a arbitragem não viu, dá para entender. O empurrão de DeMar DeRozan em Ian Mahinmi pelo Jogo 7 de Raptors x Pacers foi muito pior. Assim como o de Waiters em Ginóbili. No meio desse empurra-puxa, os dois segundos se foram.

*   *   *

OKC venceu esta partida no primeiro quarto, muito antes do conturbado final. Entrou em quadra determinado a agredir seu adversário, no bom sentido, e conseguiu, saindo em transição com Westbrook (29 pontos em 25 arremessos, 10 assistências e 3 turnovers), sem permitir que a parede Aldridge-Duncan fosse erguida no garrafão. Abriu vantagem, e, a partir dali, o San Antonio tinha de se virar para correr atrás. Em diversos momentos, no final do segundo período, meio do terceiro e metade final do quarto, conseguiram, mas o Thunder soube responder. Foram 21 pontos em contra-ataques em toda a noite para eles.

Estranhei a passividade com que Kawhi aceitava o corta-luz e a inversão de marcação no segundo tempo, dando a Westbrook a liberdade para atacar um cara pesado como Aldridge. Pelo menos seis pontos foram gerados desta forma. Outra jogada que funcionou bem para os visitantes: a corrida em arco de Durant 28 pontos em 19 arremessos, 4 assistências e 5 turnovers), saindo do fundo da quadra para o centro ou para as alas, aproveitando um corta-luz no meio do caminho para se livrar de Green e subir para matar seu belíssimo arremesso.

Na defesa, no início, o time decidiu que, se fosse para alguém sobrar, que fosse Duncan, e dessa vez deu certo, com o pivô tendo dificuldade para acertar (errou sete de oito arremessos). Os visitantes ainda tiveram suas penas já tradicionais, mas simplesmente viram os jogadores do Spurs desperdiçarem arremessos livres (7-18 para Kawhi, 3-11 para Green e 3-9 para Parker). Kawhi, em particular, estava fora de ritmo, sem confiança no ataque. Como as coisas podem mudar de um jogo para o outro… Agora temos de esperar até sexta-feira pelo Jogo 3. Precisava de tanto descanso assim?

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Para entrar no radar, Wesley Sena é único brasileiro inscrito no #NBADraft
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Giancarlo Giampietro

Wesley, primeiro, tem de trombar para jogar por Bauru. Mas seu jogo pode crescer muito

Wesley, primeiro, tem de trombar para jogar por Bauru. Mas seu jogo pode crescer muito. Crédito: Caio Casagrande

Saiu nesta terça-feira a lista dos candidatos ao Draft da NBA, e dessa vez com um único brasileiro, o pivô Wesley Sena, cujo R.G. mostra: “Wesley Alexandre Sena da Silva”. Há duas semanas, como registramos aqui, Wesley Mogi, ou “Wesley Alves da Silva”, passou pelo Nike Hoop Summit, em Portland, se apresentando para mais de 100 scouts da NBA.

Então você pode imaginar a confusão que eles fizeram ao conferir a lista do Draft, especialmente para aqueles que, até hoje, escrevem Lucas ‘Noguiera’. : ) Fica mais difícil, mesmo, até porque os xarás também nasceram no mesmo ano, 1996 Então tem de se explicar que são dois jogadores diferentes, e tal. E até por isso, por mais que seu tempo de quadra tenha minguado nesta reta final de temporada, faz sentido que Wesley, o Sena, tenha inscrito seu nome, para ganhar cartaz e gerar sua própria identidade como prospecto internacional. Talento ele tem. Falta, por vezes, um empurrão.

Com 2,11m de altura (talvez até mais já) e mobilidade, o pivô de 19 anos tem recursos técnicos para ir longe. De cara, o que chama a atenção é a habilidade para o chute de média para longa distância, apresentando aqui e ali num sistema ofensivo abarrotado de cestinhas consagrados em solo brasileiro. Murilo Becker, seu companheiro diário de treinos, discorre sorrindo pela facilidade que o a jovem revelação tem para finalizar com as duas mãos no corte, a facilidade para o chute e como pode se transformar num pivô flexível de primeira linha.

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Encontrar espaço e chances neste tipo de elenco, todavia, é uma missão ingrata, e Wesley sabe disso. “Jogo no poste baixo, arremesso de média distância, de fora. Sempre tive, mas nunca fui um chutador. É um recurso que tenho, para desenvolver, que ninguém fique pagando para ver sempre. Vejo que, para completar o time, tenho de ter um jogo diferente do Hettsheimeir e do Jefferson, que são grandes arremessadores. Tenho de mostrar meu arremesso, mas tenho de ser mais agressivo no garrafão.”

Ao falar em “agressividade”, o pivô vai deixar seus técnicos e companheiros de clube felizes. Entre as diversas atividades de que participa durante os treinos em Bauru, nos treinos específicos e nos coletivos com os veteranos, esta mensagem vem sendo martelada em sua cabeça. É assim, mesmo, que você vai tratar um atleta de tanto potencial. Pois não é só arremesso. Ele tem boa mobilidade para alguém de seu tamanho e pode ser desses jogadores que jogam dentro e fora, dependendo de quem for seu parceiro na linha de frente ou de quem estiver do outro lado.  “O Wesley ainda não entrega  50% do que pode fazer. É um pouco tímido ainda, pode ter mais intensidade. Mas é um cara que tem condições de ir muito longe em sua carreira”, disse o ex-pivô Josuel, que adotou a molecada espichada do clube em sessões específicas.

O tempo de quadra de Sena mais do que duplicou neste NBB, passando de 5,9 minutos em 2014-15 para 14,2, como complemento numa rotação que tem Rafael Hettsheimeir, da seleção brasileira, Murilo Becker, também de extenso currículo pela seleção, um dos maiores pontuadores da história do campeonato, e Jefferson William, também convocado recente para disputar o Sul-Americano, campeão pelo Flamengo e que tem média de 13,4 pontos em sua carreira pela liga nacional. Essa é uma boa estrutura para que o jovem pivô seja lançado. Aos poucos, mesmo.

Logo quando fechou com o Bauru. Baskonia foi opção

Logo quando fechou com o Bauru. Baskonia foi opção

Há garotos e garotos, prospectos e prospectos, certo? Um jogador como Lucas Dias pareceu desenvolvido desde muito cedo e já pedia mais minutos há pelo menos uma temporada, até ser premiado na atual campanha surpreendente do Pinheiros. Mas há jogadores que pedem um pouco mais de tempo para desenvolvimento. Isso não tem a ver necessariamente só com talento, mas também com sua trajetória, personalidade e clube que defende, entre tantos.

Por exemplo: Wesley, tal como seu xará Mogi, foi descoberto meio que por acaso, mas um pouco mais cedo. Se Mogi só foi apresentado ao basquete aos 16 anos, numa escolinha pública em sua cidade natal (Guaçu, no caso), Sena foi descoberto entre os 12 e 13 anos — ele não lembra direito — durante uma competição de saltos em sua escola, em Campinas. “Eu não sabia jogar basquete, nem sabia o que era. Mas já era bem alto já, tinha 1,96m (risos)”, disse. “Aí me chamaram para fazer um teste no clube da Hípica, pois estavam formando um time.”

É por isso que se bate tanto na tecla da “massificação”, por parte de governo ou CBB. O basquete brasileiro precisa encontrar um jeito de detectar talentos como esse mais cedo, para que eles sejam envolvidos mais cedo em um ambiente próspero para o desenvolvimento, mais estruturado. Em 2012, Wesley chegou ao Palmeiras. Dois anos depois, assinou com o Bauru. No meio do caminho, ao lado do irmão mais novo, Yuri, chegou a passar por um período de testes em Vitoria-Gasteiz, terra do tradicionalíssimo Baskonia, o clube espanhol que convenceu a família Splitter a liberar um adolescente Tiago, em 2000. “Ficamos umas duas semanas treinando, conhecendo, mas o Bauru me chamou. Vim para cá para treinar antes de ir para a Espanha, mas fizeram uma proposta boa, falando que iam montar um time bom, interessante. Optei por ficar aqui, perto da família. Na Espanha, demonstraram interesse, fizeram proposta, mas preferi ficar.”

O início promissor pelo Palmeiras

O início promissor pelo Palmeiras, quando estreou pelo NBB já aos 16 anos

Pelo clube do interior paulista, que se tornou gradativamente um papa-títulos na América do Sul, o pivô foi desenvolvido durante toda a sua primeira temporada, mais como uma peça de LDB (com 30,2 minutos, 12,2 pontos, 7,0 rebotes, 1,3 assistência e 1,1 roubo de bola) do que do time principal. Para o início da atual temporada, porém, o cenário mudou. Primeiro por causa de seu progresso, mas também pelas circunstâncias bauruenses, com diversos atletas se apresentando à seleção, outros voltando de lesão e alguns mudando de clube.

Com o Campeonato Paulista começando muito cedo, veio a grande chance para os atletas mais jovens do clube, até por conta de uma Copa Intercontinental que se aproximava também. A equipe sofreu para se classificar para as quartas de final e acabou derrotada pelo Mogi das Cruzes em dois jogos. Mas ao menos Wesley pôde ir para a quadra e respondeu bem, com 11,4 pontos e 5,9 rebotes, em 12 partidas, com 54,6% nos arremessos e 60,4% nos lances livres. Se você excluir os duelos com Mogi, já com a cavalaria de volta, foram 13,1 pontos e 6,8 rebotes. Não são números que quebram a bolsa, mas são significativos para alguém tão jovem no basquete brasileiro, numa competição que ainda estava relativamente em clima de pré-temporada, mas com diversos clubes da elite nacional, claro. Isso para um jogador ainda em formação.

“Já era combinado, que eu teria mais tempo para ficar em quadra e que precisariam de mim no Paulista. Era para eu ajudar os veteranos que ficaram, como o Paulinho e o (Robert) Day. Acho que me surpreendi um pouco com meus números. Comecei bem discreto o Paulista, e aí cobraram mais de mim. Depois, foi acontecendo”, afirmou. “Foi uma experiência que me ajuda muito, de poder tanto jogar na minha categoria abaixo como com os adultos. Já treino com caras de alto nível. Mas no jogo sempre se exige mais. “Fiquei muito contente com meu desempenho dentro de quadra, mas não dá para se contentar. Tem de querer mais e tem muito o que melhorar ainda, diariamente é que você vê suas dificuldades. Tenho de ter mais agressividade no jogo, brigar por todo rebote, sempre estar correndo, fazer as ajudas na defesa com mais velocidade.”

Estão aí, de novo: agressividade e cobranças, como Wesley, mesmo, admite ser preciso. “Ele é um jogador de quem a gente exige 200%”, afirma André Germano, que coordena a base bauruense, trabalha com Demétrius e Hudson Previdelo no time de cima e também responde pelas seleções menores na CBB. “Falamos o tempo todo sobre os acertos e erros dele, de como ele pode expandir seu jogo. É só acreditar no que ele pode fazer.”

Se, no decorrer da temporada, Wesley perdeu muitos de seus minutos, especialmente com o retorno de Murilo à boa forma, não quer dizer que ele tenha sido esquecido por seus treinadores. Especialmente pelo primeiro semestre, quando o calendário se afrouxou um pouco antes da Liga das Américas, Germano o colocou em um programa de treinamento dedicado, que em geral começava às 8h, com academia, e terminaria entre 11h30, 12h, com o treino dos adultos. No meio do caminho, fazia sessões específicas.

Pelo NBB, os minutos estão sendo reduzidos na reta final

Pelo NBB, os minutos estão sendo reduzidos na reta final

Ainda estamos falando de um projeto, de um jogador que ainda pode ser desatento na defesa, na disputa por rebotes, em um time que entra em todas as competições para tentar ser campeão. A previsão de Germano, por exemplo, é de que ele possa alcançar a maturidade como jogador aos 23, 24 anos, ganhando em fundamentos e entendimento do jogo, além do crescimento fora de quadra, mesmo. No trabalho com bola, a ordem é não limitá-lo ao garrafão, mesmo que, a princípio seja a tarefa que o time principal espera dele. Nenhum jogador deve ser enquadrado a nada, ainda mais nesta idade. Basta ver o que Cristiano Felício fez em Chicago quando teve chances, comparando com o modo como era utilizado no Flamengo.  O brasileiro está hoje com 23 anos, justamente na faixa de idade que Germano aponta, por sinal.

É natural que Wesley sonhe com a NBA. Jogando por Bauru, aliás, ele teve sua primeira chance de conviver com a elite da modalidade, ao viajar para os dois amistosos históricos contra New York Knicks e Washington Wizards, em outubro, pelo calendário de pré-temporada da liga americana. Contra o time de Nenê, recebeu do então técnico Guerrinha 28 minutos para correr pela quadra. Terminou com 11 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, matando 5 em 8 arremessos, com direito até a uma bola de três, na linha estendida. Nervoso, porém, errou seus quatro arremessos — a adrenalina sobe quando você para para pensar, né? “Não esperava jogar tanto, achei que ia entrar, mas não por tanto tempo. Entrei bem ansioso, mas acho que deu para produzir bem. Deu para ter uma noção do que é um jogo de NBA, bem diferente, bem físico. O Nenê ficou me dando dicas. Falou que era para continuar assim, que estou jogando bem. Foi uma grande sensação”, afirmou.

Mas tudo tem seu tempo. Ainda há uma longa estrada à frente para Wesley Alexandre Sena da Silva. Ou Wesley Sena, mesmo.

*   *   *

Lucas Dias arrebentou no NBB. Está no radar

Lucas Dias arrebentou no NBB. Está firme no radar

Por falar em Felício… Uma lembrança importante: talvez o pivô do Bulls seja o melhor exemplo para qualquer prospecto brasileiro, em vez de Bruno Caboclo, que foi uma clara exceção em todo esse processo. O Toronto se encantou por seu talento, assegurou uma promessa é, depois que o burburinho em torno do garoto fugiu do controle, gastaram logo uma escolha de primeira rodada nele, para surpresa geral. Isso nunca havia acontecido antes de, pelo menos não exatamente com um roteiro destes.

Já Felício passou batido em seu último Draft, o mesmo de Caboclo, em 2014.  Mesmo depois de ter se apresentando bem no adidas EuroCamp em Treviso. Tudo bem. Voltou ao Rio de Janeiro e seguiu trabalhando. Até que o Bulls lhe abriu as portas para um teste. Contrariando todas as perspectivas, devido à conjuntura específica do elenco de Chicago, cheio de pivôs altamente qualificados. Como ele conseguiu?  Não só com talento natural, mas com muito empenho. Ser ignorado por um sistema que só abre 60 vagas anuais é o mais provável, na verdade. Mas não é o fim da linha.

Esse tipo de roteiro deve estar na cabeça se cada garoto com aspirações de NBA, como o trio do Pinheiros (e mesmo um pivô bem jovem que logo mais vai estar em pauta, Lucas Cauê), Mogi e outros.

Dessa vez eles decidiram ficar fora do Draft. A movimentação, declarada, de scouts pelo país não foi das mais agitadas. Spurs e Sixers estiveram por aqui, do que sei. Bem menos do que no ano passado, quando Georginho foi um chamariz, depois de perfil publicado pelo DraftExpress. Que eles não tenham vindo não significa que não haja interesse. Pelo menos mais quatro clubes estiveram de olho no progresso da turma. A parceria da LNB com o sistema Synergy contribui muito para isso.

Três scouts manifestaram surpresa pela decisão de Lucas ficar fora, positivamente impressionados peço NBB que fez, passando de promessa a realidade, com números dignos de um All-Star nacional já. O progresso de Humberto também foi registrado. Mas seus clubes também não foram agressivos o suficiente também em suas sondagens. Para gente tão jovem, porém, não há pressa.

Lucas e Humberto vão completar 22 anos em 2017. Então vão ser candidatos automáticos ao Draft. Com mais um ano de cancha, desde que com tempo de quadra e oportunidade para produzirem, mantendo essa curva de ascensão, terão candidaturas ainda mais fortes, sólidas. Entre os olheiros, há aqueles que topam o risco máximo, como aconteceu com Caboclo, que tinha as ferramentas físicas, atléticas dos sonhos. Mas há muitos que preferem apostas mais factíveis, levando em conta aquilo que os atletas já produzem em suas ligas locais. Faz mais sentido, aliás. No caso de Mogi, George e Sena, de 1996, eles tem ainda mais dois anos.

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A NBA inteira aguarda diagnóstico de Stephen Curry
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Giancarlo Giampietro

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O Golden State Warriors espancou o Houston Rockets, por 121 a 94, bateu o recorde de cestas de três pontos pelos playoffs da NBA, abriu 3 a 1 na série, mas não vai comemorar absolutamente nada em seu retorno a Oakland. Pelo menos não enquanto os médicos do clube não comunicarem a Steve Kerr que Steph Curry não sofreu nenhuma lesão mais grave. Que não passe de um susto besta, depois de ele escorregar em uma área molhada da quadra.

Depois de perder dois jogos devido a uma torção de tornozelo, o MVP da temporada (ninguém vai esperar o resultado oficial, certo?) agora caiu de mal jeito ao tentar um arremesso de três pelo segundo período e virou o joelho. O que preocupa demais, especialmente depois de ver sua reação nos corredores e de se saber, via Draymond Green, que ele chorava na lateral da quadra, quando percebeu que não conseguiria jogar mais naquela noite. Curry tentou acelerar sua passada rumo ao vestiário, talvez para provar a si mesmo que a lesão não era tão grave assim, e…

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Para Kerr e seus jogadores, a esperança é que ele não tenha nenhum dano estrutural, de ligamento, e que alguns dias a mais de repouso sejam o suficiente para ele jogar – ajudaria também que Clippers e Blazers prolongassem ao máximo sua série. Vai fazer uma ressonância magnética na segunda-feira, e ninguém merece um desfecho diferente desse. Gregg Popovich certamente detestaria ouvir o contrário. Seria algo devastador e que colocaria um tremendo asterisco na atual temporada.

Por tanto tempo, desde que estes caras abriram sua campanha arrebentando com tudo e todos, virou senso comum que apenas dois ou três fatores poderiam impedir o bicampeonato:

A) o Spurs

B) o Cavs, quiçá

C) uma desgraçada lesão.

Essa terceira alternativa foi tão repetida que até faz o estômago embrulhar. Cadê a madeira mais próxima? Só não vale questionar a decisão de por o armador em quadra. Ele não escorregou porque estava com o tornozelo dolorido. Acidentes acontecem, mesmo com uma equipe que vem controlando sistematicamente o tempo de quadra de seus principais jogadores.

Sem Curry, o Warriors demonstrou seu caráter, bem como a profundidade e versatilidade de seu elenco. Após o intervalo, Andre Iguodala (defesa contra Harden, canivete suíço), Klay Thompson (bangue-bangue!) e Draymond Green (defesa contra Howard, imposição física e canivete suíço) jogaram uma barbaridade.

Os últimos 24 minutos de jogo foram vencidos por 65 a 34, com um bombardeio inclemente de longa distância, mesmo que o melhor arremessador do planeta não estivesse nem mesmo no banco de reservas. Foram 21 cestas de três, ou 63 pontos gerados desta maneira. Recorde. Ao todo, nove atletas mataram ao menos uma de fora, liderados pelas sete de Thompson.

Quer dizer: houve vida sem Curry, com duas vitórias sem que o armador estivesse disponível. Só não dá para se iludir muito com isso. O que o segundo tempo também nos mostrou foi o quanto o nível de esforço deste Houston Rockets pode ser patético. Não há desculpas para esse desempenho.

Fica pior ainda se você for comparar com o que os estropiados Memphis Grizzlies e Dallas Mavericks fizeram para chegar aos playoffs. Mesmo que não representem um desafio tão grande, respectivamente, para San Antonio – que já completou sua varrida – e OKC – depois do susto, a bonança –, não há como questionar sua dedicação geral. Na verdade, não dá para comparar, mesmo, nem imaginar que J.B. Bickerstaff pudesse se comover com seus atletas desta maneira :

(Dave Joerger, com louvor.)

Sem Curry, Steve Kerr pode esperar dedicação semelhante em seu vestiário, claro, com muito mais talento que o Esquadrão Suicida de Memphis ou que os veteranos de Dallas. Pensar em qualquer coisa nessa linha, porém, seria doloroso demais.

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A Fiba Américas agora é da Venezuela e Néstor García. Ou quase isso
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Giancarlo Giampietro

A Fiba Américas agora é da Venezuela. Ou quase isso

Néstor García, o argentino que conquistou a Venezuela

Argentina, Brasil. Brasil, Argentina. Se bipolarização é o nosso esporte, o basquete sul-americano seguiu por muito tempo na mesma. Até que a Venezuela decidiu bagunçar um pouco essa história, com seu primeiro título continental desde o bicampeonato do Trotamundos de 1988-89. Isto é, também o primeiro título com este formato. Além disso, ao derrotar, em sequência, Mogi e Bauru, o Guaros de Lara garantiu ao país a unificação dos dois principais títulos regionais no mundo Fiba,  entre os rapazes. Primeiro haviam chocado a geração NBA do Canadá. Agora puseram fim a uma hegemonia brasileira na competição.

Os clubes brasileiro chegaram ao final four da liga com 75% de chances de título, já que o Flamengo também estava na luta contra os anfitriões. Mas dessa vez não deu, e não dá para dizer que tenha sido uma surpresa. Este Guaros fez de tudo para chegar lá. De gestão gastona, mas elogiada nos bastidores por saber para onde destinar seus investimentos, montou um grande elenco e ainda tinha um treinador competente para orientá-los.

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O detalhe é que o clube venezuelano conseguiu jogar sempre em casa, a cada etapa, se aproveitando de um regulamento que permite tudo e não valoriza critérios técnicos. Em vez de estipular prioridades com algum senso de justiça com com base em resultados, ranking, a Fiba Américas, seguindo o modelo da matriz, simplesmente abre concorrências pouco transparentes e altamente rentáveis. Daí chegamos à ridícula (ou, vá lá, questionável) decisão de, numa festa em que 75% dos representantes eram brasileiros, a minoria foi felicitada.

Quanto os venezuelanos pagaram para superar as candidaturas de Mogi e Rio (que, aparentemente, foi descartada de cara)? Vai saber. Mas deve ser algo substancioso, para se ignorar a possibilidade de reunir três torcidas distintas num mesmo ginásio, em vez somente de um — barulhento, é verdade — público do Guaros.

Alex não pára: Bauru conseguiu grande virada contra o Flamengo para jogar a final

Alex não pára: Bauru conseguiu grande virada contra o Flamengo para jogar a final

De novo: como o processo nunca é detalhado, qualquer observador tem a inclinação a dar asas à imaginação. E vem desse buraco a linha de raciocínio de que talvez fosse a hora de algum outro país levar o caneco. Vai saber. Também por conta de um regulamento esportivo esdrúxulo, tivemos um desfecho estranho no último quadrangular semifinal, no mesmo Domo Bolivariano, que resultou na queda de Brasília. O mesmo Brasília que ao menos havia, um dia antes, vencido o Guaros por conta própria — e que também os havia derrotado pela segunda fase. De todo jeito, o time do DF também tinha a chance de se classificar sem depender dos outros e, quiçá, compor um histórico Final 4 brasileiro, mas complicou ao perder de muito para o Flamengo.

O Guaros fez das suas, se intrometeu na fase decisiva e conseguiu um grande título, sem ser exatamente soberano. Pela semifinal, a equipe anfitriã penou contra Mogi (81 a 73), um adversário que provou que era pura bobagem o empurra-empurra com o Flamengo dias antes. Como consolação, o estreante superou os rubro-negros e garantiu mais que honroso lugar no pódio (73 a 71).

Depois, valendo o título, veio o último golpe de sorte a favor do Guaros. O Bauru teria de buscar o bicampeonato sem dois titulares – Fischer e Hettsheimeir, dois de seus três principais jogadores. Para piorar, o armador suplente, Paulinho, também estava fora. Ainda assim, Bauru fez um jogo duro até o final (84 a 79), com Demétrius dando 17 minutos a um pivô de 19 anos (Wesley Sena, que faz sua primeira temporada realmente efetiva na rotação) e um armador de 18 anos (Guilherme Santos, lançado aos poucos, com 35 minutos no total pelo NBB. Dá para conhecer um pouco mais sobre ele aqui, com scouts da NBA na plateia). Para esses garotos, aliás, estar em quadra com rivais tão experientes, num ambiente como aqueles, já vale como um mês inteiro de cancha.

O Bauru, como se esperava, não teve muita facilidade na articulação de suas jogadas. Especialmente no quarto período em que seus atletas se viam constantemente obrigados a atirar de muito longe, bem marcados e sem equilíbrio algum, antes que a posse de bola estourasse. O belo aproveitamento nos rebotes ofensivos ao menos evitou que seu oponente desgarrasse no placar um pouco antes.

(O ponto positivo é a recuperação de Murilo, se movimentando com confiança e leveza. Se havia um jogador que merecia o título, era o veterano pivô, que passou por muitas dificuldades nas últimas duas temporadas, dentro e fora de quadra, entre lesões graves. Entre a experiência para os garotos, a demonstração de força perante os desfalques e a virada para cima do Flamengo, pela semi, a equipe paulista ganha bons argumentos para voltar para casa de cabeça erguida.)

Wilkins vai curtindo o final de carreira no mundo Fiba

Wilkins vai curtindo o final de carreira no mundo Fiba

Nos minutos finais, porém, uma bola de três pontos de Tyshawn Taylor e uma cesta+falta em Damien Wilkins fizeram a diferença, em sequência. Justamente dois dos ótimos reforços que o clube foi buscar, ao lado de um terceiro americano também produtivo, o ala Zach Graham. Taylor e Wilkins são talentos de NBA, ou quase. O jovem armador foi draftado pelo Nets e dispensado muito cedo – e foi contratado durante o torneio, daqueles movimentos que a Fiba também permite sem o menor controle. O veterano ala tem longa passagem pela liga, teve seus momentos aqui e ali e hoje busca mais alguns trocados mundo afora.

MVP da fase final, Wilkins foi sempre um porto seguro para os venezuelanos como referência ofensiva, matando 6 em 11 lances livres e descolando ainda mais sete pontos em lances livres. Com vasta bagagem, altura, força, personalidade e fundamentos, é o tipo raro de jogador no mundo Fiba que vai conseguir aguentar o tranco e bater o incansável Alex Garcia. Esses gringos se juntaram a uma base bastante experiente, de jogadores que entram e saem da seleção nacional.

Sobre o caráter de Wilkins, falo sobre seu histórico na NBA. O ala tem um sobrenome de peso, mas se virou na liga sem a capacidade atlética que seu tio e seu pai ostentavam. Foi com suor e como boa companhia no vestiário. Se errou lances livres peopositais contra o Flamengo, foi por ordem de seu treinador. Poderia contestar a ordem, claro, mas não é o pedido fosse ilegal. Assim como faltas intencionais em péssimos arremessadores no segundo ou quarto período, está no regulamento e não há muito o que ser feito.

E aí chegamos a Néstor Garcia, que vai chegar ao Rio de Janeiro cheio de moral, como campeão continental em duas esferas. O sujeito se transformou na Venezuela. Se não taticamente, mas pessoalmente, com uma persona que mais parece a de um torcedor do que um técnico na lateral da quadra. Seus trejeitos exagerados, seu uniforme todo amassado e/ou esgarçado gera empatia impressionante com o torcedor (e certo estranhamento por parte de seus americanos, é verdade).

García, o personagem da vez no basquete sul-americano

García, o personagem da vez no basquete sul-americano

Da campanha surpreendente pela Copa América, “Che” é o ponto comum mais óbvio. Daquele elenco, apenas o intrigante e inconstante ala-pivô Windi Graterol foi campeão da Liga das Américas. Em ambas as conquistas, o campeão foi definido aos trancos e barrancos, em jogos apertados, emocionantes, nos quais suas equipes conseguiu se manter equilibrada, consistente em quadra, mas também empurrada pela torcida – tal como aconteceu no México, com os espectadores de público recorde abraçando.os venezuelanos. Será que no Brasil a torcida terá essa boa vontade? Há mais que uma simples conexão latina aqui, sabemos. Será uma nota curiosa entre tantos assuntos olímpicos.

Mas não sei se podemos tirar muitas conclusões aqui. As circunstâncias da Copa América para a Liga das Américas é bem diferente. Na primeira, a Venezuela era uma zebraça. Na segunda, a equipe venezuelana era uma das favoritas. Vale monitorar, mas não indica exatamente um problema para o basquete brasileiro, por exemplo. A mera possibilidade de reunir quatro times num Final 4 seria impensável cinco anos atrás, antes de as conquistas começarem.


Seleção masculina conhece seu grupo olímpico. Está difícil
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Giancarlo Giampietro

Grupos - basquete olímpico

Um grupo de olímpico nunca será exatamente uma moleza. Mas dá para ficar mais complicado também do que Rubén Magnano gostaria. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira, quando a Fiba sorteou as chaves do torneio masculino e já reservou ao time anfitrião um senhor desafio logo de cara: conseguir a mera classificação para as quartas de final.

Pois a seleção brasileira vai ter de se virar com Argentina, Espanha, Lituânia, Nigéria e mais um dos vencedores dos três pré-olímpicos mundiais que serão disputados às vésperas da grande competição. E aí você pergunta: quais são as possibilidades? Por cerca de uma hora, ninguém sabia dizer, até que o repórter David Hein, fonte bastante confiável para assuntos europeus do tipo, esclarecer: os três times classificados nessa última peneira serão alocados em um novo sorteio.

Genial, né? Ainda estou para ver um procedimento da federação internacional que não seja confuso. Já não poderiam ter numerado os torneios? Mas, não: tem de fazer mais um evento. Pelo menos precisamos admitir que eles são bons nisso de enrolar e encher linguiça.  De qualquer forma, os três torneios serão disputados em Manila, nas Filipinas, Belgrado, na Sérvia, e Turim, na Itália. Podem vir equipes como França, Canadá, Sérvia, Itália, Grécia, Sérvia… Enfim, será mais uma pedreira, certamente.

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Levando em conta o retrospecto brasileiro na última Olimpíada e na Copa do Mundo de 2014, com vitórias sobre seleções como Austrália, Espanha (*sim, foi polêmica), França, Sérvia e Argentina, não há razão para se desesperar. Se a preparação for a que Magnano julga ideal, o time chegará em condições de enfrentar qualquer um de seus primeiros cinco oponentes, com estreia marcada contra a Lituânia, no dia 7 de agosto.

Mas seria melhor ficar numa chave com Venezuela e China, com o Grupo A? Sim, seria, por mais que os venezuelanos tenham surpreendido o Canadá pela Copa América e que os chineses estejam lançando uma nova geração talentosa e tenham vencido seu torneio continental tranquilamente. Em tese, a Nigéria é mais forte que os asiáticos – mais experiente, certamente.

Do outro lado, é bem possível o Brasil vencer o grupo, bem como ser eliminado de cara, sem avançar aos mata-matas – tem de batalhar, não tem jeito. Mas pensemos assim: do ponto de vista de um time anfitrião, com muitos veteranos em reta final de carreira, faria diferença cair na primeira fase ou nas quartas? Acho que não. Para eles, a essa altura, é medalha, ou medalha. (Veja bem: não estou dizendo que são obrigados a subir ao pódio, mas, sim, que, para os atletas, qualquer resultado diferente será decepcionante igual, independentemente do basquete apresentado no evento).

Tá, e se passar de fase, melhor que não sem em quarto, né? Para evitar os Estados Unidos, que são os favoritos absolutos, indiscutíveis. Depois de tanto penarem, os norte-americanos recuperaram este status. De resto, segue a linha do equilíbrio: Austrália e mais dois campeões de pré-olímpico. Seria chumbo grosso, mas para os dois lados.

Só não dá para avançar muito na análise aqui. Ainda está cedo. São cinco meses até o início dos Jogos, com playoffs de NBA, Euroliga, ACB, NBB e tantas outras ligas. Então tem de ver quais equipes vão exatamente desembarcar no Rio de Janeiro. Quantos Gasols vão jogar pela Espanha? Motiejunas vai fazer companhia a Valanciunas? Ezeli vai aceitar uma convocação? Uma Argentina com Prigioni e, especialmente, Ginóbili é outra história. Quis o sorteio, aliás, que a possível competição de despedida da geração dourada inclua mais um duelo com o Brasil. Não podia faltar. Para Magnano, mesmo que desafiador, seria especial.

A tabela, por ora:

Tabela, basquete olímpico


Deu Lakers (e Huertas) no jogo de temporada regular mais improvável da NBA
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Giancarlo Giampietro

huertas-lakers-warriors

Kobe Bryant chegou ao vestiário e logo soltou: “Estou tão sem palavras como vocês, caras”.

Foi uma rara ocasião em que deu branco na cuca do Sr. Bryant, especialmente em sua última temporada de NBA, em que saiu contando causos pela América profunda. Dessa vez o astro do Los Angeles Lakers não conseguia encontrar muitas explicações para o que havia acabado de acontecer no Staples Center: seu time, o lanterninha da Conferência Oeste, derrotou o poderoso líder Golden State Warriors por 112 a  95 – apenas a sexta derrota da melhor equipe da temporada.

Mas não só isso: em termos de discrepância entre duas campanhas, essa foi a maior zebra da história da liga. Ou, se quiser uma definição mais politicamente correta e talvez mais precisa, vamos de “o resultado mais improvável” da história da liga, ao se levar em conta que o Warriors tinha um aproveitamento de 91,6% antes de a rodada começar, enquanto o do Lakers era de 19,0%, com um mínimo de 25 partidas disputadas. Curiosamente, nas bolsas de apostas em Vegas, esse triunfo estava pagando 19/1.

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De acordo com os cálculos da central de apostas Westgate Las Vegas Superbook, se, por alguma razão de bebedeira ou piada, você apostou US$ 10,00 nos angelinos neste domingo, foi premiado com um faturamento de U$ 190,00. Para o Warriors, antes de a bola subir, você tinha de apostar U$ 900.00 para ganhar dezinho.

Em outro fato raro da temporada do Lakers, Jack Nicholson estava no Staples Center e adorou tudo aquilo. Quando o Lakers vencia por 18 pontos a 5min53s do fim, o diretor de transmissão local colocou a imagem o astro hollywoodiano para o telão jumbo do ginásio. Aplaudindo, ele soltou um grito de apoio. Era tempo mais que suficiente para um time com Steph Curry e Klay Thompson buscar a virada. Mas não aconteceu, para confusão geral.

Jack e o filho caçula Ray, seu sósia, se divertindo em LA

Jack e o filho caçula Ray, seu sósia, se divertindo em LA

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Um dos personagens instrumentais na vitória do Lakers? Marcelinho Huertas.

Com o afastamento de Lou Williams por uma lesão muscular e os minutos limitados para Kobe Bryant, o brasileiro voltou a aparecer com regularidade na rotação de Byron Scott. Foi escalado nas últimas cinco rodadas, depois de ter participado de apenas um em nove jogos entre os dias 2 e 24 de fevereiro.

Pois o veterano responde com sua melhor sequência na temporada. Nos quatro últimos jogos, ele acumulou 25 assistências contra apenas cinco turnovers… Em média de 5/1, excelente, em 104 minutos de ação. Contra o Warriors,  foram nove passes para cesta e apenas um desperdício de posse de bola, em 27 minutos. Para completar, anotou dez pontos, igualando seu recorde na temporada, estabelecido justamente na partida anterior, de sexta-feira, contra o Atlanta. Como prêmio, foi apontado por Scott como o “MVP do jogo” e também ganhou elogios de Magic Johnson, para quem, ao lado de Brandon Bass e Nick Young, teve a melhor atuação da segunda unidade nesta campanha.

Não se enganem: a opinião que mais vale aqui é a de… Scott. Magic é uma lenda viva, mas não acompanha tão bem assim o time para que seus palpites sejam levados a sério. Claro que, do ponto de vista da autoestima de um jogador e do torcedor, pesa demais. Do ponto de vista administrativo e de resultados na prática, porém, técnicos e diretores do Lakers já estão habituados a lidar com as cornetadas ou aplausos virtuais de um dos maiores jogadores da história – e proprietário  minoritário da franquia.

Já Scott é quem vai realmente ditar como será o final de campeonato de Huertas, com Rubén Magnano na torcida. Depois de falar mil maravilhas sobre o brasileiro na pré-temporada, o técnico não teve muita paciência com as dificuldades defensivas apresentadas pelo jogador em seu início de adaptação a uma liga de nível atlético infinitamente superior ao que se pratica na Europa. Para piorar, vieram os vines, tweets e highlights (toco de não sei quem, crossover de fulano…), e a tiração de sarro desmedida para um esporte em que estes são lances corriqueiros.

Ok, é claro que você tem de avaliar um jogador como um todo, e a defesa representa 50% do tempo de um jogo, ou quase isso. Mas, convenhamos, quem é o grande marcado perimetral no elenco atual do Lakers, que tem a pior defesa da temporada, levando 109,5 pontos a cada 100 posses de bola e a quarta mais vazada no total, com 108,0 pontos por jogo? Ron Artest? Talvez, mesmo que ele não consiga mais tirar o pé do chão. Anthony Brown? Veio de Stanford, mas ainda está aprendendo. Só não dá para dizer Lou Williams.

É difícil de entender exatamente as motivações por trás da contratação de “Sweet Lou” por Mitch Kupchak/Jim Buss, nem mesmo no hipotético (e absurdo) cenário que a dupla imaginava: o de que a equipe teria alguma chance de brigar por vaga nos playoffs neste ano. O que o tampinha faz: cava muitas faltas, como ninguém na liga; cria situações no mano a mano para atacar a cesta ou se livrar para um rápido arremesso. Não muito mais que isso. Definitivamente não é um cara que, na hora de tentar brecar alguém, vai deixar sua marca.

huertas-floater-lakersSe for para falar em pontuação, em cestinha fogoso, Nick Young já havia sido contratado no verão anterior justamente para isso. Em sua promissora campanha de novato, Jordan Clarkson seguiu pela mesma linha. D’Angelo Russel também é muito mais definidor do que criador hoje. Para não citar o próprio Kobe Bryant, que não tem mais o pique de antes, mas, vimos bem no início, ainda se sentiu confortável em chutar 20 vezes ou mais em uma partida. Por outro lado, Huertas também sabia que o elenco do Lakers era este. O armador, lembremos, acreditava que estava indo para o Dallas Mavericks, até o negócio cair. Sobrou, no final, o time californiano, com toda essa bagunça.

Em 58 jogos, Williams recebeu 1.696 minutos e tentou 610 arremessos, com uma taxa de uso de posse de bola de 22,2%. Todos números inferiores aos de Russell e Clarkson, também em médias, mas não muito. Será que os mais jovens não se beneficiariam de um volume de jogo ainda maior?

Aí vem a questão da “educação”: que Scott estava tentando passar especialmente a Russell a noção de que ele precisaria brigar para se impor no time, que as coisas não viriam de mão beijada na liga para alguém ainda muito imaturo – foi um termo que o treinador usou diversas vezes ao avaliar o garoto, ainda mais em comparação com Chris Paul e Kyrie Irving, ambos seus pupilos em suas temporadas de calouro.

É uma proposta que tem sua lógica, ainda mais agora que o número dois do Draft está desabrochando, para silenciar aqueles (extremamente) apressados que já o sentenciavam como um fiasco, numa comparação desesperada com Karl-Anthony Towns e Kristaps Porzingis, escolhas altas que estavam produzindo muito e brilhando, enquanto a aposta do Lakers penava. Nos últimos cinco jogos, acumula 22,6 pontos, 4,4 assistências, 3,0 rebotes, 1,4 roubo, 2,4 turnovers e 47,2% nos chutes de fora nos últimos cinco jogos, em 32,6 minutos. Mas você pode contra-argumentar facilmente também dizendo que talvez Russell pudesse estar ainda mais confiante e desenvolto no quarto final de temporada se não tivesse que se desvencilhar de tantas amarras nos primeiros meses, amarras que também envolvem o show de despedida de Kobe Bryant.

Além do mais, mesmo que a tese de Scott seja correta, é aí que a gente se pergunta se Huertas não seria melhor solução neste aprendizado de Russell. Ele pode não ter o currículo de Williams na NBA. Mas, como professor e exemplo, não poderiam ser mais diferentes, e o brasileiro colaboraria exatamente com aquilo que o jovem de 20 anos (recém-completos) mais precisa de momento: o equilíbrio entre a busca da cesta com seu belíssimo e suave arremesso, sem desperdiçar sua visão de quadra. Russell já é capaz de encontrar buracos na defesa e deixar um companheiro no jeito para pontuar. Mas pode se enamorar com a bola e segurá-la por muito tempo até partir para a definição no mano a mano – vício igualmente presente no jogo de Clarkson. Botem Lou e Kobe nessa conta, e você tem o time que menos dá assistências na temporada, não importando o critério

Por mais que o Lakers precise perder, perder e perder, para aumentar sua probabilidade no próximo Draft (lembrando sempre que, se a escolha sair do top 3, será encaminhada para Philadelphia), Scott e a diretoria insistem publicamente que o Lakers entrou na temporada querendo vencer. Vai saber. Para um time que, no domingo, tinha aproveitamento inferior a 20%, seu técnico então talvez tenha falhado em buscar outras alternativas e liberar um jogo mais solidário e criativo um pouco mais cedo no campeonato.

Huertas, de todo modo, fez nos últimos dias por merecer mais chances nas próximas partidas, com ou sem Williams. Para quem, segundo Magnano disse ao repórter Marcello Pires, do GloboEsporte.com, “tinha muita vontade de ser trocado”, é um alívio.

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Nessa busca pelo Draft, o Lakers, no fim, deu sorte: seu perseguidor mais próximo, o Phoenix Suns, também venceu, superando o Memphis Grizzlies pela segunda vez em cinco dias. De modo que o time californiano segue com alguma folga na condição de segunda pior equipe da temporada, acima apenas do Philadelphia 76ers, que voltou a perder desenfreadamente. Quem comemorou, então, a soma desses resultados foi, neste mundo bizarro da NBA, foi Danny Ainge, que torce pela derrocada de Brooklyn.

*    *    *

Sobre o Warriors, como fica a tentativa de recorde? Uma derrota para o Los Angeles Lakers certamente não estava nos planos. Agora, com 55 vitórias e 6 derrotas, o time precisa de 18-3 até o final para superar a marca histórica do Bulls de 1996, ou de 17-4 para igualá-la.

Ainda assim, o ritmo do Warriors ainda é superior ao do Bulls de 20 anos atrás. Nas projeções do “Basketball Power Index” do ESPN.com, a projeção de campanha do Golden State caiu justamente de 73-9 (novo recorde) para 72-10 (empate) após a surra levada em L.A. O mais curioso é que, na probabilidade de título, depois de muito tempo, o San Antonio Spurs aparece pela primeira vez com um percentual superior ao dos atuais campeões: 43,9% x 39,3%.

Na NBA, como vimos, você não pode relaxar nunca, nem mesmo contra um time dirigido por Byron Scott. Pensando na reta final de campanha, além da possibilidade de entrar para a história, o mais urgente é simplesmente se manter na primeira colocação da conferência, uma vez que o Spurs não arreda o pé dessa briga e tem apenas três derrotas a menos na classificação.

De qualquer maneira, para um time que perdeu para Milwaukee, Denver, Detroit e Pistons, não adianta contar os confrontos diretos com o time de Gregg Popovich (três!). Se juntarmos as campanhas dos seis times que conseguiram derrubar o Warriors até o momento, vamos ter 160 vitórias e 216 derrotas. E eles quase perderam para o Sixers também (abaixo). O desafio maior é manter o foco e o pique para os jogos mais fáceis, além daquelas rodadas em que Steve Kerr vai poupar alguns de seus titulares.

Mas tem um fato curioso aqui. Uma coincidência daquelas, na verdade. Exatamente no 61º jogo de sua campanha em 1996, o Chicago também foi espancado, perdendo por 32 pontos para o New York Knicks de Ewing, Mason e Oakley e já de Jeff Van Gundy, que havia acabado de ser promovido após a demissão abrupta de Don Nelson. Obviamente o Knicks tinha um elenco muito mais forte que o do Lakers de hoje.  O ponto em comum das duas jornadas é que tanto o Bulls como o Warriors tiveram a noite de sábado livre nas duas maiores – e mais agitadas – cidades da liga, Nova York e Los Angeles. Engov neles.

“Nós não tivemos muita energia para começar o jogo por qualquer razão que seja”, disse Curry. “Eles estavam errando um monte de arremessos”, se alegrou Scott. Depois dessa exibição, Kerr agendou um treino para a manhã desta segunda-feira, já em Oakland, dia de enfrentar o Orlando Magic. É o primeiro deste tipo para a equipe, numa dobradinha back-to-back.

Os Splash Brothers acertaram apenas um em 18 chutes de três pontos, com um em dez para Curry. O Lakers matou 9-24 (37,5%).

*    *   *

Restam agora, em tese, 18 partidas para a carreira de Kobe chegar ao fim. Mas imagino a apreennsão de torcedores que tenham ingressos garantidos para seus últimos jogos: não existe a garantia de que ele possa entrar em quadra. SEntado no banco de reserva nos minutos finais desta incrível vitória, ele tinha o ombro direito totalmente envelopado. Aos repórteres, diz que há dias em que ele mal consegue girar o corpo para mexer no rádio do carro. Trava e dói tudo. O Lakers segue faturando com a turnê de despedida de seu craque: a franquia lançou três pares de meia em sua homenagem. Contra o Warriors, usaram a do centro:

Meias em homenagem a Kobe Bryant, Lakers

*    *    *

D’Angelo  Russel dá uma de Curry e nem espera a bola cair para comemorar. Abusado. O legal é que o lance foi no primeiro tempo ainda, e, não, quando a partida estava ‘definida’:

Larry Nance Jr. reforça sua candidatura ao torneio de enterradas de 2017:

E Russell perde o controle:


A temporada não acabou para Anthony Davis: restam R$ 90 mi para resgate
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Giancarlo Giampietro

Não seria Aron Baynes quem pararia o Monocelhano domingo

Não seria Aron Baynes quem pararia o Monocelhano domingo

Vamos interromper momentaneamente o noticiário, digamos, ‘Varejista’, para falar um pouquinho que seja sobre Anthony Davis.

Sim, vocês se lembram dele? Aquele que foi apontado por muita gente (oi!) como um candidato ao prêmio de MVP desta temporada da NBA, mas que nem, mesmo, para o All-Star Game foi eleito? Neste domingo, o New Orleans Pelicans visitou a “Motown” neste domingo e, de clube esquecido na temporada, virou notícia, graças ao despertar do Monocelha.

Existe a relação entre linhas estatísticas e fanfarra, mas também existe uma combinação de 59 pontos e 20 rebotes em 43 minutos de ação para o ala-pivô de N’awlins. Nos últimos 40 anos, a liga só viu acontecer duas vezes um atleta somar 55 pontos e 20 rebotes. A última tinha sido com um tal de Shaquille.

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Foi a maior exibição do atual calendário da liga, levando o time a um triunfo por 111 a 106 sobre o Pistons. Ele anotou, sozinho, 53% dos pontos e coletou 39% dos rebotes de sua equipe – ou, respectivamente, 27% dos pontos da partida e 21% dos rebotes que estiveram em jogo.  Ele errou apenas 10 de 34 arremessos de quadra, tendo acertado também 9 em 10 lances livres. Haja:

É muito recurso, né? “Já viu algo assim? Eu nunca”, disse o técnico Alvin Gentry, . “Não por um grandão, tão habilidoso assim.”

O esforço não foi à toa. O Pelicans ocupa hoje a 11ª colocação na Conferência Oeste e ainda sonha com uma vaguinha. Mas vai ser difícil. Muito difícil. O aproveitamento da equipe é de 40% (22 vitórias e 33 derrotas), enquanto o oitavo, o Houston Rockets, tem 50%, com 28 vitórias e 28 derrotas, margeando a zona de classificação para os mata-matas.

São cinco derrotas a mais. Restam 27 partidas no calendário. Dallas e Portland também não estão tão longe assim. Não é impossível de correr atrás disso, mas não é que o momento do time no campeonato seja dos mais esplendorosos, vindo de cinco vitórias e cinco reveses nos últimos dez compromissos. Além disso, não é que a disputa seja apenas com o Rockets. Entre eles estão Utah Jazz e Sacramento Kings também. E o Utah tem muito mais garrafas para vender no momento. Veremos, já que Tyreke Evans está fora da temporada e Eric Gordon, para variar, ainda precisará de uma semaninha para retornar.

Se o êxito coletivo parece mais complicado – o que deixa o gerente geral Dell Demps a perigo, diante de proprietários que acreditavam que o clube estava pronto para avançar no Oeste –, ao menos Davis tem também uma causa pessoal pela qual brigar, e uma que diz respeito a sua conta bancária, valendo mais de R$ 90 milhões.

Quando fechou no ano passado uma extensão contratual com a franquia, podendo valer até US$ 145 milhões, vindo de seu vínculo de novato, o estimado Monocelha estava sujeito a um bônus pelo que se convencionou chamar de a “Regra Rose“, em nome de Derrick Rose (valendo a citação trocadilhesca a Umberto Eco, a-ham). Apelamos novamente ao guru Larry Coon, que destrinchou o acordo trabalhista da liga. No caso de jogadores que assinam pelo salário máximo anual em seu segundo contrato, a quantia a ser recebida pode saltar de 25% para 30% do teto salarial estipulado do ano desde que este atleta a) seja nomeado ao menos duas vezes para os quintetos ideais da liga ao final da temporada (primeiro, segundo ou terceiro, tanto faz), b) seja eleito titular do All-Star Game ao menos duas vezes, ou c) seja eleito o MVP uma vez.

Como ficou fora do All-Star e não está na discussão para o prêmio que já pertence a Stephen Curry (e o qual Rose ganhou em 2012), Davis agora precisa entrar no grupo dos 15 melhores da liga, valendo algo em torno de US$ 23 a 24 milhões em seu contrato. Antes de se apelar ao purismo, dizendo que dinheiro não é tudo nesta vida,  basta converter esse montante para a cotação brasileira, chegando a mais de R$ 90 milhões, para se encerrar a discussão..

É claro que perder  essa grana toda não seria o fim do mundo para alguém que, de qualquer maneira, já vai faturar mais de US$ 120 milhões na pior (coff! coff! das hipóteses). Aos 22 anos, o ala-pivô também pode voltar ao mercado de agentes livres em 2020, caso exerça uma cláusula em seu contrato para abrir mão do quinto ano. Ainda está muito longe para se pensar nisso, mas o Pelicans também precisa se cuidar.

Drummond ficou para trás

Drummond ficou para trás

Em que pese o excesso de lesões que dificultou o trabalho de Gentry desde a pré-temporada, o técnico não faz um bom trabalho até o momento. Mas também é preciso dizer que Demps não reuniu tantas peças assim que favoreça o estilo de jogo que o treinador gostaria de colocar em prática. Falta arremesso e velocidade.

A campanha frustrante acabou tirando Davis da pauta. Até que ele veio com essa atuação estrondosa para, como Adrian Wojnarowski registrou de imediato, para relembrar a NBA de sua existência. Em entrevista ao chefão do Vertical, o rapaz falou com franqueza sobre a pressão de, em seu quarto ano na liga, carregar um time nas costas, lidando com as mais elevadas expectativas.

“É duro. Você ouve o barulho todo. Nosso time perde três em sequência, e é culpa do Anthony Davis. A culpa chega a você. É claro que há outros fatores que caminham juntos, como os elogios quando você está vencendo. Mas lidar com isso quando você é tão jovem, e ainda não conquistou nada, é difícil, especialmente quando as pessoas o colocam num pedestal. Especialmente quando ficam dizendo o que deveria fazer. É frustrante”, afirmou.

Calma, Monocelha, não é hora para ficar pilhado assim. Aí é a hora de nos lembrarmos que, com 22 anos e 11 meses, Davis é mais jovem que Lucas Bebê e Cristiano Felício. Sua pontuação de domingo foi a maior para um jogador sub-23 na história da NBA. Ele foi o mais jovem da liga a somar 50 pontos e 20 rebotes desde Bob McAdoo em 1973-74.

Anthony Davis existe, e a gente não pode se esquecer.