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Categoria : Notas

Golden State inicia trecho mais difícil da tabela e apanha em Portland
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Giancarlo Giampietro

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De modo prudente, os jogadores do Golden State Warriors relutaram por muito tempo em falar sobre o supostamente inalcançável recorde de 72 vitórias do Chicago Bulls de 1996. Mas, à medida que os bons resultados foram se acumulando num ritmo impressionante, ficou impossível de fugir do tema. Eles abraçaram a causa. Estão mais que certos: é uma oportunidade única que o time tem, afinal.

Pois, na volta do All-Star, o Warriors vai encarar o trecho mais complicado de sua tabela. Os desafios serão realmente mais significativos, a começar por uma série de seis partidas fora de casa entre os dias 19 e 27. Haja embarque, haja check out, haja calmante. Ao final desta sequência, vamos ter uma boa noção se aquela legendária equipe de Jordan, Pippen e Rodman ganhará companhia.

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Acontece que, nesta sexta-feira, essa turnê “coast to coast” rasgando a América – indo do Noroeste de Portland até o Sudeste da Flórida – começou da pior maneira possível. Ou melhor, com a pior derrota da equipe nesta temporada: uma surra de 32 pontos de diferença contra o Trail Blazers, levando 137 pontos em 48 minutos.

Por sua consistência assustadora desde as primeiras semanas do campeonato, o Warriors exige mais que um voto de confiança. Obviamente ninguém precisa fazer tempestade em copo d’água após esse deslize – são apenas cinco derrotas em 53 rodadas. Jogar em Portland nunca é fácil. Damian Lillard, 51 pontos, estava enfezado pacas, por conta da esnobada que tomou da liga (assista abaixo, numa exibição de técnica espetacular). O intervalo do All-Star também pode ter deixado os atuais campeões um tanto relaxados.

Além disso, se formos recuperar outra derrota surpreendente do time (digo surpreendente pela diferença no plcar…), foi o revés por 113 a 95 aconteceu em Detroit, em janeiro, dois dias antes de um compromisso com um certo Cleveland Cavaliers. E quem o Warriors enfrenta neste sábado, num “back-to-back”? O Los Angeles Clippers, rival que desperta algo entre o asco e o ódio no vestiário de Golden State. Talvez tenham subestimado o tinhoso Blazers, a equipe que, contra todas as previsões, se intromete de forma valente e precoce na briga por vaga nos playoffs no Oeste, jogando enorme pressão para cima de Houston, Utah e, coitados, Sacramento. A ver como eles respondem contra o Clippers, que vem jogando seu melhor basquete da temporada, sem se importar com a ausência de Blake Griffin – uma bizarrice um tanto complicada de se explicar.

Para alcançar e superar o recorde do Bulls, o Golden State, na volta do All-Star, precisa de uma campanha de 25 vitórias e 5 derrotas. Pois bem, a primeira dessas cinco já aconteceu. Que eles consigam 25-4 daqui para a frente é, em tese, algo totalmente plausível. Mas se você for examinar o tipo de calendário que esses caras vão encarar, vai perceber que o time vai ter de jogar ainda mais bola para se colocar na história. Lá vem pedreira, gente, mesmo para Stephen Curry. O departamento de estatísticas da ESPN americana nos brinda com os seguinte detalhes:

– Terão sete confrontos com o trio de pretensos usurpadores do Oeste: Spurs, Thunder e Clippers.

– Sete dobradinhas de dois jogos em duas noites.

– Nesses sete “back-to-backs”, todos serão contra adversários com pelo menos um dia de descanso.

– Seis estas dobradinhas exigem viagem de um dia para o outro.

– Como se não fosse o suficiente, três destes jogos serão contra Spurs e Clippers. E fora de casa!

Outro dado interessante que eles separaram é que, até o momento, o Warriors tem um aproveitamento de oito vitórias em nove partidas decididas por cinco pontos ou menos. Nas três vezes que foram para a prorrogação, saíram vencedores. Isso significa que eles contaram com um pouco de sorte também, em meio a tanta competência. Assim como fôlego e resistência, tendo vencido seis de dez partidas nas quais chegaram a ficar com dez pontos ou mais de desvantagem no placar, ou triunfado em 10 de 14 jogos em que estavam perdendo nos cinco minutos finais. Sim, grandes equipes sabem enfrentar a adversidade. A teoria de probabilidades, porém, indica que uma hora o time pode perder mais deste tipo de partida.

Com uma tabela desgastante e outros objetivos no caderninho – algo ser bicampeão da NBA, aliás –, não seria de se estranhar que Steve Kerr comece a poupar um ou outro atleta pontualmente, independentemente do apelo que tem a busca por um marco antes visto como inatingível. É um baita dilema, mesmo, para o técnico, seus atletas e diretoria. Chegar a 72 ou 73 vitórias seria uma façanha, sem para dizer o mínimo. Levando em conta o tanto de obstáculos que terão de enfrentar, seria algo ainda mais incrível, difícil de compreender.

Boa sorte.


Varejão está sem clube: ok, quais são os próximos passos?
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Giancarlo Giampietro

Varejão vai para o mercado de "buyouts". Seria Hibbert um concorrente?

Varejão vai para o mercado de “buyouts”. Seria Hibbert um concorrente?

São negócios. O mundo da NBA sabe. E, no mundo da liga americana, esses negócios são duros e bastante complicados também, cheios de pormenores, que os diretores são obrigados a dominar, para entender direitinho os passos a se seguir e, também, as brechas que eles podem aproveitar para lucrar em uma negociação, ganhar flexibilidade na gestão etc. A troca de Anderson Varejão é uma prova disso.  A partir do momento em que o Portland mal absorveu seu contrato e já o dispensou, é natural que muitas dúvidas surjam em relação ao futuro do brasileiro. Há particulares que precisam ser atendidas para que ele retorne à liga ainda nesta temporada. Pensando nisso, segue uma básica bateria de perguntas e respostas para tentar sacar deve ser sua próxima jogada. Se for para entender as motivações de Cavs e Blazers nesta negociação, as explicações estão no texto da véspera, mesmo.

1 – Varejão foi dispensado pelo Trail Blazers. Ainda pode jogar neste campeonato?
Sim, não há impedimento. Ele apenas fica sem contrato, com a franquia do Oregon sendo responsável por pagar o restante de seu salário: para constar, o bilionário Paul Allen, fundador da Microsoft, vai arcar com o restante do pagamento do brasileiro nesta temporada e ainda pagar mais US$ 9,3 milhões que estavam garantidos em seu vínculo com o Cavs referentes a 2016-17. Havia um quarto ano de contrato, valendo US$ 10 milhões, mas que não tinham garantia alguma. As informações são de Brian Windhorst, do ESPN.com, repórter que cobriu o Cavs durante praticamente toda a carreira de Anderson.

2 – O pivô já pode assinar com uma equipe nesta sexta?
Não. O que poderia acontecer era que um clube se candidatasse a receber seu contrato num intervalo de 48 horas desde o momento em que ele foi dispensado. Aproximadamente até umas 18h, 19h de sábado, no horário de Brasília), Varejão está sob moratória. (PS: E aqui corrijo uma informação que escrevi ontem: são 48 horas, mesmo, e em vez de 72 horas, que era o prazo do penúltimo acordo trabalhista da liga). Na terminologia da NBA, é o período de “waiver”. Nessas 48h, só podem se candidatar a seus serviços as equipes com espaço suficiente em suas folhas salariais para assumir o contrato de Varejão ou aquelas que tenham “exceções de trocas” acima deste valor. Mais detalhes no site do especialista Larry Coon, a bíblia em assuntos dos regulamentos de cap da liga. No momento – excluindo, por motivos óbvios, Portland, que ainda tem espaço em sua folha –, não há nenhum clube em condições de adquiri-lo desta forma. Aqui estão todas as “exceções de troca” disponíveis no início da temporada.

Chris Kaman ocupa a vaga de pivô veterano em Portland

Chris Kaman já ocupava a vaga de pivô veterano em Portland

3 – Tá, mas e depois de 48 horas? Como fica sua situação contratual?
Aí Anderson vai virar um agente livre novamente. O Portland seguirá pagando seu salário pelo vínculo anterior, mas ele está liberado para fazer um novo contrato com uma nova franquia.

4 – E Varejão pode assinar com qualquer clube?
Não, há uma restrição aqui. A primeira de todas diz respeito ao Cavs. Depois de um jogador ser trocado e dispensado, ele não pode voltar ao clube de origem tão cedo. Há restrições. No caso de Cleveland, se LeBron desejar um retorno do velho companheiro, vai ter de esperar por um ano até que ele seja liberado. Até fevereiro de 2017, em vez dos seis meses que escrevi ontem. Há uma certa confusão aqui pelo fato de a regra ser um pouco flexível. Se o contrato original do capixaba estivesse em sua última temporada, aí ele poderia retornar ao Cavs já em julho, quando a janela se reabre. Mas o vínculo se estendia até junho de 2018. Então, o que vale é um ano de calendário cheio para que as partes possam negociar algo. Larry Coon explica novamente.

De resto, o pivô só pode fechar com algum clube que tenha uma vaga em seu elenco. Durante a temporada regular, cada time só pode ter 15 jogadores sob contrato. Hoje, diversos times interessantes para o brasileiro estão abaixo do limite: Atlanta Hawks, Charlotte Hornets, Houston Rockets, Miami Heat, Oklahoma City Thunder, New York Knicks e Washington Wizards. O Clippers também pode ser adicionado a esta lista pelo fato de ter 14 contratos garantidos no elenco, com a 15ª sendo preenchida pelo contrato temporário de Jeff Ayres, ex-Pacers e Spurs. Todos os clubes aqui citados têm aspiração de jogar os playoffs. Resta saber se algum deles teria o interesse de fechar com o brasileiro. Ele seria contratado ou pelo salário mínimo da liga (recebendo o proporcional pelos dias de vínculo), ou por alguma “exceção contratual” (as exceções “mid level” ou “mini mid level”).

5 – Então ele pode jogar os playoffs?
Pode, totalmente liberado, por ter sido dispensado antes de março. Qualquer jogador que rescinda seu contrato até o fim de fevereiro fica elegível para jogar os mata-matas.

*    *    *

Estas são as perguntas de respostas factuais. Agora vem a parte subjetiva do negócio, sobre a qual já expus algumas coisas no texto de quinta (segue o link novamente). A decisão que Anderson será extremamente relevante para os planos de Rubén Magnano.

Qual seria o melhor clube para Varejão? Se for para pensar em tempo de quadra, espiando a lista acima, talvez as melhores opções sejam Atlanta, Houston e Miami.

O Hawks perdeu seu pivô reserva. Ironicamente, Tiago Splitter. Por mais intimidador e longilíneo que seja nosso primo cabo-verdiano Walter Tavares, não acredito que Mike Bundeholzer esteja preparado para lhe dar mais minutos. Ainda mais na reta final da temporada. Mike Muscala terá suas chances, arremessa bem de média distância, é um pouco mais rodado, mas não serve como solução se o assunto for defesa. Varejão sabe passar a bola como poucos entre os pivôs e não seria um entrave no sistema de Bud. Que tal?

Poderia o Hawks tentar contratar um segundo pivô brasileiro?

Poderia o Hawks tentar contratar um segundo pivô brasileiro?

Os outros dois times ainda estão na briga por vaga nos mata-matas e precisam de ajuda no garrafão. O Rockets conta com um quebradiço (e descontente) Dwight Howard, o jovem extremamente promissor Clint Capela e os versáteis e inconstantes Terrence Jones e Josh Smith. Em tese, os quatro comporiam a rotação. Se Howard mantiver a concentração e a forma, fica mais difícil de jogar. Mas, se as lesões permitirem e se Varejão estiver confiante em sua capacidade física e atlética, há uma clara necessidade no elenco de mais um pivô que cuide da defesa, até para dar descanso ao antigo All-Star.

Já o Heat vive um novo drama com Chris Bosh. O ala-pivô está afastado por tempo indeterminado das quadras, depois de médicos detectarem novos coágulos sanguíneos, agora em sua panturrilha. Há o temor de que ele não possa mais jogar nesta temporada ou – toc, toc, toc – que tenha de se aposentar das quadras. Isso deixaria Erik Spoelstra com Hassan Whiteside, Amar’e Stoudemire, Josh McRoberts e Udois Haslem. Os três últimos são rodados e não são conhecidos pela durabilidade.

Do restante, o Clippers, a princípio, pareceria interessante. Mas Doc Rivers prioriza as formações mais baixas quando DeAndre Jordan vai para o banco, tendo Blake Griffin disponível, ou não. Com a chegada de Jeff Green, essa tendência só é reforçada. Varejão teria disputar, então, minutos com Cole Aldrich. Imagino que muita gente vá engasgar ao ler esta frase. Mas, a despeito do jeitão molenga do cara, de ser um refugo de OKC, a verdade é que ele tem sido superprodutivo na reserva de Jordan e vem sendo constantemente elogiado por um enamorado técnico e chefão.  O mesmo raciocínio tático vale para o Wizards, de Gortat e Nenê. Já o Thunder tem pivôs para dar e vender, assim como Hornets e Knicks.

Peja foi dispensado pelo Raptors em 20 de janeiro 2011. Quatro dias depois, assinou com o Mavs. Ao lado de Nowitzki, conquistou naquele mesmo ano um tão aguardado título, depois de tantas decepções pelo Sacramento Kings

Peja foi dispensado pelo Raptors em 20 de janeiro 2011. Quatro dias depois, assinou com o Mavs. Ao lado de Nowitzki, conquistou naquele mesmo ano um tão aguardado título, depois de tantas decepções pelo Sacramento Kings

Mas, a despeito de tanta matutação, primeiro, vai depender de quem vá mostrar interesse, né? Conforme dito acima, os clubes mais precavidos vão aguardar a chegada de março para saber qual exatamente é o menu de jogadores que ficarão disponíveis para contratação. Lembro de dois casos bem-sucedidos de parcerias improvisadas, de última hora, que deram muito certo: Peja Stojakovic deu uma boa mão ao Dallas na campanha do título em 2011, enquanto Boris Diaw se encaixou como uma luva no sistema do Spurs no momento em que Michael Jordan se cansou de seus caprichos.

Há muitos nomes especulados neste ano para este mercado paralelo. São atletas esperam mostrar serviço para conseguir um novo contrato vantajoso em julho. Os mais cogitados são:

David Lee:  É provável que ele rescinda com Boston ainda nesta sexta. Aí temos um concorrente direto em termos de posição. No pacote técnico, porém, são beeeem diferentes. Qualquer equipe que pense em contratar Lee vai precisar de um sistema defensivo forte para assimilar um jogador desatento e de pouca mobilidade, esperando que, eventualmente, seu repertório ofensivo compense. , que Consistente tiro de média distância, ótima visão de quadra e boa munheca perto da cesta são seus principais atributos. Pouco utilizado na campanha do título do Warriors (mas com um papel importante na hora da virada sobre o Cavs, diga-se), o pivô sucumbiu na sangrenta batalha por minutos no Celtics de Brad Stevens. Todavia, ainda acredita que pode contribuir para um time de ponta.

JJ Hickson: outro concorrente, e ex-companheiro de Cleveland. Tudo leva a crer que o Denver vai abrir mão desse cavalo, contente que está com seus jovens pivôs europeus. Hickson oferece vigor físico, capacidade atlética e muita briga pelos rebotes em abas as tábuas. Um trombador. Boa arma no pick-and-roll. Só não esperem dele criatividade com a bola. Precisa ser acionado em situações de tomada fácil de decisão. Também costuma tirar o sono dos treinadores pelo entendimento limitado de rotações e coberturas defensivas.

Roy Hibbert/Brandon Bass: a única missão dessa dupla até o final da temporada seria cuidar da garotada. Nesse caso, Bass parece ser um cara mais influente no dia a dia de um time, devido ao profissionalismo exemplar. Creio que ele seria o agente livre mais cobiçado entre os pivôs aqui citados, por estar evidentemente em forma e por ter um estilo de jogo fácil de se encaixar em qualquer rotação: não compromete na defesa, já que é um veterano que entende suas limitações e está habituado a ser um operário. Em suma: ele vai bem sem querer aparecer. É bastante eficiente no ataque com seus tiros de média distância e presença perto da tabela. Perdido em meio ao caos angelino, faz uma das melhores temporadas de sua carreira.

Hibbert, por sua vez, é um enigma: um sujeito difícil de se motivar, ainda que esse contexto caótico do Lakers não seja favorável a ninguém. A dúvida é saber se, na NBA de hoje, ainda há espaço para alguém que se movimenta tão devagar. Em minutos limitados, como pivô reserva, imagino que dê para encaixá-lo, como um protetor de aro respeitável.

Martin tem opção de mais um ano de contrato em Minnesota. Vai topar sair?

Martin tem opção de mais um ano de contrato em Minnesota. Vai topar sair?

– Kevin Martin: o ala já foi uma máquina de fazer cestas. Mas as diversas lesões que sofreu durante sua carreira parecem, enfim, estar cobrando um preço caro, lhe roubando muito de sua legendária eficiência como cestinha. Martin lida com dores crônicas no pulso direito. Para piorar, sofreu uma torção na região, que o tirou de quadra nas partidas que antecederam ao All-Star. De qualquer forma, ainda tem acertado 36,4% de seus arremessos de três pontos num time que não tem quase nenhum chutador ao seu lado e cava faltas com boa frequência, iludindo os defensores. Seu papel também seria claro: reforçar o ataque de uma segunda unidade. O que pega é que ele tem mais uma temporada em seu contrato com Minnesota. Será que daria um desconto ao clube em seu salário de US$ 7 milhões para sair?

Ty Lawson: sua contratação pelo Rockets acabou se mostrando um desastre. Lawson passou por sérios problemas fora de quadra nos últimos meses em Denver e saiu dos trilhos. Se a expectativa era viver um recomeço em Houston, se vê constantemente frustrado em quadra, já que sobram poucos minutos para jogar sem a companhia de James Harden. Pois, quando o barbudo está em quadra, a bola não sai das mãos dele, fazendo do tampinha um mero chutador na zona morta (um desperdício para alguém tão veloz e explosivo no drible). Dispensar o armador poderia ser um tiro pela culatra? O outro lado da questão é que, se Lawson estiver descontente, reclamando de tudo no vestiário, só vai deixar o problemático vestiário do time ainda mais conturbado.

Joe Johnson: por fim… o nome mais badalado. JJ pode ter envelhecido e se deprimido em Brooklyn, mas, sem a responsabilidade de carregar um ataque, muito provavelmente ainda pode ser bastante efetivo. Ele ainda pode matar os chutes de fora e fazer a bola girar. O problema é a defesa, deixando todo mundo passar. Se revigorado, talvez possa ao menos tentar brigar por posição. Se ele vai para o mercado, ou não, é que ninguém sabe. As notícias em torno do tema são muito conflitantes até o momento.

Em relação a Varejão, a questão é se ele ainda pode ser efetivo como defensor e reboteiro, depois de tantas lesões, em especial a ruptura no tendão de Aquiles. O brasileiro sempre foi um jogador especial na execução defensiva, com empenho, agilidade e inteligência acima da média. Disso ninguém duvida. A questão sincera e justa se volta apenas ao aspecto físico.

Por outro lado, joga a seu favor o fato de ser uma figura carismática, com excelente reputação no vestiário e muita experiência em jogos decisivos. Também não é dos caras que vai exigir atenção em quadra e é uma figura amada por seus técnicos. Além disso, não seria uma contratação de risco. Não estaria chegando para salvar a temporada de ninguém, mas, sim, para ser uma peça complementar que possa ajudar a elevar o nível de qualquer clube interessado.


Durant no Golden State? Vamos com calma
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Giancarlo Giampietro

MVP e MVP juntos?

MVP e MVP juntos?

A mais nova #WojBomb não é bem uma bomba assim, mas, sim, um texto requentado de uma especulação que já circulava por aí desde antes do início da temporada. Acontece que o superfurão está com um site novinho em folha, o Vertical, que vale a visita, e precisa de um pouquinho mais de promoção. Para justificar o texto, Wojnarowski escreve que, se for para sair de OKC, o Warriors seria uma “séria ameaça” e “o favorito de modo significante” para assinar com ele, segundo fontes anônimas. E só. O resto é conjectura, sempre acompanhado pelos costumeiros condicionais.

O primeiro deles já foi escrito logo acima: Durant vai querer deixar o Thunder, mesmo? Ninguém sabe, nem ele, segundo o próprio artigo.

Da parte da franquia californiana, o fato de estarem interessados no cestinha é algo que… Não surpreende ninguém. Assim: quem não toparia caçar um agente livre desses? Perguntem aos diretores de Pinheiros, Bauru e Caxias: qualquer um o aceitaria de bom grado. Na NBA, todo clube de ponta que não esteja preparado para cortejá-lo não está fazendo a devida lição de casa.

Agora, posto isso, tendo Curry, Klay Thompson, Draymond Green, Andrew Bogut e Andre Iguodala ganhando acima de US$ 11 milhões por ano, seria possível?

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Sim, seria.

Está aqui uma das estratégias possíveis para a contratação, elaborada por Bobby Marks, ex-assistente de gerente geral do Brooklyn Nets, especialista nos meandros do teto salarial da liga. Nas contas de Marks, o clube poderia oferecer um contrato de salário máximo a Durant e ainda renovar com Festus Ezeli e segurar Shaun Livingston para o banco, de sexto homem, além do calouro Kevon Looney, que custa pouco. Em termos de baixas, teria de dizer adeus a guodala, Harrison Barnes e Bogut, além de outros reservas como Leandrinho, Brandon Rush, Marreese Speights e mais. Eles poderiam voltar, porém, em contratos mínimos.

Pensando no elenco atual, despedir-se de Iguodala seria difícil. Estamos falando do MVP das finais de 2015, alguém capaz de incomodar LeBron (e Durant!) aqui e ali. O veterano precisaria ser trocado por nenhum salário imediato, e certamente não faltariam candidatos para absorver os US$ 11 milhões que restam em seu acordo. Barnes, como escolha de Draft do clube, também exigiria coração frio por parte dos cartolas e técnicos: sairia de graça, como agente livre. Por fim, Bogut exigiria uma segunda troca. Se não houver ninguém na fila para assimilar seu contrato, seria dispensado, com a opção de se pagar em prestações o restante de seu contrato. E, aí, pumba: espaço aberto para fechar o negócio.

Para uma gestão que já tirou Iguodala na marra de Denver, enfrentando volumosa concorrência e que se meteu no páreo por Dwight Howard, nos dias em que o pivô ainda despertava suspiros de todos, as manobras acima poderiam ser facilmente executadas, mesmo com as demais franquias morrendo de inveja do futuro clube de São Francisco.

Valeria a pena?

Francamente: claro que valeria, independentemente de um bicampeonato neste ano. Correria-se o risco de mexer com a química do elenco de maneira drástica. Mas… Iguodala tem 32 anos e depende de sua capacidade atlética para se impor em quadra. Bogut está com 31, mas se movimenta como alguém que beira os 40, com um histórico hospitalar que preocupa até benzedeira. Cedo ou tarde, não serão mais as figuras influentes de hoje. A missão de Bob Myers é cuidar do presente, mas sem se esquecer do futuro, e são diversos os casos de clubes que chegaram ao auge e despencaram logo depois. Quanto a Barnes… estamos falando de um dos três melhores jogadores do mundo do outro lado. Desculpe, Harrison, mas tchau, tchau: atacar com Curry, Klay, Draymond e KD seria uma coisa de maluco.

Do ponto de vista pessoal, Durant precisaria sacrificar números e teria de se preparar para ouvir um monte: de que estava arregando, afinando, sendo mercenário etc. etc. etc.

Mas imaginem um cenário em que Warriors e Thunder se enfrentem na final da Conferência Oeste. Plenamente possível, não? E que os atuais campeões apliquem uma surra ou vençam uma série duríssima, por 4 a 3. O craque teria realmente coragem de pular o muro?

É claro que a possibilidade é assustadora para Spurs, Clippers, Rockets e qualquer outro clube com ambições de título para os próximos anos. Mas tem muito por acontecer ainda. Inclusive, no próximo final de semana, o Carnaval, com bomba e bombas pelas ruas.


Duas promessas brasileiras seguem trilha de desenvolvimento na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Felipe, ao centro, eleito MVP. Títulos sem parar pelo Real

Felipe, ao centro, eleito MVP. Títulos sem parar pelo Real

Escrever sobre garotos sub-18 é uma tarefa complicada no jornalismo esportivo. O registro do surgimento e evolução de novos talentos já faz parte da indústria. Ao mesmo tempo você tem de tomar todo o cuidado do mundo para não armar arapucas, tanto para si, como, principalmente, para os jovens atletas. Que o diga Lucas Dias, agora uma realidade produtiva pelo Pinheiros, mas um caso emblemático de jogador que já foi incensado como salvador aos 16 anos, para, duas temporadas depois, ser avaliado como um fiasco, mesmo antes de chegar aos 20, até dar a volta por cima, superando alguns testes traiçoeiros.

Então, vamos deixar uma coisa bem clara?

Aqui não é para pensar de modo algum no Rio de Janeiro 2016, mais conhecido como “logo-mais”. Talvez nem mesmo Tóquio 2020 esteja em jogo.  Também faz bem tomar nota de que “promissor” definitivamente não significa “futuro certo” e evitar mais adjetivos.

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Mas, sim, há dois garotos *promissores* encaminhando seu desenvolvimento em clubes tradicionais da Espanha e que também mandaram boas notícias para o basquete nacional, disputando o prestigiado torneio de L’Hospitalet, que foi inteligentemente integrado ao circuito juvenil da Euroliga (adidas Next Generation Torunament, #AdidasNGT): Felipe dos Anjos, pivô do Real Madrid, e Pedro Nunes, armador do Joventut Badalona. Ambos constam na lista de tarefa dos scouts internacionais para os próximos anos de viagens.

Alguém já viu foto parecida antes? Real papa-tudo

Alguém já viu foto parecida antes? Real papa-tudo

Sobre Felipe, 17, já contamos um pouco de sua trajetória. Ele faz parte de um esquadrão Sub-18 do Real que ganha tudo sem parar no basquete europeu e faturou o bicampeonato da competição na semana passada, mesmo sem o prodígio Luka Doncic, agora peça integral do time adulto, aprontando das suas. A novidade é que o pivô de 2,18m ganhou o prêmio de MVP do torneio.

Os números foram de 9,8 pontos, 6,6 rebotes e 1,6 toco, mais 76,9% no aproveitamento de quadra, em apenas 21 minutos. A projeção por minuto já é bacana, mas o que contou mais foi o impacto defensivo que ele causou com sua envergadura para liderar a garotada merengue a uma campanha invicta em cinco partidas, com o bônus de terem batido o Barcelona na final. Também se comportou como um líder do grupo.

“Ele estava um pouco melhor em relação ao último torneio em que o vi. Ele, na verdade, está melhorando a cada vez que o vejo. Mas ainda tem um longo caminho pela frente. São passos de bebê. Ainda é muito cedo para saber que tipo de jogador ele vai virar”, afirmou um scout internacional da NBA (“A”), que esteve por lá. Outro olheiro (“B”) da liga americana in loco disse ao blog que gosta do potencial a longo prazo do jogador, destacando que ele é “atlético e coordenado” para o seu tamanho, identificando o cabo-verdiano Walter Tavares, gigantão do Atlanta Hawks, como um possível paralelo.

Aqui, um clipe editado pela equipe da Euroliga, que mostra a quantas anda seus reflexos e mobilidade nas imediações do garrafão:

Sobre Pedro, ou Pedrinho, capixaba de Vitória que saiu muito cedo do país, assim como Felipe, o que temos a dizer? Simplesmente que nasceu em 2000 e só vai fazer 16 anos no próximo dia 23 de agosto. Ah, e tem 1,96m de altura. Glup. Ele era o mais jovem em todo o torneio e, ainda assim, foi colocado em quadra pelo Joventut para competir com rapazes até dois anos e meio mais velhos, numa fase em que qualquer bimestre deveria fazer a diferença.

A tenra idade obviamente já chamou a atenção dos olheiros. Que, quando iniciado o torneio, ficariam surpresos pelo simples fato de ele ter sido acionado constantemente pelo seu treinado, começando inclusive como titular em dois dois quatro jogos do time catalão (foram três derrotas e uma vitória). O armador ficou em quadra em média por 21 minutos, somando 9,5 pontos, 5,3 rebotes, 1,8 assistência e 2,5 turnovers, com 35,1% nos arremessos de quadra, 52,9% nos lances livres e apenas duas bolas de três tentadas.

Pedro Barros, de Vitória para Badalona, precocemente

Pedro Barros, de Vitória para Badalona, precocemente

Para quem estava no ginásio, Pedro impressionou pela maturidade física e pela confiança demonstrada, mesmo sendo o caçula. “Para alguém tão jovem, foi bacana de ver. Ele tem bom tamanho para um armador”, disse o scout “A”. O scout “B” o vê como um ala no futuro. “Ele jogou como armador em alguns momentos, mas não me pareceu alguém natural da posição. Mas realmente gostei dele. Ele teve alguns momentos impressionantes, mas também foi inconsistente, o que é mais que normal por ser dois anos mais jovens”, disse.

Em sua categoria, o brasileiro, que participou de maaaais uma campanha malfadada da base nacional na Copa América Sub-16 no ano passado, está acostumado a se impor fisicamente, ganhando o garrafão com facilidade, e também encanta por sua visão de quadra. Para o futuro, todavia, vai precisar desenvolver, e muito, seu arremesso. Um pouco na linha do que já foi – e ainda é – dito sobre o precoce Doncic. Com 15 anos, todavia, ele tem todo o tempo do mundo para aprimorar sua técnica. Alguns belos lances dele:

Está feito aqui o registro, e vale conferir o progresso de ambos aos poucos. Não esperem atualizações constantes a respeito, já que é o tipo de história que só faz sentido a longo prazo, mesmo.


Demétrius, e a difícil missão de substituir Guerrinha. Mais uma vez
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Giancarlo Giampietro

Demétrius volta a Bauru. Jogou pela cidade quando garoto de base

Demétrius volta a Bauru. Jogou pela cidade quando garoto de base

Depois de muitas conversas Bauru afora, o que dá para se dizer sobre a demissão de Guerrinha: ele não caiu exatamente pelo volume de três pontos em seu ataque. O problema tinha muito mais a ver com relações fora de quadra – algo que, pela enésima vez, repetimos: vale tanto ou mais do que rabisco em prancheta e currículo de jogadores. É a famosa química, gente. “Desgaste” e “oxigenada” foram alguns dos termos mais ouvidos e discutidos. O clube acreditava que, mantido o rumo das coisas, não conseguiria o que pretende no NBB. Que é o título, ou o título.

Demétrius não teve nem dez dias de trabalho com seu estrelado grupo antes de estrear contra o Flamengo, e não vai ser num período desses em que a equipe ganhará nova cara. Pede-se um tempo para tanto. Por isso, natural que nesse primeiro confronto, o time ainda tenha, por exemplo, feito mais disparos de longa distância do que dois pontos (31 a 28), por exemplo. Se esse é um hábito que o técnico queira revisitar – e parece que é o caso, dadas as inúmeras vezes em que ele pedia calma na lateral da quadra, enquanto um atleta atirava –, ainda vai demorar um tico para acontecer. O que já vimos foi um Rafael Hettsheimeir operando mais próximo da cesta, tentando apenas três bolas de três.

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O jovem treinador agora encara o maior desafio de sua carreira. É como suceder Lula Ferreira em Ribeirão Preto (algo que nunca aconteceu, com o encerramento das atividades do clube local) ou Hélio Rubens em Franca. Guerrinha se tornou um ícone na cidade. A gritaria depois de sua surpreendente demissão foi impressionante, e se justifica pelos resultados que obteve em tempos recentes e pelo projeto que ajudou a edificar. O curioso é que não é a primeira vez que isso acontece, de herdar um time das mãos de Jorge Guerra. A diferença é que, antes, foi em quadra.

De qualquer forma, aqui está o novo treinador bauruense, assumindo uma empreitada imensa, mas que ao mesmo tempo se mostrava irrecusável. Se há pressão em Bauru, é porque ele assume um time de potencial imenso:

21: Estava pensando: não é a primeira vez que você substitui o Guerrinha, não? Já havia acontecido quando vocês jogavam, herdando a armação de Franca e da seleção, não? Como é encarar essa missão agora?
Demétrius: Nós jogamos juntos em Franca. Acho que a última vez que ele defendeu a seleção foi na Olimpíada de Barcelona, em 1992, e eu cheguei em 1993. É um técnico vencedor, respeito muito o que ele conseguiu aqui. Quando soube que ele saiu, liguei para para conversar, para dar uma força, e também porque meu nome estava sendo envolvido em especulações. Mas foi algo que sempre fiz, pois somos amigos, então ligava seja nas vitórias ou nas derrotas. Quando saí de Limeira, foi numa situação muito semelhante e que foi muito difícil para mim e inesperada. Foi uma dessas ironias do destino que tenha chegado a isso. Ao aceitar a proposta, falei com ele, sempre num sentido de lealdade e amizade, e ele entendeu que eu não tinha participação naquela decisão e desejou sorte. Para mim, aumenta mais a responsabilidade, mas sempre fui de assumir desafios, e o mais importante é você estar preparado para enfrentá-los.

É o maior desafio de sua carreira?
Sem dúvida, o maior. É um time que está num ciclo vencedor, e chego para tentar novas conquistas, defendendo o título da Liga das Américas e buscando também o NBB. Não é simples, mas temos condição de fazer.

>> Alguém pode impedir uma final entre Bauru e Flamengo?
>> As primeiras impressões sobre o Flamengo 2015-2016

Foi um convite que te surpreendeu?
Fiquei surpreso, sim, já estava praticamente tudo acertado aqui em Bauru, enquanto eu tinha minha situação em Minas consolidada. Acabou sendo uma surpresa grande, mas é uma oportunidade incrível para a minha carreira.

Ao mesmo tempo, como é deixar o trabalho que começou tão bem no ano passado?
Minha conversa com o Minas foi muito aberta. O Victinho (Victor Jacob, gestor do Bauru) me ligou, perguntou se eu tinha interesse, eu disse que sim, mas que ele precisaria falar com meu clube primeiro. Ele falou com a diretoria, que abriu as portas, entendeu que era uma grande oportunidade para mim, e que, se eu quisesse conversar, não teria problema nenhum. Foi uma conversa muito sincera. Agradeço muito o entendimento da parte do Minas. Depois fiz uma reunião com os jogadores e expus minha situação. Eles entenderam o quanto essa oportunidade pode ser importante e que isso pode acontecer com eles no futuro.

Em Minas, você tinha um clube majoritariamente jovem, com alguns veteranos. Aqui, em Bauru, é o contrário. O quanto isso muda a abordagem do treinador no trato diário?
Minha filosofia segue a mesma. A maneira de trabalhar é a mesma: temos de treinar o mais próximo possível do modo como jogamos. É fazer uma defesa com intensidade, sair em transição, procurar as melhores escolhas no ataque. Mas o trato é o mesmo. Vamos procurar encaixar os mais jovens no time também, dar chances a todos, sabendo que a caminhada é loga. Para nós, o importante é chegar bem aos playoffs.

O Bauru venceu quase tudo que disputou no ano passado. Teve momentos em que passou por cima dos adversários, mas acabou perdendo fôlego no final. Essa é uma preocupação, então? Mais: em relação ao que você viu do time, quais os pontos que acha que pode melhorar no time?
Foi pouco tempo de trabalho até aqui, mas já estou passando o que espero, aos poucos. O importante é preciso chegar bem aos playoffs. Por dois anos consecutivos  minha equipe teve a melhor defesa do campeonato, e espero colocar essa filosofia aqui, com chegada forte de transição. Tomar só 73 pontos de uma equipe como a do Flamengo já foi um passo importante. A meta vai ser esta (defesa perto dos 70 pontos). Se conseguirmos isso, vamos ficar em boa condição, por termos um volume de jogo alto. Acredito também que vamos ter muitas opções tática, diversidade.

Quanto ao ataque, um tópico obrigatório é a questão dos arremessos de três pontos. Bauru teve o chute de fora como arma que foi marcante em sua campanha, com um volume difícil de se ver por aqui. É algo que divide muita gente: jogadores de gerações passadas a defendem, estatísticos da NBA também a abraçam com fé. A outra corrente entende que é um desperdício de energia, que se ignora bolas mais fáceis e que apela-se um pouco para a sorte. Como você encara toda essa discussão e o que espera do time nesse sentido?
É lógico que temos muitos jogadores no time com essa característica, e não se pode pedir para que eles mudem isso. Precisamos analisar como foram chutadas essas bolas. Se de 30 bolas, 25 foram livres, porque o sistema deu isso, nós temos de chutar. Como vai falar para jogadores como Robert Day não chutar, se estiver livre? Acho que o mais importante não é a quantidade, mas a qualidade da decisão e como criamos essa oportunidade de decisão. Se estiver livre, tem de chutar, é o que a defesa está te proporcionando. Lógico que temos de ter a inteligência de variar o jogo, de jogar no poste baixo, de buscar a infiltração e variar. Com isso, a gente ganha um domínio maior do jogo.


Wlamir lembra quando pulou o muro para jogar basquete. Nunca mais voltou
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Giancarlo Giampietro

Você já deve ter se deparado, navegando por aí, com a série de documentários “Esporte (Ponto Final)”, né? Que de tão simples é belíssima. Basta uma edição e fotografia elegantes, mas serenas, sem precisar de muita interferência. É só deixar que os protagonistas contem a história. No caso, diversas celebridades do esporte brasileiro, e aqui abrimos espaço para pouco mais de quatro minutinhos com Wlamir Marques, o Diabo Loiro, um dos maiores cestinhas que muita gente nem viu jogar.

Enquanto o blog luta para voltar a sua programação normal, então, segue aqui o presente que é esta entrevista. Ouvir Wlamir falar sobre o bicampeonato mundial, sobre uma época em que a seleção estava estabelecida entre as potências do mundo, suscita muitas sensações. Ao mesmo tempo em que a narrativa te coloca no meio daquele turbilhão que deveria ser o Maracanãzinho em 1963 e se deleita com isso, é inevitável o gostinho de quero-mais, de imaginar quão especial deve ter sido tudo aquilo. Helvídio Mattos já cuidou disso pela ESPN Brasil há alguns anos, mas sempre pode ter mais, sempre se pode produzir mais com esses campeões e cuidar para que essas memórias estejam garantidas para as próximas gerações.  Coisa que esse blog aqui simplesmente ainda não teve tempo de tocar, pois também não dá para fazer de qualquer jeito – tem de ser um trabalho que faça jus a suas façanhas. Certamente não foi o caso da equipe do diretor Giuliano Zanelato.

Hortência, Paula e Oscar também dão as caras na série. Aguardamos as entrevistas deles na íntegra.


Wizards domina Bauru desde o início. Notas sobre o amistoso
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Giancarlo Giampietro

Robert Day certamente volta para Bauru feliz da vida

Robert Day certamente volta para Bauru feliz da vida

Desta vez o Bauru não conseguiu nem incomodar o gigante do outro lado. Na conclusão de sua excursão pela Costa Leste americana, o time brasileiro foi derrotado por 134 a 100, no quintal do Obama. Agora a equipe volta para casa, descansa um pouco e volta a se concentrar no NBB.

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O Bauru sentiu o impacto de enfrentar uma das melhores defesas da NBA, estando entre as dez mais eficientes da grande liga nas últimas três temporadas. É um time com atletas de primeiro nível em todas as posições, e a pressão já começa com o exuberante John Wall a partir do momento em que a bola cruza a quadra, forçando um caminhão de turnovers (19), incomodando até mesmo um armador habilidoso como Ricardo Fischer (5).

O abafa continua a partir do início das jogadas de pick-and-roll na cabeça do garrafão, marcando em cima a linha de passe e também a própria fonte. Os brasileiros não conseguiam dar continuidade a seus movimentos, quase sempre desestabilizados. O time da casa soube proteger seu garrafão – e não é que os bauruenses fossem procurar muito o jogo lá dentro… –, mas também não deu liberdade aos chutadores.

Bauru arriscou 39 arremessos de longa distância e converteu 13, para 33,3%. Agora, se for descontar a munheca certeira de Robert Day (5-7), que se esbaldou nestes dois amistosos, obviamente realizando um sonho de encarar seus melhores compatriotas, cairia para 8-32 (25%). Mesmo quando estiveram livres, não funcionou. Hettsheimeir foi para 2-10, enquanto Jefferson passou em branco (0-5).

Contra Knicks e Wizards, Day marcou 36 pontos e acertou 10 de 16 arremessos de longa distância.

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Uma vez recuperada a bola, seja pelo rebote ou desarme, o Wizards voou em quadra, com uma transição muito veloz, batendo os adversários do armador ao pivô. Não foi apenas John Wall a apostar corrida e ganhar com facilidade, o que seria mais que normal. Marcing Gortat (19 pontos em 22 minutos, em 12 arremessos) e Nenê (11 pontos em 7 arremessos, em 16 minutos) também conseguiram, e já no primeiro tempo, antes mesmo que o desgaste que a maior carga de minutos que um jogo nas regras da NBA pode gerar. Foram 38 pontos em contra-ataque para os anfitriões, contra apenas seis dos visitantes. Ao final do primeiro período, com 34 a  19, já não havia mais jogo.

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Quer dizer, pelo menos teve jogo para Wesley Sena, sim. O garoto de 19 anos teve uma ótima oportunidade de se testar contra um Marcin Gortat, Nenê e os veteranos Drew Gooden e Kris Humphries. Não é todo dia que acontece, mesmo que no segundo tempo a partida tenha ganhado contornos de rachão. Em 28 minutos, o caçula foi muito mais produtivo que Jefferson dessa feita, com 11 pontos, 5 rebotes, 2 assistências, matando 5 em 8 arremessos, incluindo seu único chute de longa distância. Em alguns momentos, o jovem pivô deixou rebotes e passes escaparem dado o evidente nervosismo, que resultou numa atuação totalmente pilhada no primeiro tempo. Mais que natural, e até por isso estava mal posicionado em algumas situações defensivas, faltando comunicação com os outros pivôs. O tempo foi passando e ele, se assentando, até que pôde fechar a partida contra a turma do garbage time do Wizards.

Wesley também foi indiretamente protagonista do momento mais eufórico do jogo, para o torcedor do Wizards que estava no ginásio, quando a organização da partida resolveu fazer uma aposta sacana. Colocaram no telão do ginásio que, se o brasileiro errasse dois lances livres, a galera toda teria direito a um x-salada com frango. Fizeram uma algazarra, o pivô cumpriu com sua parte, e aí era a hora de encher a pança depois da partida. Fico imaginando o que estaria passando pela cabeça de Wesley, sem entender nada do que se passava – por que teriam escolhido justo ele para atormentar?! –, até ser informado pelo pessoal do banco de reservas.

De qualquer forma, é isso: uma experiência valiosa para o jovem atleta, que já fez um bom Campeonato Paulista para alguém de sua idade e certamente vai constar na rotação de Guerrinha durante a temporada brasileira, ainda mais com Rafael Mineiro se mandando agora para o Flamengo.

Sei de pelo menos um time da Conferência Oeste que esteve no ginásio com o intuito exclusivo de avaliar Wesley, tendo acompanhado também os treinos de Bauru durante a semana. É bem provável que outros times tenham comparecido ao jogo também.

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Para fechar, uma nota um tanto chata sobre Nenê. O pivô não aceitou falar com a reportagem do SporTV antes do jogo ou na saída de quadra durante o intervalo. Fosse uma final de campeonato, ainda que o protocolo da NBA não diga nada a respeito, não faça nenhuma diferença a respeito, até daria para entender o silêncio. Mas num jogo de pré-temporada? Em casa? Com uma emissora brasileira? No dia de enfrentar uma equipe nacional, com transmissão para cá? É bem difícil de entender, e trata-se de um episódio acidentado de relações públicas que não ajuda em nada sua imagem já arranhada no país, como as vaias no amistoso entre Wizards e Bulls, no Rio de Janeiro, há dois anos, mostraram.

O paulista de São Carlos sempre foi um cara muito reservado diante de microfones, de falar pouco, mas não me lembro de vê-lo tomar uma atitude dessas. No máximo, quando contrariado, tinha o costume de ser monossilábico ou evasivo em respostas. Consta que ele tem uma mágoa com o jornalismo brasileiro. Tudo em decorrência de supostas críticas ao seus pedidos de dispensa da seleção. Não é questão de corporativismo, mas sinceramente nunca notei uma campanha declarada e ferrenha contra Nenê para gerar um desconforto desses. Até porque, convenhamos, qual o tamanho da imprensa segmentada no país? Por isso, suponho (ênfase em suposição, por favor, não é informação) que a mágoa não seja restrita ao jornalismo, mas ao basqueteiro brasileiro em geral, até por conta das vaias no Rio. Mas, enfim, cada um vai enxergar a situação de uma forma. Só me parece que existe um baita ruído nessa relação e, do lado do pivô, talvez já não haja mais a mínima vontade de se remediar. Uma pena.


O retorno de Kobe e a primeira boa impressão de Raulzinho
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Giancarlo Giampietro

Kobe com os pés no chão. Melhor nos acostumarmos

Kobe com os pés no chão. Melhor nos acostumarmos

É pré-temporada apenas. O primeiro jogo! Como diz Fred Hoiberg, o novo técnico do Bulls: “Geralmente a primeira partida da pré-temporada é bastante desleixada, e, depois de assistir muitas dessas partidas nos últimos dias, já dá para ver isso”.

Então o certo era nem mesmo escrever nada a respeito. Maaas… pelos dois elementos que apresentou, o jogo entre Los Angeles Lakers e Utah Jazz, com vitória para a equipe de Salt Lake City por 90 a 71, neste domingo, pede algumas observações. E, não, não tem a ver com o fato de eles terem se enfrentado no Havaí. Aloha.

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Mesmo que tenha sido um amistoso, ao menos a vestimenta era para valer, os árbitros também eram os da liga, havia jornalistas e transmissão, e tudo o mais. Só não pode dizer que é oficial, pois os registros da pré-temporada não são computados pela liga, mesmo que o ambiente seja bem mais formal que aquele da Summer League. (Então também não deveríamos tratar como a estreia de Raulzinho.)

Bom, ainda assim, foram 257 dias até que Kobe Bryant pudesse vestir novamente a camisa 24 do Lakers em um jogo. O resultado foi  aquilo esperado pelos mais realistas: muita, mas muita ferrugem para tirar. Este aqui foi seu primeiro arremesso:

 

Agora, sua primeira cesta, para compensar:

Independentemente do airball do primeiro e da cesta no segundo, o que salta aos olhos é, na verdade, a pouca elevação em seu arremesso. Aos 37 anos, já seria normal. Vindo de uma ruptura no tendão de Aquiles, uma fratura no joelho e uma segunda ruptura no ombro, sofrida em janeiro, a coisa é muito mais grave, ainda mais para alguém que já esteve em quadra por 46.700 minutos em temporada regular e 8.600 nos playoffs. Milhagem boa, com a qual poderia se candidatar a qualquer programa de desconto vitalício (caso precisasse). Contra ela, a essa idade, talvez não haja ética de trabalho que dê conta.

Nos 12 minutos que ficou em quadra, valendo apenas pelo primeiro quarto, o astro se movimentou e jogou como um veterano que está bem perto da aposentadoria. Para chegar a um nível mínimo de rendimento, em relação aos seus próprios e quase sempre inatingíveis parâmetros, a distância certa seria medida em anos-luz. Kobe, claro, procurou minimizar suas dificuldades. É só uma questão de ganhar ritmo de jogo. Ganhar ritmo e me aclimatar ao jogo novamente”, afirmou. Isso não se nega. A questão é que, quando ganhar ritmo, qual é o seu novo limite de capacidade atlética? O quanto isso vai lhe afetar em quadra? Quanto seus fundamentos serão o bastante para que ele produzir? Nesta bola, o que ele tem hoje não foi nem o bastante para passar por Joe Ingles, que nunca foi confundido com nenhum Tony Allen:

Não é algo bonito de se ver, é?

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O plano de Byron Scott era dar ao ala apenas os 12 minutos do primeiro quarto, mesmo. Ao final da partida, o técnico afirmou isso e que, nesta segunda-feira, ele treinaria novamente e se prepararia para o jogo de terça, num repeteco haviano contra o Utah. No final, porém, mesmo com o tempo reduzido, Kobe nem treinou com seus companheiros.

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É só uma brincadeira, não é para desmerecer o “Raul Neto”, mas, mesmo que tivesse sido um jogo de temporada regular, talvez nem assim fosse o caso de caracterizá-lo como sua estreia. Afinal, o quão a sério dá para levar um time que reúne três fominhas como Kobe, Lou Williams e Nick Young? Loucura geral.

(E, sim, detesto ter de fazer qualquer ressalva desse tipo para anunciar uma piada. Se irritar a maioria, favor avisar.)

Fato é que Raulzinho fez um belíssimo segundo tempo contra o Lakers, conseguindo algumas roubadas até em pressão quadra inteira que foram até meio humilhantes para o ala Jabari Brown. Seu esforço defensivo rendeu muitos elogios da mídia de Utah, pois até parecia que o brasileiro jogava a final do Pan ali. Vejam:

Raul teve 20 minutos de quadra, basicamente revezando com Trey Burke Deu seis assistências, dando bastante ritmo ao seu time em transição, e conseguiu quatro roubos. Mal olhou para a cesta, mas, com a pegada e a visão de jogo demonstradas, vai deixar muitos de seus bem felizes.

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Huertas não jogou pelo Lakers devido a uma contusão na virilha, segundo o clube californiano. Para piorar, a franquia divulgou hoje que ele não vai participar da partida de terça e “provavelmente” também não jogará na quinta. Serão três compromissos perdidos,  lembrando que o time de Byron Scott tem hoje 19 contratos, precisando dispensar quatro até o início do campeonato. Ainda assim, antes que se dispare o alarme, segundo a grande maioria dos relatos que vêm de L.A., Huertas já teria causado boa impressão o suficiente nos treinamentos para se garantir. Além disso, os setoristas do clube dão a entender ou deduzem com boa dose de perspicácia que seria muito difícil, ou improvável, que Mitch Kupchak e Jim Buss fossem se dar ao trabalho de trazer um armador de renome internacional como o brasileiro para, então, rasgar seu contrato rapidamente.


Nova geração chinesa conquista vaga olímpica. E o que mais rolou na Ásia?
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Giancarlo Giampietro

A festa da garotada chinesa

A festa da garotada chinesa

A China venceu neste sábado a Copa da Ásia/Campeonato Asiático/Torneio da Ásia/AsiaBasket/seja lá qual for o nome da competição. Jogando em casa, venceu todas as suas nove partidas até vencer as Filipinas na final, por 78 a 67, e conseguir a classificação ao Rio 2016. É o nono time garantido, se juntando, vocês sabem, a Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Lituânia, Nigéria e Venezuela.

Faltam agora apenas três vagas, que serão decididas no sistema de Pré-Olímpico mundial,  ficando os filipinos, vice-campeões continentais pela segunda vez consecutiva, e o restante da galera à mercê do cofre da Fiba. Ninguém sabe ainda o que a federação está tramando para completar os 12 times das Olimpíadas.

Não consegui ver muito da competição asiática. Então pedi socorro a um scout da NBA que, nas últimas semanas, trabalhou como observador de uma das melhores seleções do torneio. Seu trabalho era estudar os adversários e passar tudo mastigadinho para a comissão técnica. Em seu currículo, também consta serviços para clubes do continente. Então era uma fonte confiável para ajudar a entender o que se passava por lá com mais segurança.

Vamos, então, a algumas notas sobre as seleções:

China
Em constante contato com dirigentes e técnicos chineses, prestando consultoria para as ricas equipes do país, esse scout já tem bastante familiaridade com o elenco reunido para tentar reaver o título asiático, que em 2013 ficou com o Irã. Mesmo que esse plantel tenha uma idade de média bastante baixa, de 24 anos. A mesma do Canadá da Copa América, para comparar. Sua expectativa foi confirmada: a nova geração chinesa tende a dar trabalho nas próximas competições globais da Fiba.

O time tem média de altura de 2,03m. É difícil encontrar um plantel mais espichado que esses. Dando uma zapeada pelo EuroBasket, vemos que atingiram a estatura média da imponente Sérvia. A Croácia e a Grécia tiveram 2,02m. A França, 2,01m. Isso faz diferença, ainda mais na Ásia. Tanta envergadura incomodou demais os oponentes na fase final do Campeonato Asiático. Depois de limitar o Irã a apenas 28,6% nos arremessos pela semifinal, seguraram os filipinos em 35,4% e, principalmente, em 25% na linha de três.

Agora, de nada adianta o tamanho se não há talento para sustentá-lo é o caso da seleção chinesa. O pivô Zhou Qi, de 19 anos, é um autêntico prospecto de NBA. Diversos olheiros estavam rezando para que o garoto ficasse no último Draft e pudessem escolhê-lo no final da primeira rodada. Não foi o caso. Os candidatos chineses têm uma estrutura de apoio maior e mais complexa que a da maioria. Já ganham um bom salário pela liga local e, de um jeito ou de outro, são vistos como embaixadores da nação. Os interesses ao redor deles vão muito além do campo esportivo, digamos.

Na final, Qi somou 16 pontos e 14 rebotes, descolando impressionantes 12 lances livres em 32 minutos. O detalhe é que ele já havia chegado ao double-double no primeiro tempo, com 12 pontos e 10 rebotes em 17 minutos. Foi dominante e ajudou a equipe a assumir o controle da partida antes do intervalo. “Esse garoto é para valer. O único empecilho para ele, hoje, é o corpo magrelo. Mas não me preocupo com isso. Acho que pode fortalecer com o tempo, por ser muito jovem ainda. Em termos de habilidade com a bola, está acima da média”, diz o scout.

Agora o engraçado nesse time chinês é que o papo de “Torres Gêmeas” não cola. Na real, os caras têm todo um verdadeiro condomínio de arranha-céus, escalando outros rapazes como Wang Zheling, de 21 anos e 2,14m, Li Muhao, 23 anos e 2,18m, além do nosso velho conhecido Yi Jianlian, de 2,13m, que faz as vezes de veterano aos… 27 anos.


Esse é um aspecto interessante dessa nova configuração: não se trata mais apenas de dar a bola para Yi ou Yao e deixar que a estrela resolva tudo por conta. Yi ainda é o principal jogador do país, claro. Teve médias de 16,7 pontos e 8,8 rebotes em apenas 26,7 minutos, e está muito bem, obrigado, nesse ritmo. Mas há agora uma sólida base de jogadores ao seu redor para se explorar, como o armador Guo Ailun, de 21 anos e 1,92m, que segurou as pontas na decisão contra os explosivos filipinos Jayson Castro e Terrence Romeo.

Guo teve média de 10,9 pontos e 4,0 assistências, surgindo enfim como uma opção para desbancar Liu Wei (35 anos) do time titular. Já o ala Zhou Peng, de 25 anos, é o gatilho do time, para espaçar a quadra no perímetro. Com 2,06m de altura, fica difícil de bloqueá-lo.

Filipinas
Derrotados pelo Irã na final em casa em 2011, agora repetem a prata. Para um país tão apaixonado pelo basquete, os Smart Gilas têm ficado de coração partido muitas vezes para o meu gosto. Na Copa, por exemplo, para surpresa geral, fizeram jogos duros contra Croácia e Argentina e foram derrotados no finalzinho, caindo na primeira fase. Por fim, somem aí, minha gente, o fato de terem sido preteridos pela Fiba como sede do próximo Mundial (que ficou justamente com a China). Não é bacana vê-los sofrer tanto assim.

A naturalização de Andray Blatche é uma piada do ponto de vista esportivo, mas rende dividendos óbvios. Teve médias de 17,8 pontos, 9,2 rebotes, 1,4 roubo de bola, 1,1 toco e 1,2 assistência, com 2,1 turnovers no torneio, em 25,8 minutos. Tudo isso com um tornozelo torcido no meio da competição. O que talvez possa valer como a tal da bênção em meio a uma desgraça. “A torção o obrigou a jogar mais perto da cesta, o que é mais valioso para a equipe, em vez de ele tentar ser armador, ala e pivô ao mesmo tempo”, diz o scout.

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

De qualquer forma, Blatche não foi o suficiente para fazer os filipinos subirem um degrau no pódio. Na final, contra caras do seu tamanho, marcou 17 pontos em 27 minutos, mas foi pouco efetivo. Quando foi para o perímetro, também deu as suas forçadas usuais, com 1/5 nos arremessos de três. A China tinha meios de lidar com o americano sem precisar desequilibrar sua defesa, podendo vigiar de perto os perigosos atiradores exteriores. Castro e Romeo não conseguiram esquentar a munheca em nenhum momento.

Se formos pensar, as Filipinas são algo parecido com Bauru em termos de abordagem ofensiva, com chutadores espalhados pela quadra sob orientação de Tab Baldwin, um treinador para o qual seu olheiro compatriota chama a atenção. “Muito inventivo e inteligente na hora de explorar as fraquezas dos oponentes. Esse cara é legítimo e devemos ouvir mais sobre ele no futuro”, afirmou.

E agora o que será dos Gilas? Não acho absurda a noção de que eles teriam chance no Pré-Olímpico. Esse olheiro também acredita que é possível que aprontem algo. Mas tudo vai depender dos caminhos desenhados pela Fiba. Fato é que o time ainda vai ficar mais forte com a provável adição de Jordan Clarkson no ano que vem e com o retorno do pivô June Mar Fajardo, de 25 anos e 2,11m, que estava lesionado e é aparentemente o único grandalhão nativo decente para dar alguma folga a Blatche ou para fazer uma dupla mais alta com ele. Outra peça a ser considerada é o ala Bobby Ray Parks, um cestinha fogoso de 22 anos, que passou batido no último Draft, mas vai tentar a sorte na próxima temporada da D-League.

Irã
Teria chegado ao fim o show do Hamedi Haddadi?

(Façam cara de espanto seguida por uma expressão de consternação, por favor.)

O superpivô (asiático, no caso) 11,5 pontos e 7,8 rebotes em 23,6 minutos, com 2,8 turnovers, 1,0 toco. 4,9 lances livres e 50,7% nos arremessos. Esses são números que podem deixar Chris Kaman, Marcin Gortat, Erick Dampier e Vitaly Potapenko orgulhosos, mas não impressionariam Shaquille O’Neal, Kareem Abdul-Jabbar, Tim Duncan, Moses Malone e Wilt Chamberlain, né?

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

Parece que o Senhor Tempo enfim se aproximou de Haddadi com seu recado inevitável. Mas há também outro motivo para entender o que aconteceu nesta copa asiática, segundo o scout. “Os técnicos recrutados pelas seleções estão em geral num nível mais alto também do que nos últimos anos. São mais inteligentes e estão sabendo como lidar com ele. Sempre disse que você precisa dar um jeito de afastá-lo do garrafão, tirá-lo de perto da cesta na defesa. Se fizer isso, o Irã se torna facilmente vencível. Nosso time conseguiu. Desenhamos algumas jogadas que criaram muitos problemas para eles, nesse sentido. Mas muitas equipes fizeram isso, colocando-o no perímetro”, disse.

Além disso, o ala Samad Nikkhah Bahrami jogou no sacrifício e também não conseguiu produzir da forma como se acostumou no continente, com 13,8 pontos, apenas 41,7% nos arremessos, criando pouco também para os companheiros, com 1,6 assistência. Até que desembestou na disputa pelo bronze com o Japão, marcando 35 pontos:

Coreia do Sul
“Não acredito que a Coreia perdeu para o Catar”, foi o que me disse o scout sobre a partida que acabou colocando os sul-coreanos no terceiro lugar do Grupo F, resultando num confronto com o Irã pelas quartas de final. Aí, por mais que os dois principais jogadores adversários estivessem longe da melhor forma, pesou a experiência. Mas o time deixou boa impressão nos olhos deste americano. “Eles estão no caminho de se tornar uma força na Ásia. São supertalentosos. Sua linha de frente está ficando mais alta, jogando duro, e seus armadores são jovens e muito habilidosos. Contra a China, eles foram superiores durante quase toda a partida, mas os juízes roubaram a vitória deles.”

No final, terminaram com a sexta posição, fora até mesmo da zona de classificação para o Pré-Olímpico mundial, para o qual vão também iranianos e japoneses, que foram aqueles que justamente derrotaram o Catar nas quartas de final.

Índia

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Galera, ao que tudo indica, este era o time imperdível da competição. Favor não confundir com “imbatível”, pois eles perderam oito de suas 11 partidas, terminando em oitavo, ainda que com uma campanha pior que a das duas equipes que vieram logo em sequência – Jordânia e Palestina.

Vejam o relato do scout: “Foi uma surpresa vê-los. Eles têm alguns pivôs que chamam muito a atenção, por serem grandes, talentosos e atléticos. Os três são provavelmente melhores que o Satnam (Singh, o gigantão  de 19 anos 2,19m de altura, que estava treinando na IMG e acabou draftado pelo Dallas Mavericks. Ele vai jogar pelo Texas Legends, filial do clube na D-League. A opinião majoritária dos scouts é de que ele é muito mais uma jogada de marketing do que um prospecto. Vamos ver.).”

“No jogo contra o Irã, eles estavam jogando pau a pau, porque um desses pivôs (Amritpal Singh, 24 anos e 2,07m) conseguia marcar Haddadi no um contra um. Do outro lado, ele ainda matava os arremessos de média distância, e o Haddadi não conseguia acompanhá-lo. O cara é ágil, ativo, um belo arremessador mesmo e provavelmente poderia ter jogado numa universidade de nível decente nos Estados Unidos se eles o tivessem enviado para cá, em vez do Satnan. Aí que, com cinco minutos para o final do primeiro quarto, esse grandalhão indiano comete a segunda falta.”

“O técnico o deixou em quadra até o final do período, e ele ficou com duas faltas, mesmo, até o final. Com um minuto no segundo período, ele cometeu a terceira, e o técnico não o tirava. Não dava para não rir com aquela situação. E aí, com cinco minutos faltando para o segundo, vem a quarta falta. Foi uma falta boba numa disputa de bola. Aí um dos assistentes chamou um jogador para entrar em quadra. Quando o treinador percebeu, o mandou se sentar, deixando o cara com quatro faltas. A dez segundos do fim, o que acontece? Ele faz a quinta falta no meio da quadra, tentando roubar a bola de um armador. A Índia perdia por uns sete pontos só nesse momento. Não dava para acreditar, mesmo, a gente ficou morrendo de rir. Só para você saber, antes eles tinham um técnico americano que estava trabalhando bem por lá (Scott Flemming), mas eles o dispensaram em maio quando a federação passou por algumas mudanças. Contrataram esse cara que era um treinador de um time juvenil feminino (Sat Prakash Yadav), totalmente inepto.”

Aí eu pergunto se, por acaso, o técnico não vinha do críquete, ou algo assim. A resposta: “Engraçado você mencionar isso. Teve uma jogada no final de um quarto, com 2s8 no cronômetro. Ele pediu tempo. E a ideia dele foi, mesmo, fazer com que seu armador cruzasse a bola por toda a quadra com um lançamento que parecia de críquete, tentando alcançar um de seus pivôs embaixo da cesta. Além disso, o armador deles fazia sempre uma comemoração de críquete quando acertava a cesta”.

Um dos destaques do time foi ooooooutro Singh.  Amjyot Singh, de 2,03m e 23 anos.

Palestina
Essa talvez seja a melhor história. Os palestinos não disputavam um torneio com chancela da Fiba desde 1970, quando ainda competiam pelo Campeonato Africano. Na ocasião, terminaram com a sexta colocação, com um triunfo sobre a Somália, por 104 a 71, e três derrotas, em Alexandria, no Egito. Antes disso, na edição de 1964, terminando em terceiro, com duas vitórias, sobre a Tunísia e o Senegal, e três derrotas, em Casablanca, no Marrocos.

Pois é. São 45 anos de lá para cá, e os caras fizeram uma campanha bem digna, terminando em décimo, mas com seis vitórias e cinco derrotas. O primeiro triunfo aconteceu logo na rodada de estreia contra as Filipinas, algo histórico. Depois, ainda venceram o Kuwait e Hong Kong, pela fase preliminar. Na segunda etapa, pelo Grupo E, porém,  foram superados por Índia, Japão e Irã e acabaram eliminados dos mata-matas.  Ainda bateram o Cazaquistão e foram superados pela Jordânia.

O ala Jamal Abu-Shamala, nascido nos Estados Unidos, foi o líder da seleção, com 21,5 pontos e 8,5 rebotes, descansando menos que três minutos por partida. Formado pela Universidade de Minnesota em 2009, teve teve seu melhor momento como jogador profissional, depois de breve passagem pela D-League e de ter falhado em deixar sua marca no basquete mexicano. “Ele foi um atleta mediano na universidade, mas é bom arremessador e joga com o coração”, diz o scout.


Copa Intercontinental: aquele árbitro, Hettsheimeir, Mineiro e o que mais?
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Giancarlo Giampietro

Passada a ressaca de segunda-feira após quatro dias seguidos de jornada dobrada e visita ao Ginásio do Ibirapuera, vamos lá fazer uso do caderninho de anotações e da repercussão que tem o torneio na Espanha.

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Reynaldo Mercedes está de novo no centro das atenções por sua conduta, digamos, pouco inspiradora numa quadra de basquete.

Serio Rodríguez e Real Madrid x Reynaldo Mercedes

O veterano árbitro dominicano tem algumas partidas conturbadas em seu currículo, a começar pela final do Mundial de 2002 entre Argentina e Iugoslávia. Foi um dos homens pinçados para apitar a Copa Intercontinental no final de semana. Foi ele que excluiu Sergio Rodríguez no jogo de domingo. A princípio, vendo o jogo das tribunas, parecia tudo normal, pelo showzinho que deu o armador espanhol:

A bomba que solta em quadra e os gestos de cesta em direção ao árbitro são passíveis, mesmo de falta técnica, e tudo isso veio num contexto em que o Real Madrid já reclamava muito e demonstrava surpreendente nervosismo em quadra. Quando o Real Madrid, porém, conseguiu fazer com que a Euroliga requisitasse à Fiba uma investigação sobre Mercedes, as coisas se tornaram mais sérias. Vejamos: eles haviam sido campeões, estavam prontos para deixar o torneio para trás e voltar para casa, e ainda estavam investidos nisso? Que pasó?

Bom, alguma alma iluminada — ou que estava esperando por um deslize do sujeito — fez o favor de resgatar alguns tweets de sua autoria de 2012, nos quais se assume torcedor do Barcelona (no futebol…) e se alegra com uma derrota do Real. Pode ser pura bobagem. Não há problema que um dominicano tenha uma queda pelo lado catalão da força. Mas… Considerando que os dois clubes são gigantes na modalidade em que ele milita, esperava-se mais bom senso por parte do figura, não? É o que a Euroliga acredita, julgando-o desqualificado para apitar um jogo de basquete. Mas não só era só isso. O jornalista Ricardo González, do diário As, noticia também que Mercedes teria provocado Rodríguez antes dos lances livres, ofendendo e desafiando-o a, pelo menos, converter os arremessos. Viria daí a resposta do “Chacho”.

Em entrevista ao portal elCaribe.com, o dominicano tenta se defender. “É uma situação complicada devido à envergadura da equipe que faz a reclamação, mas é certo dizer que são são reclamações fora de contexto e sem fundamento. Desde quando é pecado ser árbitro de basquete e simpatizar com uma equipe de futebol? Meu comentário foi de anos atrás e era direcionado ao futebol. Não tem nada a ver com o basquete, muito menos com minha atuação dentro da quadra. Tenho fé que a verdade e o raciocínio lógico sobre a situação virá à luz, e que as entidades responsáveis sobre o basquete no continente e no mundo não darão razão a tal protesto. Entendo que as reclamações são do basquete. Agora tenho de esperar pela análise”, afirmou.

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O protesto formal contra Mercedes só mostra o quão a sério o Real Madrid levou a Copa Intercontinental, a despeito de suas limitações de momento. No domingo dia 28, estavam erguendo o quinto troféu seguido em São Paulo. No dia 21, seis de seus atletas estavam disputando a final do EuroBasket. Não é fácil. Nesta terça, dando sequência às festividades, e tentando fraturar um troquinho, porque ninguém é de ferro, o clube também pôs à venda uma camiseta comemorativa pela “temporada perfeita” que teve, com 100% de aproveitamento em cinco competições.

Sergio Llull, por sua vez, está nas nuvens:  

No final das contas, além de ter sido um baita chamariz, emprestando seu prestígio e chamando a própria torcida para o ginásio no domingo para ajudar a encher o Ibirapuera, o Real Madrid talvez deixe como maior legado sua dedicação à Copa Intercontinental, que foi disputada pelo terceiro ano seguido. Uma camisa desse peso faz toda a diferença e, imagino, ajuda a consolidar a competição, mesmo que seu formato não seja dos melhores. Essa coisa de duas partidas na decisão não entra na minha cabeça, mas é fato também que há muitos empecilhos de calendário para fazer qualquer alteração significativa. Com a reforma que ambiciona a Fiba, aliás, desconfio que o torneio fique a perigo.

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Sobre o Real, a última, já apontando para o futuro. Que atende pelo nome de Luka Doncic. O garoto esloveno (que, é importante frisar, por enquanto recusa o assédio da federação espanhola para que siga os passos de Nikola Mirotic) foi a grata surpresa dessa decisão. Aos 16 anos, já se vê realmente inserido nos planos de Pablo Laso com o terceiro armador da rotação, atrás dos Sergios. Assume o papel que coube a Facundo Campazzo, que é oito anos mais velho, vejam só. A partir do momento em que Rodríguez foi mandado ao vestiário, o papel do garoto ganharia relevância, ainda mais com Rudy Fernández e Jeffery Taylor fora de combate. Pois o garoto segurou o rojão sem o menor problema, estando em quadra inclusive nos seus minutos decisivos. Primeiro, deu alguns instantes preciosos de respiro ao MVP Llull e, depois, assessorou o espanhol na armação. Com o corpo lânguido, de 1,98m e poucos músculos, também não fugiu do contato num jogo muito físico e aguentou o tranco na defesa com Leo Meindl, por exemplo.

Alex é 19 anos mais velho que Doncic

Alex é 19 anos mais velho que Doncic

Mas é com a bola nas mãos, mesmo que Doncic captura sua atenção. Avança com naturalidade com a bola, a despeito da altura fora do comum para a posição e do biótipo que ainda não lhe favorece contra adversários mais agressivos. De qualquer forma, lidou com tranquilidade com a primeira linha defensiva bauruense e conseguia ganhar terreno em progressão rumo ao garrafão para, aí, mostrar o que tem mais de especial, que é a visão de quadra. O garoto executou alguns passes dificílimos, cruzando a defesa, com velocidade e precisão (e sem olhar, claro). É aí que a altura o favorece, ao menos, podendo passar por cima da montueira de braços que está entre ele e seu alvo. Ao todo, ele jogou 23 minutos e não tentou nenhum arremesso de quadra, mas não se esquivou de infiltrações e descolou seis lances livres. Deu três assistências, cometeu dois turnovers e conseguiu três roubos de bola. Mas esses números não dizem absolutamente nada.

De novo: ele nasceu em 1999 e, quanto mais jogar em alto nível, mais esses instintos vão se aguçar. Tem um potencial tremendo como distribuidor e no corte para a cesta. O que ele precisa melhorar bastante é o arremesso, que não é pouco, convenhamos. A cada final de treino do Real, quando enfim a comissão técnica liberava o acesso de estranhos, era possível ver o garoto chutando, chutando, chutando, e está claro que sua mecânica ainda é inconsistente demais e que vai levar tempo para se ajustar para situações de jogo. Mas, bem, tempo é o que não lhe falta. Não topou conversar ao final do jogo alegando que não pode dar entrevistas. Levando em conta a pouca idade a a rigidez protocolar de seu clube, não duvido, mesmo.

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Sobre o Bauru, o time tem agora alguns dias para recarregar a bateria e se preparar, já no sábado, embarcar rumo a Nova York.

Rafael Hettsheimeir x Real Madrid

Rafael Hettsheimeir tinha uma oferta com o Estudiantes na mesa. Ao que tudo indica, o pivô estava apalavrado com o clube madrilenho (coincidência), segundo o que se falava pela Europa e o que noticiou passo a passo o site Encestando. O técnico Diego Ocampo, que fez ótimo trabalho com Augusto Lima e Raulzinho na última temporada pelo Murcia, falou sobre o assunto: “Falta um jogador para nós contratarmos, e quase todo mundo dá por certo que temos Hettsheimeir, mas eu, enquanto no vir por aqui, não acredito nisso. Mas, sim, queremos esse último jogador, e que venha nesta semana”.

Segundo a diretoria do Bauru, o pivô só não teria multa rescisória no caso de alguma proposta da NBA. Para a Europa, algo deveria ser pago, seja pelo clube interessado ou pelo próprio jogador. Eles não o liberariam e não o liberaram, pelo menos não antes dos amistosos contra New York Knicks e Washington Wizards. Mas a intenção, parece, é segurá-lo por toda a temporada, mesmo. Seria muito difícil para o vice-campeão mundial repor um jogador deste nível, especialmente com o dólar nas alturas. Do lado espanhol, mesmo, o próprio Estudiantes não parece disposto a aguardar mais duas semanas. Ocampo perderia um tempo precioso para integrar essa nova peça ao seu grupo. Esta porte parece ter se fechado. Agora é preciso ver se alguém nos Estados Unidos se anima com o rendimento do pivô.

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Existe também o caso de Rafael Mineiro. Está, no momento, sem clube, aguardando qual o destino do elenco do Limeira. Existe, de fato, a possibilidade de eles jogarem a próxima temporada com a camisa do Vasco, com as negociações em andamento. Não é um trâmite fácil, porém, e a própria liga nacional, presidida pelo patrono limeirense, precisaria ou deveria se certificar de que a parceria seria realmente viável, que tenha garantias financeiras e fôlego para chegar até o fim do campeonato. Afinal, o clube de São Januário não é hoje, infelizmente, uma instituição com de bases tão sólidas assim, ainda mais correndo o risco de novo rebaixamento (e de inerente redução de orçamento para 2016). E não se trata de um elenco barato.

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Mineiro vai com a rapaziada para os Estados Unidos, ocupando a vaga de Murillo na rotação interior. Contra o Real, mesmo desentrosado, mostrou o quão valioso pode ser para qualquer equipe devido aos seus atributos defensivos. Para os que questionam o pivô, favor atentar para o fato de que o basquete é jogado em duas tabelas. Uma você ataca, a outra você protege, e, nessa função, vai ser difícil encontrar um marcador tão hábil quanto Rafael. Sua movimentação lateral é incrível e se traduz até mesmo contra gente como Scola, Ayón, Nocioni, Reyes e Thompkins, como pudemos ver nas últimas semanas. Tem tanta agilidade que o técnico Dedé, mesmo, reitera que, numa situação de corta-luz, até gosta que o espigão fique de frente com um armador. Não é necessária ajuda nenhuma na contenção. No ataque, ele também pode render mais, e aí que a chegada de última hora atrapalha. Mineiro já se aventurou na linha de três pontos, como gostam de fazer Jefferson e seu xará, mas rende muito mais na cabeça do garrafão com os disparos de meia distância e a ameaça constante de que, com um drible, já pode alcançar o aro para finalizar com uma cravada.