Vinte Um

Categoria : Notas

Até daqui a pouco
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Giancarlo Giampietro

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Como é que faz uma prévia de uma final olímpica e não chega com a análise depois?

Pois é. Essa é uma pergunta que, desde o dia 20 de agosto, o blog exprime, ainda que de forma indireta, pela falta de atualização. Difícil explicar esse tropeço em detalhes. Mas pode ter certeza de que passa por um conjunto de alguns percalços da vida de quem se dedica ao basquete no Brasil. Foi passando, passando, e passando, como num ataque do San Antonio de 2014, e as atividades paralelas te levam para longe.

Enfim, essa passou, mesmo. A Olimpíada já acabou há tempos.

Agora, com a temporada da NBA começando, a da Euroliga já avançando e a do NBB se aproximando, era hora de sair em disparada. Mas, ao menos para essa campanha 2017-18, o VinteUm vai ficar congelado, ok? (Não sai do ar, porque a expectativa, mesmo, é de que não seja algo duradouro.)

São diversos os motivos, mas dois em especial se destacam – um particular e um profissional. Em breve, a família Giampietro vai crescer, e aí que os streamings e as transmissões de TV vão ganhar forte concorrência. Além do mais, passo a cooperar com um clube da NBA a partir desta semana. Vínculo que certamente representaria um conflito de interesses na cobertura (quase) diária do blog.

Que seja uma temporada excelente para todos. Vai passar rápido.

Té mais.


Bela vitória sobre a Austrália no primeiro teste sério
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Giancarlo Giampietro

Galera, tem hora que nessa vida online a ordem dos fatores pode ser alterada, né? Tipo escrever um minitexto nas redes sociais em vez de colocar algo direto aqui no blog, saca? Foi o que aconteceu nesta quinta-feira aqui no QG 21, com algumas observações sobre a vitória da seleção brasileira sobre a Austrália de lavada, por 96 a 67, em Mogi das Cruzes.

O time de Magnano jogou muito bem. Ficou boa parte do tempo como uma verdadeira unidade em quadra, com um jogo coeso, balanceado, sem depender excessivamente da transição como aconteceu em muitos carnavais. Nenê está voando em quadra, o que é a melhor notícia dessa fase de preparação, Raulzinho está forte pacas e Benite é o terror de sempre quando há movimentação de bola no ataque. O mínimo espaço que tiver, e lá vai um petardo de fora, sem precisar forçar a barra, com eficiência. As notas todas na íntegra estão na página do blog no Facebook.

Essa é uma deixa para dizer que, durante as Olimpíadas, em função da cobertura maior, não é certo que consiga publicar aqui uma análise imediata após os jogos da seleção. Mas é bem provável que todos os jogos sejam comentados em minha conta de Twitter ou no próprio FB. Fica o convite para que sigam o blog por lá também. Não quer dizer que este espaço ficará inoperante: o Rafael Uehara também vai aparecer por aqui com as análises técnicas detalhadas. Simbora.

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Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?
>> Espanha ainda depende de Pau Gasol. O que não é ruim
>> Argentina tem novidades, mas ainda crê nos veteranos
>> França chega forte e lenta, com uma nova referência

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Há três anos sem jogar, Delfino vem ao Rio com a Argentina
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Giancarlo Giampietro

Assim como Scola e Manu, Delfino é um boa praça pelo qual todos torcem

Assim como Scola e Manu, Delfino é um boa praça pelo qual todos torcem

A Argentina foi para a quadra nesta segunda-feira em Las Vegas para enfrentar a Nigéria em um amistoso, que estava mais para jogo-treino, num aperitivo muito interessante antes da emocionante (epa!) final da Summer League da NBA, vencida pelo Chicago Bulls de Cristiano Felício.

Dentre os 12 convocados pelo técnico Sergio Hernández, havia um que talvez despertasse a maior ansiedade do torcedor argentino para que fosse visto em ação. E, não: não estamos falando de Manu Ginóbili, que não joga pela seleção desde as semifinais das Olimpíadas de Londres 2012. A atração era para ser o ala Carlos Delfino, que foi surpreendentemente inserido na lista final do ‘Ovelha’, mesmo que ele não jogue sequer uma partida oficial há mais de três anos, desde o dia 1º de maio de 2013, pelo Houston Rockets. Desde então, o veterano passou por nada menos que sete cirurgias no pé. Ainda assim, em reta final de (mais uma fase de) recuperação, recebeu um corajoso voto de confiança de seu treinador. Mas ainda não foi contra os campeões africanos que retornou – ele e Ginóbili foram os únicos que ficaram fora da derrota por 96 a 92 (veja o relato em espanhol).

Em meio a tanta informação, acho que vale o reforço: foram sete (!) operações no pé direito, depois de uma fratura sofrida a serviço pelo Houston Rockets, em duelo com o Oklahoma City Thunder em 2013, pela primeira rodada dos playoffs da NBA – foi a mesma série em que Russel Westbrook se lesionou ao se topar com Patrick Beverley. Que ele esteja agora relacionado para uma Olimpíada, é  uma história incrível, como diz o Basquet Plus.

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Antes de abrir uma sessão de perguntas e respostas com Delfino, o site argentino faz um relato de fato inacreditável dessa retomada, que passa por uma consulta a um podólogo em Bolonha, na Itália, cidade em que jogou por duas temporadas, antes de começar sua carreira na NBA pelo Detroit Pistons de Joe Dumars. Era setembro do ano passado, logo após a sexta operação pela qual passou. Foi quando questionaram se o jogador por acaso já havia consultado um tal de Giannini, que seria um professor da universidade local.

Ao fazer uma pesquisa, o santafesino constatou que se tratava de um médico de 78 anos, que supostamente já estaria aposentado. O jogador ainda não estava preparado para se tornar um “ex” e não desistiu. Quando entrou em contato com o italiano, o signore Giannini não só topou um novo procedimento cirúrgico, como lhe fez uma proposta um tanto espantosa: para cuidar daquela lesão, já não era mais o caso de colocar, mas, sim, de retirar ossos. Considerando tudo o que já havia passado, o ala tomou uma decisão simples: por que não tentar? E voltou a uma sala cirúrgica no dia 11 de novembro. Em janeiro, o médico já recomendava que seu paciente começasse a correr. “Ainda que ele tenha me dito isso, só me animei em fevereiro a caminhar por longas distâncias. Foi em meados de abril que passei a correr. Agora tenho de recuperar musculatura, porque por três anos minha perna esteve parada. Mas não sinto dor”, disse.

Com Ginóbili, a Argentina certamente fica muito mais forte. Mas e com Delfino?

Com Ginóbili, a Argentina certamente fica muito mais forte. Mas e com Delfino?

Ao saber desses detalhes, imagine a preocupação que cada jogador ou técnico argentino tem durante os treinos quando Delfino pisa de mau jeito sobre o pé de alguém. “Fiz uma careta quando aconteceu, mas depois saí rindo. Todos ficaram me olhando. Não aconteceu nada, e são provas pelas quais tenho de passar. Pisar no tênis de um rival. Saí correndo e por isso ri. Há 15 dias, não imaginava que isso poderia acontecer”, afirmou ao site argentino. Vale muito perder alguns minutos para ler esta longa entrevista.

“Passei por processos. Depois da primeira operação, veio a segunda, a terceira… E eu ainda estava contratado. Tinha de falar com a franquia. Depois, fiquei sem clube, sem nada, e deixei de pensar em basquete por um tempo. Não queria saber nada de nenhum esporte competitivo. Cheguei a pesar 115kg. Hoje estou com 99kg. Em janeiro do aano passado, perdi minha avó. Em seu último dia de vida, queria sair para caminhar comigo. Ela morreu, e isso me sobrou como motivação. Agora tenho de voltar, pensei. Fui a um teste com o San Antonio, e me disseram que o problema com o pé ainda era um problema. Então operei antes do Pré-Olímpico, pensando que era coisa mínima, mas, logo ao sair, pisei e me dei conta de que estava igual. Até o meu pai me questionava se fazia sentido seguir me testando assim”, relata o ala, pensando nos tempos mais difíceis.

Se Delfino estava tão inseguro assim, com toda a razão, Sergio Hernández foi muito arrojado ao convocar o veterano de 33 anos. Não é que algum grande jogador esteja ficando fora da lista, mas, para um torneio curto como o olímpico, qualquer opção extra pode ser importante. O medalhista de bronze em Pequim 2008 não parece preocupado. “Esperemos que ele possa receber os minutos que eu julgue necessário. É certo que, se estiver bem, a equipe vai ficar melhor. Ele está em um processo de adaptação, entrando e saindo dos treinos. Mas a cada vez que entra mostra sua qualidade”, afirmou o “Ovelha” ao canal TyC Sports, justificando a convocação.

Que Delfino tem um grande talento, não há o que se discutir.  Ele não ficou tanto tempo nos Estados Unidos por nada. Os marcadores da seleção brasileira já testemunharam isso em diversas campanhas pelo mundo Fiba, desde o já longínquo Sul-Americano de 2004 em Campos de Goytacazes – ao qual estava presente para ver Walter Herrmann destroçar o time B de Lula Ferreira na final. Naquele torneio, fazendo sua estreia pela seleção principal, o ala teve média de 15,8 pontos. Semanas depois, seria um reserva na campanha do histórico ouro olímpico em Atenas. Em 2007, estava ao lado de Luis Scola na equipe que eliminou o Brasil na semifinal da Copa América de Vegas, comm médias de 13, pontos, 6,3 rebotes e 3,3 assistências. Em Pequim 2008, rumo ao bronze, já era um protagonista mesmo entre as feras douradas, com 14,1 pontos e 5,1 rebotes. No Mundial de 2010, mais uma vez superando os brasileiros, teve 20,6 pontos, 4,7 rebotes e 2,8 assistências rumo a um quinto lugar. Por fim, em Londres 2012, ajudou a equipe a chegar ao quarto lugar, com 15,2 pontos, passando novamente pelo Brasil nas quartas.

Agora, tudo isso foi antes das sete cirurgias por que passou, dos três anos de inatividade. Hernández o inclui no grupo, mas tem opções para o caso de essa (?) última tentativa de recuperação não dê certo. Os jovens Gabriel Deck, Patricio Garino, Nicolas Brussino (recentemente contratado pelo Dallas Mavericks) e mesmo o caçula Juan-Pablo Vaulet estão no elenco, prontos para assimilar seus minutos na rotação – são todos atletas que ainda vamos ver por muito tempo em clássicos sul-americanos.

Deck e Garino foram titulares contra os nigerianos. O primeiro somou 12 pontos, 4 rebotes e 2 assistências em 18 minutos, enquanto o segundo foi quem jogou mais, de qualquer forma, com 29 minutos, com 5 pontos e 6 rebotes. O problema, ao meu ver, é que, para acomodar o veterano, a Argentina vem para o Rio 2016 apenas com dois armadores: Nícolas Laprovíttola, o ídolo rubro-negro, e Facundo Campazzo. Obviamente que Ginóbili pode ajudar os dois talentosos na criação e organização. Mas uma lesão do narigudo seria algo muito grave para nossos vizinhos.

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“Quando falamos dele, falamos de um jogador de elite internacional, de NBA, dos melhores do mundo para esta posição. Ele tem uma capacidade atlética importante e condições técnicas que tornam o basquete algo muito natural para ele. Por isso, sua volta não é algo tão grave para ele como seria para outros jogadores, que precisam trabalhar muito. Por isso, temos essa aposta que ele, com o correr do tempo, estará bem para jogar”, disse o treinador.

O curioso é que, em meio a tantas loucuras que os clubes da liga americana fazem, Delfino ainda está recebendo salários por um contrato firmado com o Milwaukee Bucks em julho de 2013, quando ainda se recuperava da fratura inicial. O gerente geral John Hammond aparentemente pensava que a lesão do ala era algo corriqueira, de fácil regeneração. Ooops.

O dirigente ao menos contou com a incompetência de Doc Rivers para repassar seu contrato um ano depois. O Clippers tinha a intenção de se desfazer de Jared Dudley e ainda pagou uma escolha de primeira rodada em Draft para tanto, absorvendo o restante do contrato de Delfino, que, três dias depois, foi dispensado. Nesse processo, o Clippers parecelou os US$ 3,2 milhões devidos ao argentino em cinco anos. Resultado? Até 2019 ele vai receber mais três parcelas de US$ 650 mil. Ou quase R$ 2 milhões anuais, dependendo do câmbio.

“Eu devolveria esse dinheiro pelos três anos que perdi”, afirmou o ala. “Mas isso eu não consigo mudar mais. Só posso mudar o que vem adiante. Fiz tudo o que podia: vi bruxas, médicos, fiz reiki, testei todas as máquinas que existem. Se não puder jogar, não poderei. Mas no pior dos cenários, voltarei a ser um jogador de basquete. Acho que o único fator que poderia cortar tudo isso era ir aos Jogos e ganhar a medalha de ouro. Para que merda eu seguiria jogando? (Risos.) Falando sério, quero seguir jogando. Eu me sinto jovem, confiante de que vou bem. Se me perguntar, me sinto um jogador de NBA. Quero voltar a fazer cosas interessantes. Mas agora tenho a cabeça na seleção. Não me importa o seguro, nem se se alguém está pergutando por mim. Nada. Que se dane. Estou aqui, tranquilo, e só penso em voltar a ser um jogador de basquete.”

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Duncan se despede da NBA. Sem nem fazer discurso
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Giancarlo Giampietro

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Tim Duncan anuncia sua aposentadoria!

Ou melhor: o San Antonio Spurs anuncia a aposentadoria de Tim Duncan. Porque nem no momento de se despedir o pivô quis chamar a atenção, mesmo. Sabe quantas declarações do pivô constam no release oficial do clube texano? Nenhuma. Risos.

É, a derrota para OKC foi o fim da linha, de modo que o pivô para de jogar após 19 temporadas, no mesmo ano de Kobe Bryant. Que coisa: Kevin Garnett deve estar realmente se sentindo muito velho neste momento, caminhando para um reencontro com Tom Thibodeau e para dar mais umas aulinhas a Karl-Anthony Towns em Minnesota.

Considerando o sofrimento que foi a série contra o Thunder para o veterano, a decisão não é de surpreender. Aos 40 anos, pela primeira vez em muito tempo, nem com inteligência ou técnica ele conseguiu se impor num embate desses, tendo dificuldade com tanta vitalidade que Steven Adams levava para a quadra. O que surpreende, de algum modo, é que ele tenha saído, enquanto Gregg Popovich e Manu Ginóbili ficam na liga, pelo menos por mais um ano. Sempre imaginava o trio pararia junto.

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De ex-projeto de nadador das Ilhas Virgens, Duncan (ou TIMMY!!!) se tornou um dos dez – quiçá, cinco – melhores jogadores da história. Foram cinco títulos e dois prêmios de MVP na temporada e três, nas finais, mais 15 eleições para o All-Star, 10 para o quinteto ideal, 8 para o quinteto defensivo etc. Haja troféu, e nem mesmo o dobro dessas láureas seriam o suficiente para fazer justiça ao que ele fez em quadra.

Também não vai ser qualquer post mais corrido que possa resumir o significado desta figura para a NBA e para o esporte. Se Duncan não foi o cara dos highlights, como Kobe ou mesmo Shaq e Garnett, em termos de produção em quadra, o mais absurdo que ele produziu foi sua consistência. Dê uma olhada nas tabelas abaixo, por cortesia do Basketball Reference:

Números por jogo:

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Números por minuto

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Números avançados

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O cara funcionou como um relógio por 19 anos de carreira. Mas não por ter um jogo mecânico. Pelo contrário. Para sustentar isso, haja talento (fundamentos) e cérebro (saber como aplicá-los). Para ser um excelente defensor, não basta agilidade e tamanho. Do contrário, TIMMY! não estaria entre os marcadores mais influentes deste último campeonato, já como quarentão.

Enfim, a gente pode ficar advogando a favor de Duncan sem parar. Mas não que ele se importe com essas coisas. De novo: muuuuito pelo contrário. Se o pentacampeão se importou com alguma opinião durante sua carreira, foi a com a de seus companheiros de time. De Avery Johnson a Cory Joseph. De Sean Elliott a Kyle Anderson. De David Robinson a LaMarcus Aldridge. Esse é outro aspecto que me vem à cabeça. Deu bastante certo, aliás. Com Duncan, o Spurs se tornou uma superpotência e referência. Obviamente que Gregg Popovich também está por trás desse sucesso, assim como o modelo de gestão desenvolvido por RC Buford. Sem uma figura transcendental dessas, porém, não tem essa de cinco títulos num dos menores mercados da liga.

Fora das quadras, o que se sabe sobre o cara? Que ele curte muito mexer com carros e adora os quadrinhos do Punisher (o Justiceiro). E por acaso interessa? Não deveria. Em tempos de superexposição, porém, sabemos muito bem o quanto a imagem fora influencia a percepção sobre os atletas, e daí vem a impressão de que sua personalidade estoica foi de certa forma um entrave para que recebesse todo o respeito e a atenção que merecia.Nesse aspecto, lembra um pouco o que aconteceu com Kareem Abdul-Jabbar no passado, claro que sem ser tão ranzinza assim. (Curiosamente, só ele e Jabbar somaram 26.000 pontos, 15.000 rebotes e 3.000 tocos).

Nessa linha, apelo, então, a um texto do ano passado, sobre a primeira e única vez em que estive de frente para este mito. Em meio à loucura do All-Star Weekend em Nova York, ele obviamente destoava. Também recupero aqui o relato sobre os últimos jogos dessa carreira brilhante, com o pivô saindo de cena discretamente, sem fanfarra nenhuma. Ele merecia mais, mas simplesmente não era a sua cara. Não tem essa de tributo, de discurso. Já foi.

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#NBADraft: os brasileiros em meio a legião estrangeira e muita névoa
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Giancarlo Giampietro

Simmons foi 'testado' pelo Sixers nesta terça. Já estava aprovado

Simmons foi ‘testado’ pelo Sixers nesta terça. Já estava aprovado

O Draft da NBA, nesta quinta-feira, é o último capítulo da liga antes de o calendário virar para temporada 2016-17. Este é o momento da turma do fundão brilhar e se encher de esperança. No caso, o Philadelphia 76ers e Los Angeles Lakers, que, segundo a previsão geral, vão selecionar supostos futuros All-Stars: Ben Simmons e Brandon Ingram, respectivamente.

De acordo com Chris Haynes, repórter do Cleveland.com, Simmons já foi informado pelo Sixers de que será a primeira escolha da noite. Haynes  é bastante ligado aos cupinchas de LeBron James, entre eles o agente Rich Paul – o mesmo do prodígio australiano. Por algumas semanas, havia um certo suspense e a possibilidade de o time de Philly ir ao encontro de Ingram. Desde a mudança no comando do clube, com a chegada de Bryan Colangelo, as especulações todas voltaram a apontar para Simmons. Cá estamos.

E aí que o magrelo Ingram vai sobrar para o Lakers em segundo lugar, algo sobre o que a família Buss não pode reclamar de jeito nenhum. Não só o talentoso ala pode se tornar um desses talentos versáteis, cestinha e defensor, como o clube corria sério desse recrutamento de calouros sem nenhum dos dois. Só lembrarmos que, se escorregassem na lista geral, sua escolha seria endereçada também ao Sixers.

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No ano passado, boa parte dos especialistas e dos scouts da liga imaginava que a franquia angelina escolheria Jahlil Okafor como o segundo do Draft, e aí due D’Angelo Russell. Então nunca se sabe. Nas últimas semanas, Mitch Kupchak organizou testes com outros calouros bem cotados, como o ala-pivô Marquise Criss, o ala Buddy Hield e o pivô Skal Labissierre, entre outros. Qualquer uma dessas opções seria uma baita surpresa, porém. A ESPN também á crava que a escolha está definida.

De resto, o que vem por aí?

Brasileiros
Assim como no ano passado, não há candidatos oriundos do NBB ao Draft. Lembrando aquela regrinha básica: só se declaram disponíveis aqueles atletas considerados “underclassmen”, aqueles que não pertencem à classe de dos atletas que participam automaticamente do recrutamento. No caso, qualquer jogador estrangeiro que esteja completando 22 anos em 2016 e os universitários que estejam se graduando nesta temporada.

Deryk mostra serviço na Europa

Deryk mostra serviço na Europa

O pivô Wesley Sena havia sido o único brasileiro – e sul-americano – a se declarar para o Draft, para forçar sua entrada no radar da liga. O plano do agente Alexandre Bento, em parceria com Aylton Tesch, era levar o jogador para o adidas EuroCamp, realizado entre os dias 10 e 12 de junho, em Treviso, na Itália. A partir do momento que o Bauru estendeu as finais do NBB contra o Flamengo até o quinto e último jogo, porém, sua viagem ficou inviabilizada. Sem exposição nenhuma aos olheiros, que compareceram em menor número ao país nesta temporada, não fazia sentido, mesmo, seguir no processo.

Em Treviso, todavia, se apresentaram dois brasileiros da classe de 1994, a classe estrangeira automática: Deryk Ramos, armador que causou sensação pelo Brasília, e Danilo Siqueira, ala-armador que não deu um grande salto durante o campeonato, mas segue como um dos talentos mais promissores dessa geração. Outro atleta que tem sido investigado é o pivô Leonardo Demétrio, revelação do Mins Tênis, agora no Fuenlabrada, da Espanha, também dessa mesma fornada.

Deryk teve rendimento superior, ganhando menção honrosa dos organizadores do camp entre os destaques do evento, como o melhor defensor. Faz parte do estilo agressivo do armador, com a bola e em cima dela, botando pressão nos adversários. Nos testes atléticos, também foi bem, especialmente nas medições de velocidade e impulsão.

Mas o que os scouts acharam? Consultei cinco profissionais que estiveram na pequena cidade italiana para ver tudo de perto. O rescaldo é que a dupla não impressionou tanto assim, pelo menos não como prospectos de NBA no momento. Não foram realmente as respostas mais animadas da turma que representava clubes americanos por lá. Entre os três olheiros com quem conversei e que são dedicados exclusivamente a franquias da liga, todos da Conferência Oeste, apenas um se mostrou entusiasmado. “Ramos foi bem. Eu diria que ele ajudou sua cotação. Mas ambos são bons prospectos para a Europa”, disse.

É isso. O ginásio também estava cheio de olheiros de clubes europeus. Não impressionar a turma da principal liga do mundo não significa o fim do mundo. Até porque foram apenas três dias de exposição, e nenhuma carreira se define ou se resume em 72 horas. O EuroCamp serve apenas para atiçar a curiosidade desses observadores. “Ei, é só lembrar que a grande maioria dos caras que estavam lá não são endereçados para a NBA. Então isso é normal. Eles não estão entre os melhores prospectos do Draft. Mas se conseguirem alguma proposta da Espanha ou Itália, deveriam aceitar na hora”, afirmou um olheiro ao blog, que é mais dedicado ao mercado do Velho Continente. “Fuzaro não foi bem, não cuidou muito bem da bola e não encontrou sua função em quadra. Mas gostei de Ramos. Ele mostrou que pode ser uma encrenca em quadra, jogando bastante duro e chegando ao aro driblando”, completou.

Seria uma surpresa ver algum desses brasileiros selecionados. Mas já vimos coisas mais malucas acontecerem em um Draft, como o caso de Bruno Caboclo em 2014, que derrubou a transmissão da ESPN. Num episódio mais bizarro, lembremos sempre do congolês naturalizado catari Tanguy Ngombo, que foi selecionado pelo Wolves no 57º lugar de 2011, um posto depois do inesquecível Chukwudiebere Maduabum, o “Chu Chu”. Acontece que o ala estava registrado como Targuy Ngombo, com idade considerada suspeita. Em vez de 22 anos, ele o ala teria 27 (!) anos e nem poderia mais ser participar do processo. E quer saber do que mais? O número 60 naquele ano foi Isaiah Thomas. E 59º, saiu o húngaro Adam Hanga, que se transformou num dos melhores defensores de perímetro na elite europeia. Saca? É essa loucura toda.

O Draft é complexo, envolve muitos interesses para além da composição de um elenco. Deryk, Danilo e Leonardo são representados, internacionalmente, por grandes agências. Então nunca se sabe. A segunda rodada está aí para ser preenchida, embora a concorrência entre os estrangeiros seja particularmente acirrada (mais sobre isso alguns tópicos abaixo).

*   *   *

Enquanto retornava de Treviso para São Paulo para se reintegrar à seleção brasileira que se prepara para o Sul-Americano, Deryk, que está sem contrato no momento, encontrou tempo para responder algumas perguntas do blog. Como sempre, o jovem de 22 anos mostra muita personalidade, com otimismo e confiança. Características tão como ou mais importantes que seu arremesso e rapidez para o futuro:

21: O que você achou do nível de competição no geral e em sua posição? O que deu para aprender por lá?
Deryk: O nivel do Eurocamp estava muito bom, tinha muitos jogadores com grande futuro. Na armação não era diferente. Realmente foi uma experiência muito proveitosa. É sempre bom você analisar o nível em que está, ter desafios novos, jogar com e contra jogadores que nunca viu na vida. Isso te faz amadurecer, evoluir. Sem contar a presença de muitos técnicos de times da NBA: vivenciar e ser comandado por eles é algo muito motivador.

O que você acha que conseguiu mostrar de melhor do seu jogo e o que acha que poderia ter saído melhor?
Fui lá com o objetivo de imprimir meu jogo. Não iria forçar uma situação com a qual não estou acostumado, nem querer mostrar algo que não tenho. Acho que essa é a melhor forma pra se aproveitar essas experiências! Com o passar do tempo, jogar de pick com o pivô e laterais em alguma situação passou a ser meu forte, e lá consegui imprimir bem esse tipo de jogada e colocar meus companheiros numa boa posição de ataque, além de estar envolvendo todos eles, que é o principal papel de um armador. Também é muito importante imprimir um ritmo forte na defesa. Sobre melhorar, sempre busco muito isso, me cobro muito sobre qual seria a melhor escolha, melhor opção ofensiva em cada momento do jogo, além de alguns turnovers. Sou sempre muito critico nesses aspectos.

O quão difícil é chegar por lá e jogar com é contra muitos jovens atletas que estava vendo pela primeira vez?
Realmente isso não é algo muito comum, e  no começo acaba tendo alguns desentendimentos dentro do jogo, pela falta de entrosamento, o que eh natural. Mas, apesar disso, acho que a adaptação minha foi bem rápida. Por se tratar de basquete – é sempre um só –, e por estar do lado de vários jogadores bons, tanto em quadra como pessoas, fica mais prazeroso e fácil.

Para a próxima temporada, planos definidos?  Segue em Brasília ou pensa em tentar um contrato já fora do Brasil?
Não tenho nada definido. Realmente procuro deixar as coisas acontecerem. Sobre Brasília, estamos em negociação. Agora, não tenho duvida nenhuma que meu sonho é jogar fora do Brasil, mas vou deixar as coisas fluírem naturalmente.

Tudo embolado

Bender tem tudo para liderar a Croácia a pódios no mundo Fiba

Bender tem tudo para liderar a Croácia a pódios no mundo Fiba. Um dos gringos bem cotados, mas sem ser unanimidade

A frase do momento é a seguinte: o Draft começa a partir do terceiro lugar, com o Boston Celtics, considerando que Simmons e Ingram já estão garantidos como os dois primeiros. Aí, rapaziada, está praticamente impossível de prever qual será o desenvolvimento desse recrutamento. O Celtics estaria interessado em cinco candidatos. Mas a prioridade de Danny Ainge, na real, é montar um pacote em torno desse terceiro posto para tentar uma troca por um veterano que possa chegar a Boston para fazer a diferença de imediato. Phoenix Suns, Sacramento Kings, Denver Nuggets e outros clubes também estariam interessados em sair da loteria do Draft, também de olho em jogadores preparados.

Fora a possibilidade de trocas, outro fator deixa o processo mais nebuloso: os principais prospectos não conseguem se distanciar entre si. Há um segundo pelotão totalmente abarrotado, por exemplo, com os armadores Kris Dunn e Jamal Murray, os alas Buddy Hield e Jaylen Brown e os alas-pivôs Dragan Bender e Marquese Chriss. O mesmo empastelamento continua por toda a primeira rodada. Na verdade, há quem diga que um atleta selecionado em 42º pode ter o mesmo nível daquele em 20º. Isso faz os times com escolhas tardia sorrirem (alô, San Antonio, Golden State…), mas também deixa os times do top 20, 25 mais susceptíveis a buscarem trocas também.

Legião estrangeira
Os gringos contra-atacam! Menosprezados por anos e anos, os prospectos internacionais voltam a chamar a atenção dos scouts, apoiados por uma safra bastante frágil local e também pelo impacto que Kristaps Porzingis causou em Nova York. Segundo a projeção do DraftExpress desta quarta de manhã, 14 atletas de clubes europeus estariam entre os 60 selecionados, com destaque para Bender, que, na minha modesta opinião, deveria ser selecionado pelo Celtics ou pelo Suns em terceiro ou quarto. Se você contar os jogadores estrangeiros que estiveram em ação pela NCAA, vai passar dos 25 nomes, incluindo o australiano Simmons e o canadense Murray, que enfrentou a seleção brasileira na final do Pan 2015.

Acúmulo de riquezas
Vocês já sabem: o Boston Celtics tem oito escolhas neste Draft, sendo cinco na segunda rodada. O Philadelphia 76ers também tem três escolhas na primeira fase, assim como o Denver Nuggets, que tem cinco no total, e o Phoenix Suns, que tem quatro. Juntos, esse quarteto concentram 20 postos, ou 1/3 de todo o recrutamento. aja WhatsApp, Skype e afins para dar conta de tanta conversa.

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Convocado, Humberto curte 1ª temporada efetiva: “Puxei o jogo”
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Giancarlo Giampietro

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Uma das coisas mais legais no esporte em geral é acompanhar a evolução de um atleta, ainda mais quando essa observação vem desde cedo. Agora imaginem como todo esse processo não funciona na cabeça do próprio jogador? De ver que anos e anos de preparação começam a dar resultado.

Pensando no basquete brasileiro, o Pinheiros, com sua prospecção de talentos e propensão para o lançamento, é um dos clubes do país mais propícios para se seguir, para ver o quão interessante é esse amadurecimento esportivo, acompanhando quase sempre pelo crescimento também fora das quadras. Lucas Dias, nesse sentido, foi uma das sensações deste NBB, confirmando seu potencial como um cestinha de mão cheia, que chegou para ficar.

Mas na ótima campanha que o clube da capital paulista fez, jogando de igual para igual com o finalista Bauru pelas quartas de final, ficou clara também a evolução de outro produto de sua profícua base, o ala-armador Humberto, de 21 anos. Um jogador que, assim como Lucas, seu companheiro (já) de longa data, vem sendo cotado como um dos grandes prospectos do país e que, especialmente pelo que fez na reta final de temporada, cruzou aquela cinzenta faixa entre a condição de “projeto” para “realidade” das quadras nacionais, rendendo uma pré-convocação para a seleção brasileira, de olho no Sul-Americano da Venezuela, a partir do dia 27.

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“Confiança é tudo. Passei a acreditar mais no meu jogo, no chute e na infiltração, e vi que posso ajudar meus companheiros em alguns momentos de pressão. Estar em quadra ajuda muito para chegar a esse ponto. Poder ficar com a bola na mão. Eu estava preparado para ajudar”, afirma ao VinteUm o paulistano, que impressiona pela maturidade, para além do 1,95m de altura e de sua agilidade, com um conjunto de atributos físicos que vai chamar a atenção de qualquer scout.

Esse processo de afirmação está longe de ser uma ciência exata ou simples. Humberto já treinava com a equipe adulta há tempos, mas estava quase sempre à margem na rotação, sendo utilizado de modo esporádico por nomes de peso como Cláudio Mortari ou Marcel de Souza. Ficava dividindo seu tempo seja com o time sub-19 ou com o da LDB, passando muito tempo em quadra, é verdade, mas não exatamente no nível que ambicionava. Até que a redução de investimento desta temporada forçou essa transição para valer, agora sob o comando do técnico César Guidetti. Chegara a hora, mesmo que, na sua concepção, a efetivação pudesse muito bem ter acontecido antes.

“Penso que a gente poderia ter sido lançado antes, e isso é uma coisa que nunca escondi de ninguém. Tinha essa insatisfação por não estar jogando e só estar treinando. Acho que isso é algo bom que tenho, de querer jogar, mostrar meu basquete”, diz o atleta, sem passar nada de arrogância em sua declaração.

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Anormal seria alguém conformado com a reserva. A diferença é o modo como se encara a situação: se sua insatisfação vai se transformar em fardo, ou se vai motivá-lo ainda mais para provar qual o seu lugar.”Teve o lado bom. Serve para ver outras coisas. O atleta profissional, por exemplo, tem uma rotina específica, e demora um pouco para você se habituar a ela, com jogos, viagens, puxar ferro, os treinos. Na base, não se trabalha forte assim. Esses dois ou três anos serviram para me acostumar com isso. Hoje, se me tirarem essa rotina de basquete, eu sentiria muita falta”, diz o ala-armador, que  jogou mais de 770 minutos em seu terceiro NBB, cinco vezes mais do que havia recebido em 2013-14. Respondeu, claro, com as melhores marcas de sua carreira em pontos (8,4), rebotes (2,9) e assistências (1,9). Foi indicado ao prêmio de melhor sexto homem da competição, disputando com Marcelinho Machado e Jimmy Oliveira, do Mogi.

“Tem sido bom. Não diria ‘muito bom’, porque acho que poderia estar muito melhor, claro. Está sendo de razoável para bom, e tem muito o que melhorar, muito mesmo, com o pé no chão. Mas foi importante para ver o que precisa ser feito e saber que agora estão nos vendo, que estamos indo para o jogo. O outro lado é saber dosar, de reconhecer se está preparado, ou não. Acho que mentalmente estou, mas dentro do jogo tenho de melhorar muitas coisas”, avalia.

A prioridade para Humberto é o arremesso.  Para um jogador de perímetro, enfrentando internacionalmente defesas cada vez mais fechadas, congestionando o garrafão no lado em que está a bola, é vital que o chute funcione. Em sua primeira temporada efetiva como profissional, já cresceu bastante em todos os quesitos. Nos tiros de longa distância, saiu de 21,1% para 33,3%. Nos lances livres, de 62,5% para 73,8%. Mais perto da cesta, foi de 33,3% para 44,3%. Mas cabe mais, claro. “Sem dúvida, tenho treinado bastante. Acho que são uns 500 chutes por dia, 250 de manhã e de tarde. Procurei mudar um pouco minha mecânica de arremesso”, diz.

Mais trabalho no chute

Mais trabalho no chute

Sabe quem serviu de exemplo? CJ McCollum, vejam só, o emergente ala-armador do Portland Trail Blazers, time que não está toda hora assim na TV. Sinal de que o jovem paulistano anda investindo seu tempo no League Pass da NBA, certo? “Comecei a ver alguns arremessos, comparando com o meu. Vendo ele, reparei que estava pulando pouco para arremessar, saindo pouco do chão, e nunca tinha pensado se isso influenciava.  Agora estou saltando um pouco mais e acho que isso dá mais força nas pernas. Antigamente acho que estava colocando muita força no braço. No Jogo das Estrelas, o Marcelinho (Machado, o maior chutador brasileiro de sua geração) comentou comigo isso também, de colocar força na perna.”A entrevista com Humberto foi gravada em meio ao confronto com Bauru, pelas quartas do campeonato nacional. O Pinheiros havia acabado de perder o primeiro jogo, em casa, em um duelo equilibrado. O ala-armador falava com confiança, acreditando ainda numa virada. Já haviam reagido contra o Minas pelas oitavas de final, aliás, revertendo, de modo impressionante, uma desvantagem de 2 a 0.

Pois bem, como sabemos, não foi possível. Mas eles deram trabalho, sim, e ainda estenderam a série ao Jogo 4, depois de surpreendente triunfo como visitante, justamente com a melhor apresentação de Humberto, quando marcou 27 pontos. Não por coincidência, foi uma jornada inspirada no chute, tendo convertido 10 de 16 tentativas e 5 de 9 de fora. Para alguém de primeiro passo explosivo, a conversão de média para longa distância só vai lhe abrir a quadra e os ângulos para ataque. No confronto com Bauru, teve média de 15,7 pontos em quatro partidas, com 40,5% nos disparos de três.

Outro fator que o ajudou foi a parceria com os americanos Cordero Bennett e Desmond Holloway. O ataque pinheirense encaixou bem quando Guidetti adotou uma formação mais baixa, em que os gringos e o jovem ala-armador dividiram responsabilidades. Os três poderiam conduzir a bola e partir para o ataque também, “puxando o jogo”, como Humberto gosta de dizer. Um verbo que faz sentido para alguém que pode cortar a quadra toda com velocidade. “Foi um papel bem diferente do que tive nos outros anos, de poder chamar um pouco mais, de resolver. Procurei fazer isso para a bola não ficar só na mão do Lucas, ou do Holloway. Fazendo isso, acho que se abriu um leque de opções. Ficou mais difícil de marcar, mais imprevisível. Vou buscar isso. Mesmo que não seja para pontuar,mais  que possa criar para os outros.”

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

Nos anos anteriores, Humberto em geral era chamado para situações bem específicas, para marcar, quando o time precisava pressionar algum cestinha no perímetro. Foi bom ver, então, que a maior carga de minutos não tirou seu ímpeto para a contenção. “Gosto realmente de defender. Acho muito mais legal dar um toco, roubar uma bola, não deixar o cara te cortar. Na própria Liga das Américas (de 2014, quando o Pinheiros foi derrotado pelo Flamengo na final), fui chamado para marcar o Marcelinho. Carrego isso comigo. Não faço nada específico, acho que pode ser uma coisa mais pessoal, mesmo, de olhar para um cara e pensar que ele não vai passar por mim.”

A exibição contra o Flamengo, por sinal, teria repercussão futura. Não foi por acaso que, no ano passado, o clube rubro-negro tenha tentado levar o jogador para o Rio, antes de fechar com Rafael Luz e Ronald Ramon. Num sistema defensivo que José Neto costuma aplicar, de preferência agressivo, com muita pressão na bola, ele se encaixaria muito bem. Se a contratação tivesse sido validada, talvez ele pudesse estar disputando a final neste momento? Se não vai estar em Marília, ou no Rio, também não quer dizer que vá assistir tudo de casa. Afinal, neste domingo ele terá de se apresentar em São Paulo para iniciar a preparação rumo ao Sul-Americano, convocado por Magnano, numa lista que agrada, mesclando veteranos como Fúlvio, Jefferson William, JP Batista, Olivinha e Rafael Mineiro com jovens apostas.

Será sua primeira passagem pela seleção como profissional. Na base, em meio a passagens pelo Banespa, São Paulo e Círculo Militar, disputou duas competições oficiais da Fiba: a Copa América Sub-16 de 2011, em Cancún, e o Mundial Sub-19 de 2013, em Praga. No ano passado, também participou da Universíade, sobre a qual se recorda de seu duelo, como marcador, com o ala Wayne Selden Jr., da Universidade de Kansas, que representou a seleção americana. Agora o desafio é encarar encarar forte concorrência para ficar no grupo final, ao lado de Henrique Coelho, Davi Rossetto, Deryk, Fúlvio, Gui Deodato, Jimmy Oliveira e Leo Meindl. Georginho, seu companheiro de Pinheiros, também se junta ao grupo.

Passar no corte final e jogar na última semana de junho e a inicial de julho traria uma ambiguidade aos planos de Humberto. Seria um prolongamento desta temporada, a antecipação da próxima, ou meramente uma intertemporada? Para alguém de 21 anos, acho que não interessa. “O que quero, primeiramente, é continuar crescendo. Quero ter uma temporada melhor, independentemente de onde esteja. Algumas coisas já vêm mudando, dentro e fora da quadra. Ser reconhecido pelo que faz é legal, te motiva mais. Mas mantenho os pés no chão, e aí o crescimento vem naturalmente. Claro que NBA é um sonho de cada jogador, Europa também, mas sou um cara de reconhecer muito meu limite. Acho que estou num momento de fazer um bom trabalho no Brasil, fazer boas temporadas aqui para depois pensar lá fora. Tem de me firmar aqui no Brasil para depois poder ter alguma chance fora.”

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Raptors está eliminado, mas tem muitas decisões pela frente
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Giancarlo Giampietro

Raptors tem time competitivo para já e peças para o futuro. Como isso vai afetar os minutos de Caboclo?

Raptors tem time competitivo para já e peças para o futuro. Como isso vai afetar os minutos de Caboclo?

Enquanto o Cleveland Cavaliers espera, sossegado, a definição do Oeste e de seu adversário em mais uma decisão da NBA, o Toronto Raptors já se concentra em ooooutros tipos de decisões. Enquanto Kyle Lowry e DeMar DeRozan preparam as malas para curtir as férias e digerir a eliminação, a diretoria chefiada por Masai Ujiri começa o período mais agitado de suas profissões.

Ujiri e seus assistentes precisam decidir o futuro do técnico Dwane Casey, se aprofundar no estudo dos prospectos do Draft, que vai rolar daqui a menos de um mês, e, depois, ainda mapear todo o mercado de agentes livres, no qual seu cestinha, inclusive, será um dos atletas mais cobiçados. Você acha que é fácil a vida de cartolada? Por mais que eles tenham de pensar primordialmente a longo prazo, para o clube canadense, na condição de vice-campeão do Leste, esse tipo de questão fica muito mais interessante. Dependendo dos movimentos que coordenarem, que pode afetar diretamente o futuro de Bruno Caboclo e Lucas Bebê, podem oferecer resistência de verdade aos LeBrons na próxima temporada já.

Demorou, mas este núcleo do Toronto fez enfim uma boa campanha nos playoffs, até esbarrar em um adversário bastante inspirado. Ao confronto derradeiro, até conseguiu dar uma graça ao vencer os Jogos 3 e 4. Pela temporada regular, teve uma grande chance de desbancar este mesmo Cavs do topo da conferência, ficando a apenas uma vitória do mando de quadra. Imaginem o quanto isso poderia ter sido relevante. Mas não aconteceu. Fora de casa, perdeu todas, mas perdeu de monte, por 31, 19, 38 e 26 pontos, com média de 28,4 por jogo. As que venceu, como anfitrião, foram por 21 pontos, saldo de 10,5. No geral, o que dá para ver é que a equipe foi presa fácil para o Cleveland.

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Está claro que, para esta formação do Raptors, a distância para competir com um Cavs no auge é muito maior ainda do que o avanço que fez em relação a Miamis, Charlottes e Indianas. Mesmo que DeMarre Carroll, um jogador valioso por ser efetivo dos dois lados da quadra, estivesse em uma forma deplorável, com dores no cotovelo, pulso, quadril, tornozelo e, claro, no joelho operado. Esse deu despesa ao departamento médico e de preparação física. Se tivesse inteirão, poderia tentar incomodar mais LeBron James na marcação individual, e talvez os marcadores do Raptors pudessem ter prestado mais atenção nos companheiros do Rei, sem que tivessem liberdade para chutar tanto nas primeiras duas partidas. Ainda assim, suponho que não seria o suficiente para compensar um déficit de 28,4 pontos.

DeRozan vai ficar? Que tipo de companhia Lowry vai ter no ano que vem?

DeRozan vai ficar? Que tipo de companhia Lowry vai ter no ano que vem?

É nessas horas que me vêm à cabeça o dia 18 de fevereiro, que era o prazo para os clubes da NBA fecharem trocas nesta temporada. Na ocasião, Ujiri preferiu não fazer nada. A única alteração feita: dispensou Anthony Bennett (que simplesmente não consegue paz) para contratar Jason Thompson, o homem que o Warriors cortou para abrir espaço para Anderson Varejão. Se o brasileiro não vem produzindo muito pelos atuais campeões, Thompson também não fez quase nada pela equipe canadense. Ficou apenas 55 minutos em quadra. Segundo o que se comenta nos bastidores, o Raptors não teria recebido nenhuma oferta que tenha agradado. Por outro lado, é de se questionar se o gerente geral não poderia ter sido mais agressivo e buscado .

Em termos de reputação, o gerente geral nigeriano se tornou uma das figuras mais respeitadas — e temidas — da liga. Como principal gestor, está em seu segundo trabalho, e até agora praticamente tudo o que ele tentou deu certo. Muito certo. Em três anos em Denver, viu seu time somar 145 vitórias e 85 derrotas (63,0%). Em Toronto, também em três anos, são 153 vitórias e 93 derrotas (62,1%).

Basta checar sua lista de negocicações, para entender como se chega a um aproveitamento desses. As principais, claro, foram as trocas com o Knicks de Carmelo Anthony, na qual se viu forçado a se livrar do astro e descolou um pacote muito bom com Gallo, Chandler, Felton, Mozgov, Koufos e mais uma escolha de primeira rodada de Draft, e a de Andrea Bargnani, por uma escolha de primeira rodada, duas de segunda e alguns contratos para fechar as contas. Também levou Andre Iguodala para Denver em troca por Arron Afflalo, Al Harringston e uma escolha de primeira e outra de segunda. Se for para criticar algum negócio, foi a transação que mandou Nenê para Washington e resultou na avoada chegada de JaVale McGee ao Colorado.

Reputação de Ujiri talvez até assuste dirigente que vá negociar com ele

Reputação de Ujiri talvez até assuste dirigente que vá negociar com ele

Talvez essa fama de quem rapela nas trocas possa atrapalhar agora — com os concorrentes receosos. Nem sempre dá para botar James Dolan, o proprietário do Knicks, no telefone. O que sabemos é que o Raptors está cheio de atletas jovens no elenco e ainda vai ter mais quatro escolhas de primeira rodada nos próximos dois Drafts. Neste ano, terá a sua e aquela coletada por Bargnani em uma transação inacreditável. Em 2017, a extra será a do Milwaukee Bucks, no rolo de Greivis Vasquez por Norman Powell (outra muito lucrativa). Para um clube que hoje mira o topo do Leste e pode até sonhar com o título, fica a dúvida do que fazer com tantos ativos assim e também algumas promessas que não conseguem sair do banco, entre eles os brasileiros. Isto é: moeda de troca não faltava.

A média de idade do elenco do Warriors é de 27,5 anos, segundo o Real GM. Já a de OKC é de 27,0. O Cavs é mais velho, com 29,5. O Raptors tem hoje 26,0, mas pode ficar muito mais jovem se for para inserir mais dois calouros no grupo neste Draft, se eles ocuparem vagas de alguns veteranos, para não falar da turma de 2017.  O Raptors terá a nona escolha no dia 18 de junho, com a possibilidade de se contratar, nesta faixa, segundo as projeções dos sites especializados, um pivô de futuro.

Considerando sua lista de agentes livres, é o que faria mais sentido, mesmo, desde que não feche nenhuma negociação antes. Em julho, Bismack Biyombo, ultravalorizado, vai exercer uma cláusula contratual e entrar no mercado. Os contratos de Luis Scola, James Johnson e Thompson vão acabar. Quer dizer: vão abrir quatro vagas no elenco na linha de frente, sendo que duas e meia, digamos, de rotação. Biyombo e Scola jogaram muito. Johnson, em sua relação de amor e ódio com Casey, só foi efetivado na rotação devido à lesão de DeMarre Carroll.

Ainda fica pendente a situação de DeRozan, que vai constar na lista de muitos clubes e vai custar muito. Mais de US$ 20 milhões por ano na NBA de boom nos investimentos, graças ao revigorado acordo bilionário de TV. Podem ter certeza disso, independentemente do quanto o ala-armador sofreu durante os playoffs. O ala afirmou no sábado, em sua entrevista de encerramento de temporada, que não se vê com outra camisa na próxima temporada. Nem com a do Lakers, seu time do coração, da sua cidade. Já Ujiri afirmou que sua prioridade absoluta é renovar o contrato do cestinha, e acho que não há muito o que discutir, mesmo. A não ser que Kevin Durant indique que sonhe em jogar em Toronto, o cartola assumiria um risco enorme em negociar com outros atletas do porte de Al Horford e Nicolas Batum, ouvir “não” (como o histórico da franquia indica) e ainda perder um de seus All-Stars.

Renovar com DeRozan e Biyombo seria difícil. A não ser que o mercado não se mostre tão entusiasmado assim com o pivô congolês. A expectativa de scouts e cartolas é de que ele possa assinar um contrato na faixa de US$ 12 a 15 milhões anuais, se não mais. Qualquer oferta nessa linha inviabilizaria sua permanência em Toronto, que vai ter menos de US$ 30 milhões para gastar. Ujiri teria menos de US$ 10 milhões para buscar reforços.

E aí? O que fazer? Investir pensando longe ou ‘sacrificar’ algumas dessas peças em busca de veteranos que possam fazer a diferença agora? Por melhor que possa ser seu programa de desenvolvimento de jovens atletas, qual seria o ponto de sobrecarga?

Sem Biyombo, seria a vez de Bebê?

Sem Biyombo, seria a vez de Bebê?

Procuraria um substituto para Biyombo ou confiaria no progresso de Lucas Bebê como reserva de Jonas Valanciunas? Com rodagem na Espanha e a mesma idade do lituano, já era supostamente a hora de o carioca assumir um posto no time. (Claro que isso depende do quão satisfeitos os técnicos estão com seu desenvolvimento e amadurecimento.) Peguem também o caso do armador Delon Wright. Com Kyle Lowry e Cory Joseph sob contrato, quando ele terá chances de verdade? Lembremos que ele completou sua campanha de calouro, mas já tem os mesmos 23 anos de Lucas.

Bruno Caboclo ainda não estava pronto para participar de um jogo de playoff ao final de sua segunda temporada como profissional, e pode ser que leve um pouco mais de tempo. Ainda vai pedir muita atenção dos treinadores do clube. Ele tem mais um período de férias para avançar em sua trilha, mas, depois do que Norman Powell fez nos mata-matas, o calouro, que é dois anos mais velho que o brasileiro, está à frente na fila de entrada no time. Já não sobram muitos minutos na rotação, que tem DeRozan (eventualmente), Carroll e Terrence Ross, além da dupla armação com Lowry e Joseph, algo que funcionou bem demais neste campeonato.

(Um parêntese extenso sobre Bruno, então. Em suas últimas semanas pela D-League, o caçula brasileiro deu sinais de progresso. Foram 37 jogos, uma experiência muito valiosa. Ele terminou com média de quase 14,7 pontos em 36 minutos, mas foi progredindo mês a mês. Quando o Raptors B entrou em seu melhor momento, numa sequência de 18 vitórias e 9 derrotas, ele teve 15,7 pontos e 43,9% nos arremessos. Em março, no encerramento da temporada, subiu para 18,4 pontos e 44,7%, estabelecendo seu recorde pessoal em três noites diferentes. O ano não começou bem para o ala, e os indícios de imaturidade ainda preocupavam. A oportunidade de jogar com regularidade pela liga menor fez bem, porém. O técnico Jesse Mermuys observa como seu comportamento melhorou no decorrer do campeonato quando era substituído e criticado por sua seleção de arremessos. Em vez de fechar o bico e se alienar no banco, seguia envolvido com o jogo e com seus companheiros.

“A parte mental do jogo é extremamente importante na NBA porque essa liga é muito, muito dura, com seus altos e baixos. Se você tiver força para lidar com isso, é realmente importante. Essa maturidade fora de quadra foi quase mais importante do que no jogo. Ele ainda está correndo atrás do jogo, mas os avanços que ele fez foram consideráveis e muito maiores do que seriam se não tivéssemos dado essa oportunidade (de criar uma filial)”, afirmou. “No período em que vivemos, este é o único modo de vencer e desenvolver atletas ao mesmo tempo. Se você não tem seu próprio time de D-League, é como se tivesse de fazer uma escolha entre um e outro. Mas temos essa sorte de fazer ambos e desenvolver importantes ativos para o futuro de nosso clube.”)

O Toronto Raptors está numa situação um tanto parecida com a do Boston Celtics, nesse sentido, de fazer as contas entre investir sem perder o futuro de vista, mas também pressionado a progredir de imediato, curtindo um bom momento com a torcida e de confiança no elenco. A diferença é que o Raptors venceu nove partidas a mais na temporada e foi muito mais longe nos mata-matas — e não tem oito escolhas no próximo Draft. Mas a concorrência do Leste vai prestar muita atenção no que Ujiri vai fazer nos próximos meses. Até mesmo a diretoria do Cavs, dividindo sua atenção com o que acontece pela final da NBA, claro.

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Com reservas, Kerr dá cartada de Jackson e Popovich em momento crítico
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Giancarlo Giampietro

Barnes era o único titular em quadra em arrancada pelo quarto período

Barnes era o único titular em quadra em arrancada pelo quarto período

Os astros de Oklahoma City não estavam tão bem assim, mas a vantagem do Golden State Warriors era de apenas quatro pontos ao final do terceiro período. Quando Steve Kerr terminou de conversar com seu grupo, antes dos 12 minutos que poderiam ser os últimos de uma temporada já histórica.

Daí que mesmo o torcedor mais fanático de Oakland pode ter engasgado quando viu o quinteto que o treinador havia mandado para quadra: Shaun Livingston, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Marreese Speights faziam companhia ao brasileiro Leandrinho. Nada de Steph Curry, Klay Thompson ou Draymond Green. Barnes, um fracasso durante a série, era o único titular presente.

Kerr havia pirado?

Não, só havia seguido uma página de tantas lições que anotou nos tempos de jogador de Phil Jackson e Gregg Popovich, dois dos treinadores mais vitoriosos da NBA. Talvez tivesse se lembrado até mesmo daquela noite de 3 de junho de 2003, quando ele estava do outro lado: como um jogador sentado na ponta do banco, mais como espectador.

Quando o San Antonio Spurs se viu em situação complicada pelo Jogo 6 da final do Oeste de 13 anos atrás, Gregg Popovich recorreu ao veterano tetracampeão da liga. O Dallas Mavericks vencia por 13 pontos. Fez a diferença com seus chutes de três e viu o Spurs reagir e acabar com a série para ir à final da liga e conquistar o quinto título de sua carreira.

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Assim relatou a Associated Press: “Steve Kerr foi um homem esquecido pela maior parte dos playoffs. ‘Tenho 37 anos. Sou lento. Não sou um defensor muito bom’, disse Kerr, explicando por que o técnico o havia mantido na ponta do banco. Kerr entrou no jogo com apenas 17 minutos pelas finais e um total de zero cestas.”

Tony Parker estava doente. Speedy Claxton não estava jogando bem. Pop recorreu a Kerr e disse para que o veterano chutasse sem dó. Foi um bombardeio, no qual acertou quatro bolas de longa distância, somando 12 pontos em 13 minutos. “Foi só atirar para cima para ver o que acontecia. Esta é uma das melhores noites da minha carreira, bem ao lado de tudo o que aconteceu em Chicago”, disse, pouco antes de se aposentar.

Numa série de playoff, cabe às comissões técnicas reagirem rapidamente, em menos de 48 horas, para tentar ajudar seus atletas. Encontrarem respostas, os chamados ajustes. No caso do Warriors, era pela sobrevivência pela final do Oeste.

Dente tantas opções discutidas e executadas, um maior papel para a segunda unidade foi surpreendente, quando nem mesmo seus All-Stars estavam conseguindo resistir ao poderio atlético e defensivo de OKC. Então não dava para segurar ao menos Thompson como referência ofensiva no lugar de Barnes? Kerr entendeu que não. Que precisava dar um descanso maior aos seus principais atletas e ao mesmo tempo tentar ganhar algo de novo.

Não dá para saber se o Mestre Zen ou Pop fariam o mesmo, nessa situação específica. Mas suponho que tenham ficado no mínimo positivamente surpresos pela coragem de seu antigo discípulo, para não dizer orgulhosos, depois do que se passou em quadra.

O time com Leandrinho e mais três reservas anotou oiro pontos em sequência. Quando o brasileiro foi substituído a 9min01s do fim, dando enfim lugar a Thompson, a vantagem era de dez pontos. Levou mais um minuto para que Curry e Draymond voltassem, no lugar de Livingston e Barnes, e aí eles tinham de proteger uma liderança de 12 pontos (95 a 83). Isso mostrou confiança de Kerr em seu sistema, mesmo enfrentando tanta dificuldade na série contra um adversário que vem causando muito desconforto.

“Se o sistema dos triângulos estivesse funcionando, o Tex (Winter, mentor, amigo, guru) costumava dizer que a equipe deveria jogar junto, como se fossem os cinco dedos da mão. Nos primeiros anos, eu usava uma rotação de dez jogadores, sendo cinco titulares e cinco reservas, para garantir que os suplentes tivessem tempo suficiente para entrar em sintonia com o resto da equipe. Na reta final da temporada, eu reduzia a rotação para sete ou oito jogadores, mas tentava usar outros reservas sempre que possível. Às vezes os reservas podem ter um impacto surpreendente”, escreveu Jackson em seu último livro, “Onze Anéis”.

O torcedor do Bulls vai se lembrar sobre como Phil, se descontente ou inquieto, não hesitava em mandar para o jogo um quinteto como John Paxson, Trent Tucker, Scottie Pippen, Scott Williams e Stacey King, segurando-os até que Jordan desse uma boa respirada.

Popovich já foi muito mais drástico, e não faltam casos nesta era dourada interminável de San Antonio em que o técnico apostou/prestigiou/premiou quintetos alternativos. Quantos não foram os jogos em que os reservas do Spurs conseguiram uma reação improvável, encostaram no placar e, quando todo mundo poderia supor que a cavalaria retornaria, o técnico mantinha os Cory Josephs e Beno Urihs em quadra?

Na sua cabeça, servia não só como lição para os titulares, por estarem ‘fazendo o certo’, como também dava rodagem e confiança a atletas que eventualmente seriam exigidos em situação de pressão nos playoffs.

“Um dos trabalhos mais difíceis de um treinador é impedir que os operários enfraqueçam a química da equipe. O técnico Casey Stengel, do New York Yankees, costumava dizer: ‘O segredo é manter os caras que te odeiam longe daqueles que estão indecisos’. No basquete geralmente quem te odeia são aqueles que não estão recebendo tanto tempo de quadra como acham que mereciam. Tendo sido um reserva, sei o quanto grave pode ser se você está definhando no banco durante um jogo crucial. Minha estratégia era manter o pessoal do banco o mais engajado possível”, escreveu Jackson.

É um desafio, mesmo, que vale também para Billy Donovan com o Thunder. Na derrota desta quarta-feira, Dion Waiters saiu zerado, Enes Kanter fez apenas um pontinho em seis minutos, mas I técnico ao menos ‘ganhou’ um empolgado Anthony Morrow, que acertou todos os seus quatro arremessos e terminou com 10 pontos em sete minutos.

Para OKC, porém, é sabido que Durant e Westbrook vão concentrar a pontuação. Pelo Golden State, porém, a despeito da capacidade incrível de chute de Curry e Thompson têm, uma distribuição mais igualitária sempre foi vista como ideal. Tanto que na temporada regular nenhum titular de Kerr teve mais de 35 minutos em média.

Em entrevista a Sekou Smith, do NBA.com, Klay Thompson exagerou e disse que os reservas  teriam nível para formar um time de playoff até. “Há várias noites em que os titulares não estão produzindo, e nossa segunda unidade é boa o bastante para reagir. Eles são bons o bastante para ir aos playoffs para mim”, afirmou. Em Washington, depois de o Wizards fazer duas partidas equilibradas com o Warriors, John Wall deu o braço a torcer e afirmou que “esta segunda unidade pode te matar”. Nesta final de conferência, todavia, não estava rolando. “Não estávamos conseguindo render na série”,  disse Speights, cestinha da segunda unidade com 14 pontos. “Mas fomos bem desta vez e agora temos muito dessa confiança para o próximo jogo.”

Os astros comemorando no banco feito torcedores

Os astros comemorando no banco feito torcedores

Que Speights esteja se sentindo bem, é uma ótima cartada para Kerr, para espaçamento de quadra ou ataque dentro do garrafão. Entre os demais suplentes, pensando no Jogo 6, o técnico poderia encontrar uma forma de reativar Shaun Livingston, que até agora só anotou 22 pontos e 11 assistências em cinco partidas, acertando 39,2% dos arremessos. O mais importante é que, se forem utilizados novamente, que rendam bem como grupo, a começar pela defesa. Se Enes Kanter estiver em quadra, melhor. Poderiam correr mais.

E quanto aos brasileiros? Bem, foi o que o chapa Renan Prates perguntou durante a vitória desta quarta. Leandrinho saiu zerado em sete minutos, mas fez boa partida, dando energia à equipe, especialmente na defesa. Esforço sempre bem-vindo por parte de um atleta que fez carreira na liga muito mais pelo talento como cestinha. Não por acaso, o único registro estatístico feito em seu nome foi o de duas roubadas de bola. Do ponto de vista do ligeirinho, o importante foi ter jogado quando havia partida ainda por ser disputada.

Quanto a Anderson Varejão, a situação é a mesma de Cleveland. Complicada e para Ruben Magnano refletir. Seria injusto avaliá-lo em seus minutos limitados. Em Oakland, o pivô capixaba foi o único jogador do Warriors que saiu de quadra com saldo negativo. Kerr tinha esperança de que o veterano, de carreira excelente, seria útil, valioso no garrafão. A resposta até agora ficou aquém do que diretoria e técnicos imaginavam. Difícil que seja acionado novamente, até pelo cenário ainda crítico.

O Warriors está numa final de conferência, lutando contra a eliminação. Kerr chamou a galera do banco, assumiu riscos. No início do quarto período, teve sucesso, por três minutinhos, conseguindo uma vantagem que fez a diferença. Ao contrário do que aconteceu há 13 anos, quando o Spurs contou com um veterano enferrujado para fechar a série, a equipe californiana ainda precisa de mais duas vitórias. Não é sempre que os reservas vão conseguir encarar um quinteto que tenha Durant como adversário. Ainda mais fora de casa.

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OKC atropela Warriors. Tudo dentro da normalidade?
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Giancarlo Giampietro

Chega uma hora em que a graça acaba

Chega uma hora em que a graça acaba

Em público, aconteceu em todos os níveis:

– No banco, os titulares do Golden State Warriors davam risada sabe-se lá do quê.

– Enquanto isso, em sua conta no Twitter, a assessoria de imprensa do time nos informava sobre recordes pessoais de Ira Clark e Brandon Rush no quarto período.

– Pouco depois, já com o placar definido em 133 a 105 definido a favor do Oklahoma City Thunder, Steve Kerr usava seu hilário tom sarcástico para dizer que, com um pouquinho mais de sorte, seu time poderia ter vencido.

Depois de sofrer a pior derrota desta fase mágica, os atuais campeões deram a entender que encaravam a surra levada pelo Jogo 3 da final do Oeste com a maior naturalidade possível. Se foi forçado, ou não, só eles vão saber dizer, intimamente. Como equipe que já se viu nesta situação antes, normal que tenham reagido desta maneira. Até para não deixar seu perigoso oponente ainda mais confiante.

Nesta temporada, o Warriors ainda não perdeu duas partidas consecutivas. Mais: no ano passado, contra Memphis e Cleveland, o time também esteve atrás do placar geral da série por 2 a 1, só para sacar tudo sobre seu adversário, vencer os próximos três jogos e fechar ambas as séries rumo ao título. Além do mais, bastará que superem OKC por meio ponto de diferença para que empatem tudo e recuperem a vantagem do mando de quadra.

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Agora, em nenhum momento destes confrontos do ano passado, eles levaram uma pancada destas, a mais severa que este núcleo já tomou. Em números, a derrota para o Portland Trail Blazers por 32 pontos, em fevereiro, foi maior. Mas, pois então: era fevereiro, na volta do All-Star. Quem se importa com isso na última semana de maio? Nem Damian Lillard.

O que interessa para Steve Kerr é tentar entender o que aconteceu em quadra a partir da marca de 8min10s do segundo período, quando os times estavam empatados por 40 a 40. Nos próximos 20 minutos, OKC venceria por 77 a 40, chegando ao final do terceiro quarto com 117 a 80. Russell Westbrook e Kevin Durant não precisariam jogar mais, e por isso os 28 pontos finais nem valem para nada. Em 36 minutos, a vantagem era de 37 pontos, algo inacreditável. Né, Waiters? “Nem tinha me tocado do que estava acontecendo no placar. Vocêf fica tão envolvido com o jogo. A atmosfera estava incrível. Cara, isso é uma loucura. Nem sabia”, afirmou o ala reserva. Os 117 pontos foram a terceira maior quantia de um jogo de playoffs em 36 minutos, após os 124 feitos pelo Milwaukee contra o Philadelphia em 1970 e os 120 do Dallas contra o Seattle (antigo OKC) em 1987. É coisa para rever o jogo com mais paciência nesta segunda-feira e voltar aqui para explicar melhor. A defesa do time reagiu muito bem a essa formação, caprichando nas trocas, por exemplo, sendo que no ataque não houve problema de espaçamento pelo fato de Roberson não estar ao lado de Adams.

Em 81 posses de bola nos três primeiros quartos, os donos da casa tiveram um índice ofensivo de 144 (uma projeção de 144 pontos por 100 posses, no caso; para dimensionar isso, basta saber que o índice do Warriors pela temporada regular foi de 112,5). No terceiro período especificamente, foram 45 pontos em 26 posses. Índice ofensivo de 173 pontos.

O pior, para Kerr, será constatar que esse placar todo foi construído com Andre Roberson em quadra. O homem que sua defesa supostamente deveria ignorar para se concentrar em gente como Durant e Wess, sabe? Com o ala e os dois astros acompanhados por Dion Waiters e Serge Ibaka, o saldo do Thunder foi de 30 pontos. Diante desses caras, veja como ficou o saldo dos principais integrantes da chamada escalação da morte de Golden State:

Que paulada. Isso é um problema enorme para se resolver,  pois como você certamente já reparou, nem Steven Adams, nem Enes Kanter foram mencionados no trecho acima. O que quer dizer que OKC levou a melhor com uma formação mais baixa, algo inesperado no tabuleiro desta série, depois do que haviam feito contra San Antonio e contra o próprio Warriors pelo Jogo 1 da série. Billy Donovan e seus atletas vão mostrando suas diversas facetas.

Tudo fica bem mais fácil de funcionar quando Durant e Westbrook fazem seu melhor simultaneamente, claro. Em três quartos, eles tinham 63 pontos, 16 rebotes e 14 assistências juntos, com 20 arremessos certos em 34. Dos 117 pontos do time, eles haviam participado de 83 direta ou indiretamente, com cestas e assistências.

O desempenho de Westbrook, aliás, é uma tremenda notícia para Donovan. Se no terceiro período do Jogo 1, o armador foi preponderante para a vitória, no geral, contra este Warriors, o mais normal foi vê-lo amassar o aro. Em oito partidas contra o time dirigido por Kerr até este domingo, segundo levantamento do setorista Ethan Sherwood Strauss, do ESPN.com, ele havia convertido apenas 34% de seus arremessos (61-180).

Se já não fosse dor-de-cabeça demais, Kerr e sua comissão técnica ainda vão precisar esperar pela decisão do comitê disciplinar da liga quanto a Draymond Green, que, enfim, cedeu às tentações de agredir Steven Adams. Ou pelo menos é isso que diretoria, torcida e o pivô do Thunder vão tentar vender após, digamos, o pé do All-Star atingir as partes baixas do neozelandês. Uma falta flagrante foi marcada. “Já havia acontecido antes, cara. Ele é bastante preciso”, disse Adams. Esta imagem:

A enrascada e armadilha maior aqui é que a NBA acabou de suspender Dahntay Jones, o 15o homem da rotação do Cavs, por lance teoricamente parecido contra Bismack Biyombo, no sábado. Vai depender da interpretação, claro, além do aspecto político, inevitável. Uma coisa é dar um gancho em um veterano que nem deveria ter saído da D-League este ano. Outra é num dos melhores jogadores da atualidade.

O técnico do Warriors diz que nem pensa em eventual punição, completando ainda que o certo seria até anular a falta flagrante. Da sua parte, ainda em missão diplomática, Draymond afirmou que à procura de Adams após a partida para pedir desculpas e dizer que não havia sido intencional. Se for suspenso, será o maior toco que o pivô neozelandês poderia ter dado em sua controversa e jovem carreira.

Assim, foi um jogo de impacto, independentemente da condição de Green. O Warriors vai realmente se empenhar em dizer que está tudo bem, conforme seu poder de reação sugere. Passado o furacão, ou melhor, o trovão, vai poder lembrar, inclusive, que o Jogo 2 foi 118 a 91 a seu favor, e que nem faz tanto tempo assim, mesmo para quem vive intensamente o ciclo de 60 segundos por minuto de notícias.

Ah, só para não deixar passar batido: Clark e Rush conseguiram suas melhores marcas de rebotes pelos playoffs, com, respectivamente, sete e quatro cada. Está registrado.

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De Colangelo a Caboclo, quem levou a melhor na loteria do Draft da NBA?
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Giancarlo Giampietro

Dessa vez não teve surpresa. O Minnesota Timberwolves não pôde reunir as últimas três primeiras escolhas do Draft. Chega, né? E dessa vez o Cleveland Cavaliers nem estava por ali para roubar a cena também. Para os dois, chega, né? Tá bom, já deu. Na verdade, sabe o que aconteceu? A ordem do top 3 do Draft da NBA deste ano seguiu precisamente a das piores campanhas da temporada regular, com Philadelphia 76ers em primeiro, Los Angeles Lakers em segundo e Boston Celtics em terceiro, num ato de cortesia do Brooklyn Nets. Foi o resultado mais provável de todos, com uma chance de… 1,9%!

Para quem ficou sem conexão na Sibéria, aqui estão:

nba-draft-lottery-results-2016

Se quiser ver a ordem completa, clique aqui.

O sorteio da loteria da NBA é um dos eventos mais absurdos que você vai encontrar no mundo esportivo. São mais de 14 torcidas envolvidas — pensando em clubes que tenham trocado suas escolhas –, botando fé num sorteio que acaba recompensando, em geral, a incompetência, ou premiando quem sabe se aproveitar dos deslizes dos concorrentes. E, tá certo que, para alguns times, também poderia ser um remédio contra o azar, para indesejadas lesões e tal, como aconteceu com o New Orleans Pelicans. Ao mesmo tempo, é muito divertido. Já que são 1.001 combinações possíveis de sorteio, podendo influenciar realmente o destino de uma franquia.

O clima é tanto de final de campeonato para os clubes ali representados, que é só ver, no vídeo abaixo, o nível de nervosismo de Brett Brown, o técnico-mártir do Philadelphia 76ers, Mitch Kupchak, o quase eterno gerente geral do Lakers, e Isaiah Thomas, a formiguinha atômica do Celtics. Eles mal conseguiram sorrir, mesmo que o pior já tivesse passado para dois deles — Sixers e Lakers. Thomas depois disse que se sentiu tão nervoso quanto no dia em que foi draftado, em 2011:

Neste momento, os três tradicionalíssimos clubes já sabiam que dividiram as três primeiras escolhas do recrutamento. Mas havia um segundo filtro aqui, segundo a opinião da vasta maioria dos olheiros da liga: ficar entre os dois primeiros, para ter a chance de selecionar os alas Ben Simmons e Brandon Ingram, considerados os dois grandes prospectos do ano, alguns degraus acima dos demais candidatos, como apostas, hã, certeiras de “franchise players”.

Mas é claro que ninguém pode trabalhar com certezas absolutas neste ramo. O que se pode constatar apenas é um consenso. Cada dirigente, treinador e olheiro tem sua opinião, mas eles não deixam de ser influenciados pelas opiniões que circulam por aí. E erros de avaliação acontecem aos montes. Há casos de escolhas altíssimas que não dão em nada, por lesões (Greg Oden) ou não (Wesley Johnson, Michael Beasley, entre tantos. E há também diversos jogadores subestimados demais por esse senso comum. Basta lembrar o próprio episódio de Isaiah Thomas. O tampinha, hoje um All-Star, foi selecionado apenas na última posição há cinco anos. Se não é um talento salvador como Anthony Davis ou Karl-Anthony Towns, joga o suficiente para influenciar muito positivamente o nível de um time. E cada equipe tem suas necessidades.

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Neste ano, segundo Jonathan Givony, chapa que chefia o DraftExpress, principal referência no assunto, há uma grande massa cinzenta em torno dos candidatos deste ano. “Há muito pouco de consenso entre os times sobre quais são os melhores jogadores, especialmente quando passamos de um grupo de cerca de 15 atletas pensados para a loteria. O que é especialmente difícil é que vários jogadores são descritos prospectos legítimos por alguns times e o exato oposto por outros. Você pode perguntar para os 30 clubes da liga sobre um mesmo jogador e receber 30 opiniões diferentes, com um alcance que varia demais”, afirmou. Quer dizer: a vida dos especialistas que tentam projetar o recrutamento dos novatos não será nada fácil. Boa sorte a eles.

O que a gente sabe, hoje: dificilmente algum atleta vai desbancar Simmons e Ingram das duas primeiras escolhas. A dúvida fica para quem sairá em primeiro, e acho que não vai ter furo de Marc Stein ou Adrian Wojnarowski que solucione este impasse antes do dia 23 de junho. Se o Sixers ou o Lakers vão aceitar trocar essas escolhas? Duvido muito. A não ser que astros do porte de Blake Griffin e Carmelo Anthony entrem na conversa, não teria por que seus diretores ouvirem muitas propostas. A não ser que não sejam fãs de nenhum desses promissores alas. Improvável.

Mas vamos lá. Ainda em meio a incertezas, quem saiu sorrindo da loteria? Quem saiu frustrado?

POR CIMA

A pose de Brown ao lado do número 2 da NBA, Mark Tatum, é de quem quase teve um treco

A pose de Brown ao lado do número 2 da NBA, Mark Tatum, é de quem quase teve um treco

Brett Brown: dos 321 técnicos de NBA registrados na base de dados do Basketball Reference, o ex-treinador da seleção australiana e ex-assistente de Gregg Popovich tem o pior aproveitamento, excluindo técnicos interinos ou aqueles que tenham trabalhado em apenas uma temporada como head coach, com escabrosos 19,1%. E não dá para julgar sua competência no cargo. Não quando o melhor armador com quem ele pôde trabalhar em Philadelphia até agora tenha sido Ish Smith. Depois de tantas derrotas, de tantas surras, se há alguém que merecia uma boa notícia nesta terça-feira, era Brown, que, segundo consta, é uma das pessoas de convívio mais agradável que você vai encontrar pela liga.

Bryan Colangelo: ele mal chegou e já vai colhendo os frutos do trabalho impopular e radical de Sam Hinkie. Enquanto vai fazendo alterações no departamento de basquete do Sixers, pode se preparar para fazer uma escolha difícil entre Simmons e Ingram. Difícil, mas é aquele tipo de problema que todo gerente geral gostaria de ter no dia 23 de junho.

Sam Hinkie: é, pois é. Pelo menos algum cantinho da alma do cara que foi meio que forçado a pedir demissão deve estar sorrindo. Mas, mesmo que seja para se autoenganar, pode dizer para os mais chegados que, no final, o plano dele seria agraciado pela sorte. Além disso, pode gravar o clipezinho abaixo e entregá-lo para seu agente. Em Philly, ainda há uma forte crença n’O Processo:

Lakers: Mitch Kupchak mal deve ter dormido de segunda para terça-feira. Estava obrigado a dar a cara a tapa na loteria e poderia ser humilhado caso o clube californiano não ficasse entre os três primeiros do Draft (as chances estavam na casa de 45%). Se acontecesse, seria obrigado a conceder sua escolha para o Philadelphia 76ers.  Agora, está numa posição confortável: receber quem quer que sobre entre Simmons e Ingram. A outra certeza que tinha: “Não quero estar aqui no ano que vem”. Sabe por quê? Porque o time será submetido ao mesmo drama, caso não chegue aos playoffs, com Philly à espera. O cartola tem de pensar positivamente, mesmo, mas, para escapar da loteria, o Lakers teria de vencer cerca de 30 jogos a mais na temporada 2016-17. Complicado, mesmo que seu badalado calouro já produza como estrela no primeiro ano, algo também que não se pode cobrar.

Celtics: não, o Boston não conseguiu entrar no top 2. Por outro lado, não foi ultrapassado por ninguém na ordem, e a probabilidade para que isso acontecesse era maior que 50%. Além do mais, para um time que venceu 48 partidas, nem deveria estar aqui. Tudo o que viesse seria lucro, graças à negociação com o Brooklyn Nets envolvendo Paul Pierce e Kevin Garnett.

Bruno Caboclo: para o Toronto Raptors, vale o mesmo raciocínio do Boston Celtics. Na noite em que abriu a disputa das finais do Leste (tomando uma pancada do Cavs, é verdade), o clube canadense também tinha uma pequena chance, de 9,2%, de conseguir o direito de selecionar Ingram ou Simmons. Este foi o legado deixado por Andrea Bargnani em sua troca para o New York Knicks. Não aconteceu, e o caçula brasileiro da NBA agradece. A chegada de Simmons ou Ingram seria um tremendo empecilho para seu aproveitamento e desenvolvimento no Canadá.

POR BAIXO

Simmons e D'Angelo Russell campeões pelo Lakers? Talvez no futuro, assim como pela Montverde Academy

Simmons e D’Angelo Russell campeões pelo Lakers? Talvez no futuro, assim como pela Montverde Academy

– Sam Hinkie: bem… Ele entra aqui também, e, se fosse para evitar a brincadeira, só teria lugar nesta lista. Seu plano de entrega-entrega, enfim, gerou sorte no Draft. Mas são os Colangelos que vão desfrutar.

Ben Simmons:  o cenário ideal para o prodígio australiano era que o Lakers tivesse a primeira escolha. Pois os rumores do momento indicam que o ala de 20 anos e seu agente, Rich Paul (o comparsa de LeBron) têm apenas o clube angelino na mira para este Draft. Entre outros motivos, como a badalação de L.A. e o peso da camisa, o que talvez seja mais importante é que este casamento poderia valer milhões em um contrato com as gigantes dos calçados. Com o Lakers em segundo, isso ainda pode acontecer, claro. Mas Simmons, badalado há muito tempo, perderia o status de número um do Draft. Então já ficam as dúvidas: estariam dispostos, jogador e agente, a boicotar o Sixers e se recusar a fazer entrevista e exames? Teriam coragem para peitar uma figura tão proeminente como Jerry Colangelo? (Talvez não seja necessário, já que Ingram, em tese, combina melhor com o atual elenco de Philly, oferecendo muito mais capacidade como arremessador.)

– A juventude de Boston: sem poder alcançar Simmons ou Ingram, cresce a possibilidade de que Danny Ainge vá tentar trocar sua escolha. Mas é pouco provável que ela, sozinha, renda ao time um jogador veterano que possa fazer a diferença para a equipe de Brad Stevens. Então o que se deduz é que o gerente geral vá tentar montar um pacote em torno desta seleção com alguns outros trunfos de Draft e, sim, alguns jogadores para tentar um superastro. Então é de se esperar que a rapaziada fique inquieta até o final de junho. Se for para manter o terceiro lugar, Ainge afirmou que a ideia é escolher o melhor jogador disponível. Segundo os scouts, as opções seriam o croata Dragan Bender, ala-pivô que enche os olhos, mas é o atleta mais jovem do Draft, os armadores Kris Dunn e Jamal Murray e o ala Buddy Hield. O histórico do Boston não é tão profundo assim com jogadores europeus. Por outro lado, com Marcus Smart, Isaiah Thomas, Avery Bradley, Terry Rozier e RJ Hunter no elenco, haveria espaço para mais um ‘guard’?

– James Dolan: o bilionário dono do Knicks deve ter mentido para todo mundo, dizendo que ia se retirar para seus aposentos para tocar guitarra quando, na real, estava acompanhando o Draft pela TV, só para saber se as trapalhadas que ele autoriza (e muitas vezes força!) renderia algo de positivo a quem estava do outro lado do telefone, tal como nos desastrados tempos de Isiah Thomas. Para lembrar: a escolha do time foi endereçada ao Toronto Raptors em troca por Andreeeea Bargnani. O engraçado disso? É que, quando percebeu que seu clube havia sido surrupiado por Masai Ujiri, ele proibiu que seus dirigentes fechassem uma nova transação com o Raptors no ano seguinte, quando o nigeriano estava pedindo mais uma escolha futura de Draft para poder ceder Kyle Lowry, um legítimo All-Star.

– Sean Marks: quando aceitou o cargo, o novo gerente geral do Brooklyn Nets já sabia que não haveria o que fazer quanto a sua escolha de Draft deste ano. Com o Boston Cetics ficando em terceiro, o neozelandês ao menos não tem de conviver com a ideia de que Simmons e Ingram poderiam ser alicerces na reconstrução do time. Mas, que deve doer, deve. Dragan Bender seria um ótimo projeto de longo prazo para a franquia.

– Wizards e Markieff Morris: caso tivesse saltado para o Top 3, o time da capital poderia manter sua escolha. Era difícil de acontecer, e, ao ficar no número 13, teve de cedê-la ao Phoenix Suns. É bom que o ala-pivô bote a cabeça no lugar e ajude John Wall numa campanha de reação do Wizards. Ou isso, ou ele e o gerente geral Ernie Grunfeld vão ter de secar seja lá qual for o calouro que Ryan McDonough selecionar aqui.

TROLLER GERAL

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Dikembe Mutombo causou nesta terça. No tweet acima, quatro horas antes do sorteio em Nova York, o ex-pivô do Philadelphia resolveu ir ao Twitter para parabenizar o clube pela vitória na loteria. Imagine a barulheira feita pelos torcedores do Sixers, comemorando — e dos demais envolvidos com o evento, reclamando e acusando a liga de manipular os resultados. Desde que, em 1985, o New York Knicks venceu a primeira loteria promovida pela NBA, ganhando o direito de escolher Patrick Ewing, as teorias da conspiração em torno desse processo. Mutombo só atirou gasolina nas mãos dos chutadores de três pontos do Cavs destes playoffs: virou um fogaréu que só. Quando questionado sobre o significado de seu tweet, o pivô disse que havia se confundido com as regras do Draft, ao ver que seu antigo clube tinha as maiores chances de chegar ao primeiro lugar. Apagou o tweet e garantiu não ter dom premonitório nenhum. A pergunta que fica agora é a seguinte: quem acredita? : )

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