Vinte Um

Arquivo : dezembro 2014

Barça desfalcado dá autonomia para Huertas atacar
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Giancarlo Giampietro

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

“Ninguém torce para que um companheiro de equipe vire desfalque, se lesione.”

Quantas vezes já não ouvimos uma declaração nessa linha vindo de esportistas? E nem poderia ser diferente. Qualquer atleta que tenha o mínimo de sangue verdadeiramente competitivo sabe que a pior coisa é ficar fora de ação, no estaleiro.

Mas as lesões acontecem e abrem oportunidades. É o que vem acontecendo no timaço do Barcelona, que perdeu de uma vez só três dos seus principais atletas na rotação de perímetro: Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines. Para delírio dos scouts, isso representa mais tempo de quadra para a promessa croata Mario Hezonja. Do ponto de vista brasileiro, o mais interessante é o efeito que esse plantão médico teve para Marcelinho Huertas, claro.

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O armador é daqueles que dificilmente foge do politicamente correto em suas declarações, preocupado sempre em não pisar em calos e não assumir tanto assim os holofotes. Simplesmente não é o estilo dele. Mas deve estar se divertindo um pouco mais em quadra este momento, arrisco dizer.

Sem Navarro e Oleson, dois dos principais finalizadores da equipe, dois ala-armadores fogosos, perigosos nos disparos de média e longa distância, cabe ao brasileiro uma carga ofensiva bem maior ao brasileiro. Que vai muito bem, obrigado, nessa. Apesar de a amostra de jogos ser pequena – foram três partidas apenas, uma pela Euroliga e duas  pela Liga ACB –, essa seqüência  já mostra um armador muito mais solto em quadra, com autonomia para criar, produzir, arriscar.

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

Pelo campeonato continental, Huertas tentou 16 arremessos em 41 minutos contra o Fenerbahçe, convertendo 8 deles, além de mais sete lances livres, para somar 25 pontos. Ele ainda distribuiu cinco assistências e cometeu quatro turnovers, é verdade.

São números elevados já quando isolados, mas, no contexto da competição, ficam ainda mais relevantes. Nas oito primeiras partidas, o brasileiro havia tentado apenas 53 chutes em 190 minutos (média de 0,27, abaixo dos 0,39 do último compromisso). Seus 25 pontos marcaram sua maior contagem na temporada, e de longe, superando os 15 que havia anotado contra o Bayern na sexta rodada. Sua média era de 7,25 e subiu direto para 9,19. O padrão de alta se manteve para assistências e desperdícios de posse de bola.

Na liga espanhola, nas nove primeiras jornadas, ele havia somado 39 arremessos (média de 4,3), 7 lances livres (0,7), 62 pontos (6,8), 44 assistências (4,8) e 24 turnovers (2,6), em 214 minutos (23,7). Nas 10ª e 11ª rodadas, o crescimento foi impressionante: 18 arremessos (média de 9), 5 lances livres (2,5), 31 pontos (15,5), 16 assistências (8) e 4 turnovers (2), em 58 minutos (29).

Nem mesmo o acréscimo nos minutos vai nivelar o salto de sua produção. Em termos de arremessos por minuto, por exemplo, entre as jornadas 1 e 9, ele arriscava 0,18. Nas jornadas 10 e 11, 0,31 – uma alta de 58%. Nos lances livres, foi de 37,5%.  Além dos números, o mais interessante foi ver o armador jogando. É um armador antes e outro depois. Dois estilos, duas abordagens de jogo completamente diferentes.

Huertas lembrou muito mais seus tempos de Bilbao, quando era o dono do time, com mais liberdade para atacar. Obviamente que ele ainda vai trabalhar para seus companheiros, já que está em sua natureza. A diferença é que ganhou autorização do controlador para também olhar mais para a cesta, usando e abusando de seu excelente chute em flutuação, por vezes com apenas um pé no chão, sua marca registrada.

Num Barcelona poderosíssimo, cheio de opções tanto para o jogo interior como exterior, ele vinha cumprindo nas últimas temporadas um papel muito mais semelhante ao de Pablo Prigioni ou Pepe Sánchez nos bons dias da seleção argentina. Aquela armação econômica, mas necessária para envolver os companheiros estelares.

Por isso o lembrete de sempre: não dá para avaliar um jogador exclusivamente pelos números (especialmente quando checamos apenas a tabela de estatísticas e não a fita da partida). Acumular, ou não estatísticas, não significa “jogar bem” ou “jogar mal”. Tudo depende de como o objeto de estudo se encaixa em sua equipe. O Barça, diga-se, sofreu duas derrotas nesses últimos três jogos.

Primeiro, perdeu fora de casa para o Sevilla por 85 a 74 – numa partida excepcional do jovem pivô Willy Hernangómez, que acumulou 29 pontos e 13 rebotes. O ginásio estava abarrotado de olheiros, que teriam a chance de ver, de uma só vez, Hezonja (6 pontos em 26 minutos) e o ala-pivô Kristaps Porzingis, sensação da Letônia, tido hoje como um dos cinco melhores prospectos do próximo Draft da NBA. Brad  Oleson se lesionou neste jogo, depois de oito minutos em quadra.

No segundo compromisso, acabaram caindo em casa diante do Fenerbahçe, num jogo duríssimo, emocionante pela Euroliga, definido apenas na prorrogação. Não custa lembrar que o Fener tem em seu elenco seis atletas que já foram draftados pela liga americana. São todos caras de seleção nacional.

No último fim de semana, se recuperaram, ao vencer por 90 a 67 o Zaragoza, um adversário que está na oitava colocação, na zona de classificação para os playoffs, com uma campanha bem melhor que a do Sevilla, o 16º.

Claro que acaba sendo mais divertido para o brasileiro ver um Huertas com sinal verde para atacar. Mas não quer dizer que a outra versão, a mais comedida, esteja errada. O simples fato de ele poder executar os dois papéis com propriedade já diz muito sobre seu talento e sua evolução na posição.


A parceria NBB e NBA: otimismo, mas com os pés no chão
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Giancarlo Giampietro

nba-lnb-nbb-parceria-basquete

Em momentos de anúncio de grandes eventos, grandes notícias, o jornalista nunca se pode esquecer que não está ali como torcedor. Ele é uma testemunha, sim, como todos, mas tem de obrigatoriamente dar um passo para trás sempre, se permitindo a chance de avaliar o que está acontecendo e fazer questionamentos.

O anúncio da parceria entre a LNB e a NBA é um desses acontecimentos que pede um pouco de parcimônia. Neste caso, porém, para qualquer um daqueles que estiveram presentes ao clube Pinheiros para a coletiva que ratificou o acordo, o mais interessante foi reparar que não houve nenhum arroubo ufanista, nenhum acesso a hipérboles, nem nada. O que configura um cenário extremamente positivo.

Não se enganem: não é que os dirigentes que ajudaram a viabilizar o NBB estivessem cabisbaixos ou com uma atitude blasé. Pelo contrário: o presidente Cássio Roque, o vice-presidente João Fernando Rossi e Kouros Monadjemi estavam todos empolgados, sorridentes, relembrando histórias da construção do novo campeonato nacional.  Mas sem se empolgar demais, sem prometer mundos e fundos. Os representantes da NBA tinham a mesma postura. Em comum, de metas anuncias, tivemos apenas a ideia de que o basquete volte a ser o esporte número dois no país.

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(Parêntese: isso foi na véspera de o Banco do Brasil anunciar a interrupção no repasse de verbas para a CBV; independentemente da lamentável crise vivida pelo vôlei nestes dias, é de se perguntar se o basquete já não é o segundo… afinal, segundo dados do ministério do Esporte, ela já é a segunda modalidade mais praticada no país; a questão é traduzir esse interesse em números e negócios concretos.)

Do meu cantinho aqui na Vila Guarani, acho tudo isso muito apropriado. O otimismo se faz até obrigatório, mas sem prenunciar milagres. O projeto é inédito, pode ser revolucionário/histórico para o basquete brasileiro, mas tem longo prazo – não deve e nem tem como ser avaliado agora. Além do mais, a LNB já fez bastante do seu lado para dizer que este seria um “recomeço”. Isso já aconteceu há seis anos, quando a liga nacional foi criada finalmente, depois de “momentos bélicos”, como disse o presidente Cássio Roque. A liga já representa uma bonança após um biênio 2006-2007 para lá de tempestuoso, com campeonato oficial que não terminava e competições paralelas que não decolaram.

Os novos parceiros ainda estão em fase de conversação. As reuniões, admitem, já vinham acontecendo há semanas, antes mesmo da assinatura do contrato. As partes estão se conhecendo. Para a NBA, é preciso um tempo de adaptação, para se conhecer uma nova realidade. Por mais que a marca já tenha estabelecido um escritório no Rio de Janeiro e feito avanços significativos por estas bandas, a gestão de uma competição nacional é um tipo de desafio completamente diferente.

Na hora de avaliar os pontos a serem atacados, a prioridade é o setor comercial. O diretor executivo da liga americana no Brasil, Arnon de Mello, abriu a coletiva tocando precisamente neste ponto. Para depois falar em como sua organização pode colaborar com expertise também em outras áreas. As coisas vão avançando paralelamente, com esses diversos departamentos envolvidos, mas o pontapé inicial, mesmo, é a captação de recursos. De grana, mesmo, seja por conquista de patrocinadores, licenciamento de produtos e ações de marketing. Algo em que são campeões.

A NBA conta hoje com mais duas dezenas de parceiros comerciais em suas operações globais. Algumas dessas corporações já teriam feito sondagens sobre possíveis negócios no Brasil. Pode não sair nada daí, mas a liga americana vai à caça de patrocinadores para o campeonato que já está em andamento. A ideia, todavia, é encontrar marcas dispostas a se envolver com o NBB a longo prazo, para gerar a cobiçadíssima sustentabilidade. Lembrando que o campeonato hoje não conta com nenhum patrocínio master.

Faz sentido. Primeiro é importante estabelecer essa base, os alicerces para o campeonato prosperar. Estabilidade financeira para que os dirigentes nacionais, com ajuda do know-how norte-americano, então, se concentrem em melhorias nas outras áreas administrativas, especialmente em infraestrutura. Uma coisa não exclui a outra também: não é porque o foco é comercial, que um intercâmbio na área técnica não possa acontecer, claro. Mas ainda não há planos declarados. (PS: Para o lado de gestão operacional e de infra, é possível que já haja novidades no fim de semana do Jogo das Estrelas ou mesmo na decisão, que nesta temporada será disputada em série melhor-de-três.)

O que a NBA ganha com isso tudo? Como disse Jason Cahilly, responsável pelo departamento estratégico e financeiro da liga, a ideia é desenvolver um “ecossistema favorável” ao basquete no Brasil, no qual, obviamente, 0 NBB não seria o único a encontrar mais dinheiro e possibilidades. A liga americana, nas palavras de Arnon de Mello, detecta um mercado “maduro” para esse crescimento.

Mas o ideal, mesmo, é expandir esse mercado, e, não, contar apenas com os atuais simpatizantes do bola-ao-cesto. Para tanto, é preciso mais promoção para o jogo e incentivo à prática. Se a CBB colabora pouco, ou quase nada faz para a massificação da modalidade no país, a parceria LNB/NBA assume parte essa empreitada. Cahily, mesmo, citou o termo grassroots em seu discurso de apresentação (todo em português, aliás).

Do ponto de vista mais prático, se as duas siglas conseguirem avançar comercialmente, gerando recursos, é de se esperar que os clubes nacionais tenham mais autonomia para agir. Que refinem suas próprias estrutura de gestão, podendo coordenar as categorias de base com mais zelo, contratarem melhor etc. Este é um cenário ainda muito distante, porém. Antes de tudo, eles precisam cumprir com suas obrigações financeiras. Coisa que até mesmo o supercampeão Flamengo não vem fazendo, enquanto um clube como Franca faz vaquinha virtual, correndo o risco de fechar as portas. “Há muito o que ser feito”: foi uma das frases mais ouvidas no anúncio do acordo na semana passada.

De qualquer forma, a aproximação da NBA já vale como um baita reconhecimento ao trabalho da liga nacional. Serve como um gesto de aprovação ao trabalho feito até aqui, que pegou um esporte no buraco e o transformou num produto que atraiu o interesse estrangeiro, contando antes com aporte do ministério do Esporte e de uma patrocinadora estatal. No que vai resultar esse envolvimento, ninguém sabe ainda. “Ficam me perguntando o que esperar disso? Digo que não sei”, afirma Cássio Roque, o presidente da LNB. “Só sei que estamos ao lado da companhia certa.”

Tags : CBB NBA NBB


Euroligado: sobraram 3 vagas e apenas um invicto
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Giancarlo Giampietro

CSKA de Sonny Weems está sobrando por enquanto

CSKA de Sonny Weems está sobrando por enquanto

Foi a nona e penúltima rodada da primeira fase da Euroliga, e está praticamente tudo definido para o Top 16: restam somente três vagas para se definir a elite do continente nesta temporada. O que está no jogo para a 10ª semana da competição? As terceira e quarta posições do Grupo A, disputadas entre Zalgiris Kaunas e os russos do Unics Kazan e do Nizhny Novgorod, e a quarta colocação do Grupo D, que está agora entre o estreante Neptunas Klaipeda e um Galatasaray em desconstrução (mais abaixo).

Dentre as conclusões que se pode tirar após nove partidas, temos a confirmação do CSKA Moscou como a equipe a ser batida. O time do técnico Dimitris Itoudis é o único invicto entre todos os 32 competidores, ainda que sua invencibilidade tenha sido sustentada com muito custo na sexta-feira, numa vitória na prorrogação sobre o Unicaja Málaga, na Espanha, por 76 a 75. A equipe russa forçou o tempo extra com uma grande virada no segundo tempo, fazendo uso de uma defesa opressora. Os visitantes tomaram 43 pontos nos primeiros 20 minutos e, depois do intervalo, levaram só 23, sendo 10 no quarto final, para reverter uma desvantagem de 16 pontos. Impressionante. A despeito de todo o drama na partidaça transmitida pelo Sports+,  com a autoridade de sempre de Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, temos outra opção para…

O jogo da rodada: Barcelona 89 x 91 Fenerbahçe
Para quem não se lembra, este choque de potências esportivas europeias já havia sido o grande destaque da oitava semana. Um mês depois, cá estamos novamente, e com um contexto muito interessante: o Fener devolveu na Catalunha a derrota sofrida em Istambul. E pela mesma vantagem de dois pontos, com um placar um pouco mais volumoso que o do jogo de ida (80 a 78). Explica-se: foi necessária uma prorrogação, após um empate por 79 a 79 em 40 minutos. O clube turco chegou a ter uma vantagem de 42 a 35. A maior do Barça foi de cinco pontos: 56 a 51. Equilibrado, ou não? Caiu, dessa forma, outro invicto.

Com um melhor aproveitamento nos lances livres (13-21, 61,9%), o Fenerbahçe talvez pudesse ter evitado tanto sofrimento. Por outro lado, o Barcelona não cuidou bem da bola (19 turnovers), numa atuação atípica de seu perímetro, mas que se explica pelo excesso de desfalques: Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines não jogaram.

Até por isso, Marcelinho Huertas foi exigido ao máximo. E o armador correspondeu, fazendo sua melhor partida na temporada. Muitos vão falar do toco que ele sofreu de Jan Vesely no último ataque do tempo regulamentar, mas a verdade é que o brasileiro fez tudo o que pôde para manter sua equipe no jogo. Antes de ser bloqueado por Vesely, ele já havia anotado quatro pontos no mesmo minuto. Na prorrogação, foram  seis pontos, tendo forçado inclusive um empate por 89 a 89 a menos de um minuto do fim.

Do outro lado, o elegante ala-pivô Nemanja Bjelica acabou lhe roubando a cena para ser o grande nome em quadra, mesmo que tenha marcado apenas 13 pontos e cometido 5 desperdícios de posse de bola. Foram do sérvio as duas cestas decisivas do confronto: um tapinha a 14s6 do fim do quarto período e uma bandeja com apenas 2 segundos no cronômetro da prorrogação. Seu compatriota Bogdan Bogdanovic, uma estrela em ascensão na Europa, marcou 23 pontos, matando 50% de seus arremessos em 38 minutos.

Todos amam Nemanja Bjelica, ainda mais depois de um jogo desses

Todos amam Nemanja Bjelica, ainda mais depois de um jogo desses

Os brasileiros
Marcelinho Huertas
marcou 25 pontos em 41 minutos. Além disso, deu cinco assistências e pegou quatro rebotes pelo Barça, convertendo 8 de 17 chutes. Foi agressivo também e cobrou oito lances livres, acertando sete (ambas as maiores marcas do confronto). Obviamente ele trocaria tudo isso por uma vitória.

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

JP Batista começou jogando o duelo do Limoges com o ALBA Berlin, mas foi limitado a 14 minutos. Nesse tempo, marcou oito pontos, com 4/8 nos arremessos. Os campeões franceses acabaram perdendo em casa por 71 a 65 e foram eliminados da competição, endereçados agora para a Eurocup. O time alemão garantiu a classificação, como quarto colocado do Grupo B (atrás de CSKA, Maccabi e Unicaja), acabando também com as pretensões do Cedevita Zagreb.

Jan Vesely, bem longe de Washington

Jan Vesely, bem longe de Washington

Lembra dele? Jan Vesely (Fenerbahçe)
Já falamos aqui do toco do ala-pivô tcheco para cima de Huertas, assegurando a prorrogação em Barcelona. Só foi mais um indício da recuperação de confiança de um talentoso jogador que simplesmente não se encontrou na NBA, pelos mais diversos motivos (entre os quais pesou demais a bagunça que era o Washington Wizards). Com mais tempo de quadra em seu retorno ao basquete europeu, mesmo num clube cheio de opções para Zeljko Obradovic usar, Vesely vem relembrando os olheiros por que já foi uma sexta escolha de Draft nos Estados Unidos. Ainda estamos falando de um jogador de 24 anos e capacidade atlética e envergadura acima da média para o Velho Continente, que causa muito impacto na defesa – foram três bloqueios, dois roubos de bola e dez rebotes (quatro ofensivos) contra o Barça. Marcou também 16 pontos e alcançou seu maior índice de eficiência até aqui (28), tendo Ante Tomic e Tibor Pleiss do outro lado.

Um causo: os calotes do Galatasaray
O técnico Ergin Ataman vive uma temporada para se esquecer. Já teve uma toalha atirada em sua direção pelo armador Nolan Smith, ex-Blazers. Em Istambul, numa coletiva, acusou os torcedores do Estrela Vermelha de terroristas, baderneiros, sem saber que, fora do ginásio, um sérvio seria esfaqueado por um turco. Além disso, a cada entrevista coletiva ele precisa enfrentar as incessantes perguntas sobre o atraso de salários para os atletas. O ala-pivô Furkan Aldemir, por exemplo, já rescindiu seu contrato e deve fechar com o Philadelphia 76ers, clube que tem seus direitos na NBA. Com a equipe em vias de ser eliminada na primeira fase, mais três atletas já parecem de saída também: o ala italiano Pietro Aradori, o pivô grego Ian Vougioukas e o pivô australiano Nathan Jawai. Obviamente é uma situação que tem impacto direto no que acontece em quadra. Nesta rodada, o Gala perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora, por 82 a 72, se complicando. Para se manter vivo no campeonato, o time de Ataman precisa vencer o líder Olympiakos na última rodada, em casa, e que o Neptunas perca para o já eliminado Valencia, fora.

Galatasaray de Arroyo e Ataman se complica; Neptunas de Deividas Gailius tem grande chance

Galatasaray de Arroyo e Ataman se complica; Neptunas de Deividas Gailius tem grande chance

Em números
53% –
Um dos grandes personagens da oitava semana, Daniel Hackett prolongou sua boa fase em vitória do Olimpia Milano sobre o Panathinaikos, em casa, por 66 a 64. O mais interessante foi que o armador ítalo-americano tentou 53% dos arremessos de quadra de sua equipe: uma concentração muito incomum para o basquete europeu (17 de 32). Hackett somou 21 pontos, 4 assistências e 4 rebotes. O segundo maior pontuador do time foi o fogoso Alessandro Gentile, com 9 pontos.

James White, o helicóptero humano, na vitória do Unics sobre o Zalgiris

James White, o helicóptero humano, na vitória do Unics sobre o Zalgiris

50% – Duas das quatro vagas do Grupo A ainda estão abertas, na chave mais equilibrada da primeira fase. Com apenas uma vitória em nove rodadas, o Dínamo Sassari não foi páreo para ninguém. De resto, a batalha segue em aberto. Hoje, Unics, com cinco vitórias e quatro derrotas, e Zalgiris, com quatro e cinco, estariam garantidos. Acontece que o Nizhny tem a mesma campanha do quarto colocado, cheio de moral depois de ter batido o Anadolu Efes em Istambul, por 65 a 61. O Unics venceu o confronto direto com o Zalgiris por 73 a 60 e, na última rodada, vai visitar o Nizhny (quem vencer, avança), enquanto o clube lituano recebe o lanterinha Sassari, em situação favorável (pode se classificar mesmo se perder, desde que o Unics vença).

37 – Já despachado, o Bayern de Munique venceu o Turow Zgorzelec por 95 a 89, em casa, com 37 pontos de eficiência do veterano ala-pivô sérvio Dusko Savanovic, o MVP da jornada. Savanovic anotou 31 pontos e pegou 6 rebotes, convertendo 11 de 16 arremessos  (4-6 de três pontos), em apenas 25 minutos.

Tuitando

Em entrevista, Spanoulis diz que já ficou perto de assinar com o Barcelona. Imagine ele ao lado de Navarro? Afe. Para completar, disse que jamais defenderia o Real Madrid. Galáctico não é com ele. 

Com tantos desfalques no Barcelona, o croata Mario Hezonja…

Spike Lee foi a Milão e não perdeu a chance de ver um jogo da Euroliga de perto: Olimpia Milano x Panathinaikos. Na fase que vive o Knicks, não demora para o cineasta virar a casaca. Brincando, ele disse que a partida foi disparada a melhor que ele viu na temporada.


Tensão racial nos EUA e a dificuldade de se respirar
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, contundência para se aplaudir

Derrick Rose, contundência para se aplaudir

A semana começou novamente com tensão social, racial elevada em muitas esquinas e comunidades dos Estados Unidos, e os astros da NBA levaram essa revolta para a quadra.

Depois de toda a revolta que colocou a cidade de Ferguson no mapa, agora é a vez de o triste caso da morte de Eric Garner retomar os noticiários depois que um júri nova-iorquino inocentar o policial envolvido no incidente, nesta segunda-feira. De noite, incentivados por um ato solitário de Derrick Rose durante o fim de semana, os atletas de Brooklyn Nets e Cleveland Cavaliers fizeram uma manifestação simples, mas contundente a respeito.

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Na hora de se aquecer para a partida contra o Golden State Warriors, Rose entrou em quadra com uma camiseta preta, com texto em branco exclamando: “I can’t breathe” (“Não consigo respirar”). Essa é foi a sôfrega frase que se pôde escutar num vídeo chocante divulgado por um nova-iorquino em julho, testemunhando uma ação policial violenta que resultou na morte de Eric Garner, de 43 anos.

Para os que não acompanharam o caso: Garner foi morto em 17 de julho ao ser estrangulado pelo oficial Daniel Pantaleo, com a ajuda de outros agentes, em uma rua da região de Staten Island, em pleno dia, para qualquer pedestre testemunhar. Ele foi acusado pelos policiais de estar vendendo cigarros contrabandeados. A ação foi registrada por Ramsey Orta, amigo da vítima. Orta, obviamente, vem sofrendo ameaças desde então.

A Grand Central station em Nova York foi tomada por manifestantes

A Grand Central station em Nova York foi tomada por manifestantes

A indignação só aumentou na quarta-feira passada, depois que um júri decidiu não indiciar Pantaleo, que está livre e só será submetido a uma sindicância interna de sua corporação, mesmo depois de atacar um ‘suspeito’ desarmado, com uma técnica de estrangulamento proibida pela polícia nova-iorquina. Nove dias antes, um júri na cidade de Ferguson havia seguido a mesma trilha em relação a um policial que matou o adolescente Michael Brown, de 18 anos, a tiros. É para se refletir a respeito do sistema judiciário. Ao mesmo tempo, se torna inevitável e imprescindível a participação de figuras públicas para incentivar o debate.

LeBron amplifica os protestos

LeBron amplifica os protestos

Entra Derrick Rose em cena. O enigmático armador do Chicago Bulls foi o primeiro astro da NBA a se manifestar a respeito ao quebrar o código de vestimenta (e conduta, digamos) da liga com sua camiseta. Nesta segunda-feira, em Brooklyn, jogadores do anfitrião Nets e do visitante Cavs usaram réplicas também durante o aquecimento, num jogo que contou com a presença do príncipe britânico William e sua esposa, além do comissário Adam Silver.

Entre os protestantes estavam LeBron James, Kyrie Irving, Deron Williams e Kevin Garnett. As camisetas foram distribuídas antes do jogo pelo armador Jarret Jack. “Esta á cidade em que a morte aconteceu, então fiz esse convite, caso eles quisessem participar da causa ou se manifestarem, sem ter de necessariamente fazer discursos”, disse o reserva do Nets.

Ao final da partida, LeBron se pronunciou, todavia: “É apenas para que nós possamos nos manifestar sobre o momento pelo qual passamos como sociedade. Obviamente, como sociedade precisamos melhorar. Ser melhores uns com os outros, e não importa qual a sua raça. Mas as camisetas foram acima de tudo um aceno aos familiares. São eles que devem receber mais energia e entrega”.

É o tipo de atitude que se tem de aplaudir. O envolvimento de atletas em questões político-sociais nunca vai ser demais, sendo eles figuras de extrema repercussão, alcance. Quando o tópico é a desgraçada questão racial, um dilema que definitivamente não se restringe aos Estados Unidos, a participação dos atletas da NBA se torna praticamente obrigatória, por motivos óbvios. A resposta da classe contra Donald Sterling, ex-proprietário do Clippers, já havia sido exemplar nesse sentido.

Em Washington, o presidente Barack Obama afirmou que os protestos crescentes são “necessários”, com palavras comedidas, mas importantíssimas em meio a uma polêmica dessas. “Desde que sejam pacíficos, acho que são necessários”, afirmou. “O poder não vai conceder nada sem uma boa luta, é verdade. Mas também é verdade que a consciência de um país precisa ser ativada por alguma inconveniência. O valor de protestos pacíficos e ativismo… É que isso relembra a sociedade que isso não acabou ainda.”

A NBA não se pronunciou oficialmente sobre a manifestação de suas estrelas, mas, ao jornalista Jeremy Schaap, da ESPN, uma fonte anônima afirmou que eles não serão multados. É que ao entrar com a camiseta de protesto em quadra eles feriram o código de vestimenta da liga, que obriga o uso de uniformes oficiais.

O comissário Adam Silver foi ao Barclays Center assistir a Nets x Cavs, assim como o príncipe britânico William e sua esposa. “Respeito Derrick Rose e todos nossos jogadores por dar voz aos seus pontos de vista pessoais em questões importantes, mas minha preferência era para que os jogadores seguissem nossas regras de vestimenta”, afirmou.

Em quadra, o Cleveland deu sequência a sua boa fase, vencendo um desfalcado Brooklyn por 110 a 88. Dion Waiters despertou e fez sua melhor partida na temporada com 26 pontos.


O Fantástico Mundo de… Nick Young! Edição especial
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Giancarlo Giampietro

Nick Young, o Swaggy P

Nick Young, o Swaggy P

No desastre anunciado que é a temporada da NBA do Los Angeles Lakers, há pouco para se salvar. Ainda mais em quadra. Os recordes de Kobe Bryant são obviamente o ponto mais interessante. Fora isso, alguém ainda jovem como Ed Davis poderia receber mais minutos, assim como o calouro Jordan Clarkson possa produzir. Até onde Byron Scott vai levar seu affair com Ronnie Price? De resto, o que mais? Estamos abertos a sugestões.

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No dia-a-dia de uma looooooooonga campanha, porém, Kobe conseguiu uma companhia valiosa para que o show continue em Los Angeles: Nick Young. Nas entrevistas, o ala despontou como o porta-voz mais alucinante da liga norte-americana, fazendo a alegria dos jornalistas que cobrem a franquia. Eles, que estavam carentes desde que Ron Artest se mudou primeiro para Nova York e, depois, para a Terra dos Pandas, agora vão gastando o bloquinho de notas. Quando não estão rindo ou , obviamente.

Não é qualquer um que assume o nome de “Swaggy P” gratuitamente. E que raios isso lá quer dizer?

Vamos apelar ao pai de todos nós, mais uma vez, sabendo que swaggy vem de swagger. Segundo o Michaelis, isso pode significar: “1 gabolice, bazófia. 2 andar afetado. vt+vi 1 andar de modo afetado, andar com ares de superior. 2 vangloriar-se, gabar-se. 3 bancar o valentão. adj coll elegante”.

Este é um Swaggy P ilustrado

Este é um Swaggy P ilustrado

Pela forma que Young adotou o verbete e  vem se comportando diante dos microfones, dá para dizer que o significado de seu apelido envolve um pouco de tudo isso. Ele não pára de brincar com os repórteres. Além disso, tem uma atitude toda peculiar ao chegar ao ginásio, extremamente confiante em suas habilidades. “Bazofinho P” também seria legal, né?

Mas é melhor ele mesmo explicar o que se passava em sua cabeça quando decidiu adotar o codinome. São diversas versões.

“Deus, em um sonho, falou comigo e me deu este nome. E eu falei para ele que aquele era realmente um nome engraçado e que talvez fosse adotá-lo mesmo. Desde então, venho me chamando de Swaggy P. É um nome de parar o trânsito”, afirmou em sua conta de Instagram. “Acho que se você se veste bem, você joga bem. Sabe, o ‘swaggy’ começa pelo modo como chego à arena, o modo como me visto, o sapato que eu calço”, disse certa vez ao site da NBA. Para a revista Slam, ele disse que seus antigos companheiros sempre se impressionaram com sua atitude, e que aí ficou fácil falar em “swaggy”. Um sopro divino ou simplesmente a zoeira de amigos. Estamos entre as duas opções.

Agora, será que ele poderia explicar, por favor, o que o P, assim isolado, quer dizer? “Esse é um mistério, não posso falar. Talvez eu escreva um livro algum dia. Não dá para revelar esse segredo ainda. Foi um dos meus primeiros apelidos, então ninguém realmente sabia a respeito, e mantive assim. As pessoas continuam perguntando, mas vai seguir um mistério. Em alguns anos, talvez eu dê umas dicas”, afirmou.

Young, no mesmo patamar de Kobe

Young, no mesmo patamar de Kobe

É uma figura. E isso é muito pouco. Há muitas  manifestações brilhantes para serem compartilhadas. O mais interessante é que seu jeito desbocado também pode fazer bem ao próprio vestiário, uma vez que Young, mesmo que se assuma um dos maiores fãs de Kobe no mundo, não vai se omitir na hora de pedir para o astro maneirar:

 “Tenho essa presença. Sou como Michael Jackson, Prince e todos esses caras. É como se minha atitude tivesse mexido com todos. Foi incrível”, empolgado com sua influência no time quando retornou de uma fratura na mão.

“O Melhor Defensor do Ano está aqui hoje e vai jogar na terça-feira”, pouco antes de estrear na temporada pelo Lakers, um time que sofria (e continua) sofrendo em sua retaguarda. A defesa da equipe segue como a pior da temporada, claro.

Nick Young, o melhor arremessador de três pontos da história da NBA

Nick Young, o melhor arremessador de três pontos da história da NBA

“Estou entre os cinco melhores arremessadores de três pontos da história. A lista? 1 – Eu mesmo. 2 – Ray Allen. 3 – Reggie Miller. 4 – Stephen Curry ou Klay Thompson. 5 – Larry Bird”, e só. Young tem média de 37,9% em sua carreira. Nesta temporada, está matando 42,4% de seus tiros de longa distância. ; )

“Acho que o Kobe tem algum potencial. No meu 20º ano, eu provavelmente terei uns 46 mil pontos, ou algo perto disso”, sobre a iminência de Kobe destronar Michael Jordan como o terceiro maior cestinha da história da NBA. Contando apenas a temporada regular, Kareem Abdul-Jabbar é o maior pontuador, com 38.387.

“Disse a eles que eles estavam chegando para a minha unidade. Não venham aqui e mexam com a minha casa. Está tudo sob meu controle”, sobre a decisão de Byron Scott de colocar Jeremy Lin e Carlos Boozer no banco.

“Kobe vai ser o Kobe, mas de alguma forma nós temos de encontrar um jeito de colocar a bola na cesta com todo mundo, e às vezes acho que nos acomodamos muito com o número 24. Temos de acreditar em nós mesmos”, dessa vez sem bazófia.

“Não dá para dizer que existam jogos vencíveis para nós”, quando questionado se um duelo com o Minnesota Timberwolves representaria uma chance para o Lakers conquistar uma preciosa vitória. O mesmo Wolves que, cheio de desfalques, havia perdido para o Philadelphia 76ersNa atual fase do time, não tem humor que aguente.


As assistências de LeBron, e os sacrifícios do Cavs
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Giancarlo Giampietro

De LeBron para Kyrie, com carinho

De LeBron para Kyrie, com carinho

Na leitura diária do HoopsHype, você pesca lá uma frase que talvez nem chamasse tanta atenção assim de primeira, mas que diz muito sobre o processo de amadurecimento pelo qual o Cleveland Cavaliers ainda vai ter de passar para ficar perto de realizar seus sonhos mais ambiciosos já nesta temporada.

Temos Kyrie Irving comentando a fase de garçom de LeBron James, que coincide com o melhor basquete praticado pela equipe neste princípio de temporada. Diga lá, Kyrie: “Ele está apenas tentando fazer jogadas em quadra. Quantos jogos em sequência ele vem com dois dígitos nas assistências? E não é que sejam 10, mas, sim, 12, 13. Ele vem fazendo isso de modo fantástico. Acaba tirando algumas das minhas, mas eu pessoalmente gosto disso”.

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Bem, o comentário do armador não tem nada de negativo. A princípio, na verdade, soa bem legal que ele não se incomode em ceder o posto de organizador nominal do time ao seu companheiro. Então o que é pega?

O simples fato de Irving ainda se preocupar, gastar alguns cucos para pensar sobre quem está centralizando determinada estatística. De novo: ok, ele fala a respeito elogiando LeBron. Por outro lado, isso mostra o quanto a mentalidade do jovem astro ainda pode se perder com quesitos insignificantes diante  de questões muito maiores em torno do time.

Desde que acertou seu retorno ao Cavs, James vem batendo na mesma tecla, repetindo o discurso dos tempos de Miami, por que não tem como, mesmo: a de que sacrifícios são necessários de todas as partes – e que obviamente esse sacrifício tem a ver com menos tempo com a bola e, por consequência, um impacto no volume de suas estatísticas individuais. Não existem pontos, assistências, rebotes ou tocos de um ou outro. Mas, sim, do time inteiro.

Para constar, LeBron está com média de 10 assistências por jogo nas últimas cinco rodadas. Nas últimas duas partidas, foram 25 passes para a cesta. Na temporada, tem 7,9, sendo o quinto do campeonato, atrás de Rajon Rondo, Ty Lawson, John Wall e Chris Paul. Kyrie Irving tem 4,8, na 31ª posição, logo acima de Kobe Bryant. Nas últimas duas atuações, o armador deu 8 assistências e anotou 52 pontos.

De todas as assistências de LeBron, esta aqui é realmente sensacional. Ironicamente, para Irving, que recebe o passe depois de o craque armar toda uma cena, olhando para Shawn Marion na zona morta. Vocês já viram, né?


Euroligado: Barça de Huertas atropela, Limoges de JP batalha
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Giancarlo Giampietro

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Enquanto o Barcelona de Marcelinho Huertas segue invicto e arrasador, o Limoges de JP Batista faz de tudo para ainda se manter no páreo. Na oitava semana da Euroliga, os dois representantes brasileiros saíram de quadra satisfeitos com os resultados de suas equipes. Mesmo que eles tenham sido bastante diferentes. Acompanhem.

O jogo da rodada: Limoges 67 x 64 Unicaja Málaga
Não foi o duelo mais bonito, como o placar baixo não deixa mentir. Mas a maneira como chegamos a esse resultado foi para fazer levantar da cadeira até mesmo o torcedor francês mais contido. O Málaga chegou a abrir 20 pontos de vantagem ainda no primeiro tempo, fora de casa, e levou a virada.

Para ser mais preciso: o placar apontava 32 a 12 a favor do time espanhol com 16 minutos de jogo, depois de uma bandeja do ala Will Thomas. Mas os atuais campeões franceses batalharam pelo placar e conseguiram uma grande vitória que os mantém com chances de classificação para o Top 16, mesmo que numa situação ainda desfavorável.

João Paulo Batista já estava em quadra quando os espanhóis tinham essa larga diferença. O pivô, todavia, foi importantíssimo na reação dos donos da casa. Com quatro pontos e uma assistência, ajudou os donos da casa a reduzir a desvantagem para 13 pontos antes do intervalo.

No terceiro período, então, ele brilhou. O pernambucano foi mantido no quinteto inicial e marcou dez pontos na parcial, sendo sua quinta cesta de quadra justamente aquela que valeu pelo 41 a 41, o primeiro empate desde que os espanhóis abriram larga vantagem, com 28 minutos rodados no cronômetro.

A despeito da pressão, o Unicaja de Joan Plaza não ruiu. Controlou os nervos e fez um jogo parelho no quarto final, defendendo bem, ainda que seu ataque funcionasse aos tropeços. Aí foi a vez de o ala-armador Jamar Smith despontar. O americano, que chegou a assinar contrato com o Boston Celtics nos tempos de Fabrício Melo, converteu três bolas de longa distância e, junto com as cravadas de um sempre agressivo Nobel Boungou-Colo, foi instrumental na vitória.

Smith somou 18 pontos, cinco assistências e quatro rebotes. Bongou-Colo também contribuiu de modo versátil, com 12 pontos, sete rebotes e quatro assistências. O arremessador Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, anotou 15 pontos em 29 minutos pelos espanhóis.

O Málaga pode ter perdido, mas assegurou sua vaga na segunda fase, ao lado de CSKA Moscou e Maccabi Tel Aviv. Resta, então, só o quarto lugar em jogo, e o Limoges ainda sonha. Os franceses estão na lanterna do grupo, com dois triunfos e seis reveses, mesma campanha do Cedevita Zagreb. A equipe croata, por ora, leva a melhor tanto no saldo de pontos (-41 a -66) como no confronto direto (por ter vencido o segundo duelo por mais pontos). O ALBA Berlin é quem está mais bem posicionado, com três vitórias e cinco derrotas. Um detalhe, no entanto: o clube alemão encara o Limoges na próxima rodada e o Cedevita na última. A disputa promete.

Os brasileiros
Bem, já falamos do papel decisivo de JP Batista na virada. Então aqui ficam os números finais dele na partida: 14 pontos em 23 minutos, com uma jornada perfeita nos arremessos (6/6 nos chutes de quadra e 2/2 nos lances livres). Ele ainda pegou dois rebotes ofensivos, deu uma assistência e conseguiu uma roubada de bola.

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Marcelinho Huertas pouco jogou na vitória do Barcelona sobre o Turow Zgorzelec, na Polônia. Isso tem pouco a ver com o basquete do armador, que somou cinco pontos e três assistências em apenas 15 minutos. É que essa foi a partida mais fácil do Barça na competição, mesmo, com placar de 104 a 65, dando a chance para o técnico Xavi Pascual preservar seus principais atletas. Até mesmo o adolescente Ludde Hakanson, sueco de apenas 17 anos, foi para quadra, jogando os últimos 8 minutos, com três pontos e duas assistências. O jovem croata Mario Hezonja marcou 15 pontos em 17 minutos.

Somente o CSKA Moscou se equipara ao clube catalão em termos de sequência de vitórias no campeonato. São os únicos invictos. O time moscovita, no entanto, tem melhor saldo de pontos: 129 a 112, depois de ter batido o Cedevita Zagreb em casa, por 97 a 79.

Um causo
O armador Daniel Hackett se meteu em uma enrascada durante a temporada de seleções deste ano. Insatisfeito com seu papel na Squadra Azzurra do basquete, o ítalo-americano simplesmente abandonou a concentração da equipe, sem avisar ou pedir permissão para ninguém. A atitude, claro, não pegou nada bem. A ponto de a confederação italiana suspender o atleta por seis meses de qualquer atividade basqueteira no país. Arrivederci!

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

O Olimpia Milano, seu clube, estudou rescindir seu contrato, sem pagamento. Afinal, com um gancho desses, ele perderia 26 jogos da liga local. O jogador, porém, pediu desculpas aos diretores e encontrou um meio termo: seu salário para a atual temporada foi reduzido, enquanto o contrato de 2015-2016 segue validado, integralmente. Mas por que bancar um cara que nem vai jogar?

O que pega é que, em jogos da Euroliga, em outra esfera, Hackett está liberado para atuar. Além disso, o Olimpia sabe que estava lidando com um atleta que pode fazer a diferença. Com 1,99 m, é alto e bastante ágil em sua posição para os padrões do Velho Continente. Pressiona os adversários demais em cima do drible e, no ataque, tem facilidade para concluir suas jogadas, embora seu arremesso ainda seja suspeito, especialmente quando em movimento.

Contra o Bayern de Munique, na quarta-feira, porém, caiu praticamente tudo, e na principal hora. O esquentadinho jogador anotou 19 de seus 25 pontos no quarto período e liderou o clube italiano a uma vitória no sufoco sobre o Bayern de Munique, em casa, por 83 a 81. Foi dele a cesta decisiva a 1s5 do fim. E agora? Estão todos satisfeitos com o acordo? O Olimpia Milano ficou muito perto da classificação no Grupo da Morte.

Em números
2.535
– Vassilis Spanoulis chegou a essa quantia de pontos para superar Jaka Lakovic e se tornar o terceiro maior cestinha da história da Euroliga, atrás apenas de Juan Carlos Navarro, o líder disparado, e de Marcus Brown, ala americano que defendeu sete clubes diferentes na Europa, com destaque para CSKA e Maccabi. Navarro tem 3.496 e ainda está em atividade. É praticamente impossível que qualquer atleta o supere. Já Brown tem 2.739 pontos, algo mais plausível para o craque grego. Spanoulis, por outro lado, já tem um recorde memorável a seu favor: é o único a integrar tanto o top 5 de pontos como de assistências da competição. Ele já deu 710 passes para cesta. Acima dele aparecem Sarunas Jasikevicius (4º), Pablo Prigioni (3º), Theo Papaloukas (2º) e Dimitris Diamantidis (1º). Só. Ah, e o Olympiakos, líder do Grupo D, bateu o Neptunas Klaipeda, da Lituânia, por 89 a 79 em casa.

98 – O Real Madrid se recuperou da derrota sofrida para o UNICS Kazan na semana passada. Ou quase isso. Contra outro rival russo, o Nizhny Novgorod, o time blanco venceu e marcou 101 pontos. Perfeito, certo? Não fossem os 98 pontos que sua defesa sofreu contra um time que não havia feito mais que 89 pontos até aqui – e contra o lanterninha Dínamo Sassari. O Real lidera o Grupo A, com seis vitórias e duas derrotas, mas seu desempenho jogo a jogo certamente já inspira preocupação para a torcida merengue. Nos últimos quatro confrontos, foram dois reveses e dois triunfos que combinaram para um saldo de apenas cinco pontos.

43 – Foi o índice de eficiência obtido pelo pivô D’Or Fischer, do UNICS, na vitória sobre o Sassari, com 23 pontos, 15 rebotes e 3 assistências, tendo errado apenas um arremesso em 11 tentativas. O americano de 33 anos vive fase excepcional. Contra o Real, sua linha estatística já havia sido de 25 pontos, 8 rebotes e 11-17 nos arremessos. Até aqui, o pivô errou apenas 11 de 55 chutes em oito partidas, para um aproveitamento absurdo de 80% de quadra. É o mesmo que ele mata nos lances livres.

2 – O Zalgiris Kaunas foi limitado a apenas dois pontos no primeiro quarto de uma derrota por 66 a 57 para o Anadolu Efes, um recorde negativo do torneio, que o próprio clube lituano compartilhava com outros três times. Na reta final do terceiro quarto, o Zalgiris, jogando em casa, havia convertido apenas sete cestas de quadra, uma dureza, com a defesa da equipe de Dusan Ivkovic sufocando. No final, os anfitriões terminaram com 15/53 nos chutes.

1 – Depois de quatro tentativas, Laboral Kutxa conseguiu a primeira vitória fora de casa, derrotando justamente um adversário que estava invicto como mandante: o Galatasaray, em Istambul, por 89 a 82. O veterano ala Fernando San Emeterio conseguiu sua maior contagem individual pelo torneio, com 25 pontos, mas foi o armador americano Doron Perkins quem decidiu o jogo no fim, com inesperados 9 pontos nos últimos minutos (mais do que ele havia feito nos últimos seis… jogos!). O clube basco, que já demitiu o técnico Marco Crespi durante a campanha, chega agora a dois triunfos seguidos e se posiciona bem na briga por vaga, assumindo a terceira posição do Grupo D, com 4-4. O Galatasaray está em quarto, com 3-5, superando o Neptunas nos critérios de desempate.

Tuitando

A mídia turca e a galera na Espanha estão dando como certa a transferência de Thomas Heurtel para o Anadolu Efes antes do Top 16 da Euroliga. O armador francês vai se tornar agente livre ao final da temporada, com a cotação em alta. É mais um jogador de que o clube basco vai ter de se desfazer para faturar uma graninha, depois de ajudar a desenvolvê-lo.

É, ao que parece o Olimpia Milano já concedeu perdão a Daniel Hackett.


As 10 melhores jogadas da rodada!


O técnico que prefere revelar jovens a usar um americano meia boca
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Giancarlo Giampietro

Dusan "Duda" Ivkovic e um projeto para ser acompanhado de perto

Dusan “Duda” Ivkovic e um projeto para ser acompanhado de perto

Não é falta de ideia, juro. É que vale a pena ser lido e pode ter ficado perdido no site oficial da Euroliga se você não tem o hábito de dar uma passada por lá. Então tomo mais uma liberdade de tentar traduzir abaixo, deixando uma ou outra frase de fora, um depoimento do técnico sérvio Dusan Ivkovic, atual comandante do Anadolu Efes, de Istambul.

Esse é um clube turco que decidiu investir pesado para esta temporada, pensando também no futuro. Um clube com grana, mas tambeem com um projeto interessante que conta com algumas estrelas do basquete europeu, como Nenad Krstic, Stratos Perperoglou e Stephane Lasme, sem deixar de abrir espaço para jovens apostas.

O croata Dario Saric, selecionado pelo Sixers no último Draft da NBA, é uma das revelações contratadas. Não se trata de uma promessa: já uma realidade, tendo sido eleito o MVP da competição em novembro. Entre os demais garotos, vale destacar Cedi Osman, ala-armador turco de apenas 19 anos, eleito o melhor jogador do último Europeu Sub-19 e já convocado para a última Copa do Mundo, assim como Saric. Ele só estará fora de ação nas próximas semanas devido a uma torção de tornozelo.

Dario Saric, jovem estrela sob a tutela de Ivkovic

Dario Saric, jovem estrela sob a tutela de Ivkovic

Em seu texto, Ivkovic fala sobre como a chance de trabalhar novamente com atletas mais jovens foi um dos fatores que o convenceu a aceitar o cargo. Muitos já davam o veterano treinador como aposentado. Abaixo, ele diz que não era bem assim.

Esse é um dos pontos que motiva a tradução. Na busca pelo novo, não se pode esquecer as mentes colaboradoras do passado. No caso de Ivkovic, não havia esse risco, claro. Ainda é uma figura muito respeitada na Europa – conquistou sua segunda Euroliga, inclusive, não faz muito tempo, em 2012.

Todavia, o mais importante, mesmo, que acho que tem relevância e ressonância para o mercado brasileiro é o modo como ele fala a respeito de suas motivações no trato com atletas mais jovens, para desenvolvê-los. E sobre como nem sempre a válvula de escape norte-americana é a mais viável. Aquela coisa de: “Seu time está com problemas? Então tasca um gringo aí, mermão”. Com esse treinador em específico, não cola. No Brasil, quais são os clubes que estão efetivamente abraçando os jogadores mais jovens, dando a eles a chance de aprender em quadra, com seus próprios erros? Erros que podem ser corrigidos com um trabalho atencioso, dedicado, durante a semana? Quantos americanos são contratados por DVD, sem nem mesmo que se considere a possibilidade de trabalhar com os jovens da base?

Derrick Carater teria vez com Ivkovic?

Derrick Carater teria vez com Ivkovic?

Recentemente, vimos o Flamengo cair nessa, num exemplo célebre que atende pelo nome de Derrick Caracter. Um veterano cheio de problemas que quase tirou de quadra um talento como o de Cristiano Felício, na excursão rubro-negra pelas quadras da NBA. Este é um caso recente e que teve repercussão. Mas obviamente não foi um fato isolado.

Cada um interpreta e assimila o depoimento da forma que quiser. Não se trata de uma Verdade Absoluta, de um 11º Mandamento irrevogável. É apenas uma visão interessante, de uma das personalidades mais influentes e vencedoras do esporte, que ajudou na formação de diversos talentos nas últimas décadas.

Com a Iugoslávia/Sérvia e Montenegro/Sérvia, ele foi tricampeão europeu, campeão mundial, vice olímpico. Pelo Olympiakos, ganhou duas Euroligas, com 15 anos separando uma conquista da outra. O currículo completo está aqui para apreciação.  Tendo isso em mente, vamos ao texto, com o seguinte título: “Não existem atalhos”. Confira:

“Primeiro de tudo, gostaria de expressar minha satisfação com meu retorno à Euroliga, a melhor competição na Europa. Já participei dela por muitos anos com algumas equipes. Desde o AEK Atenas ao CSKA Moscou, Dínamo Moscou, Olympiakos e agora o Anadolu Efes. Por que retornei? Simplesmente porque sinto que ainda sou capaz de trabalhar bem. Minha filosofia é que, se alguém ainda sente que pode trabalhar, tem de fazer isso, desde que possa garantir qualidade ao seu esforço. Tive algumas ofertas quando estava dirigindo a seleção sérvia, mas não queria dividir funções, porque uma das partes sempre vai sofrer, seja o clube ou a equipe nacional.

Cedi Osman, uma das grandes promessas do basquete turco. Olho nele

Cedi Osman, uma das grandes promessas do basquete turco. Olho nele

Não é uma questão de cansaço físico – houve anos em que trabalhei por 12 meses –, mas, sim, de todo o processo que envolve o trabalho. Há coisas para se fazer nos clubes que acontecem durante o período de férias, coisas da qual você não pode tomar parte se estiver com uma seleção nacional. Havia diversas opções para eu me manter conectado ao basquete, que é a minha vida, sem retornar ao banco, para treinar. Mas, com o apoio da minha família, decidi voltar à lateral da quadra com um novo projeto em um país que tem um grande futuro em todos os sentidos. Um grande trabalho vem sendo realizado com os jogadores jovens aqui na Turquia, e o progresso fica evidente a toda hora. A Turquia começou a vencer medalhas nas categorias menores, e isso é a melhor garantia para o sucesso do basquete turco no futuro.

O maior desafio para qualquer treinador no início de temporada é montar um time e dar química, um alto grau de entendimento entre os jogadores. É um processo longo que requer tempo, trabalho e a paciência de todos. No basquete, não existem atalhos. Alguns jogos podem ser vencidos por inspiração ou um pouco de sorte, mas chegar ao ponto em que os jogadores se entendam com um simples olhar é um processo que leva, no mínimo, cerca de dois anos de trabalho coletivo. Você precisa formar um conjunto entre ataque e defesa de uma forma de colaboração praticamente automática.

Comparado com a campanha passada, o Anadolu Efes manteve apenas alguns jogadores. Além disso, tenho alguns garotos que nem mesmo pensavam que estariam com o time principal nesta temporada, mas minha ideia é usar estes jovens talentos turcos o máximo que puder, algo que já fiz no Olympiakos com jogadores gregos. Para compensar essa juventude e falta de experiência, assinamos com algumas estrela que já lutaram em diversas batalhas nessa competição. Vamos levar as coisas adiante passo a passo, com paciência e trabalho duro. Uma mudança de geração é algo difícil nos esportes coletivos. No meu ponto de vista, o Anadolu Efes precisa ter um papel relevante na Euroliga de 2015-2016. A única fórmula possível para isso é dar confiança aos garotos e fazer um bom trabalho individual com cada um dos jogadores.

Acho que todos os treinadores conhecem essa fórmula, mas eles não a aplicam em uma atmosfera de pressão, seja de diretores do clube, da imprensa, da torcida. Felizmente, este não é meu caso. Psso lidar com qualquer tipo de pressão e dar essa oportunidade aos jogadores jovens: quero que eles assumam a responsabilidade. Outro tipo de pressão que muitos técnicos enfrentam é a enxurrada de jogadores medianos da América, que muitas vezes tiram o lugar de jovens europeus, cortando seu desenvolvimento. Por um lado, a qualidade duvidosa de alguns desses jogadores não é o bastante para se vencer jogos, e, por outro, perde-se muito ao manter os talentos mais jovens no banco ou até mesmo fora do elenco. Há vezes em que os danos aos jogadores mais jovens são irreparáveis. Isso caminha junto com problema geral do basquete europeu de ver seu talento migrar cedo para a NBA.  Já dirigi muitos jogadores que tiveram sucesso na NBA porque saíram no momento certo, com maturidade e experiência. Porém, muitos deles saem bem jovens e despreparados, e aí retornam piores. Perderam tempo por terem sido impacientes.

Ivkovic e Divac em algum ponto dos anos 90. História para contar

Ivkovic e Divac em algum ponto dos anos 90. História para contar

Vale gastar umas palavras para falar sobre o que chamo de “preparação mental”. Isso também é um processo de trabalho diário. Eu pessoalmente prefiro trabalhar sozinho, sem um psicólogo, porque acredito que uma terceira pessoa entre o jogador e o técnico jogador não seja necessária. O técnico também precisa ser um psicólogo e entender a alma dos jogadores e entrar na cabeça e no coração deles para saber o que têm por dentro. Você tem de conversar bastante com eles, sozinho ou com todos reunidos no vestiário, mas tem sempre de pedir mais dos melhores jogadores. Já foi acusado de não ser capaz de lidar com estrelas, mas acho que é o contrário: sempre fui mais crítico com os melhores jogadores porque sabia que eles poderiam lidar com isso, e é por isso que chegamos juntos ao topo muitas vezes. Não posso cobrar tanto assim dos mais jovens. Com eles, você tem de ensinar e ser paciente.”

(Fim.)


30 times, 30 fichas para a NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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15 dos 30 cards usados. Quem é quem aí em cima?

Era para ser uma série de prévias, mas não houve realmente tempo para publicar tudo antes de a temporada começar. Cheguei a pensar em abortar o projeto desmiolado. Aí que, parando para pensar, não era para escrever textos datados. Aí de nada adiantaria, seria um esforço realmente besta. A ideia é que, mesmo com o campeonato bastante adiantado, que essas fichas sirvam para alguma coisa, para por em contexto o que cada time pretende, ou pretendia ao entrar no campeonato.

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Então seguem abaixo os 30 textos sobre as 30 equipes da NBA 2014-2015. Para quem acompanhou a série, já sabem a ordem: 1) um texto de abertura que dá esse contexto; 2) observações breves sobre o que os times devem mostrar em quadra e a pedida deles; 3) destaque sobre um personagem, não necessariamente o cara mais badalado; 4) uma declaração que ajude a explicar o estado da franquia ou que simplesmente seja engraçada o suficiente para se impor; 5) uma curiosidade, um detalhes sobre a formação e os bastidores dos times; 6) um card do passado com algum personagem cult, ou não, do clube que dialogue com o presente.

Vamos lá:

Divisão Sudeste  –   Divisão Atlântico   –  Divisão Central
Hawks                                 Celtics                               Bucks
Heat                                     Knicks                               Bulls
Hornets                                 Nets                              Cavaliers
Magic                                  Raptors                             Pacers
Wizards                                76ers                              Pistons

Divisão Sudoeste  –   Divisão Pacífico   –   Divisão Noroeste
Grizzlies                                 Clippers                        Blazers
Mavericks                               Lakers                            Jazz
Pelicans                                   Kings                           Nuggets
Rockets                                     Suns                      Timberwolves
Spurs                                     Warriors                        Thunder

Tags : NBA


Washington Wizards: mudança de hábito
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (acabou!)

Nenê e os dois garotos: alto astral na capital

Nenê e os dois garotos: depois de muito tempo, alto astral na capital

Foram cinco anos inacreditáveis. Desde o episódio das armas de Gilbert Arenas, em meio a sua rixa com Javaris Crittenton, até as trapalhadas de JaVale McGee, os incessantes arremessos forçados de Nick Young e Jordan Crawford, a postura pouco elogiosa de Andray Blatche, as negociações fracassadas… Afe. A folha corrida seria interminável se fosse para esmiuçar cada um dos tópicos aqui citados.

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O gerente geral Ernie Grunfeld, porém, pode respirar aliviado. Ao que parece, toda a turbulência vivida entre 2008 e 2013, ficou realmente distante no retrovisor. O cartola ao menos conseguiu limpar a bagunça que ele mesmo fez, se desfazendo de uma tranqueira depois da outra, antes que John Wall fosse contaminado.

Muitos podem pensar que o Wizards hoje é um time jovem, em ascensão. A segunda parte se sustenta: depois de cinco anos fora dos playoffs, eles voltaram na campanha passada e ainda venceram o Chicago Bulls numa série. Mas a pecha de um elenco jovial a gente pode esquecer. Está certo que Wall e Bradley Beal são os grandes chamarizes, com 24 e 21 anos cada. Otto Porter Jr. também tem 21. No restante da rotação do técnico Randy Wittman, porém, são seis atletas acima dos 30 anos, com destaque para os 37 de Paul Pierce e os 38 de Andre Miller.

O impagável Gilbert Arenas ainda tirou sarro após levar armas ao vestiário

O impagável Gilbert Arenas ainda tirou sarro após levar armas ao vestiário

O plano de Grunfeld está claro: rodear suas jovens estrelas com veteranos profissionais, para reforçar uma cultura séria no vestiário e jogar para vencer agora, para já. Talvez o mais prudente fosse dosar mais as coisas e detectar mais algumas promessas para desenvolver um sólido núcleo ao redor de sua dupla do perímetro. Todavia, levando em conta o circo que foi a franquia no início da década, o caminho adotado fica mais compreensível.

Nessa mudança de hábitos, o pivô Nenê foi essencial. Não só pelo fato de o clube ter se livrado de McGee e Young no mesmo negócio, mas também devido principalmente à influência do brasileiro dentro e fora de quadra. Ele não esquivou de dar tremendas broncas em Wall e Beal, quando julgou que os dois estavam sendo excessivamente individualistas, sem se importar com o sucesso do time.

O pivô acabou se tornando um aliado importante para Wittman, que também merece crédito depois de fracassar em Cleveland e Minnesota. Promovido a treinador após a demissão de seu camarada Flip Saunders, ele fez a defesa da equipe evoluir consideravelmente, se estabelecendo entre as dez melhores da liga desde a temporada passada. “Esse foi o primeiro passo. Nesta liga, você tem de vencer pela defesa e precisa ter disciplina, e acho que Randy, desde o primeiro dia, começou a pregar isso. Ele tratou todos da mesma forma, mas cobrava bastante. Ele fez um ótimo trabalho ao convencer os jogadores”, afirma Grunfeld.

Wittman orienta, e Gortat intimida na defesa. De moicano e tudo

Wittman orienta, e Gortat intimida na defesa. De moicano e tudo

Numa Conferência Leste ainda desolada, Cleveland Cavaliers e Chicago Bulls apresentaram as contratações de impacto, as estrelas para serem apontados automaticamente como favoritos. Mas o clube de Washington também tem talento, experiência e confiança para ir longe. Depois de tanta palhaçada na capital norte-americana, esse time agora é sério.

O time: Trevor Ariza foi embora, Nenê voltou a ser afastado por conta de sua insistente fascite plantar, e, ainda assim, o Wizards segue com uma retaguarda imponente: é a quinta defesa mais eficiente no início de temporada, atrás de Warriors, Rockets, Spurs e Grizzlies. Nada mal. John Wall coloca muita pressão nos armadores adversários e, por trás dele, está um garrafão muito forte, físico para fechar os espaços. Gortat ajuda muito nesse sentido, assim como a coleção de pivôs que Grunfeld acumulou. Drew Gooden, Kevin Seraphin, Kris Humphries, DeJuan Blair… São diversos brutamontes para se revezar e castigar os adversários.

No ataque, a ideia é acelerar sempre que possível, explorando o arranque de Wall, um dos jogadores mais velozes do mundo. Em situações de meia quadra, contra uma defesa já estabelecida, o time tende a encontrar mais dificuldades, mas a perspectiva é de melhora para quando Beal entrar em forma e sitnonia e quando Nenê retornar. Pierce oferece mais caminhos a serem explorados com seu jogo de mano-a-mano, visão de quadra e chute de longa distância. O conjunto de pivôs também se complementa bem.

A pedida: vocês vão dar licença, mas o Wizards tem o direito, sim, de pensar até mesmo nas finais da NBA.

Porter Jr., produtivo após ano perdido

Porter Jr., produtivo após ano perdido

Olho nele: Otto Porter. No imprevisível Draft de 2013, o segredo mais mal guardado era de que, se pudesse, Washington selecionaria o ala de Georgetown na terceira posição. Não deu outra. O gerente geral Grunfeld via no espichado atleta um complemento ideal para Wall e Beal. Imagine, então, a apreensão do cartola ao observar uma primeira temporada desastrosa do garoto. Porter Jr. foi um fiasco sob qualquer perspectiva, desde a liga de verão, em que se mostrou perdido em quadra. Para piorar, sofreu uma lesão no quadril que o afastou da pré-temporada. Quando se recuperou, Trevor Ariza e Martell Webster ocupavam todos os minutos nas alas, e o time estava ajeitado, de modo que um calouro sem ritmo de jogo não teria espaço. Foi preciso paciência de ambas as partes, jogador e técnico, mas a espera valeu a pena. O jovem atleta de 21 anos ainda está no banco, mas agora tem um papel bem definido na rotação de Wittman e, em 15 jogos, já recebeu mais minutos do que no campeonato passado inteiro. De braços bastante longos e ágil, tem se esforçado para ajudar sua equipe nas pequenas coisas, contribuindo para uma defesa já forte. No ataque, muito mais confiante, elevou seu aproveitamento nos arremessos, com destaque para os 38,9% de três pontos.

Abre o jogo: “Só quero aproveitar o momento, sem me preocupar com o futuro, embora isso seja difícil. Vou para casa, e todo mundo fica me perguntando. Cara, é maluco. Até criancinhas de 4 anos perguntando se eu vou para o Wizards. E eu pergunto como diabos eles sabem dessas coisas. Com 4 anos de idade, eu nem sabia o que eram jogadores de basquete. Como eles sabem agora até sobre o mercado de agentes livres?”, Kevin Durant, ao USA Today, sobre a relativa pressão que sofre nos arredores de Washington, durante as férias, com muita gente esperando por sua assinatura em 2016, quando expira seu contrato com OKC.

Cassell levou Pierce para jogar com Beal. E aí se mandou para L.A.

Cassell levou Pierce para jogar com Beal. E aí se mandou para L.A.

Você não perguntou, mas… Pierce nem cogitava assinar com o Washington como agente livre, até que recebeu uma ligação de seu ex-companheiro de Boston, Sam Cassell. O clube estava preparado para perder Trevor Ariza e escolheu o veterano astro como uma opção. Será que rolaria? Bem, o ex-armador teve de ser persistente. Ambos estavam em Las Vegas e marcaram um almoço. No mesmo dia, também jantaram. Foi aí que o ala começou a assimilar a ideia. Gostou do plano e fechou contrato. A ironia é que, dias depois, Cassell deixou o Wizards e foi para o Clippers, trabalhar com Doc Rivers. Justamente o time para o qual Pierce acreditava que iria, caso não renovasse com o Nets.

2503-690978FrUm card do passado: Chris Webber. Infelizmente, aqui cabe um lembrete desagradável. Das últimas duas vezes que o time da capital conseguiu montar uma base forte e promissora, o sucesso durou pouco. No final dos anos 90, com a reunião de dois dos Fab 5, C-Webb e Juwan Howard, a equipe sonhava alto. Em 1996-97, chegaram a enfrentar o mítico Bulls nos playoffs e, claro, foram eliminados. A expectativa, porém, era de que voltassem ao mata-mata, e mais fortes. Não rolou: na temporada seguinte, até venceram mais do que perderam (42-40), e não foi o suficiente. As frustrações foram se acumulando, e a franquia fez uma das piores trocas possíveis: mandou Webber para Sacramento e recebeu Mitch Richmond e Otis Thorpe, dois veteranos que já estavam capengando. Na década passada, o núcleo formado por Arenas, Jamison e Butler durou mais tempo, deu trabalho para o Cavs do jovem LeBron, mas acabou se dissipando. A ver o que acontece com a formação de Wall e Beal.