Vinte Um

Arquivo : dezembro 2014

Ano novo, vida nova? As figuras da NBA que pedem uma virada
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Para muitos, a carreira de Danny Granger já estava encerrada. O ala havia passado por uma cirurgia no joelho esquerdo em abril de 2013, por conta de uma tendinose (sim, existe tendinite e a tendinose) que simplesmente não o deixava em paz. O veterano mal havia participado da campanha 2012-2013, fazendo tratamentos alternativos, separado do restante do elenco do Indiana Pacers, na esperança de se aprontar para ajudar a emergente equipe em batalhas com o Miami Heat. Não deu certo, e acabou indo para a sala de operação.

Depois de uma lenta recuperação, retornou ao Pacers para a campanha 2013-2014, já transformado, na melhor das hipóteses, em sexto homem, perdendo terreno para Paul George e Lance Stephenson. Por 29 partidas, ele simplesmente não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. Não passou de 36% no aproveitamento dos arremessos – estatisticamente, na verdade, era o pior rendimento de sua carreira, muito pior até mesmo do que seu ano de novato, beeeem distante da forma que lhe valeu uma única indicação a All-Star em 2009. O desempenho foi tão aquém do esperado que Larry Bird, na ânsia de conseguir mais um trunfo para tentar, enfim, desbancar LeBron e Wade, não viu problema em despachar seu capitão para a Sibéria Filadélfia, em troca do irregular Evan Turner. Quer dizer: Bird desistitiu de Granger.

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O veterano rescindiu seu contrato com o Sixers e fechou com o Los Angeles Clippers, do outro lado do país, ao menos se encaixando em outro time com aspiração ao título. Vindo do banco, conseguiu elevar seu rendimento a um patamar minimamente satisfatório, mas sem lembrar em nada uma força ofensiva que fosse ameaçadora. Daí a surpresa quando Pat Riley, pressionado, talvez num ato de desespero, escolheu o ex-ala do Pacers, seu antigo rival de playoffs, num pacote de reforços de última hora ao lado de Josh McRoberts para tentar convencer LeBron a ficar na Flórida. Claro que não deu certo.

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

O Miami fechou, então, com Luol Deng para cobrir a lacuna aberta no quinteto titular – mesmo que essa fosse, em teoria, uma posição que Granger pudesse ocupar. A verdade era que Riley e o técnico Erik Spoelstra ainda não sabiam exatamente o que esperar do ala, ainda mais depois de ele ter passado por uma segunda cirurgia no joelho dois meses antes de se apresentar ao clube. Só imaginavam que, dado o histórico do clube para reabilitar quase-aposentados (desde os tempos de Tim Hardaway nos anos 90, até os mais recentes casos de Rashard Lewis e Chris Andersen), valia a aposta. “Não sabíamos o estado dele para valer, mas conhecíamos nossos próprios registros com casos semelhantes, vindo de lesões, por volta dessa idade. Sabíamos que, se eles se comprometessem a trabalhar, que talvez eles precisassem da oportunidade certa, no lugar certo”, diz Spo.

Vendo o que o ala realizou nas últimas partidas, pode ser que tenha sido uma cartada certeira. “Era para ser um processo longo, mas ele já está adiantado. Pensávamos que isso iria acontecer só no Ano Novo”, afirmou. Granger primeiro recebeu minutos nas 11ª e 12ª partidas do Miami. Depois, nas 18ª e 19ª.  Voltou a ser aproveitado entre as 22ª e 24ª. Não animou muito e ficou parado por mais quatro jornadas, até ser inserido de vez na rotação. Então, no jogo mais esperado do calendário, com o retorno de LeBron no dia de Natal e transmissão, ele marcou 9 pontos, cinco dos quais em um momento crucial do quarto período, para esfriar uma reação do Cleveland Cavaliers. Nas duas partidas seguintes, marcou 39 pontos e converteu 70% dos seus arremessos, saindo do banco, com direito a oito cestas de três pontos. “O que ele fez neste último par de jogos foi fenomenal”, afirmou Dwyane Wade.

Claro que está muito cedo para celebrar dessa forma. O desafio do jogador é justamente sustentar uma sequência produtiva, consistente e com durabilidade, algo que não acontece há mais de dois anos. Nesse caso, não bastaria apenas a conversão de seus arremessos feito um James Jones, mas também se pede boa movimentação pela quadra, especialmente na defesa – o Miami precisa de toda a ajuda possível neste momento.

De qualquer forma, sabe da melhor? A crescente de Granger veio justamente nas vésperas de seu reencontro com o Indiana Pacers. Dá para ter melhor timing que esse? E mais: precisava ser justamente nesta quarta-feira, na noite da virada de ano? Não poderia ser mais emblemático, mesmo.

Agora, num universo de mais de 400 jogadores, são diversos os atletas que precisam de, senão de um recomeço, ao menos de um momento de virada em suas carreiras:

Todo o elenco do New York Knicks: Quer dizer, menos Cole Aldrich, Quincy Acy e Travis Wear, para quem a vida anda muito bem, obrigado. De resto, na pior campanha da história da franquia, o povo anda numa penúria que só. Se for para escolher um nome, porém, ficaríamos entre JR Smith e Andrea Bargnani. O ala-armador sempre foi o principal candidato a estranhar e odiar o sistema de triângulos. Esfomeado, de vista que só enxerga bem a cesta e nada mais, está agora convenientemente afastado de quadra devido a uma ruptura na fáscia plantar (algo que, acho, podemos traduzir como “sola do pé” no populacho). Já Bargnani não jogou sequer um minuto na temporada, por conta de uma ruptura de tendão no cotovelo. Sua estreia pode acontecer também nesta quarta, contra o Sixers. Difícil é encontrar alguém que ainda confie nesses caras. Smith só fez seu desempenho cair desde sua participação desastrosa nos playoffs de 2013. Para o italiano, Nova York, na verdade, já representava uma chance de recomeço, ao sair escorraçado de Toronto. Phil Jackson já disse que não topa nenhuma negociação que vá atrapalhar os planos dos Bockers no mercado de agentes livres. Não vai receber nenhum contrato indesejado que dure mais que os atuais.

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

– Bem, Josh Smith já ganhou, de certa forma, sua Mega-Sena da virada particular.

Andrei Kirilenko: pobre AK-47. Sob o comando de Jason Kidd, o ala tinha tudo para brilhar em Brooklyn, considerando a predisposição do jovem treinador para fazer o uso máximo de atletas híbridos, versáteis. Aí as costas não deixaram. Quando alegou estar bem fisicamente, veio Lionel Hollins, um técnico que conseguiu belos resultados em Memphis, mas que tem visão beeeem quadrada sobre o basquete (“Pivô bom? Só se jogar de costas para a cesta” etc.) Aí que o russo foi afastado da rotação, sem muita explicação, até se tornar o mais novo caso de banimento para a Filadélfia.A ironia é que, quando Kirilenko fechou com o Nets em 2013, houve uma choradeira geral na NBA: a de que havia um acordo por fora com o compatriota Mikhail Prokhorov, uma vez que ele havia aceitado um salário bem inferior ao seu valor de mercado.

Funciona assim, a propósito: a) um time precisa se livrar de um contrato, seja para abrir espaço no teto salarial, ou para diminuir as multas por excesso de gastança; b) o gerente geral liga para Sam Hinkie, chefão do Sixers, o time que nem mesmo cumpre a folha salarial mínima da liga e tem espaço para absorver qualquer tranqueira; c) Hinkie vai levantar o inventário do time que está ligando, para, d) rapelar mais algumas escolhas de Draft, até chegar o momento em que Philly vai ter 98% dos picks de todas as segundas rodadas da década; e) contrariado, mas sem ter muito o que fazer (ao menos ele vai economizar uns tostões, o que sempre agrada a qualquer proprietário de franquia), o cartola paga tudo o que o algoz solicita.

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Foi o que aconteceu com Kirilenko. E pior: ao contrário da maioria dos atletas despachados para lá, Hinkie quer que o russo realmente se apresenta para jogar. Não porque conta com o medalhista de bronze olímpico para reforçar sua equipe, mas, sim, por vislumbrar uma nova troca para ele daqui a um mês – se ele jogar bem, vai aparecer algum time que sonhe com o título a pagar ainda mais pelo cara, saca? Mais escolhas de Draft! Obviamente que o russo não quer saber de virar um peão num joguete desses. Ele só quer liberdade. Se for dispensado, imagine se o San Antonio Spurs encontra um meio de contratá-lo (rompendo, vá lá, com Austin Daye)? O mundo precisa disso.

Deron Williams: Por falar em Brooklyn Nets, conheça o astro de US$ 20 milhões (US$ 19,8 mi, para ser mais preciso) que conseguiu uma proeza: virar reserva de Jarret Jack! Nada contra o novo titular, gente. Mas é que o veterano sempre foi conhecido em sua carreira justamente como o principal concorrente de Steve Blake  à condição de “armador reserva dos sonhos de todo e qualquer treinador”. Ao menos por hora, acabou essa história para Jack. Deron perdeu duas partidas devido a uma contusão na panturrilha e, quando voltou, estava no banco. Em entrevista pós-jogo, supôs que era por medida cautelar de Lionel Hollins. Ao que o treinador respondeu: “Não sabia que eu estava controlando os minutos dele”. Ui. Será que Sacramento, então, ainda topa conversar a respeito? Veja bem, Vivek. Já sabemos que vocês querem o Mason P, que está jogando demais, mesmo, e seria ótimo complemento para o Boogie. Mas… repare que o Sacramento está caindo pelas tabelas na conferência! E que isso talvez não tenha a ver com a meningite mardita que tirou o Boogie de ação, ou com a demissão de um técnico que havia colocado o time em boas condições de competir! O que isso significa? Significa que é hora de fazer mais uma troca por um astro renegado! Deu certo com o Rudy Gay, vai dar certo com o Deron também! Tro-ca já.

Lance Stephenson: é, Lance, a essa altura, você tem de agradecer pela lesão que Al Jefferson sofreu na virilha, que vai tirar o pivô de quadra por um mínimo de quatro semanas. Ufa, né? Pois estava ficando feio: foi só o ala-armador sair de cena com uma torção pélvica (!?!?), que o Charlotte Hornets começou a vencer. Eram quatro triunfos consecutivos já, reforçando a tese de que o talentoso e intempestivo jogador era o problema. Segundo o RealGM, porém, tanto a diretoria quanto Stephenson chegaram a um consenso de que ainda está cedo para romper. Da parte do clube, resta saber apenas se isso não foi motivado pelo simples fato de que as ofertas que chegaram não animavam muito. O Indiana Pacers, por exemplo, flertou com a possibilidade de repatriá-lo. Ao que parece, segundo diversas reportagens, seus antigos companheiros não se animaram muito com a ideia, não. Então parece que, se quiser encontrar paz, Stephenson vai ter de se virar em Charlotte, mesmo, ajudando Kemba Walker, em vez de se meter no caminho do armador, especialmente num momento sem Jefferson.

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

David Blatt: cogitar a demissão de um treinador estreante na NBA, com menos de seis meses no cargo? As coisas em Cleveland parecem não mudar nunca, mesmo, com trono ocupado ou vazio. O Cavs ainda deixa a desejar na defesa, é verdade, especialmente a proteção do garrafão, algo que sempre foi uma preocupação, devido a sua dependência de Anderson Varejão. Havia uma carência clara no elenco. Caberia a Blatt encontrar algum sistema para remediar isso, claro, e até agora não rolou. Talvez os jogadores não estejam escutando Blatt? Pois é. Mas essa não foi a mesma história com os últimos dois treinadores que passaram por lá? Irving e Waiters são reincidentes. Além disso, LeBron tem um comportamento no mínimo suspeito desde que voltou. Berra com companheiros em quadra, enquanto ele mesmo demora para voltar na transição defensiva. Diz a repórteres que estava em “modo relaxa-e-goza” contra o Orlando Magic, depois de uma preocupante derrota na véspera, para o Miami. Não importava, então? Ele age como se tivesse conquistado tudo de que precisava e, agora, era hora apenas de curtir o fato de estar perto de caso. No mesmo jogo contra o Heat, Kevin Love perdeu rebotes para Mario Chalmers e Norris Cole, enquanto vagava emburrado pela quadra. Enfim, Blatt, de um jeito ou de outro, vai precisar assumir as rédeas aqui. Segundo diversas fontes que trabalharam com ele na Europa, trata-se de um sujeito sensacional, que merece melhor sorte em sua grande chance nos EUA. A diretoria vai lhe dar apoio? Ou morrem de medo de LeBron para tomar alguma decisão que possa contrariá-lo?

Anthony Bennett: que o canadense fosse perder minutos para Robbie Hummel realmente não era algo que Flip Saunders tinha em mente quando fechou, enfim, a troca de Kevin Love.

Kobe Bryant: ele também é outro que já desfruta de um recomeço, após tantas lesões que lhe roubaram muitos meses preciosos nesta reta final. Mas para o astro do Lakers a temporada 2014-2015 não poderia passar rápido o suficiente. De qualquer forma, sabemos que ele arremessar 30 vezes por jogo não parece a solução num time fraquíssimo, embora os torcedores do Lakers adorem. Não dá para ser herói com esse time. Resta, então, passar a bola e liderar de um jeito bem diferente ao que se acostumou a fazer em uma vitoriosa – e conflituosa – carreira. Que tal?

PS: Desejo aqui um ótimo 2015 a todos – aqueles que estejam em busca de seu próprio recomeço, os que estão na crista da onda e, claro, o pessoal que toca tudo numa boa, sem tantas peripécias assim para contar, mas que não se enganem: como o filmaço Boyhood – a melhor coisa de 2014 – ensina, até a vida vida mais regular já é um grande acontecimento.


Augusto Lima volta a sorrir e se fixa na elite da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Augusto deixou de ser o garoto da base para ser estrela no Murcia

Augusto deixou de ser o garoto da base para ser estrela no Murcia

Quando optou por deixar o Unicaja Málaga, seis anos depois de ter chegado ao basquete espanhol como um adolescente, Augusto Lima disse que seu objetivo era bem singelo: apenas voltar a sorrir. Pois, com a camisa do UCAM Murcia, o pivô brasileiro conseguiu muito mais que isso. Hoje ele é simplesmente um dos melhores atletas da concorridíssima Liga ACB e, quando se mostra frustrado, é pelo fato de seu time não ter saído vencedor.

Peguem, por exemplo, sua declaração do último fim de semana, em que a equipe foi superada pelo Manresa, fora de casa, depois de tomar logo nos minutos iniciais: “Aqui, ganhamos e perdemos juntos, e se tem de trabalhar, e trabalhar e ir para a quadra como homens. Foi uma derrota dura em uma quadra que sabíamos que seria difícil. Eles começaram o jogo para matar, e nós não fizemos isso. Assim é complicado vencer”.

Pagou geral, não? O mais interessante, porém, é o contexto por trás disso. Sob todas as medidas, o Murcia é um clube bastante modesto na Espanha. Em uma temporada isolada, um revés como visitante, mesmo contra o lanterna do campeonato, seria tranquilamente aceito por seus torcedores e pelos observadores mais distantes.

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Acontece que o time vive hoje a melhor arrancada em sua história de Liga ACB. Está na briga por uma vaga na prestigiada Copa do Rei. Para tanto, precisa se manter entre os oito primeiros – a zona de classificação também para os mata-matas. “Nossa torcida quer que disputemos a Copa, e sonhar é grátis, mas nós no vestiário não nos esquecemos de que somos um clube humilde.”

O Murcia nunca ficou acima da 12ª posição na elite espanhola. Entrou em quadra nesta terça-feira como o 7º. Já é, então, uma campanha excepcional, que coincide justamente com a melhor temporada como profissional de Augusto. O pivô desponta como a força-motriz por trás desse sucesso.

Em qualquer consulta aos números da Liga ACB, vai ser fácil encontrar o nome do brasileiro, que deu um salto significativo em praticamente todas as estatísticas avançadas, mesmo sendo menos envolvido no ataque (sua taxa de uso baixou de 21,46% para 19,77%). Vamos lá:

– Augusto é hoje o jogador com maior PER, o índice de eficiência por minuto (26,6), acima de um craque como Ante Tomic e do veterano Fran Vázquez.

– O principal fundamento que o leva esse posto é o rebote. O brasileiro lidera a liga em percentual de rebotes (de acordo com aquilo que está disponível para ser coletado): 21,5%, superando o gigantesco Walter Tavares, cabo-verdiano draftado pelo Atlanta Hawks e o mesmo Tomic.

Na tábua ofensiva, com 18,6%, sua vantagem ainda é maior para Vazquez e o jovem Marko Todorovic (draftado pelo Houston Rockets).

– Já são todos dados excelentes, mas o que mais chama a atenção, para mim, é o fato de ele ser o terceiro em aproveitamento de tocos e o quinto em rendimento nos roubos de bola.

Essa combinação de top 5 para rebotes, tocos e roubadas diz tudo sobre o jogo do pivô, para quem não está familiarizado com seu basquete. Um jogador muito atlético, vigoroso, que corre a quadra de modo mais veloz, acelerado que muito armador. Ataca a tabela com ferocidade e tem muita agilidade em seu deslocamento lateral e vertical – daí o fato raro de ser um grandalhão de 2,08m posicionado entre os cinco maiores ladrões de bola do campeonato. “Meu jogo é bastante físico”, resume.

É importante avaliar pelas estatísticas avançadas e por minuto, até por justiça com aqueles que seriam seus principais concorrentes: os atletas de Barcelona e Real Madrid. Os dois gigantes espanhóis basicamente estocam os melhores atletas do país (e do continente), e a divisão de tempo de quadra em seus elencos acaba limitando suas médias totais. Enquanto, em Murcia, aquele que se destaque mais vai jogar sem parar.

Ocampo, cobrança e trabalho para fazer Augusto crescer na Espanha

Ocampo, apoio, cobrança e trabalho para fazer Augusto crescer na Espanha

De qualquer forma, segue seu ranking em números totais também: melhor reboteiro (com 7,8) e terceiro em tocos (1,5) e roubos (1,5), sendo que, nas recuperações de bola, ele e o búlgaro Kaloyan Ivanov, do Androrra, são os únicos pivô entre os 15 primeiros.

Numa projeção numérica por 36 minutos, com o ritmo de jogo nivelado (como se todos os times atacassem com a mesma quantidade de posses de bola), ele cai um pouquinho, mas ainda se vê no topo: 2º em rebotes (11,3, atrás do gigantesco Walter Tavares, cabo-verdiano draftado pelo Atlanta Hawks); terceiro em tocos (2,1, atrás de Tavares e Sitapha Savane) e quinto em roubadas (2,2, atrás de Sadiel Rojas, Luke Sikma, Diamon Simpson e Pavel Pumpria).

Isto é: sob qualquer medição, o pivô brasileiro aparece com destaque. Mais agressivo, com quatro double-doubles na temporada, o mesmo que somou em toda a jornada 2013-2014. Mesmo com tantos dados animadores, Augusto prefere não se vangloriar. Adota costumeiramente o discurso de que tudo seja produto do meio. “Tanto faz”, disse. “É o trabalho da equipe faz que tenha esses números. Só me interessa que avancemos em bloco, e que a torcida esteja contente com a equipe.”

De qualquer forma, o pivô destaca o trabalho com o técnico Diego Ocampo, uma das revelações da temporada ao seu lado. Aos 38, Ocampo pode ser considerado um estreante na profissão – mas só se for para falar de “treinador principal”. Mas já é um veterano de banco, depois de muitos anos como auxiliar de profissionais aclamados como Aíto García Reneses, Manel Comas e Joan Plaza.

“Diego está muito em cima de mim, trabalhando comigo, e creio que estou nesse bom momento”, disse o brasileiro. “Isso é para conseguir as coisas para a equipe. É para isso que vou todos os dias para a quadra com o objetivo de matar. No final, tudo o que vem de números e ações é para a equipe. Quero seguir ajudando desta maneira, com meus rebotes.”

O sorriso
Foi quando se apresentou ao Murcia na temporada passada que Augusto soltou a seguinte frase: “Quero voltar a sorrir e ser importante para o UCAM Murcia”. Poderia soar novamente muito protocolar, mas nesse caso o contexto também contava uma história mais ampla. Considerando as poucas e boas pelas quais havia passado o pivô carioca nos últimos anos, nada mais que justo.

Em Málaga, desenvolvimento na base, mas poucas chances no time principal

Em Málaga, desenvolvimento na base, mas poucas chances no time principal

Vejamos: mesmo com a cidadania espanhola obtida, o que lhe dava segurança no elenco malagueño, Augusto mal conseguiu sair do banco do Unicaja na temporada 2012-2013, mesmo com o clube disputando a liga espanhola e a Euroliga. Ele simplesmente não teve condições de mostrar serviço, repetindo um padrão de campanhas anteriores, nas quais só jogava mais quando era cedido para equipes menores como o Granada ou a filial Axarquía.

Ao mesmo tempo, passou o campeonato todo procurando contornar um problema nas costas que se mostraria muito mais sério do que o imaginado. Quando se apresentou a Rubén Magnano em São Paulo, acabou vetado nos exames médicos: foi constatada uma hérnia de disco. Nem a Copa América poderia disputar.

Em uma de suas visitas ao Eurocamp da adidas em Treviso. Não foi draftado

Em uma de suas visitas ao Eurocamp da adidas em Treviso. Não foi draftado

Isso aconteceu poucas semanas depois de ter sido ignorado no Draft da NBA. Ele viajou para os Estados Unidos com Raulzinho e Lucas Bebê, deu um duro danado em Los Angeles, passou por algumas cidades para treinos particulares, mas não foi escolhido por nenhuma franquia – ao contrário do que ocorreu com os compatriotas.

Então chega uma hora que basta, né? De notícia ruim a caixa de correspondência já estava cheia. Deixou um clube tradicional como o Unicaja em busca de um recomeço. De um lugar onde pudesse realmente se sentir relevante novamente. Em que pudesse sorrir, e a modesta agremiação, que já havia tido sucesso com outros brasileiros no passado (Paulão e Vitor Faverani) lhe oferecia essa oportunidade. Foi recebido como “um grande jogador“, nas palavras do presidente do clube da universidade católica, mantenedora do time, José Luis Mendoza.

Aos 21, ele já era uma espécie de veterano. “Vim para oferecer tudo o que aprendi e para tomar decisões importantes. No Málaga eu era um jovem da base. Aqui, meu papel muda”, afirmou. “Desde o primeiro momento estão me tratando muito bem, e venho me sentindo muito à vontade. Eles me deram muita confiança.”

Na elite
Confiança era do que Augusto Lima precisava para realizar seu potencial atlético, sempre evidente. “Os pontos e rebotes seriam consequência naturais disso – sem contar os euros, sempre importantes, que certamente chegarão ao final da temporada, quando se tornar agente livre.

Augusto, ainda na briga pelo rebote e por uma próspera carreira

Augusto, ainda na briga pelo rebote e por uma próspera carreira

Claro que ainda há muito o que melhorar em seu jogo. Não estamos tratando de um produto acabado. Seu lance livre e o tiro exterior em geral são bem fracos. Assim como sua capacidade para criar jogadas por conta própria e para os companheiros – tem média de 0,4 assistências a cada turnovers nesta temporada, enquanto apenas 5% de suas posses de bola terminam com passe para cesta. Você tem, então, de saber usá-lo. No ataque, deve ser explorado perto do garrafão, em movimentos de pick and roll ou com cortes fora da bola, vindo do lado contrário. Não é para colocar a bola nele em um lance de isolamento, um contra um e esperar que ele trabalhe com a mesma eficácia a partir daí.

Afinal, ele ainda é um cara que depende muito da energia que vá ter em quadra. Não por acaso, seu rendimento varia drasticamente entre os jogos disputados dentro e fora de quadra. Suas médias, respectivamente: 17,8 pontos para 6,6, 9,6 rebotes para 6,2, 1,8 roubada para 1,2, 77,6% nos arremessos de quadra para 42%. Detalhe: os minutos não mudam tanto assim, saindo de 25,4 para 22,3.

De qualquer forma, na defesa, já é um jogador que vai ajudar qualquer time devido aos seus atributos físicos, empenho e inteligência. Mesmo com suas limitações, sustenta uma produção elevadíssima já por uma temporada e meia.

Daí o estranhamento por sua exclusão do grupo principal da seleção neste ano, além de ter ficado escondido até mesmo no elenco do Sul-Americano. Um atleta de elite na Espanha é só mais um no basquete brasileiro? Imagino que vá ser algo remediado nas próximas convocações…

Porque, conforme já dito aqui, o sucesso de Augusto não é abstrato. Algo que você possa simplesmente designar como “bons números num time fraquinho”. Esse até poderia ser o cenário da temporada passada. Para o ano vigente, porém, o Murcia subiu junto com seu pivô: de 36,7% (11-19) com ele, para 56,2% (7-6).

A despeito da crise geral na economia europeia, a liga ainda é fortíssima, com um nível de competitividade único em todo o continente. O time hoje está na oitava colocação, na zona de classificação para os playoffs e a Copa do Rei. A cada rodada, porém, a volatilidade é grande: o Valencia, uma equipe de Euroliga, e o Zaragoza têm a mesma campanha, enquanto outros quatro concorrentes aparecem com seis triunfos e sete reveses – entre eles o Obradoiro de Rafael Luz e o Laboral Kutxa, outro time de Euroliga.

O que vem por aí?
Consistência é algo que Augusto já conquistou. Para a segunda metade da temporada espanhola, a grande meta seria realmente manter o Murcia entre os oito melhores da Espanha. “Temos de estar concentrados no que fazer a cada jogo, em nosso trabalhos, e manter a humildade. As coisas estão saindo bem, e temos de lutar por tudo”, diz.

O jogo para Augusto ainda é lá embaixo da tabela, mas com muita eficiência e domínio

O jogo para Augusto ainda é lá embaixo da tabela, mas com muita eficiência e domínio

Não apenas seria histórico para o clube, como lhe renderia uma bem-vinda exposição – ainda que na Espanha ele seja muito mais badalado hoje do que pelo basqueteiro brasileiro em geral. Jogar a Copa do Rei seria uma tremenda experiência. É uma competição que atrai olheiros de todos os cantos.

Um scout de uma equipe da Conferência Oeste da NBA, por exemplo, está sempre me falando sobre como o pivô progrediu sensivelmente em quadra. Caso chegue ao basquete americano, cumpriria com uma trajetória semelhante à de Faverani – mais um brasileiro que saiu jovem daqui, ingressou na base de o Málaga, mas só foi brilhar na Espanha em outro clube, até fechar um contrato nos Estados Unidos, tendo passado batido pelo Draft. É um paralelo do qual está ciente. “Fazem muito essa comparação. Somos jogadores com alguma característica parecida, como por exemplo a forma de falar. Mas penso que Vitor é o Vitor, e eu sou o Augusto. Ele chegou à NBA. Quero primeiro ser importante aqui e, se chegar a hora de dar o salto, iria encantado.”

Augusto está desfrutando de tempo, ritmo e sucesso em quadra, mas agora é hora de competir. Ainda há um longo caminho pela frente. É por isso que não se daria mais que uma nota maior que 7 para o que vem fazendo até aqui. “Sempre quero algo a mais, e as derrotas ainda me custam muito”, disse. No nível que ele alcançou, a simples alegria de ir para o jogo já não é o bastante.


Tem Caboclo na D-League: hora de botar na prática
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Giancarlo Giampietro

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Passada a euforia por conta daquela estreia inesquecível, deixando de lado um pouco a empolgação e carinho incrível demonstrados pelos torcedores do Toronto Raptors, é hora de avaliar como andam as coisas para Bruno Caboclo dentro de quadra. Hora de ver como anda seu progresso como jogador. Em meio a um trecho complicadíssimo de sua tabela, a franquia canadense achou por bem mandar o brasileiro para a D-League. Fez certo. Depois de tanto treinamento durante a pré-temporada – e foi muito treino, mesmo –, mas com parcos minutos em jogos oficiais, o jovem ala fez neste sábado sua estreia pelo Fort Wayne Mad Ants, em derrota para o Iowa Energy por 111 a 106.

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Marcou 13 pontos em 20 minutos, acertando cinco de seus 14 arremessos (1 de 5 nos tiros de três pontos). Além disso, cometeu cinco faltas e quatro turnovers e deu dois tocos. Avaliar os números isolados assim, porém, não serve para muita coisa, não. O mais prudente é assistir ao que se passou em quadra, e a liga de desenvolvimento da NBA neste ponto é nossa melhor camarada: todos os jogos do campeonato estão disponíveis na íntegra no YouTube (veja abaixo). Antes, porém, de ver o VT, precisa-se primeiro entender que tipo de competição ele está encarando.

Entre os 18 times da D-League, o Fort Wayne Mad Ants, nos confins de Indiana, é o único que não desfruta de uma parceria/sociedade/afiliação exclusiva com um clube da liga grande. O que significa ter convênio com outras 12 franquias: Hawks, Nets, Hornets, Bulls, Nuggets, Pacers, Clippers, ucks,  Timberwolves, Pelicans, Trail Blazers e Wizards. É muita coisa. É também um modelo bem diferente, por exemplo, daquele que Houston Rockets e Oklahoma City praticam, com filiados muito mais próximos. O Rockets tem no italiano Gianluca Pascucci seu vice-presidente no departamento de basquete e, ao mesmo tempo, o gerente geral do Rio Grande Valley Vipers. Chris Finch, assistente de Kevin McHale, já foi o treinador principal dessas víboras do vale do Rio Grande. A integração é muito maior por lá, assim como nas demais equipes.

No cenário quase perfeito que Bruno encontrou em Toronto – um time em ascensão dentro e fora de quadra, de bem com a torcida, e uma torcida fanática e ferverosa –, este é realmente o único senão, conforme um scout de um dos times da Conferência Oeste já havia me apontado. Se o Raptors tivesse um parceiro só seu, exerceria controle pleno sobre o modo como sua grande aposta  será aproveitada.

Em Des Moines, em sua estreia o caçulinha dividiu a quadra com Glen Rice Jr., do Washington Wizards. Os dois eram os únicos atletas enviados da NBA. Mas, durante a temporada, dependendo das circunstâncias, a conta pode ser muito maior. E aí a concorrência por minutos fica mais intensa, enquanto as oportunidades em quadra podem se reduzir na mesma proporção. O técnico do time, Conner Henry (51 anos, ex-jogador de NBA e longa carreira na Europa), ao menos se mostra disposto a aproveitar os reforços pontuais, vendo nisso uma oportunidade para dar um respiro a suas principais peças regulares.

Glen Rice Jr. é o companheiro de NBA de Caboclo no momento; em Iowa, anotou 10 pontos em 18 minutos, com 3-10 nos arremessos e 4-6 nos lances livres

Glen Rice Jr. é o companheiro de NBA de Caboclo no momento; em Iowa, anotou 10 pontos em 18 minutos, com 3-10 nos arremessos e 4-6 nos lances livres

De qualquer forma, é o que Toronto e Caboclo têm para hoje, e já vale como um ótimo teste. Se a D-League apresenta um nível de jogo consideravelmente inferior ao da Association, por outro lado também está a anos-luz de distância da liga de desenvolvimento nacional, a LDB, campeonato que ele efetivamente disputou na temporada passada pelo Pinheiros.

Além de Rice Jr., alguns nomes de destaque do Mad Ants são veteranos como os alas Danthay Jones (aquele mesmo, ex-Denver, Utah, Memphis e tantos outros), Andre Emmet, draftado por Memphis em 2005 e que rodou o mundo, passando pelo Nets também, e Chris Porter, de 36 anos e que jogou pelo Golden State lá nos idos de 2000 e também já conheceu diversas praças. Do outro lado, o imortal Damien Wilkins foi o cestinha, com 29 pontos. O campeonato vai reunir esse tipo de andarilho e jovens atletas badalados no basquete universitário em busca de afirmação como profissionais, como o ala CJ Fair, revelado por Syracuse, e o armador Kalin Lucas, Michigan State.

Essa combinação pode resultar em jogos excessivamente individualistas, com os jogadores tentando mostrar serviço de qualquer jeito em busca de uma promoção. Caboclo, sendo um atleta de NBA, com contrato garantido, vai certamente se tornar um alvo dos concorrentes (internos e externos). Vocês se lembram da surpresa que foi sua escolha pelo Raptors na 20ª posição do Draft. Obviamente diversos prospectos americanos se sentiram “injustiçados” por isso. Aquele tipo de raciocínio asqueroso: “Quem é esse fedelho brasileiro de que nunca ouvimos falar, roubando nosso emprego?”

Outros pontos para serem levados em conta: o brasileiro está enferrujado. Por mais que tenha praticamente morado dentro do Air Canada Center, varando a noite em quadra – aliás, chegou um momento em que os dirigentes se viram obrigados a proibir o garoto de ir para o ginásio para uma sessão extra de treinos, sozinho, por conta própria. Só foi liberado depois num acordo: ao menos teria de ser acompanhado por um integrante da comissão técnica.

Mas tem aquela frase famosa: treino é treino. Jogo? Outra história. Mesmo se estivesse em plena atividade, não dá para esquecer que o atleta ainda é um produto em fase (inicial) de refinamento. Um produto longe de estar acabado. Na D-League, ele vai ganhar minutos para mostrar o que aprendeu, e, ao mesmo tempo, testar suas novas ferramentas – movimentos trabalhados no dia-a-dia com os técnicos do Raptors.

Nos poucos minutos que vimos de Bruno na liga principal, contando aí a pré-temporada, deu para notar o quão cru ainda é o seu jogo no ataque. É por isso que Dwane Casey vai mandá-lo para a zona morta. Não apenas para espaçar a quadra, mas também pelo fato de que ainda não pode confiar em envolver o garoto em tramas mais complexas. Seu arremesso de longa distância, segundo consta, está rendendo muito bem nos treinamentos. Sua capacidade atlética também não se discute – ele pode pontuar em rebarbas ofensivas sem problema. Mas tudo aquilo que está no meio do caminho, o jogo de média distância que DeMar DeRozan faz tão bem, praticamente inexistia até a chegada a Toronto.

Contra o Bucks, a estreia especial. Agora, sem burburinho da torcida, hora de praticar

Contra o Bucks, a estreia especial. Agora, sem burburinho da torcida, hora de praticar

A oportunidade de expandir e praticar contra profissionais, então, é essencial. E outra: num ambiente completamente diferente, com ginásio e público mais acanhados – eram 4.091 espectadores na Wells Fargo Arena nesta sexta-feira. Mais importante ainda talvez seja a ausência do frenesi dos torcedores do Raptors ao seu redor. Isso é importante para deixá-lo relaxado e concentrado apenas no que tem para fazer em quadra.

Contra o Iowa Energy, filial do Memphis Grizzlies, Bruno foi para o jogo no final do primeiro quarto, para marcar o experimentado herdeiro da família Wilkins, de 34 anos e mais de 10 mil minutos em sua carreira de NBA, único titular do time adversário em ação. Com sua envergadura assustadora e movimentação lateral atenta, fez um bom papel e não permitiu que o ala ex-Sonics efetuasse sequer um arremesso.

A primeira tentativa de cesta do brasileiro foi bem sucedida. Com um minuto de jogo no segundo quarto, ele recebeu um passe do canadense Myck Kabongo na ala esquerda, encarou o armador Diante Garrett (ex-Suns, Jazz) e o deixou para trás com facilidade para bater pelo fundo e fazer a bandeja após dois esticados dribles – o tipo de ação que os técnicos do Raptors vêm insistindo com ele. Seu time vencia por 34 a 30, então.

Duas posses depois, ele se viu diante do pivô Josh Warren, e, confiante, também partiu para a cesta, dessa vez cortando pelo meio. Chegou ao aro com a maior tranquilidade.  Ainda que o adversário fosse muito mais pesado, facilitando sua arrancada, foi interessante notar a inteligência do ala ao identificar o buraco no centro da quadra e e atacar por ali. Na NBA isso dificilmente vai acontecer, mas cada um aproveita o que tem ao seu dispor no calor do jogo:

Instantes depois, bem confortável em quadra, ele forçou um arremesso de média distância, desequilibrado, na cabeça do garrafão, ao se chocar com a linha defensiva. O Mad Ants, porém, manteve a bola com mais um rebote ofensivo. Caboclo foi, então, acionado na zona morta, partindo para uma tentativa de enterrada daquelas. Acabou sofrendo falta do pivô Pierre Henderson-Niles. Vejam:

Nem tudo foi perfeito, obviamente, como suas estatísticas lá em cima mostram. Empolgado, acabou errando de modo feio um chute da zona morta, por exemplo, num tipo de movimentação ofensiva em que vai ser aproveitado de modo mais realista quando com a camisa do Raptors:

Por outro lado, e este chute aqui, a partir do drible?

Aqui, vemos como lhe ainda falta força para aguentar o contato depois de uma combinação de pick and roll com Kabongo. O passe do canadense poderia ter sido mais rápido e baixo (o arco elevado dá mais tempo de o defensor se recuperar na cobertura de garrafão), mas o ala também não percebeu isso. Ao receber a bola, poderia ter estacionado e buscado outra solução:

Na defesa, o ala alternou momentos de posicionamento avoado, se afastando muito de seu homem para fazer a ajuda. No quarto período, acabou se atrapalhando todo ao cometer nada menos que quatro faltas em 45 segundos. Sim, isso mesmo, uma sequência inacreditável: a segunda pessoal com 11min43s (tentando bloquear Wilkins, embora o contato não seja claro); a terceira com 11min30s, depois de um péssimo passe em sua direção, tentando recuperar a bola; a quarta com 11min22s, já evidentemente frustrado, empurrando Wilkins no centro da defesa, sem necessidade; e a quinta com 11min15s, novamente em cima de Wilkins, caindo na finta do veterano. Mas houve momentos em que conseguiu incomodar bastante devido a sua envergadura. Nesta posse de bola, ele em duas ocasiões intimida o ala-armador Chris Allen, forçando um estouro de cronômetro:

Quando retornou no quarto final, devido ao excesso de faltas e turnovers, acabou sacado em menos de quatro minutos. O Iowa vencia, então, por quatro pontos (90 a 86), segundo que a recuperação havia acontecido na terceira parcial. Voltou a ser chamado pelo treinador com 2min50s para o fim, quando o placar era de 103 a 95 para os anfitriões. E aí teve uma ótima sequência entre 1min33s e 1min11s, quando deu um toco no pivô Jerrid Famous, perdeu um tiro de três, mas pegou dois rebote ofensivos em sequência e converteu um chute de curta distância para fazer o Mad Ants encostar (103 a 102). Com 15s no relógio, contudo, errou um passe em reposição lateral, que resultou em recuperação de Diante Garrett e um contra-ataque para bandeja (109 a 104). Um turnover crucial:

O nome da liga já diz tudo: é para o desenvolvimento. Conforme o esperado, o garoto mostrou que há muito o que se ajustar, o que treinar, como podemos notar por sua participação acidentada no quarto final. Por outro lado, também apresentou muitas coisas boas. Jogou todo o segundo período, sem timidez alguma em quadra. Teve volume de jogo e coragem para assumi-lo. Além disso, seu time lucrou, venceu quando esteve em quadra, terminando o primeiro tempo com sete pontos de vantagem (58 a 51). Sério e competitivo, Bruno muito provavelmente não se perdoa  pela falha na reposição de bola. Mas é esse tipo de situação que vai fazê-lo crescer, muito mais do que ficar no final do banco de reservas apenas ouvindo os gritos entusiasmados de seus fãs em Toronto.


A bizarra dispensa de Josh Smith e um Houston mais forte
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Giancarlo Giampietro

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

É normal que um técnico, furioso após um treino frustrante, no qual seus atletas não renderam o esperado, suba as escadas em direção ao escritório dos diretores do clube para pedir a cabeça de um jogador.  Ele simplesmente não aguenta mais um cara: considera que ele não se dedica o bastante, que sua postura esculachada pode servir de má influência para o restante do time e que o melhor, mesmo, é mandá-lo para a Sibéria. O gerente geral vai obviamente escutar tudo, tomar notas, conversar com o treinador e, depois de escutar a batida da porta, pode chamar um ou outro assistente para ponderar a respeito e estudar as alternativas para atacar esse mais novo problema. Vão atender ao pedido? Que tipo de mercado poderiam encontrar para o atleta? É algo que pode ser contornado com muita conversa?

Em Detroit, o reino de Stan Van Gundy, porém, esse processo todo está comprometido. Quando o técnico Van Gundy queria reclamar a respeito de Josh Smith, ele teria de conversar com o presidente Stan Van Gundy. E aí faz como? Bem, aí que os ímpetos imediatistas do SVG das quadras prevaleceram, a ponto de causarem espanto na NBA com a dispensa o ala-pivô sem mais, nem menos, numa decisão que, inicialmente, custará cerca de US$ 40 milhões em salários (o deste campeonato mais US$ 27 milhões que teria nas próximas duas temporadas). Dinheirama gasta em um cara banido do clube. Que tal?

Não tem muito como avaliar a barra do substituto de Joe Dumars aqui: foi uma tremenda trapalhada. Foi algo realmente bizarro, fugindo da rota que 99,9% das demais franquias adotaria. O todo-poderoso do Pistons exaurir as possibilidades de troca até 19 de fevereiro, ou tentar negociar uma rescisão contratual com algum desconto até 1º de março (os jogadores dispensados até essa data se mantêm elegíveis para a disputa dos playoffs por outro time).

Smith não deixa saudades na Motown

Smith não deixa saudades na Motown

Van Gundy não quis saber de nada disso. Chamou Smith para seu escritório e soltou a bomba. Nuclear, no caso. É de se imaginar a reação do veterano. Primeiro, uma combinação de susto e, talvez, humilhação. O dirigente-treinador estaria tão insatisfeito com ele a ponto de assinar um cheque polpudo para não vê-lo mais nos arredores da cidade. Depois, passado o baque, talvez tivesse vindo a sensação de liberdade. Desde que assinou com Dumars em 2013, o encaixe, a combinação com a equipe nunca pareceram certos.

Segundo consta, a trupe de SVG sondou o mercado de trocas, sim. Mas não ouviu nada de interessante. O único clube realmente disposto a fazer um negócio foi o Sacramento Kings. Que teria oferecido dois pacotes: o pivô Jason Thompson acompanhado de Derrick Williams e, depois, de Carl Landry. A primeira proposta ele recusou na expectativa de trabalhar com Smith e tentar arrumar as coisas em quadra – projeto que não durou nem três meses. A oferta com Landry foi a última e, nesse caso, a economia de alguns tostões apenas para Detroit. E eles queria uma redução mais drástica na sua folha de pagamento, pensando numa reformulação de verdade ao final do campeonato.

Ao dispensar Smith e esticar o valor restante de seu contrato por cinco anos (Smith vai receber U$ 5,4 milhões por ano, até 2020), eles vão conseguir isso. A opção representa um ganho de US$ 8 milhões no teto salarial em 2015 para dar mais margem de manobra nos futuros negócios. Além disso, segundo as regras do acordo trabalhista da NBA, caso Smith assine com uma nova equipe por um valor acima do salário mínimo, metade desse vínculo será descontada das despesas do Pistons. Quer dizer: aquela conta de US$ 40 milhões pode ser reduzida. Só não esperem, porém, que esse valor despenque de modo considerável.

Smith estava jogando muito mal em Detroit. Com ele em quadra, a equipe era vencida pelos adversários por mais de 12 pontos em média, a cada 100 posses de bola. Para se ter uma ideia, o Philadelphia 76ers tem perdido por 10,6 pontos a cada 100 posses neste campeonato. É um prejuízo danado, então, que ajudou a diminuir a cotação do atleta. Por outro lado, parece claro que a maior dificuldade encontrada por Van Gundy neste caso foi justamente sua urgência para selar uma proposta. Se os dirigentes percebem o desespero e estão cientes sobre o valor astronômico do contrato, entram na negociação com a vantagem toda do seu lado. Muitos deles já pediram logo de cara uma escolha de primeira rodada de Draft, antes de avançar nas conversas.

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Esses são, basicamente, os pontos a favor da decisão dramática. Agora… se até um Gilbert Arenas, alguém que levou armas para o vestiário e, sim, defecava sobre o tênis dos companheiros, pôde ser trocado, imagino que dava para ter encontrado uma solução melhor, sim, para Smith. (Ironicamente, aliás, Arenas saiu do Washington Wizards justamente para o Orlando Magic, para jogar com Van Gundy. Pesou aí a memória de treinador (uma vez que Arenas foi um fiasco na Flórida) e, não, a de dirigente.

Quando acertou com Van Gundy e decidiu lhe dar plenos poderes no controle das operações de basquete, Tom Gores, o dono da franquia, deveria estar ciente dos riscos. São raros os casos de personagens que tenham conseguido dar conta de duas funções com mentalidades tão distintas: o técnico se preocupa com o dia de hoje e amanhã; um dirigente precisa cuidar do que vem muito depois disso, ainda mais numa NBA em que a concorrência é predatória.

Pat Riley deu conta disso em Miami, mas de um modo bem diferente: orientou o time com certo sucesso nos anos 90, mas, depois, viu um elenco envelhecido naufragar. Foi só a partir do momento em que ele se concentrou mais na função de gerente que a franquia decolou, ganhando três títulos desde 2006. O primeiro deles, é verdade, foi com o ultravencedor de volta ao banco, ironicamente depois de demitir SVG. A equipe, porém, já estava montada, com Shaq, Wade, Payton, Posey, Haslem, Williams, Walker e muito mais. Naquele caso, o técnico não tinha do que bufar, uma vez que ele mesmo havia reunido aquele grupo de atletas.

Smith foi um contrato herdado por Van Gundy. Joe Dumars, infelizmente, não estava presente para escutar suas lamúrias de quadra.

*   *   *

Amigo é coisa pra se guardar...

Amigo é coisa pra se guardar…

Ah, a sorte. Ela pode interferir no destino de uma temporada de NBA de modo muito mais decisivo do que os analíticos e os mais racionais podem admitir. Não só por conta das lesões – como o mais novo infeliz acidente em torno de Anderson Varejão nos conta em Cleveland –, mas muito mais por uma série de fatores, de incidentes que podem acontecer durante a jornada, beneficiando um, ferrando com a vida do outro.

Na Conferência Oeste de competitividade absurda, o Houston Rockets pode estar ganhando um presentão com a dispensa de Smith pelo Pistons. O ala já concordou em assinar com o clube texano, por algo em torno de US$ 2 milhões. O gerente geral Daryl Morey precisa apenas abrir uma vaga em seu elenco para assinar a papelada. Ele vai tentando achar uma nova casa para Joey Dorsey, Tarik Black,  Clint Capela, Nick Johnson ou Alexey Shved (os atletas de menor salário e menor papel na equipe, em suma). Atualização: Tarik Black, que não tinha garantias em seu salário para o futuro, acabou dispensado. Do contrário, teria de dispensar outro contrato, lembrando que esse foi um expediente já adotado pelo cartola antes do início da temporada, torrando US$ 2 milhões em Jeff Adrien e Ish Smith.

Em teoria, parece um negócio da China, por um ala-pivô que, embora não castigue mais o aro como nos bons tempos em Atlanta, ainda tem muito talento para oferecer como defensor (ainda está no top 10 de tocos da liga e tem mobilidade e agilidade acima da média para a posição) e um passador cada vez mais apurado.

Não se trata, porém, de um jogador completo, que não cause alguns problemas em quadra. Do contrário, não teria sido dispensado com US$ 40 milhões por receber. Aliás, fosse o caso, talvez o Atlanta Hawks não tivesse permitido nem que entrasse no mercado de agentes livres no ano passado. Que tipo de problemas, então? Bem, já é de conhecimento público suas dificuldades com o arremesso de três pontos. Mais que isso: não só ele é um péssimo arremessador, como não se esquiva de queimar bolas de longa distância com uma frequência alarmante.

Nesta campanha derradeira pelo Pistons, contudo, a penúria se alastrou. Ainda que ele tenha diminuído consideravelmente o volume nos tiros de fora (1,5 a cada 36 minutos), seu aproveitamento geral nos arremessos de quadra despencou para baixo da casa  de 40%, com 39,1%, vindo de um 41,9% na temporada passada – as piores marcas de sua carreira. Uma tendência preocupante e horrorosa. Isto é: ele distribuiu seus arremessos de forma mais apropriada, conforme suas habilidades, mas simplesmente não conseguiu convertê-los. Vejam que calamidade:

josh-smith-shooting-chartA conversão de apenas 44% perto da cesta é assustadora para alguém de sua posição e talvez seja um sério indício de a) o declínio de sua capacidade atlética; b) simplesmente o produto de se jogar num time ruim, com um armador que não sabe o que faz em quadra e cujo garrafão já esteja congestionado com Andre Drummond; c) total desinteresse pela prática do basquete; d) uma combinação desses três fatores. No final das contas, Smith é apenas o segundo jogador na história da liga a ficar abaixo dos 40% de arremesso de quadra e 50% nos lances livres, com um mínimo de 800 minutos em quadra.

O Rockets acredita que o péssimo desempenho do ala-pivô tenha mais a ver com a falta de motivação e encaixe em Detroit. Que seu nível de produção vai subir e os maus hábitos, diminuírem, ao lado de seu compadre Dwight Howard, jogando num time de ponta, com reais pretensões de título. A conferir.

Mesmo com Howard perdendo 11 jogos devido a dores no joelho, o Rockets tem hoje a segunda defesa mais eficiente do campeonato. Imagine o quão sufocante e sólida pode vir a ser com o pivô e Smith em forma para proteger o garrafão? Por outro lado, também cabe a pergunta: será que a presença de Smith faria tanta diferença assim num sistema que obviamente já funciona bem?

Agora, as maiores dúvidas ficam para o ataque, mesmo. O reforço vai comprometer o espaçamento ofensivo? Donatas Motiejunas já não honra sua fama – e sua condição natural de lituano ; ) –, com 28,3% de acerto de fora. Kostas Papanikolau ainda não se ajustou a distância maior da linha de três da liga. Terrence Jones vinha muito bem, mas está afastado por tempo indeterminado das quadras. Com Smith, seria um não-chutador para fechar as linhas de infiltração de James Harden.  A despeito disso, o Rockets é o time que mais chuta do perímetro na liga. Com o técnico Kevin McHale, de contrato renovadíssimo, vai se comprtar com Smith? Vai incentivá-lo a arremessar, não importando os resultados? Você pode estar empurrando a Chapeuzinho Vermelho em direção ao Lobo Mau numa dessas, gente.

É, de qualquer forma, uma aposta de baixo risco para o Rockets, mas que pode fazer grande diferença.

*   *   *

O Rockets já havia fortalecido seu sistema defensivo com a troca por Corey Brewer. O ala ex-Wolves pode não ser um marcador implacável no mano-a-mano, mas é um tormento para atacar as linhas de passe, com reflexos acima da média, agilidade e envergadura. Junte ele e Trevor Ariza, e o time de McHale tem duas excelentes opções no perímetro para dar um descanso a Harden. O Sr. Barba vinha muito melhor na conenção, mas já gasta muita energia no ataque e precisa ser realmente preservado. Sem ironias.

 

 

 

 

 


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Leste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

ATLANTA HAWKS
– Que Al Horford, por favor, não tenha mais nenhuma lesão muscular bizarra no peito?

– Um pouco mais de carinho por parte do público local? A equipe hoje ocupa apenas a 25ª posição no ranking de público. Uma evolução em relação ao campeonato passado (28º), é verdade, mas é muito pouco para um clube de campanha tão bacana.

– Dennis Schröder bem que poderia subir mais um degrau ainda neste campeonato. O time só vai ganhar com isso. E a gente, se divertir.

– Kyle Korver terminando um ano com um lindão 50%-40%-90%.

BOSTON CELTICS
– Danny Ainge quer muito, mas muito mesmo uma nova superestrela. Via Draft, ou troca.

– Um bom Draft em 2015, com muitos pivôs bem cotados.

– Se Rondo sair, o show será de Marcus Smart. Para tanto, o novato precisa se distanciar da enfermaria.

– Consistência por parte de Kelly Olynyk e Jared Sullinger.

BROOKLYN NETS
– Alguém que veja algum apelo nas caríssimas peças que Billy King juntou, sendo que seu elenco em nada se assemelha a um candidato a título.

– Adaptação mais acelerada para Bojan Bogdanovic, que tem um jogo muito vistoso para ficar escondido no banco de reservas. Uma hora o chute de três vai cair, assim como o de Teletovic.

Está acabando para KG

Está acabando para KG

– Um fim digno de carreira para Kevin Garnett, que vê Duncan e Nowitzki, mesmo no brutal Oeste, em situações muito melhores.

– Uma retratação por parte daqueles que alopraram a convocação de Mason Plumlee para a Copa do Mundo.

CHARLOTTE HORNETS
– Um novo endereço para Lance Stephenson, e para já. Ele e Kemba Walker simplesmente não combinam.

– 40% de aproveitamento nos chutes de longa distância para Michael Kidd-Gilchrist.

– Uma sequência de seis, sete vitórias que ponha o time na zona de classificação dos playoffs. Com o nome Hornets de volta no pedaço, esses uniformes sensacionais e a quadra mais bonita da liga, a cidade precisa disso.

– Agora que está liberado, uma caixa com os melhores charutos cubanos disponíveis para Michael Jordan.

CHICAGO BULLS
– Um Derrick Rose 100%. Ou 87%, vai.

– Que tenhamos a dupla Noah-Gasol saudável nos playoffs.

– Um jogo de 50 pontos para Aaron Brooks.

– Tá, este aqui é meu: mais Nikola Mirotic, muito mais, Thibs. A defesa se acerta.

CLEVELAND CAVALIERS

Anderson Varejão, Cavaliers, Cavs
– Um novo endereço para Dion Waiters, ou ao menos que o rapaz se dê conta de que, no momento, está muito mais para Jordan Crawford do que Dwyane Wade.

– Um contrato novinho e folha acertado informalmente por Kevin Love. Mas sem a liga saber, claro.

– Mais atenção de Kyrie Irving na defesa. A velocidade já está lá.

– 75 partidas + os playoffs para Anderson Varejão.

DETROIT PISTONS
– Dúzias e dúzias de comprimidos de calmante para Stan Van Gundy, o chefão.

– 65% de aproveitamento nos lances livres para Andre Drummond.

– A reconciliação com Greg Monroe.

– Qualquer poema altruísta que convença Brandon Jennings a soltar a bola.

Topa um Lance aí?

Topa um Lance aí?

INDIANA PACERS
– Mais nenhum susto, mais nada que dê mais trabalho para os médicos. A hora extra vai custar caro.

– Recuperação segura para Paul George.

– Vogel quer os playoffs, mas o melhor para Larry Bird e para o clube seja uma boa escolha de Draft.

– Lance Stephenson!?

MIAMI HEAT
– Dwyane Wade inteirão para os playoffs.

– Chris Bosh retornando da lesão muscular no mesmo nível de antes.

– Que Shawne Williams consiga sustentar seu ritmo nos chutes de longa distância.

– Mais minutos para Shabazz Napier, desde que a defesa não sofra ainda mais.

MILWAUKEE BUCKS
– Um contrato assinado para a nova arena. Para ontem.

– Sem Jabari, a manutenção desta campanha surpreendente que faz o passe de Jason Kidd inflacionar bastante.

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

– Média de ‘só’ 3 faltas por jogo para Larry Sanders.

– John Henson realizando seu potencial efetivamente.

NEW YORK KNICKS
– Marc. Gasol.

– Um novo endereço para JR Smith.

– Um arremesso para Iman Shumpert.

– Que Phil Jackson seja tão bom de Draft quanto Isiah Thomas.

ORLANDO MAGIC
– O retorno de Aaron Gordon o quanto antes.

– Um contrato razoável para Tobias Harris (a essa altura, depois de vários buzzer beaters, um pouco abaixo do máximo permitido para ele).

– 44% nos arremessos para o calouro Elfrid Payton, que já cuida do resto muito bem.

– Victor Oladipo deslocado mais para a finalização de jogadas.

PHILADELPHIA 76ERS
– 10 vitórias para evitar um vexame histórico e muita paz de espírito para Brett Brown.

– Menos turnovers para Michael Carter-Williams e Tony Wroten.

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

– Uma boa relação com o agente de KJ McDaniels, que vai virar agente livre.

– Uma palhinha de Joel Embiid nas últimas semanas da temporada?

TORONTO RAPTORS
– Mando de quadra nos playoffs, como cabeça-de-chave número 1.

– Muito mais Jonas Valanciunas no quarto período. É um pivô que bate bem lances livres.

– “Let’s Go, Bru-No!”, sabendo que todos precisam de paciência.

– De resto, não tem muito o que melhorar aqui, né? Que DeRozan volte bem.

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WASHINGTON WIZARDS
– O sumiço definitivo dessa coisa chata que é a fascite plantar de Nenê.

– Que não expire a poção mágica do incrível Rasual Butler.

– Sequência de jogo constante para Bradley Beal.

– 59 horas de entrevistas com Marcin Gortat.

E qual presente você quer para seu time? Amanhã, sai uma listinha do Oeste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Euroligado: trote, susto e os 16 melhores
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Giancarlo Giampietro

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Foi um episódio assustador que, felizmente, não deu em nada e se transformou numa brincadeira sem nenhuma graça. O Panathinaikos recebeu o Barcelona em Atenas, na sexta-feira, para a saideira da primeira fase da Euroliga. Os dois times já estavam classificados. Era questão só de cumprir tabela, não era para chamar a atenção de ninguém.

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Mas aí algum desmiolado teve a seguinte ideia: ameaçar as autoridades de que uma bomba explodiria no ginásio olímpico da capital grega. Sim. Deu prazo até: ela estouraria em uma hora. O jogo estava no intervalo, com vitória tranquila do Barcelona, quando as autoridades evacuaram a arena. Ou quase evacuaram: integrantes da torcida organizada do time da casa não arredaram pé do ginásio… Depois de uma varredura completa no ginásio sem identificar nenhum explosivo, com cerca de uma hora de atraso, o jogo retornou. Era apenas um lamentável trote. Claro: melhor que seja assim, sem nenhum incidente, nenhum ferido. Mas não se faz uma coisa dessas.

Em quadra, as boas notícias se concentraram em Galatasaray, Nizhny Novgorod e Zalgiris Kaunas. Esses foram os times que conseguiram as últimas três vagas no Top 16 da Euroliga. O clube lituano, aliás, sofreu horrores para assegurar seu posto no…

Jogo da rodada: Zalgiris Kaunas 80 x 79 Dinamo Sassari

James Anderson comemora aquela que talvez tenha sido a cesta de sua vida

James Anderson comemora aquela que talvez tenha sido a cesta de sua vida

Na disputa pelas duas vagas restantes do Grupo A, o Zalgiris dependia apenas de seus esforços contra o lanterna Dinamo Sassari, uma das piores equipes da primeira fase. Antes de a bola subir, o clube fez uma bela festa para o legendário Arvydas Sabonis, seu presidente, que completava 50 anos. Estava tudo armado para uma grande celebração, né? Tanto que, ao final do primeiro tempo, o time da casa vencia por 49 a 37. Mas por pouco isso tudo não virou um desastre.

O Dinamo não entregou os pontos. Pelo contrário, resolveu brigar como não havia feito em sua primeira participação na Euroliga. Com uma defesa forte, permitiu apenas 13 pontos no terceiro período e descontou dez pontos do placar nessa. Manteve o ritmo no quarto final e virou o jogo, chegando a 75 a 66 com uma bandeja do armador dominicano Edgar Sosa, a três minutinhos do fim. Imagine o choque na belíssima Zalgiris Arena, uma das mais modernas da Europa? A essa altura, eles sabiam que o time precisava da vitória de qualquer maneira, uma vez que, no duelo de russos, o Nizhny Novgorod havia batido o Unics Kazan por 78 a 74. Se o Unics tivesse triunfado, os lituanos já estariam classificados. Não rolou, então teriam de resolver por conta própria.

Com sete pontos em sequência, quatro deles do cestinha americano James Anderson, o Zalgiris conseguiu reduzir a desvantagem para apenas uma posse de bola no minuto final. Cheikh Mbodj converteu um lance livre, após ter desperdiçado o primeiro, e levou o jogo a 78 a 75 para os visitantes. Robertas Javtokas converteu uma bandeja no ataque seguinte. Depois, os anfitriões mandaram Mbodj novamente para o lance livre e ele repetiu o expediente, errando o primeiro, convertendo o segundo (79 a 77). E aí veio o grande lance: com 7s1 no cronômetro, Anderson bateu para dentro, freou e subiu para o arremesso: não só fez a cesta, acertando a tabela, como sofreu falta de Giacomo Devecchi. Ele matou seu lance livre a 2s5 e garantiu a classificação.

A outra definição

Caiu o salário ou foi vitória mesmo? O Galatasaray comemora

Caiu o salário ou foi vitória mesmo? O Galatasaray comemora

O Grupo D tinha uma vaga em aberto, a do quarto colocado, entre Galatasaray e Neptunas Klaipeda, o estreante lituano, que jogava por dois resultados (ou uma vitória sua contra o Valencia, ou uma derrota do seu concorrente para o Olympiakos). O clube turco prevaleceu nessa, ao vencer seu jogo por 79 a 74, enquanto o Neptunas tomou um vareio na Espanha: 103 a 65.

Foi uma jornada memorável para o Galatasaray, que enfrenta sérios problemas financeiros. Antes mesmo da conclusão da primeira fase, o clube já perdeu três jogadores por conta de inadimplência (“atraso de salários”): Furkan Aldemir, hoje do Philadelphia 76ers, Pietro Aradori, que foi para o Estudiantes, e Nate Jawai, que foi para o Andorra – ambos da Liga ACB espanhola.

Por conta das baixas e de desfalques, o técnico Ergin Ataman só utilizou sete jogadores numa partida dramática dessas.  Grande líder da equipe, Carlos Arroyo chamou a responsabilidade e anotou 24 pontos em 36 minutos. O pivô americano Patric Young, ex-New Orleans Pelicans e corajoso toda a vida de topar uma oferta de quem não paga, somou 13 pontos e 13 rebotes. Embora classificado e com a primeira colocação assegurada, o Olympiakos jogou para ganhar, mas o coração e/ou o desespero do time de Istambul pesou mais. Agora só fica uma dúvida: que tipo de elenco o Galatasaray vai apresentar na próxima fase.

Os grupos do Top 16
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O Grupo F vai ser uma pauleira que só. O CSKA é o favorito, mas o Fenerbahçe vem dando sinais de que talvez nesta temporada esteja realmente pronto para desafiar os times mais tradicionais. De qualquer forma, é impossível cravar aqui quatro favoritos para as quartas de final. Do outro lado, a chave ficou mais esvaziada, tendo como grande atrativo a dupla Real-Barça – garantia de dois clássicos espanhóis! O Maccabi, por sua tradição, também estaria em boas condições, não fosse seu desempenho bastante irregular até aqui.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas foi o destaque da vitória do Barça sobre o Panathinaikos por 80 a 67. O armador está desfrutando de maior autonomia no ataque catalão para atacar. Em Atenas, foram 17 pontos, 9 assistências e 7/12 nos arremessos, em 30 minutos. Já JP Batista se despede da Euroliga com 7,8 pontos, 2,1 rebotes e 45,5% nos arremessos e 81,8% nos lances livres  em dez partidas. Na saideira do Limoges, contra o CSKA Moscou, ele jogou apenas 7 minutos. Agora o time se concentra na Eurocup, na qual divide grupo com Cantu (ITA), PAOK (GRE) e o Kimkhi (RUS).

Lembra dele? Linas Kleiza (Olimpia Milano)
Depois de um looongo inverno, o ala-pivô lituano saiu da hibernação ao anotar 29 pontos em 31 minutos pelo time italiano em vitória por 101 a 96 sobre o Turow Zgorzelec, da Polônia. Foi sua maior contagem pessoal na Euroliga, a partir de oito bolas de longa distância em estonteantes 13 tentativas. Detalhe: ele havia perdido as primeiras quatro bolas de longa distância. Depois matou suas oito em sequência. Até então, o jogador ex-Denver Nuggets e Toronto Raptors, contratado a peso de ouro, havia anotado 13 pontos na oitava rodada, contra o Bayern de Munique. Ao final da primeira fase, em sua terceira Euroliga, suas médias são de 8,6 pontos, 2,7 rebotes e 37,5% nos arremessos de três.

Tuitando

O jogo contra o Panathinaikos também teve esse detalhe: Pascual completou 500 partidas como técnico do Barcelona, pelo qual ganhou uma Euroliga (foi o primeiro treinador europeu a conseguir esse feito), quatro Ligas ACB e três Copas do Rei, desde 2008. Ele acabou de renovar seu contrato até 2017.


O Laboral Kutxa enfrentou o Estrela Vermelha, em Belgrado, com ginásio vasio. O clube sérvio, no entanto, encontrou um modo, digamos, pitoresco para colocar a torcida na arquibancada, distribuindo fotos da rapaziada pelos assentos. Fernando San Emeterio achou o maior barato.


As jogadas da semana!


O Dallas tinha o melhor ataque (da história!). E ainda quis Rondo
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Giancarlo Giampietro

Rondo: as estatísticas não aprovam tanto; o Dallas vai tirar a prova

Rondo: as estatísticas não aprovam tanto; o Dallas vai tirar a prova

Para quem tem acompanhado o blog recentemente, vai soar repetitivo, mas não tem como fugir disto. É a realidade imperante na NBA: mas, numa Conferência Oeste cada vez mais brutal, em que o sétimo colocado tem aproveitamento superior a 70%, os times se veem obrigados a buscar a excelência. O time nunca está bom o bastante. Mesmo o Golden State Warriors, dizem, anda buscando trocas para fortalecer seu banco de reservas.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

É nesse contexto que entra a troca entre Dallas Mavericks e Boston Celtics, transportando Rajon Rondo, o último remanescente do título alviverde de 2008, para o Texas. Mesmo que o ataque orquestrado por Rick Carlisle em torno de um certo alemão de 2,13 m de altura que arremessa bem de qualquer canto da quadra fosse o mais eficiente da história da liga. Isso mesmo: até esta semana, o índice ofensivo de 115,9, segundo o Basketball Reference, seria maior do que qualquer Phoenix Suns da era Mike D’Antoni obteve. Ou que o Boston Celtics de Larry Bird. Ou que o showtime de Magic, Kareem e Jerry Buss. Sim: qualquer um.

Não era o bastante. Não com o clube texano posicionado entre as dez piores defesas da temporada, mais especificamente na 24ª posição, abaixo de times como Boston Celtics, Philadelphia 76ers, Phoenix Suns, Detroit Pistons, Charlotte Hornets e… Vocês entenderam, né? Então eles foram atrás de um armador reconhecido na liga como um grande marcador em sua posição, alguém que bota pressão no drible dos adversários e nas linhas de passe.

Acontece que, para aqueles mais ligados nas estatísticas avançadas (ou não), essa reputação não se justifica mais. De acordo com os números, aliás, o ex-astro do Celtics já não seria mais um atleta de elite, numa NBA abarrotada de excelentes armadores – Kyle Lowry nunca foi eleito para o All-Star Gagem, por exemplo.

Os pontos negativos apontados: Rondo não intimidou ninguém em suas últimas três campanhas. Seus oponentes convertiam arremessos acima de suas médias diante de seus longos braços. o Boston era melhor tanto no ataque como na defesa quando o atleta estava fora de quadra. O armador está acertando apenas 33% de seus lances livres, abaixo até mesmo de Andre Drummond e Mason Plumlee, um terror. Nas últimas três temporadas, o armador tem finalizado cada vez menos dentro do garrafão (2012-13: 36,3%; 2013-14: 32,6%; 2014-15: 31,5%, comparando com os 55,7% de 2008, o ano do título). Por que isso? Seja por receio de sofrer faltas e ir para os lances livres, ou por simplesmente não ter o mesmo arranque de antes, tenso sofrido uma grave lesão no joelho. Em sua carreira, ele acertou apenas 25,2% de até agora, e como isso vai funcionar ao lado de Monta Ellis, que converte apenas 30,4% de seus chutes de longa distância neste ano (e 31,8% na carreira?). Ellis também domina a bola em Dallas, sendo o atacante mais produtivo da liga em situações de pick-and-roll. Ter Rondo, que não ameaça ninguém no perímetro, não vai atrapalhar isso? E teria mais, mas o parágrafo já ficou gigante o bastante.


É quase um massacre, não?

Então quer dizer que o Dallas fez um negócio sobre o qual eles vão se arrepender prontamente?

Para os estatísticos, sim.

E aí temos um ponto bastante interessante: essa pode ser a segunda troca nos últimos dois campeonatos a contrariar sensivelmente aqueles mais apegados aos números, depois do sucesso obtido por Rudy Gay em Sacramento. (PS: os supernerds merecem um asterisco aqui, uma vez que o próprio Rudy Gay admitiu ter sentido, ouvido as críticas e mudado sensivelmente seu jogo na Califórnia.)

Rick Carlisle: mais um quebra-cabeça para ser montado por um técnico brilhante

Rick Carlisle: mais um quebra-cabeça para ser montado por um técnico brilhante

Mark Cuban, Donnie Nelson e Rick Carlisle obviamente estão atentos a tudo siso. O Mavs tem um dos maiores estafes administrativos nas operações de basquete da NBA. Considerando o sucesso que essa gestão teve nos últimos 15 anos, talvez o mais prudente seja confiar no que eles estão fazendo?

O primeiro e principal contraponto que eles e os defensores de Rondo poderiam fazer é que talvez o armador não estivesse lá muito empolgado em um time que não brigava por nada relevante. “Talvez”, só para colocar de modo educado, né? O consenso em torno de Rondo que ninguém vai discutir: que ele é um dos atletas mais enigmáticos/inteligentes/temperamentais/difícil-de-lidar-no-dia-a-dia da NBA. Por maior que fossem suas juras de amor aos leais torcedores de Boston, obviamente ele não foi o atleta mais determinado em quadra nessa temporada. Coração, concentração, empenho: ninguém ainda encontrou uma fórmula que dimensione esse tipo de coisa. “Ele queria sair, mas jamais iria dizer isso”, disse Kendrick Perkins, seu ex-companheiro de Celtics e talvez seu melhor amigo na liga.

Com o elenco experiente que Carlisle tem, eles acreditam que a personalidade singular do armador será devidamente assimilada. Que o ego não será um problema. E que, num time com aspirações sérias ao título, ele será outro atleta. Será o cara de dois anos atrás, quando, em 2012, liderou um envelhecido Celtics que levou o Miami Heat de LeBron, Wade e Bosh ao sétimo jogo de uma final de conferência inesquecível. “Ele é certamente o tipo de peça que pode render um campeonato”, disse Cuban. Algo com que o técnico Brad Stevens, do Celtics, parece concordar: “Sinto muito que tenhamos de enfrentá-los mais uma vez”.

Os dirigentes creem que, pela inteligência indiscutível de seu novo reforço, ele vai se encaixar tranquilamente no time, entendendo que se trata de uma estrutura complemente diferente da que tinha ao seu redor em Boston. “Não vou ficar dominando a bola assim. Um cara como o Monta precisa dela em suas mãos”, disse o veterano em sua entrevista coletiva de apresentação. “Vamos dizer para ele fazer o que sabe fazer, que é melhorar seus companheiros e envolvê-los. Ele é um guerreiro e um dos jogadores mais inteligentes na quadra. Daqueles que passa primeiro sempre, então acho que devemos curtir bastante jogar ao seu lado”, disse Nowitzki.

Apostam que um Rondo motivado significa um Rondo mais dinâmico e mais veloz,  contando que sua agilidade vai ajudar a amenizar os problemas de espaçamento ofensivo que seu arremesso deficiente proporciona. Além do mais, ele está substituindo Jameer Nelson. Ainda que o tampinha seja um arremessador muito mais gabaritado, combinando melhor com Ellis em teoria, já não tem punch para ser um armador titular na liga. Monta, em público, não manifestou preocupação e avalizou o negócio em conversa por telefone com Cuban: “O cara joga duro, não tem problema. Podem trazê-lo”.

Além disso, o próprio Carlisle tem se notabilizado em Dallas por sua capacidade de assimilar as mais diferentes peças e entregar um produto bastante coeso e perigoso em quadra. É um senhor treinador, daqueles que tira o melhor de cada um de seus atletas e procura amenizar, esconder suas deficiências.

Enfim, o Dallas já tinha um timaço, mas viu nessa negociação uma chance de dar mais um salto. Talvez estivessem incomodados com as cinco derrotas em suas únicas cinco partidas contra times posicionados na zona de classificação para os playoffs do Oeste. Essa conferência que empurra seus integrantes para o limite.

*   *   *

Carlisle já confirmou: Rondo estreia neste sábado contra o San Antonio Spurs. Tem melhor coisa que isso? E aqui fica o jabá: o Sports+, canal 228 da SKY, transmite a partida com exclusividade no Brasil. Estarei nos comentários ao lado do enciclopédico Ricardo Bulgarelli. Rafael Spinelli narra de forma sempre empolgante e bem-humorada.

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Jae Crowder, Jammer Nelson e Brandan Wright: de time que sonha com título a projeto de reformulação

Jae Crowder, Jammer Nelson e Brandan Wright: de time que sonha com título a projeto de reformulação

É curioso comparar as declarações pós-troca.

Danny Ainge, chefão do Celtics, disse que o fato de ter escolhido Marcus Smart no Draft deste ano não tornou uma troca de Rondo inevitável. Acredita que os dois poderiam conviver numa boa. “Nós claramente cedemos o melhor jogador nesta troca, e isso geralmente não é o que gostamos de fazer”, disse, bem mais amargo. O fato de Rondo virar um agente livre ao final da temporada foi o que mais pesou, obviamente. “Havia por certo essa incerteza sobre o que poderia acontecer no verão.”

Donnie Nelson, o número 2 do Mavs, afirmou que o time pagou um “alto preço”, mas que valia a pena. Cuban foi mais contundente, como de costume. “Queremos merecer seu desejo de continuar aqui. Vamos fazer tudo o que pudermos para mantê-lo. Rondo não prometeu nada, mas acredita que o Dallas tem um futuro brilhante pela frente e que espera que o time fique junto a longo prazo.

*   *   *

Se Rondo se encaixar perfeitamente com Dirk, Monta e Carlisle, o Dallas ainda vai ter um problema para resolver: Tyson Chandler precisa de ajuda. Aos 32 anos, ele pode não parecer tão velho, mas não podemos nos esquecer que ele foi um dos que pulou direto do high school para a NBA. Já está em sua 14ª temporada e, mesmo quando mais jovem, nunca foi tido como um ironman. Nos últimos dois campeonatos, ele disputou 121 partidas de 164 possíveis. Na atual campanha, tem média de 29,7 minutos, e seria prudente que essa quantia não fosse elevada de modo significativo, para preservá-lo para os playoffs. Sem Brandan Wright, no entanto, talvez não haja outra solução imediata para o técnico. De grandalhões no banco, ele terá de escolher entre Greg Smith, ex-Rockets, Charlie Villanueva, que não vai marcar ninguém, e o calouro Dwight Powell, que veio no pacote de Boston. É por isso que os nomes de Jermaine O’Neal (ainda indeciso sobre estender sua carreira) e Emeka Okafor (treinando por conta própria para entrar em forma, de olho num retorno no ano novo) já são especulados. São os dois principais alvos do clube.

*   *   *

Do lado de Boston, como ficam as coisas? O técnico Brad Stevens podem se apegar ao que dizem os números: que Rondo estava mais atrapalhando do que ajudando o time. Seria esse o argumento interno mais popular no clube, certamente. Além disso, Brandan Wright tem características que preenchem lacunas importantes em seu elenco: um pivô atlético que protege o aro e oferece bom complemento a Jared Sullinger e Kelly Olynyk. Tyler Zeller é quem pode rodar nessa. O espigão vinha numa temporada das mais produtivas da NBA e vale um texto um pouco mais detalhado, já que seu caso também abre uma boa discussão sobre o modo de se enxergar as estatísticas.

Acontece que Danny Ainge não está pensando em chegar aos mata-matas nesta temporada. Para ele, o mais interessante é descolar mais uma escolha alta de Draft em 2015, se conformando em tocar uma reformulação lenta, dolorosa, mas talvez necessária. Jeff Green e Brandon Bass são nomes que vão aparecer no HoopsHype mais e mais.

Agora, vale também acompanhar de perto a evolução de Smart. O armador revelado em Oklahoma State já é um defensor de mão cheia – uma raridade para um calouro. Seu arremesso cai mais que o de Rondo, mas ainda está em manutenção. Dependendo da quantidade de minutos que receber de Stevens, pode virar um candidato a novato do ano.


Troca de Rondo resulta na dispensa de Faverani. Na NBA, nada é garantido
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Giancarlo Giampietro

Carreira de Faverani pelo Boston durou 488 minutos em 37 jogos; marcou 164 pontos

Carreira de Faverani pelo Boston, por enquanto, durou 488 minutos em 37 jogos; marcou 164 pontos

Como jogadores, dirigentes e treinadores sempre falam: são negócios afinal, não?

O universo da NBA é muito complicado, cheio de armadilhas, que são intrínsecas ao jogo. O jogo como um todo, mesmo, muito mais os dados lançados fora de quadra, como Scotty Hopson pode muito bem assinalar. Assinar um contrato com um time da liga norte-americana pode ser o auge para a carreira de um atleta, mas não é certeza de nada. Quer dizer: dependendo do acordado, até rende uma boa grana. No que se refere a basquete, uma vez lá, você tem de se preparar para encarar uma competitividade extrema. Além disso, num cenário sempre volátil, também vai precisar de sorte.

O que faltou a Vitor Faverani. Nesta quinta-feira, sua passagem pelo Boston Celtics se encerrou, ao ser dispensado depois da fulminante troca de Rajon Rondo para o Dallas Mavericks. Como Danny Ainge recebeu mais jogadores (Brandan Wright, Jameer Nelson e Jae Crowder) do que mandou (Rondo e Dwight Powell), acabou ultrapassando novamente o limite de contratos permitidos pela liga (15). Sobrou para o pivô brasileiro, que ainda se recupera de uma segunda lesão no joelho.

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A transição de jogador relevante na Europa para peça complementar nos Estados Unidos geralmente é bem complicada. Splitter, Teletovic e, agora, Bojan Bogdanovic são alguns dos casos de gente badalada no Velho Continente que enfrentou sérios percalços ao migrar para a NBA. Para Faverani, que nunca chegou a ter o sucesso desse trio no princípio de sua carreira, não seria diferente. Já coloquei aqui os altos e baixos de seu primeiro ano na liga, que acabou encerrado por conta de uma lesão no joelho. Lesão que pediu duas cirurgias e olhe pôs numa posição muito difícil.

Uma pena. Seu talento e suas habilidades se encaixam com o sistema tático em voga na liga americana, já que não só pode proteger bem o aro como tem potencial para ser uma ameaça no perímetro. O próprio Danny Ainge já disse isso. Mas chegou uma hora em que os bastidores o atropelaram. O cartola precisava encontrar um novo destino para Rondo. Não é que ele duvide da capacidade do armador. O que pega é que ele vai virar agente livre ao final da temporada e, segundo a mídia de Boston, iria pedir um contrato máximo para renovar. Coisa de US$ 20 milhões, aproximadamente, e o clube não estava disposto a desembolsar tal quantia. Aí que o Dallas apareceu com tudo e venceu Houston Rockets e Los Angeles Lakers num breve leilão e levou o armador. Faverani acabou pagando o pato, mesmo que tivesse um salário garantido de mais de US$ 2 milhões.

Brandan Wright e Jae Crowder acabam forçando a dispensa de Faverani

Brandan Wright e Jae Crowder acabam forçando a dispensa de Faverani

O que vai ser do pivô de 26 anos? Caso não seja recolhido por nenhuma franquia em seu período de waiver, até sábado, imagino que um retorno para a Europa seja o mais fácil de concretizar – tem muito apelo mercado na Espanha, e aí seria uma questão de apenas averiguar se está tudo certo mesmo com o joelho e seguir em frente.

Por outro lado, ao que  parece, a ideia inicial é tentar mais alguma porta nos Estados Unidos, o que dá para entender. Inevitável que fique um pouco de frustração. Segundo um de seus agentes, Luis Martin, ele poderia até mesmo ser reaproveitado pelo Boston no futuro. É o que disse ao repórter Gustavo Faldon, do ESPN.com.br.

Sua dispensa aconteceu por circunstâncias bem diferentes, se compararmos com o que aconteceu com outro gigantão brasileiro descartado pelo Celtics, Fabrício Melo. Mais jovem, Fab foi draftado por Ainge, ainda muito cru, como uma aposta de longo prazo num elenco que ainda contava com Garnett e Pierce. O que ele mostrou em um ano de trabalho, dentro e fora da quadra, foi o suficiente para o dirigente abortar esse projeto bruscamente. O pivô foi trocado para o Memphis, chegou a acertar, ironicamente, com o mesmo Mavs, mas se viu fora da liga rapidamente. Nem no Paulistano conseguiu se manter, independentemente de seu potencial (se nos Estados Unidos já é difícil encontrar um cara de 2,13 m e ágil, imagine por aqui…). Pelo que entendo, aprontou fora da quadra.

Ainda que bem diferentes, as histórias de Faverani e Melo têm outro ponto em comum além do fato de terem sido relevados pelo Boston Celtics: como é difícil se manter na NBA. São casos que servem de alerta para qualquer garoto que espera chegar a esse eldorado, ainda mais depois do que ocorreu com Bruno Caboclo. A saída do garoto do Pinheiros direto para o Raptors acende uma fagulha, mesmo, nas revelações brasileiras. Não tem como. Se alguém, por ventura, conseguir replicar esse salto, é para se comemorar, mesmo, com orgulho. Só não dá para achar que a vida está feita, que a carreira está ganha.

Como disse Luis Martin a Gustavo Faldon: “Ele (Vitor) não entendeu nada. Estava falando com o técnico sobre voltar e de repente vem a troca. Todo mundo falando da volta dele, o Danny Ainge, mas daí venho a troca e muda tudo”.

Num campo em que a concorrência em quadra e os negócios são cruéis, a luta é contínua. Não sobra muito tempo para comemorar.

*   *   *

Num veículo brasileiro, a gente acaba se concentrando no impacto da negociação para um compatriota. Mas toda as partes envolvidas em qualquer negociação são afetadas.  Sabe o que Jameer Nelson estava fazendo quando soube que seria trocado para Boston? Comprando presentes de Natal para crianças de Dallas no shopping North Park, segundo Brad Towsend, repórter do Dallas Morning News.

* * *

Já Mark Cuban, o irrequieto dono do Dallas Mavericks, deu seu aval para a troca enquanto se preparava para participar da gravação do último programa de Stephen Colbert no canal Comedy Central. Colbert vai substituir o genial Dave Letterman na CBS.


NBA vê abismo crescer entre as conferências. Ou: o dia-dia brutal do Oeste
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Giancarlo Giampietro

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

Desfalcado, Spurs perde duas seguidas. Mais uma semana no Oeste

A discrepância de talento entre o lado do Atlântico e do Pacífico na NBA já vem de longa data. A cada temporada, porém, a distância parece mais acentuada, com a Conferência Oeste se tornando mais brutal mês a mês – o oitavo colocado, no momento, pode estar abaixo dos 50%, algo raro, mas os sete primeiros têm um aproveitamento assustador; além disso, é questão de tempo para OKC estar no azul.

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Vamos fazer aqui, então, um apanhado de episódios e dados para ver como é dolorosa a vida dos bandoleiros do Velho Oeste. As últimas rodadas serviram para evidenciar as dificuldades enfrentadas por seus integrantes. Que nos digam Z-Bo, Marc Gasol e o torcedor do Memphis Grizzlies em geral:

– Qualquer sequência de dois jogos em duas noites já castiga. Agora imagine a cabeça do técnico Dave Joerger e dos preparadores físicos da equipe quando se deram conta de que teriam pela frente o Golden State Warriors na terça-feira e o San Antonio Spurs na quarta? E se dissessem a eles que, na segunda partida, precisariam encarar tripla prorrogação? Eles estariam cansados só de pensar. Pois o Memphis batalhou e conseguiu duas vitórias seguidas impressionantes.

Claro que tudo poderia ser menos sofrido se eles não tivessem cedido o empate ao Spurs depois de aberta uma diferença de 23 pontos. Ao final da partida, o armador Mike Conley ria no vestiário em San Antonio dizendo que tinha dificuldade até mesmo para se vestir. “Estou tão cansado que não consigo nem abotoar minha camisa”, afirmou.

Ao menos ele estava sorrindo, né? Passando por esses testes, o Grizzlies tem hoje a melhor campanha se formos levar em conta apenas os confrontos internos do Oeste, com 14-2, contra 13-3 do Golden State?E o que dizer dos atuais campeões? Na véspera, eles haviam tomado uma surra do Portland Trail Blazers, também numa dobradinha para lá de ingrata – ainda mais considerando a viagem de volta de Portland para casa.

Por essas e outras que, apesar dos reveses nessa ocasião, não há como contestar a estratégia precavida de Gregg Popovich comDuncan, Manu e seja lá mais quem for. Seu time, que preservou os dois veteranos e Splitter em Portland e não contou ainda com Parker e Kawhi na volta, perdeu ambas? Paciência. Ao menos exigiram do Grizzlies – que não tinha Tony Allen, é verdade – ao máximo que puderam, e os adversários já tiveram de disputar seis prorrogações desde sexta-feira..

A corrida é longa demais e desgastante. Ainda mais para quem está no Oeste. Ao conferir a tabela, raríssimos jogos parecem fáceis. Daí a quantidade de cartões de Natal que as diretorias de Wolves e Lakers têm para receber, com carinho, nesse Natal que se aproxima. Só foi mais uma semana no Oeste Selvagem, gente.

– Já não faz mais sentido falar em “topo da Conferência Oeste”. Com as duas derrotas, o Spurs caiu para sétimo. Mas com 17 vitórias e 9 derrotas. Juntos, os sete primeiros colocados têm um recorde de 128 triunfos e 42 reveses. Isso dá absurdos 75,9% de aproveitamento. É uma outra classe de competidores, e com muita gente nessa briga. Ter mando de quadra será importante. Por outro lado, parece já não haver mais diferença entre ficar em sétimo ou oitavo. Vem pedreira de todo jeito. O importante é apenas se classificar para os playoffs.

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Klay x Gasol e Z-Bo: os melhores no Oeste e contra o Oeste

– Seis equipes do Oeste sustentam aproveitamento superior a 70%. Golden State e Memphis estão na casa de 87,5 e 84%. No Leste, são três acima de 70%. O aproveitamento geral dos oito primeiros do Leste é de 120-79, ou apenas 60,3%. Phoenix (9º), Oklahoma City (10º) e Sacramento (11º) estariam hoje na zona de classificação para os mata-matas no Leste. Os dois primeiros teriam o suficiente para ocupar a sétima posição. O Kings seria o oitavo Líder do Leste, o Raptors seria o quarto no Oeste, empatado com o Portland Trail Blazers. Oitavo colocado, fechando a zona de classificação para os playoffs, o Brooklyn Nets seria o 12º do outro lado.

E nem mesmo essas classificações hipotéticas seriam justas, uma vez que não podemos esquecer a composição da tabela da liga. No geral, numa tabela de 82 partidas, 52 delas são intraconferência. Em ascensão, o New Orleans, por exemplo, enfrenta quatro vezes na temporada os quatro rivais duríssimos da Divisão Sudoeste. O Nets só vai jogar duas vezes contra cada um deles – são oito complicadas partidas a menos em sua contagem, no final.

– Por isso, o mais correto é se concentrar nos números interconferências. E aí o que temos? Por ora, 91 vitórias e 48 derrotas para o Oeste.  Um aproveitamento de 65%). Essa é a maior disparidade da história da NBA, superando os 60% a favor do Leste no longínquo 1960, com o qual não se pode comparar nada, na verdade. Desde a fusão com a ABA, a maior diferença nesse embate foi de 56,7% para o Oeste. Adivinhe quando? No ano passado. Nos últimos três campeonatos, aliás, o hiato só cresceu.

– Apenas dois times do Leste têm mais vitórias do que derrotas contra o Oeste, justamente os primeiros colocados Toronto (7-2) e Washington (6-1). Por outro lado, Philadelphia (em 11 jogos), New York (10 jogos) e Charlotte (12 jogos) venceram apenas uma vez. O Warriors está invicto contra o Leste, com oito triunfos, assim como o Rockets, com seis. Só três times ocidentais mais perderam do que ganharam contra os orientais. Um deles é o Sacramento Kings, com 2-3. Seus três tropeços, no entanto, aconteceram sem a presença de DeMarcus Cousins.

Raptors de Valanciunas precisou de prorrogação para vencer o Denver, em casa

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– Aliás, o Kings… Ah, o Kings… Que acabou de demitir mais um treinador, mesmo ainda estando no páreo por uma vaguinha nos playoffs, sem contar com Boogie pelas últimas dez partidas. Claro que a queda de Mike Malone teve muito mais a ver com uma insatisfação interna do magnata Vivek Ranadive e seu gerente geral Pete D’Alessandro com o estilo de jogo da equipe. Mesmo assim: se Sacramento fosse digamos, a capital do Maine, e, não, da Califórnia, provavelmente Malone ainda estaria empregado hoje, com resultados bem melhores, independentemente do basquete praticado.

– Até o Lakers, minha gente, ganhou mais do que perdeu nessa história. Em sete partidas contra rivais do Leste, somou quatro vitórias. Nas demais 18? Perdeu 14. Em rendimento, isso dá uma diferença de 57,1% para 22,2%. Byron Scott vai muito bem se apegar a este número para dizer que faz, sim, um bom trabalho.

– A diferença entre Oeste e Leste se acentuou, mesmo, na década passada. Nesse período, o último ano que a turma oriental venceu mais foi em 2009, e no sufoco : 50,5% x 49,5%. Isso está dentro da margem de erro, não?  Piora: desde 1990, o Leste saiu com mais vitórias em apenas seis temporadas (1993, 96, 97, 98, 99 e 2009), com uma bela forcinha do Chicago Bulls de Jordan, Pippen e Mestre Zen.

– Segundo levantamento do bíblico Zach Lowe, do Grantland, pelo menos um time de loteria do Oeste (fora dos playoffs, isto é) teve sempre uma campanha melhor que a do oitavo do Leste em média. Ou: o nono colocado do Oeste terminou com campanha melhor que 2,5 dos times do Leste desde 2003.

É... perder para um time do Leste, em casa, causa esse tipo de dor. Bucks bate Suns no último chute

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– Por essas e outras que, quando um Phoenix Suns perde para Detroit e Milwaukee em casa, está praticamente dizendo adeus aos mata-matas, ainda que se tenha um extenso caminho pela frente. Para complicar, o time do Arizona também venceu apenas um de seus seis jogos decididos por três ou menos pontos. Hoje, parece que só mesmo uma nova grave lesão vá impedir que o Oeste repita os oito melhores da campanha passada. Desta forma, há um crescente clamor nos Estados Unidos para que a NBA revise seu sistema de emparelhamento nos playoffs. Que saia de cena o sistema de oito-para-cada-lado e entrem os 16 melhores times, independentemente da localização geográfica.

“Isso precisa ser estudado. Estou chegando a um ponto bem próximo de achar que simplesmente precisamos de uma mudança. Já está na tela do radar da liga agora”, afirmou Robert Sarver, proprietário, claro, do Suns. A declaração aparece em uma bela análise de Lowe sobre essa situação. Seu time é aquele que foi eliminado no campeonato passado com 48 vitórias.

Essa ideia de posicionar os 16 melhores seria a mais simples de se efetuar, mesmo, embora não corrija as “injustiças” do calendário, por ora, bem mais fácil de que a rapaziada do Leste desfruta. Mas as mudanças são sempre complicadas de se fazer num sistema que está em operação há mais de duas décadas. Quaisquer que sejam.Isso envolve dinheiro (o faturamento dos playoffs), meus amigos, e aí a gente já sabe… E não só isso: as regras em prática na liga estão todas interligadas, como Lowe sempre faz questão de nos lembrar. “Todo item do ecossistema da NBA está ligado os outros: se você mudar uma parte, estará mudando todas, às vezes por acidente”, escreveu.

Se for para ter mudança, não será com o campeonato em andamento. As regras continuam, o que representa um tremendo desafio para a fração ocidental da liga.  Como já escrevi na ficha de apresentação do Suns para esta temporada: no Oeste, não basta ser bom. Precisa ser excelente. E que os jogadores e treinadores se preparem para mais prorrogações, drama e eventuais decepções. Vai ser difícil de abotoar camisa, mesmo.