Vinte Um

Arquivo : julho 2012

Parker vence Ginóbili em duelo estranho para os velhos parceiros de Spurs
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, protegido por óculos

Antes do bola ao alto, os dois não trocaram muitas palavras em quadra, não. Um rápido cumprimento, e cada foi para o seu lado. Durante o jogo, o argentinu narigudo falou que era um pouco “estranho” nos primeiros minutos quando ele se via torcendo contra uma cesta do companheiro galanteador francês, que fez questão de deixar claro: “Não estava desejando que ele errasse”. E assim foram os dois velhos comparsas, Manu Ginóbili e Tony Parker, parceiros há dez anos pelo San Antonio Spurs, que se falaram com mais atenção ao final da partida.

Cada um deles é essencial para sua seleção. Em termos de rendimento individual, Ginóbili teve uma atuação superior, com 26 pontos e 5 rebotes em 35 minutos. Bem marcado, Parker marcou 17 pontos em 30 minutos, convertendo apenas quatro cestas de quadra em 17 tentativas (mais nove lances livres). No quarto período, no entanto, anotou oito dos 12 pontos finais de sua equipe.

No embate maior, entre Argentina e França, o armador, ainda protegido por seus óculos especiais, depois de atingido durante uma briga gigante entre dois astros do hip-hop, levou a melhor, e os Bleus, com a vitória por 71 a 64, deram um importante passo para se posicionar com a segunda colocação do Grupo A, atrás dos Estados Unidos.

O que isso significa? Se o Brasil terminar em segundo em sua chave, pode realmente marcar um clássico derradeiro contra a Geração Dourada argentina nas quartas de final (desde que os EUA não se atrapalhem de algum modo, que a França bata a Lituânia e que a seleção de Magnano não perca para a China, claro). Imagine a tensão no ginásio.

PS: pela França, estão em ação outros dois jogadores do Spurs: Boris Diaw, que renovou seu contrato, e o ala-armador Nando De Colo, recém-contratado após temporadas de desenvolvimento na Liga ACB, pelo Valencia. Ele possui algumas características parecidas com as de Ginóbili e, no próximo campeonato, deve assimiar um macete ou outro do veterano. 

PS2: Outro francês que poderia ser um Spur era o ala Nicolas Batum, talentosíssimo. No ano em que foi draftado pelo Blazers, em 2006, as más línguas asseguram que o clube de Portland descobriu a intenção dos texanos de selecioná-lo e, então, orquestraram uma troca para escolher o ala uma posição antes. Gregg Popovich ficou feliz que só…


Com mais sufoco, seleção vence a 2ª, encaminha vaga, mas ainda segue aquém de seu potencial
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha. Ufa

Vocês queriam Olimpíadas? Então toma.

Melhor do que lamentar a ausência da seleção brasileira masculina em Londres-2012, é sofrer com os caras até o final? Por enquanto, vai desse jeito, mesmo.

Contra a Grã-Bretanha, equipe de Magnano mais uma vez não jogou bem no ataque, não encheu os olhos de ninguém – patriotada você não acha aqui, não –, mas sobreviveu com sua forte defesa contra um adversário bem inferior tecnicamente. Os britânicos acumularam 19 erros e converteram horrendos 38,9% nos arremessos.

Então a boa notícia fica sendo esta: duas vitórias em duas rodadas e a classificação muito bem encaminhada, mesmo que no sufoco. Basta mais um triunfo em três jogos para assegurá-la.

Que mais tem nessa linha?

– Nunca vi Leandrinho defendendo com tanta entrega, determinação e inteligência assim. O ligeirinho foi muito mal no ataque no começo de jogo, mas segurou seu ímpeto nos quartos seguintes e deve estar morto agora de tanto correr atrás de Luol Deng. Repararam? O ala do Chicago Bulls, faz-tudo dos britânicos, passou diversas posses de bola sem nem participar do ataque porque o brasileiro se colocava na frente da linha de passe de maneira insistente. Foi um desempenho fundamental para suprir a ausência de Alex, afastado por faltas.

Alex segura Luol Deng no rebote

Deng teve problemas contra Alex e Leandrinho

– Marquinhos ganhou seu merecido espaço na rotação e foi uma força estabilizadora para o ataque brasileiro a partir do terceiro período. Pode ter cometido dois turnovers nos minutos finais do quarto período, pisando na linha lateral, mas o segundo deles foi mais pelo passe na fogueira de Nenê. De resto, acompanhado de Larry ou Huertas, o ala ajudou a equipe a cadenciar um pouco a partida (mesmo chutando 3/10(, passando mais a bola e também partindo para dentro para quebrar a defesa britânica. Seus números de 8 pontos, 4 rebotes e 2 assistências não contam exatamente sua importância no embate.

– Larry também conduziu bem o jogo no segundo quarto, dando um descanso providencial para Huertas. Foram nove minutos nada brilhantes, mas consistentes. E é disso que precisamos vindo de nosso armador reserva. (Raulzinho, em compensação, deve demorar para retornar.)

– Tiago Splitter teve um jogo de “sai, uruca”. Soube se posicionar bem no garrafão e foi devidamente municiado por Huertas no segundo tempo para terminar a partida como seu cestinha 21 pontos, com várias bandejas.

Essa foi a parte positiva da coisa, para se construir em cima.

Deve-se aplaudir a eficiência do time para segurar ótimos jogadores como Luol Deng e Joel Freeland. Mas que fique bem claro: eles não são os adversários mais qualificados que enfrentarão daqui para a frente se estiverem pensando realmente em pódio. Se Pops Mensah-Bonsu causou problemas em determinados momentos, que fiquemos beeeem ligados quando estiverem do outro lado Pau Gasol, Juan Carlos Navarro, Manu Ginóbili, Luis Scola, Sarunas Jasikevicius, Nicolas Batum, Andrei Kirileko, e… Ficamos por aqui, ok?

Em duas partidas, para somar duas vitórias, o Brasil enfrentou dois quintos da parte mediana da tabela. Nesse nível, ainda falta a China. Mas com uma terceira rodada diante da Rússia e a quinta contra a Espanha, o torneio vai apertar.

Contra times deste porte, não dá para marcar apenas quatro pontos num quarto. Não dá para repetir a atuação do primeiro tempo de modo algum. Haja “nervosismo” até lá para dar conta disso. Pressão existe em todo jogo olímpico? Se assim a seleção permitir.

Enterrada de Nenê

Um dos três “chutes” de Nenê no jogo

Acertar apenas três chutes em 22 tentativas de longa distância é algo que deve ser riscado de qualquer caderninho técnico. E dessa vez a sangria toda não tem o álibi chamado Marcelinho Machado, limitado a apenas dois minutos de ação.

Precisa realmente demorar mais de dez minutos de jogo, numa segunda rodada olímpica, para entender que nosso ataque funciona muito melhor quando se busca a infiltração? A partir do momento em que Huertas, Larry e Marquinhos “colocaram a bola no chão”, se assentaram em quadra, os pontos de Splitter começaram a surgir. No segundo tempo, quando este passou a ser o padrão ofensivo, marcamos 40 pontos, 13 a mais do que na primeira etapa.

Então ficamos assim momentaneamente: um ataque avariado sustentado por um empenho defensivo pouco visto na história deste país, contra adversários fortes, sólidos, mas não os mais temerosos de toda a competição.

Vamos vencendo sofrendo, valendo os mesmos pontos na classificação, mas, para cumprir qualquer que seja o nosso potencial, falta muito.


Seleção feminina cai em jogo vencível, perde chance em grupo aberto e se complica
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Giancarlo Giampietro

Quando foi divulgado o grupo olímpico da seleção brasileira feminina em Londres, todo mundo torceu o nariz. Danou-se.

Austrália? Vixe.

Rússia? E precisava?!

França? Só para afundar de vez.

Avançamos para hoje, finalzinho de julho, torneio rolando, e as coisas realmente estão complicadas para as meninas, com duas derrotas em duas rodadas. Mas não exatamente do modo como se imaginava.

Érika precisa de ajuda

A produção de Érika não foi suficiente para a seleção feminina agarrar suas chances

Primeiro na parte que não depende dos nossos esforços: a Rússia sofreu, mesmo, para derrotar o Canadá na estreia, virando o jogo no finalzinho. A Austrália, considerada a segunda força do torneio, perdeu hoje para a França. Era para estar tudo embolado, e o Brasil com uma boa chance. Mas a equipe não estava preparada para agarrá-la. A seleção teve dois jogos bem vencíveis contra francesas e russas e não conseguiu aproveitar.

Nesta segunda, ok, só lideramos o placar por um pontinho durante 18 segundos, 32 a 31, de 7min50s a 7min32s. Enão não é que o jogo esteve na mão e foi atirado fora. Elas, diga-se, venceram os quatro quartos.

Então talvez seja falsa essa impressão, admito: mas, durante vários trechos do confronto, parecia de que dava, sim para sair com a vitória. Afinal, a menos de seis minutos de jogo, as europeias estavam apenas a dois pontos de distância, após uma cesta de Damiris (53 a 51).

O problema é que, dali para a frente, as brasileiras novamente entrariam em colapso. Fariam apenas mais oito pontos, quatro deles no último minuto quando o jogo já estava decidido, enquanto as russas, sem balançar a cesta neste mesmo minuto final, fizeram o dobro de pontos, terminando por vencer por 69 a 59.

O Brasil cometeu mais dois erros e permitiu quatro rebotes ofensivos e um aproveitamento de quatro cestas em sete arremessos para as adversárias, sendo duas dessas bolas de três pontos. Um rendimento superior a 50% para uma equipe que havia convertido apenas 35% de seus chutes até ali (20 de 57). Gente, olha o baixo nível.

Mas, se preferir, dá para dizer que o jogo foi entregue, mesmo, pelos atrozes 15 desperdícios de bola cometidos no primeiro tempo – dos 20 no total. Escolha a sua.

*  *  *

Adrianinha foi mal contra a Rússia

Adrianinha não cuidou da bola contra Rússia

Preocupa, muito, o desempenho ofensivo anêmico  da seleção brasileira. São diversos os momentos em que as jogadoras param de mexer a bola de um lado para o outro, se perdendo em dribles, tropeços, faltas ofensivas e chutes forçados. Como nesses cinco minutos finais contra as russas, em que essa sequência, os quatro pontos derradeiros de Érika, quando já perdíamos por 14 pontos, o time conseguiu apenas duas cestas: umavcom a pivô e outra com Chuca.

Em duas rodadas, a equipe de Tarallo vem com aproveitamento de apenas 38% nos chutes de dois pontos e 29% de três. No geral, converteu 43 em 120 arremessos, bom para 35,8% de mira. Argh. Além disso, foram cometidos 35 turnovers. Aaaaargh. Não há defesa combativa que dê conta de suportar um ataque desses.

Falta mais criatividade nos movimentos brasileiros. Precisam encontrar mais (sim, mais!) alternativas para abastecer Érika. Mas, principalmente, falta aproveitar melhor as qualidades de Damiris, que está jogando muito distante da cesta. Ela pode cortar para dentro? Pode. Mas nas duas primeiras partidas isso pouco aconteceu e, seu chute de média distância, que era para ser um diferencial, virou a única bola disponível, aparentemente. O técnico precisa desenhar algo que deixe a ala-pivô mais confortável em quadra. Érika precisa de ajuda.

*  *  *

É um mistério: já dissemos aqui há alguns dias que o Vinte Um andava distante do basquete feminino. Então alguém por aí sabe dizer o que acontece com a ala-pivô Franciele? Fisicamente, ainda é a mesma jogadora. Mas aonde foi parar aquela volúpia ofensiva, aquele jogo dinâmico? De novo: Érika precisa de um reforço urgentemente.

*  *  *

As médias de Érika em duas partidas por enquanto são de 16 pontos, 11 reboes e dois tocos, com 50% de quadra e 73% nos lances livres.

*  *  *

Pelo que vi nas prévias olímpicas, apenas Paulo Bassul, justiça seja feita,  deixou no ar que talvez a França fosse o time mais forte, mesmo, da chave. E ele disse hoje de novo: “Não foi surpresa nenhuma”. Nesta segunda, o time sobreviveu a uma bola milagrosa de Belinda Snell da metade da quadra, se aguentou na prorrogação e venceu por quatro pontos, tendo usado seu talentoso garrafão para estourar Lauren Jacson e Liz Cambage com cinco faltas.


Alguém precisa se candidatar a herói olímpico?
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Giancarlo Giampietro

Vai cair, Leandrinho?

E vai cair?

Imagino que muita gente que frequenta estes aposentos um tanto esculhambados – o Vinte Um, que fique claro, e não a casa maior, sempre azeitada – deva também dar suas bandas por vizinhanças muito mais  glamorosas, como o ESPN.com americano. Lá, a galera deve ter tido contato com o blogueiro Henry Abbott, do True Hoop, que já fez a alegria e a fúria de muitos leitores com uma cruzada particular contra Kobe Bryant.

Não é exatamente um ataque pessoal contra o astro do Lakers, mas ele não deixa de dar suas estocadas no ala quando critica a cultura do que chama de “hero ball’ na NBA. Aquela coisa de, nos minutos finais de uma partida, abrir mão de qualquer sistema para que a bola fique isolada em um canto da quadra com a superestrela de cada equipe, que teria carta branca para decidir e matar o confronto – ou não.

Abbott resolveu fazer um extenso levantamento sobre o aproveitamento de Kobe nos minutos finais em lances decisivos para, supostamente, desconstruir o mito em torno do cestinha, que seria considerado o principal predador da liga nesse tipo de ocasião. De acordo com seus números, ele não seria nem o melhor, nem um dos cinco melhores, nem um dos 20 melhores. Sinceramente, dá preguiça de ir além no assunto: acho que as coisas não são podem ser julgadas só pelo mero aproveitamento de qualquer atleta. Precisa ver como foi cada chute e em que contexto ele aconteceu. A discussão vai longe – por que o capitão do Lakers seria, então, ainda, um dos jogadores mais temidos da liga, por atletas, técnicos e cartolas?

Mas todo esse preâmbulo serve para nós falarmos de seleção brasileira. E se o tema é “hero ball” e a equipe nacional, já dá para sacar aonde estamos chegando, né?

Leandrinho e os minutos decisivos da estreia contra a Austrália.

Com cerca de dois minutos para o fim, por duas posses de bola seguidas, o Brasil se contentou em entregar a bola nas mãos de Leandrinho para deixar que o ala resolvesse a parada. Leandrinho seria o herói da vez. E não dá para concordar com isso.

Kobe Bryant no último segundo

Se nem Kobe pode… Vai quem?

Se há gente que conteste esse tipo de armação até mesmo para um Kobe – ou um Ginóbili, um Gasol, um Tony Parker –, não posso nem arriscar os impropérios que o Mr. Abbott soltaria diante da ocasião em que o até agora desempregado Leandrinho decide/é colocado para jogar contra a rapa.

Não que ele não tenha condição de criar algo: o ala tem um bom chute de três pontos e ainda parte para a cesta com um primeiro passo explosivo acima da média. O problema é o que acontece no meio do caminho. Invariavelmente, o ligeirinho toma decisões equivocadas com a bola, esbarrando em postes no garrafão ou queimando bolas de três pontos absurdas de forçadas, como fez neste domingo, com pouco menos de 50 segundos para o fim e sua equipe vencendo o jogo por quatro pontos.  Foi um chute que me remeteu na hora para 2007, em um daqueles fatídicos duelos Brasil x Argentina no Pré-Olímpico de Las Vegas, no qual ele ignorou o corta-luz de Nenê para chutar a uns bons oito metros de distância. Saiu uma tijolada desgovernada.

Então, se não for ele, vai quem?

Acho que não há resposta para essa pergunta. Na real, ela nem deveria ser feita.

A equipe brasileira tem um ótimo elenco, com muitos jogadores competentes para executar diversas tarefas, mas o que não temos é este sério candidato ao “hero ball”. Então, em vez de contar com anomalias, o recomendável talvez seja partir para quadra com um cenário em que Huertas e Magnano pudessem determinar qual a melhor opção para aquele momento. Tudo vai depender do rival, sua quantidade de faltas individuais e coletivas, quem do seu lado está com a mão quente e outras tantas alternativas. Tudo de acordo com o que o jogo propõe, mas baseado em ações em conjunto.

É muito mais razoável do que tentar glorificar ou crucificar um só atleta.

Leandrinho, no caso.

*  *  *

O mercado da NBA já deu uma bela esfriada, e até agora não há sequer um rumor lá fora que envolva Leandrinho. Muitos jogadores de sua posição já se arrumaram. Caras como Ray Allen, Eric Gordon, Shannon Brown, OJ Mayo, Courtney Lee, Jason Terry, Randy Foye, Lou Williams, Ronnie Brewer, Nick Young etc.

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Batendo na mesma tecla: o veloz ala rende muito mais quando envolvido em movimentações em que receba a bola em boas posições para dar o bote. Depois de um corta-luz, um corte por trás o marcador etc., a coisa funciona muito melhor do que simplesmente isolá-lo na quadra para que crie algo por conta. Recebendo a bola em movimento, a caminhoa da cesta, ele pode usar sua explosão com muito mais eficácia, para passar pela defesa como um legítimo “Vulto Brasileiro” (seu apelido na liga em 2006, 2007 e agora esquecido). Próximo da cesta, seu aproveitamento é bem superior ao de média para longa distância.


Em estreia olímpica, Marcelinho queima tudo de três pontos e pivôs são subutilizados
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Giancarlo Giampietro

 

Como costuma dizer o vizinho Bala, “é até chato” repetir isso aqui, mas não tem como evitar.

Sobre o Marcelinho Machado, que jogou por 15 minutos contra a Austrália e tentou dez arremessos.

Pior, aquele mesmo causo de sempre: oito desses dez tiros foram de três pontos, tendo convertido apenas um. Descontando Machado, a seleção foi bem comedida e arremessou apenas sete vezes de longa distância: três com Leandrinho, duas com Huertas, que não acertaram nenhuma,  e mais duas de Alex, que matou a primeira).

Nenê contra australianos

Enquanto Marcelinho não se cansa de chutar, as trombadas de Nenê são pouco recompensadas

Marcelinho só livrou a cara nessa, em termos de resultado, porque os australianos foram ainda mais teimosos e incompetentes no perímetro externo (com apenas 4 cestas em 22 arremessos, 18%). Patty Mills chutou nove bolas de três e matou apenas uma. Joe Ingles: 1/4. Brad Newley: 0/1. Matt Dellavedova: 0/2. Matt Nielsen: 0/1.  David Andersen: 2/5 (as duas em reação no quarto período, diga-se).

Apenas dois jogadores brasileiros chutaram mais que Machado na partida de estreia: Huertas (12) e Leandrinho (15). Mas… para comparar de modo justo: Huertas ficou em quadra por 32 minutos. Leandro, poor 25 minutos.  A média de chutes por minuto do flamenguista, então, estoura.

O que o veterano fez hoje em quadra para justificar um tempo maior de quadra do que recebeu Marquinhos (limitado a 11 minutos)? Bem, não foi rebote (zero), assistência (necas) e roubo de bola (nada). Hmm… Não sei, então.

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Nenê jogou 20 minutos e encestou quatro de seus seis arremessos. Varejão foi ainda mais produtivo: em 25 minutos, matou seis em sete. A dupla som ou 22 pontos extremamente eficientes, então. Por que diabos não usá-los mais? Qual a dificuldade?

Principalmente quando Splitter não estava bem em quadra, com oito erros em dez tentativas de quadra, muitas delas mal posicionadas, com ganchos da cabeça do garrafão no estouro do cronômetro – nessa ocasião, porém, a culpa não é sua de sobrar com a batata quente na mão.

 


Vitória importantíssima para a seleção na estreia. E por que acharam que seria fácil?
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Giancarlo Giampietro

Seleção vence a Austrália na estreia olímpica

15 pontos e 10 assistências para Huertas na estreia sofrida

Quem falou que ia ser fácil?

Compreensível que se demonstre confiança em torno da seleção e era difícil, mesmo, segurar a euforia. Afinal, o time voltava a uma Olimpíada após 16 anos e vinha bem nos amistosos.

Mas… Daí a menosprezar a Austrália? Não se justifica.

Eles têm gente de NBA, atletas na elite da Europa há tempos – David Andersen é um dos jogadores mais bem remunerados no nível Euroliga por cinco ou seis anos já –, pivôs fortes, um técnico muito competente e um cestinha tão ou mais qualificado do que qualquer jogador brasileiro (Mills hoje tem muito mais facilidade para pontuar em jogadas individuais do que Leandrinho e Splitter, inegável).

O Brasil pode estar muito bem, ser considerado um favorito ao pódio, mas isso não servia para desqualificar nosso adversário de estreia.

Tivemos de ganhar o jogo, por  75 a 71. Não entramos com a partida já liquidada.

*  *  *

E, para quem perdeu a hora, como foi?

Bem, um primeiro quarto tenso. Huertas pressionado, chutes forçados, transição australiana funcionando, mas conseguimos apertar as coisas no final do primeiro quarto, ficando um pontinho atrás apenas. O segundo quarto seguiu travado, com os brasileiros dessa vez terminando com o pontinho na frente.

No terceiro quarto, por cinco, seis minutos, a seleção enfim apresentou um basquete de acordo com o que havia praticando nas últimas duas semanas. Em vez de atuar como presa, foi o time que optou por caçar os adversários, forçando sete desperdícios de posse de bola, enfim conseguindo sair de modo organizado no contra-ataque. Abriu 13 pontos de vantagem.

E aí veio algo inesperado: podemos esperar algumas bobagens aqui e ali de Leandrinho com a bola, uma falta de ataque mal marcada pelo árbitro, 300 chutes forçados de Machado, mas não estávamos preparados, não, para um equívoco sério de… Magnano!

O argentino fez um favorzão aos Aussies ao sacar o quinteto brasileiro em sua íntegra, justamente quando o time estava em alta. Em três minutos, a diferença já estava na casa  de cinco pontos. Não era hora para colocar o Caio, che.

Entendeu, Leandro?!?!?

Magnano dá aquela bronca em Leandrinho, mas dois cometeram erros graves na partida

Uma vez com o núcleo Huertas-Leandrinho-Nenê em quadra para iniciar o quarto final, voltou o respiro no placar. Não que tenha de ser obrigatoriamente desta forma daqui até o final do torneio. Não vai ser necessariamente com esses que o Brasil vai render seu melhor – quer dizer, no caso do armador, sim. Mas cada jogo tem sua história e, contra os australianos, o físico e a disciplina de Nenê foram muito mais eficazes.

Na metade do quarto final, porém, duas bolas de três convertidas por David Andersen voltaram a mexer com a partida. De repente, o placar voltava para a casa de cinco pontos, caminhando para o os minutos decisivos daquele jeito que cardíaco não gosta.

Um jogo parelho, dois minutos no cronômetro, e o que fez a seleção? Colocou a bola nas mãos de Leandrinho. No primeiro ataque, o ala fez tudo direitinho: gastou a posse de bola, encontrou uma brecha na defesa, bateu para dentro e descolou a falta de Andersen e dois lances livres. Tudo de acordo com o script, levando o placar para 73 a 67.

Muito bom para ser verdade?

Parece que sim.

Nas duas posses de bola seguintes, Leandrinho tentou uma descabida e egoísta bola de três pontos (com 52 segundos no relógio e vantagem de quatro pontos…) que a gente já viu acontecer diversas vezes. Inexplicável, mesmo.

Do outro lado, Mills errou seu disparo de longa distância, e o ala brasileiro voltou a se precipitar. Tentou acelerar para um contra-ataque, foi de ombro em direção a Joe Ingles e cometeu a falta de ataque. O lance até pode ser discutível, mas não haveria bate-boca se o brasileiro não tivesse se colocado naquela posição. Faltavam 44 segundos, não era hora de correr com a bola.

Leandrinho acabou excluído, e Machado entrou em seu lugar. O veterano ala, em sua primeira Olimpíada, ficou caçando borboletas na defesa e permitiu que um Ingles livrinho da silva, cortando pela porta dos fundos :), fizesse a bandeja e diminuísse para dois pontos o placar.

Foi aí que a sorte deu uma ajudinha.

Huertas controlava o jogo, gastando tempo até chamar um corta-luz impecável de Splitter, desmarcando o companheiro. O armador entrou no perímetro interno e faria um perigoso passe quicado para a zona morta. No meio do caminho, porém, a bola bateu no pé de um australiano e morreu, com nove segundos no relógio. Resultado: os brasileiro ganharam alguns segundinhos preciosos para atacar, exigindo que os oponentes fizessem a falta.

E, gasp!

Foi por um triz que Mills não roubou a bola, antes de cometer a falta em Huertas. O armador acertou os dois lances livres.

Vitória na estreia? Sim, e ufa. Mas, de novo: com o jogo jogado.


Não dá para viver só de Érika numa Olimpíada
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Giancarlo Giampietro

Enquanto Érika pôde e conseguiu jogar contra as francesas, a seleção brasileira estava muito bem, obrigado. Depender, porém, excessivamente, exclusivamente de uma única opção ofensiva não pode. Dá nisto: após uma primeira etapa empatada em 34, a França venceu a segunda metade com facilidade para fazer um placar de 73 a 58 no final.

Com um elenco volumoso, especialmente um garrafão muito versátil, o técnico Pierre Vincent levou um tempo, uns 20 minutos, mas voltou do intervalo preparado e determinado a segurar a superpivô brasileira.

Érika encara forte marcação no segundo tempo contra a França

Érika encara forte marcação no segundo tempo contra a França

As linhas de passe para a jogadora foram obstruídas. Ágeis e compridas defensoras a vigiavam de perto e, mais tarde, a força-bruta Isabelle Yacoubou foi acionada para trombar com a adversária, sem precisar de ajuda.

Érika passou a encarar sérias dificuldades para se posicionar ou receber qualquer bola no garrafão e, afastada da cesta, ela está longe de ser uma jogadora produtiva e eficiente, cometendo muitos erros na tentativa de fazer o passe por cima de suas marcadoras.

Em números: no primeiro quarto, a pivô anotou nove pontos. No segundo, quatro. No terceiro, mais quatro. E ficou por aí, somando 17. Por outro lado, depois de ter cometido apenas um turnover em todo o primeiro tempo, ela acumulou cinco na segunda etapa. No total, teve mais desperdícios de bola (seis) do que rebotes (quatro)

Sem essa – única mesmo, gente? – alternativa, o ataque brasileiro descarrilou. Faltou criatividade e movimentação fora da bola para tentar gerar bons arremessos. A equipe anotou apenas nove pontinhos no quarto final, três deles quando a derrota já estava decidida. Entre uma cesta de média distância de Silvia Gustavo aos 7min46s e dois lances livres convertidos por Clarissa aos 2min25s, o Brasil passou mais de cinco minutos sem pontuar, estacionado nos 54.

Desequilibrado ofensivamente, cada vez pressionado na partida, o time também perdeu o controle na defesa, permitindo um alto aproveitamento de quadra para as francesas: 50% nos tiros de dois pontos e três pontos. Difícil sobreviver assim, ainda que tenham forçado, no geral, 19 bolas perdidas das adversárias, um ótimo número, que foi construído quarto a quarto, depois de terem terminado a primeira parcial abaixo dos 40%.

Fez muita diferença no decorrer do jogo a maior versatilidade e preparação do elenco francês. Confiante, seu treinador usou todas as suas 12 atletas, e para valer: a rotação alternou entre os oito minutos de Florence Lepron e os 28 da armadora Céline Dumerc, cestinha do jogo com 23 pontos.

Dumerc atuou com muita liberdade, chutando de longe (duas bolas de três convertidas em dois chutes tentados), fazendo fintas e ainda agredindo o garrafão brasileiro (bateu sete lances livres). As rotações defensivas falharam muito nesse sentido, e Érika também ficou muito imposta quando envolvida em pick-and-rolls. A francesa se esbaldou com os chutes da cabeça do garrafão, acertando sete de nove arremessos no total.

No quarto final, que fez toda a diferença no jogo, não houve uma só jogadora que tenha desequilibrado: as cestas vieram de todos os lados da quadra. Tanto que, das 12 escaladas, apenas Jennifer Digbeu, que jogou por nove minutos, não pontuou. A França foi, então, um time com muito mais recursos táticos e técnicos.

Ora: não dá para viver só de Dumerc numa Olimpíada.

*  *  *

O pior para Tarallo é que, nem se quisesse, ele poderia usar 12 atletas no jogo, desde o corte de Iziane na França, claro. E fez falta a maranhense hoje? Inegável. Sem a ala, o perímetro brasileiro fica muito enfraquecido ofensivamente, perdendo sua jogadora mais criativa em lances individuais que poderiam aliviar a pressão sobre Érika. Por outro lado, não dá para saber como a atleta se comportaria em quadra. Uma coisa é criar dentro de um sistema e outra é rompê-lo por conta própria pela sede de chutes e cestas costumeira.

*  *  *

Contra a Rússia – segunda-feira, 12h45 –, o Brasil ainda entra com chances. As europeias fizeram uma estreia preguiçosa e complicada diante das canadenses e só foram vencer a partida com uma virada na metade final do quarto período, lideradas pela experiente armadora Becky Hammon, que fez seis de seus 15 pontos nos últimos três minutos.

As russas venceram por 58 a 53 apenas com uma parcial de 21 a 10 no último quarto. Periga, porém, que esse susto as despertem para a continuação do torneio. Aí complica.


Analista da ESPN compara Huertas a astro da NFL e, claro, Steve Nash
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Giancarlo Giampietro

Armadores da Seleção duelam

É algo que vemos de modo recorrente por aqui: um técnico que se torna comentarista de TV. Foi o caminho que seguiu Fran Fraschilla, que trabalhou em diversas universidades de primeira linha na NCAA, mas que há anos vem atuando mais como analista da ESPN americana (TV e site) em jogos internacionais, enquanto quebra um galho aqui e ali como treinador. Ele participa regularmente dos camps de LeBron James e da adidas em Treviso,respectivamente  com m revelações norte-americanas e de todo o mundo.

Fraschilla, que, no caso, não se cansa de admirar por Marcelinho Huertas.

Eu sei. Os elogios públicos ao armador da seleção não são mais aquela novidade ou de empolgar nem mesmo para o mais provinciano dos brasileiros, né? Mas a gente vai reproduzir aqui o último deles de qualquer jeito, pois dessa vez quem falou foi looonge. Lá vai:

“Leandro Barbosa oferece a Rubén Magnano um cestinha que ataca o aro do perímetro, mas o cara que se mostrou um trabalho de mão cheia para os americanos é Marcelo Huertas, o Steve Nash da Liga ACB.”

E aí você poderia achar que era o suficiente? Nada disso:

“Ele é um dos melhores armadores da Europa e usa as jogadas de pick-and-roll de modo tão eficiente como Drews Brees controla os últimos dois minutos de um jogo.”

Drew Brees: quarterback do New Orleans Saints, MVP do Super Bowl da NFL de 2009 e recordista de uma pancada de estatísticas de sua posição na liga de futebol americano. Um dos caras mais badalados do esporte nos Estados Unidos. Agora chega, né?

Chega. Ou quase. No mesmo artigo, Fraschilla intui que Coach K não tenha apresentado a Huertas todos os tipos de cobertura que ele deve ver em Londres (no caso, claro, de um confronto eventual entre os dois times, que não necessariamente vão se enfrentar). A ver.

Sobraram elogios também para Magnano: “arquiteto da geração dourada da Argentina” e “tão bom estrategista como o possível nas Olimpíadas e vai colocar sua equipe em posição de causar uma surpresa”.

Bem, vai por aí: o comentarista acredita que o Brasil é a segunda maior ameaça aos EUA, atrás apenas da Espanha, acima de Argentina (terceiro), França (quarto), Rússia (quinto) e Lituânia (sexto).


Durant põe Turquia, fora dos Jogos, na turma dos favoritos ao pódio
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Giancarlo Giampietro

Ok, para os que não estão muito familiarizados com a cena, funciona mais ou menos assim: antes de começar a Olimpíada, para dar uma (pequena) chance para o reportariado de todo o mundo pegar qualquer declaração que seja de um superastro do esporte, o assessor de seu comitê, de sua equipe ou particular, em conjunto como o comitê local, organizam uma entrevista coletiva daquelas.

Entope de gente, a coisa fica meio caótica, e os atletas podem ou encarar o evento com bom humor e profissionalismo, com preguiça ou com raiva, pensando em como dariam tudo para estar em casa ou na balada a uma hora dessas.

Kevin Durant, no Mundial de Istambul 2010

Durant foi campeão mundial em Istambul

Pela foto que vemos nesta foto aqui, Kevin Durant parece que está mais para o segundo ou terceiro grupo. Fácil. Lembrando que ele já é um pouco introspectivo, de não dar muita conversa nem mesmo para os repórteres norte-americanos que o seguem no dia-a-dia da NBA.

Tudo isso para colocar um pouco de contexto em torno da gafe que o ala cometeu, e nosso chapa Bruno Freitas captou. Vejam aqui as equipes que ele coloca com favoritas ao pódio olímpico, além dos Estados Unidos: “Temos boas equipes, como Espanha, Argentina, França, Brasil e Turquia”, listou o cestinha do Thunder.

Bacana ele mencionar o Brasil, e tal. O resto é o básico. Tirando a Turquia. Que nem classificada para os Jogos de Londres-2012 está.

Feio, né?

Dá para entender que talvez Durant estivesse com a cabeça na lua. Outro detalhe: foram os turcos que ele derrotou na final do Mundial de 2010, em Istambul. Então pera lá: se o time é vice-campeão mundial, tem de estar na Olimpíada, e forte!

Não foi o caso.

Houve um hiato no início da década passada que os EUA sofreram muito internacionalmente pela desorganização e a arrogância. Subestimando os adversários, foram surpreendidos até mesmo em casa, em 2002, em Indianápolis. Desde a entrada de Jerry Colangelo para o programa, a coisa mudou bastante. Eles mandaram scouts para Foz do Iguaçu e Estrasburgo para observar seus adversários. Pode ter certeza de que, a cada rodada, o Team USA vai saber tudinho sobre cada adversário.

Foi um lapso de Durant. Mas que revela como até mesmo os maiores talentos do mundo, em qualquer modalidade, precisam de um apoio de fora, de estafes que antenados e um passo adiante.


Retrato olímpico: nos esportes coletivos, basquete tem o recrutamento mais centralizado
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Giancarlo Giampietro

O UOL Esporte acabou de publicar agorinha mesmo um infográfico que mostra onde nasceram os atletas olímpicos do Brasil. Ótimo para saber quais são os pólos produtores do esporte brasileiro.

Começamos por um gráfico maior, somando todas as modalidades com participação nacional. Sete estados não conseguiram produzir sequer um atleta olímpico para Londres-2012: Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Rio Grande do norte e Sergipe. Notamos também a maior concentração de atletas oriundos das Regiões Sudeste e Sul, em especial de São Paulo e  Rio de Janeiro, únicos com mais de 20 atletas:

Estados brasileiros com atletas olímpicos

Agora, no Vinte Um, nada mais do que aceitável que o segundo item pesquisado tenha sido… O futebol!

Não, né?

Começa com “b”:

Estados brasileiros com jogadores do basquete na Olimpíada

Apenas o Distrito Federal (oi, Karla!) e seis estados estão representados, todos interligados e pertencentes às Regiões Sul e Sudeste, faltando apenas o Rio Grande do Sul – justamente o estado que revelou (gasp!) nosso presidente da CBB, Carlos Nunes – para entrar na festa, o que é de abrir os olhos, considerando o potencial dos ginásios gaúchos. O Carlinhos, porém, pode se gabar de presidir a única entidade com um jogador importado de Chicago, vejam só. Que luxo.

Vamos com o handebol:

Estados brasileiros com jogadores de handebol na Olimpíada

Em primeiro momento, poderia até parecer covardia colocar o primo de segundo grau do basquete aqui (na escolinha, a lógica não era a de que “quem joga um, sabe jogar o outro”?), já que ele mal passa na TV, que apenas as seleções têm cobertura (quase) regular nos jornais e programas esportivos etc. Pois o handebol se equipara ao basquete no total de estados listados, sete, com uma vantagem: conseguiu trocar três estados do Sudeste por três do Nordeste: Maranhão, Paraíba e Pernambuco.

Agora aquele esporte tão temido pelos basqueteiros, supostamente o nosso arquirrival por atenção do público, o…

Estados brasileiros com jogadores de vôlei na Olimpíada

Sim, o vôlei!

Não doeu tanto assim, vai?

São sete estados e o Distrito Federal como forno. Um a mais que o basquete apenas, mas ao menos puxando alguém de Pernambuco e outro de Goiás. As cores estão bem concentradas, mas não tanto assim como vimos dois mapas acima.

Para efeito de comparação, o esporte mais popular do Brasil consegue ser bem mais plural mas nada mais natural:

Estados brasileiros com jogadores de futebol na Olimpíada

São 12 estados, o único dos coletivos com alguém que tenha vindo do Norte (Ganso neles!) e dissipação bem maior pelo Nordeste também.

ARREMATE: Uma ressalva é a de que estamos falando de amostras pequenas, de 20 a 40 atletas  reunidos por modalidade – de todo modo, supostamente essa esses pequenos grupos compõem justamente as elites de cada uma delas; outra: pode ter gente que tenha nascido no Sul e se criado no Nordeste e vice-versa.

Agora, pelo primeiro mapa, o geral, já dá para notar que o esporte brasileiro depende muito de seu quinhão Sul-Sudeste, onde o dinheiro (ainda) circula com mais facilidade, em especial seus dois maiores estados. Pode parecer algo lógico: quanto mais gente, mais chance de produzir atletas. Mas, houvesse uma política séria de desenvolvimento em qualquer estado aleatório voltado para uma determinada modalidade, quem sabe o ciclo não pudesse ser quebrado?

Quanto ao basquete, comparativamente não chega a ser caracterizado como um oásis de incompetência, mas fica mais uma vez constatado algo de que todos sabíamos: a incapacidade da CBB em expandir o esporte pelo país nas últimas décadas. Em termos de ocupação territorial, é o que está mais defazado em Londres. E, a título de marketing e propaganda, a gestão atual deu um ‘azar’ danado com a exclusão da maranhense Iziane, não é verdade?

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A divisão precisa dos basqueteiros olímpicos brasileiros: 12 de São Paulo, 4 do Rio de Janeiro, 2 do Paraná e 1 de Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo, Distrito Federal e, ops, Illinois.

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Dos 12 representantes paulistas na delegação do basquete brasileiro, seis vieram da capital, cinco do interior e uma da Grande São Paulo (Chuca, de Mauá). Apenas Adrianinha nasceu em Franca. No Rio de Janeiro, Marcelinho, Marquinhos, Érika e Clarissa são todos da capital.