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Arquivo : Anthony Davis

New Orleans Pelicans e o show do Monocelha
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

"Quem é que sobe?", estrelando Anthony Davis

“Quem é que sobe?”, estrelando Anthony Davis

É rodada cheia? Várias opções para ver no League Pass? Na dúvida, gente, a opção mais segura nesses dias é colocar num jogo do New Orleans Pelicans. Para testemunhar a contínua e assustadora evolução de Anthony Davis e sua Monocelha. Mesmo que as TVs americanas não estejam muito interessadas: apenas dois jogos do Pelicans serão transmitidos por ESPN e TNT nesta temporada.

Claro que os especialistas já estão todos de olho nele. Mas, em termos de popularidade, ainda não é o caso, como se perecebe. Então vocês, meus amigos e minhas amigas, podem sair na frente. Sempre melhor começar o movimento do que ser acusado de modinha daqui a alguns meses, né? : )

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Pois o que está acontecendo agora já parece histórico. A ponto de deixar nossos amigos do Basketball Reference, a bíblia online da NBA, de queixo caído. Vamos a alguns dados destacados pelos caras nos últimos dias:

Cuidado, Hayward. Que o Monocelha vai te pregar

Cuidado, Hayward. Que o Monocelha vai te pregar

– Com 39 tocos em 10 jogos até esta quarta-feira, dia 19,  Anthony Davis, sozinho, superava nesse fundamento o Memphis Grizzlies (de Marc Gasol), o Minnesota Timberwolves, o Boston Celtics, o Cleveland Cavaliers e, por fim, o Miami Heat. Sem brincadeira. O time inteiro. Depois da rodada de quarta, o Grizzlies conseguiu empatar com ele, enquanto Celtics e Cavs o superaram.

– Anthony Davis lidera no momento a lista de tocos e roubos de bola. Nunca um jogador conseguiu isso na história da liga, pelo menos desde que ambos foram computados a partir de 1973.

– Nos últimos 30 anos, o recorde para jogos de ao menos 24 pontos, 11 rebotes e 3 tocos, com um ou nenhum turnover, foi de Shaquille O’Neal, com sete em uma temporada. Anthony Davis já tem cinco, e restam 72 partidas.

E por aí vai, galera. Isso falando apenas de seus números para estatísticas defensivas. Somem aí os 25,4 pontos, os 10,8 rebotes e as 2 assistências, e temos um jogador realmente assustador e imperdível. Com apenas 21 anos de idade, colocando sua equipe na briga pelos playoffs no Oeste selvagem.

 Agora sabe da pior? Talvez nem mesmo seus companheiros ainda se deem conta, plenamente, do que está acontecendo. Jrue Holiday, Eric Gordon e Tyereke Evans ainda não exploram o Monocelha como deviam no ataque. Mesmo com uma carga menor de minutos, saibam que Tim Duncan toca na bola duas vezes mais que o jovem pivô do Pelicans, segundo dados das câmeras do sistema SportsVU. “Parece que os condutores de bola do New Orleans olham para Davis apenas quando ele é a única válvula de escape para eles, quando estão saltam sem um plano apropriado e acabam atirando-a apressadamente em sua direção”, observa o analista Tom Haberstroh, do ESPN.com. Acabei de assistir ao VT de Kings x Pelicans, e esse foi realmente o caso.

Afe

Afe

Davis não está nem aí, por enquanto. Não pensa em recordes, em criticar companheiros, nem nada. Ele quer apenas fazer o dele. “Apenas tento ficar dentro do sistema, no ritmo do jogo. Apenas tenho de ter confiança em mim mesmo. E paciência também é uma parte muito importante. Não vou perseguir arremessos ou nada disso. Apenas deixo o jogo vir até a mim, e é bem mais fácil jogar desta forma”, afirma. Muito fácil, né?

Davis não vai contar vantagem, seus companheiros podem até ignorá-lo aqui e ali, mas a concorrência está impressionada. O rapaz combina agilidade, impulsão, elasticidade, reflexos, velocidade todos muito acima da média. Com envergadura interminável. O pacote físico é realmente único, e suas habilidades vão se desenvolvendo para tornar tudo isso mais assustador.

“Não sei se há algum jogador na história de nosso jogo que tenha melhorado tanto como ele desde que saiu do colegial”, afirma Flip Saunders, técnico e presidente do Minnesota Timberwolves. Saunders trabalhou de 1996 a 2005 com outro fenômeno, que foi dominante de maneira precoce: Kevin Garnett. E encontra similaridades entre eles. “Para mim, eles lembram um o outro, mesmo, nesse crescimento”, diz.  Para Kobe Bryant, que não é lá muito afeito a elogiar os outros, Davis é um “Pau Gasol atlético, que pode ser um dos maiores alas-pivôs da história”.

Temos essa mania de sempre buscar uma comparação. Faz parte de nossa natureza, buscar parâmetros aos quais nos habituamos para avaliar o que é novo. No caso dessa emergente estrela, é bem provável que, salvo um acidente, ele mesmo vire assuma esse posto, digamos, paradigmático para gerações futuras.

LeBron James, mesmo, imaginava Anthony Davis como alguém semelhante a Marcus Camby, mas depois notou que o garoto do Pelicans pontua muito mais, agride a cesta de forma diferente. Disse, no fim, antes de reencontrá-lo neste mês, que não dá para comparar ninguém com o jovem aspirante ao seu trono de melhor da liga.

De novo, com tanto zum-zum-zum, o que o Monocelha pensaria a respeito?

“Apenas entro em quadra e jogo. O que as pessoas esperam de mim? Bom, isso fica para eles. Não presto atenção no que se pode dizer sobre mim, porque isso meio que pode mexer com sua cabeça, e você começa a ficar complacente. Isso fica para os torcedores lerem e ouvirem. Meu objetivo é ajudar essa equipe a vencer. Só quero vencer os jogos, ir aos playoffs, ganhar um título, sabe? Isso é o que o LeBron já fez, e ainda preciso fazer. Significa muito ele dizer isso de mim. É um testemunho do trabalho que tenho feito para melhorar e que está começando a aparecer. Mas, ao mesmo tempo, não posso me dar por satisfeito”, afirma.

Tudo bem, essa parte de satisfação fica por nossa conta, mesmo.

O time: com o elenco inteiro, sem lesões, o Pelicans já teve um dos melhores ataques do campeonato passado, e esse padrão vem se repetindo. As bombas de três pontos de um ala-pivô como Ryan Anderson representam uma dor-de-cabeça incrível para os treinadores adversários, que já precisam lidar com a explosão física e o arsenal em expansão do Monocelha. Obviamente Holiday, Evans e Gordon ainda podem melhorar em seu entrosamento e soltar mais a bola e mais rapidamente, mas, quando esses cinco estão em quadras, o técnico Monty Williams tem a formação ofensiva mais produtiva da liga, com um mínimo de 50 minutos jogados.

A defesa está melhorando, saltando neste mês dez posições no ranking de eficiência. É a retaguarda, mesmo, que pede mais ajustes por parte do treinador. Para isso, a contratação de Omer Asik parece fundamental. O pivô ainda é dos atletas mais subestimados da liga, em termos de reconhecimento geral, mas custou caro ao Pelicans – que sabe o seu valor. O turco fecha bem os espaços no garrafão, com movimentação lateral impecável, inteligência e força. Também protege o aro com sua verticalidade e ajuda muito nos rebotes. Ao lado de  Davis, pode formar um verdadeiro paredão, conforme mostraram na noite de abertura do campeonato.  Ter Jrue também ajuda: o ex-jogador do Sixers é alto e muito forte para a posição, podendo incomodar seus oponentes.

A pedida: mais um time a sonhar com uma vaga nos plaoffs do Oeste. Até porque, se caírem na loteria, podem ceder uma escolha valiosa de Draft ao Houston Rockets.

Tyreke, o forte é a bandeja, que não vem caindo muito este ano. Já os tiros de fora...

Tyreke, o forte é a bandeja, que não vem caindo muito este ano. Já os tiros de fora…

Olho nele: Tyreke Evans. O ala-armador havia abraçado a causa na temporada passada: encarnaria um sexto homem à la Ginóbili. Não funcionou muito bem. Sua melhor fase aconteceu justamente na reta final do campeonato, quando voltou ao grupo dos titulares em meio a muitas lesões no elenco. Com o time agora completo, foi mantido no quinteto inicial e… perdeu em eficiência, com dificuldade para converter suas bandejas. Ainda não se encontrou perfeitamente ao lado de Holiday.

Evans precisa da bola em mãos. É um cara que cria por conta própria, bate para a cesta cheio de movimentos de hesitação e passada larga, além de ter a força necessária para absorver o contato e finalizar. Fez isso nos minutos finais do primeiro duelo com o Sacramento Kings nesta temporada. Quando entra nesse modo, quebra as defesas, mas também pode diminuir o ritmo de sua própria equipe, pela tendência fominha. Mas, poxa, ele dá muitas assistências, não? Sim, mas geralmente só o último passe, mesmo. E, como o Spurs nos ensina a cada rodada, a fluidez ofensiva depende de muito mais passes e menos dribles. Se conseguir dosar as coisas – seguir atacando o aro e, ao mesmo tempo, envolver seus companheiros, vai virar uma arma ainda mais preocupante.

De qualquer forma, para compensar esse desacerto, o ala-armador adicionou uma bola crucial para seu repertório: o chute de longa distância. Com apenas 27,7% em sua carreira, vem convertendo inacreditáveis 46,7% no início de temporada. Se esse for um dado sustentável, talvez suas aventuras frustradas em direção ao aro nem importem muito.

Abre o jogo: “Quero ser um All-Star. Cheguei perto disso algumas vezes. Mas nos últimos três anos as lesões me deixaram para trás”, Eric Gordon, que começa a temporada saudável, algo raro. O ala-armador ainda nem chegou aos 26 ano, mas já vê seu jogo em queda vertiginosa, devido aos joelhos deteriorados. E pensar que em 2012 o Phoenix tentou tirá-lo de Nova Orleans, como agente livre restrito. Em termos de dólar ganho e produção entregue, Gordon tem hoje o contrato mais desproporcional da NBA, com um salário de US$ 14 milhões nesta campanha e US$ 15 milhões para a próxima.

Gordon, uma das peças da troca que mandou Chris Paul a Los Angeles

Gordon, uma das peças da troca que mandou Chris Paul a Los Angeles

Você não perguntou, mas… o ala-pivô Ryan Aderson é tema de uma reportagem tocante e imperdível da revista Sports Illustrated, assinada por Chris Ballard. O tema é o suicídio de sua namorada, Gia Allemand, aos 29 anos. A modelo e estrela de um reality show havia discutido com o jogador no dia em que se matou. Gia passava por um severo transtorno disfórico pré-menstrual. Em seu depoimento a Ballard, Anderson fala muito sobre suas frustrações com o incidente – foi ele o primeiro a encontrar a modelo em seu apartamento, tendo ainda tempo de acionar uma equipe médica –, o turbilhão emocional pelo qual passou, mas também ajuda a trazer à luz essa questão de saúde pública. Enquanto ainda encara esse drama, o jogador vai retomando a forma pelo Pelicans, depois de ter perdido boa parte de sua primeira temporada com a franquia. No Twitter, ele falou sobre a repercussão do texto: “O fato de que esse artigo vem tendo uma conexão tão profunda com tantas pessoas me dá arrepio. Esse artigo ajuda a por em discussão um tópico que está muito escondido, na escuridão. As pessoas precisam saber que não estão sozinhas em suas dificuldades”, disse.

Pete Maravich, trading card, New Orleans, JazzUm card do passado: Pete Paravich. Jazz?! A franquia não é a mesma, mas a cidade, sim. Antes de escalar a montanha rumo a Salt Lake City, o Jazz estava em Nova Orleans. O que faz muito mais sentido. O clube começou a funcionar em em 1974 e decidiu fazer do legendário “Pistol Pete”, o maior cestinha da NCAA, seu principal jogador. Para tirá-lo de Atlanta, mandaram dois jogadores e mais quatro escolhas de Draft. Num time em expansão, Maravich vencia pouco, mas fazia seus malabarismos com a bola e conquistava a liga como um dos talentos mais carismáticos da história. John Havlicek, o mito do Boston Celtics, disse que ninguém driblou uma bola melhor que o astro.

Em 1976-77, ele marcou 31,1 pontos por jogo, com direito a 68 pontos num duelo com o New York Knicks. Só Wilt Chamberlain, Kobe Bryant, Elgin Baylor, Michael Jordan e David Robinson conseguiram superar essa marca. Maravich, no entanto, não teve uma carreira vencedora ou duradoura como a desses concorrentes. Após diversas lesões nos joelhos, se aposentou em 1980, já em Utah, no ostracismo. Ele não tinha condições de treinar. E seu técnico Tom Nissalke tinha uma regra: só punha para jogar aqueles que treinavam, e bem. Acabou dispensado e recolhido pelo Boston Celtics, com um Larry Bird novato. Teve algum sucesso vindo do banco de reservas e disputou os playoffs pela primeira vez desde 1973. A equipe acabou perdendo para um esquadrão do Philadelphia 76ers que tinha Julius Erving, Maurice Cheeks, Darryl Dawkins, Caldwell Jones, Doug Collins e Lionel Hollins.  Maravich morreu em 1988, aos 40 anos, depois de um ataque cardíaco, como um cristão devoto, no ginásio de uma igreja californiana.


Anthony Davis manda um recado na jornada de abertura
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Giancarlo Giampietro

Anthony Davis, Pelicans, opening night, Magic

Quando um tema jornalístico quer virar moda, é um problema. Então não faça, assim, Monocelha. Que aí as coisas podem fugir do controle!

Na jornada de abertura da NBA, Anthony Davis disse a que veio e muito mais. O pivô chegou perto de um triple-double para elevar o nível de alerta máximo pelos corredores da liga: sim, todos sabíamos que o garoto era bom, que ele é muito provavelmente o próximo na linha de sucessão de LeBron e Durant, se a saúde permitir, e tal… Mas aí chega a temporada 2014-2015, e o rapaz já causa um estrago desses de cara!?

Foi meio que dizendo: “Mas que história é essa de futuro!?”

A sucessão é agora.

Aí esta é a parte em que as testemunhas todas respiram coletivamente, fecham os olhos e contam até dez  para lembrar que foi apenas a primeira partida, e contra um adversário que não inspira lá muitos elogios. Esse, sim, um adversário para ser avaliado lá na frente. Mas… 26 pontos, 17 rebotes, 9 tocos, 3 roubos de bola, 2 steals em 36 minutos? Afe.

O menino Monocelha, de apenas 21 anos, lembremos, estraçalhou com o Orlando Magic na vitória por 101 a 84 em casa, agora protegido pelo turcão Omer Asik, um jogador que dificilmente será reconhecido pelo devido valor – isso para além da comunidade estatística da liga e treinadores, que o curtem horrores. Juntos, os dois somaram 40 pontos, 34 rebotes e 14 bloqueios. Um absurdo de produção para uma só linha de frente.

Davis promove sua block party, e o calouro Elfrid Payton leva a pior

Davis promove sua block party, e o calouro Elfrid Payton leva a pior

(E, não, não vamos contar os 22 pontos e 9 rebotes de Ryan Anderson vindo do banco, porque o ala-pivô não deu sequer um toco, o que é uma baita incompetência. De acordo com a comissão avaliadora, o patamar mínimo de candidatura a menção honrosa no blog são três bloqueios, ok? Abaixo disso, não tem conversa.)

“Apenas sabemos que somos um páreo duro no garrafão – ele com um corpo excelente e eu sendo capaz de me mexer pela quadra, tentando apenas seguir a bola e conseguir os rebotes”, afirmou Davis. “É uma boa combinação.”

Boa?

Enfim… Da parte de Davis, ele entrou num seleto grupo ao lado de Kareem Abdul-Jabbar e de Nate Thurmond, que foi uma espécie de Dikembe Mutombo antes de Mutombo, nos anos 70, se tornando apenas o terceiro jogador a dar nove tocos numa jornada de abertura desde 1973-74, que é quando o fundamento passou a ser computado de modo oficial pela NBA.

Além disso, ele foi o primeiro atleta a conseguir um mínimo de 36 pontos, 17 rebotes, 9 tocos e 3 roubos de bola desde Hakeem Olajuwon em 1989-90. Naquela campanha, o nigeriano do Houston Rockets, contudo, conseguiu uma linha estatística dessas em três partidas. Então taí mais uma meta para o ala-pivô do Pelicans ir atrás.

Comparado com a produção de Davis, quem acabou se dando mal nessa foi o pivô Nikola Vucevic, do Orlando, que acumulou 15 pontos, 23 rebotes e 4 tocos do seu lado, em 35 minutos. Nada mal para justificar um contrato de US$ 54 milhões por quatro anos que muitos julgaram excessivo. Acabou ficando em segundo plano.

“Dê a eles muito crédito pela agressividade e pela presença física com que jogaram, os pontos de segunda chance e o ataque na tabela”, afirmou o técnico do Magic, Jacque Vaughn. “Eles no encararam. Essa foi a diferença.”

Se o problema para o restante da NBA fosse apenas a agressividade de Anthony Davis, tudo bem. Esse é o tipo de coisa que qualquer oponente pode dar conta, desde que concentrado e disposto. É uma questão de esforço individual. O duro, mesmo, na verdade é igualar o talento da jovem estrela do Pelicans, gente. E, claro, não se empolgar tanto com isso.


A nova geração no Mundial: fique de olho
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Giancarlo Giampietro

Garotada do MundialA vontade era chamá-los de caçulinhas. É um termo que agrada muito  ao blog. Mas a verdade é que a faixa etária dos dez jogadores listados abaixo varia de 17 para 24 anos. Estão em diferentes estágios de desenvolvimento, então vamos de “nova geração”, mesmo, algo mais abrangente. Independentemente da idade, o papel de cada um deles sem suas seleções também varia bastante. Alguns são protagonistas. Outros só devem receber uma boa quantidade de minutos quando o jogo estiver definido – contra ou a favor. Vamos lá, então:

Anthony Davis (EUA): 21 anos e cinco meses
É até injusto, né? O Monocelha joga tanto, que não deveria estar nem aqui, abrindo a relação. Fatos são fatos, porém. Ele completou apenas sua segunda temporada na NBA. E foi uma campanha daquelas: 20,8 pontos, 10 rebotes e 2,8 tocos, 51,9% nos arremessos e um jogo em expansão contínua, como vemos neste gráfico de arremessos:

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Davis tem matado os chutes de média distância com mais frequência. Esses percentuais só tendem a subir, ainda mais quando tiver ao seu lado um time consistente (Jrue Holiday, Ryan Anderson e Eric Gordon penaram todos com lesões). Basicamente, na NBA a sensação é a de que o ala-pivô está destinado a ser o próximo soberano da liga, chegando logo mais para a disputa com LeBron e Durant. Por ora, com tantos desfalques na seleção americana, o garoto tem a chance de dar um grande salto agora já, assim como o cestinha de OKC fez em 2010. Suas responsabilidades aumentaram, e todos creem que ele está pronto para assumi-las – não há pivô lá fora que consiga competir com ele atleticamente. Quando você o vê em ação, entende rapidamente o apelo: muito ágil, inteligente e explosivo para alguém de seu tamanho e envergadura. Faz estragos no pick and roll e também se sente bem confortável com a bola em mãos, driblando em direção ao aro. Deve ser daqueles atletas de tirar o sono quando observado ao vivo. Que o público na Espanha desfrute.

Dario Saric (Croácia): 20 anos e quatro meses
O prodígio croata está há tanto tempo nas relações de prospectos europeus, que soa também já como um veterano. Em 2011, ele venceu o Nike International Junior Tournament ao lado de Mario Hezonja e foi eleito o MVP da competição. Aí pronto: virou parada obrigatória para qualquer scout. Estamos falando de um rapaz de 2,08 m de altura que enxerga a quadra como um armador. Um jogador verdadeiramente único, difícil de se comparar. Claro que, vindo da Croácia, todo mundo já foi citando logo “Toni Kukoc”, mas não sei se é por aí, não. Ao mesmo tempo em que chamou a atenção em quadra, nos bastidores Saric se viu envolto por uma série de situações desagradáveis – e um tanto nebulosas. Assinou com o Bilbao, seu time não o liberou, ficou na geladeira, acabou se transferindo para o KK Cibona, também de Zagreb, brigou com o pai, trocou de agentes… Uma epopeia. De qualquer forma, seu talento é tamanho que, independentemente da confusão ao seu redor, na quadra ele acalmava quaisquer dúvidas. Seu progresso está todo documentado pelo obrigatório DraftExpress.

No final da temporada, o croata liderou seu modesto clube a um inédito título na Liga Adriática, com um desempenho espetacular na fase decisiva (veja abaixo na produção formidável de Mike Schmitz, do DX). Foi o MVP do torneio.  Depois, acertou sua transferência para o Anadolu Efes, clube turco que promete bastante na próxima Euroliga, e enfim se decidiu a respeito do Draft da NBA, sendo selecionado pelo Philadelphia 76ers em 12º. Mesmo que não vá fazer a transição para a liga americana agora, atendendo aos anseios do pai, que pede mais tempo na Europa, para ganhar cancha e se desenvolver, ainda mais sob a orientação do legendário Dusan Ivkovic. Chega ao Mundial já como protagonista numa equipe que conta com astros europeus como Bojan Bogdanovic e Ante Tomic. O mesmo ainda não pode ser dito sobre o ala Mario Hezonja, um cestinha muito habilidoso, mas de pouca rodagem na elite.

Bogdan Bogdanovic (Sérvia): 22 anos e dez dias
O ala-armador, que desbancou esse tal de Giancarlo Giampietro como capitão do time da aliteração nominal, é outro que acabou de se transferir para os milionários clubes da Turquia depois de se destacar nos bálcãs e antes de ser escolhido no Draft da NBA (Phoenix Suns, em 27º). Eleito o melhor jogador jovem da última Euroliga pelo Partizan Belgrado, ele vai jogar pelo apelão Fenerbahçe após o Mundial, substituindo seu xará Bojan Bogdanovic (o croata, acima citado, que migrou para o Brooklyn Nets). Antes de sair do Partizan, deixou sua marca nas finais do campeonato sérvio: com 30,8 pontos, 4,8 rebotes e 4,2 assistências, liderou mais uma vitória contra o arquirrival Estrela Vermelha para conquistar seu quarto título nacional, também o 12º seguido do clube. Deve estar pouco idolatrado por lá…

De coadjuvante na base a estrela em ascensão no profissional, Bogdan-Bogdan é um jogador que evoluiu muito nos últimos dois anos, tendo a liberdade para errar e aprender com a camisa do Partizan, clube que compete na Euroliga, mas sem grana para grandes contratações, dependendo muito do desenvolvimento de atletas mais jovens. No ataque, hoje ele faz um pouco de tudo: ameaça nos tiros de três pontos, parte de modo explosivo para as infiltrações e consegue criar para os companheiros, cometendo alguns turnovers no meio do caminho, é verdade. No clube, era o dono da bola. Agora, na seleção, como um dos mais jovens, precisamos ver como será a integração com um casca-grossa como Milos Teodosic e o quanto ele vai deferir para os pivôs mais experimentados.

– Giannis Antetokounmpo (Grécia): 19 anos e oito meses
O “Greek Freak” preferido de Milwaukee e já de toda a NBA, na real. A história do ala é tão rica, tão fascinante, que não merece ser descrita em quatro ou cinco linhas – ainda mais pelos paralelos com Bruno Caboclo, no que se refere a sua chegada aos Estados Unidos. Vamos explorar do modo devido após o Mundial, antes de a temporada 2014-14 começar. O que dá para dizer é que, há um ano e meio, Giannis estava jogando na segunda divisão grega e estreando pela equipe nacional sub-20. Hoje, é impossível deixá-lo de fora do time adulto, mesmo que ele esteja longe de ser um produto acabado. Não esperem que ele domine a competição – em sua seleção, a prioridade, por enquanto, é de veteranos como Calathes, Printezis, Bourousis e Papanikolau. Não deve chegar nem a 10 pontos ou 25 minutos por jogo. Mas fique atento aos seus flashes de exuberância atlética durante as apresentações helênicas e sua fluidez com a bola, que impressiona Jason Kidd. Na NBA, vocês sabem, né? Depois do que fez em sua primeira temporada, considerando quão inexperiente é, há gente de respeito que crava: vai ser uma superestrela.

Dante Exum (Austrália): 19 anos e um mês
Com todos esses jogadores, é preciso calma. Especialmente com Exum. Estamos falando de outro menino bastante badalado desde muito cedo. O pessoal baba ao falar deste menino e sua velocidade e desenvoltura com a bola. Ele foi o quinto selecionado no último Draft da NBA. Se é tão bom assim, então por que cargas d’água ele fica no banco da seleção australiana, ainda mais sem Patty Mills? Porque os Boomers não têm pressa nenhuma com seu jovem armador, por mais que velocidade seja o forte do atleta. Ainda vai chegar o momento dele. Por enquanto, em seu primeiro campeonato adulto oficial, sua missão é entrar no decorrer da partida e tentar dar mais agressividade ao ataque de um time que terá uma formação inicial bastante pesada, centrada nos pivôs Aaron Baynes e David Andersen, com Matthew Dellavedova, sólido calouro do Cavs, organizando as coisas. Não dá para esperar que ele faça isso aqui (Mundial Sub-19 de 2013):

–  Joffrey Lauvergne (França): 22 anos e 11 meses
   Rudy Gobert (França): 22 anos e dois meses
Gobert nem seria convocado não fossem os diversos desfalques da seleção francesa no garrafão, como Joakim Noah e Alexis Ajinça. Lauvergne seria reserva, se tanto. Ian Manhinmi e Florient Pietrus devem ganhar seus minutos ao lado de Boris Diaw, mas é de se esperar que, com o decorrer da competição, os mais jovens ganhem espaço, por um estilo de jogo que se encaixa melhor com seus companheiros – e também porque já são melhores que os veteranos. Cá estão os dois pivôs com a obrigação de proteger a cesta dos Bleus, que entram no Mundial como os atuais campeões europeus. Quer saber? Os adversários que não os menosprezem.

Draftado e tido em alta conta pelo Denver Nuggets, Lauvergne foi companheiro de Bogdan-Bogdan no Partizan e liderou a Euroliga em rebotes (8,6 por jogo), além de ter marcado 11,1 pontos por jogo em sua segunda campanha pelo torneio continental. Sua presença em quadra é realmente entusiasmante, aprontando um alvoroço diante das tábuas ofensiva e defensiva. Tem um ótimo senso de colocação além de energia e mobilidade – bons complementos para Diaw. Neste ano, vai jogar pelo Kimkhi Moscou, fora da Euroliga. Já Gobert jogou bem menos na temporada passada, esquentando o banco em Utah, mas, a julgar pelo que fez na Summer League de Vegas e nos amistosos, parece pronto para se fixar tanto na rotação de sua seleção como na do Jazz. O pirulão não precisa pontuar muito. Na defesa, é um substituto ideal para Ajinça devido a sua envergadura e habilidade nos tocos. Veja o tamanho do cara:

Cedi Osman (Turquia): 19 anos e quatro meses
Existem armadores altos e existe Osman, de 2,03 m de altura e grande aposta de uma nova safra de jogadores turcos que tem tudo para dar um trabalho danado no próximo ciclo olímpico – junto com os canadenses. Vindo de sua primeira temporada de Euroliga, o adolescente acabou de conquistar o ouro e o prêmio de melhor jogador do Eurobasket Sub-20 deste ano, na Grécia. Brilhou quando valia mais, na reta final do torneio, com 63 pontos, 16 rebotes, 9 assistências e 68,9% nas últimas três partidas (é o canhotinho camisa 8 no vídeo abaixo, um compacto da final). Os jogadores mais experientes da Turquia, Arslan, Tunçeri, Ermis e Guler, são tão inconsistentes, erráticos que não será de se assustar se Osman ganhar tempo de quadra. Ainda mais tendo lado do ala Emir Preldzic, um autêntico point forward, nos moldes de Saric, que será seu companheiro no Anadolu Efes. Tendo os Estados Unidos em seu grupo, vai ser avaliado de perto pela NBA.

Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia): 17 anos e dois meses
Não custava nada: por mais jovem que Mykhailiuk fosse, não é que Mike Fratello tivesse tanto talento assim ao seu dispor para nem menos convocar a sensação do país para treinar com o time principal. É um gesto recorrente, que Magnano já havia feito por aqui com Raulzinho, por exemplo. Não prometia nada. Pelo contrário: dizia que era muito difícil que o ala-armador, magrelo toda vida, conseguisse uma vaga no grupo do Mundial. Semanas depois, como já adiantamos neste apanhado geral aqui, o moleque vai para o torneio como seu atleta mais jovem. Esse, sim, um caçulinha. Um precoce que já compete na primeira divisão em seu país e chamou a atenção no Nike Hoop Summit deste ano, aos 16, mesmo sendo bem mais jovem que a concorrência. Capacidade atlética acima da média, um arsenal já impressionante de movimentos no ataque, boa leitura de jogo e personalidade a ponto de ser fominha por vezes. Um potencial tremendo, mas que não deve jogar muito nas próximas semanas, não. Ainda é muito frágil fisicamente. Detalhe: já está comprometido em defender a universidade de Kansas na próxima temporada. O técnico Bill Self não conseguiu esconder a (desagradável) surpresa que teve ao ver o adolescente ser convocado. “Estou feliz por ele. Mas fico um pouco preocupado que ele vai chegar atrasado, que é o que vai acontecer. E, sem querer colocar muita pressão nele, eu estava esperando que ele realmente estivesse pronto para ser um grande contribuidor para nós no meio de novembro. Agora pode ser que leve um tempo a mais para ele”, disse. Viram só quanto ele está feliz pelo garoto?

Gorgui Dieng (Senegal): 24 anos e sete meses
Eu sei, eu sei: duas dúzias de vida, no basquete de hoje, pode parecer mais as contas de um veterano do que de um noviço. E o curioso é que “Gorgui”, na língua nativa de Dieng, significa “O Velho”. Mas o pivô do Minnesota Timberwolves é mais um daqueles que começou a jogar tarde, ainda mais num nível minimamente competitivo. Ele chegou aos Estados Unidos apenas em 2009, para jogar pela Huntington Prep School, que já trabalhou com Andrew Wiggins e Carlos Arroyo. Ganhou evidência e acertou com Rick Pitino para jogar (e estudar) por Louisville. Progrediu bastante em três anos com os Cardinals e foi campeão universitário em 2013, fazendo a cobertura de uma defesa sufocante com Russ Smith e Peyton Siva. Na NBA, como calouro, levou alguns meses para ele se aclimatar. Quando Nikola Pekovic sofreu mais uma lesão, passou a ser mais utilizado e estourou a boca do balão, com médias de 11,9 pontos e 10,7 rebotes em nove jogos em abril. Em março, já havia tido jogos de 22+21 e 15+15 e 11+17. É uma presença bastante ativa e intimidadora perto da cesta. No ataque, produz bem no high post, como um passador natural e bom chute de média distância, ainda que tenha sido aproveitado muito mais dentro do garrafão – a flutuação ficava por conta daquele tal de Kevin Love. Ele agora vai fazer sua estreia em competições Fiba por Senegal.


Diante de armadilha americana, foi Raulzinho quem escapou
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, de volta a Chicago, retomando a forma: a explosão física ainda está lá

Derrick Rose, de volta a Chicago, retomando a forma: a explosão física ainda está lá

(Obs: post atualizado domingo de manhã, com as estatísticas)

Lembramos o Mundial de 2010, em que o jogo foi decidido na última bola. Teve também o amistoso antes de Londres 2012, também no pau. Então o placar de 95 a 78 para os Estados Unidos, no quinto amistoso do Brasil rumo ao Mundial masculino, não pode ser visto como um bom sinal, algo que Splitter, mesmo, deixou claro em entrevista ao SporTV. Não dá, mesmo, para ser encarado como algo auspicioso, como um “grande teste”, e tal. Tem sempre de se tomar cuidado com a versão oficialesca da coisa.

Mas também não é o fim do mundo. Por 20 ou 25 minutos, a seleção jogou de modo competitivo. Melhor: nesses momentos, tinha em quadra o armador Raulzinho, justamente o personagem mais criticado nesta fase de preparação.

Neste sábado, foi um dos melhores em quadra (6 pontos e 4 assistências em 14 minutos). A diferença básica: o jovem atleta dessa vez usou a velocidade adequada, arrancando nos momentos certos. Teve calma com a bola, em vez de jogar com a quinta engatada o tempo todo. Isso, a despeito do convite da defesa americana para a correria e o caos, quase sempre pressionando muito a bola.

(A lição: não vale julgar um atleta por quatro ou cinco partidas. Posto isso, o corte de Rafael Luz ainda me parece inexplicável, por diversos motivos, que valem um texto particular. Só fica uma pergunta, porém: precisava definir o grupo de 12 atletas de modo tão rápido? Você economiza em passagem e hospedagem, mas talvez tire a chance de um jovem atleta provar ainda mais que merece uma vaga nos amistosos seguintes. Desde que,  claro, Magnano esteja aberto a novos nomes em sua lista e não tivesse o grupo fechado em sua cabeça desde fevereiro. De 2012, no caso…)

Agora, voltando a esse papo de pressão na bola. É um dos pontos centrais de estratégia da defesa norte-americana nesta retomada da hegemonia mundial – e algo que vai ser intensificado nesta equipe atual, visto que o garrafão está ainda mais enfraquecido. O tipo de armadilha com que Huertas, Larry, Alex e Leandrinho não souberam lidar (juntos, Huertas, Garcia e Barbosa cometeram 12 dos 21 turnovers brasileiros).

Raulzinho tenta parar Irving. Brasileiro deu trabalho ao jovem astro do Cavs

Raulzinho tenta parar Irving. Brasileiro deu trabalho ao jovem astro do Cavs

Nesse sentido, foi um desempenho bastante atípico para o armador titular da seleção e do Barcelona, cometendo muitos turnovers, cedendo muitos contra-ataques. Na metade final do primeiro período, em especial, foi um horror, ele teve dificuldade extrema para até mesmo cruzar a linha central. Algo que fugiu bem ao padrão do que havia apresentado contra os Estados Unidos nas exibições anteriores sob a orientação de Magnano, conquistando muitos fãs na imprensa de lá.

Larry, talvez empolgado demais por estar jogando em casa (ou não), não conseguiu ler o que se passava ao seu redor em quadra. Bateu para a cesta e não se cansou de levar tocos (1-4 nos arremessos de quadra, apenas 3 pontos em 12 minutos, nenhuma assistência). Ele já não está mais habituado a jogar contra seus compatriotas, a encarar esse tipo de capacidade atlética que um Anthony Davis ou um Mason Plumlee apresentam. Não há nada errado em “bater para a cesta”, mas, para alguém veterano, que teria de estar pronto, tinindo para encarar a elite mundial, bem que uma finta aqui e ali poderiam ser usadas, né? Digo: Magnano comprou a ideia de sua naturalização, o trata como pesa intocável em seu time desde 2012. Supostamente, então, é um cara para resolver, custando a outros atletas de futuro uma vaga no time. Então a cobrança também fica alta em relação a sua produção, independentemente da nacionalidade. Vamos ver. Também não vai enfrentar americanos em todos os jogos daqui para a frente.

Quem não se intimidou com os caras foi Rafael Hettsheimeir, que teve uma noite praticamente perfeita nos chutes de fora (3-4 nos tiros de três pontos, sendo que o único erro veio numa bola no estouro do cronômetro de posse; terminou o jogo com 13 pontos em 12 minutos e 5-6 no aproveitamento de quadra). Encarnou o “strecht 4” da moda na NBA – para não dizer “strecht 5” e deve ter impressionado os scouts presentes. Lembrando que o pivô, hoje fechado com o Bauru, já chegou a abrir negociações com Dallas Mavericks e outros clubes de lá há alguns anos. Mas também precisamos ter prudência aqui: se não é certo afundar Raulzinho por causa de três ou quatro partidas, não é para jogar o pivô lá para o alto por causa de uma jornada.

Hettsheimeir tem realmente trabalhado neste chute de média para longa distância. Ganhou licença para chutar, por parte de Magnano. Mas notem que em sua carreira, mesmo nas temporadas recentes, os percentuais não são tão elevados assim. Ok, ele matou 40% na última Euroliga, pelo Unicaja Málaga, marca excelente. Mas foram apenas 24 disparos no total, em 17 partidas, uma amostra bastante reduzida. Na Liga ACB, em 45 chutes, o rendimento caiu para 31,1%. No ano anterior pelo Real, 28,1%. Em 2011-2012, pelo Zaragoza, caíram 33,9%. Claro que tudo depende do contexto: quem dividia a quadra com ele, qual tipo de arremesso era gerado (contestado ou não?), os defensores etc. E outra: se os arremessos começarem a cair sem parar, as defesas vão se ajustar. E, para alguém do seu tamanho, não dá para esperar que vá colocar a bola no chão e invadir o garrafão. Enfim: é uma arma interessante para o tabuleiro de Magnano, mas precisamos entender qual o seu devido valor e a devida eficiência para saber quando usá-la na hora-hora-do-vamo-vê.

*  *  *

Marcelinho Machado e Guilherme Giovannoni tiveram tempo de quadra bastante reduzido no amistoso. Giovannoni retorna de lesão no tornozelo, registre-se. Seus minutos estarão vinculados aos de Hettsheimeir, desconfio. Se o pivô estiver convertendo as bolas de longa distância em alta frequência, seu papel no time fica seriamente ameaçado. Contra os EUA, de todo modo, a velocidade da concorrência acaba sendo um fator inibidor para os mais veteranos da equipe. Estiveram juntos no final do primeiro tempo, para executar uma defesa. Não entendi muito bem. Então fica aqui mais um ponto para se checar no giro europeu de amistosos.

*  *  *

Sobre os atletas dos Estados Unidos, nenhuma novidade. Mas não deixa de ser interessante vê-los em ação contra os brasileiros, para reforçar algumas impressões, de ambos os lados. Alguns comentários rápidos sobre mais alguns dos personagens em quadra:

James Harden: nem mesmo um defensor aplicado e enfezado como Alex consegue ler seus movimentos para prever o lado do corte. No um contra o um, driblando a bola de maneira marota, o Sr. Barba tem um ritmo todo dele e cava lances livres sem parar. Candidato a cestinha do Team USA no Mundial.

Anthony Davis: se o público espanhol foi privado de ver Kevin Durant em ação ao vivo, que se deleitem com a capacidade atlética do Monocelha. Anthony Davis tem o corpo perfeito para o basquete. A confiança cada vez mais alta, subindo junto com seus fundamentos. Jogador mais importante do time.

Stephen Curry: queimou a redinha no início do primeiro período, depois foi preservado pelo Coach K. No Mundial, é de se imaginar que vá ser muito mais utilizado. Hoje o show estava reservado para Derrick Rose, reencontrando a ansiosa e apaixonada torcida de Chicago.

– Por falar em Derrick Rose… Em espasmos, você vê que o arranque e a impulsão ainda estão lá. Excelente notícia – para o basquete. Tal como aconteceu com Larry, deu para notar a pilha que o rapaz também estava, sem contar a ferrugem de alguém que disputou apenas dez partidas desde 2012.

Mason Plumlee: atlético e inteligente, uma combinação que te leva longe. Mostrou porque ultrapassou Boogie Cousins e Andre Drummond na rotação do Coach K.

Rudy Gay: no cenário dos sonhos de Krzyzewski, ele teria Durant, LeBron e Melo. No plano B, só Durant. Na falta de tudo isso, teve de apelar a Rudy Gay, que fez 28 anos neste domingo. E aí que o treinador dos Estados Unidos gostaria muito que o ala acertasse ao menos 35% de seus chutes de três pontos.  O jogador do Sacramento Kings teria tudo para se encaixar no time, não fosse sua deficiência nos arremessos. Duro é que isso aconteça. Na defesa, ele acaba compensando com agilidade, impulsão e envergadura. Mas o ataque sofre.

– Por isso, esperem uma boa dose de Kenneth Faried no Team USA. Um homem não é apelidado de Manimal gratuitamente. O motorzinho do Denver Nuggets pode não acertar nenhum chute atrás da linha de lance livre ou fora do garrafão, mas compensa o espaçamento criando e achando buracos com sua movimentação incessante. Energia nunca é demais. Além do mais, o ala-pivô ainda pode pontuar som seus semi-ganchos (tipo os do Splitter) e chutes em flutuação, que evoluíram muito na última temporada.

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De resto, ainda parece que o Coach K precisa fuçar um tanto em sua rotação. Klay Thompson e Chandler Parsons deixaram a pegada cair. Damian Lillard nem viu a quadra (vai de dupla e tripla armação o tempo todo, ou não?)’ precisa ver se Cousins vai ter  alguma chance quando o joelho estiver inteiro. Se Korver vai jogar mais em algum teste futuro. E tal. Obviamente não são problemas de arrancar os cabelos. Mas são ajustes necessários para o único objetivo que lhes interessa: o ouro. “Nada além do ouro é aceitável”, como disse o Monocelha na saída de quadra para a repórter Karin Duarte, do SporTV.


Nenê protagoniza melhor momento brasileiro na temporada
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Giancarlo Giampietro

Nenê sobe livre para a enterrada triunfal, depois de Wall limpar a quadra

Nenê sobe livre para a enterrada triunfal, depois de Wall limpar a quadra

Não dá para dizer que a temporada 2013-2014 seja a mais auspiciosa para os brasileiros na NBA. Não que estejam terrivelmente mal. Nada disso. Mas tem faltado um pouco de brilho, barulho, grandes momentos – talvez pelo fato de a turma ter se assentado em situações cômodas, de estabilidade.

De todo modo, neste sábado, Nenê ao menos conseguiu registrar um grande momento para a legião de exportados, realizando um dos melhores jogos de sua já longínqua carreira na liga norte-americana. Na verdade, o melhor momento, e justo com ele, sempre afeito a dar o mérito aos companheiros. Um cara que não curte muito esse negócio de se gabar em entrevistas – isso, claro, quando ele topa falar com algum repórter. Mas dessa vez não havia muito como ele escapar dos microfones e gravadores.

O pivô marcou 30 pontos na vitória do Washington Wizards sobre o New Orleans Pelicans, igualando sua melhor marca pessoal. Mais: fez a cesta do triunfo, uma enterrada com 0s9 no cronômetro, bem em cima da buzina, mesmo, para definir o placar de 94 a 93. “Apenas rezei”, afirmou o são-carlense, em mais um gesto típico, sempre evocando termos religiosos para suas ações em quadra. “Queria encerrar o jogo com a bola nas minhas mãos. Eles fizeram isso, colocaram nas minhas mãos. O John foi fantástico: uma infiltração daquelas, e ele me encontrou.”

Veja a jogada aqui, eleita pela turma da NBA como a melhor de uma noite cheia de jogos (e, de brinde, veja a enterrada poderosa do brasileiro na 10ª posição, deixando o Monocelha na saudade):

Esses foram apenas os famosos “highlights”, né? Mas, se você quiser saber exatamente o estrago que Nenê fez na defesa do Pelicans, melhor assistir a este compacto com suas cestas de quadra (e algo a mais):

O pivô estava simplesmente com as mãos pegando fogo, tendo convertido 13 de 19 arremessos de quadra. Para quem não clicou no vídeo, a boa nova foi sua confiança na conversão dos chutes de média distância. Na temporada, este vem sendo seu aproveitamento:

Em amarelo: Nenê arremessando de acordo com a média da liga em praticamente todo o perímetro interno, sendo mais eficiente na cabeça do garrafão e dois ou três passos para a direita. Não por acaso, região em que encaçapou diversas vezes contra o Pelicans

Em amarelo: Nenê arremessando de acordo com a média da liga em praticamente todo o perímetro interno, sendo mais eficiente na cabeça do garrafão e dois ou três passos para a direita. Não por acaso, região em que encaçapou diversas vezes contra o New Orleans

Quer dizer, Nenê já precisa ser respeitado na hora de subir para o jump-shot. Se conseguir, de alguma forma, elevar seu rendimento, seu impacto no ataque do Wizards seria mortal: 1) é difícil parar John Wall em suas infiltrações, no mano a mano, de modo que o pivô (Greg Stiemsma, por exemplo, em diversos dos lances acima)  também precisa recuar um bocado no garrafão para fechar a porta; 2) Marcin Gortat é um ótimo finalizador debaixo do aro e também chama a atenção da ajuda, da cobertura; 3) o mais ilustre dos Hilários do esporte tem liberdade para receber o passe e finalizar; se for para matar, deixa os defensores praticamente diante de constante xeque-mate após xeque-mate.

Agora, voltando à discrição de Nenê. Vasculhando os sites norte-americanos, ou mesmo os locais de Washington, foi difícil encontrar mais declarações do brasileiro. Vamos aqui com as únicas duas:

– “Foi uma vitória fantástica” – a básica.

– “Não, não, não. Isso não está certo” – o pivô descrevendo o que pensou quando Anthony Davis (aliás, mais um jogo sensacional para este jovem craque) converteu dois lances livres nos segundos finais para por o time visitante na frente do placar.

A enterrada de outro ângulo

A enterrada de outro ângulo

E só. Se alguém tem outra na manga, favor endereçar em telegrama urgente. É impressionante e diz muito sobre seu comportamento – com a ressalva de que o elenco do Wizards se mandou rapidamente do ginásio, com um voo marcado para Cleveland, aonde jogam novamente neste domingo.

Mas o sumiço do pivô também fala bastante sobre a moral que John Wall tem na capital norte-americana. (Claro, essa não é uma surpresa, já que é, agora oficialmente, o All-Star da franquia.) Sua assistência para a enterrada triunfal de Nenê foi o grande chamariz nos relatos da partida. E, de fato, merecia destaque. “John fez duas jogadas no fim que você não consegue ensinar”, afirmou o técnico Randy Wittman. “Ele partiu para a cesta querendo a bandeja. Estando um ponto abaixo, com o relógio correndo, ele ficou sob controle, para fazer aquela última jogada para o Nenê. Foi uma boa execução no momento  decisivo.”

É… Vejam que Wall atrai a atenção de marcação tripla no garrafão, limpando um espaço precioso para a decolagem de seu pivô. “Eu queria ir para um arremessos”, confessou o armador. “Mas vi Anthony Davis se aproximar. Então pensei em passar por trás para Gortat. Mas aí vi (Jeff) Withey chegar ao mesmo tempo, e então vi Nenê por ali, e e era o passe mais fácil e mais seguro. Por sorte, ele conseguiu fazer a cesta a tempo.”

Fica bem claro o amadurecimento do número um do Draft de 2010. Demorou um pouco mais, mas ele chegou lá, sem perder o embalo da temporada passada, na qual ficou afastado por um longo período devido a complicações no joelho.

O Wizards se mantém na zona de classificação da Conferência Leste, ainda que não consiga de jeito nenhum ultrapassar a marca de 50% de aproveitamento. Wall é quem lidera essa campanha, mas, sem Nenê, pode ter certeza de que não conseguiriam. Por mais que ele diga pouca coisa a respeito.

*  *  *

Varejão e Splitter, de novo lidando com questões físicas

Varejão e Splitter,  lidando com questões físicas

Um bom momento para checar como estão os demais brasileiros, né?

Tiago Splitter vem sofrendo novamente com suas já famosas lesões na panturrilha, o tipo de problema físico que precisa ser muito bem cuidado, para que não vire algo mais grave, que possa lhe atrapalhar nos playoffs. Com Gregg Popovich, porém, não há esse risco. Na semana passada, o catarinense se viu incluído numa lista nada agradável, elaborada pelo jornalista Bill Simmons, editor-chefe e fundador do inigualável Grantland e comentarista da ESPN: a dos 30 piores contratos da liga. Simmons autaliza esta relação anualmente e incluiu o pivô na 23ª posição. “Eu sempre levo pro lado pessoal quando o Spurs paga mais do que deve para alguém. O Spurs é supostamente o clube mais esperto da liga! Por favor, RC Buford! Você é um modelo a ser seguido!!! Você deu US$ 36 milhões para alguém que nem conseguia ficar na quadra nas finais de 2013???? Justo você?? Por quê????”, exclamou, questionou, aloprou.

Splitter recebeu um contrato de US$ 36 milhões por quatro anos. Uma bolada. Mas Simmons não apresentou muitos argumentos para atacar o negócio, além do fato de o jogador ter penado contra o Miami na decisão para questionar esse montante – como se ele fosse o único pivô a ter enfrentado dificuldade contra o time da Flórida . Naturalmente, o comentário despertou uma certa indignação entre os torcedores do Spurs. O blog Pounding the Rock saiu em defesa do atleta, de modo racional. O mesmo blog já havia elaborado um artigo excelente para detalhar a importância do pivô para a defesa texana. Há coisas que os números realmente não contam, ao menos na superfície. Por outro lado, é preciso dizer que Tiago vive sua pior temporada desde o ano de novato, de acordo com medições estatísticas mais avançadas ou em projeções por minuto, mesmo depois de ter descansado durante as férias, sem ter disputado a Copa América. Não quer dizer que esteja mal, mas que pode render mais.

Anderson Varejão estava começando a embalar no garrafão do Cleveland Cavaliers e… Está fora de quadra desde 9 de fevereiro, por conta de alguma contusão/lesão/questão/dor nas costas. O Cavs não divulgou exatamente qual o problema do capixaba, deixando os blogueiros da cidade ressabiados. A ESPN chegou a noticiar que ele teria tomado uma injeção de cortisona, mas o gerente geral David Griffin negou a informação. Em contato com Sam Amico, repórter da FoxSports, contudo, o dirigente confirmou que ao menos um tipo de injeção foi aplicada. Só não quis confirmar qual.

O pivô estreou na temporada um pouco mais tarde, se reabilitando da assustadora embolia pulmonar que o tiro das quadras na temporada passada. Seu tempo de quadra vinha sendo mais controlado, se comparando com os três campeonatos anteriores, mas aos poucos ele vinha recebendo uma carga maior de minutos. Em 2014, tinha médias de 10 pontos, 10 rebotes, 3,3 assistências e 1,5 roubo de bola. Até que parou. Neste sábado, sabe-se que ele não treinou.

– Para Leandrinho, só o fato de já somar 18 partidas na temporada 2013-2014 já é uma vitória, superando uma série de dúvidas sobre seu retorno depois de uma lesão grave no joelho. Prova de sua dedicação, seriedade, devoção aos treinamentos. Aliás, um aspecto muito subestimado na carreira do ligeirinho – não foi só talento natural que o levou ao sucesso nos Estados Unidos. Posto isso, o ala-armador tem perdido rendimento em fevereiro. Depois de abrir o mês marcando 13 pontos em dois jogos seguidos (ambas derrotas, para Chicago e Houston), converteu 17 no total em suas últimas quatro partidas, em seis cestas de quadra, tendo ficado fora da surra do Suns para cima do Spurs, na sexta, abrindo vaga para o calouro extremamente promissor Archie Goodwin. O baixotinho Ish Smith foi o beneficiado.

– Em um ano em que o Boston Celtics joga mais para perder do que para ganhar, a estreia do técnico Brad Stevens na NBA foi considerada pela mídia norte-americana como um dos poucos pontos positivos. É elogiado pelo quanto se prepara para cada confronto, pela eficiência de suas jogadas após pedidos de tempo, pela evolução de Jordan Crawford em suas mãos, entre outros pontos. Agora, no que se refere a Vitor Faverani, acho que o jovem treinador erra, e feio. Dar tempo de quadra para um veterano como Kris Humphries, no último ano de contrato, em detrimento de uma aposta para o futuro, não faz muito sentido. E não é que o pivô gaúcho tenha afundado a equipe quando jogou.  Agora, caminhando para os meses finais de temporada, Faverani se recupera de uma torção no joelho esquerdo. Em três jogos completos pela D-League, teve médias de 16,3 pontos, 12 rebotes, 3,6 assistências e 2 tocos, em cerca de 32 minutos. A ressalva de sempre: os números nesse campeonatos são sempre inflados, pelo ritmo de pelada de muitas partidas. De qualquer forma, Faverani entregou. Agora é ver se consegue voltar para quadra rapidamente e se vai receber mais uma chance adequada de Stevens.

*  *  *

Enquanto isso, na D-League…

Scott Machado, novamente Warrior

Scott Machado, novamente Warrior

– Superada (?) a frustração da dispensa pelo Utah Jazz, Scott Machado voltou à alçada do Warriors, defendendo novamente a filial da franquia em Santa Cruz. Dessa vez, porém, ele é reserva de Seth Curry, o irmãozinho do Steph. Antes que acusem o clube de nepotismo, saibam que o armador tem média de 19,5 pontos por jogo e 6,4 assistências, mesmo que não tenha colocado em prática seu grande arremesso de três pontos (32,5% de longa distância… cai a eficiência quando ele passa mais tempo com a bola, claro). O gaúcho de Nova York tem médias de 20,8 minutos, com 8,6 pontos, 3,4 assistências, 3,1 rebotes e apenas 33,3% nos chutes de quadra…

Fabrício Melo passou um bom tempo em inatividade (inexplicavelmente, diga-se) e assinou com o Texas Legends, a filial do Dallas Mavericks, clube que o cortou no training camp, lembrem-se, numa situação que nunca lhe foi muito favorável. Ainda preciso sentar um dia à frente do YouTube para ver em que tipo de forma está o pivô mineiro, mas depois de fazer ótimas partidas no ano passado pelo Maine Red Claws, seus números na atual campanha por enquanto são tímidos: 4,1 pontos, 3,6 rebotes e horrendo 38,6% nos arremessos em apenas 13 jogos (13,6 minutos). É reserva do imortal Melvin Ely, hoje com 35 anos. Um cara que entrou na NBA no mesmo Draft de Nenê (2002), rodou por várias franquias (Clippers, Hornets/Pelicans. Spurs, Nuggets…) e nunca teve média superior a 25 minutos por jogo.


Notas sobre a pré-temporada: Splitter, Monocelha, Rose, Oladipo e mais
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Giancarlo Giampietro

 – O San Antonio Spurs não resolveu pagar US$ 36 milhões para Tiago Splitter para deixá-lo no banco ou diminuir seu papel no time, né? Para um técnico que pensa tanto a longo prazo como Gregg Popovich, o lema de não levar tão a sério o que acontece nesta época do ano vale ainda mais, certo? Sim, sim. É de se esperar que sim. Pois o catarinense anda um tanto devagar. Depois de passar zerado na partida contra o Atlanta Hawks, na quinta-feira, ele tem apenas 22 pontos e 18 rebotes em quatro partidas até o momento, jogando por 70 minutos. Para comparar, o australiano Aron Baynes acumulou 37 pontos e 26 rebotes pontos nos mesmos 70 minutos. Recém-contratado, Jeff Ayres, ex-Jeff Pendergraph, já ficou em quadra por 73 minutos e vem se mostrando um bom passador, com 10 assistências. Não é que o brasileiro venha sendo preservado pelo treinador: enquanto o pivô disputou os quatro jogos do San Antonio até este sábado, Tim Duncan, Manu Ginóbili e Tony Parker já foram poupados em pelo mens um um deles.

Oh, my...

Sem palavras, Anthony Davis

– Anthony Davis, Anthony Davis, Anthony Davis… O novato número um do Draft de 2012 está voando. Ele marcou mais de 21 pontos em suas primeiras quatro partidas. Na quinta, deixou cair a peteca: foram só 18. Sua média é de 22,6 pontos até aqui. O ala-pivô voltou das férias mais forte e muito mais confiante em seu repertório ofensivo, atacando o aro e também convertendo os chutes em flutuação, enquanto na defesa continua estocando bloqueios e roubadas sem parar. Já estaria pronto o Monocelha para ingressar na elite da NBA? Não faz muito tempo em que o jogador era extremamente cobiçado pelos olheiros da liga, comparado a Tim Duncan e tudo isso. Seu ano de novato não foi ruim de modo algum, mas o excesso de pequenas lesões, a explosão de Damian Lillard em Portland e o gigantismo de Andre Drummond acabaram por ofuscar Davis um pouco. Mas só um pouco. Agora ele pretende justificar toda a badalação que recebeu em Kentucky.

– Ao que tudo indica, as dores no joelho de Derrick Rose não eram tão sérias ou incômodas assim. Acreditem se quiser, então: chegou o dia em que Tom Thibodeau foi precavido ao lidar com seus jogadores! O técnico do Bulls pode ter deixado muita gente frustrada no Rio de Janeiro ao sacar sua estrela do amistoso contra o Wizards, mas para o torcedor mais fanático pelo time de Chicago essa só poderia ser uma ótima notícia, independentemente do quanto o armador renderia no retorno aos Estados Unidos. E o que vimos? Rose arrebentando com Pistons e Pacers. Contra o Detroit, foram 22 pontos em 22 minutos. Contra o Indiana, 32 pontos em 31 minutos. Está bom? Calma, que tem mais: o jogador vem com um desempenho sensacional na linha de três pontos, tendo convertido seis dos últimos dez arremessos nas últimas três partidas, o que dá 60% (dãr). A média em sua carreira? Só 31%. Se o atleta realmente conseguiu melhorar dessa forma seu chute de longa distância durante a última temporada de suplício… Digo, obviamente ele não vai arremessar 60, nem 50% durante o campeonato, mas se beirar os 40% já seria um progresso incrível e um pesadelo para seus marcadores.

– As limitações físicas de Joakim Noah, ainda sofrendo com dores na virilha, são o que mais incomodam Thibodeau, então, neste momento. Taj Gibson é que não vai reclamar de nada. O ala-pivô construiu sua reputação na liga com base em sua capacidade na defesa. A julgar pelo que vem apresentando nestes primeiros jogos em outubro, pode ser que na outra tábua seu jogo também tenha se expandido. Ele pontuou em duplos dígitos nas cinco partidas do Bulls, com média de 15 pontos por jogo (contra 7,9 na carreira e 8,0 na temporada passada) e acertou 62,5% de seus arremessos, muitos deles cravadas de se levantar da cadeira. Qualquer melhorias neste sentido também seria um ganho enorme para Thibs, na hora de o treinador promover sua já tradicional substituição de Boozer por Gibson nos minutos finais das partidas: ele fortaleceria sua retaguarda e não perderia muito no ataque, desde que seu reserva consiga render ofensivamente, especialmente convertendo arremessos de média distância.

– Sobre o Pacers, o que dizer? São cinco jogos, cinco derrotas. Todo mundo vai dizer que pré-temporada não serve para avaliar nada, e tal… Mas o último time a passar batido pela fase de amistosos, sem nenhuma vitoriazinha sequer, foi o Los Angeles Lakers no ano passado. E sabemos muito bem o que saiu daí. Era de se imaginar algumas dificuldades para Frank Vogel, num período em que ele tem de integrar um monte de novos reservas ao seu esquema defensivo e, ao mesmo tempo, precisa tirar o ferrugem do ala Danny Granger. Sua equipe também ainda não enfrentou nenhuma baba (dois duelos com Bulls, dois com Rockets e um com o Mavs). Mas… Nenhum triunfo para o vice-campeão do Leste? A ver. Granger, aliás, não vem muito bem. Ele acertou apenas 14 de seus 44 arremessos de quadra (31,8%). Ao menos de longa distância ele vem matando: 8/17 (47%).

Darren Collison ama Chris Paul

Claver tenta, mas está difícil de parar Darren Collison, o reserva ideal do CP3

– Parece que o negócio de Darren Collison é ficar perto de Chris Paul, não? Até hoje, o armador viveu seus melhores dias na NBA em sua campanha de calouro, em 2009-2010, quando foi selecionado pelo New Horleans Hornets para ser o reserva do superastro. Acontece que CP3 se lesionou bastante naquela temporada, e o jogador revelado pela UCLA acabou ganhando muitos minutos e deu conta do recado de forma surpreendente até, com médias de 18,8 pontos e 9,1 assistências nas partidas em que começou como titular. De lá para cá, porém, não conseguiu repetir esse tipo de números, com dois anos muito irregulares pelo Indiana Pacers, além de uma passagem bastante frustrante pelo Dallas Mavericks, na qual deixou o técnico Rick Carlisle maluco por sua indisciplina defensiva e alguns hábitos indesejados no ataque. Sua cotação caiu tanto que, como agente livre, se viu forçado a assinar pelo mínimo com o Los Angeles Clippers… Para ser reserva de Paul novamente. E o que vemos na pré-temporada? Alguns jogos impressionantes do armador, claro. Nesta sexta, por exemplo, ele somou 31 pontos e seis assistências em derrota para o Portland Trail Blazers – foi tão bem que ficou em quadra por 34 minutos, forçando Doc Rivers a colocá-lo ao lado de seu franchise player. Collison também teve duas partidas com dez assistências, sendo que, contra o Sacramento Kings, no dia 14, terminou com um double-double, anotando 20 pontos em 36 minutos. Se conseguir repetir esse tipo de desempenho nos jogos para valer, o armador pode complicar um pouco a vida de Rivers, mas sem deixar que o técnico lamente a saída do dinâmico Eric Bledsoe.

– Para o Oklahoma City Thunder, outro concorrente de ponta na Conferência Oeste, o importante é a acompanhar como está o desenvolvimento do ala Jeremy Lamb, que, em sua segunda temporada, será obrigado a arcar com muito mais responsabilidades, assumindo o lugar que um dia foi de James Hardem na rotação da equipe. Se sua capacidade atlética e envergadura pode reforçar a defesa de perímetro do time, deixando as linhas de passe ainda mais apertadas (já foram nove bolas recuperadas em quatro jogos…), no ataque sua mira de três pontos está totalmente desarrumada: converteu apenas três chutes em 17 tentados (17,6%). Se o ala não der um jeito de trabalhar esse fundamento, a vida de Kevin Durant no ataque ficará muito mais complicada, com mais jogadores concentrados na ajuda.

– Entre os novatos, o destaque fica, por enquanto, para o ala-armador Victor Oladipo, segunda escolha do Draft, aposta do Orlando Magic. Um competidor feroz, ele vem saindo do banco pelo jovem time da Flórida, mas causando impacto nas partidas com sua capacidade atlética invejável e muita dedicação e versatilidade. Em cinco partidas até aqui, são 14,2 pontos, 5,5 assistências, 6,2 rebotes e 1,8 roubo de bola, isso sem ter jogado mais que (!) 30 minutos em nenhuma ocasião. Olho nele: nunca foi muito badalado quando adolescente, mas, em seus três anos na universidade de Indiana, evoluiu demais para se tornar um prospecto de elite. Tem tudo para se tornar rapidamente um líder em Orlando.

Que mais que vocês vêm reparando?


Quais foram os destaques individuais de uma grande temporada da NBA?
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Giancarlo Giampietro

LeBron

Somos todos testemunhas, sim. O marketing acertou

Foi mais uma grande temporada, que pareceu ainda melhor sucecendo um campeonato sabotado pelo lo(u)caute de 2011. As 27 vitórias seguidas do Miami Heat de LeBron James. A evolução contínua e assustadora de Kevin Durant. Os heroísmos de um desesperado Kobe Bryant (em sua, glup, despedida!?). O ano em que Carmelo cumpriu sua promessa e, enfim, jogou sério do início ao fim. Indiana e Chicago resgatando os tempos das defesas ferozes de Knicks e Pistons. A renascença de Tim Duncan, com Splitter efetivado ao seu lado. A correria frenética do Nuggets e seu basquete “sem estrela”, mas com o maníaco Kenneth Faried. Stephen Curry. James Harden. Russell Westbrook. Damian Lillard e Anthony Davis, bem-vindos sejam. O Charlote Bobcats. Quer dizer, o Charlote Bobcats, não. Mas tudo bem. Teve bastante coisa para acompanhar de outubro para cá. Agora, então, a de passar a régua e fechar a conta, ou, pelo menos de pedir aquela parcial pro garçom, enquanto os playoffs. Sem mais delongas, a lista de prêmios do Vinte Um pela qual você mal podia esperar:

Melhor jogador
Kevin Durant manteve sua altíssima média de pontuação, chutando estonteantes 51% de quadra, 41,6% de três pontos e 90,5% de lances livres, sendo um terror em todos os cantos a partir da meia-quadra. Melhorou como um passador, criador de jogadas para os outros – suas posses de bola terminam em assistências em 21,7% das vezes, contra 15,2% da carreira. Melhorou como reboteador e como marcador. Seus índices de eficiência estão no topo. E, não, ele não foi o melhor jogador da liga. Para você ter uma ideia do quão estepacular foi o ano vivido por…
LEBRON JAMES, Miami Heat
(Durant é o segundo da lista, algo que também não se discute. Na sequência, qualquer trio dentro do grupo de Melo, Paul, Duncan, Parker, Kobe, Marc Gasol, Wade pode completar um top 5 de respeito.)

Melhor técnico
Essa é disparada a categoria mais difícil, com tantos ótimos trabalhos. Por mais que queiram diminuir o jogo praticado na liga americana, a carga tática lá praticada é riquíssima, cheio de pequenos detalhes que podem facilmente passar despercebidos quando se quer observar apenas ***as estrelas*** em ação. Há diversas formas também de se abordar essa escolha: quem fez mais com menos, o trabalho mais surpreendente, quem tem o time mais consistente, o time mais inventivo etc. Desses caminhos, certamente o Miami Heat não se enquadra na primeira: com LeBron, Wade, Bosh, Battier, Allen, Andersen, Chalmers, Miller, mão-de-obra não falta. Ainda assim, engatar uma sequência de 27 triunfos? Ter o melhor ataque e a sétima melhor defesa? Ousar e quebrar uma série de paradigmas e dogmas, explorando ao máximo as características particulares de seus atletas? Ele fez tudo isso, levando um timaço a outro patamar…
ERIK SPOELSTRA, Miami Heat
(George Karl com seu divertidíssimo e traiçoeiro Denver Nuggets, Mike Woodson controlando Melo e JR Smith em Manhattan e explorando os velhinhos Prigioni e Kidd, Kevin McHale levando aos playoffs a equipe mais jovem da liga, Lionel Hollins e sua maquininha de basquete no Grizzlies sem Rudy Gay, Frank Vogel com sua defesa sufocante, esmagadora, tendo DJ Augustin, Orlando Johnson, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi como seu quinteto reserva… Gregg Popovich, oras!, voltando ao top 3 defensivo, com o sétimo melhor ataque, a despeito das lesões de seus craques… Enfim, a categoria é REALMENTE difícil.)

Melhor sexto homem
JR Smith teve momentos espetaculares pelo New York Knicks, ainda mais em tórrido início e final de campanha. No meio do caminho, porém, Mike Woodson testemunhou uma ou outra loucura em quadra, para variar.  Um cara mais consistente durante toda a temporada, tão importante como para sua equipe, o único a ter médias superiores a 10 pontos (12,9) e 5 assistências (5,5) por jogo vindo do banco, acertando 40,4% de três, 45,2% de quadra (criando quase sempre a partir do drible, assim como JR), mas que, por não jogar na Big Apple e ter sempre operado em franquias periféricas, andou sempre escondido foi…
JARRET JACK, Golden State Warriors
(Mas, olha, JR Smith realmente jogou uma barbaridade pelo Knicks quando Amar’e Stoudemire não esteve em quadra. Em abril, suas médias foram de 22 pontos, 6,6 rebotes (!), 2,4 assistências com 48,3% de pontaria. Nate Robinson também incendiou muitos jogos em Chicago, para o bem e para o mal. Mais regular foi Kevin Martin, que se virou muito bem, conforme o esperado, com as sobras de Wess e Durant em Oklahoma. O combo Eric Bledsoe/Jamal Crawford  também merece menção, mas a presença de um atrapalha a do outro.)

Melhor defensor
Hoje há diversos índices estatísticos que mostrem a relevância de um defensor para sua equipe, mas vamos nos dar ao direito de nem conferi-los agora, se limitando apenas a um dado levantado por Tom Haberstoth, do ESPN.com: 4,4 km corridos é a média por jogo de…
JOAKIM NOAH, Chicago Bulls
(Sério, Noah é o atleta que mais acumulou milhagem na temporada, mesmo tendo perdido as últimas semanas devido a essa mardita fascite plantar. O sujeito se mata. Ele correu mais até que Luol Deng, que liderou a temporada em minutos por jogo, com 38,9. E sabemos bem que Noah corre de modo inteligente em quadra, cobrindo espaços com velocidade lateral e vertical impressionantes, tendo que se virar como a âncora defensiva de um time que perdeu Asik e teve Taj Gibson também jogando no sacrifício; em Nova York, Tyson Chandler é a defesa do Knicks; Marc Gasol oferece uma presença intimidadora para sustentar a segunda melhor retaguarda da liga; Larry Sanders cria o caos em quadra. LeBron James, quando necessário, é acionado por Spo para anular um oponente. Até isso ele faz.)

Jogador que mais evoluiu
Diversos astros fizeram as melhores temporadas de suas vidas, como LeBron, Durant e Melo. Deron Williams terminou o ano como o cara que mais evoluiu dentro da mesma campanha, lembrando muito mais aquele craque de Utah do que o do gordote desinteressado e desvairado de Nova Jersey – mas isso não vale nesta categoria. Ainda assim, prefiro sempre os jogadores mais subestimados que conseguem se inserir no mapa das figuras mais relevantes da liga, como o garoto que assumiu a liderança de sua equipe, aprendendo com os próprios erros, com uma capacidde atlética impressionante e um pacote técnico que ainda pede aprimoramento, mas já avançou significativamente…
PAUL GEORGE, Indiana Pacers
(Pelo Sixers, Jrue Holiday seguiu o mesmo script de George, assim como Brook Lopez em Brooklyn; Larry Sanders conseguiu segurar, na maior das vezes, seu ímpeto exagerado, maneirando nas faltas, podendo jogar por mais tempo e influenciar a defesa do Milwaukee Bucks de um modo como Andrew Bogut fazia antes de sua terrível lesão; Andray Blatche deixou de ser um vagal para contribuir para um time de playoff; Greivis Vasquez, por fim, terminou como o terceiro principal assistente da liga, atrás apenas de Rondo e Paul, e nem o chavista mais fanático poderia imaginar isso.)

Novato do ano
Um pouco por causa dos constantes problemas físicos do Monocelha, mas muito mais por suas habilidades e ousadia, quebrando recordes em Portland, surpreendendo a liga toda, esta categoria é tão barbada como a de MVP…
DAMIAN LILLARD, Portland Trail Blazers
(Anthony Davis não teve o impacto que muitos esperavam em Nova Orleans, até porque sua campanha foi sabotada por pequenas lesões, mas mostrou muito potencial, com 13,5 pontos, 8,2 rebotes, 1,8 bloqueio, 1,2 roubo de bola e 51,6% mesmo sem o físico ideal para aguentar um campeonato brutal; potencial absurdo também tem o gigante Andre Drummond, de Detroit; e muito mais refinado já está o jovem ala-armador Bradley Beal em Washington. Pablo Prigioni tecnicamente se enquadra como um novato, mas não vamos ter a desfaçatez de inseri-lo nesta lista, embora tenhamos acabado justamente de fazer isso.) 🙂


Venezuelano Greivis Vasquez vira solução para armação em Nova Orleans
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Giancarlo Giampietro

Greivis Vasquez ao ataque

Só Rajon Rondo e Chris Paul deram mais assistências que Vasquez nesta temporada

Por Rafael Uehara*

Greivis Vasquez tem tido um ótimo rendimento com armador do New Orleans Hornets, futuro Pelicans, o ano inteiro, mas, como seu time ganhou apenas 31% de seus jogos até o momento, muito disso tem passado despercebido. A não ser na Venezuela, imagino.

Começou quando ele foi trocado por Memphis em um negócio um tanto quanto surpreendente em 2011, pois Vasquez tinha ido bem pelo Grizzlies nos playoffs do ano anterior, quando a franquia venceu a primeira série em toda sua história e forçou o Thunder até o sétimo jogo do segundo round. A partir daí, puro anonimato. O técnico Monty Williams fez um excelente trabalho tirando o melhor possível de sua equipe, mas, com a saída de Chris Paul, faz sentido que muitos não tenham prestado atenção no Hornets campeonato passado, sem notar o desenvolvimento de Vasquez em um armador puro.

Então, quando o time escolheu Austin Rivers com a décima escolha no draft e depois trocou Jarrett Jack para os Warriors, muitos presumiram Nova Orleans planejava em desenvolver Rivers como uma emulação de Russell Westbrook em Oklahoma City, usando Eric Gordon no papel de James Harden como um controlador de posse mais disciplinado. Onde Vasquez se encaixaria nesse cenário seria como um terceiro ala-amador vindo do banco, capaz de ser opção de tiro quando em quadra com Rivers ou Gordon ou armando uma formação composta de reservas; papel que muitos analistas pensavam ser a melhor função para o venezuelano quando ele saiu da Universidade de Maryland.

Poucos perceberam que o Hornets estava na verdade planejando contar com Vasquez como primeira opção de armação do time, satisfeitos com o que tinham visto na temporada anterior, e que o jogador responderia a esse voto de confiança do modo que vem fazendo na atual campanha. Ele  evoluiu para se tornar armador muito produtivo e consistente, provando-se merecedor de ser considerado parte do núcleo ao qual a franquia pretende construir, junto com Eric Gordon, Ryan Anderson e Anthony Davis.

Vasquez foi titular em todos os 48 jogos da equipe até o momento e o caso pode ser feito de que ele tenha sido o jogador mais produtivo do time, à frente até da grande aquisição da janela de verão, Anderson. É o segundo maior anotador do time devido à boa pontaria em tiros de três pontos e terceiro em toda a liga em assistência, postando em média 9,3 por jogo. E seu impacto é evidente. De acordo com NBA.com/advancedstats/, com Vasquez em quadra, os Hornets marcam em média 105 pontos a cada 100 posses, similar ao ataque do Houston Rockets, que é 8º nesse departamento. Porém, quando ele vai ao banco, a produção cai para 93,9 a cada 100, pior que o ataque do Washington Wizards, o ataque mais anêmico da NBA. A diferença em aproveitamento tiros de quadra é de 6%.

Não pode ser ignorado, de qualquer forma, que Vasquez tem sido parte do problema na defesa. O Hornets tem permitido 107 pontos a cada 100 posses do adversário com Vasquez em quadra, mas também não se pode ser esquecido que Davis (o jogador que faz a maior diferença para o time em prevenção) tem lidado com várias lesões e perdeu 13 jogos nessa temporada e que outros como Rivers, Anderson, Xavier Henry e Al Farouq Aminu também têm performances bem abaixo da média naquele lado da quadra, explicando um time que já soreu 33 derrotas.

Na verdade, Vasquez tem parte maior nas 15 vitórias do Hornets pra começo de conversa, levando em consideração que Gordon e Davis perderam bastante tempo com problemas físicos, enquanto Rivers vem cumprindo uma primeira temporada como profissional muito decepcionante. Vejam: 11 das 15 vitórias do time vieram em jogos nos quais Vasquez esteve em quadra em torno de 35 minutos ou mais. Havia muito frisson ao redor de Davis, Anderson tem se provado um investimento excelente, mas, no fim, é o venezuelano quem tem sido o melhor do time neste ano e estender seu contrato ao fim da temporada deve ser prioridade para o Hornets nesse processo de reconstrução. Mesmo que ninguém mais vá falar a respeito.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Temporada revigorada de Tim Duncan também ajuda a explicar limitações para Splitter
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Giancarlo Giampietro

A estreia como profissional de Anthony Davis foi contra Tim Duncan e o San Antonio Spurs. Número um do Draft, badalado por dez em cada dez scouts, o garotão do New Orleans Hornets não decepcionou: 21 pontos, 7 rebotes, um toco, uma roubada e nenhum desperdício de bola em apenas 29 minutos.

Tim Duncan, eternamente jovem

Deixem Duncan ser Duncan enquanto ele quiser ou puder. Pedido do Timmy

Normal, então, que, nas entrevistas ao final da partida, os repórteres abordassem o veterano para perguntar o que ele achava daquela comparação que ganhava força em torno da jovem promessa: “Ele é o novo Tm Duncan”. “Bem, eu ainda não fui embora. Posso continuar sendo eu por algum tempo enquanto isso?”, devolveu o astro.

Ô se pode.

Aos 36 anos, em sua 16ª temporada, o ex-nadador das Ilhas Virgens não dá sinal algum de que esteja em desvantagem naquela briga inevitável contra um adversário imponente, o tempo. No confronto com Davis e o Hornets, largou com tudo, com 24 pontos, 11 rebotes e três tocos – e não era fogo de palha. Em 11 partidas até aqui, suas médias são de 18 pontos, 10 rebotes, 2,4 assistências, 2,7 tocos e um roubo de bola, além de 51% nos arremessos e 75% nos lances livres.

Apenas 13,4% da temporada foi disputada ainda, numa ressalva relevante. O duro é produzir lá na frente, na reta final, quando pesa demais o desgaste das viagens e o acúmulo de jogos (e hematomas). Mas poucos poderiam imaginar um início tão vigoroso assim mesmo por parte de alguém que não se dá por satisfeito com quatro títulos, dois prêmios de MVP e mais de, glup, US$ 204 milhões apenas em salários.

Considerando que Gregg Popovich controla os minutos de seu pivô com muito cuidado, a avaliação de seus números atuais em projeções por 36 minutos se mostra mais justa, e daí saem dados impresssionantes: Duncan vem com as melhores marcas de sua carreira em tocos, roubos de bola e rebotes defensivos, a melhor em lances livres desde 2001-2002, a melhor em pontos desde 2005-2006 e a melhor em rebotes desde 2007-2008.

Descobriram a fonte da juventude, e ninguém avisou no Twitter?

*  *  *

Agora, quanto mais Duncan aguentar o ritmo como um pivô ainda de elite, fica ainda mais complicado contexto envolvendo Tiago Spliter no Spurs.

De acordo com o site Basketball-Reference.com, dos 20 quintetos utilizados com maior frequência por Popovich nesta temporada, Duncan está presente em 14. Destes, apenas em um ele dividiu a quadra com o catarinense, contando com a companhia de Tony Parker, Danny Green e Kawhi Leonard por 20min41s – efeito da escalação empregada especificamente para bater de frente com as torres do Lakers. De resto, o superpivô fica muito mais tempo ao lado de DeJuan Blair e Boris Diaw.

(Para constar, Splitter aparece em outras quatro formações entre as 20 mais utilizadas,, e seu companheiro de garrafão seria ou Matt Bonner – duas vezes – ou Boris Diaw, sendo a quarta uma equipe baixa com quatro atletas abertos – Ginóbili, Stephen Jackson, Gary Neal e Danny Green.)

Uma explicação: Splitter pontua basicamente no garrafão ou bem próximo dele. Ainda que Duncan tenha um bom chute de média distância, quase até os limites da linha de três, você não vai querer afastá-lo tanto assim da cesta. Com os dois em quadra, então, corre-se o risco de congestionar o garrafão e tirar o espaço para as infiltrações de Parker e Ginóbili. Defensivamente, os dois também são muito mais aptos a conferir adversários mais altos do que alas-pivôs mais baixos e ágeis. Não tem química, e Popovich não vai forçar a barra.

Vale tudo contra Dwight Howard

Contra Dwight Howard e o Lakers, rara ocasião em que Splitter e Duncan formaram dupla


Prévia Vinte Um para a temporada 2012-2013 da NBA
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Giancarlo Giampietro

Dá até vertigem de pensar. Começa nesta terça-feira a temporada 2012-2013 da NBA, e a gente sabe que, daqui até junho, vamos longe, bem longe, com os melhores jogadores do mundo, grandes confrontos, histórias engraçadas e escabrosas, novos heróis e vilões e sabe-se lá mais o quê. As surpresas são realmente o que mais divertem e atiçam colunas. Mas há alguns pontos que já valem a observação desde o tiro de largada:

Rei dos Anéis. Dãr

Rei dos Anéis. Dãr

LeBron James, enfim um rei
Por nove anos não houve jogador mais pressionado, perseguido e, ao mesmo tempo, cortejado e bajulado. Tudo pela mesma razão: seu incrível potencial para conquistar o anel e o que fazer com este potencial. Como LeBron vai agir agora que o peso de toda uma liga saiu de seus ombros? É possível fazer uma campanha ainda melhor do que a passada, com 27,1 pontos, 7,9 rebotes e 6,2 assistências, com 53,1% nos arremessos?

Celebridades
Precisa dizer mesmo? Se com Chris Mihm, Smush Parker, Sasha Vujacic e Kwame Brown já havia uma bagunça toda, imagine o circo quando o Lakers vai de Kobe, Howard, Nash, Gasol e o mais lunático de todos? Quem começa o campeonato com a maior cobrança é Mike Brown. Por mais bom moço e simpático que seja com os jornalistas, o técnico não inspira confiança alguma de que possa administrar um esquadrão desses. Instaurar o esquema ofensivo de Princeton em um elenco todo renovado já não parece o melhor primeiro passo. Outro ponto para ser monitorado: como vai ser o relacionamento de Kobe com os novos companheiros se as coisas não se acertarem conforme o esperado? E qual impacto eventuais tropeços podem causar na decisão de Dwight Howard. Lembrando: ele vai se tornar um agente livre ao final do campeonato.

Monopólio
Quando Danny Ainge encontrou um meio de juntar Kevin Garnett e Ray Allen com Paul Pierce, dificilmente esperava que as transações que salvaram seu emprego em Boston serviria como exemplo, como modelo de montagem no início da nova tendência para a construção dos supertimes da liga. Em quadra, a ironia continua: após seguidas derrotas para os velhinhos de Boston só motivou que LeBron procurasse abrigo com os amigos Dwyane Wade e Chris Bosh em Miami. E a preocupação dos proprietários dos clubes em evitar essa concentração de poder durante o último estúpido locaute parece não ter dado muito certo. Oras, o inimigo público número um, o Lakers, cansado de apanhar, ficou ainda mais forte! O Brooklyn Nets, com o investimento irrestrito de Mikhail Prokhorov, e o New York Knicks (coff! coff!) também foram atrás.

Lembra do Jeremy, Melo?

É bom não dar motivos para NYC se lembrar de uma Linsanidade, Carmelo

– Gangues de Nova York
Os clubes podem nem lutar pelo título, mas a mídia nova-iorquina vai dar um jeito de botar fogo nas relações entre Nets e Knicks. E olho nos ‘Bockers: depois de anos para tentar reformular seu elenco, a diretoria voltou a se aprisionar com contratos de médio prazo – algo muito perigoso numa liga cada vez mais restritiva no que se refere a movimentação dos jogadores. Então não importa se Amar’e já vai perder um bocado da temporada regular, ou se a maioria de seus reforços para este ano poderia estar muito bem aposentada a essa altura da vida. A base é esta, e pronto. Se, por ventura, os rivais de Brooklyn saírem na frente, como Spike Lee e outros fanáticos vão reagir? Vão tolerar mais um ano medíocre liderado por Carmelo Anthony?

Lugar de teatro é no palco
A NBA promete fiscalizar seus principais artistas. Quem for flagrado cavando, forjando faltas, no ataque ou na defesa, vai ser multado (veja os valores) e tomará pitos em público. Claro que essa medida desagradou aos jogadores, que dizem ser impossível julgar o que é uma reação desproporcional ao nível de contato físico filmado – e que não foi sentido por dirigentes da liga e árbitros.  Quem vai liderar o ranking?

*  *  *

Palavras-chave para os brasileiros:
O que está em jogo para o sexteto do Brasil na temporada e os desafios que eles encaram em suas equipes.

– Anderson Varejão e a saúde
– Fabrício Melo e Scott Machado e a D-League
– Leandrinho e a eficiência
– Nenê e a paciência
– Tiago Splitter e os minutos

*  *  *

Jogadores para marcar de perto:
Atletas que não são necessariamente as maiores estrelas da liga, mas cujo desempenho pode ser fundamental para levar seus clubes a uma boa campanha na temporada, enfrentando alguns elementos interessantes, seja de por conta de suas personalidades, ou pelos problemas e carências de seus elencos. Vamos continuar com a série até o final do ano.

Brook Lopez, Nets: pode um nerd fã de quadrinhos ser um xerife de garrafão?
DeMarcus Cousins, Kings: um colosso que tem tudo para ser dominante, menos a maturidade
Goran Dragic, Suns: os altos e baixos do sucessor de Steve Nash
Andrew Bougt, Warriors: a desesperada franquia espera que o australiano possa fortalecer sua defesa
Andrei Kirilenko, Wolves: dominante na Euroliga, o russo está de volta com seu jogo único

*  *  *

Palpites:
Chutes descabidos, mas que não podem faltar, ou podem? Mas podem falhar, então apelamos ao espírito covarde e nos resguardamos com outras duas possibilidades, mas que não têm nada a ver com as versões do mundo bizarro que valem como o inverso do que poderia acontecer.

Campeão: Miami Heat
Continuidade, superestrelas no auge, menos pressão, Ray Allen, difícil imaginar o que poderia atrapalhar a jornada rumo ao bicampeonato. (Quem mais? Thunder ou Lakers.)

Mundo bizarro: Charlotte Bobcats, Michael Jordan consegue novamente!

Final: Miami Heat x Los Angeles Lakers
David Stern daria piruetas de samba-canção no coração de Manhattan. Os proprietários radicais dos pequenos mercados quebrariam seus escritórios. Star power. (Quem mais? Heat x Thunder.)

Mundo bizarro: Washington Wizards x Sacramento Kings. Aquele que antes era um clássico do desarranjo, de equipes que reuniram muitos talentos nos últimos anos na loteria do Draft e, ainda assim, não conseguiram montar um time decente. Hoje vira um duelo de duas potências emergentes da liga, atropelando aqueles que esperavam construir dinastias. Fácil.

Alonzo Gee crava pelo Cavs

M-V-Gee. Nem nos sonhos de Dan Gilbert

MVP: LeBron James
Explicado lá em cima, né?

Mundo bizarro: Alonzo Gee. Nada contra, nada pessoal, é um jogador que trabalhou firmemente nos últimos anos a partir da  D-League e conseguiu um contrato que provavelmente deixaria o agente Leandrinho satisfeito. A graça aqui que ele é o ala titular do Cleveland Cavaliers. Pegou?

Melhor técnico: Tom Thibodeau (Bulls)
Fazer mais com menos, tudo baseado em um sistema defensivo impressionante, dos mais fortes que a liga já viu. Se conseguir transformar uma unidade com Marco Belinelli, Vlad Radmanovic e Nate Robinson em uma sólida retaguarda, valeria até um Nobel. (Quem mais: Rick Adelman pelo Wolves e Avery Johnson pelo Nets.)

Mundo bizarro: Vinny Del Negro (Clippers), aquele que saiu de um Derrick Rose para um Chris Paul,  consegue finalmente juntar as peças sem atrapalhar com o que monta em quadra – parte de seu time quer correr e decolar para enterradas, enquanto outra parte quer jogar em meia-quadra, de um modo mais metódico –, fazendo  o Clippers a fungar no cangote

Melhor sexto homem: Ray Allen (Heat)
Aaaaaaaaargh! Mas aí é a hora de por o coração na mesa. Quantos chutes completamente livres o veterano vai ter nesta temporada? (Quem mais:  Kevin Martin pelo Thunder, Mike Dunleavy Jr. pelo Bucks,  Matt Barnes pelo Clippers, Carl Landry pelo Warriors e Chase Budinger pelo Wolves… Desculpe, mas impossível segurar em três.)

Mundo bizarro: Andray Blatche (Nets). Em um time com quinteto titular bastante vulnerável defensivamente, um dos jogadores mais problemáticos e imaturos da NBA consegue sair do banco para fazer o papel de durão, cobrindo espaços e protegendo o aro, sem dar nenhuma dor-de-cabeça ao pequeno general Avery Johnson durante todo o ano. Nem Gilbert Arenas poderia com isso. 

Anthony Davis, calouro número um do Draft

Toco para o Monocelha. Vá se acostumando

Melhor calouro: Anthony Davis, o Monocelha (Hornets)
Uma barbada, segundo todas as fontes possíveis. Um baita defensor, extremamente concentrado e inteligente, já aos 19 anos. O ataque chegará aos poucos, ainda mais nas mãos de um ótimo treinador. (Quem mais: Damian Lillard pelo Blazers e Jonas Valanciunas pelo Raptors)

Mundo bizarro: Fabrício Melo (Celtics). O pivô brasileiro  que pouco jogou na pré-temporada, evolui consideravelmente a cada mês e termina o ano como o cadeado da defesa de Doc Rivers e vira uma figura cult em Boston. Seu mentor Kevin Garnett enfim daria o braço a torcer e o chamaria de “Fab”.

Melhor defensor: Dwight Howard (Lakers)
Enquanto o ataque dos angelinos não se ajusta, o pivô vai ter de fazer a sua parte na cobertura, com uma ajudinha de nosso anti-herói Ron-Ron. (Quem mais: Joakim Noah pelo Bulls e Kevin Garnett pelo Celtics.)

Mundo bizarro: JaVale McGee (Nuggets). O cabeça-de-vento põe os pingos nos is e se transforma numa versão 2.0 de Dikembe Mutombo.