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Prepare-se para uma noite insana de NBA. A temporada chega ao fim
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Giancarlo Giampietro

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

É raro, mas a NBA chega a sua última rodada nesta quarta-feira com uma boa carga de emoção para ser despejada na sua televisão – ou computador. Temos duas vagas de playoffs em aberto, uma em cada conferência, e também todo um estratégico posicionamento dos oito primeiros colocados para ser definido. Segue aqui, então, um guia básico do que esperar na saideira e mais algumas notinhas sobre esse desfecho de temporada. Se der tempo, e tem de dar, atualizo isso aqui mais tarde.

Critérios, critérios
Com tantas disputas equilibradas e a possibilidade de empate na classificação geral, o mais importante talvez seja ter em mente quais são os fatores que ordenam a tabela em caso de campanhas iguais. Preparado para copiar e colar?

1) Um campeão da divisão fica acima de outro time que não esteja no topo da sua divisão.
2) Confronto direto entre os envolvidos no empate.
3) Melhor campanha contra times de sua própria divisão (desde que os times sejam da mesma divisão).
4) Melhor campanha contra times da própria conferência.
5) Melhor campanha contra times dos playoffs da própria conferência.
6) Melhor campanha contra times dos playoffs da outra conferência.
7) Melhor saldo de pontos em toda a temporada

PS: no caso de empate tríplice ou quádruplo – e, glup, até isso foi possível um dia! –, os critérios são os mesmos, excluindo apenas o sexto.

O que tem de mais dramático?
A disputa pelo oitavo lugar tanto do Oeste quanto do Leste, claro.

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Do lado do Atlântico, o Boston Celtics já tinha sua vaga certa desde segunda-feira. Nesta terça, ao vencer o Toronto Raptors com uma cesta no fim de Jae Crowder, assegurou que vai ficar em sétimo, agendando encontro com os LeBrons de Cleveland. Na terça, também tivemos o emocionante (ou quase) duelo entre Indiana Pacers e Washington Wizards, com triunfo do Pacers. Um triunfo que eliminou de vez o Miami Heat, atual tetracampeão da conferência. É apenas a segunda vez que Dwyane Wade não participa dos mata-matas em toda a sua carreira. Desde 2003.

O valente Pacers, então, está no páreo contra o Brooklyn Nets, tendo uma vitória a mais. Ambos vão para a quadra nesta quarta. Os rapazes eleitos por Larry Bird vão enfrentar o combalido Memphis Grizzlies, que ainda tentam uma boa posição para os mata-matas. Já o Brooklyn Basketball tem pela frente a garotada do Orlando Magic. Supostamente, a vida dos Nyets é mais fácil, né? Lembrem-se apenas que estamos falando de um time com 37 vitórias e 44 derrotas. Nada é fácil para esses caras.

Quer saber da ironia aqui? Lionel Hollins depende de uma vitória de sua ex-equipe, o Grizzlies, e de seu ex-assistente, Dave Joerger, com quem hoje não mantém das melhores relações. Caso o Indiana vença, está dentro. Se perder, precisa torcer para Elfrid Payton, Nik Vucevic etc., uma vez que o time nova-iorquino conta com a vantagem no desempate por confronto direto.

(Sobre a vitória do Pacers em dupla prorrogação contra o Wizards? Nas palavras de Charles Barkley, foi “o jogo mais entediante sob essas condições na história da NBA”. O placar? Um singelo 99 a 97. Segundo Ben Golliver, da Sports Illustrated, o mínimo que uma equipe havia marcado até esta terça-feira em 58 minutos de basquete eram 107 pontos. Afe. Então tem isso: a briga de Indy está sendo bonita, considerando tudo o que  os caras enfrentaram na temporada, mas ainda estamos falando de um time bastante limitado, que, numa conferência minimamente mais competitiva, estaria fora há tempos.)

Do outro lado do país, temos a briga de foice entre New Orleans Pelicas (hoje em vantagem também devido ao retrospecto no duelo) e Oklahoma City Thunder. Quer dizer: a NBA vai ficar sem Anthony Davis ou Russell Westbrook nos mata-matas para classificar um time capenga do Leste. Detalhe: estivessem na conferência concorrente, tanto Monocelha como Wess veriam seus times posicionados no sexto lugar. Mesmo um Phoenix Suns em plena decadência e o emergente Utah Jazz levariam a melhor. É demais.

O Pelicans é aquele que tem a missão mais difícil da noite, precisando se virar contra o San Antonio Spurs. Ao que tudo indica, Gregg Popovich não vai poupar ninguém, querendo garantir a segunda posição do Oeste – o que não só rende mando de quadra nas duas primeiras rodadas como serve para evitar o Golden State Warriors até uma eventual final de conferência. Já OKC enfrenta a versão fraldinha e D-Leaguer do Minnesota Timberwolves, com Andrew Wiggins e Zach LaVine dominando a bola, escoltados por Justin Hamilton, Lorenzo Brown e afins.

Westbrook depende de uma vitória própria e um triunfo do Spurs. Só não perguntem a ele se ele vai torcer por San Antonio:

E o que mais?
Falta definir o emparelhamento dos playoffs. De garantido, no Oeste, temos: Golden State Warriors primeiro, Portland Trail Blazers quarto e Dallas Mavericks sétimo. E só.

(Dando um tempo para você rir, enquanto assimila a informação…)

Pronto, deu, né?

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

O Los Angeles Clippers ocupa hoje a segunda posição da conferência, tendo concluído sua campanha já com 56 vitórias e 26 derrotas, mas precisa esperar o desfecho da rodada. O certo é que, no mínimo, o novo primo rico angelino fica em terceiro. Caso o San Antonio Spurs vença, assume a vice-liderança. Se ambos os texanos vencerem, o Rockets fica em quarto, com o Memphis Grizzlies em quinto. O Rockets pode, porém, passar seu rival texano, dependendo de um tropeço deles contra o Pelicans, subindo para segundo – superando o Clippers por ser campeão de Divisão. Já o Grizzlies torce contra a dupla texana, mesmo, por levar a melhor no desempate contra ambos, podendo subir para terceiro, abaixo de LAC.

Isso, claro, desde que todos esses times pretendam realmente ficar o mais alto possível na tabela. Com tantas lesões que abalam a rotação de Stotts em Portland, de McHale em Houston e de Joerger em Memphis, não duvido que um time ou outro “escolha” o adversário. Enfim. É tudo muito complicado e talvez nem dê para optar por nada. Peguem o Spurs por exemplo: o time cai para terceiro se perder e o Rockets também. Fica em quinto se perder, Rockets vencer e Grizzlies perder. E termina em sexto se perder e os outros dois triunfarem. Vai arriscar o quê?

O posicionamento do Blazers em quarto volta a levantar a discussão em torno da importância dos títulos de Divisão. A organização ainda procura dar valor para isso – jogadores, técnicos, dirigentes e a comunidade em geral parecem que não. E aí temos o único representante do Noroeste garantido nos playoffs em uma situação confortável. Se fosse ranqueado apenas por seus resultados, o time estaria em sexto. Ainda com uma bela campanha de 51 ou 52 vitórias, mas abaixo dos demais concorrentes. Por ter faturado sua Divisão, se posiciona obrigatoriamente entre os quatro cabeças-de-chave – mesmo que não tenha mando de quadra na primeira rodada, já que tem aproveitamento pior que o de Spurs, Rockets e Grizzlies, independentemente do desfecho nesta quarta. Dá para entender? Claro que não. Sua única vantagem é escapar de um confronto logo de cara com os dois primeiros da conferência. Que puxa.

No Leste, as coisas são mais simples: Atlanta em primeiro, Cleveland em segundo, Washington em quinto, Milwaukee em sexto, Boston em sétimo. A terceira posição fica entre Chicago ou Toronto, com o Bulls dependendo apenas de seus esforços – ou de uma derrota do clube canadense. Se perderem, o Raptors garante o terceiro lugar no desempate por ter vencido a Divisão Atlântico desde o início de dezembro. Mas também fica a dúvida: para o Bulls, que se julga candidato ao título, qual caminho é o menos desagradável: ficar na chave de Hawks ou Cavs? Para o Raptors, a impressão é que eles adorariam enfrentar o Wizards, um time que conseguiu domar durante a temporada.

Intocáveis, ou quase
Sim, foi uma conferência novamente brutal. No geral, os times do Oeste tiveram aproveitamento de 58,4% contra os do Leste, com 262 vitórias e 187 derrotas. Por outro lado, muitos de seus supertimes perderam um pouco de fôlego nessa reta final de temporada devido ao excesso de lesões.

Wesley Matthews, Patrick Beverley e Donatas Motiejunas estão definitivamente fora da temporada. Arron Afflalo pode perder uma semana de playoff, ou até mais, dependendo da recuperação. LaMarcus Aldridge já deveria ter feito uma cirurgia por conta de uma ruptura de tendão na mão direita. Se OKC passar, não terá Kevin Durant, enquanto um eventual retorno de Serge Ibaka ainda é um mistério. Fosse início de temporada, com dores no tornozelo e no pulso, Mike Conley Jr. não estaria jogando. Marc Gasol torceu o tornozelo há duas partidas. Tiago Splitter voltou a sentir a panturrilha, ainda que, segundo o Spurs, não é nada grave. Chandler Parsos está novamente fora de ação, com problemas no joelho – também há gente que assegura que o vestiário do Mavs está, hã, fraturado. Do Clippers a gente nem fala, pois é como se Doc Rivers tivesse um banco inteiro de gente lesionada – “só que não”. Apenas o Golden State Warriors parece intactos (ao menos oficialmente intactos).

(Sud)Oeste selvagem
Agora, se a gente for usar uma lupa para observar o desfecho da temporada e o desequilíbrio interconferências, é para notar na hora que a grande responsável pelo desnível na balança é a pesadíssima Divisão Sudoeste. Se os Monocelhas vencerem nesta quarta, os cinco times dessa divisão estarão nos playoffs. Algo que não acontece desde 2006 (Divisão Central), restando duas vaguinhas para a do Pacífico (Warriors, Clippers) e uma para a do Noroeste. Coisa de louco.  No geral, contra o Leste, os times quinteto sustentou um aproveitamento de 68,5% – e 60,5% contra os irmãos do Oeste.


O povo de Utah tem um novo inimigo: Enes Kanter
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Giancarlo Giampietro

Gobert, aquele que herdou a vaga do "ex-jogador"

Gobert, aquele que herdou a vaga do “ex-jogador”

Existem aqueles caras que não falam nada, para desespero dos jornalistas. Você repete a pergunta de diversas formas, para ver se tira algo, e não sai. Mas também há aqueles que são os mais procurados por terem a matraca solta. Não importa se choveu ou fez sol, se teve derrota ou vitória, vão tagarelar.

E tem o Enes Kanter, que está numa classe só sua desde o sábado, quando retornou a Salt Lake City pela primeira vez como jogador de OKC e cuspiu marimbondos ao falar sobre sua ex-equipe.

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O pivô turco disse basicamente que só quando chegou ao Thunder que foi perceber o que era um time, um clube de NBA de verdade, embora não quisesse especificar quais os detalhes que o levaram a essa conclusão. O que importava é que, pela primeira vez, ele afirma que estava curtindo a liga americana. “Acho que a diferença provavelmente é que eu gosto de jogar aqui. É a coisa mais importante. Eu não gostei de jogar basquete antes em minha carreira de NBA. É a primeira vez que gosto de jogar basquete para meu time, meus torcedores, companheiros, treinadores, todos. Essa é a primeira vez. Não era uma frustração de um ou dois jogos. Mas, sim, uma frustração de três anos e meio.”

As declarações foram dadas em pleno ginásio do Utah Jazz, no treino leve da manhã, de aquecimento para a partida. Você pode imaginar o que aconteceu horas mais tarde…

(…)

utah-kanter-fans-players

Acho que a expressão facial de Gordon Hayward e Trevor Booker diz tudo, né?

Sem a galera. As vaias constantes e a barulheira geral de uma fervorosa torcida, que que abraça sua jovem equipe – numa das raras cidades em que a franquia de NBA é a principal atração esportiva, no alto das montanhas, com uma religião predominante diferente do restante do país, entre outros fatores que sugerem um “isolamento”.

Vejam, por exemplo, o que o narrador das transmissões oficiais do Utah, David Locke, teve a dizer: “Numa nota oficial, sempre fui um fã de Enes. Conheço todos os seus defeitos, mas os aceitei e esperei que melhorasse. Mas ele se expôs tanto dessa vez que agora está sozinho, por conta. Nós o protegemos e cuidamos dele nos últimos anos e continuaríamos fazendo isso, mas agora ele está por conta”. Em tempo: Locke pode proteger alguns interesses do clube devido ao seu cargo, mas é um jornalista sensato, que não evita cobranças públicas e análises mais duras em tempos difíceis.

É justamente contra esse tipo de comunidade que você não quer ficar. Kanter deu de ombros e comprou a briga – resta saber se com plena consciência do que estava fazendo, ou se simplesmente sem se dar conta do péssimo timing para abrir o coração. Lembrete: sem Kevin Durant e Serge Ibaka, OKC e Russell Westbrook estão usando a reserva do tanque para garantir a oitava colocação da conferência.

Pois, naquela noite quente em Salt Lake City, tudo do que eles menos precisavam era uma cidade inteira querendo sangue. Sobrou cotovelo e empurrão para tudo que é lado na vitória do time da casa.

Westbrook e seus parceiros começaram o jogo em ritmo frenético, dando suporte ao turco. Do segundo período em diante, porém, intensidade dos enervados anfitriões prevaleceu. O Utah venceu o jogo por 94 a 89, mesmo que tenha acertado sofríveis 38,1% de seus arremessos e errado 23 de 29 chutes de três pontos. Por outro lado, forçaram 23 turnovers (contra apenas 11 cometidos) e cometeram 29 faltas. Foi um jogo feio, brigado, do jeito que desejavam, ao que parece.

Kanter somou um double-double, com 18 pontos e 11 rebotes, em 34 minutos, acertando 7 de seus 13 arremessos e deu dois tocos ainda – mas cometendo quatro desperdícios de posse de bola.

Pergunte, então, ao Trevor Booker, seu antigo reserva, o que ele tinha a dizer a respeito… “Ele conseguiu os números dele e também a derrota. Como sempre”, disse o ala-pivô.

Pow!

Essa foi a resposta mais ferina da noite – depois da vitória, claro. Mas tem muito mais. Gordon Hayward admitiu: “Ele nos deixou putos, honestamente. Queríamos essa vitória de qualquer maneira”. O mais engraçado foi que o novo astro da franquia se recusou a se referir ao turco pelo nome. “Todos nós ouvimos o que o ex-jogador falou.”

Rancor é pouco. “Virou muito pessoal para nós. Tentamos nos afastar desse tipo de coisa, mas dessa vez nos sentimos desrespeitados”, afirmou Trey Burke. “A quadra sempre fala melhor do que qualquer palavra”, disse Rudy Gobert, justamente o maior beneficiado pela saída de Kanter. Aliás, a ascensão do pirulão francês combinada com a troca de Kanter transformou a equipe em quadra. Esse fator, na verdade, é o que pega mais mal nas declarações de Kanter.

Westbrook, o técnico Scott Brooks, o ala Anthony Morrow e todos em OKC estão vendo de perto o potencial do pivô turco no garrafão, como cestinha e reboteiro. Ex-dirigente do Phoenix Suns, analista do ESPN.com, Amin Elhassan conta um pouco mais a respeito, dando bons argumentos que ajudam a entender o discurso do atleta. Em Utah, Kanter nunca pôde ser uma referência ofensiva no jogo interior, como seu pacote técnico pede. Primeiro, estava no banco de Millsap e Jefferson. Depois, a dupla com Favors, por incapacidade, ou não, de Tyrone Corbin, não teve uma química. Com Snyder no comando, sua principal função era espaçar a quadra – uma tarefa que, conforme notado agora, não lhe caiu bem, nem lhe apeteceu.

Acontece que o basquete não se resume a isso, a esses números básicos. Eles possam influenciar os rumos de uma partida ou de uma temporada? Sim, claro. Mas não podem ser tomados como única razão para investimento ou aclamação para um jogador – ainda mais um atleta que tem dificuldade para gravar e entender jogadas de ataque, em seu quarto ano como profissional.

O Thunder vai ter de fazer as contas certinhas ao final do campeonato para saber o quanto vale o turco, colocando na mesa suas contribuições estatísticas mais óbvias, e aquilo que ele subtrai nos meandros do jogo. Snyder, o gerente geral Dennis Lindsey e o vice-presidente Kevin O’Connor certamente estão contentes em ter passado esse dilema do mercado de agentes livres para a frente.

O que Enes Kanter fazia no ataque não compensava o que tirava na defesa. Com Gobert, foi o inverso

O que Enes Kanter fazia no ataque não compensava o que tirava na defesa. Com Gobert, foi o inverso

Desde que a rotação do treinador passou a ter Gobert como titular efetivo, enquanto seu ex-jogador conhecia um time de verdade, o Jazz se transformou na melhor defesa da NBA. Sério. E bem acima do Golden State Warriors, o segundo colocado. Sofrem apenas 93,3 pontos por 100 posses de bola. Sabe qual era a situação até a troca? Tinham a quarta pior defesa, com 106,1 pontos. Sem ele, perderam em eficiência ofensiva, mas nada que atrapalhasse a melhora do outro lado da quadra. Os reflexos você vem em quadra: desde a troca, a equipe venceu 13 de 20 partidas – aproveitamento de 65% que lhe colocaria nos playoffs.

Isso pode ter muito mais a ver com a mera promoção de Gobert e suas habilidades assustadoras, claro. Mas qualquer torcedor mais sério da equipe também vai testemunhar o quanto o pivô turco pode ser desatento e/ou lento para brecar um adversário. Derrick Favors tinha de se desdobrar para cobri-lo. São dois pontos indissociáveis. Até porque o Thunder piora sensivelmente na defesa quando com o jogador. Quando ele está em quadra, o time leva 110,8 pontos por 100 posses de bola. Sem ele, cai para 103,8. Tirando suas contribuições positivas no ataque, o saldo ainda é negativo.

Isto é: mesmo um Kanter empolgado, feliz da vida ainda não é um produto refinado ou decisivo – e nem pode ser considerado “um dos jogadores mais dominantes” de sua geração, como já bradou o seu agente. Se formos considerar apenas os atletas nascidos em 1992 e se trocarmos “mais dominantes” por “um dos melhores”, pode ser que, eventualmente, ele tenha razão. Agora, se formos expandir o conceito de geração para um ou mais anos e pensarmos na turma de 1991 e 1993 também, aí a coisa fica mais difícil, não importando o filtro (se mais dominante, ou dos melhores). Temos Anthony Davis, Andre Drummond, Kyrie Irving, Kawhi Leonard, Nikola Mirotic, Bradley Beal, entre outros. Competições de base da Fiba? Já faz tempo e nem tem como comparar com o que se produz na vida adulta.

De todo modo, não importa. Kanter não precisa ser um jogador de elite para dar suas entrevistas. Jornalistas e, na verdade, a NBA como um todo precisa de gente assim, que fale o que pense, o que sinta, em vez de adotar o discurso treinado de sempre. Serve para mostrar como as coisas são de fato.

Ainda mais fora dos Estados Unidos, nota-se uma idolatria desmedida aos caras e ao universo da liga, sendo que, nos bastidores, são várias e várias as histórias de problemas, desavenças, intrigas. Algo totalmente normal, já que estamos falando de um ambiente extremamente concorrido, competitivo.

Com o que o turco precisa tomar cuidado é apenas o fator de “quando” e “onde” falar. Em Salt Lake City, virou inimigo público.


Chegou a tempestade Westbrook junto com a bonança
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Giancarlo Giampietro

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Quando OKC anunciou, antes do início da temporada, que Kevin Durant ficaria afastado por algumas semanas devido a uma fratura no pé, a meteorologia detectou, talvez de maneira preventiva, a iminência de uma Tempestade Westbrook que estaria por vir. Era uma previsão do tempo ambígua, tal como acontece hoje em dia em São Paulo e outros cantos do país: em tempos de seca, uma chuvarada trovejante não se equivale necessariamente a má notícia, embora possa causar sempre os estragos paralelos.

Pensando em Westbrook, com Durant enfrentando uma série de percalços após a cirurgia pela qual passou, era de se esperar muitos, mas muitos arremessos, mesmo, para o bem ou para o mal. O Thunder iria depender demais do explosivo jogador. Só restava saber o resultado disso. Ele se perderia nessa situação, com fome de bola, alienando os companheiros, chutando até antes da linha central da quadra, ou ficaria ainda mais confortável como o dono da bola, carregando o time em pontos e como força criativa.

Ao conseguir seu quarto triple-double consecutivo em suada vitória sobre o Sixers por 123 a 118, com prorrogação, acho que já nem precisa mais cair nessa discussão, né? O armador-ala-craque-não-importa-a-definição vive a melhor fase de sua carreira, na hora que a equipe mais precisa, para proteger a oitava colocação na Conferência Oeste.

Quatro triple-doubles seguidos? Isso não acontece desde 1989, quando Michael Jordan causava geral. Até mesmo Sua Alteza do Ar tem de se impressionar com o que Westbrook produziu nesta quarta-feira: 49 pontos, 10 assistências e 16 rebotes, em 42. Muito provavelmente a melhor atuação da temporada, concorrendo com os 52 pontos em 33 minutos de Klay Thompson. “É, definitivamente, uma bênção. Mas o mais importante é que estamos vencendo”, disse.

O curioso? Na ficha estatística da partida, vemos que, com o camisa #0 em quadra, seu time perdeu por 12 pontos. É o tal do +/-, o saldo de pontos. Um número frio que, isolado, obviamente não diz nem 50% do que foi a partida. Talvez só aponte problemas defensivos, visto que o segundanista Isaiah Canaan, recém-saído de Houston, marcou 31 pontos e deu 6 assistências. Mas problemas defensivos gerais, e, não, só de um jogador. Até porque, numa liga que usa e abusa do jogo com bloqueios, os pivôs e os homens que são obrigados a rodar vindo do lado contrário são tão ou mais importantes que o defensor primário em cima da bola.

Além do mais, para alguém com tamanho volume ofensivo, toda a ajuda possível se faz necessária do outro lado da quadra. Por exemplo: nas campanhas de título do Miami Heat, LeBron assumia responsabilidades para marcar os destaques adversários, sim. Mas só nos minutos mais importantes de jogos parelhos. Até lá, tinha um Shane Battier para quebrar um galho danado. (Obviamente, Westbrook, desatento e arrojado demais, nunca foi um defensor tão qualificado como LeBron.)

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Sam Hinkie, gerente geral do Sixers apegado a diversas contas, certamente teria mais observações para fazer a respeito desse saldo de pontos negativo. Claro que a torcida devota de Oklahoma City não está nem aí para isso. Estão curtindo demais as exibições de um de seus queridinhos. Um momento bacana nesse triunfo foi quando, na linha de lance livre, Wess ouviu gritos de “MVP” estrondosos. Básico. O legal é que, no banco, ainda tentando entender exatamente o que acontece em seu pé direito, lá estava Kevin Durant fazendo gestos com os braços pedindo para que a algazarra fosse maior. Por ele, o prêmio de jogador mais valioso nem precisa sair da cidade.

Aqui do meu canto, ainda fico entre Stephen Curry e James Harden, mais regulares durante a temporada (perderam pouquíssimos jogos tanto em termos de resultado como de lesão) e igualmente exuberantes. Agora, por tudo o que vem fazendo recentemente, o superatleta de OKC ao menos aparece acima de LeBron James, também mais ou menos pelo mesmo critério: jogou seis partidas a menos, mas, quando esteve em quadra, arrebentou, enquanto o astro do Cavs tirou uns bons dois meses de folga antes de entrar em duas semanas sabáticas revigorantes. Quem vota ao seu favor vai alegar que ele tem médias de 27,0 pontos, 8,2 assistências e 7,0 rebotes, números maiores que os dos três concorrentes aqui citados.

Pois é, na coluna de cestinhas da liga, Westbrook superou seu ex-companheiro Harden, assumindo a primeira posição. É coisa de um décimo – 27,0 x 26,9 –, mas superou. Por mais que não fale dessas coisas, ou melhor, por mais que não fale muito sobre quase nada, deve estar feliz da vida. Tendo Durant ao seu lado, dificilmente assumiria o topo dessa lista, mesmo que tivesse potencial absurdo para tanto:

E aí? Você ainda fica embasbacado com esse tipo de lance, ou já está acostumado com as jogadas dessa aberração?

(…)

Sim, ficamos todos boquiabertos. Ainda mais quando lembramos que o fenomenal atleta já passou por três cirurgias no joelho nos últimos dois anos. Não faz o menor sentido que alguém, 100%, possa executar um lance deles com tanta velocidade e força. Quanto mais alguém que passou por uma sala de cirurgia tantas vezes em tempos recentes. Que o diga, infelizmente, Derrick Rose.

westbrook-mask-philly-triple-doubleWestbrook ainda tem um arranque devastador, que lhe propicia, por exemplo, a cobrança de 20 lances livres em 42 minutos – contra 14 de seus companheiros. Dá para ter uma ideia do nível de atividade necessário para, sendo armador, cobrar 20 num jogo? Só um cara feroz desta forma, mesmo. Na temporada, ele bate 9,2 em média, maior marca de sua carreira.Essa produção elevada na linha se mantém numa projeção por minutos. O número alto de lances livres o ajuda a atingir também seu melhor índice de eficiência, e de longe, mesmo que esteja falhando nos arremessos de longa distância. Com 27% de acerto nos tiros de fora, é saudável, então, que tenha dado uma maneirada em suas tentativas, comparando especialmente com o que havia feito nas duas temporadas passadas.

É isso.

A tempestade veio, mesmo. Mas já acompanhada pela bonança.

*    *    *

O triple-double de Westbrook ganhou as manchetes na rodada desta quarta, mas não foi um fato isolado. De vez em quando, o universo parece conspirar por uma noite de anomalias estatísticas que só fazem confundir a cabeça. Vamos lá:

– Na vitória dramática sobre o Utah Jazz, com uma cesta de Tyler Zeller no finalzinho, o Boston Celtics cometeu apenas 3 turnovers. Três! Vale com um recorde da franquia. Antes de matar o jogo, Zeller havia sido um dos vilões da noite. Ele, Avery Bradley e Isaiah Thomas desperdiçaram a bola uma vez cada. Lamentável, não é coisa que se faça.

– Num jogo em que acertou apenas 1 de 13 arremessos de quadra, errando inclusive todos seus chutes de três pontos, Damian Lillard encontrou um jeito diferente para contribuir em vitória do Blazers sobre o Clippers na prorrogação: pegou 18 rebotes (17 defensivos). Ele é o primeiro jogador de 1,90 m, ou menos, a conseguir essa marca desde Fat Lever, um dinâmico ex-armador do Denver Nuggets, em 1990. Em sua carreira, o All-Star de Portland tem média de 3,7 rebotes. Na temporada, vem com 4,6.

– Se o assunto é rebote, não tem como fugir dos 25 que Hassan Whiteside coletou contra o Lakers. Sozinho, a revelação do Miami Heat igualou o desempenho de quatro adversários Carlos Boozer, Robert Sacre, Ed Davis e Jordan Hill nesse fundamento. Foi o terceiro jogo nesta temporada em que o sujeito, que tem Líbano e segunda divisão da China em seu currículo, passou da casa de 20 rebotes no ano. Impressionante. Por outro lado, se for pensar, é algo que vem acontecendo até que bastante vezes neste ano, não? O Data21 foi, então, pesquisar: em 19 jogos a marca de 20 rebotes foi superada, sendo que DeAndre Jordan é o líder aqui, com cinco jogos absurdos desses. Contra o Mavs, no mês passado, ele teve 27 rebotes em 39 minutos.

Agora, não dá para falar de Jordan nesta quinta de manhã sem mencionar seu lapso mental no jogo contra o Blazers. Justamente ao se posicionar bem para aproveitar uma rebarba ofensiva, o pivô teria a chance de efetuar um tapinha para buscar a vitória no tempo regular. Não fez e dominou a bola, causando um surto cômico de Chris Paul:

– O ala Jason Richardson marcou 29 pontos na derrota do Sixers para o Thunder. Nos tempos de cestinha do Golden State Warriors das vacas magras, ou municiado por Steve Nash, pelo Phoenix Suns de 2010, isso até que era normal. Porém, depois de ficar dois anos parados, tendo passado por duas cirurgias graves, tem de comemorar. “Pensei que nem voltaria a jogar basquete mais”, disse Richardson, que não ultrapassava a marca de 25 pontos desde o dia 11 de fevereiro de 2012, pelo Orlando, contra o Milwaukee Bucks.

– O tempo de afastamento de Anthony Davis das quadras foi bem mais curto. Ele perdeu cinco jogos seguidos devido a uma contusão no ombro. Retornou de forma providencial contra o Detroit, da dupla Andre Drummond e Greg Monroe. Caras pesados, né? Que, juntos, acumularam 26 pontos, 33 rebotes e 6 tocos. Bela produção. Acontece que Davis, sozinho, teve 39 pontos, 13 rebotes e 8 tocos. Se ele aguentar fisicamente o tranco, meu amigo, prepare-se: a Era Monocelha só está começando.


12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

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Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.


Splitter quer fim de “sofrimento” para o Spurs no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Sabe como é, né? Quando você está habituado a vencer, a lutar pelo topo sempre, a mera classificação para os playoffs não é o bastante. Nem mesmo na brutal Conferência Oeste da liga, que tem dez equipes com aproveitamento superior a 50%, sete das quais acima até mesmo de 64%. No intervalo para o fim de semana do All-Star da NBA, o San Antonio Spurs ocupa a sétima colocação, acima de três times competitivos como Phoenix Suns, New Orleans Pelicans e Oklahoma City Thunder, praticamente num empate técnico com Los Angeles Clippers e Dallas Mavericks e com apenas duas derrotas a mais que Portland Trail Blazers e Houston Rockets.

Mas nem venha com esse lero todo, não? Hmpf. Para Tiago Splitter, é uma situação que incomoda.

O catarinense parou para falar um pouco neste domingo em Nova York com um punhado de jornalistas, em sua visita ao camp Basketball Without Borders, no qual, mais tarde, encontraria os garotos compatriotas Guilherme Santos e Yuri Sena (foto acima). Foi uma conversa rápida, mas atenciosa, em que o pivô falou bastante sobre o processo de formação de jogadores hoje em dia, inclusive lamentando o modo como se cuida das revelações no Brasil. Esse tópico requer mais tempo e será abordado agora na segunda-feira. Por ora, vamos nos concentrar neste post aqui nessa luta dos atuais campeões por uma posição melhor de classificação para os mata-matas.

“A gente está sofrendo, né? Comparando com os outros anos em que estávamos lá em cima…”, respondeu ao VinteUm, mesmo consentindo que “a conferência é muito forte”. Antes, o brasileiro havia lembrado todos os desfalques que os texanos tiveram nos primeiros meses da temporada. Kawhi Leonard – hoje o cestinha do clube! – perdeu 18 jogos. Para Tony Parker, foram 14 partidas de estaleiro. Patty Mills ficou fora de 32. Ele mesmo, poxa, não pôde jogar em 24 rodadas.

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Então, se for pensar com o copo meio cheio, não parece tão mal assim, vai? Peguem o Oklahoma City Thunder: com as lesões de Kevin Durant e Russell Westbrook, o clube se vê numa situação ainda muito pior: em décimo, ainda tenha dados sinais de que esteja, enfim, acertando os ponteiros recentemente.

Isso nos coloca numa situação bem curiosa, aliás. Pura subversão ao acaso: os dois finalistas do Oeste na temporada passada, aqueles que dominam os títulos da conferência nos últimos três anos, podem muito bem entrar nos playoffs como sétimo e oitavo colocados. Que presentão, né? Splitter ri e responde: “É verdade, é uma possibilidade. Acontece. Já tivemos a experiência de ser primeiro colocado e perder do Memphis (em 2011, sua campanha de calouro na liga americana, com o Grizzlies triunfando por 4-2). E não é nada legal, não. Mas o Oeste está uma coisa de louco neste ano. Realmente todo mundo tem chances.”

Então será que faz muita diferença assim ficar na parte de cima ou baixa da tabela? No caso do Spurs, por questão de costume, parece que sim. “Acho que se ficarmos em segundo, em terceiro… Bem, a gente não sabe o quão bem o Warriors vai continuar. Se eles vão manter essa pegada. Então essa seria nossa meta, pelo menos… (segundo ou teceiro)”, deixou no ar.

“Não começamos do jeito que a gente queria, sabemos disso. Mas muita gente se machucou. Agora é quando estamos sentindo que nosso ritmo está voltando, que estamos retomando nosso ritmo. É nessa segunda metade, na Rodeo Trip, que a gente consegue sempre fazer a diferença. Nesses jogos fora de casa. Vamos ver. A gente tá meio que em sétimo, mas empatado com o quinto, então vamos ver se conseguimos subir na tabela”, afirmou.

A Rodeo Trip é a já famosa excursão que o Spurs se vê obrigado a fazer pelos Estados Unidos no mês de fevereiro. Mas não é que o pivô de Blumenau troque o tênis pelas botas com esporas. O que acontece é que o ginásio do clube acaba dominado por caubóis, no Rodeio de San Antonio, forçando os maiores ídolos da cidade a perambular estrada afora por um tempo.

E vocês aí reclamando de ou curtindo Barretos, né?

Nos últimos três campeonatos, durante essas longas viagens, o time de Gregg Popovich somou uma campanha de 21 vitórias e 6 derrotas, um aproveitamento de 77,7%. Se mantiver esse pique, provavelmente já seria o suficiente para alcançar o quinto ou o quarto lugar. Uma questão de orgulho – e de confiança também.

Por trás dessa luta toda, sempre existe a questão do “até quando? para o Spurs. Até quando esses caras vão aguentar competir em alto nível com a atual base? Seria o último ano de Tim Duncan? E de Manu Ginóbili? A cada temporada que se inicia, essa pergunta ganha mais força, enquanto os mais pessimistas vão ficando mais e mais perplexos com esse sucesso duradouro. Na visão de Tiago, as coisas não param por aqui, não. Pelo menos é o que ele entende acompanhando, por exemplo, Duncan no dia a dia.

“Acho que ele fala isso muito bem: que, enquanto se sentir capaz de ser produtivo para o time, vai jogar. E o dia em que não sentir isso,  vai sair no meio da quadra e ir para a casa. Mas eu vejo ele treinar, sei como ele é e que ainda tem basquete. Algo realmente impressionante”, analisou. Corrobora o que o próprio Duncan havia dito no Media Day do All-Star: que ele não pensa em parar no auge, no caso de título (2014), ou em estender sua carreira no caso de uma derrota dura (2013). Joga enquanto achar que dá para jogar, e bem. De qualquer forma, se for vencendo, melhor ainda. “A intenção nossa é sempre ganhar. Enquanto a gente puder…”, completa Splitter.


Poucos notam, mas o New Orleans Pelicans ainda está na briga
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Giancarlo Giampietro

Anthony Davis pode ser o MVP. Desde que o Pelicans...

Anthony Davis pode ser o MVP. Desde que o Pelicans…

Nesta segunda-feira, demos uma passada pela situação de classificação do Leste. Se a gente virar a tábua, no Oeste, existe uma situação curiosa: virou lugar comum falar que o Phoenix Suns vai tentar de tudo para se segurar com a oitava colocação diante da pressão de um Oklahoma City Thunder completo, e sobre como será difícil resistir ao ataque destes. Até faz sentido quando lembramos que o Suns foi o time que brigou por esse oitavo lugar até o fim do campeonato, sem sucesso, enquanto OKC surfava lá em cima, perto do Spurs.

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Só tem um problema nessa história toda: o New Orleans Pelicans de Anthony Davis, que insiste em se manter entre uma franquia e a outra, ocupando a nona posição numa corrida – aí, sim, de verdade – pelos playoffs.

(Ao contrário do que acontece na outra metade do país, em que muitas equipes de fato até querem uma vaguinha, mas estão completamente  danificadas. O Charlotte Hornets, por exemplo,  que hoje é o oitavo, de um dia para o outro, descobriu que Kemba Walker vai precisar passar por uma cirurgia devido a um menisco lateral rompido no joelho esquerdo. Ele deve ficar afastado por um mínimo de seis semanas. Então lá vai Brian Roberts para o resgate.)

Os Monocelhas estão curtindo sua maior série de vitórias na temporada (quatro, com 24 vitórias e 21 derrotas no geral) e têm o Denver Nuggets como próximo compromisso. Tudo isso em meio a um período extremamente favorável na tabela: dos 12 jogos antes do intervalo do All-Star Game, dez serão em casa. Alguns visitantes são bem incômodos: Los Angeles Clippers (30/01), Atlanta Hawks (02/02). No fim de semana, porém, a equipe venceu o Dallas Mavericks para ganhar confiança.

Ah, antes que esqueça: quem também vai dar um pulo por Nova Orleans em breve é o… Oklahoma City, dia 4 de fevereiro. E mais: no dia seguinte, os dois times voltam a se enfrentar no ginásio do Thunder, numa daquelas dobradinhas lá-e-cá que se encaixam da melhor maneira possível em meio à maratona da temporada regular.

Se ninguém cogita o Pelicans como opção viável para os mata-matas da conferência, dependendo do que aprontarem nas próximas semanas, as coisas podem mudar rapidamente, dependendo muito do que acontecer no confronto direto com Durant e Westbrook. É a chance de a franquia romper com a mediocridade e partir para cima da concorrência.

Antes de mais nada, como o vocábulo é gasto à vera por aí, vale esclarecer que, segundo um dos pais de nós todos, “mediocridade” se assimila, pela ordem, da seguinte maneira: “1. Médio ou mediano. 2. Meão. 3. Que está entre bom e mau. 4. Que está entre pequeno e grande. 5. Ordinário, sofrível, vulgar. Naturalmente, em tempos de ódio mortal por qualquer coisa, para a esmagadora maioria, o quinto lugar virou o primeiro. No caso do Pelicans, vale o primeiro.

Até esta segunda-feira, quando massacrou o Philadelphia 76ers, a  galera do Monocelha nunca havia ficado mais que duas vitórias acima da marca de 50% (5-3 e 7-5 foi o máximo que conseguiu). Ao mesmo tempo, também nunca se viu duas derrotas abaixo dessa linha mediana (8-10, a pior). Além disso, antes de engatar esta sequência de quatro resultados positivos, os caras não haviam somado mais do que dois triunfos consecutivos, assim como também não perderam mais do que três em série (sendo derrotado por Sacramento Kings, quando eles ainda eram bons, Atlanta Hawks e Washington Wizards). Já tomaram vareios de Warriors, Blazers e Clippers, é verdade, mas, além do Mavs, também derrotaram Grizzlies, Raptors e Rockets. Isto é: a lei de que tudo se equilibra no decorrer da temporada da NBA  encontra em N’awlins seu maior representante nesta temporada.

No Oeste e na estrada, Pelicans se manteve na linha da mediocridade. Hora de deslanchar?

No Oeste e na estrada, Pelicans se manteve na linha da mediocridade. Momento para deslanchar?

Se o aproveitamento de 53,3% não chama tanta a atenção, é bom reparar que eles fizeram até o momento cinco partidas a mais fora de casa – e, jogando como anfitriões, os rapazes têm a quarta melhor campanha do Oeste, com 15-5, abaixo apenas de Golden State (21-1), Portland (20-5) e Memphis (19-5). Interessante, até porque a tabela que eles enfrentaram é, por ora, a nona mais difícil. Seus oponentes sustentam um aproveitamento de 50,5% na média, enquanto os do Phoenix Suns têm 48,6% (a segunda mais fraca). OKC, todavia, teve o quarto caminho mais pedregoso (51%). O aproveitamento intraconferência rende outro número otimista para o técnico Monty Williams: eles também venceram muito mais do que perderam (17-11, o quinto melhor).

Por essas e outras, na hora de fazer projeções estatísticas – como a fórmula/brincadeira desenvolvida por John Hollinger no ESPN.com, antes de ele virar dirigente do Grizzlies –, o Pelicans aparece, sim, como um convidado realista para a festa dos playoffs. Nesta segunda, antes mesmo da surra sobre o Sixers, o clube já aparecia como o favorito ao oitavo lugar, com 43,8% de chances, contra 40,8% do Thunder e 39,5% do Suns. Legal que, na projeção pelos resultados acumulados até esta terça-feira, os três podem terminar com a mesma campanha: 44 vitórias e 38 derrotas, com o ex-Hornets levando a vaga no desempate. Haja coração, amigo.

Para constar, de acordo com esse mesmo sistema, restaria de fato apenas uma vaga em aberto. O San Antonio Spurs seria o único time entre os sete primeiros abaixo dos 90% de probabilidade, mas com 88,6%. Como esses números são calculados? Bem, o cara explica de forma mais detalhada, mas saiba que eles saem depois que a temporada regular é simulada 5.000 vezes. A partir dos 5.000 resultados possíveis, saem os percentuais. É ciência? Sim. Exata? Dãr.

Obviamente o computador precisa fazer seus palpites a partir de uma fonte, e essa fonte são os dados enfatizados pelo mesmo Hollinger em sua medição estatística diária da liga, que não leva em conta apenas números básicos como a soma de vitórias e derrotas. Outra: a máquina também não vai saber se algum favorito ao título vai perder, ou adicionar uma peça importante daqui para a frente. Assim como não sabe, por exemplo, que o Pelicans está jogando neste exato momento sem o armador Jrue Holiday e que Austin Rivers, ineficiente que só, foi mandado para as cucuias, antes de ser resgatado pelo pai.

Sem Holiday (afastado por conta de uma reação de estresse na perna direita), um armador que intimida pela combinação de tamanho, porte físico e velocidade, a equipe vem respondendo bem, com seis vitórias em oito compromissos. A subida de produção se explica por um desempenho defensivo bem superior ao do restante da temporada: em janeiro, eles têm a sétima defesa mais eficiente da liga; na temporada como um todo, ocupam apenas o 22º lugar. O padrão ofensivo, um dos dez melhores do campeonato de modo consistente, se manteve, aliás. Mas o ganho na contenção dos oponentes representou um saldo de quatro pontos por posse de bola a mais. Lembrando que o armador titular disputou cinco partidas no mês. De qualquer forma, confesso minha surpresa aqui.

Dante Cunningham, importante na nova química do Pelicans

Dante Cunningham, importante na nova química do Pelicans

Tyreke Evans foi quem assumiu a armação, jogando ao lado de Eric Gordon na back court. Nenhum dos dois é reconhecido na liga como um defensor implacável. A efetivação de Dante Cunningham na formação titular já dá uma pista mais confiável (ao menos segundo o teste dos olhos). O ala dispensado pelo Minnesota Timberwolves tem envergadura e agilidade para tapar buracos. Sozinho, porém, não vai fazer milagre. Decorre que, com ele ao lado de Evans, Gordon, Davis e Omer Asik, o técnico Williams descobriu uma formação que lhe rende 19,4 pontos a mais a cada 100 posses de bola, um número para lá de ótimo, que só merece o asterisco pela baixa incidência, pelo fato de ser uma amostra pequena (98min47s no final). Supera os +15,2 do quinteto Holiday-Gordon-Evans-Davis e Asik (169 minutos). Para contextualizar, o Golden State Warriors titular, com Curry-Thompson-Barnes-Green-Bogut, bate os adversários por +29,1 pontos por 100 posses de bola, mas em 366 minutos juntos. Trocando Bogut por Speights, cairia para +23,2, em 170 minutos.

Agora, discutir qualquer assunto ligado ao Pelicans sem enfatizar a excelência de Anthony Davis é impossível. Com o Monocelha em quadra, a equipe tem um saldo de +5,3 pontos/100. Sem ele, despenca para -9.7/100. Os números do jovem astro ficam ainda melhores na condição de anfitrião, quando sua presença em quadra resulta num impacto de +14,4/100, com melhora substancial no setor defensivo. Com mais energia para usar os braços intermináveis e todo o seu pacote atlético, interfere muito mais nos planos dos adversários. Como no dia em que não se cansou de dar tocos em Tim Duncan, vibrando demais.

Em termos de medição de eficiência, com PER de 31,9, a temporada que o estimado Monocelha vem conduzindo em Nova Orleans está entre as melhores da história. Algo equivalente ao que Wilt Chamberlain e LeBron-no-auge atingiram.  Ah, e Michael Jordan também. Agora calma: isso não quer dizer que ele seja do nível de nenhum desses três – mas ‘apenas’ que, no seu tempo, comparando com os números de seus concorrentes da atual temporada, o ala-pivô vem sendo igualmente produtivo.

Até para efeito de reconhecimento do que Davis vem fazendo, com um jogo que vai muito além de cravadas e tocos (ainda que seus lances individuais sejam realmente chocantes), seria legal ver seu time deslanchar. Até porque a narrativa predominante na atual campanha vai impedir que ele entre para valer na discussão pelo prêmio de MVP, uma vez que sua equipe tem hoje, respectivamente, 15 e 7 derrotas a mais que o Golden State Warriors e Houston Rockets, ou Stephen Curry e James Harden. Dois craques, mas que, em termos de rendimento individual, não se equiparam do garoto de 21 anos.

O New Orleans Pelicans, claro, como time, não persegue mais Warriors, nem Rockets. Está de olho apenas em Suns e Thunder. Ainda que poucos estejam reparando nele.


Com mercado em polvorosa, até OKC se mexe; Brook Lopez é o alvo
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Giancarlo Giampietro

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Tem artigos nos quais você bate o olho e, de cara, já concede: “O cara mandou muito bem nessa”. Belo gancho (uma pauta que procede), bela sacada, texto preciso. Aconteceu comigo ao ver este texto de Paul Flannery, do SB Nation: “Esperança incentiva trocas na nova era de paridade da NBA”.

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Se você pegar os últimos acontecimentos, com uma temporada cheia de trocas, várias delas com a participação de times da Conferência Oeste – e o Boston Celtics, claro –, vai ver que o título é perfeito. Acerta na mosca. No momento em que escrevo isso aqui, temos mais um rumor quente de negociações, agora com o Brooklyn Nets e seu pivô Brook Lopez no centro do furacão. Estariam muito perto de negociá-lo, com o envolvimento de Charlotte Hornets e, surpreendentemente, Oklahoma City. Ou só de OKC, mesmo.

Por que surpreende?

Bem, é só ver o histórico de Sam Presti na gestão do Thunder. Ele fechou, sim negociações e alterou seu elenco aqui e ali, como quando mandou Jeff Green e Nenad Kristic para o Boston Celtics, recebendo Kendrick Perkins e Nate Robinson, em 24 de fevereiro de 2011. Em geral, porém, o dirigente é muito, mas muito mais conservador na hora de lidar com suas peças. A construção do plantel, para ele, acontece muito mais pelo Draft e com contratações no mercado de agentes livres, geralmente buscando veteranos para completar a rotação e ajudar com o vestiário (Derek Fisher, Caron Butler, Royal Ivey). De negociações durante o campeonato, só coisas bem pontuais, como na aquisição de Nazr Mohammed e Ronnie Brewer.

Quando James Harden saiu para o Houston, foi antes de a temporada regular começar para valer e por força das circunstâncias especiais – o Mr. Barba estava para renovar o contrato, pronto para receber uma bolada, e, pensando no teto salarial, Presti não estava disposto a pagar o necessário.

Pois bem. Nesta campanha 2014-15, o cartola já buscou Dion Waiters em transação com Cavs e Knicks. Tá certo que só precisou abrir mão de Lance Thomas nessa, mas, ainda assim, assumiu um certo risco, já que o ala-armador ex-Cleveland não é das figuras mais tranquilas de se lidar no dia a dia, e, em OKC, valoriza-se demais a química do time.

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Agora, Presti volta aos noticiários numa tentativa de importar Brook Lopez, podendo ceder Kendrick Perkins, Jeremy Lamb e Grant Jarrett, segundo nomes cogitados. O que está pegando? Justamente o ponto levantado por Flannery: todos os times de ponta do Oeste (e hoje essa lista chega a oito, nove integrantes, dependendo do quanto você confia no Phoenix Suns, ou não) acreditam que este pode ser o ano do título. No caso do Thunder, pesa também, primeiro, o fato de estarem fora da zona de classificação.

O Spurs, bicampeão da conferência, se mostra vulnerável, enquanto Kawhi Leonard não retorna e Tony Parker não retoma a melhor forma. O Golden State Warriors, pelos números apresentados, resultados e consistência, ganha o direito de se considerar o favorito. Porém, pelo fato de nunca terem ido longe nos mata-matas com o atual núcleo, vai caber sempre uma desconfiança. A concorrência sente que as portas estão abertas. Então o que temos é uma corrida para ver quem pode chegar lá primeiro.

O Dallas foi atrás de Rondo. O Rockets foi oportunista ao coletar Josh Smith e tirar Corey Brewer do Minnesota. O Phoenix Suns pagou uma escolha de primeira rodada, que pode virar duas de segunda, para ter Brandan Wright, talvez, por apenas meia temporada. O Memphis adicionou Jeff Green, um ala alto, atlético e verdadeiramente efetivo, que lhe faltava. O Clippers tenta se mexer com os poucos recursos que tem ao seu dispor, apostando em Austin Rivers, o filho do homem (mais a respeito disso no fim de semana, mas adianto: valeria a aposta em Austin para qualquer time, menos LAC). O Pelicans tinha problemas nas alas e buscou Dante Cunningham e Quincy Pondexter (nomes de pouca expressão, mas com perfil defensivo para suprir uma carência clamorosa). Enfim, só nesse parágrafo foram citados seis dos 11 primeiros do Oeste. Com OKC, são sete.

Até mesmo o Denver Nuggets entra nessa história, aliás. Embora a franquia tenha cedido Timofey Mozgov ao Cavs e pareça disposta a transferir mais veteranos, dias depois foi atrás de um cara como Jameer Nelson para a reserva de Ty Lawson, em vez de simplesmente abrir mão de Nate Robinson por nada. Então são oito de 11, estando apenas Golden State, Portland e San Antonio fora da brincadeira.

E agora temos novamente o Thunder se ouriçando. Depois de reforçar a segunda unidade com o talento de Waiters, está atrás de um pivô que lhe ofereceria uma dimensão totalmente diferente no jogo interno. Hoje, o time conta com Perk e Steven Adams, dois jogadores que seguram as pontas na defesa, mas não tiram o sono de ninguém na tábua de ataque. Lopez seria uma referência ofensiva inédita na era Durant-Westbrook: alguém que tem ótimo chute de média distância, mas tamém joga de costas para a cesta. Ocupa espaço no garrafão (podendo esbarrar com seus dois superastros, na hora que infiltrarem) e tem dificuldade para passar a bola. Para inserir um atleta desses no ataque, tende a demorar um pouco.

Foge do seu padrão, mas as oportunidades estão aí para serem aproveitadas. Pode ser que não dê em nada neste final de semana e que Lopez fique em Brooklyn. De qualquer forma, já diz muito o simples fato de Presti ter se e embrenhado em negociações. Está disposto, enfim, a assumir essa bronca, confiando que Scott Brooks daria um jeito e que a grande elevação no talento não só colocaria sua equipe entre os oito melhores, mas em condições muito mais favoráveis para buscar o título.

Nunca é demais lembrar que Durant e Wess vão se tornar agentes livres em 2016. Ainda que declarem amor ao clube publicamente, passar mais dois anos sem chegar lá poderia alterar um panorama hoje favorável para a renovação. Ir atrás de um pivô com o prestígio de Lopez seria um claro sinal de ambição, afastando a fama de sovinas. Mas essa é uma discussão para o futuro. Para hoje, temos uma central de rumores em polvorosa já, a mais de um mês do prazo para a realização das trocas nesta temporada.

Quem dá mais?


Cavs dá últimas cartadas para avançar no Leste
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Giancarlo Giampietro

Acesso restrito para a dupla agora em NYC

Acesso restrito para a dupla agora em NYC

No domingo, pouco antes de o Cleveland Cavaliers iniciar aquela que seria uma sequência duríssima de jogos, sem poder contar com LeBron James, o gerente geral David Griffin fez questão de chamar uma entrevista coletiva. Na pauta, o respaldo incisivo ao técnico David Blatt, cuja segurança no cargo já era ameaçada (ao menos por especulações na mídia). Bateu a mão na mesa e disse que não tinha nada disso. Que era ridículo até mesmo pensar isso.

Além do apoio dado ao treinador, o dirigente falou sobre como estava realmente buscando reforços para o time, principalmente depois da lessão que custou mais uma temporada a Anderson Varejão. Mas alertou que as coisas andavam difíceis no mercado. “Estamos ativamente no telefone e fazendo tudo que podemos para melhorar a equipe. Ao mesmo tempo, infelizmente, nosso timing não bate sempre com o dos outros. Até o deadline para se fazer trocas, as pessoas não têm tipicamente muitas razões para fazer uma negociação. Então, estamos fazendo o que podemos e trabalhando todo e qualquer cenário. A lesão alterou o nível de urgência. O que não posso fazer é alterar o nível de disponibilidade no mercado. Então, até que chegue o momento em que possamos encaminhar um negócio que atenda a necessidade de ambos os lados, vamos continuar a nos mexer”, afirmou.

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Três dias depois, fechou duas trocas. Que coisa, né?

Esta é a NBA, onde o adiantado da hora acontece.

E aí, Timo? Dá para acreditar num uniforme desses!?

E aí, Timo? Dá para acreditar num uniforme desses!?

Depois de receber JR Smith e Iman Shumpert numa entrega expressa de Phil Jackson, o Cleveland agora anuncia um acordo com o Denver Nuggets para, depois de meses e meses de flerte, enfim ter o pivô Timofey Mozgov em seu elenco. A contratação do gigante russo é a mais importante, para suprir uma carência clamorosa no garrafão. Foi por isso, também, a transação mais custosa, com o time do Colorado recebendo duas escolhas de primeira rodada de Draft.

Ainda que seja realmente muito cedo – e, sim, ridículo – para falar em demissão de Blatt, Griffin, por outro lado, teve tempo o suficiente para perceber que o elenco montado para a abertura da temporada não daria conta do recado. Por mais que bata na tecla de que o processo de montagem do renovado Cavs é de médio para longo prazo, desde o momento em que LeBron James assinou um contrato curto e forçou a barra para a troca de Kevin Love, as metas para a franquia se tornaram automaticamente imediatistas.

No mesmo domingo da coletiva enfática do gerente geral, fiz no Sports+ o jogo de seu desfalcado Cavs contra o Dallas Mavericks. Sem LeBron James, com um Kyrie Irving limitado por dores nas costas, a equipe levou uma surra em casa, como já esperava. Não dava para falar muita coisa sobre tática com base naqueles 48 minutos. Mas o que ficou claro foi a fragilidade do elenco que ia além dos seis, sete principais homens da rotação.

Mesmo com força máxima, a verdade é que o produto entregue em quadra se mostrava bastante vulnerável. O time teve bons momentos, venceu todas as equipes que estavam acima na classificação da Conerência Leste, mas a química obviamente não era das melhores, com a defesa sofrendo mais, como o de costume nessas ocasiões de química duvidosa. LeBron tem muito o que falar a respeito, aliás. Mas esse assunto fica para daqui a pouco. Griffin, de todo modo, percebeu que algo precisava ser feito.

Lou Amundson: leão de treino, corre e briga por rebotes. Mas não dá para jogar

Lou Amundson: leão de treino, corre e briga por rebotes. Mas não dá para jogar

Mogzgov chega para, em teoria, fortalecer a defesa interior. O porte físico do pivô, de 2,16m, já é imponente. Mas ele pede ainda mais respeito quando vemos o quanto salta e como corre pela quadra. O curioso, porém, é que o Denver Nuggets defende com menos eficiência quando ele está em quadra, embora isso possa ter a ver com quem está ao seu redor. Segundo a medição avançada de Real Plus-Minus, do ESPN.com, que procura fazer exatamente a distinção de quem está em quadra na hora de avaliar o impacto de cada jogador, ele seria 25º pivô com mais impacto defensivo para seu time. Blatt certamente confia no atleta, com quem já trabalhou com sucesso na seleção russa – foram, juntos, medalhistas de bronze nas Olimpíadas de Londres 2012.

A contratação já diminui a carga sobre Tristan Thompson, de todo modo, e arruma um guarda-costas para Kevin Love, que sempre precisou de um. E aí está uma questão mais relevante do que simplesmente dissecar os números do russo: o Cavs precisa defender melhor de modo geral, e tudo começa pelo comprometimento de suas estrelas, incluindo o ala-pivô ex-Wolves e LBJ.  Se eles não fizerem sua parte, não há pivô que vá consertar, por conta própria, uma defesa esburacada. Iman Shumpert, se conseguir ficar em forma, já pode dar uma boa força para isso, com muita agilidade e envergadura para efetuar desarmes e ameaçar as linhas de passe.

(Sobre JR Smith? Bem… Já está registrado que é um dos jogadores mais lunáticos de sua geração. Cuja seleção de arremessos sempre foi irritante. Nas últimas quatro temporadas, ele não passou da marca de 43% de quadra. Seu chute de longa distância, todavia, é bem superior ao de Dion Waiters. E, ego por ego, não dá para dizer que o povo de Cleveland vai sentir muito a falta do ala-armador endereçado para OKC. Se ele não aprontar muito, vai representar um avanço em relação a Mike Miller e James Jones, os chapas do Rei, que são atiradores muito mais apurados, mas que não contribuem com mais nenhuma habilidade em quadra. Ao menos essa versão de Miller que temos visto: o ala, nos bons tempos, era melhor reboteiro e distribuidor.)

Para Blatt, a dificuldade é que ele agora tem três novos jogadores a integrar em seus planos e rotações, enquanto seu relacionamento com LeBron e Love ainda está, digamos, em manutenção – ao menos os reforços chegaram mais de um mês antes da data final para trocas, dando mais tempo para buscar o entrosamento ideal. Pode ser que não dê tempo de buscar mando de quadra nos mata-matas. O fundamental seria apenas chegar aos mata-matas com um conjunto sólido, azeitado. No Leste, o fato é que ao menos eles não estão ameaçados.

O treinador, de qualquer modo, sabe que a cobrança é dura. Mas deve se sentir mais animado: bem melhor trabalhar com jogadores realmente produtivos, em vez de um projeto como Alex Kirk ou veteranos inofensivos como AJ Price, Lou Amundson e Brendan Haywood. Eram quatro peças nas quais ele não tinha confiança nenhuma. Jones só começou a jogar por causa de lesões e, agora, devido a trocas. Fora isso, Shawn Marion hoje está muito mais para “Cocoon” do que “Matrix“. E aqui já estamos falando de mais de 1/3 do antigo plantel comprometido.

Um plantel cuja construção certamente teve mais influência de LeBron e Griffin, o dirigente que, agora, espera não ter de convocar tão cedo uma nova coletiva. Em termos de negociações, não sobrou muito com o que mexer. Seu trabalho está praticamente feito. Se ele se sentir obrigado a se apresentar aos jornalistas num futuro breve, aí, sim, Blatt pode ficar verdadeiramente preocupado.

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Sam Presti, gerente geral do Thunder, sabe que as chances de Reggie Jackson se mandar ao final do campeonato beiram os 98,9%. O armador quer ser titular de algum time e já montou um bom DVD de melhores momentos para justificar um contrato na casa, talvez, de oito dígitos anuais. Então Waiters se encaixaria, num preço baixo, como o cestinha do banco para ajudar Durant e Westbrook. Supostamente, claro. O número quatro do Draft de 2013 tem um bom drible e finaliza bem quando próximo da cesta. Segundo medição do NBA.com, porém, ele acertou nesta temporada apenas 27% dos arremessos em situação de catch-and-shoot. Quer dizer, o cara precisa da bola para produzir – e fica ansioso, para não dizer desesperado quando não a tem em mãos. Se em Cleveland, ela ficava dividida entre LeBron e Irving, em OKC… Sacaram, né Waiters precisa aceitar suas limitações de momento e entender que a história de “novo, possível Dwyane Wade”, como seu peixe foi vendido no período pré-Draft, parece uma tremenda balela. Se topar e se enquadrar, pode ser bastante útil. Se não rolar, ao menos o preço pago não foi dos mais caros.

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Lance Galloway, o futuro (imediato) para o Knicks

Lance Galloway, o futuro (imediato) para o Knicks – não o do Westchester

Para o Knicks, é curioso ver em ação o executivo Phil Jackson, com outra mentalidade. Como treinador, ele gostaria de melhorar sua equipe para já, inclusive limitando o tempo de quadra dos calouros. Distante da quadra, não há por que se precipitar. Os Bockers caminham para ser um dos três piores times da temporada, garantindo uma ótima escolha de Draft. Hardway Jr. vai ter mais arremessos, enquanto Cleanthony Early, mais minutos. Jogadores jovens e baratos observados na D-League serão testados – entre eles o armador Langston Galloway, de 23 anos, que jogou a liga de verão pela franquia e estava em sua filial de Westchester. Além disso, sem Smith, ele ganha mais US$ 7 milhões de teto salarial para investir em agentes livres.

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A adição de Mozgov, Shumpert e Sith custarão US$ 7,3 milhões em multas por excesso salarial ao final do campeonato. Dan Gilbert, o mesmo que vai pagar US$ 16 milhões a Mike Brown nos próximos quatro anos, não tem problema em usar o talão de cheques.

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O Cavs mantém suas próprias escolhas de Draft para o futuro. Na troca pelo pivô russo, eles enviaram picks que pertenciam ao Memphis Grizzlies e ao Oklahoma City Thunder. O do Memphis é o mais valioso, já que pode ser de loteria (protegido entre os postos 1 e 5 nos próximos quatro anos). Em 2019, não restará mais nenhuma restrição.

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Em Denver, todos os olhos se voltam agora para o calouro Jusuf Nurkic. O pivô bósnio vem jogando bem em 2015, com médias de 11,7 pontos, 8,7 rebotes e 4 tocos nos últimos três jogos, em 22 minutos. Já deixou JaVale McGee comendo poeira. Esperem um grande saldão no Colorado, com diversos contratos de médio porte para atletas experimentados, que podem contribuir para times com aspirações aos playoffs.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Ex-pivô da NBA é preso com um arsenal em casa
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Giancarlo Giampietro

Swift foi companheiro de Durant e Westbrook em OKC. Por pouco tempo

Swift foi companheiro de Durant e Westbrook em OKC. Por pouco tempo

Toda vez que for defender a ideia de que um limite de idade é necessário um limite de idade para a inscrição no Draft, pode ter certeza de que a direção da NBA vai usar o nome de Robert Swift como um exemplo fundamental em sua apresentação de defesa, enquanto o outro lado tem um LeBron ou um Kobe como contrapeso. Todos atletas que saíram do colegial direto para a grande liga e tiveram caminhos distintos, claro. Justo? Claro que não. Afinal, há diferenciação também entre formandos, segundanistas, estrangeiros etc. Toda categoria tem seus sucessos e fracassos.

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Mas é que, no caso do magricela, branquelo e ruivo, a história é realmente forte e alarmante. Daquele tipo de trunfo que, nos filmes de tribunal, vai aparecer na última hora para salvar toda uma tese. O ex-pivô tornou a ocupar os noticiários policiais nesta sexta-feira, como personagem de causo realmente escabroso.

A imprensa norte-americana teve acesso a um inquérito em que Swift aparece como suspeito de envolvimento com tráfico de drogas. Uma investigação na pequena cidade de Kirkland, interior do estado de Washington, levou os oficiais a invadirem uma residência em que o gigante de 2,13 m e 28 anos dividia com Trygve Bjorkstam, 54. Os dois foram presos.

O arsenal assustador de Swift

O arsenal assustador de Swift

Na casa, além de drogas e utensílios para uso, foram encontradas armas. Muitas armas, como pistolas, espingardas, espadas katana e até mesmo um lançador de granadas. Em depoimento, Swift se assumiu como dono desse verdadeiro arsenal. Ele atuava como uma espécie de segurança de Bjorkstam, que lhe fornecia heroína diariamente. Ajudava na cobrança de dívidas e na proteção do estoque de entorpecentes.

O ex-jogador do Seattle Supersonics/Oklahoma City Thunder e o traficante dividem domicílio desde abril. No ano passado, ele foi despejado de uma mansão de mais de US$ 1 milhão por dívidas. Depois de muito relutar, deixou a residência, que se encontrava em estado precário, com fezes de cachorro, latas de cerveja vazia, caixas de pizza e buracos de bala. Tudo lamentável. Mas talvez o item que mais chamasse a atenção fosse uma caixa fechada com cartas com ofertas de diversas universidade, na tentativa de seu recrutamento.

Isso foi em 2004, quando Swift era um promissor pivô de 18 anos saído do high school em Bakersfield, na Califórnia. Ele chegou a acertar verbalmente com a Universidade de Southern California, mas optou pela rota profissional depois de impressionar os olheiros da NBA. Acabou escolhido pelo Sonics na 12ª posição da quele ano.

Obviamente o clubeSeattle sabia que estava lidando com um projeto de longo prazo. Na primeira temporada, ele participou de apenas 16 partidas, com 4,5 minutos em média. Em 2005-2006, os números subiram para 47 partidas e 21 minutos, acompanhados também de um salto qualitativo. Ao iniciar o terceiro ano, veio o baque: sofreu uma ruptura de ligamento cruzado anterior logo na estreia na pré-temporada. Perdeu todo o campeonato. Quando retornou, mal havia esquentado e sofreu outra lesão, dessa vez no menisco. Em dezembro de 2009, já com a franquia deslocada para Oklahoma City, acabou dispensado, aos 23 anos.

Robert Swift, antes e depois: transformação no visual ainda em tempos de NBA

Robert Swift, antes e depois: transformação no visual ainda em tempos de NBA

Swift ainda procurou a D-League, mas não tinha forma física, nem condições emocionais de retomar a carreira de imediato, já enfrentando problemas legais, tendo sido preso por dirigir embriagado, com condução de risco. Na temporada 2010-2011, chegou a encarar uma aventura no Japão, sob o comando de seu ex-treinador em Seattle, o veterano Bob Hill. Estava jogando bem, quando seu clube, o Tóquio Apache, encerrou suas atividades depois do tsunami que abalou o país em 2011. O pivô ainda fez um teste pelo Portland Trail Blazers e não foi aprovado.

Entrando em reclusão, o pivô só reapareceu quando veio a pública o fato de sua casa ter sido hipotecada em 2013. Agora reaparece preso prisão por posse ilegal de armas, pouco mais de dez anos depois de ter sido selecionado pelo Sonics. Uma sucessão de fatos deprimentes para um garoto, que parecia com a vida encaminhada após tempos difíceis durante a infância, encarando dias em que não havia garantia de uma refeição adequada. Em cinco anos de NBA, ganhou mais de US$ 11 milhões em salário.

Olhando em retrospecto, seria fácil dizer que Swift cometeu um erro ao pular diretamente para a NBA. Do ponto de vista psicológico, principalmente, a julgar pela descarrilada que teve a partir das lesões que o afastaram da quadra. Tecnicamente, após um ano de adaptação, estava começando a deslanchar. Qualquer julgamento, porém, é no mínimo precipitado.

Swift, na fase japonesa

Swift, na fase japonesa

É só recuperar o Draft beeem peculiar em que foi recrutado, especialmente para pivôs. Em primeiro, por exemplo, saiu Dwight Howard, outro colegial, logo acima de Emeka Okafor, um junior. O próximo grandalhão a entrar na lista foi ninguém menos que  Rafael “Baby” Araújo, um senior, em oitavo. Andris Biedrins foi chamado em 11º. Em 15º, lá estava Al Jefferson, também adolescente. Josh Smith, em 17º. O gigante russo Pavel Podkolzin saiu em 21º. Anderson Varejão caiu para 31º, dois postos antes de Peter John Ramos, o gigante porto-riquenho. Que gangorra, hein? Uma loteria.

E sabem do que mais? Não é segredo algum que, naquele ano, Danny Ainge fez das tripas coração para selecionar Swift para o Boston Celtics. Era seu alvo primordial. Acima de Al Jefferson. Ele, na verdade, tinha certeza de que contrataria o pivô, até o Seattle frustrar seus planos. Tivessem as coisas acontecido de outra maneira, como estariam os dois? Seria Jefferson um companheiro de Kevin Durant até hoje? Vai saber. Nessa realidade paralela, porém, é certo que todos esperassem um final bem diferente para o outro pivô.