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Miami força o impossível: Scola estremecer em quadra
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Giancarlo Giampietro

É difícil saber quem fica mais perplexo ao assistir a um Luis Scola completamente estremecido contra o Miami Heat na final da Conferência Leste da NBA. Certo é que os dois terão um nó na cuca daqueles.

O argentino, claro, do seu canto vai se assustar, mas não deve perder a ternura. Nem tem como. Agora, do lado brasileiro, daquele que já se cansou de tomar marretadas na cabeça, para o qual o camisa 4 acabou se tornando o maior símbolo de uma geração brilhante e impiedosa, imagino os mais diversos sentimentos.

Scola fica livre, mas não converte a bandeja. Pressão total

Scola fica livre, mas não converte a bandeja. Pressão total

Aqueles que pendem propensão maior a espírito de porco devem estar se divertindo à beça, chorando de rir no sofá. Outros, podem ficar indignados: “Tá vendo!? Não é impossível marcá-lo! O cabelo já era!”, berrando, para nenhum Rubén Magnano ouvir. Dá para imaginar também aquele cara mais desiludido que toda essa penitência por que passa o argentino vai deixá-lo ainda mais motivado para o Mundial, e aí sai da frente…

Independentemente de qual for a sua impressão, meu senhor e minha senhora, não vai aliviar o que já se passou nos últimos clássicos sul-americanos. E podem ter certeza de quem está sofrendo mais é o próprio Scola, um cara que não está habituado a ser tratado desta maneira em quadra. Geralmente ele é o cara a ditar as regras. Vocês bem sabem.

Mas é isso que a turma de Erik Spoelstra faz. Essa situação automaticamente  nos remete ao que aconteceu com Tiago Splitter no ano passado, não? Agora é a vez de seu ex-companheiro de TAU Cerámica claudicar ao encontro dessa defesa superatlética e agressiva. Por mais inteligente e experiente que seja o personagem, se a sua tendência é jogar de pés no chão, sem voar em direção ao aro, chega uma hora que os caras de Miami entram em sua cabeça. Nesse sentido, Roy Hibbert é uma exceção – além de ser muito mais alto e comprido.

Nesta terça, Scola hesitou sem parar na hora de atacar, com receio de soltar suas tradicionais bombas de média distância. Contentava-se em fazer a finta apressada, passar desajeitado por baixo do marcador que saltava para engoli-lo vivo. E toca passar para o lado, para trás, passar para onde quer que seja possível, com a bola pelando em suas mãos. Passes inseguros, mal direiconados, que não saíam do modo que se espera para alguém com tanta habilidade nas mãos e munheca. O chute, quando tinha coragem para arriscar, era precipitado, sem elevação nenhuma.

Foram 11 minutos no total para este campeão olímpico, apenas uma cesta de quadra em seis tentativas. Nenhum rebote. Uma assistência. E duas faltas. Fosse uma noite isolada de acidentes, tudo bem. Acho. Mas, se o Pacers venceu bem o Jogo 1, não foi por causa de Scola – sua produção também foi pífia, com dois pontos e cinco rebotes em 14 minutos, acertando apenas 1 de 3 arremessos.

Vamos além: nas últimas cinco jornadas, suas médias são de 2,6 pontos e 2 rebotes, em 10,4 inutos, com 27,8% de aproveitamento nos chutes. Imagine o drama para Júlio Llamas de aguentar a uma atrocidade dessas.

E faz como para brecar um cara desses?

E faz como para brecar um cara desses?

Na defesa, em marcação individual, a arrastada movimentação lateral do pivô, aod 34 anos, fica muito mais exposta diante dos arroubos dos armadores e alas do Miami. O veterano não consegue bloqueá-los, muito menos acompanhá-los uma vez que passam pelo corta-luz, avançando em direção ao garrafão. Haja cobertura para interditar essa avenida.

Se a diretoria do Pacers fez seu dever de casa antes de acertar a troca pelo argentino, obviamente sabia dessas limitações de mobilidade. Os cartolas só esperavam que seu empenho nos rebotes e habilidade ofensiva compensassem., para liderar a segunda unidade e dar um merecido descanso a David West.

Aconteceu raramente durante a temporada, e todos esperavam pacientemente que Scola viesse para o jogo nos mata-matas. Nos respingos da temporada regular em abril, sua produção até parecia direcionada para isso, com 11,6 pontos e 5,3 rebotes em 19 minutos, com 55% de quadra. Que nada.

Contra o Hawks, o pivô até conseguiu dois bons jogos no início da série, mas, depois, acabou banido da rotação, sem conseguir encontrar um bom matchup – ficou em quadra por apenas oito minutos no Jogo 5 e nem tirou o agasalho nos duelos seguintes. Depois, contra os veteranos pivôs do Wizards, num embate aparentemente favorável, a mesma história: ganhou minutos na abertura, mas terminou jogando apenas 27 minutos entre as quarta e sexta partidas. E cá estamos, acompanhando uma rara e prolongada draga para um atleta tão regularmente eficiente.

Por essas e outras, experimente dar uma busca no Twitter por “Luis Scola” ao final dos jogos. A coisa fica feia. Ao menos não esbarrei em muitos palavrões, mas dá para dizer que o cabeludo não está na lista dos queridinhos do público em Indianápolis – ou de qualquer um que esteja torcendo contra o Miami Heat. Para muitos, já está mais para um vilão bastante maligno.

Quem diria, né?

Quando o Indiana fechou a transação com o Phoenix Suns lá atrás, Larry Brid foi incensado por 95% da crítica (sim, sim, estamos quase todos nessa). Aí que não só o argentino vem tendo este ano miserável, como Gerald Green e Miles Plumlee chocaram a Costa Oeste, e o clube do Arizona ainda terá de brinde a 27ª escolha do Draft deste ano. Vixe.

A ideia era que o banco, tão fraco no ano passado, ganharia mais um cestinha respeitável, ao lado de Danny Granger. Chegaram ainda CJ Watson e Chris Copeland. O time curava sua principal deficiência, abastecendo uma segunda unidade fraquinha que só.

Rasual Butler, mesmo? Miami, seu ex-time, também não acredita

Rasual Butler, mesmo? Miami, seu ex-time, também não acredita

Depois de tanto chacoalho no mercado – algo que continuou fazendo ao ir atrás de Bynum e Turner, agitando demais a química de sua equipe –, Bird só não poderia imaginar que o veterano Rasual Butler (seis pontos em oito minutos) seria seu melhor reserva em quadra no segundo jogo da aguardada série contra seus grandes rivais. Butler que, para muitos, já foi dos piores jogadores da liga nas últimas temporadas e que precisou apelar e disputar a liga de verão de Orlando este ano para se manter empregado.

Para CJ Watson, o bom senso pede um desconto. O armador, substituto do antes famigerado DJ Augustin (é, o Thibs também sabe cuidar dos atletas no ataque…), teve uma partida péssima (0/4 FG, três rebotes e só), mas fez uma boa temporada. De Ian Mahinmi, não se pode exigir muita mais do que alguns rebotes e umas trombadas.

Com a garganta inflamada, Evan Turner até estava liberado para jogar, mas não é que Frank Vogel estivesse desesperado para reinseri-lo em sua rotação. Sua contratação foi um grande erro de cálculo de Bird. O ala simplesmente não combina com Paul George e/ou Lance Stephenson em quadra.

Depois de Plumlee, mais uma de suas escolhas de primeira rodada mal pisou em quadra. Dessa vez foi o ala Solomon Hill, um novato de 23 anos que teoricamente estaria mais bem preparado para jogar do que um molecote de 19, mas que nem relacionado para a partida estava.

No calor de mais uma dura série contra o Heat, porém, não é para Hill ou Butler que os torcedores vão olhar. Scola chegou com enorme expectativas e custou caro. Para um vencedor como ele, é de se esperar que encontre alguma solução para o terror que vem pela frente, a não ser que Vogel já opte por Chris Copeland em sua vaga a partir do Jogo 3. Enquanto os times não voltam para quadra, ficam todos em suspense e boquiabertos, um tanto incrédulos: a rapaziada de Indianápolis, mas também os argentinos e brasileiros.


Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Análise: Leandrinho tenta se reencontrar na NBA correndo com o Suns
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Giancarlo Giampietro

Torcedor do Suns pode desenrolar o pôster do melhor 6º homem de 2007

Torcedor do Suns pode desenrolar o pôster do melhor 6º homem de 2007

“O Vulto Braileiro”, “Speedy Gonzalez” etc. Eram os apelidos que Leandrinho ganhou no Vale do Sol quando construiu sua reputação como um dos cestinhas mais explosivos da NBA em meados da década passada.

O sistema de jogo do Phoenix Suns o favorecia amplamente. O ala-armador não era obrigado a tomar decisões muito difíceis com a bola. O plano de jogo era simples. No seu caso, correr, procurar os pontos livres em quadra e esperar que a bola chegasse na pinta para um chute de três pontos ou que ele pudesse atacar a cesta. Foi sexto homem do ano e tal, vocês sabem.

Sem conseguirem chegar ao topo – mesmo que aqueles anos tenham sido encantadores –, não demorou para que todo esse sonho ruísse. O Suns caiu de favorito no Oeste a saco de pancada, num lamaçal que só. E Leandrinho se viu na condição de andarilho na liga norte-americana, passando batido por Toronto, Indiana e Boston, pelo qual sofreu uma ruptura de ligamentos no joelho, encerrando sua temporada 2012-13 de modo deprimente.

As partes agora se reencontram nesta semana, com a notícia de que o clube do Arizona está prestes a lhe oferecer um contrato de dez dias, dependendo apenas de sua aprovação em exames médicos.

Leandrinho, de novo um Sun

Leandrinho, de novo um Sun

O Suns perdeu um de seus principais jogadores, o armador Eric Bledsoe, por conta de uma torção no joelho. Inicialmente, a previsão é de que ele vá ficar afastado por uma semana. (A pressa no contato e contratação do brasileiro faz pensar se a coisa não pode ser mais grave… Acompanhemos.)

De toda forma, recuperando o raciocínio: se Mike D’Antoni está penando em Los Angeles para tentar repetir sua fórmula dos tempos dourados dos “Sete Segundos Ou Menos”, o Suns recuperou essa identidade velocista sob inspirador comando de Jeff Hornacek – desde já candidato a técnico do ano.

O novo treinador pede mais e mais chutes de três pontos a sua equipe e cortes em direção a cesta, acompanhando a onda “analítica” que vai se espalhando pelos escritórios da liga. Bem, era isso o que Leandrinho fazia bem há uns quatro ou seis anos pelo time – e é, na verdade, basicamente aquilo que ele sabe executar em alto nível. Em cinco contra cinco, sabemos bem das deficiências técnicas do ligerinho, que nem jogou pelo Pinheiros neste domingo, se despedindo do clube da capital.

Lembrando: é a partir desta semana que os clubes da NBA podem assinar esses contratos provisórios com qualquer jogador disponível no mercado. O prazo inicial é de dez dias, podendo ser estendido por mais dez, e sem que as datas precisem estar necessariamente emendadas. Por exemplo: Leandrinho pode ter o primeiro contrato expirado no dia 17 de janeiro e acertar outro com o Suns apenas em fevereiro. Ao final do segundo contrato, porém, o gerente geral precisa decidir se vai estendê-lo até o final da temporada ou se vai dispensá-lo.

Por falar em gerente geral, Ryan McDonough, o novo manda-chuva do Suns, trabalhou com Leandrinho na temporada passada, quando era assistente de Danny Ainge no Celtics. Ele não é, aliás, o único rosto que o jogador vai rever ao fechar com o Suns. Há outros vínculos importantes, e em quadra.

Leandrinho tem a chance de bater bola com o Goran Dragic, armador com quem se entendeu muito bem durante a temporada 2009-10, na qual o clube foi superado pelo Los Angeles Lakers na final do Oeste. Os dois faziam parte da segunda unidade de Alvin Gentry, com Channing Frye (outro reencontro), Jared Dudley e Lou Amundson, e se entrosaram deveras. Quem aí se lembra daquele quarto período histórico que fizeram em San Antonio para chocar Duncan, Pop, Ginóbili e qualquer cowboy torcedor do Spurs naqueles mata-matas? De vídeo, só achei as peripécias de Dragic. Mas Barbosa também teve sua contribuição numérica.

Então temos o seguinte: um plano tático que o favorece. Algumas figuras conhecidas dentro e fora de quadra, que devem dar o apoio necessário. Boa vontade dos torcedores.

Junta-se tudo isso, e o que dá é uma ótima oportunidade, isso se não for a melhor, para o ala-armador retomar sua carreira nos Estados Unidos. Ainda que correndo contra o tempo –com o perdão do trocadilho.

*  *  *

O Phoenix Suns está na estrada. O time embarcou rumo a Chicago e vai disputar cinco partidas fora de casa nos próximos dias, contra nenhum time que tenha aproveitamento acima de 50%. A tabela é esta: Bulls (na terça-feira), Wolves (quarta), Grizzlies (sexta), Pistons (sábado) e  Knicks (na outra segunda). Bom trecho.

*  *  *

De longo prazo? Difícil imaginar que o Suns pense em Leandrinho. A princípio, é muito mais fácil entender que o clube optou por uma contratação-tampão para seu elenco, enquanto Bledsoe não volta.

Vestindo o uniforme, o brasileiro tem de disputar minutos com o baixinho Ish(mael) Smith – mais um que adora correr e vem de boa partida contra o Bucks, ainda que seu currículo não seja dos mais brilhantes –, com o caçulinha Archie Goodwn, o segundo atleta mais jovem da NBA, e o veterano Dionte Christmas, constantemente elogiado, mas que não assusta ninguém.

Entre esses três, Goodwin é, de longe, o personagem mais importante: draftado pelo Suns no final do primeiro round, é visto como um jogador de muito futuro. Na temporada, tem média de 11 minutos por partida. Isto é, mesmo com o time vencendo, lutando por uma vaga nos playoffs, Hornacek ainda encontra tempo em sua rotação para colocar o garotão em quadra e desenvolvê-lo.

Leandrinho vai ter de jogar muita bola para convencer, eventualmente, o técnico e a direção de que, com Bledsoe de volta, valeria a pena mantê-lo no elenco, pensando em resultados imediatos, à custa de minutos preciosos para a revelação de 19 anos.

*  *  *

Dependendo do que acontecer em Phoenix, um time que pode surgir como alternativa para o ala-armador é o Los Angeles Clippers, que acaba de perder Chris Paul por cinco semanas (ou mais) e de dispensar o jovem Maalik Wayns. Doc Rivers teve o brasileiro sob sua tutela no ano passado – e está falando abertamente em contratar ajuda de fora. Bobby Brown e Delonte West, produzindo números surreais na China, seriam as primeiras opções, mas pode dar jogo aí.

*  *  *

Leandrinho trabalhou duro com o Pinheiros para se recuperar de sua lesão no joelho. A dedicação do jogador nunca pode ser questionada. Aqui e ali ele mostrou que sua explosão física ainda é acima da média. Ele disputou oito partidas no NBB, com médias de 33,3 minutos, 20,1 pontos (segundo da competição, atrás de Robert Day, do Uberlândia), 3,1 rebotes e 3,1 assistências, acertando 50% dos chutes de três pontos e apenas 46,4% de dois.


NBA: 10 caras que abrem o ano novo de bem com a vida
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Giancarlo Giampietro

Kevin Johnson e Jeff Hornacek... Quer dizer, Bledsoe e Dragic pelo Suns

Kevin Johnson e Jeff Hornacek… Quer dizer, Bledsoe e Dragic pelo Suns

Quem está abrindo 2014 estourando champanhe sem o menor arrependimento? Quem nas quadras da NBA está passando pela virada de ano cheio de confiança, satisfeitos com o papel em suas equipes e se valorizando no mercado?

Os LeBrons, Durants e Loves do mundo vão estar sempre bem, é sabido. Não há que se preocupar com eles. Pode ser outono, primavera, feriado, longas viagens, esses caras vão produzir sem parar. Então, por mais que eles desafiem qualquer bom senso estatístico, seria redundante gastar estas linhas aqui para falar deles.

Então vamos nos concentrar num tipo de atividade que – vocês já devem ter percebido – dá mais prazer neste espaço: fugir dos holofotes e prestar atenção nos caras que muito provavelmente poderiam dar um passeio por Manhattan passando despercebidos. Talvez a altura fosse algum indicador, mas não o suficiente para congelar toda a Times Square.

Dessa vez, não estamos falando necessariamente de gente como Jordan Crawford ou Josh McBobs, dos que buscam a sobrevivência na liga. Mas de um pelotão intermediário que jogou muito nas última semanas do ano que se foi e entram em 2014 de bem com a vida:

Thaddeus Young, ala do Sixers.

Thad Young, difícil de segurar em contra-ataques

Thad Young, difícil de segurar em contra-ataques

Michael Carter-Williams é a bola da vez em Philly, e não há muito o que se fazer a respeito. Quando entra em quadra, o armador influencia o jogo de diversas maneiras, no ataque ou na defesa. Foi um achado para Sam Hinkie no Draft, ainda mais em 11º. Tudo em seu desempenho até aqui indica que vá se tornar um craque.

Mas, na hora que o Sixers vai surpreender alguém, Thaddeus (de “Youngs” já estamos cheios, não é verdade?) também tem talento para ser uma figura decisiva.

Pegue os últimos quatro jogos da equipe, por exemplo. Depois de uma derrota vexatória contra o Nets por 130 a 94 – e, sim, apanhar desta maneira para o patético time de Jason Kidd já se arquiva aqui no blog como “vexatório” –, Young elevou seus números a um patamar de saltar aos olhos. Marcou 110 pontos, pegou 35 rebotes, , conseguiu dez roubos de bola e acertou42 de seus 76 arremessos. Em médias: 27,5 pontos, 8,75 rebotes, 2,5 roubos e 55,2% de aproveitamento*.

(*PS: assim como em todos os números citados no post, estão computados apenas jogos até 31 de dezembro de 2013, por motivos de… Lentidão de sistema, digamos.)

Está certo que a concorrência não era das mais ferrenhas: Nets de novo (vitória por 121 a 120, no troco), Bucks, Suns e Lakers. O estilo de jogo também ajuda: três desses times gostam de correr, que é o que o ala mais sabe fazer, e o time do Brooklyn ficou automaticamente mais leve com a lesão de Brook Lopez.

Mas não deixa de ser impressionante.

Em meio ao projeto de reformulação do Sixers, Thaddeus pode estar querendo uma troca, ou não, mas com esse tipo de atuação é provável que termine a temporada em outra cidade, mesmo.

(Agora um segredinho: os números se inflaram desta forma também desde o retorno de Carter-Williams de uma infecção cutânea na perna. Não é acaso.)

Kyle Lowry, armador do Raptors.
Outro jogador envolvido em rumores de troca em dezembro. Também não se trata de coincidência, é possível dizer. Desde que o time canadense despachou Rudy Gay para a capital californiana, os boatos se concentraram em Lowry: ele seria o próximo a negociado. Mas o que estava em andamento se emperrou.

O baixinho que já foi um pitbull na defesa, mas hoje se interessa muito mais pelo ataque foi cobiçado pelos trapalhões de Nova York. Mas a reputação (positiva) de rapina de Masai Ujiri acabou atrapalhando. Até James Dolan se opôs a pagar o tanto que o Raptors pedia. Uia. Isso é o mesmo que dizer que o ex-presidente Lula teve arroubos de modéstia num discurso.

Paralelamente a essa disputa entre nova-iorquinos, o Raptors acabou se acertando, para espanto de alguns, mas não de todos. Bill Simmons, o SportsGuy da ESPN, chegou a comparar o ala a um câncer. O time que se livra dele melhora instantaneamente, notou. Ouch.

Com a bola girando mais em quadra, Lowry vem se soltando. Reparem em seus números a partir do confronto de 8 de dezembro com o Lakers, o primeiro sem Gay. A quantidade de turnovers despencou, as assistências decolaram e os pontos e bolas de três vão sendo computados com muito mais frequência.

Lowry se sentiu em casa no Garden. Será que vai jogar mais vezes lá?

Lowry se sentiu em casa no Garden. Será que vai jogar mais vezes lá?

Um jogo em específico vale o destaque: a vitória sobre o Knicks, no Madison Square Garden, claro, dia 27. Não só por ele ter marcado15 pontos e 11 assistências, mas também pelo fato de a torcida dos Bockers ter gritado seu nome das arquibancadas. “Foi esse tipo de acontecimento sobre o qual você nem sabe o que dizer direito. Tipo, é muito legal”, disse o armador. “Se algo acontecer, que aconteça. Mas até que chegue esse dia, sou um jogador do Raptors e vou dar duro aqui.”

James Johnson, ala do Memphis Grizzlies.
Antes de falar sobre o que se passa no presente, aqui convém revisitar o passado desse jogador, que, até pelo nome básico, até pode ser um desconhecido do público em geral. James quem?

Bem, vocês sabiam que ele tem algumas semelhanças com Zlatan Ibrahimovic? De alguma forma, explico: se o atacante sueco é faixa preta de taekwondo, Johnson já foi (é?) um belo lutador de kickboxing. E os dois tiram proveito das habilidades desenvolvidas nas artes marciais para fazer algo de diferente em seus respectivos esportes. Jogo de cintura, agilidade nos pés, elasticidade – imagino que se ganhe tudo isso, né, Ibra?

JJ, o Kickboxer

JJ, o Kickboxer

Uma rápida olhadela nos números do ala indicam isso. É um dos que mais acumula roubos de bola e toco na liga há tempos, em médias por minuto. Pegue, por exemplo, o que ele vem somando pelo Grizzlies por aqui. Em sete partidas, com 23,1 minutos, tem 1,3 bloqueio e 1,4 roubada em média. Em 36 minutos, subiria para 2,2 e 2,0, respectivamente. Andrei Kirilenko está orgulhoso.

E por que só sete jogos pelo Grizzlies, se já estamos em janeiro? Bem, ele começou a temporada na D-League. Na verdade, antes disso, o versátil ala participou do training camp com o Atlanta Hawks, mas o gerente geral Danny Ferry não achou por bem mantê-lo no elenco – talvez por considerar que suas características se dupliquem com as de DeMarre Carroll.

Jogando pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Rockets, sua produção foi a seguinte: 18,5 pontos, 9,1 rebotes, 4,7 assistências, 3,4 tocos e 1,9 roubo. É muita coisa, mesmo numa liga em que não se pratica muita defesa e num time que joga em ritmo acelerado demais da conta.

E como um talento desses vai parar na liga de desenvolvimento? Digamos que Johnson nunca foi dos jogadores mais disciplinados. Tanto fora de quadra como em ação, fardado. Ele pode pecar um pouco no posicionamento defensivo, na hora de forçar algumas infiltrações descabidas, confiante de que suas habilidades atléticas dão um jeito para tudo. Por isso não sobreviveu em Chicago (foi draftado pelo Bulls em 16º em 2009), Toronto e Sacramento.

Mas também há o outro lado da moeda: por ser um jogador de características pouco tradicionais, difíceis de ser enquadradas, para um técnico que vá querer escalar seus jogadores de 1 a 5 pode ser difícil encontrar sua pocição. Vai de 3? Ou 4? Uma bobagem, mas que em muitos casos pode influenciar demais os rumos de uma carreira.

Fato é que, para um time moribundo com o do Grizzlies, ele oferece energia muito necessária. Até o dia 5 de janeiro, o clube precisa decidir o que fazer com Johnson. Se ele passar dessa data no elenco principal, seu contrato será garantido até o final da temporada. Acho que não há muita dúvida aqui sobre o que fazer, não?

Goran Dragic, armador do Phoenix Suns.
Ele começou mal pelo Phoenix Suns, depois jogou bem como reserva do Phoenix Suns, foi trocado ainda assim pelo Phoenix Suns, jogou no Texas até que voltou para o Phoenix Suns. A relação do armador esloveno com a franquia do Vale do Sol, como já vimos, não é das mais estáveis.

Daí que, quando o time contratou Eric Bledsoe antes da atual temporada começar, não demorou para que todo o mercado da NBA tenha se preparado para a possibilidade de Dragic voltar a ficar disponível. Jeff Hornaceck, porém, não tinha nada com isso.

Dragic e Hornacek: entrosamento no renovado Phoenix Suns

Dragic e Hornacek: entrosamento no renovado Phoenix Suns

O novo surpreendente técnico da eqiupe vem justificando qual era o seu plano desde o princípio: que Dragic e Bledsoe poderiam reeditar a sensacional parceria que ele teve com Kevin Johnson na virada dos anos 80 para os anos 90. Pela mesma franquia, diga-se, que, em 1988-89, alcançou a final da Conferência Oeste, perdendo para um Los Angeles Lakers que lutava pelo tricampeonato (e seria superado pelos autênticos Bad Boys de Detroit).

“Quando Ryan (McDonough, o novo e igualmente surpreendente gerente geral do Suns) me ligou, eu disse a ele: ‘Ei, Eric parece com o Kevin Johnson, quando ele estava jogando aqui em Phoenix, e Goran é mais ou menos como eu era’. Passamos de um time com 25 vitórias para 55. Não acho que nenhum de nós pensou realmente que, quando trocamos por Eric, teríamos de nos desfazer de Goran”, afirmou Hornacek, eleito o melhor técnico do Oeste em dezembro e que vem se mostrando uma das melhores entrevistas da liga.

Vai saber se foi isso, mesmo, que passou pela cabeça do treinador, ou se ele apenas está desenvolvendo uma retórica que, ao mesmo tempo que protege o esloveno, também envolve o sucesso do time nesta temporada. O próprio Dragic ficou um pouco desconfiado.”Quando estava na Europa e descobri, pensei: ‘Ok, agora tenho competição’. No fim, falei com Jeff, ele me disse que nós provavelmente iríamos a maior parte dos minutos juntos.”

Eles estão jogando, mesmo, e o fato é que a dupla armação se encaixou muito bem, ainda mais com tantos chutadores ao redor para espaçar o ataque. Por ser mais jovem e a novidade no time, é natural que Bledsoe chame mais repórteres ao seu encalço. Ramona Shelburne, do ESPN.com, contou uma baita história a respeito.

Mas Dragic, do seu lado, vem jogando muito bem, obrigado. Segundo levantamento do estatístico John Schuhmann, do NBA.com, quando o time tem apenas o esloveno em quadra, os números ofensivos são muito melhores do que com Bledsoe sozinho com os dois em parceria, que age pela melhor defesa. (Agora precisaria checar os adversários que estão por trás dessas contas.)

Dragic está jogando sua melhor temporada na liga, com o melhor aproveitamento nos arremessos, a maior média de lances livres cobrados, a menor de desperdícios de bola. Eficiência alto padrão, e a presença de Bledsoe para ajudar a desafogar as coisas ajuda muito para isso, claro. “Está cada vez melhor com Eric, jogo após jogo. Sei o que ele vai fazer com a bola e ele sabe o que eu vou fazer”, afirma.

No Suns, vale também a menção para o ala Gerald Green, que tem aproveitado os espaços abertos por seus dois armadores. Neste período, tem médias de15 pontos e quase quatro chutes de três pontos por jogo (3,7). O jogador que já teve de apelar para Rússia e China para tentar se encontrar como jogador de basquete e regressar aos Estados Unidos,  recuperou o rendimento de sua breve passagem pelo Nets na temporada 2011-12. Mantendo essa produção, vai deixar a troca que enviou Luis Scola ao Pacers cada vez mais desequilibrada a favor do time do Arizona. Quem diria, Larry Bird, quem diria?

Tyreke Evans, ala-armador do New Orleans Pelicans.
Como novato, Evans terminou sua temporada com médias superiores a 20 pontos, 5 rebotes e 5 assistências. Em toda a história da NBA, quais os únicos jogadores que atingiram esse tipo de rendimento? Michael Jordan, LeBron James e Oscar Robertson.

Bom para você?

Evans para a cesta, de 6º homem

Evans para a cesta, de 6º homem

A galera em Sacramento acreditava ter recebido seu próprio Messias, alguém pronto para resgatar os  anos dourados de Webber, Bibby, Divac e Peja. O que aconteceu a partir de 2008-09? O Kings seguiu perdendo de todo mundo, basicamente. Uma equipe horrorosa, na qual Evans se afundou também. De repente, sua temporada de calouro passou de proeza estatística para o devaneio de um fominha.

Daí que, quando o Pelicans investiu US$ 44 milhões por quatro anos de contrato com o ala, poucos entenderam. A sensação era de que ele merecia muito menos – e que não ficava muito claro o que o clube estava pensando, uma vez que já tinha Jrue Holiday e Eric Gordon no elenco, jogadores que gostam de segurar a bola por um bom tempo também.

Se o jovem time ainda busca um melhor acerto, especialmente na defesa, apostando agora na contratação de Alexis Ajinça, no ataque o desenvolvimento é realmente positivo – eles têm a sexta melhor ofensiva. E a contribuição de Evans tem sido importante para isso, mesmo que seu desempenho na linha de três pontos seja desastroso e que sua pontaria de dois pontos também esteja muito abaixo do esperado.

Acontece que o volume de jogo que Evans tem ao sair do banco de reservas tem sido o suficiente para compensar a pontaria desacertada. Com uma projeção por 36 minutos de 18,3 pontos, 6,3 assistências e 6,7 rebotes – que basicamente supera o que fez como novato –, se firmou como um candidato ao prêmio de sexto homem da liga. Curiosamente, quando Dell Demps, ex-Spurs, conversou com o atleta, ele vendeu esse papel como uma interessante possibilidade a ser estudada pela jovem pretensa estrela. Manu Ginóbili seria o exemplo. Evans gostou da ideia – está colhendo frutos, agora, com o maior índice de eficiência de sua carreira. Podendo ser decisivo também:

Com Gordon mais uma vez afastado por contusão por cinco jogos, o ala-armador tem brilhado, com 20,2 pontos, 8,2 assistências e 5,6 rebotes. Uma dessas exibições foi especial para o atleta: no dia 23 de dezembro, ele ajudou o Pelicans a vencer por 113 a 100 o bom e velho Kings, em Sacramento. Foram 25 pontos e 12 assistências.

“Quandoe stava com a bola, ouvia o Isaiah Thomas dizendo o que ia fazer. Eu fazia a mesma coisa e ainda assim fazia a cesta. Mas você sabe: era apenas diversão”, disse Evans.

Brandon Knight, armador do Milwaukee Bucks.
O rapaz não teve dó alguma do arrebentado Los Angeles Lakers. Na última terça-feira, na despedida de 2013, usou o Staples Center como palco para o jogo de sua vida na NBA até aqui, marcando um recorde pessoal de 37 pontos –18 deles apenas num terceiro quarto devastador em que ele parava em qualquer ponto da quadra, arremessava e balançava a redinha.

Ok, considerando que um Jordan Farmar manco e o lento-quase-parando Kendall Marshall eram seus principais marcadores, a quantia pode não parecer muita coisa. Mas Knight estava batendo na pronta já. Nas sete partidas antecedentes, ele já havia estabelecido médias de 20,7 pontos, 6,0 assistências e 5,8 rebotes. O aproveitamento, está bem, foi de apenas 43% de quadra, mas já superior aos 40,1% que tem na temporada ou os 40,9% de sua carreira.

Knight: acima da média apenas na quina esquerda da quadra e na cabeça do lance livre. De resto? Aprendendo

Knight: acima da média apenas na quina esquerda da quadra e na cabeça do lance livre. De resto? Aprendendo

Sim, Knight ainda está longe de ser um grande arremessador, ou uma ameaça assustadora no ataque. Só tem 22 anos, porém, e pela primeira vez tem carta branca para criar e se virar na NBA. Vale o teste para o Bucks, um time que viu suas metas completamente despedaçadas já no primeiro mês de campanha,

Mais um do Bucks: Khris Middleton. O ala foi repassado de Detroit a Milwaukee como contrapeso na negociação de Brandon por Brandon (Jennings). O ala revelado pela universidade de Texas A&M era tido como um prospecto de potencial considerável por alguns scouts, mas não dos mais badalados. Depois de um ótimo ano como segundanista na NCAA, se recusou a entrar no Draft e viu sua cotação despencar na temporada seguinte, toda detonada por uma lesão no joelho. Dessa vez, não se importou e se inscreveu no recrutamento de 2012. Terminou selecionado pelo Pistons em 39º, já na segunda rodada.

Num elenco cheio de alas jovens, recebeu minutos mais na metade final da temporada e passou, francamente, despercebido. Ele ainda teve flashes na liga de verão de Orlando deste ano, mas Joe Dumars não se importou em cedê-lo para ter um armador que julga de ponta para comandar sua equipe.

Em meio a tantas lesões no Winsconsin – Carlos Delfino, coitado, ainda nem pisou em quadra –, Middleton teve sua chance e a agarrou firme. Agora ao lado de Giannis Antetokoumpo (que já pede há tempos um post só dele), vem formando uma dupla de alas de muito potencial. Somem aí o ala-pivô John Henson, e o senador Herb Kohl queria ver seu time vencendo agora. Mas pode ter ganhado muito mais que isso para o futuro.

Wesley Matthews, ala do Portland Trail Blazers.
Matthes ficou pê da vida quando soube do número 130 durante as férias. Era essa a sua posição no ranking  anual de melhores jogadores da liga que o ESPN.com publica.

“Meus amigos já estavam me provocando e me deixando animado para a temporada. Eu estava me preparando para voltar extremamente faminto, como se não tivesse comido um hambúrguer há várias semanas (nota do editor: : D).  Mas quando saiu o ranking da ESPN? Aquilo foi maluco. Aquilo foi puro desrespeito”, afirmou em entrevista ao The Oregonian.

Wesley Matthews, matando tudo de 3

Wesley Matthews, matando tudo de 3

Essa á frase de alguém fulo, totalmente fulo com tudo e todos. O ala levou para o pessoal. “Nunca me deram o benefício da dúvida na minha vida, então por que começariam agora?”, completou, numa pergunta retórica. Treinou individualmente com o assistente técnico Nate Tibbetts – que viajou até a cidade do jogador, diga-se –, trabalhou duro e tentou expandir seu jogo para além do rótulo de “bom arremessador de três pontos”.

O resultado a gente está vendo. É mais um que curte a temporada mais eficiente de sua carreira, matando acima da média da liga em praticamente todos os cantos da quadra – ainda que se destaque, mesmo, pela periculosidade nos tiros de longa distância, com 43,1% de suas tentativas.

Damian Lillard e LaMarcus Aldridge são os líderes da passeata ruidosa que faz o Blazers neste campeonato, mas Matthews, cheio de som e fúria, também faz valer o piquete.

Trevor Ariza, ala do Washington Wizards.
Se você for fazer um levantamento estatístico do quão eficiente o atlético Ariza foi durante a sua carreira, vai reparar que, do modo como está jogando hoje, ele só fez quando dirigido por Phil Jackson em Los Angeles, entre 2008 e 2009. Naquela época, ele também buscava um novo contrato, a primeira grande bolada de sua carreira.

Se a gente for descontar que fica difícil para Randy Wittman qualquer comparação com o Mestre Zen, sobra um paralelo para a versão 2013-14 de Ariza: sim, ele está novamente prestes a se tornar um agente livre. Tsc, tsc.

Descontadas as motivações que o ala possa ter, não dá para negar que ele esteja fazendo de tudo para ajudar o Wizards em sua tortuosa e tão aguardada trilha de volta aos playoffs do Leste. Em termos de índice de eficiência, só fica atrás do já imponente John Wall e de Nenê.

Da ocasião em que o Wizards chegou ao Rio de Janeiro, reconheço que o conselho publicado para o espectador presente na Arena HSBC era se concentrar na forma de arremesso de Martell Webster – e que para todos simplesmente ignorassem o que saísse de Ariza. Pois o ala deu um tapa na cara da sociedade crítica. Ele, que nunca havia acertado mais que 33,5% de seus chutes de três em sua carreira, elevou gradativamente seu acerto pelo time da capital aos mais que decentes 43,4% deste ano – sem diminuir a carga (são 5,8 disparos por partida).

E um rendimento desse faz toda a diferença. Pois o ala segue um personagem dinâmico em outras facetas do jogo, com sólidos números de rebote e assistências para sua posição e incomodando bastante nas linhas de passe.

Sobre o alto percentual de três pontos, o campeão da NBA em 2009 deu crédito a John Wall. “Ele sabe que estaremos correndo ao seu lado. Sabe aonde estaremos. Se a defesa se fechar, ele sabe tem a nós para recorrer e passar a bola para fora”, disse.

Por um punhado de dólares a mais, nada mal. Nada mal, mesmo.


15 times, 15 comentários sobre o Oeste da NBA
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Giancarlo Giampietro

Spurs x Blazers

O Blazers cria ainda mais confusão no Oeste Selvagem da NBA

A série começou ontem, com o tenebroso Leste. Agora falamos dos primos ricos.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a mesma menção de ontem: sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Os dois ainda no topo, ainda que em segundo e terceiro
Pela consistência que apresentam nas últimas duas temporadas, ainda me sinto obrigado a separar as duas franquias, mesmo que estejam, na manhã desta quarta-feira, atrás do Portland Trail Blazers na tabela.

San Antonio Spurs: pode muito bem ainda haver resquícios de um trauma psicológico daqueles. É quase inevitável. Mas a fase de ressaca, ressaaaaca, mesmo, das brabas, se encerrou em algum ponto das férias. Porque o Spurs de Gregg Popovich simplesmente não vai parar de vencer, mesmo que Tim Duncan venha devagar desta vez, depois de uma temporada na qual ele desafiou qualquer noção que tenhamos sobre esse processo chamado envelhecimento. Sério: desde 1997, o time não sabe o que é terminar um campeonato com aproveitamento abaixo de 64,6% (!!!). Custa acreditar? Confiram esta lista aqui. Então, se alguém um dia falar em “padrão de excelência” para você, pense no que é o time de Duncan, Pop, Parker e Manu, como a comparação ideal. Neste ano, a turma de Tiago Splitter está no top 4 de melhores defesas (2ª, atrás do Pacers, que não conta mais) e ataques (4º, atrás de Portland, Miami e Houston). E-qui-lí-brio.

Oklahoma City Thunder: Nada mudou muito por aqui, gente. Eles ainda têm dois dos dez melhores jogadores da liga, que podem decidir as coisas no ataque quando bem entendem e um conjunto muito atlético para fechar seu garrafão e sustentar a quinta defesa mais eficiente do campeonato. Esses são dados bons o bastante para colocá-los na briga com qualquer cachorro grande. Mas a má notícia é que… Bem, até quando Scott Brooks vai depender tanto dos talentos individuais de seus dois cestinhas? No geral, o Thunder é apenas o 17º time que mais distribui assistências na liga. Dos favoritos ao título, só o Indiana Pacers está abaixo (em 21º, com uma dependência de Paul George, sim, mas também com jogadas mais tradicionais de costas para a cesta com Roy Hibbert, o que desacelera as coisas). O que isso significa? Enquanto depender das jogadas de isolamento para Durant ou Wess, Brooks está esperando que os dois se desenvolvam e elevem o ataque por conta própria. É possível, claro – ninguém pode julgar Durant como um cara acomodado, e cara já está num nível tão alto que simplesmente não tem muito o que se melhorar. A não ser, claro, que esperemos que ele acerte 75% de seus arremessos de quadra. Fora isso, contata-se  a notável evolução de Reggie Jackson como o terceiro cestinha do time – uma das consequências da lesão de Russell Westbrook. Jeremy Lamb e Perry Jones III também estão caminhando, mas ainda falta muito para que sejam confiáveis sob pressão. Ah, e o Steven Adams, com seu jogo enérgico, físico e atrevido, já está no top 5 de inimigos públicos. Vindo da Nova Zelândia, sendo um novato, é um feito e tanto.

Chumbo grosso
De como a Conferência Oeste é absurdamente competitiva.

Portland Trail Blazers: ok, ok, para os fãs do Blazers – e eu sei que vocês tão por aí, sim –, já pode parecer um ultraje. E pode ser, mesmo. Porque (vai) chega(r) uma hora em que você tem de deixar as dúvidas de lado e abraçar  a equipe da Rip City como uma realidade nesta temporada. São 18 vitórias e quatro derrotas, aproveitamento de 81,8% (o segundo melhor), +6,3 pontos de saldo (quarto), nove vitórias e duas derrotas seja em casa como na estrada (as segunda e melhores marcas, respectivamente). Por mais que possam perder um pouco desse ritmo, o quanto seria? O Blazers sofreu todas as duas quatro derrotas contra adversários da mesma conferência, mas também já somou dez vitórias nessas mesmas condições. Seu rendimento em quadra hoje é praticamente inverso ao do Pacers: tem o ataque mais eficiente e apenas a 22ª defesa. LaMarcus Aldridge nunca pontuou ou reboteou tanto assim em sua carreira. Damian Lillard elevou seu aproveitamento de três pontos, diminuiu seus turnovers e melhorou na defesa – todos passos cruciais para o armador se tornar uma força a ser temida aos 23 anos. Nicolas Batum se tornou uma ponte perfeita entre o armador e o pivô. Wesley Matthews está jogando demais da conta. E, por fim, Robin Lopez, Maurice Williams e Dorrell Wright solidificaram a rotação. Então, quer dizer: talvez seja uma questão de tempo para os caras subirem de andar. Vamos ver.

Houston Rockets: tudo aqui é matemático. O Rockets é dos times que mais bate lances livres e arremessa de três pontos na liga, eliminando aqueles chutes considerados de menor eficiência. Para isso, eles vão correr, correr e correr, com a expectativa de chegar ao ponto desejado em quadra antes que a defesa se estabeleça (uma combinação do legado dos Sete Segundos ou Menos do Phoenix Suns com a onda estatística analítica que vem tomando os escritórios das franquias, veja só). James Harden dá as cartas nesse sentido. E, dentro desse plano de jogo, estão encaixando a presença singular que é Dwight Howard, com tudo aquilo que ele te oferece de bom (rebote, cobertura defensiva, corta-luzes e enterradas) e mau (a choradeira de sempre e a necessidade de se afirmar como um superpivô ofensivamente, coisa que não é). Por mais antipatia que possa ter ganhado desde a última temporada regular, fato é que sua presença acrescenta muito em quadra, mesmo que não seja o mesmo de três anos atrás. Então Omer Asik (um dos nossos preferidos desde a última encarnação) que nos desculpe: pode fazer o bico que for, mas a vida é assim. Jeremy Lin se redescobriu como um sexto homem mais finalizador, Chandler Parsons está preparado para receber um bom aumento e o intrigante Terrence Jones deu uma acalmada nos rumores de troca.

Los Angeles Clippers: elenco é para isso, né? Para usar, para dar segurança. E ainda bem que a epidemia se limitou aos alas (JJ Redick, Matt Barnes e o competente novato Reggie Bullock), pois era o ponto mais forte da rotação de Doc Rivers. Ok, perder três de uma vez quebra qualquer treinador, e é por isso que você já está ouvindo sobre Stephen Jackson, o Capitão Jack Maluco, mas imagine se o pronto-socorro fosse para Blake Griffin ou DeAndre Jordan? Alguém aí estaria preparado para confiar 30 minutos para Ryan Hollins, BJ Mullens ou Antawn Jamison? Pois é, nem eu. Daí que se faz urgente, mas urgente demais a contratação de mais um pivô completo, ou que pelo menos saiba defender e converter lances livres. Não só como apólice de seguro, mas para poder dar um descanso aos titulares, mesmo, ou rendê-los no final de um jogo equilibrado em que Jordan não possa sofrer faltas de jeito algum. Jordan está ganhando mais confiança de Rivers, com a maior média de minutos de sua carreira, mas precisa de ajuda, para bancar ou melhorar a décima defesa mais eficiente da liga. E não dá para saber bem se Lamar Odom seria a resposta aqui.

Denver Nuggets: com todo o tato e delicadeza do mundo, o prestigiado e novato Brian Shaw está tentando mudar o Denver Nuggets. Tanta sutileza tem duas razões: 1) pegar leve com George Karl e o regime anterior, por (?) ética; 2) conduzir uma revolução em quadra também não é das coisas mais fáceis, ainda mais quando se tem de lidar com jogadores que podem ter dificuldade para acompanhar a bola e, ao mesmo tempo, saber em que ponto da quadra está. É complicado. Por outro lado, o time pode compensar a falta de disciplina ou inteligência defensiva com muita energia, rodando diversos jogadores – 12 deles já ganharam mais de 100 minutos –, aproveitando-se da altitude no mando de quadra e se mantendo no páreo. Quando as defesas não estão preocupadas em parar Ty Lawson, vem Nate Robinson do banco, os dois baixinhos com velocidade e alta periculosidade. Timofey Mozgov saiu da hibernação, e jogando bem. Falta uma previsão para o retorno de Danilo Gallinari  e que Wilson Chandler acerte os ponteiros de seu relógio.

Dallas Mavericks: longa vida a Dirk Nowitzki! E bem-vindo seja o novo Monta Ellis! O baixinho topetudo vai tentando provar ao mundo que todas as críticas que recebeu durante sua carreira em Oakland e Milwaukee não passavam de uma tremenda injustiça com um dos maiores cestinhas de todos os tempos um espevitado cestinha.  Ele vem com a terceira melhor marca nos arremessos de quadra de sua carreira e a melhor desde 2008, ano em que jogava, coincidentemente, por um novo contrato. Com 37,3%, ele também nunca havia chutado tão bem assim do perímetro. Selecionando melhor seus arremessos, mas pondo pressão contínua para cima das defesas, o “Monta Ball” vem ajudando a dar um novo fôlego ao craque alemão, que está pegando menos rebotes, mas elevou suas médias nos arremessos, também recuperado de lesões que chacoalharam seus últimos dois anos. Os dois juntos, auxiliados pela mão certeira de José Calderón, comandam o sétimo ataque mais eficiente. O problema é a defesa, a sexta pior da liga, que precisaria de um Shawn Marion um pouco mais novo, além de um Tyson Chandler – e não de um Samuel Dalembert – para fechar espaços.

Golden State Warriors: o time é talentoso, mas a margem de segurança não é das maiores. Digo, o banco é bastante limitado. Então, quando sai um faz-tudo como Andre Iguodala, em quem se aposta muita coisa (o aperto da defesa, mais movimentação de bola no ataque, explosão nos contragolpes, alívio para Stephen Curry), tudo fica um pouco mais difícil. Ser o time de toda a liga que mais partidas fora de casa disputou até agora também interfere na campanha, ainda mais para um grupo que tem tanto respaldo em seu ginásio. Desde que Iguodala volte bem e relativamente rápido de sua lesão na coxa e que os tornozelos de Curry e Bogut aguentem bem, ainda não é hora para se alarmar, mesmo que estejam no momento fora da zona dos playoffs. Se os segundanistas Harrison Barnes e Draymond Green evoluírem, então, melhor ainda.

Memphis Grizzlies: de todos os aspirantes ocidentais a grandes resultados nesta temporada, aqui está o time na maior enrascada. A troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, por enquanto, só surtiu efeitos negativos, especialmente em na contenção, sem pegada nenhuma no momento – tinham a segunda melhor retaguarda na temporada passada e agora são apenas a 18ª. Marc Gasol não voltará tão cedo e, por mais que Kostas Koufos se esforce nos rebotes e seja grande igual, não tem a mesma leitura de jogo e voz sobre seus companheiros. Não obstante, no ataque, o time ainda não consegue ameaçar de longa distância (sua mira de 33% é apenas a 23ª entre 30 concorrentes), e a vida de Zach Randolph anda mais sofrida – mais utilizado no ataque, ele presta ainda menos atenção na defesa. As equações de John Hollinger certamente não contavam com a baixa de seu melhor jogador, mas é bom o ex-analista tentar agora outros cálculos para não ser achincalhado na Grindhouse.

Minnesota Timberwolves: por que o Wolves estaria em melhor situação que o Grizzlies se, mesmo com time mais ou menos completo, eles estão atrás na classificação? Bem, alguns indícios: seu saldo de +4,0 pontos é maior que o dos cinco que estão logo acima na tabela. Além disso, seu calendário nos primeiros 22 jogos foi o terceiro mais complicado da temporada. A equipe não está no topo nem ofensivamente, nem defensivamente, mas parte de uma sólida base (está curiosamente em 12º nas duas listas). Kevin Love retornou com tudo, embora com baixo rendimento nos arremessos. O que é pega é que, num time com tão poucos chutadores de média e longa distância, o ala-pivô acaba sendo o responsável por desafogar o próprio jogo, se é que faz sentido isso (sobe a plaqueta para o auditório: “RISOS!”). Mas, sério: Kevin Martin chuta bem que só, mas Corey Brewer não está matando nada, Chase Budinger ainda não estreou e Ricky Rubio é uma negação nesse quesito. O que temos, então, é um time que consegue ser pior que o Grizzlies no fundamento (32,9%), o sétimo pior do campeonato. Ainda assim, com um ataque agressivo, que cobra 27,1 lances livres por jogo (quarto melhor), eles dão um jeito de compensar essa deficiência.

A maior surpresa da liga
Não, ninguém esperava por isso.

Phoenix Suns: nem mesmo o gerente geral Ryan McDonough, Discípulo de Danny Ainge em Boston, o jovem cartola tem uma visão bastante pragmática das coisas. Não se importava em gerenciar um saco de pancadas este ano desde que ganhasse um bom novato no próximo Draft. Mas ele, tal como seu ex-chefe, parece ter acertado em cheio na contratação de seu treinador. Jeff Hornacek é aspirante a treinador do ano desde já, e talvez nem importasse que seu renovado time estivesse ocupando um inacreditável oito lugar no Oeste Selvagem. Ele já teria uma candidatura de respeito ao fazer o Phoenix Suns – de todos os times, o PHOENIX SUNS!!! – defender, além de ter resgatado um pouco de seu poderio ofensivo. Eles estão em 16º agora, mas ficaram por várias semanas no top 10, e essa queda se deve muito ao desfalque de Eric Bledsoe por alguns jogos. Bledsoe, aliás, que vai justificando o investimento, compondo uma dupla de armadores muito promissora com Goran Dragic. Os irmãos gêmeos Morris têm formado uma dupla dinâmica no banco – e entrosamento era o mínimo que a gente esperava deles, né? –, Miles Plumlee surgiu do nada e  PJ Tucker é um dos operários que merecia mais atenção. Agora, será que eles têm fôlego para competir até o fim? Será que isso seria interessante? Será que McDonough vai permitir isso?

No limbo
Nem muito para cima, nem muito para baixo. É difícil fazer qualquer prognóstico…

Los Angeles Lakers: olha, ninguém dava muita bola, mas Mike D’Antoni vinha fazendo seu melhor trabalho desde os tempos de Suns. Vejamos, sem Kobe, Nash, eles mais venceram do que perderam. Com Jordan Farmar, Steve Blake, Wesley Johnson, Xavier Henry, Jodie Meeks Nick Young e Jordan Hill. Agora… Como ele estava conseguindo isso? Bem, aplicando seus sistema. Correndo muito (com o terceiro ritmo mais intenso do campeonato). Agora, com Gasol e Kobe baleados, será que isso funciona? Dificilmente. E ele conseguirá montar um time produtivo de outra forma? Bem, Gasol abertamente já duvidou disso. E, sobre o espanhol, todavia, pairam grandes dúvidas. O que acontece? Ele não é mais o mesmo por que D’Antoni não sabe usá-lo, ou D’Antoni não o explora mais por que o pivô não consegue? Consultando os números, vemos que ele vem sendo envolvido  como nunca antes aconteceu no ataque do Lakers. Mesmo: mais até que na época dos triângulos do Mestre Zen. Com 33 anos, o espanhol tem sido ainda menos eficiente do que na campanha passada, mesmo sem Dwight Howard para congestionar o garrafão. Seu percentual de quadra é disparado o pior da carreira.  Se o time ficar perdido entre acomodar suas estrelas e tentar abastecer um bando de anônimos, a campanha pode não dar em nada.

– New Orleans Pelicans: se eles estivessem no Leste,  estariam em quinto. No brutal Oeste, porém, são antepenúltimos. Com o time inteirão, já seria difícil beliscar uma vaga nos playoffs. Ficar sem o emergente Anthony Davis – melhor em praticamente todas as estatísticas básicas – por muito tempo? Essa disputa sai ainda mais cara – e o Philadelphia 76ers segue tudo isso com muita atenção. A garotada está atacando bem (sexta melhor ofensiva da liga), com muita gente habilidosa e chutadores rodeando no perímetro – especialmente o insano e único Ryan Anderson. Defensivamente, contudo, vão de mal a pior, com a quinta pior marca, e as coisas ficam ainda menos promissoras sem a envergadura e agilidade do Monocelha.

A turma do fundão
Um está confortável aqui. O outro já não aguenta mais.

Sacramento Kings: com novo proprietário, novo gerente geral, novo técnico e uma torcida que, sim, já não atura mais tantas participações no topo do draft. O estafe recém-empossado sabe disso e vai procurando fazer troca atrás de troca para melhorar o talento disponível. Derrick Williams e Rudy Gay até se enquadram nessa teoria, comparando com quem saiu. Mas o que eles têm em comum? São dois jogadores muito mais concentrados em seu próprio arremesso do que numa proposta mais coletiva. Basicamente: sai um, entra outro, e o Kings só continua com fominhas em sua escalação. Que os dois reforços não atrapalhem, contudo, o que DeMarcus Cousins e Isaiah Thomas vêm fazendo – é meio chocante, mas os dois estão entre os dez jogadores mais eficientes nestes primeiros meses. O rendimento da dupla não traduziu em muitas vitórias, é verdade, mas sua tabela foi a segunda mais dura até agora.

Utah Jazz: a única pessoa em Salt Lake que deve estar preocupada com o que vem acontecendo é o técnico Ty Corbin, na berlinda. De resto, vai tudo de acordo com o plano. O gerente geral Dennis Lindsey quis abrir espaço para seus jogadores mais jovens. Chega uma hora em que você precisa ver o que há de concreto naquilo que chamamos de “potencial”. Daí que, dos dez que mais minutos receberam minutos nos primeiros 23 jogos, só dois passaram dos 30 anos e cinco deles não passaram dos 24 ainda. Se, no meio do caminho, eles forem perdendo, não tem muito problema – ainda mais sabendo agora que Jabari Parker é mórmon. O Utah joga, no momento, para perder, e a tabela mais difícil do campeonato contribui para isso. Há uma razão para se contratar  um Andris Biedrins.


NBA: o que curtir ou chiar nos times da Divisão Pacífico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Conferência Leste e da Divisão Sudoeste, vamos dar uma passada agora pelo Pacífico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

GOLDEN STATE WARRIORS
Para curtir:
– Os Splash Brothers, mas claro, né? Stephen Curry e Klay Thompson testando o gogó dos narradores a cada bomba de três pontos nas transmissões. Com esses dois chutando, o tiro no perímetro realmente parece a melhor possibilidade – analítica, tática, técnica, qualquer que seja o ponto de vista.

 – De novo: mais Stephen Curry! Nunca é o bastante. Ele também pode encantar com seus passes com apenas uma mão, servidos de bandeja para Iguodala, Lee ou Barnes cortando ao seu lado.

– A combinação de Andre Iguodala com Curry e Thompson. Não dá para pensar em uma combinação melhor que essa. O ala oferece defesa, visão de quadra e capacidade atlética (velocidade, elasticidade, impulsão, força, tudo basicamente), como uma peça complementar perfeita.

Harrison Barnes como um candidato a sexto homem do ano, podendo dar sequência a seu desenvolvimento sem muita pressão e como um curinga: com ele, o Warriors pode tanto jogar em small-ball ou apelar para uma versão gigante, dependendo das necessidades.

– Os passes de Andrew Bogut a partir do garrafão.

Para chiar:
– Qualquer  disputa de bola que possa resultar em (mais) uma torção de tornozelo de Curry.

Bogut caindo aos pedaços. Ele precisa estar a, no mínimo, 70% nos playoffs para o time ter alguma chance. Já que…

– 1) Jermaine O’Neal tenta tocar a vida adiante longe dos preparadores físicos e fisioterapeutas de Phoenix. E…

–  2) Festus Ezeli é um dos jogadores mais limitados tecnicamente na liga.

LOS ANGELES CLIPPERS
Para curtir:
Chris Paul controlando a bola como se fosse um mestre do io-iô passeando no parque assobiando – quando, na verdade, ele é só um tampinha arrancando em meio a gigantes de 2,00m e envergadura absurda.

Blake Griffin flutuando por aí e jogando duro.

JJ Redick circulando da esquerda para direita, da esquerda para direita, sempre como uma ameaça para receber o passe e matar. Na defesa, posicionamento correto, compensando qualquer desvantagem atlética que possa ter.

DeAndre Jordan (supostamente) concentrado, empenhado em contato com Doc Rivers.

Jared Dudley de volta a um time que brigue por algo. Questão de desenferrujar agora.

Matt Barnes enfim encontrando alguma justa estabilidade para sua carreira.

Para chiar:
– Os lances livres de Griffin.

– Os lances livres de DeAndre Jordan. Argh.

Paul em sua versão reclamão – chega uma hora que o armador também tem de assumir alguma responsabilidade por seus times não irem tão longe nos mata-matas, não?

BJ Mullens chutando de três pontos – e só.

– A composição inacreditável da rotação de pivôs do time. Jamison + Mullens + Hollins? Sério, mesmo?

Jamal Crawford exagerando no um contra um.

LOS ANGELES LAKERS
Para curtir:
– O esforço coletivo e comovente por parte de Legião da Boa Vontade, Médicos sem Fronteiras, Exército da Salvação e Cruz Vermelha em nome de Xavier Henry, Wesley Johnson, Chris Kaman, Nick Young, Jodie Meeks, Jordan Hill e, principalmente, Mike D’Antoni.

Pau Gasol de volta ao hábitat a que pertence, mais próximo da cesta, mas não necessariamente planado ali. Mais liberdade para o espanhol criar, jogar e nos divertir.

Kobe Bryant, lorde das redes sociais. Enquanto não volta.

– O amadurecimento de Jordan Farmar.

– Qualquer truque que o genial Steve Nash ainda tenha para exibir.

Jack Nicholson. Quem vai se cansar de uma peça dessas?

Para chiar:
– A complicada recuperação de Kobe, e toda a ansiedade que daí decorre.

Nash infelizmente parecendo, enfim, um quarentão em quadra.

– Difícil ter boa vontade na salvação de Shawne Williams.

– A falta de zelo de Chris Kaman na hora de operar com a bola no garrafão. Um campeão de turnovers na posição.

-Mais de dez arremessos numa partida para Steve Blake – ele rende em doses homeopáticas.

PHOENIX SUNS
Para curtir:
Eric Bledsoe, o Mini-LeBron, ficando em quadra por muito mais tempo, como um sério candidato a entrar no clubinho particular de Derrick Rose e Russell Westbrook de aberrações atléticas (e diminutas) da natureza que nenhum pivô quer ver pela frente. Ele vai errar, fazer bobagens, mas deixe estar. Está aprendendo.

 – A canhotinha de Goran Dragic.

PJ Tucker, um quebra-galho que faz bem a qualquer time.

Channing Frye de volta, sem problemas.

Miles Plumlee tentando salvar o nome da sua família neste exato momento.

Archie Goodwin, o caçulinha. E não apenas por ele ter esse nome tão legal. Archie Goodwin, senhoras e senhores. Para o futuro, olho nele.

(Tantas curtidas para um time teoricamente porcaria? O coração tem disso.)

Para chiar:
– O sovina Robert Sarver, o dono de franquia que conseguiu sabotar décadas e décadas de elegância na gestão de Jerry Colangelo.

– Na real, não é para chiar. Mas pra fritar a cabeça: não saber realmente quem é Markieff ou Marcus Morris, sem olhar para o número.

Alex Len exigindo o máximo do superestafe do Suns. Já em seus primeiros meses de liga.

– Um veterano como Ish Smith contratado, enquanto Kendall Marshall foi chutado pra escanteio.  Mais uma escolha de loteria desperdiçada.

SACRAMENTO KINGS
Para curtir:
Boogie, o apelido.

DeMarcus Cousins nos seus melhores dias, triturando a concorrência no garrafão, mas não só com força bruta.

– O ligeirinho Isaiah Thomas aprontando todas e invadindo o pedaço dos gigantes sem a menor cerimônia.

Greivis Vasquez conseguiu se transformar num armador de ponta de NBA.

Sacramento segue no mapa.

Para chiar:
Cousins perdendo as estribeiras e limitando seu próprio potencial.

Marcus Thornton tomando minutos e arremessos de Ben McLemore.

John Salmons invariavelmente desperdiçando o tempo de todo mundo. Ele já foi um bom jogador.

Carl Landry no estaleiro.

– Depois do sucesso do movimento Free Darko, chegou a hora de, por favor… Free Jimmer!!!


Projeto Beasley: Riley aposta na reabilitação de seu próprio refugo
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Giancarlo Giampietro

B-easy? Não mais

Poderia Michael Beasley colocar a cabeça em ordem e deixar o Miami ainda mais forte? NBA aguarda

Garoto-propaganda da Armani por não sei quanto tempo, Pat Riley só pode ser um homem seguro de si. Ajuda também, imagino, o fato de já ter sido campeão da NBA como jogador, técnico e dirigente.

Pois, rumo ao campeonato 2013-2014, em busca do tricampeonato pelo Miami Heat, o presidente da equipe esbanja confiança de um jeito que até assustaria. Daria medo, sim, não contasse existisse no mesmo grupo com um certo LeBron James. Primeiro foi Greg Oden, o lesionado. Depois Michael Beasley, o desmiolado e um refugo da própria franquia da Flórida.

Não dá para dizer qual é o negócio mais arriscado. Para termos uma ideia da fama que o ala construiu com esmero, uma vez que o pivô não pisa em quadra desde 2009. É como se ele tivesse comprado, na loja online da Acme, um manual com o passo-a-passo de como se arranhar a imagem pública de alguém que, em 2008, estava envolvido em um ferrenho debate sobre a escolha número um do Draft, concorrendo com aquele tal de Derrick Rose. Até mesmo o armador sabia disso.

E, acreditem, para muitos olheiros não era nenhum absurdo essa proposição. Beasley, talento puro, fez uma temporada excepcional como calouro na NCAA, segundo qualquer perspectiva. Compare os seguintes números, num exercício de adivinhação que adoram fazer lá fora, especialmente o Sports Guy:

Jogador A: 35,9 min, 25,8 pts, 11, 1 reb, 1,9 blk, 1,9 st, 47,3% FG, 40,4% 3pt.

Jogador B: 31,5 min, 26,2 pts, 12,4 reb, 1,6 blk, 1,3 st, 53,2% FG, 37,9% 3pt.

Em 2013, fica difícil aceitar isso, mas o Jogador A é Kevin Durant, e o B, Michael Beasley. E não é que isso seja uma fraude estatística: um jogando contra as Dukes da vida e o outro, no circuito do Telecurso 2000 Nebraska. Ainda que em anos diferentes, Beasley, por Kansas State, na sequência de Durant, por Texas, os dois produziram essas estatísticas na mesma conferência, a Big 12.

Era esse tipo de craque que muitos esperavam quando o já rodado ala entrou na liga em 2008, com o aval de Riley. Aos poucos, contudo, o alarme foi tocando. Já no primeiro encontro dos calouros, numa semana, digamos, educativa promovida pela equipe de Stern e pelo sindicato dos atletas, Beasley foi multado em US$ 50 mil dólares por violar alguns protocolos ao lado do companheiro Mario Chalmers (e de Darrell Arthur, eternamente coadjuvante). O incidente teria envolvido “mulheres” e “odor de maconha”. A droga apareceria em reportagens de outras três ocorrências policias envolvendo o jogador, tendo a última delas resultado em sua dispensa pelo Phoenix Suns, depois de ser preso em Scottsdale.

“O Suns se dedicou muito pelo sucesso de Michael Beasley em Phoenix,” disse o presidente do clube, Lon Babby, em comunicado. “No entanto, é essencial que exijamos os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional à medida que desenvolvemos uma cultura de campeão. A ação de hoje (a dispensa) reflete nosso compromisso com essas normas. O tempo e a natureza desta decisão e de todas as nossas transações recentes são baseadas no julgamento da nossas metas de basquete, assim como na melhor forma de alcançar o nosso objetivo singular de reconstruir e formar uma equipe de elite. “

Pegou?

E a questão aqui não é nem apelar para princípios moralistas. Os problemas vão muito além das questões legais. Em quadra, o jogador ainda não encontrou seu nicho – é um jogador que trabalha melhor do perímetro para dentro, ou do jogo interior para fora? Em meio a essa discussão, promovida pelos diversos técnicos com quem já trabalhou, o ala regrediu em diversos quesitos estatísticos desde seu ano de novato. As quedas mais sensíveis são detectadas no aproveitamento de arremessos de quadra: 47,2% em 2008-2009, 40,5% em 2012-2013 – e se refletem também nas métricas mais avançadas. Em Phoenix, o plano era que ele pudesse expandir seu jogo no ataque, ficando mais com a bola, desde que procurando passá-la um pouco mais, para variar. Meio que deu certo, com o jogador assistindo em 12,5% das cestas que os companheiros (a média de sua carreira é de 9,7%). O efeito colateral? Sua média de turnovers subiu, claro.

De tudo o que já se falou sobre Beasley, um discurso o acompanhou em  uníssono: a de que o jogo parece muito fácil – e parece, mesmo –, mas que ele não faria sua parte, entrando com o mantra do basquete (e do sonho) americano. De que tem de ralar a poupança, respeitando os adversários e o grande jogo, enquanto, ao mesmo tempo, deveria entender as limitações e trabalhar duro em cima delas. Antes de ser demitido, Lance Blanks, ex-gerente geral do Suns, confiava em tudo isso: que seria possível guiar o jogador rumo ao Éden e, com ele, iria o time junto. Nenhum dos dois durou mais de uma temporada a partir da assinatura do contrato. Mesmo com a franquia ainda precisando pagar US$ 12 milhões em salário.

Fim da linha?

Não. Pat Riley resolveu fazer a aposta. Justo ele, o primeiro a abrir mão do atleta em uma negociação com o Minnesota Timberwolves – recebeu, em contrapartida, uma quantia não especificada de dinheiro e duas escolhas de segunda rodada no Draft, pacote conhecido também por “troco de pinga” na NBA. Naquela época, precisava se livrar de qualquer centavo que julgasse supérfluo em sua folha de pagamento, para abrir espaço para a contratação de LeBron e Bosh, além da renovação de Wade. O ala ganharia US$ 4,9 milhões. Então foi “rua!” para ele.

“Estou feliz que ele esteja de volta, e acho que ele é a vela de ignição de que este time precisava do ponto de vista de talento”, afirmou Wade, que acompanhou de perto os altos e baixos do atleta entre 2008 e 2010. “Sempre digo que a grandeza de Michael depende só dele. O quão bom ele quer ser. Agora vamos nós todos ver no que dá.”

Três anos depois, o ala retorna para South Beach. “Todo mundo me acolheu. D-Wade ficou no meu ouvido o tempo todo”, disse Beasley após seu primeiro treino com o time, num início de pré-temporada… Nas Bahamas! Vamos ver se a turma se comporta.

Será que o Miami Heat andava tão entediado assim? Conquistar a NBA estava muito fácil? Era preciso mais emoção? Não, brincadeira. Aí seria muito sádico de sua parte – e não vão se esquecer tão cedo do sufoco que passaram perante Tim Duncan e Tony Parker.

A verdade é que Riley não tinha muito o que fazer, mesmo. Já tinha sido obrigado a anistiar Mike Miller para economizar e evitar as multas pesadas de gestão da liga. De novo foi uma questão de economia. Desta vez Beasley chega com desconto, recebendo o salário mínimo, e ão havia ninguém disponível no mercado com o “potencial” (sempre ele) deste problemático jogador para se adequar a essa mixaria. “Michael teve os melhores anos de sua carreira conosco. Sentimos que ele pode ajudar”, disse o presidente do clube.

Para fechar, porém, só um adendo: o contrato  de Beasley não tem garantia para toda a temporada. Aprontou, dançou. Aí não tem terno bem cortado e currículo vitorioso que passe tanta confiança assim.


Retorno de astros e impacto balcânico marcam início de pré-temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, o Retorno de Verdade

A fase de pré-temporada nem sempre vale para prever o sucesso deste ou daquele jogador na NBA de verdade. Mas, ao menos, já se apresenta como um estágio muito mais avançado na linha de avaliação de um atleta se comparado com o que vemos em julho durante as peladas das ligas de verão: 1) os atletas estão trajando uniformes oficiais e 2) são orientados pelos treinadores principais de cada clube; 3) em quadra estarão concorrentes que, em grande maioria, têm contrato garantido para todo o campeonato, ou múltiplos campeonatos; 4) os treinadores começam a definir suas rotações, então há uma boa chance de que os sistemas usados e as combinações de atletas se repitam nos meses seguintes ­– claro que com melhor execução; 5)seis faltas representam a exclusão, em vez de dez; entre outros fatores.

Até esta terça-feira, após uma dessas rodadas malucas com oito partidas de uma vez, tivemos já/só () 14 jogos preliminares computados. Pode parecer pouco – depende do quão faminto você estava –, mas algumas notinhas podem ser destacadas:

– Derrick Rose, a mais óbvia e provavelmente a mais aguardada. Como quase todo o seu jogo é baseado em atributos físicos anormais, havia uma tensão daquelas no ar em Chicago sobre como o astro retornaria de uma cirurgia no joelho que o tirou de toda a temporada passada. Estaria explosivo como antes?  Segundo todos os relatos após as duas partidas, contra Pacers e Grizzlies, antes de sua viagem rumo ao Rio de Janeiro, o armador voltou com tudo, alegando ter até mesmo ganhado alguns centímetros em sua impulsão. “Era só que faltava”, pensou um Mario Chalmers. Tom Thibodeau está feliz da vida – acreditem é possível –, enquanto os jogadores do Bulls acreditam que o time encontrou sua versão mais forte nesta era. As expectativas só crescem para a franquia.

– Há muito mais gente retornando de cirurgias graves além de Rose. Na primeira rodada da pré-temporada, enquanto os torcedores do Bulls examinavam o armador nos mínimos detalhes, os fãs do Pacers deveriam estar ligados na forma física de Danny Granger, também operado no joelho. Granger pareceu um pouco “enferrujado”, de acordo com Frank Vogel, contra o Bulls, sem surpresa nenhuma. Talvez por isso tenha ficado 29 minutos em quadra, para ver se pega no tranco – e o time de Indiana precisa checar desde já se pode contar realmente, ou não, com seu ex-cestinha para tentar o titulo em junho.

– Em Los Angeles, enquanto Kobe Bryant curte alguns dias na Alemanha depois injetar mais plasma em seu moído joelho, ainda sem saber quando poderá estrear na temporada, Pau Gasol se torna uma figura fundamental para qualquer plano competitivo que o técnico Mike D’Antoni possa ter. Então até mesmo o treinador, conhecido por ignorar algumas precauções médicas, vem sendo cuidadoso com a reinserção do espanhol em seu time, maneirando na carga de treinos e em minutos da pré-temporada. Mais um a sofrer cirurgia no joelho, por conta de suas crônicas tendinites, o pivô ficou fora da vitória contra o Golden State Warriors no sábado, mas ficou em quadra por 23 minutos contra o Denver Nuggets. Steve Nash também ganhou o mesmo tratamento. No caso do armador, o jogador mais velho da NBA, prestes a completar 40 anos, o controle de minutos vai valer para todo o campeonato.

– A NBA dá sequência ao crossovers com os clubes europeus. Se a abertura da pré-temporada foi reservada ao um duelo de potências dos dois lados do Atlântico, entre Oklahoma City Thunder e o turbinado Fenerbahçe, dois confrontos entre pesos penas também tiveram sua vez, com o Philadelphia 76ers e o Phoenix Suns, dois candidatos seriíssimos a saco de pancada no campeonato, envolvidos. Coincidência?

No País Basco, o Philadelphia 76ers enfrentou o Bilbao e venceu no finalzinho, por dois pontos de diferença. Evan Turner, ala que entra possivelmente em sua campanha de agora-ou-nunca, enfim tem o time todinho só para ele: foi o cestinha (25 pontos), o segundo a ficar mais minutos em quadra (31, um a menos que o comparsa Thaddeus Young), quem mais arremessou (15) e também quem mais cometeu turnovers… Vem tudo num pacote. O clube espanhol conta com um velho conhecido do Utah Jazz, o armador Raúl López, que já foi considerado o sucessor de John Stockton por lá e era muito mais bem cotado que Tony Parker no início da década passada. Na segunda, em Phoenix, o Suns recebeu o Maccabi Haifa e promoveu um espancamento, vencendo por 130 a 89. Seis de seus jovens jogadores anotaram 10 ou mais pontos.  Este é o segundo ano seguido que o time israelense visita times nos Estados Unidos, num arrojo um tanto masoquista. São campeões israelenses e tal, mas não estariam nem entre os 20 – ou 30? – melhores clubes do Velho Continente. De qualquer forma, levando em conta a imensa colônia judaica ianque, ao menos vendem melhor sua marca. Ao menos ambos os clubes começaram suas campanhas com vitória. Que comemorem enquanto podem.

– Por sorte, nem Suns, nem Sixers enfrentarão o CSKA Moscou, que bateu o Minnesota Timberwolves por 108 a 106, na prorrogação, para somar seu segundo triunfo em solo norte-americano. A equipe russa contou com uma atuação magistral do armador Milos Teodosic. Um dos jogadores mais marrentos, boêmios, tinhosos, displicentes do mundo, mas extremamente talentoso, o sérvio arrebentou com Rubio, Shved e AJ Price. Recuperado de uma lesão muscular na panturrilha que o tirou do Eurobasket, ele saiu do banco e marcou 26 pontos em 29 minutos, de modo balanceado: 12 em tiros de três, seis em lances livres e oito em bolas de dois. Some aí nove assistências e cinco rebotes, e temos uma das melhores atuações de um jogador europeu contra os “profissionais da NBA”. Incrível? Nah. Só uma amostra do que Teodosic é capaz, quando joga motivado em provar que é dos melhores na posição, sem querer atirar tudo da metade da quadra. Fez de Ettore Messina um treinador feliz.

– Outra jovem estrela dos Bálcãs a deixar sua marca contra os norte-americanos foi o ala croata Bojan Bodganovic, na derrota do Fenerbahçe para o Thunder, com 19 pontos em 31 minutos. É um jogador de 24 anos e estilo clássico (um jogo limpo, sem muita firula com a bola, mas bastante produtivo), bem fundamentado, com tino para conseguir cestas quando bem entende. Por outro lado, precisa desenvolver seu passe e a defesa. Seus direitos pertencem ao Brooklyn Nets, e, no momento, tudo leva a crer que se apresentará na próxima temporada ao clube nova-iorquino ­– a negociação para renovar com o Fener está enroscada­ –, para jogar ao lado de Paul Pierce e Joe Johnson no perímetro.

 


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


O show de Haddadi: cult na NBA, pivô iraniano é uma estrela dominante no mundo Fiba
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Giancarlo Giampietro

Hamed Haddadi, versão supervô

Haddadi domina, Haddadi destrói: um superpivô no campeonato asiático

Ok, ok. Admito. Tem uma queda pelo termo cult  que pode deixar o Vinte Um algo repetitivo. É uma palavra importada que já apareceu certamente em posts passados e, pode cravar, vai voltar a ser publicada. Mas não tem jeito também, né? O basquete está cheio desses caras O que a gente poderia até fazer era buscar sinônimos, tipo “figuraça”, mas, para falar de Hamed Haddadi, o gigante iraniano, ficamos com a primeira opção, mesmo.

É apropriado, afinal. Dessa forma que o pivô era tratado nos seus tempos de Memphis. E pudera! O primeiro iraniano da NBA, perdido lá no meio do Tennessee, assimilando a cultura americana ao lado de cavalheiros como Zach Randolph, Tony Allen e tal. Imagine a confusão na cabeça do cara: da criação envolta pelo Islã a uma cidade batalhadora, tomada por caipiras trabalhadores no interior dos Estados Unidos, mas acompanhado da influência hip-hop do vestário da maioria dos clubes da liga. Você aprende primeiro a dizer “yo!”, depois bom dia. Dá uma salada daquelas.

Daí que não tardou muito para Haddadi ser adotado pelos jogadores e torcedores como um xodó do Grizzlies, aclamado sempre que saía do banco – em caso de extrema urgência ou de uma sacolada de seu time, diga-se, para render Marc Gasol. Mas tudo bem: não é todo dia que você se depara por aí com alguém de 2,18 m de altura, vindo do Irã e com uma predileção para palavrões, pose marrenta e que vai com tudo para cima dos rebotes, que é o que ele faz de melhor, qualidade demonstrada nos Mundiais e Jogos Olímpicos da vida.

Antes de apresentar seu cartão de visitas nesses torneios de primeira, quem haveria de conhecer Haddadi? Ele não jogou na Europa, não foi draftado por nenhum clube americano, nem chegou perto disso, na verdade. Num basquete extremamente globalizado, em que JaVale McGee se torna um ícone nas Filipinas, a relação dos países islâmicos com os principais centros do mundo ainda está pobrinha. Claro que há americanos por lá, treinadores estrangeiros com as seleções ou clubes, mas na contramão não tem muita coisa. Temos o tunisiano Salah Mejri, que já fez testes pelo New York Knicks e que acabou de ser contratado pelo Real Madrid, Haddadi e pouco mais (alguém aí sugere outro exemplo, façavor?).

Então, Haddadi neles.

E aonde queremos chegar?

Tudo isso começou com uma breve checagem no site da Fiba, e a mensagem de que o pivô estava fazendo estragos na Copa Ásia (“Copa da Ásia”, “Torneio Asiático de Seleções”, “AsiaBasket”, escolha a nomenclatura que lhe mais fizer a cabeça, por favor) deste ano. Enquanto o Brasil ainda se prepara para sua Copa América, lá do outro lado do hemisfério as forças do basquete já estão se escalpelando há tempos.

No momento, estamos nas quartas de final, e o Irã de Haddadi segue firme e forte rumo a mais uma classificação. Lá, Haddadi é quem manda, galera.

O pivô vem com médias de 17,4 pontos, 8,6 rebotes, 65,3% nos arremessos e 1,8 bloqueio, tendo jogado apenas 101 minutos em cinco partidas. Tá tudo dominado! Considerando ara dar mais emoção até, o cara ainda resolveu atirar uma bola de três pontos – algo que levaria Lionel Hollins à loucura em Memphis – e, a-ham, a converteu.

Sob a liderança do seu grandalhão, o Irã vai descendo marretadas na cabeça dos nanicos que tem enfrentado. Malásia, Coreia do Sul, Índia, Bahrein, é até sacanagem. De qualquer foram, não despreze o Haddadi, tá? No Mundial de 2010, na Turquia, por exemplo, ele teve médias de 20 pontos e 8,6 rebotes, aí contra gente de alto nível.

Mas o que acontece para ele ser um estouro no mundo Fiba e, na NBA, ser conhecido mais feito mascote do que jogador? É que na liga norte-americana suas, digamos, deficiências atléticas ficam muito expostas. Marcar um pivô como Nenê já seria muito difícil para o sujeito. Pensem, então, na hora em que, enfrentando o Wizards, ele precisasse conter um John Wall avançando no mano-a-mano, verticalmente, depois de um corta-luz? Na verdade, impensável.

Não valeria a pena então pensar numa carreira fora dos Estados Unidos? Lembrando: Haddadi no momento está sem contrato na NBA, depois de ter sido trocado na temporada passada de Memphis para Toronto e, depois, para Phoenix, e, dali, para a rua – embora ninguém possa se comover tanto com o iraniano, que desde 2008 já embolsou US$ 7,4 milhões em salários na liga americana.

Em uma liga europeia, aos 27, Haddadi teria tudo para ser uma estrela. Nos Estados Unidos, vai de cult mesmo.