Vinte Um

Arquivo : Spurs

O dia em que o Vasco da Gama e Mingão encararam o Spurs e as Torres Gêmeas
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Giancarlo Giampietro

Uma coisa vai levando a outra, e a outra, e a outra, navegando, e de repente pinta algo inesperado. Estava assistindo ao “Pontapé Inicial” da ESPN Brasil, passaram os gols de um duelo antigo entre Vasco e Internacional pelo Brasileirão, me deu vontade de acessar uma lista de jogadores históricos vascaínos, caí no verbete do clube na Wikipedia em inglês e lá, em meio a muitos e outros tópicos, havia o de “outros esportes” (que não o futebol). E, neste tópico, uma recordação bem legal que, admito, estava esquecida aqui na caixola: que no basquete o Vasco foi o primeiro time brasileiro a encarar um rival de NBA.

Foi em 1999, em Milão, pelo extinto McDonald’s Championship, que funcionava como uma espécie de campeonato mundial, de dois em dois anos. Naquele ano, o clube carioca entrou em uma fase preliminar, na qual bateu o Adelaide 36ers por 90 a 79. Nas semifinais, conseguiram uma bela vitória sobre o Zalgiris Kaunas, tradicionalíssima fábrica de craques lituanos, por 92 a 86, na prorrogação. Então na decisão se depararam com o San Antonio Spurs e suas “Torres Gêmeas” – o jovem Tim Duncan e o veterano David Robinson. Não deu muito jogo para o time dirigido pelo porto-riquenho Flor Meléndez: 103 a 68.

É claro que o YouTube teria um compacto da partida nos esperando. No vídeo abaixo, em transmissão também da ESPN (narração de Milton Leite e comentários do Zé Boquinha), vocês podem ver Demétrius, Charles Byrd, Rogério Klafke, Janjão, Vargas, Sandro Varejão, Aylton Tesch e o… Mingão! Baita saudade do Mingão, daqueles clássicos malucos entre os cariocas nos anos 90. Pelo Spurs, tem Avery Johnson, Terry Porter, Mario Elie, Steve Kerr, Antonio Daniels e mais. Confiram:

 

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Outro vínculo óbvio do Vasco com a NBA é o pivô Nenê. O paulista de São Carlos estava jogando pela equipe cruzmaltina quando decidiu largar tudo e partir para uma aventura até então inédita por aqui: ir para os Estados Unidos e passar alguns meses em preparação específica para o Draft da NBA. Guiado por seu ex-agente Michael Coyne, ele ficou em um ginásio no estado de Ohio, trabalhando seu físico já respeitável e a técnica. Acabou selecionado na sétima posição, pelo New York Knicks, mas a mando do Denver Nuggets, envolvido em uma troca por Antonio McDyess. Para liberar o pivô, no entanto, o Vasco exigiu o pagamento de multa rescisória, mesmo que estivesse devendo meses de salário para o jogador. A CBB, na época gerida por um presente de grego, intercedeu a favor do clube. Essa foi a origem das divergências entre Maybyner Hilário e Gerasime Bozikis, aquele que tenta retomar o poder em 2013. Afe.


Palavra-chave para Tiago Splitter na temporada 2012-2013: minutos
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Giancarlo Giampietro

Tempo é dinheiro? Para Tiago Splitter, a máxima vale, sim, para a temporada 2012-2013. Ô se vale: afinal, ele entra em seu último ano de vínculo com o San Antonio Spurs e precisa mostrar serviço para receber um bom cheque para os próximos anos. Lembrando que o catarinense abriu mão de dinheiro ao deixar a Espanha para jogar nos Estados Unidos, ciente de que geralmente é no segundo contrato da NBA que os atletas ganham uma bolada.

Tiago Spliter, Spurs, NBA

Splitter ainda em busca do protagonismo de ACB

O que o pivô não contava era com a mudança significativa na economia da liga desde o locaute do ano passado, afetando especialmente o pelotão intermediário, algo que Leandrinho teve de assimilar da pior maneira nas últimas semanas, perdendo US$ 6 milhões em salário da tempora passada para esta.

Em termos de projeções numéricas por minuto, o catarinense já está na elite. Com a crescente expansão dos analistas de dados no gerenciamento dos clubes, esse tipo de informação acaba disseminada de um modo ou de outro. Mas ainda conta também a impressão que ele deixa em quadra. Quanto mais jogar, mais ela tem chances de pegar. Mas não que seja fácil.

Depois de ótimo rendimento na temporada 2011-2012, sabemos que seu ano terminou em baixa. Contra o Thunder, na final da Conferência Oeste, depois de errar seis lances livres no primeiro jogo e ter a confiança minada, o pivô foi limitado a apenas oito minutos por jogo, com médias ínfimas de 2,8 pontos, 1 rebote e 1 assistência.

Foi, claro, uma resolução drástica encampada por Gregg Popovich, mas supostamente circunstancial. O problema é que, recuperando toda a campanha do brasileiro, nota-se um desdobramento preocupante. Splitter caiu gradativamente dos 24,8 minutos que recebeu nos poucos jogos de outubro para 16,8 em abril, último mês da temporada. Seus minutos minguaram especialmente após a contratação de Boris Diaw – que teve seu contrato renovado, aliás.

Acontece que o encaminhamento da atual pré-temporada do San Antonio Spurs até agora não anima muito os fãs de Splitter. Atrapalhado por espasmos musculares nas costas no início do training camp, acabou poupado de diversas atividades e vem sendo inserido aos poucos nos amistosos do time texano dos últimos dias. E bota pouco nisso: em quatro jogos, foram apenas 10,3=8 minutos de ação, embora seu aproveitamento nos arremessos seja excelente, com 54,5%.

Splitter: eficiência ofensiva

Splitter pode não ser o maior saltador do mundo, mas é um ótimo finalizador próximo ao aro

Alguns fatores que podem ajudar a explicar esses minutos limitados: 1) nessa fase de testes, Popovich está dando mais de 15 minutos por jogo para Eddy Curry (uma frase que parece inacreditável, mas é isso mesmo… O pivô está na briga por um contrato);  2) DeJuan Blair chegou de férias revigorado, em ótima forma e recebeu bons elogios do treinador, podendo ter pulando na frente na rotação; 3) talvez Pop ainda tenha o brasileiro em altíssima conta e esteja apenas preservando o brasileiro, usando de precaução diante de seus problemas físicos antes que seja dada a largada.

Em amistoso do Spurs contra a forte defesa do Miami Heat, derrota por 104 a 101 no sábado passado, foram 9 minutos e quatro cestas de quadra em quatro tentativas para Splitter. Espera-se que esse tipo de rendimento seja o suficiente para que seja mais acionado na hora que vale, a temporada regular.



Cartola do Thunder quebra barreira e contrata técnico sérvio para filial
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Giancarlo Giampietro

Criado sob as asas de RC Buford e Gregg Popovich em San Antonio, Sam Presti viu o Spurs se estabelecer como um modelo de gestão da NBA na década passada. A ponto de, a cada ano, seus concorrentes buscarem em seus escritórios as cabeças pensantes que possam renovar suas operações.

Darko Rajakovic, novo técnico do Tulsa 66ers

Da Espanha para a D-League: Rajakovic

Agora ele vai criando a sua própria escola. Nesta quarta, o Yahoo Sports norte-americano divulgou que cartola chegou a um acordo para contratar o sérvio Darko Rajakovic para ser o treinador da filial de D-League do Oklahoma City Thunder, o Tulsa 66ers.

Aguardando apenas a conclusão de seu processo imigratório, Rajakovic está prestes a se tornar, desta forma, o primeiro estrangeiro a assumir o comando de um clube da liga de desenvolvimento – e, desta forma, ligado à NBA.

Não é de se estranhar, considerando a franquia de onde o gerente geral saiu, uma das que mais investiu em estrangeiros na década passada. Foi seu pedigree de Spur, aliás, que motivou sua própria contratação pelo Oklahoma City, então Seattle Supersonics, em 2007. Desde então, Presti virou um símbolo por si só de como um dirigente deveria agir ao reformular sua equipe, considerando que ele levou sua equipe de pior campanha a candidato ao título em três, quatro anos.

Ele pode ter dado a sorte com a preferência do Blazers por Greg Oden, em vez de Kevin Durant, mas suas escolhas seguintes de Russell Westbrook, James Haden e Serge Ibaka são inquestionáveis. Assim como a condução se sua folha salarial, com a paciência para montar o time, ainda que um ou bom aparente bom negócio tenha sido descartado em prol de uma visão a longo prazo.

Todos esses movimentos deram a Presti uma carta branca para agir do modo que quiser, tomar a decisão que bem entender. Como apostar num sérvio para guiar os jogadoers mais jovens ligados ao seu clube e que passarão um tempo em Tulsa. Aos 33, Rajakovic estava no Torrelodones, da Espanha, elogiado justamente por seu trabalho no desenvolvimento de atletas.

Ettore Messina trabalhou na campanha passada como consultor de Mike Brown em Los Angeles e viu de perto uma temporada insana nos bastidores para o Lakers e se mandou para a Rússia. Também sérvio, Igor Kokoskov é assistente do Phoenix Suns e trabalha na liga há 12 temporadas, sendo o primeiro europeu contatado para um cargo integral de comissão técnica na liga.

Mas Rajokovic é quem primeiro cruza fronteiras para ser o chefe, ainda que na liga menor.

Teriam Presti, Bryan Colangelo, Popovich – na hora da saideira – ou outro dirigente a coragem de entregar seus times principais na mão de um estrangeiro, um europeu? Quanto maior o contato e o intercâmbio entre os dois continentes, é provável que um dia aconteça.

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Petrovic e Karl em Madri

George Karl teve o privilégio de dirigir Drazen Petrovic pelo Real Madrid

Também não é muito comoum ver a rota oposta: norte-americanos com selo de NBA dirigindo clubes da Europa. Dois vêm na cabeça agora.

O primeiro seria George Karl, sabiam? Depois de dirigir Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors nos anos 80 e não ter muito sucesso, o hoje treinador do Nuggets comandou o Real Madrid em duas temporadas, revezando-se com o Albany Patroons da CBA.

Ídolo de infância de Kobe Bryant na Itália, Mike D’Antoni começou como técnico no basquete de lá, trabalhando no Milano e, depois, no Bennetton Treviso.


Tony Parker desenha jogada da vitória do Spurs e quer o cargo de Popovich
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Giancarlo Giampietro

Nando de Colo para a vitória

Nando de Colo para a vitória

O jogo estava empatado em 99 a 99, e a posse de bola era do San Antonio Spurs, com o Atlanta Hawks na defesa. O que a equipe da Conferência Leste não contava era que Tony Parker ia fazer as vezes de Gregg Popovich para desenhar uma jogada mortal – ou quase – e vencer o jogo.

Sem escrúpulos, o armador francês desenhou a jogada para seu compatriota Nando De Colo, novato importado para esta temporada. De Colo recebe, então, a bola na cabeça do garrafão, dá alguns dribles e… Caçapa!

Parker ficou todo-todo e aproveitou, com muita coragem, para tirar um sarro de seu comandante. “É fácil fazer o trabalho de Pop. Ele ganha um pouco mais do que merece (a little bit overpaid), acho. É apenas minha opinião”, afirmou, provavelmente com aquela piscadela. O veterano agora que se prepare para levar o troco de seu treinador, que faz cara de mal, mas também consegue ser espirituoso quando inspirado.

Não é a primeira vez, aliás, que isso acontece no Spurs. Manu Ginóbili já fez as vezes de estrategista da prancheta, tendo seus 15 segundos extra de fama, flagrado pelas câmeras e tudo. Tim Duncan deve ter feito também em algum momento, se é que tem paciência para isso.

Veja o resultado da jogada desenhada por Parker (bem simples, por sinal):

E aqui a cena do técnico Ginóbili planejando a jogada da vitória contra o Clippers num amistoso no México, se a memória não falha:

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Ter Parker e Manu como seus assistentes provisórios é engraçado até, considerando a horda de profissionais encubados na estrutura do Spurs que hoje apitam em todos os cantos da liga. Sam Presti pelo Thunder, Rob Hennigan e Jacque Vaughn pelo Magic, Danny Ferry pelo Hawks, Dennis Lindsey pelo Jazz,  Mike Brown pelo Lakers e mais uma porção deles.


Barça busca 3ª vitória contra rival de NBA em mais um teste para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas x Deron Williams

Huertas ignorou a marcação de Deron Williams em amistoso

Lembram do zum-zum-zum que Marcelinho Huertas causou com sua atuação no amistoso da seleção brasileira contra os Estados Unidos, pouco antes das Olimpíadas?

Naquela ocasião, o armador jogou de igual para igual com Chris Paul, superou Deron Williams, um homem de mais de US$ 100 milhões de contrato, e ganhou elogios do Coach K e de um monte de jornalistas locais impressionados em Washington.

De modo que o raciocínio lógico, a seguir, era o de especular como Huertas se daria numa quadra de NBA, se teria sucesso, se poderia ser um titular etc. Nesta terça-feira, em amistoso do Barcelona contra o Dallas Mavericks, o brasileiro tem, então, mais uma chance de mostrar suas habilidades para a audiência norte-americana.

Não custa, né?

“Este é um jogo que não tem muita valia, já que se trata de um amistoso, mas ter vitória contra um time da NBA é muito bom. O Barcelona tentará seu quarto resultado positivo contra os profissionais e eu vou atrás da primeira vitória”, afirmou. Verdade: o Barça já teve dois triunfos sobre clubes dos EUA (Sixers e Lakers, o último deles em 2010).

O duelo será na cidade catalã, no Palau Sant Jordi, e opõe o campeão da NBA e o da Liga ACB, o segundo campeonato nacional de clubes mais forte do mundo. Será o segundo embate do Mavs na Europa, depois de vitória apertada sobre o frágil Alba Berlin, no sábado, na capital alemã.

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Não será a primeira vez que o armador enfrentará concorrência de NBA entre clubes. Em 2010, pelo Baskonia, ele encarou o San Antonio Spurs e o Memphis Grizzlies.

Contra o Spurs, vendo seu ex-parceiro de pick-and-roll Tiago Splitter no banco, lesionado, ele somou seis pontos, nove assistências e seis rebotes em 33 minutos. Detalhe: enquanto esteve em quadra, seu time venceu por um ponto. Com seu reserva, Pau Ribas, um desastre: desvantagem de 17 pontos num revés por 108 a 85. Pelos texanos, Tony Parker marcou 22 pontos em 24 minutos, matando 9 bolas em 17.

Contra o Grizzlies, derrota por 110 a 105, com sete pontos, 11 assistências e cinco rebotes em 33 minutos do brasileiro. Do outro lado, Mike Conley Jr. arrasou, com 27 pontos em 29 minutos e 11 arremessos convertidos em 17 tentativas.

Na ocasião, lembrando, o Caja Laboral estava em queda, aprendendo a funcionar sem Splitter. Veja o resumo de ambos os jogos (e reparem na dificuldade do locutor da NBA TV em pronunciar os nomes, hehe):

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Veja o retrospecto de duelos do Barça com clubes da NBA:

– Barcelona 103 x 137 Denver Nuggets, em Roma, 27/10/1989

– Barcelona 80 x 91 Memphis Grizzlies, em Barcelona, 10/10/2002

Barcelona 104 x 99 Philadelphia 76ers, em Barcelona, 05/10/2006

Los Angeles Lakers 108 x 104 Barcelona, em Los Angeles, 18/10/202008

Los Angeles Clippers 114 x 109 Barcelona, em Los Angeles, 19/10/202008

Barcelona 92 x 88 Los Angeles Lakers, em Barcelona – 07/10/2010

Veja alguns lances deste último confronto, quando Ron Artest ainda era Ron Artest:


Poupado de treinos, Splitter recebe de Popovich VT debate da eleição dos EUA
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Giancarlo Giampietro

Enquanto Ana Paula Lima (PT), líder nas pesquisas, Jean Kuhlmann (PSD) e Napoleão Bernardes (PSDB) disputam uma vaga no segundo turno das eleições para a Prefeitura de Blumenau, na hora de se informar sobre a política, Tiago Splitter vai ter de se contentar… Hã… com o embate entre Barack Obama e Milt Romney, candidatos a presidentes dos Estados Unidos.

Obama beija Michelle

Obama diz ter assistido com Michelle ao amistoso entre EUA e Brasil, aquele jogo bem apertado em Washington, mas não há provas suficientes a respeito

O general Gregg Popovich entregou para seus jogadores um DVD do primeiro debate realizado entre o democrata e o republicano, realizado na quarta-feira. Justo para um dos elencos com mais estrangeiros em toda a NBA. Sim, os franceses Tony Parker, Boris Diaw e Nando de Colo, o argentino Manu Ginóbili, o australiano Patty Mills e o próprio Splitter também receberam.

“É claro. Temos muitos caras de fora em nosso time, e eles foram rápidos para dizer que eles não podem votar e que, então, que eles não eram obrigados a assistir ao debate”, afirmou o ala-pivô Matt Bonner, o “Foguete Vermelho”, que planeja votar em Obama e defender o Canadá no futuro. Sério. “Não importa, eles vivem aqui, então é bom que eles estejam informados. Basquete não é tudo. Há coisas maiores no país em que vivemos.

Para constar: Splitter foi poupado de um coletivo na quarta-feira e dos treinos com contato físico na quinta-feira devido a espamos musculares nas costas. Os médcos do time afirmam não ser nada grave.

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Obama é disparado o candidato favorito entre os astros da NBA, contando com uma generosa doação do setor para sua campanha pela reeleição. Mas há quem prefira a oposição: o pivô Spencer Hawes não se cansa de alardear seu amor ao Partido Republicano, sendo uma das vozes mais ativas politicamente na liga. “Estou sempre pregando a palavra”, afirma. “As pessoas sempre me acusam de que escolhi ser republicado por causa dos meus rendimentos (ele vai ganhar US$ 12 milhões pelas próximas duas temporadas). Mas gostaria de lembrá-los que eu já havia seguido esse caminho muito antes de saber quais eram os impostos.”

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Bill Bradley

Bill Bradley, astro democrata do Knicks

Houve uma época em que Charles Barkley especulou lançar-se candidato a governador do Alabama, e a ideia foi bem recebida. Hoje ele está contente em ser apenas uma das celebridades mais polêmicas da TV norte-americana.

Dois casos concretos de envolvimento político que batem na telha assim de sopetão.

O pivô Chris Dudley, um dos mais atrozes cobradores de lance livre da história da liga, que defendeu o Portland Trail Blazers nos anos 90 e outros clubes, foi candidato a governador no estado de Oregon, perdendo para o democrata reeleito John Kitzhaber numa votação muito parelha.

Pelos democratas, um exemplo mais nobre: Bill Bradley, ala da histórica equipe do Knicks de Red Holzman dos anos 70, foi senador do estado de New Jersey pelos democratas em três mandatos e chegou a ter apsirações presidenciais.


Boston de Fabrício Melo abre amistosos de pré-temporada com revés na Turquia
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Giancarlo Giampietro

Rondo ataca na Turquia

Rondo: 30 minutos, 13 pontos, 9 assistências contra o Fenerbahce

Hora de esvaziar as clínicas de reabilitação: os amistosos de pré-temporada da NBA começaram!

Nesta sexta-feira, com Fabrício Melo em ação, o Boston Celtics abriu uma jornada da liga norte-americana que vai, no mínimo, até meados de junho de 2013a com uma derrota para o Fenerbahçe por 97 a 91, em Istambul.

O pivô brasileiro jogou por nove minutos e terminou com três rebotes, uma assistência, um toco e dois desperdícios de posse de bola, tendo tentado – e errado – apenas dois chutes de quadra.

Agora, para o mais fanático torcedor do Celtics que não esteja habituado ao que se passa do outro lado do Atlântico, calma: estamos seguros em dizer que não é por causa disso que o mundo acaba em 2012. Confie.

O elenco do Celtics chegou a Istambul na terça-feira. Até então o time vinha treinando apenas informalmente, com a reunião de alguns jogadores, especialmente os mais jovens, nos ginásios da franquia, para trabalhar fundamentos e terem o primeiro contato com seus novos treinadores. E veteranos como Kevin Garnett e Paul Pierce, ainda dois dos três principais jogadores da equipe, notoriamente demoram um pouco mais para esquentar. Outra: Doc Rivers terminou a partida com os calouros Dionte Christmas e Jamar Smith, que brigam pela última vaga no elenco, em quadra.

A liga turca ainda não comecou, mas a equipe da casa já está num estágio bem mais avançado em sua preparação para a temporada. O Fenerbahçe também está longe de ser uma galinha morta. Relativamente, é mais forte hoje no basquete do que no futebol, ainda mais neste ano em que conseguiu grandes reforços, como Romain Sato e, especialmente, Bo McCalebb. Além deles, chegou também o técnico Simone Pianigiani, hexacampeão italiano pelo Montepaschi Siena e frequentador assíduo do Final Four da Euroliga.

Outras notinhas para considerar abaixo:

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Reconhecido como um marcador implacável na Europa, o ala Sato, 31, acabou roubando a cena no ataque. Terminou o amistoso com 24 pontos, 16 deles num primeiro tempo extremamente produtivo. O jogador nascido na República Centro-Africana se formou no basquete universitário dos EUA por Xavier, foi draftado pelo Spurs em 2004, mas nunca jogou na NBA e fez carreira no Velho Continente. Foi mais um caso de atleta que a liga norte-americana não conseguiu aproveitar.

Já McCalebb, mundialmente famoso depois de liderar “sua” Macedônia a uma campanha incrível no Eurobasket 2011, contribuiu com 21 pontos, 5 assistências e 4 rebotes, muitas vezes jogando de igual para igual com Rajon Rondo, especialmente no terceiro período.

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Esse foi o primeiro jogo do ala Jeff Green, aposta de Danny Ainge, depois de mais um ano e meio. Ele não pisava em uma quadra, fardado, desde o dia 11 de maio de 2011, em derrota do Celtics para o Miami Heat pelos playoffs da temporada retrasada. Ex-companheiro de Kevin Durant em Oklahoma, ele passou por uma cirurgia no coração em dezembro daquele ano, devido a um aneurisma aórtico.

A boa notícia: Green foi um dos destaques do jogo, tendo anotado 16 pontos e comandado os reservas no quarto período em uma tentativa de reação da equipe de Boston.

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Quem deve ter acompanhado de perto essa partida foi o Nets. Afinal, duas de suas últimas escolhas no Draft estiveram em ação pelo Fener. O ala Bojan Bogdanovic, 23, e o ala-pivô Ilkan Karaman, 22, dois jogadores promissores que certamente podem ter um futuro no basquete norte-americano. Já o ala Emir Preldzic,25,  esloveno naturalizado turco quando adolescente, foi draftado pelo Phoenix Suns em 2009. Seus direitos então foram trocados para o Cleveland Cavaliers e, depois, Washington Wizards.


Jogadores para marcar de perto na próxima temporada da NBA: Goran Dragic
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Giancarlo Giampietro

O gerente geral Steve Kerr e os técnicos do Phoenix Suns tinham tanta estima por Goran Dragic que conseguiram convencer o mão-de-vaca Robert Sarver, proprietário do clube, a investir alguns milhares de dólares na compra de uma escolha extra de segunda rodada no Draft de 2008 para contar com o esloveno. Como se não bastasse esse fato histórico, inédito, ainda fecharam um contrato com o novato por mais de US$ 7 milhões e quatro temporadas. Era bem mais do que um calouro selecionado 20 postos antes dele no recrutamento ganharia. Estava em alta o Dragic.

Goran Dragic, Phoenix Suns

Dragic de volta a Phoenix

Aí o que acontece: bomba. Em sua primeira temporada, ele acertou apenas 39,3% de seus arremessos de quadra, algo que Steve Nash bateria nos tiros de três pontos com um pé só no chão e olho direito inchado. Sofrendo para se comunicar em inglês, intimidado diante de adversários aos quais costumava assistir em casa, de madrugada na Eslovênia, também cometeu muitos erros em suas infiltrações, deixando a torcida tensa com suas investidas. Estava em baixa o Dragic.

As críticas e desconfiança, no entanto, não acabaram com o jogador. Em seu segundo ano, o canhotinho voltou muito melhor, revigorado. Elevou sua produção estatística positivamente em pontos, assistências e chutes de quadra e parecia, enfim, um jogador de NBA, a ponto de ganhar do técnico Alvin Gentry 18 minutos por partida, dando um bom descanso a Nash. Foi numa época em que Gentry conseguiu escalar uma segunda unidade completamente desvinculada da primeira, com dividendos formidáveis – o esloveno era escoltado por Leandrinho, Jared Dudley, Channing Frye e Louis Amundson. Ninguém dava muita coisa para esse quinteto, mas, coletivamente, jogaram uma barbaridade. O líder inquestionável era o armador, que teria uma das atuações mais surpreendentes da NBA e dos playoffs em muito tempo, quando destruiu o Spurs em San Antonio em 2010.  Dragic em alta. Muito.

E aí o que acontece: ele deixa cair a peteca, justamente quando o Suns acreditava ter encontrado um substituto em longo prazo para o brilhante canadense. Depois da saída de Amar’e Stoudemire e das contratações desastradas de Hedo Turkoglu e Josh Childress, a equipe despencou, e Dragic voltou a entrar em desarranjo, a se atrapalhar demais com a bola e perder a confiança da campanha anterior. Acabou trocado pelo baixinho Aaron Brooks, do Houston Rockets, numa negociação em que a franquia do Arizona ainda pagou uma escolha de primeira rodada do Draft para compensar. Dragic em baixa.

Dragic e sua canhotinha

Dragic arrebentou em Houston. Vai manter?

Em Houston, na campanha passada, sob a orientação de Kevin McHale, o esloveno volta a reagir. Com o afastamento de Kyle Lowry devido a uma bizarra infeção bacteriana, assumiu o posto de titular e encaixou uma sequência de jogos digna de Jeremy Lin. Terminou o mês de março com médias de 18,9 pontos, 7,7 assistências, 3,5 rebotes, 1,8 roubo de bola e 46,4% nos arremessos, como o ponto nevrálgico do ataque. Um rendimento bem conveniente, considerando que estava prestes a se tornar um agente livre. Dragic em alta no mercado.

Sua produção chamou atenção, no fim, do próprio Phoenix Suns. Decidido a seguir um novo rumo, se desligando dolorosamente de Nash, o clube telefonou para o agente do esloveno de imediato, com uma proposta de US$ 7,5 milhões anuais, e quatro anos de duração. Mais do que o triplo que havia ganhado em 2011-2012.

Nesta gangorra descrita acima, notem que os campeonatos de alta do esloveno foram aqueles que terminaram anos pares. A próxima temporada termina em 13. Perigo?

Gentry e o Suns esperam que seja só uma coincidência fútil. Qualquer descuido, tropeço do armador custaria muito caro para o clube que tanto dependeu de Nash nos últimos sete, oito anos e agora confia num Dragic amadurecido e fortalecido para iniciar uma nova era. Não é fácil para ninguém assumir essa responsabilidade, mas ele topou. Agora vai ser marcado de perto.

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Reforçando a trapalhada da diretoria do Suns: eles tinham Dragic, o repassaram para Houston com uma valiosa escolha de primeira rodada – os novatos geralmente são um bom investimento, por ganharem abaixo da média da liga –, e usaram Brooks por apenas meia temporada e, depois, dispensaram o baixinho, que havia se mandado para a China, sem levar nada em troca para limpar sua folha salarial e, claro, repatriar seu ex-atleta. Brooks assinou com o Sacramento Kings. Where amazing happens.

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Dragic acaba com o Spurs em San Antonio

A incrível atuação de Goran Dragic no Texas

Sobre aquela noite mágica na vida de Dragic, contra o Spurs: foi antes de tudo uma ironia pelo fato de o Suns ter comprado justamente dos texanos a escolha do Draft que resultou em sua contratação.

Mas a importância de sua atuação foi muito além desta anedota, devido ao histórico de eliminações de sua equipe pelas mãos de Tim Duncan & cia – e fora muitas decepções no Arizona, acreditem.

Em maio de 2010, o Suns dessa vez chegava a San Antonio com seu mando de quadra defendido, tendo vencido os dois primeiros jogos. Com o esloveno fazendo chover em quadra, conseguiu uma importantíssima vitória para abrir 3 a 0 e se livrar de alguns fantasmas. Foram 23 pontos de Dragic apenas no quarto período, com bandejas, ganchos, chutes desequilibrados, bolas de três e fintas para todos os lados. Relembre:

PS: O Suns acabou alcançando a final do Oeste neste ano, perdendo para o eventual campeão Lakers. Preocupado com o rendimento de Dragic no confronto com seus reservas, Phil Jackson descobriu um ponto fraco do armador: Sasha Vujacic, seu compatriota. Os dois não se bicam de jeito nenhum, o que era um segredo até o momento. Ninguém ia dar bola para uma rivalidade entre dois eslovenos, claro. Mas o Mestre (nem tão) Zen foi informado sobre o histórico e sacou o ala do banco. Irritante que só, Vujacic, hoje no basquete turco, tirou seu velho conhecido do sério:


Os europeus que a NBA não consegue ou conseguiu aproveitar
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Giancarlo Giampietro

Fran Vázquez garante que, dessa vez, esperou pela NBA até o último momento antes assinar com o Unicaja Málaga por dois anos e tentar atrapalhar a vida de nosso Augusto. As propostas só não vieram.

Fran Vázquez, NBA Draft 2005

Vázquez só usou o boné do Magic, mesmo

No caso desse pivô espanhol, é melhor que não pronunciem o nome dele na arena de outro mundo do Orlando Magic, porque seu vínculo, ou melhor, não-vínculo com a equipe da Flórida é uma das vergonhas de sua história recente. Ele foi selecionado na 11ª posição do Draft de 2005, mas nunca jogou sequer um minutinho de azul e branco. Ele preferiu passar seis temporadas pelo Barcelona.

Uma cortesia do ex-gerente geral do clube, Otis Smith, que selecionou Vázquez sem nunca ter conversado direito com o jogador, sem saber seus planos, o quanto confortável ele estaria em fazer a transição para a liga norte-americana, sobre o quão disposto ele estaria a deixar seu país naquele momento ou em qualquer momento de sua vida.

Sete anos depois? Ele bem que tentou, mas a nova diretoria do Magic já não estava mais tão interessada assim, enquanto Smith curte algumc ampo de golfe por aí.

Ninguém sabe ao certo como seria a trajetória de Vázquez, hoje com 29 anos, se ele tivesse assinado de cara. Teria se entrosado bem com Dwight Howard? O par certamente teria um potencial defensivo. Mas isso vai ficar sempre no ar e no estômago dos vizinhos de Mickey Mouse.

Pensando no espanhol, essa é uma boa hora para lembrar alguns dos europeus que foram selecionados pelas franquias nos anos que passaram e nunca chegaram a cruzar o Oceano, pelos mais diversos motivos:

Frédéric Weis, pivô francês, aposentado desde o início de 2011, mundialmente conhecido pela enterrada inacreditável de Vince Carter na final das Olimpíadas de Sydney-2000. Acontece que, um ano antes daquele, digamos, incidente, ele havia sido escolhido pelo New York Knicks na 15ª colocação do Draft de 1999. Detalhe: um posto depois, o Chicago Bulls escolheu o jovem Ron Artest, da universidade de St John’s, produto do Queens (assim como Scott Machado) e o anti-herói preferido do Vinte Um.

Então quer dizer: os fãs do Knicks já não perdoariam Weis facilmente por essa suposta traição. Desde que foi eternizado por Carter, porém, Weis foi uma carta fora do baralho nova-iorquino. Ele só foi útil em uma pequena troca feita em 2008 na qual seus direitos foram repassados ao Houston Rockets em troca de Patrick Ewing Jr.! Não dá para ser mais irônico que isso, dá?

Relembre, se preciso, “le dunk de la mort”:

Sofoklis Schortsanitis, o Baby Shaq grego! Cujo nome sempre foi um desafio para narradores e repórteres de Internet escrevendo os relatos de Brasil x Grécia na correria. (Oi!). O mais massa-bruta de todos, um terror no pick-and-roll simplesmente porque são poucos os que têm coragem de parar em sua frente quando ele recebe a bola partindo feito locomotiva para a cesta. Máquina de lances livres. Ganha uma boa grana na Europa, mesmo não tendo o condicionamento físico para atuar de modo eficiente por mais de 25 minutos por partida. Ele foi draftado pelo Clippers em 2003, na segunda rodada (34). Em 2010, quando venceu seu contrato com o Olympiakos, se aprsentou ao time californiano, mas foi recusado precocemente, algo estranho. Hoje seus direitos pertencem ao Atlanta Hawks.

Sofoklis Schortsanitis, locomotiva

Quem vai segurar Sofoklis Schortsanitis?

Erazem Lorbek, pivô esloveno que recusou o assédio firme do San Antonio Spurs neste ano, renovando com o Barcelona, para o bem de Tiago Splitter. Embora um pouco lento para os padrões da NBA, sem dúvida conseguiria se fixar, aos 28 anos, no auge. É extremamente técnico. Bons fundamentos de rebote, passe e arremesso – seja via gancho próximo do aro ou em chutes de média e longa distância. Seus direitos foram repassados ao Spurs pelo Pacers (que o selecionaram na segunda rodada do Draft de 2006, em 46º) na troca que envolveu George Hill e Kawhi Leonard.  Curiosidade: Lorbek chegou a jogar uma temporada por Tom Izzo em Michigan State, mas optou por encerrar sua carreira universitária para lucrar na Europa desde cedo.

Sergio Llull, armador espanhol, ainda aos 24 anos. Então dá tempo, ué, para ele jogar pelo Houston Rockets, não? Claro. Desde que ele não aceite a – suposta – megaproposta de renovação de contrato do Real Madrid, que lhe estariam oferecendo mais seis anos de vínculo, com um sétimo opcional. Sete!!! Parece negociação dos anos 60 até. Se esse acordo for firmado, o gerente geral Daryl Morey vai ter de se conformarm com o fato de ter pago mais de US$ 2 milhões por uma escolha de segunda rodada (34ª) no Draft de 2009 para poder apanhar esse talentoso jogador, um terror na defesa e cada vez mais confiante no ataque.

Dejan Bodiroga

Bodiroga, multicampeão na Europa

Dejan Bodiroga, ex-ala sérvio, para fechar no melhor estilo. Sabe, uma coisa me causa inveja: quando ouço as histórias daqueles que viram os grandes brasileiros de nossa era dourada. De não ter visto Wlamir, Ubiratan, Rosa Branca e cavalaria. Já aposentado, egoísticamente, Bodiroga entra para mim nessa categoria agora: “Esse eu vi (pelo menos)”.

Não sei qual o apelido dele na sérvia, mas deve ter algo derivado de mágico. Bodiroga foi selecionado pelo Sacramento Kings em 2005, na 51ª posição, mas nunca esteve perto de jogar na NBA. Seu estilo era muito peculiar, e também sempre houve a dúvida sobre como ele poderia traduzir seu jogo para uma liga muito mais atlética – ainda seria uma estrela? No fim, o sérvio nunca pensou em pagar para ver.

Na Europa, defendeu Real Madrid, Barcelona (no qual já atuou com Anderson Varejão), Panathinaikos, diversos clubes italianos. Pela seleção, foi três vezes campeão do Eurobasket, medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta-1996, bicampeão mundial. Em clubes, ganhou quatro Euroligas. Com 2,05 m de altura, mas de modo algum um jogador de força, ele era praticamente um armador com essa altura toda. Um passador incrível, um grande arremessador, conseguia também sucesso surpreendente também no mano-a-mano, investindo até mesmo contra defensores mais ágeis e fortes, devido a uma série de truques com a bola e muita inteligência. Um gênio. Aos 39 anos, já está aposentado e trabalha como cartola..


Analista da ESPN projeta Splitter estelar na próxima temporada
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Giancarlo Giampietro

Ontem foi fechado um post sobre a perspectiva de Tiago Splitter como agente livre na NBA com uma série de perguntas. Entre elas, se os cartolas da liga haviam tomado nota da temporada bastante eficiente que o catarinense havia feito pelo San Antonio Spurs, a despeito de sua performance apática nos playoffs.

Splitter, Spurs

Splitter e seu meio-gancho característico que chama a atenção de qualquer analista

Bem, ainda não dá para dizer nada sobre os concorrentes, mas é certo que o jornalista John Hollinger, um dos padrinhos da comunidade nerd cada vez mais influente no basquete, anotou tudo direitinho. Afinal, é seu ganha-pão: descobrir nos números algumas nuances do jogo para mostrar aqueles que são super ou subvalorizados. (E, sim, caramba, as coincidências de publicação do blog vão se tornando cada vez mais perturbadoraaaaaas. Medo.)

Em suas projeções estatísticas sobre os caras do Spurs, Hollinger arrisca os seguintes números para Splitter – de acordo com uma hipotética média de 40 minutos por partida: 19,4 pontos e 11,2 rebotes, depois de 19,6 e 10,9, respectivamente, no ano passado.

O problema é que Tiago nunca fica em quadra para produzir desta maneira, e ainda hoje os escritórios de direção dos clubes da NBA se dividem entre os que acompanham este tipo de número – e qualquer outro número – e os que são bastante tradicionalistas e valorizam basicamente o que veem em quadra, preto-no-branco.

E também tem outra: as projeções de Hollinger ignoram uma série de variantes que são impossíveis de prever em um cálculo e influenciam diretamente o rendimento: 1) o bem-estar físico de Splitter; 2) qual a relação em quadra do jogador com seus companheiros; 3) qual a relação fora de quadra do jogador com seus companheiros; 4) que tipo de plano de jogo o técnico Gregg Popovich pensa em colocar em prática; etc.

Traduzindo: será que Patty  Mills vai ganhar mais minutos, de acordo com sua performance olímpica? Será que ele vai passar a bola? A química estabelecida entre Ginóbili e Splitter será replicada? E por quantos minutos? Quem vai dividir o garrafão com o brasileiro? Na segunda unidade, quantos arremessos devem ser destinados a Kawhi Leonard ou Stephen Jackson? E Gary Neal ou Danny Green? E por aí vamos…

(Note que este tipo de questionamento serve para todo e qualquer time. Quantas bolas Larry Taylor terá para chutar em Bauru e quantas sobram para o Gui? No renovado elenco de Franca, há alguém que servirá de carro-chefe? Em Brasília, Tijuana, Moscou, Istambul, Seul… Não importa.)

Tiago Spliter, Spurs, NBA

Splitter ainda em busca do protagonismo de ACB

Agora, no mundo ideal, limpo e direto de suas estatísticas, porém, o veterano analista se sente confortável para dizer o seguinte: “Então… O quanto disso (a produção de 2011-2012) foi real? Splitter jogou menos de 20 minutos por partida, mas, quando ele foi para quadra, teve números de um All-Star. Pergunto isso pois ele ganhará somente US$ 3,9 milhões nesta temporada e, depois, vai virar agente livre. Se ele jogar, de algum jeito, próximo deste nível mais uma vez, ele vai ser pago, e com P maiúsculo. Ele pode ser uma estrela”.

Taí um baita voto de confiança para o catarinense, então.

*  *  *

Em suas análises, Hollinger também já escreveu sobre Fabrício Melo, o novato brasileiro do Boston Celtics também conhecido preguiçosamente como Fab Melo. Neste caso, as especulações são bem mais abstratas, já que têm base nos seus números como universitário.

“Melo teve o melhor rendimento em tocos de qualquer jogador candidato ao Draft com duas sobrancelhas e essa é uma das razões por que o Boston investiu uma escolha de primeira rodada de Draft nele”, adianta. Ria, por favor, porque a piada é muito boa mesmo, envolvendo um de nossos favoritos desde já, Anthony “Monocelha”Davis. O Vinte Um ama o garoto. Viva com isso.

“Ele é bem mais velho do que o esperado aos 22, mas, considerando seu desenvolvimento tardio (o brasileiro começou mais tarde no jogo), ainda há esperança que ele possa adicionar alguns movimentos ofensivos ao seu repertório. Ele não é um cobrador terrível de lances livres e sua média de assistências comparada com os desperdícios de bola em Syracuse foram bem melhores que a de um monte de pivôs, então ele não é irrecuperável no ataque”, continuou.

Depois, o estatístico da ESPN questiona a capacidade de reboteiro de Fabrício, cuja média de era igual, por exemplo, ao escolta Marcus Denmon, de Missouri, que é uns 20 centímetros mais baixo que o mineiro de Juiz de Fora.  “Melo vai precisar capturar alguns rebotes a mais para ajudar uma defesa que já está entre as que mais precisam de ajuda neste departamento na liga”, afirma.

E aqui vai uma afirmação que vai diretamente contra as projeções estatísticas: as métricas de Hollinger simplesmente ignoram o fato de que Fabrício jogou o ano inteiro por Syracuse como o “1” de uma defesa “2-1-2” de Syracuse, muitas vezes distante da tabela e com menos chances de apanhar os rebotes, oras.

É o tipo de razão óbvia para sempre olhar qualquer número com alguma desconfiança. Que pelo menos se questione um dado antes de aceitá-lo como a mais pura verdade.