Vinte Um

Arquivo : Presente de Grego

Presidente da CBB se pronuncia, antecipa déficit, revela obsessão pelo imediato e pouca atenção com desenvolvimento
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Giancarlo Giampietro

Alerta!

Entrevista do presidente reeleito da CBB, Carlos Nunes!

Para o próprio site da entidade, claro.

Mas tudo bem. Quando esses caras resolvem falar, é sempre um prato cheio para o blogueiro esfomeado. Dá até para brincar de fazer gabarito com o conteúdo. Vamos lá, então, com atenção aos grifos e comentários:

Presidente da CBB no ano em que a entidade comemora 80 anos
É um cargo honroso e vamos fazer uma grande festa para comemorar essa data marcante para o esporte brasileiro e mundial. Tenho o orgulho de estar no comando da CBB em dois mandatos consecutivos, com o basquete do Brasil participando de duas Olimpíadas seguidas, no masculino e no feminino. Devo tudo isso a um trabalho de equipe e das 27 Federações. A meta é manter o Brasil entre as grandes potências no cenário mundial.

>> Vejam só. Quando você começa uma entrevista tentando se gabar de algo assim – duas Olimpíadas seguidas para o feminino e masculino??? UAU! –, é porque sabe que vem muito mais pela frente. O grande achado da gestão Nunes foi realmente a contratação do ultracompetente Magnano, que conduziu um time muito mais tarimbado de volta a uma arena olímpica, ok. Agora só me ajudem, por favor, a entender em que ponto isso se conecta com a classificação automática para os Jogos do Rio, sendo o Brasil o país-sede? Tou com dor-de-cabeça, e não consigo pensar direito. Sem contar que uma hipotética eliminação da seleção feminina em competições classificatórias seria o maior vexame da história. Próximo tópico:

Metas para os próximos quatro anos
Já tínhamos um planejamento até 2016 e agora daremos continuidade. Temos competições importantes em 2013 como os Mundiais Sub-19 masculino, na República Tcheca, e feminino, na Lituânia. A equipe adulta masculina tem como desafio a Copa América da Venezuela, classificatória para o Mundial da Espanha em 2014. E no feminino, temos o Sul-Americano, que deveria ter sido realizado em 2012, e depois a Copa América do México, que também classificará para o Mundial na Turquia, no próximo ano. Além disso, temos os Campeonatos Brasileiros de base que realizamos em três divisões em todos os estados, com a participação das 27 federações. Esse ano a Copa Brasil Masculina reunirá mais de 40 equipes. Isso é uma demonstração concreta que o basquete brasileiro ressurgiu sendo um produto viável.

>> Resgatei aqui no QG 21 a terceira temporada da tresloucada e bizarramente frenética série americana “Arrested Development”, e estamos a ponto de conhecer melhor o personagem advogado Bob Loblaw, mais uma figurinha impagável. Na pronúncia deles, sempre devagar, propositalmente, sai algo como Bla-Bla-Bla. É o que vemos aqui. A pergunta era sobre metas para os próximos anos, e o presidente me sai descrevendo o calendário de competições de 2013. Qual é exatamente o planejamento da CBB? Perdeu a chance de se explicar. E essa história de a modalidade seguir um produto viável? Até poderia ser, sonhamos. Mas… A realidade nos mostra algumas situações bem contrastantes com essa frase. Se no NBB, temos clubes com salário atrasado, como será que estão as coisas no Brasil profundo do basquete? Veja aqui como anda pujante o eporte no país.

Balanço financeiro 2013
As contas apresentadas na Assembleia foram, de uma maneira geral, muito positivas, pois conseguimos diminuir o déficit de 2012. Fizemos uma contenção de gastos acentuada, com o objetivo de equilibrar os valores. O motivo do déficit foi uma defasagem no patrocínio da Eletrobras. Alguns itens foram glosados, pois o contrato não previa. E por força burocrática, o patrocinador teve que glosar. Essa mudança acarretou em uma perda substancial de quase 4 milhões de reais e resultou em uma dívida do mesmo valor. Mas isso está sendo resolvido. A Eletrobras está renovando o contrato nos próximos dias e abriu mão de ser o patrocinador máster, tendo em vista que reduziu em 50% o valor do contrato. Agora, temos a possibilidade de conseguir um novo parceiro que entrará nas camisas da seleção. Outro fator que precisa ser considerado é que nos primeiros quatro anos precisamos romper a inércia técnica, o que demandou esforços redobrados, inclusive financeiros. Neste novo período, a demanda financeira será menor em face do que já realizamos, o que provocará uma revisão de nossos gastos, certamente para menor. Tudo isso nos deixa a certeza de que em pouco tempo vamos melhorar a situação atual.

>> Haja grifo, gente! Primeiro, uma gafe: se o saldo é negativo, as contas não podem ser “muito positivas”, né? Quer dizer que a CBB conseguiu reduzir seu déficit. Agora falta pagar uns trocados só, algo em torno de R$ 4 milhões. Tem tempo ruim, não. E, claro, não fosse a Eletrobras agir com irresponsabilidade, de anular alguns pagamentos para a confederação, “por força burocrática” – Coff! coff! Leia-se aqui: dinheiro de empresa pública só pode ser investido para patrocinar entidades que não estejam dando calote, se endividando, agindo com austeridade. Agora a confederação tem, claro, a chance de acertar com um novo patrocinador master, mas está todo mundo na espera deste anúncio há um bom tempo – em ciclo olímpico em casa, não deve faltar interessado, mesmo, a questão é o quanto a credibilidade avariada da CBB pode atrapalhar em eventuais negociações. Por fim, Carlos Nunes aponta para a “inércia técnica” que teve de enfrentar. Depois dos anos de trevas de Grego, natural. Se for para excluir a combinação “Rubén + Magnano” da equação, fica difícil de entender bem em que ponto que o departamento técnico avançou. Talvez ele esteja se referindo aos constantes profissionais demitidos por Hortência? Ah! Deve ser isso, mesmo: inércia no comando da seleção feminina nem pensar!

Parcerias com o Ministério do Esporte e Lei de Incentivo
Em 2013, são quase 15 milhões de reais e sete projetos aprovados. Esse valor nos dá um suporte na preparação das seleções brasileiras e é importante frisar que, mesmo com a redução do patrocínio, não iremos sofrer nenhum tipo de problema. As seleções vão começar a trabalhar no prazo estipulado, irão se preparar para os campeonatos normalmente e disputar todas as competições internacionais oficiais ou não da FIBA.

>> Traduzindo: não fosse o aporte do ministério, estaríamos lascados!!!

Federações Filiadas
As federações são o suporte da CBB. Sem o trabalho e o apoio das federações não é possível fazer uma administração do basquete brasileiro. Por meio das seleções estaduais que participam dos Campeonatos Brasileiros, surgem os novos talentos e os futuros jogadores das Seleções Brasileiras. Dentro deste novo patrocínio que está por vir, pretendemos aumentar a ajuda que já é repassada para as federações desde o início da nossa administração. O objetivo é melhorar ainda mais o planejamento elaborado por elas. Os mais de oitenta por cento dos votos que tivemos na eleição do último dia 7 são motivados pelo interesse que a CBB sempre teve em ajudá-las e que fazem as federações se sentirem protegidas.

>> Percebem a obsessão de Carlos Nunes por “seleções”? Dá a impressão que, para ele, TODO, ABSOLUTAMENTE TODO o desenvolvimento do basquete brasileiro se passa por equipes de ponta. Sejam as seleções nacionais, ou as seleções estaduais. Seguindo sua lógica, parece pouco importante que os estados consigam realmente produzir 10 ou 12 talentos para compor suas seleções, e pronto. Mas que torpor, caceta. Quanto ao “planejamento elaborado” pelas federações, vocês que me desculpem, nada a declarar. Porque não há nada visível, mesmo, para se avaliar.

Campeonatos Brasileiros de Base
A nossa expectativa é sempre superar o ano anterior, no caso 2012. Se for possível, pretendemos aumentar o número de competições, tendo em vista que os Campeonatos de Base são realizados por meio do projeto incentivado do Ministério do Esporte. Muitos dos atletas que hoje defendem as seleções nacionais passaram pelos Brasileiros. Isso prova que é uma competição onde também surgem novos talentos.

>> Mais um comentário que comprova o pensamento equivocado do dirigente. Percebam que ele mira sempre em resultados, não em desenvolvimento. A realização de campeonatos de base, não se enganem, é realmente importantíssima, fundamental. Tem de botar a molecada na quadra, mesmo. Mas, em nenhum momento sequer de sua explanação, Carlos Nunes fala de massificação do esporte, ou, no mínimo, de aprimoramento técnico em quadra. Digo: não basta apenas se programar uma competição e achar que seu papel está feito. Se forem campeonato seguindo os últimos modelos, o resultado, tão alardeado aqui, não será muito produtivo.

O presidente da CBB gasta, então, mais saliva falando de Copa Brasil e Supercopa, basquete 3 x 3, até chegar, então, a comentar o amistoso marcado entre Chicago Bulls e Washington para o dia 12 de outubro, no Rio de Janeiro, marcando a chegada oficial da NBA ao país. Lá pelas, tantas, ele me sai com esta: “Em parceria com a NBA, vamos dar um apoio logístico, além da chancela, caso contrário não poderia ser realizado”.

Realmente, né? O que seria do basquete brasileiro sem essa gloriosa chancela?

Carlos Nunes, chancelando

Carlos Nunes e a sua chancela


Com reeleição de Nunes, basquete brasileiro confirma repulsa a novas ideias
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Giancarlo Giampietro

O basquete brasileiro, ao menos na figura representativa de seus 27 presidentes de federações, está de parabéns.

Numa eleição que contrapôs o atual gestor Carlos Nunes, a criatura, com aquele que administrou a confederação por 12 anos, o presente-de-grego Gerasime Bozikis, o criador, não havia como sair um vencedor, mesmo.

(Ok, oficialmente, Nunes, aquele que destronou de modo shakesperiano o Grego, venceu a fatura por 21 votos a 2, com três abstenções, depois de sua turma anular dramaticamente uma liminar judicial por volta de 15h no horário de Brasília.)

Grego e Nunes, eternamente juntos

Grego e Nunes, eternamente juntos

Mas o ponto mais importante é o seguinte: mesmo com alguns pontos positivos levantados nos últimos anos, seja pelo crescimento do NBB ou pelo avanço da seleção brasileira masculina, a modalidade, devido a sua politicagem, ainda está longe de convencer qualquer pessoa mentalmente saudável a investir tempo de vida, força de vontade e alguns cabelos prestes-a-esbranquiçar para tomar conta da casa.

Por que alguém bem intencionado se disporia a isso?

Nos últimos meses, tenho acompanhado um debate revelador sobre a, agora, passada eleição da CBB, com a disputa infantil entre o reeleito “Carlinhos” – se vocês não sabem, é assim que os íntimos o tratam – e Grego, aquele que comandou a entidade por 12 anos e tinha em Nunes um de seus principais articuladores, se não o principal. Cada um recrutou capangas no mercado para defender-e-atacar o outro. As acusações eram risíveis, quando consideramos que é impossível separar um do outro.

Vamos nos ater as defesas, porque atacar é muito fácil (clique aqui para ler sobre um, e aqui para ler sobre o outro, num esforço hercúleo de reportagem do R7, lembrem-se).

A começar, a oposição: clamaram não sei quantas vezes para que ignorássemos o passado. Mesmo. Foi esse um dos principais argumentos utilizados: que não adianta admirar o leite derramado, que o novo velho candidato apareceu regenerado, pronto para outra, orientado por assessores profissionais, visionários. Tudo o que aconteceu antes deveria ser esquecido. Não importando o simples fato de que a gestão do senhor Bozikis tenha se encerrado logo ali em 2009. Isso: 2009, neste século, não em 1926 ou 1948. Estavam falando de um passado tão distante como 2009. Mesmo nos tempos de reação imediata para tudo, ao vivo e pra agora, gente, quem vai realmente dizer que “quatro anos atrás” significa algo?

(Ok, se você tiver de 20 a 22 anos, tudo é muito compreensível, ninguém se lembra mais de nada, e estamos conversados.)

Da situação, do pouco que disseram (no ar, com gravador ligado), era basicamente algo como “convênio com Ministério do Esporte + quadras novas + classificação e quinto lugar olímpicos = nota 10, reeleição”. E ponto final, porque nunca houve espaço para debate.

Em confissão pública: nunca busquei uma entrevista com Carlos Nunes e descartei a possibilidade de falar com Grego. Francamente? Não valeria de nada, uma vez que, para o colégio eleitoral, “é-assim-que-as-coisas-funcionam”. Grego durou 12 anos no cargo a despeito de toda sua incompetência, oras.

Os eleitos

“O presidente Carlos Nunes e o vice-presidente Reginaldo Senna no momento que foram reeleitos”. Ô alegria

A eleição da CBB está restrita a 27 presidentes de confederações. O bolo fica maior a cada temporada, com aporte público, e apenas 27 cidadãos podem decidir o que será feito das fatias. Já não é o sistema ideal, está longe disso, mas é o que temos. E, nesse ambiente que, desde 1997, elege Grego ou Nunes, quem vai topar entrar para concorrer? Quem tem estômago para conversar com os 27 presidentes de federações que choram (ou não, ou não, ou não) o ano todo pelas amarguras des suas regiões, mas que, na hora do voto, se contentam (divertem? corroboram? sofrem mesmo?) com a pasmaceira?

Entre Grego e Nunes, não há como apontar o “menos pior”.

A coisa já tava preta mesmo. E os senhores supracitados não fazem, nem topariam fazer nada para mudar isso. É o que temos, o que somos.

Um sistema precário de eleição que inibe qualquer tentativa de sopro.

*  *  *

Houve um certo suspense na eleição desta terça-feira, uma vez que a confederação maranhense  conseguiu uma liminar na Justiça do Rio para inviabilizar o pleito, alegando, coerentemente, que não haveri tempo hábil para avaliar a quantas andava a gestão da CBB. Porque, vocês sabem, Carlos Nunes havia armado todo tipo de armadilha para blindar seus, supostamente, brilhantes resultados. Uma atitude que deu para entender como: se você quisesse avaliar as contas, o balanço, teria de marcar horário; isto é: “Se você quer aprontar uma, que identifique-se como opositor, meu irmão camarada, e arque com as consequências”. Então não deixa de ser irônico que a eleição fosse adiada por algumas horinhas por intervenção  o tapetão: afinal, o processo como um todo já havia começado com censura, com restrições mais do que pontuais. Jornalistas só poderiam ter acesso ao capítulo final, a contagem de votos, e olhe lá. Se ao menos ganharam um copo d’água e biscoitos de maizena, não tenho como confirmar.

*  *  *

Sim, toda a gestão de Carlos Nunes se baseou em um só fato: resultados no esporte de alto padrão. Contratou Magnano, levou o time principal masculino aos Jogos depois de 16 anos, e que se danasse todo o 99% de que se espera de uma plataforma, mesmo a derrocada da seleção feminina. Então, se resultado é ralmente o que vale, os coordenadores André Alves, Vanderlei e Hortência estão, desde já, que se preparem: estão na mira. Mas, mais importante, quando chegarmos aos arredores de 2016 (na verdade, estamos quase lá já, não?), que não se perca de vista outra questão: uma gestão de confederação brasileira deve ser avaliada apenas por aspirações olímpicas imediatas? Ou conta mais um progresso, no termo da moda, sustentável?

 *  *  *

No mesmo dia em que Carlos Nunes foi reeleito, José Carlos Brunoro, chefe da equipe que coordena o marketing da CBB, estava envolvido até as tripas com a crise por que passa o futebol do Palmeiras, depois do episódio de agressão de integrantes de uma facção organizada a jogadores, em Buenos Aires. Nesse ponto, não está certo. Mas como fica a CBB? Sua empresa tem a competência necessária para conduzir, com funcionários e delegados, uma nobre (pelo esporte, claro, e não por quem governa) confederação num ciclo olímpico de Jogos no Brasil?


Grupos da Copa América definidos: ótima oportunidade para avaliar os prospectos da seleção
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Giancarlo Giampietro

Olha o Brasil aí

Olha, aqui no QG 21 tava fazendo falta, sim. Conversar sobre a seleção brasileira.

Nesta quinta-feira, a Fiba Américas divulgou a tabela da Copa América masculina de basquete, que será disputada de 30 de agosto a 11 de setembro na Venezuela. Os quatro primeiros colocados se classificam para a Copa do Mundo da Espanha em 2014.

Na primeira fase, não dá para ter apreensão alguma: num grupo de cinco times, avançam as quatro primeiras. Só não dá para tropeçar muito porque os pontos se acumulam na segunda etapa, que definirá os quatro semifinalistas – e classificados – do torneio. O Brasil encara Porto Rico, Canadá, Uruguai e Jamaica em seus quatro duelos iniciais.

Aqui de longe, ainda sem saber nada das listas, dá para arriscar dizer que o Canadá se projeta como o adversário mais complicado. Sim, mais que Porto Rico – independentemente da presença de José Juan Barea, Carlos Arroyo etc.. Agora com Steve Nash engravatado, cumprindo papel de  dirigente, a confederação canadense tem se esforçado em agrupar seus principais jogadores, tentando formar um programa realmente competitivo. Os primeiros sinais são promissores, e talento não faltará ao time, mesmo que os alas-pivôs Kelly Olynyk e Anthony Bennett, dois dos jogadores mais dominantes do basquete univeristário dos EUA nesta temporada, e o jovem armador Myck Kabongo sejam selecionados no Draft da NBA neste ano e possam, eventualmente, ter suas convocações vetadas.

Rubén Magnano, do seu canto, adota o discurso protocolar de qualquer jogo é pedreira. Conhecendo o técnico, não era de se esperar outra coisa, claro. (Isso, claro, se o argentino ainda for o comandante da seleção até lá, lembrando que a CBB passa por eleições em março. Mesmo que o candidato da oposição, o velho conhecido presente-de-Grego, tenha indicado que não haveria mudança alguma nesse sentindo, não dá para cravar como ficaria a situação, pensando muito mais em Magnano aqui. E, não, esse pequeno comentário não é uma campanha em prol do horrendo Carlos Nunes, que tem na contratação do supertécnico seu grande – e único?! – trunfo para buscar a reeleição.)

“Não será uma competição fácil e não podemos descuidar de nenhum adversário. Enfrentaremos nossos rivais mais difíceis na sequência. A estreia será contra Porto Rico, que pela capacidade e bagagem técnica é um grande candidato à classificação. Precisamos estar bem preparados para jogar e ir atrás do nosso objetivo”, afirmou o treinador. “A seleção do Canadá também é uma grande equipe e tem muito potencial. Mas precisamos saber antes de fazer uma análise mais completa quais os jogadores irão representar seu país, pois eles trocam bastante a cada ciclo os jogadores. O mesmo serve para o Uruguai que dependerá dos jogadores que vão atuar, mas com certeza será um jogo difícil. A Jamaica não é tão difícil quanto os demais, mas não podemos descuidar de nenhum adversário.”

Um pouco de blablabla.

O Uruguai realmente tem jogadores muito interessantes, com o pivô Esteban Batista, os armadores Gustavo Barrera, Jayson Granger e o veterano Martín Osimani etc. A Jamaica também pode até contar com o grandalhão Roy Hibbert, do Indiana Pacers, o pivô Samardo Samuels e Patrick Ewing Jr. Mas não dá para esperar perrengue algum contra esses dois times se o Brasil praticar um basquete minimamente consistente.

*  *  *

Na outra chave estão: Argentina, República Dominicana, México, Paraguai e Venezuela. México e Paraguai são as babas.

Avaliando as dez equipes participantes, em teoria apenas seis brigam por vaga, em ordem alfabética: Argentina, Brasil, Canadá, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela Quem chegará mais forte que o outro? Aí, sim, é impossível dizer. Tudo depende de quem vai dizer sim a seus técnicos.

*  *  *

Para Magnano, as notícias que já vieram dos Estados Unidos não são boas, sabemos:

– O argentino já sabe que não vai poder contar com Leandrinho, que ainda vai estar em recuperação de uma cirurgia no joelho.

– Anderson Varejão hoje é, na melhor das hipóteses, uma incógnita. Ele é outro que não vai terminar a temporada regular da NBA jogando, afastado devido a um coágulo detectado em seu pulmão direito. O pivô já deixou o hospital, visitou os companheiros de Cavs, mas a estimativa inicial era de que ele ainda passaria por tratamento até maio. Se ele vai estar pronto em agosto, física e/ou espiritualmente, é uma dúvida tão grande quanto sua cabeleira – e raça em quadra.

– Ainda em atividade, Nenê jogou as Olimpíadas no sacrifício, algo que implicou em mais uma temporada acidentada na liga norte-americana, agora vestindo a camisa do Washington Wizards. Será que ele topa emendar mais uma vez suas férias?

Tiago Splitter e o San Antonio Spurs esperam sinceramente que ainda estejam em quadra em meados de junho, nas finais da NBA.

– Fabrício Melo consegue jogar na D-League, tem potencial físico, mas ainda está longe de ser um jogador de impacto em partidas decisivas, de peso, como teremos na Copa América. Caso não seja envolvido em alguma troca durante o próximo Draft, em junho, certamente estará em ação pelo Celtics nas próximas ligas de verão em julho.

– Scott Machado ainda não conseguiu retomar o caminho da NBA depois de ser dispensado pelo Houston Rockets. Conseguindo ou não uma nova chance na liga principal, também deve participar dos torneios de verão norte-americanos. Para quando será que Magnano vai marcar sua apresentação?

Mas calma, gente. Nem tudo está perdido.

*  *  *

Mesmo se não puder contar o sexteto que iniciou a atual temporada da NBA, Magnano ainda teria talento o suficiente para compor uma equipe de respeito, forte, para disputar a Copa América, contando com aqueles que julga os destaques do NBB – embora nem sempre os melhores de fato do campeonato nacional sejam chamados, diga-se – e com os garotos em desenvolvimento na Europa. (Desde que, claro, nenhum deles faça a transição para a liga norte-americana entre as temporadas.)

Rafael Hettsheimeir vai recuperando a melhor forma pelo Real Madrid aos poucos, Vitor Faverani tratou de fazer as pazes e é um pivô de elite na Europa, Rauzlinho ganhou minutos preciosos de Liga ACB nesta temporada, assim como Lucas Bebê, e Augusto Lima e Rafael Luz devem estar doidos para mostrar mais serviço pela seleção.

*  *  *

Muita gente pode ter se despedido de Manu Ginóbili, Andrés Nocioni e Pablo Prigioni em Londres, mas nenhum dos três anunciou oficialmente a aposentadoria da seleção argentina. Luis Scola, pelo contrário, garantiu que joga. A República Dominicana não vai contar mais com John Calipari. Sem o badalado treinador, Al Horford e Francisco Garcia vão topar o desafio? A Venezuela depende, muito, do cada vez melhor Greivis Vasquez.


Bagunça com calendário da Liga Sul-Americana contraria valores da candidatura de Grego
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Giancarlo Giampietro

Tenham calma, que a gente chega lá. Ante de chegar ao tema polêmico da vez, é necessário passar por esta introdução aqui.

Presente de Grego

CBB vai receber seu presente de grego mais uma vez?

Era uma vez o ex-presidente da CBB, candidato a voltar ao trono e presente de grego Gerasime Bozikis, que promete em sua campanha tudo, mas tudo mesmo de que a modalidade precisa no país. Não vai sobrar nada! O cartola assegura que, agora, sim, está preparado para levar o basquete a um outro patamar. Que revisou sua desastrada gestão na confederação e que teve diversas conversas por todo o Brasil para saber quais as necessidades vitais do esporte por aqui.

Detalhe: isso vindo de alguém que já havia ficado por três mandatos no poder.

O sujeito passou 12 anos no comando e diz só ter assimilado seus erros e as carências do baquete bem depois, em “momento de reflexão” situado convenientemente em um período eleitoral. Porque, quando você é presidente de uma entidade e viaja para cima e para baixo com os amigos, não sobra muito tempo para refletir, mesmo. Ainda mais quando suas bandas acontecem por aquela loucura que são os cassinos de Las Vegas.

Bem, por outro lado, talvez não precise ser tão inclementes assim, gente. Talvez todos mereçam uma segunda chance, para se redimir, aprendendo com o passado para se fazer melhores pessoas, melhores dirigentes. De modo que, renascido e revigorado, Grego propõe uma chapa guiada pelos seguintes valores:

– Ética;

– Transparência;

– Busca da Excelência;

– Gestão integrada e participativa;

– Sustentabilidade social e ambiental;

– Inovação e ousadia;

(Toca o violino com um som afinado e limpinho, enquanto os lenços são encharcados).

Bonito, né?

Aí vem o choque de realidade: se não vale falar do passado, recorremos ao presente. E o presente de Grego – não confundir com “presente-de-grego”, tá? 🙂 – é chefiar a Abasu (Associação do Basquete Sul-Americano). É a entidade responsável pela organização da Liga Sul-Americana de clubes, em convênio com a Fiba Américas.

Lucas Dias, revelação do Pinheiros

Será que pelo menos o garoto Lucas Dias conseguiria ganhar mais experiência na 2ª fase da Liga Sul-Americana?

Pois a Abasu acaba de aprontar uma daquelas: marcou um de seus quadrangulares semifinais para os dias 13, 14 e 15 de novembro, colocando o Tiburones de Vargas, da Venezuela, ao lado dos três brasileiros nesta chave. Entre eles, o Pinheiros. O mesmo que vai começar a jogar a final do Campeonato Paulista em breve, em datas que certamente vão coincidir com a competição sul-americana.

E aí faz como? Revoltado, João Fernando Rossi, dirigente do clube paulistano, já ventilou no Twitter a possibilidade de disputar o torneio internacional com seu time sub-17. “Assim, poderão ganhar experiência!”, afirma.

O Campeonato Paulista já passa por um período de interrupção bizarra neste momento, para abrir espaço para a famigerada viagem de São José até a Venezuela, com o Bauru esperando por dez dias para concluir sua série semifinal. O quinto jogo está marcado para quinta-feira, com o horário de 20h15 mantido, depois de a TV e a federação terem tentando antecipá-lo para 17h30, um horário ingrato daqueles.

Agora sabe-se lá o que vai acontecer entre os possíveis caminhos…

a) o Pinheiros se mata e joga os dois torneios, desde que as datas não coincidam?

b) o Pinheiros manda seus garotos para disputar a Liga Sul-Americana e escancara a bagunça?

c) a Federação Paulista vai congelar novamente seus jogos? E aí que se virem o NBB e os clubes paulistas mais para a frente?

d) a Abasu recua e posterga sua tabela – aliás, quais seriam as limitações de calendário por parte deles?

Enfim. Um simples movimento, a simples marcação de um quadrangular já derruba alguns dos pontos prometidos pelo candidato, que é um presente de grego.

Nada como uma “gestão integrada e participativa”, não? Apenas divulgue a programação de jogos, e que se virem.

Nada como “transparência”, hein? Tente achar o regulamento do torneio no site oficial.

E mais: os clubes foram distribuídos por região na semifinal. Quatro argentinos de um lado e a brasileirada e os tubarões venezuelanos do outro. Por quê? Já estava previsto isso? É para não correr o risco de se ter um quadrangular final só com argentinos? É para poupar dinheiro? E como as sedes são definidas? Por que não há uma mísera notinha no site para abordar essas decisões? Nada como a “excelência”, né?

De todo modo, um tópico, ainda que de modo irônico, é acertado em cheio: não deixa de ser ousado.

*  *  *

A trapalhada na marcação de jogos é até mais difícil de compreender quando consideramos que Grego estaria prejudicando um dos principais clubes da principal federação estadual do país, federação que deve ter um peso danado na eleição do ano que vem. Por que jogar contra algo deste tamanho? Não parece uma boa cartada política. Ou, talvez, nem haja uma preocupação nesse sentido, considerando que o presidente da FPB, Toni Chakmati, foi um dos principais aliados de Bozikis durante seu triplo mandato, atuando como vice-presidente.


Período pré-NBB expõe o basquete brasileiro que agoniza rumo a eleição na confederação
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Giancarlo Giampietro

Quando chegar o mês de março de 2013, Carlos Nunes, atual mandatário, e Gerasime Bozikis, nosso presente de grego, estarão completando quase um ano de campanha, tendo corrido todo o país para tentar convencer seus eleitores, os presidentes das federações estaduais, de que são a melhor opção é o que temos mesmo para presidir a CBB, e paciência.

A esta altura, espera-se que o NBB esteja pegando fogo, com o auxílio de sua principal parceira, os jogadores brasileiros na Espanha e nos Estados Unidos estarão na reta final das temporadas regulares desgastantes, e o basquete pode, superficialmente, apresentar como um produto atraente para o mercado.

O presidente talvez tenha a cara-de-pau de usar estes elementos em seu discurso, como se tivesse algum dedo seu nessa história. Já o candidato de oposição (? – fica a interrogação aqui, já que ele tinha ‘Carlinhos’ como um de seus principais articuladores) poderia resgatar como arma eleitoral o período que estamos vivendo agora, primeira semana de novembro, nestes dias de vacas magérrimas pré-campeonato nacional, não fosse ele também um dos principais responsáveis por este cenário arruinado.

Festa de Campo Mourão

Campo Mourão desbancou o Joinville de Vecchi

A trajetória do Joinville rumo ao NBB 2012-2013 serve como uma amostra do que acontece na modalidade longe da TV, aquele cenário que não tem a ver com a capacidade de Rubén Magnano como treinador ou com o dons naturais de alguns de nossos superatletas. O basquete que agoniza longe de qualquer falácia eleitoral, de propostas mirabolantes e, talvez, utópicas, considerando nosso material humano em termos de cartolagem.

Para não preparar sua equipe dependendo apenas de um Campeonato Catarinense limitado a cinco participantes (confiram o primor de regulamento), o Joinville participou do Campeonato Sul Brasileiro neste último final de semana.Seria uma bela ideia de competição, não? Um jeito de movimentar estados com potencial incrível para revelar talentos.

Mas aí você vai checar a tabela e fica sabendo que estamos falando de quatro competidores. E dale “apenas”, “só” no texto. Trata-se, então, na verdade, de um Quadrangular Sul Brasileiro – para constar, o Campo Mourão, do Paraná, venceu o time de Ênio Vecchi na última rodada e foi campeão. Não que fosse também um quadrangular extremamente equilibrado. Um dos inscritos, Caxias do Sul  terminou com saldo de 120 pontos negativos. Em três jogos.

Agora siga a pista:

1) Caxias fica no Rio Grande do Sul.

2) O presidente Carlos Nunes vem de lá.

3) Logo…

(Pausa para os comerciais.)

(Já voltamos!)

Este é apenas um caso. O Campeonato Carioca de basquete, pela participação do Flamengo e pela riquíssima tradição do estado e de sua capital na modalidade, é o que acaba sendo mais exposto ao ridículo com seus quatro participantes, dois deles figurantes. Mas o que dizer do Campeonato Mineiro, que conta com cinco integrantes só porque o Minas Tênis decidiu inscrever seu time principal e sua equipe sub-22 ao mesmo tempo? E o que dizer do Campeonato Capixaba? Cliquem aqui, vejam a classificação e tentem entendê-la. Para não falar da Liga de Basquete Feminina,  em que, com a saída de Blumenau, apenas seis clubes estão no páreo. É a liga nacional feminina, gente. Tenha dó.

Reforço via Cuba

O ala-armador cubano Allen Jemmott é um dos reforços que o novo técnico de Vila Velha tem para entrosar com poucas semanas de treino

Os problemas não se resumem também ao mundo além das fronteiras do NBB. O Cetaf/Vila Velha anunciou como reforço há pouco o pivô Rodrigo César, ex-Minas e Uberlândia. Ele é o nono jogador a ser contratado visando o campeonato nacional. O que quer dizer que ainda faltam três semanas para o início da competição, e a equipe não tem um elenco formado para o técnico Daniel Wattfy, outro recém-contratado, dirigir. “Nunca trabalhei com nenhum dos jogadores já contratados pelo Vila Velha. Então o desconhecimento é geral. Mas vamos tentar dar um mínimo padrão de jogo até a estreia. O time terá de se ajustar ao longo do campeonato, não tem jeito”, diz o treinador.

“Os jogadores precisam estar empenhados, cada treino precisa ser útil. O fundamental é fazer o simples nos primeiros jogos, dentro da nossa capacidade. Temos que ver como está a adaptação dos estrangeiros. Sabemos que a última temporada foi dura para o clube, mas vamos tentar subir alguns degraus, encarando as equipes intermediárias, porque as líderes já seria mais difícil. Venho de um trabalho semelhante no América (de São José do Rio Preto), em que também enfrentamos equipes de muito mais investimento e fomos competitivos”, prossegue. “Mas estamos otimistas, com uma expectativa boa.”

Nas entrelinhas, o discurso oferece um contexto bem adverso para justificar qualquer otimismo por parte do treinador. Mas Wattfy é o comandante do barco, precisa confiar em seu trabalho e tem de motivar seus jogadores de alguma maneira. Não dá para entrar numa luta já com o discurso derrotista, ué.

Difícil, mesmo, é encontrar otimismo para rever as questões de ordem maior.


O dia em que o Vasco da Gama e Mingão encararam o Spurs e as Torres Gêmeas
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Giancarlo Giampietro

Uma coisa vai levando a outra, e a outra, e a outra, navegando, e de repente pinta algo inesperado. Estava assistindo ao “Pontapé Inicial” da ESPN Brasil, passaram os gols de um duelo antigo entre Vasco e Internacional pelo Brasileirão, me deu vontade de acessar uma lista de jogadores históricos vascaínos, caí no verbete do clube na Wikipedia em inglês e lá, em meio a muitos e outros tópicos, havia o de “outros esportes” (que não o futebol). E, neste tópico, uma recordação bem legal que, admito, estava esquecida aqui na caixola: que no basquete o Vasco foi o primeiro time brasileiro a encarar um rival de NBA.

Foi em 1999, em Milão, pelo extinto McDonald’s Championship, que funcionava como uma espécie de campeonato mundial, de dois em dois anos. Naquele ano, o clube carioca entrou em uma fase preliminar, na qual bateu o Adelaide 36ers por 90 a 79. Nas semifinais, conseguiram uma bela vitória sobre o Zalgiris Kaunas, tradicionalíssima fábrica de craques lituanos, por 92 a 86, na prorrogação. Então na decisão se depararam com o San Antonio Spurs e suas “Torres Gêmeas” – o jovem Tim Duncan e o veterano David Robinson. Não deu muito jogo para o time dirigido pelo porto-riquenho Flor Meléndez: 103 a 68.

É claro que o YouTube teria um compacto da partida nos esperando. No vídeo abaixo, em transmissão também da ESPN (narração de Milton Leite e comentários do Zé Boquinha), vocês podem ver Demétrius, Charles Byrd, Rogério Klafke, Janjão, Vargas, Sandro Varejão, Aylton Tesch e o… Mingão! Baita saudade do Mingão, daqueles clássicos malucos entre os cariocas nos anos 90. Pelo Spurs, tem Avery Johnson, Terry Porter, Mario Elie, Steve Kerr, Antonio Daniels e mais. Confiram:

 

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Outro vínculo óbvio do Vasco com a NBA é o pivô Nenê. O paulista de São Carlos estava jogando pela equipe cruzmaltina quando decidiu largar tudo e partir para uma aventura até então inédita por aqui: ir para os Estados Unidos e passar alguns meses em preparação específica para o Draft da NBA. Guiado por seu ex-agente Michael Coyne, ele ficou em um ginásio no estado de Ohio, trabalhando seu físico já respeitável e a técnica. Acabou selecionado na sétima posição, pelo New York Knicks, mas a mando do Denver Nuggets, envolvido em uma troca por Antonio McDyess. Para liberar o pivô, no entanto, o Vasco exigiu o pagamento de multa rescisória, mesmo que estivesse devendo meses de salário para o jogador. A CBB, na época gerida por um presente de grego, intercedeu a favor do clube. Essa foi a origem das divergências entre Maybyner Hilário e Gerasime Bozikis, aquele que tenta retomar o poder em 2013. Afe.


Discurso do candidato Grego distorce campanhas das seleções brasileiras
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Giancarlo Giampietro

Não faz tanto tempo assim, gente. São quatro anos só que separaram Gerasime Bozikis, nosso presente de Grego, da presidência da CBB. De modo que quem acompanhou para valer sua gestão não se esqueceu de nada. Então pega mal pacas quando você lê a entrevista do candidato ao R7 e dá de cara com aberrações com esta aqui: “Por falta de uma melhor comunicação e de um fluxo contínuo de informações para a mídia e a comunidade do basquete, acabaram ganhando corpo várias críticas que na realidade não procediam. Creio que o saldo é extremamente positivo”.

Presente de Grego

CBB vai receber seu presente de Grego mais uma vez?

(Como se falta de comunicação, numa confederação nacional, já não fosse um defeito gravíssimo, mas bora lá.)

O saldo positivo de que fala Bozikis seria no lado competitivo da CBB e suas seleções durante sua administração. Que foram tantos títulos e façanhas que não tínhamos do que reclamar. Fala sério, difícil saber até por onde começar.

Melhor, então, rebater ponto a ponto:

Levamos a seleção feminina a todas as Olimpíadas e conquistamos uma medalha de bronze  em Sydney 2000, porém, não tivemos a mesma performance com a seleção masculina, fato que felizmente aconteceu em Londres 2012.
>> Em 2000, jogadoras como Janeth, Alessandra, Helen ainda estavam no auge – ou muito perto disso. Ser medalhista com essa turma é uma coisa. Ser medalhista com o que levamos a Londres é outra. O fato de a seleção feminina ter chegado esfacelada aos últimos Jogos é produto da incompetência da gestão de Hortência no departamento, mas também diz muito sobre o trabalho de base feito na gestão anterior, não? Afinal, eles jogaram com as veteranas até elas não poderem mais, enquanto nenhuma transição era feita. Sobraram Iziane, Adrianinha e não muito mais que isso para ciclo olímpico 2009-2012.

Mas, se prestarmos atenção, nas equipes brasileiras masculinas que disputaram os Pré Olímpicos de 2003/P.Rico e 2007/Las Vegas, onde enfrentamos os EUA (o que não aconteceu ano passado) e fomos eliminados, nove dos atletas que disputaram as Olimpíadas estavam lá, inclusive o Nenê.
>> Tá… Mas e daí? O que isso tem a ver com alguma coisa? O quê? Não vai o Grego querer dizer que sua CBB foi a responsável pela cultivação de Leandrinho, Nenê, Huertas, Splitter e toda essa galera, né? E, pior: se nove dos atletas que jogaram em Londres estavam em seu time, o que aconteceu de errado para eles não se classificarem? Oi? Cadê o mérito a ser destacado na declaração do ex-presidente? De novo: oi??? E vale esmiuçar este trecho aqui:

Nájera, do México

Pega leve, Nájera: mexicanos na frente

Onde enfrentamos os EUA (o que não aconteceu ano passado) e fomos eliminados.”
>> Isso é verdade. O presente de Grego teve o azar de a USA Basketball desandar justamente durante seu reinado na confederação brasileira. De todo modo, não custa lembrar que em 2003, não foi apenas atrás dos EUA que o Brasil ficou no Pré-Olímpico. Na verdade, a seleção terminou em SETIMO naquele torneio, atrás também de Argentina, Porto Rico, Canadá, Venezuela e, não obstante, o México. Ai, caramba! Em 2007, ao menos livramos nossa honra e superamos canadenses, venezuelanos e mexicanos para terminar em QUARTO. Ou seja: matematicamente, não foi só a presença dos EUA nos torneios que tirou os rapazes das Olimpíadas. Agora, calma, que tem muito mais…

Vencemos vários PAN-AMERICANOS, COPAS AMÉRICAS, Sul-americanos nas diversas categorias Feminino e Masculino, 2° no Mundial Sub 21 Fem e 4° no Mundial Sub 19 Masc.”
>> Vixemaria. Respirando fundo, tomando um baita fôlego, vamos lá: o Brasil ganhou Pans e Copas Américas! Explêndido, né? Torneios que muitas vezes os mesmos EUA supracitados nem disputavam! Ou disputavam com a molecada da universidade! Torneios dos quais Ginóbili, Nocioni, Oberto e outros craques argentinos passavam longe! E o Brasil escalando quase tudo o que tinha de melhor, com a exceção de Nenê. Vejam, por exemplo, o elenco brasileiro campeão da Copa América de 2005. Agora confiram a Argentina num raro momento em que eles não contaram nem mesmo com Scola e Prigioni. Porto Rico não tinha Arroyo, Barea e Santiago. Etc. Etc. Etc. Sobre o vice-campeonato mundial sub-21 feminino, basta dizer que esta é uma das histórias mais tristes que temos: boa parte daquela equipe já está FORA do esporte.

Também organizamos 2 mundiais FIBA no Brasil (S.Paulo e Natal) e criamos o Campeonato Feminino, a Escola Nacional de Treinadores, o Basquete do Futuro Eletrobrás.”
>> Ah, verdade: o Mundial feminino de 2006! Aquele que não tinha público durante a semana, sofria com as goteiras do Ginásio do Ibirapuera, deixando o secretário da Fiba pê da vida. Esse mesmo. Foi uma bela tacada trazê-lo para cá, não há dúvida, mas sua precária realização foi inesquecível. A Escola Nacional de Treinadores, convenhamos, não tem influência positiva alguma sobre nada do que acontece no Brasil – mas sejamos justos: isso também não é culpa do candidato. Do Basquete do Futuro… Nem sei o que dizer. Porque é outro programa que  tem pompa, soa bonito, mas sem resultados práticos divulgados.

Nacional masculino de basquete 2006

Nezinho faz a bandeja por Ribeirão no campeonato que não teve um campeão: profissionalismo

Olha, a gente podia continuar com este exercício até amanhã. Todas essas réplicas aqui foram a apenas uma resposta de Bozikis.

Ele ainda se orgulha de ter profissionalizado o Nacional masculino de basquete, por exemplo. Aí você consulta ao Google só pra testar a memória e dá de cara com a seguinte frase no verbete da edição de 2006 na Wikipedia: “O 17º Campeonato Nacional Adulto Masculino de Basketball não teve campeão”. Mais direto impossível, né? 🙂

Ele ainda se orgulha de ter criado o “comitê de clubes”, num gesto tão democrático que emociona. “Passamos a direção para a LIGA NACIONAL de BASQUETE (LNB) no momento certo e de forma correta”. Atente para “momento certo e de forma correta”, frase que também pode ser lida como “demorei horrores para largar o osso”. Era para o NBB já ter sete, oito anos de disputa.

E por aí vamos até saber que  o candidato tem três palavrinhas mágicas para sua chapa: “la disciplina, la unión, lo trabajo, lo profissionalismo…” Ops, brincadeirinha. Sao estas aqui: reflexão, modernização e transparência.

Em termos de reflexão, realmente temos muito que fazer a respeito.

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Em tempo, um ponto importante que não pode passar em branco. Para vender sua campanha, o presente de grego enfatiza, entre outros tópcos, os seguintes: “Desenvolver um novo projeto de gestão empresarial para a CBB com a participação dos Presidentes das Federações” e “Aoiar as Federações economicamente na sua estruturação e dar o suporte necessário”. São os preidentes das federações que elegem o próximo mandatário da CBB.

Ah, tá. Faz sentido.

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Em tempo: não venham vocês acharem que o blogueiro tem uma quedinha pelo atual presidente da CBB, Carlos Nunes, que busca a reeleição. Cliquem aqui, por favor.


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