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Período pré-NBB expõe o basquete brasileiro que agoniza rumo a eleição na confederação
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Giancarlo Giampietro

Quando chegar o mês de março de 2013, Carlos Nunes, atual mandatário, e Gerasime Bozikis, nosso presente de grego, estarão completando quase um ano de campanha, tendo corrido todo o país para tentar convencer seus eleitores, os presidentes das federações estaduais, de que são a melhor opção é o que temos mesmo para presidir a CBB, e paciência.

A esta altura, espera-se que o NBB esteja pegando fogo, com o auxílio de sua principal parceira, os jogadores brasileiros na Espanha e nos Estados Unidos estarão na reta final das temporadas regulares desgastantes, e o basquete pode, superficialmente, apresentar como um produto atraente para o mercado.

O presidente talvez tenha a cara-de-pau de usar estes elementos em seu discurso, como se tivesse algum dedo seu nessa história. Já o candidato de oposição (? – fica a interrogação aqui, já que ele tinha ‘Carlinhos’ como um de seus principais articuladores) poderia resgatar como arma eleitoral o período que estamos vivendo agora, primeira semana de novembro, nestes dias de vacas magérrimas pré-campeonato nacional, não fosse ele também um dos principais responsáveis por este cenário arruinado.

Festa de Campo Mourão

Campo Mourão desbancou o Joinville de Vecchi

A trajetória do Joinville rumo ao NBB 2012-2013 serve como uma amostra do que acontece na modalidade longe da TV, aquele cenário que não tem a ver com a capacidade de Rubén Magnano como treinador ou com o dons naturais de alguns de nossos superatletas. O basquete que agoniza longe de qualquer falácia eleitoral, de propostas mirabolantes e, talvez, utópicas, considerando nosso material humano em termos de cartolagem.

Para não preparar sua equipe dependendo apenas de um Campeonato Catarinense limitado a cinco participantes (confiram o primor de regulamento), o Joinville participou do Campeonato Sul Brasileiro neste último final de semana.Seria uma bela ideia de competição, não? Um jeito de movimentar estados com potencial incrível para revelar talentos.

Mas aí você vai checar a tabela e fica sabendo que estamos falando de quatro competidores. E dale “apenas”, “só” no texto. Trata-se, então, na verdade, de um Quadrangular Sul Brasileiro – para constar, o Campo Mourão, do Paraná, venceu o time de Ênio Vecchi na última rodada e foi campeão. Não que fosse também um quadrangular extremamente equilibrado. Um dos inscritos, Caxias do Sul  terminou com saldo de 120 pontos negativos. Em três jogos.

Agora siga a pista:

1) Caxias fica no Rio Grande do Sul.

2) O presidente Carlos Nunes vem de lá.

3) Logo…

(Pausa para os comerciais.)

(Já voltamos!)

Este é apenas um caso. O Campeonato Carioca de basquete, pela participação do Flamengo e pela riquíssima tradição do estado e de sua capital na modalidade, é o que acaba sendo mais exposto ao ridículo com seus quatro participantes, dois deles figurantes. Mas o que dizer do Campeonato Mineiro, que conta com cinco integrantes só porque o Minas Tênis decidiu inscrever seu time principal e sua equipe sub-22 ao mesmo tempo? E o que dizer do Campeonato Capixaba? Cliquem aqui, vejam a classificação e tentem entendê-la. Para não falar da Liga de Basquete Feminina,  em que, com a saída de Blumenau, apenas seis clubes estão no páreo. É a liga nacional feminina, gente. Tenha dó.

Reforço via Cuba

O ala-armador cubano Allen Jemmott é um dos reforços que o novo técnico de Vila Velha tem para entrosar com poucas semanas de treino

Os problemas não se resumem também ao mundo além das fronteiras do NBB. O Cetaf/Vila Velha anunciou como reforço há pouco o pivô Rodrigo César, ex-Minas e Uberlândia. Ele é o nono jogador a ser contratado visando o campeonato nacional. O que quer dizer que ainda faltam três semanas para o início da competição, e a equipe não tem um elenco formado para o técnico Daniel Wattfy, outro recém-contratado, dirigir. “Nunca trabalhei com nenhum dos jogadores já contratados pelo Vila Velha. Então o desconhecimento é geral. Mas vamos tentar dar um mínimo padrão de jogo até a estreia. O time terá de se ajustar ao longo do campeonato, não tem jeito”, diz o treinador.

“Os jogadores precisam estar empenhados, cada treino precisa ser útil. O fundamental é fazer o simples nos primeiros jogos, dentro da nossa capacidade. Temos que ver como está a adaptação dos estrangeiros. Sabemos que a última temporada foi dura para o clube, mas vamos tentar subir alguns degraus, encarando as equipes intermediárias, porque as líderes já seria mais difícil. Venho de um trabalho semelhante no América (de São José do Rio Preto), em que também enfrentamos equipes de muito mais investimento e fomos competitivos”, prossegue. “Mas estamos otimistas, com uma expectativa boa.”

Nas entrelinhas, o discurso oferece um contexto bem adverso para justificar qualquer otimismo por parte do treinador. Mas Wattfy é o comandante do barco, precisa confiar em seu trabalho e tem de motivar seus jogadores de alguma maneira. Não dá para entrar numa luta já com o discurso derrotista, ué.

Difícil, mesmo, é encontrar otimismo para rever as questões de ordem maior.


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