Vinte Um

Arquivo : Nocioni

Brasil x Argentina: o clássico em números
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Neste domingo, tem Brasil x Argentina pela Copa do Mundo de basquete (17h no horário de Brasília). Acho que vocês já sabem, né? Seguem então alguns links relacionados ao jogo e, logo abaixo, um apanhado de números da história recente dos confrontos:

161 – minutos Luis Scola passou em quadra nas primeiras cinco rodadas do campeonato (32,2). Foi o quinto que mais jogou, atrás de Andray Blatche (Filipinas), Gorgui Dieng (Senegal), Bojan Bogdanovic (Croácia) e Samad Nikkah Bahrami (Irã).

116 – já Leandrinho foi aquele que ficou menos tempo sentado no banco brasileiro, com 116 minutos (23,2) de ação, apenas 63ª maior média do torneio.

77,7% – é o aproveitamento da Argentina contra o Brasil com Luis Scola em quadra, em nove jogos desde o Mundial 2002. Foram sete vitórias (Mundial 2002, Copa América 2003, 2 na Copa América 2007, Mundial 2010, Copa América 2011 e Olimpíadas 2012) e duas derrotas (Copa América 2009 e 2011).

Huertas, efetivado como titular com Moncho, numa rara vitória sobre Argentina de Scola (2009)

Huertas, efetivado como titular com Moncho, numa rara vitória sobre Argentina de Scola (2009)

37 – no Mundial da Turquia 2010, Scola arrebentou a defesa brasileira com 37 pontos, numa atuação verdadeiramente histórica (recorde individual de seu país no torneio). Sabe quantos minutos ele descansou na ocasião? Um. Apanhou ainda nove rebotes, deu três assistências e matou 14 de seus 20 arremessos, para um aproveitamento absurdo de 70%.

Hettsheimeir brilhou em 2011. Pivô é o segundo mais jovem da seleção hoje aos 28 anos

Hettsheimeir brilhou em 2011. Pivô é o segundo mais jovem da seleção hoje aos 28 anos

31 – anos é a idade média do elenco brasileiro, o mais velho do torneio. Apenas três de seus atletas estão abaixo dos 30 (Raulzinho, o caçula, com 22, Hettsheimeir, 28, e Splitter, 29). A média de idade argentina é de 28 anos, com sete atletas abaixo dos 39 (o mais jovem é o pivô Matías Bortolín, de 21 anos, que jogou apenas quatro minutos no torneio até aqui).

21,6 – A média de pontos de Scola neste Mundial. É o cestinha argentino e também o cestinha entre os atletas que ainda estão vivos na disputa por pódio. José Juan Barea, estrela de Porto Rico, anotou 22 pontos por jogo na 1ª fase, mas já está eliminado.

19 – os pontos de Rafael Hettsheimeir na última vitória brasileira no clássico, em Mar del Plata 2011, uma atuação marcante e surpreendente, em 22 minutos. Na atual Copa do Mundo, o pivô perdeu espaço na rotação e anotou só 13 pontos no total, em 59 minutos. Huertas anotou 17 pontos naquele jogo, seguido pelos 14 de Marquinhos e outros 13 de Giovannoni.

18 – maior pontuador do Brasil na primeira fase, com 13,6 em média, Leandrinho foi apenas o 18º na lista de anotadores da fase de grupos, numa prova de um ataque dissipado para a seleção – não há concentração nas mãos de um só atleta.

Splitter tinha apenas 17 anos em 2002, para seu primeiro Brasil x Argentina. Jogou 2 minutos

Splitter tinha apenas 17 anos em 2002, para seu primeiro Brasil x Argentina. Jogou 2 minutos

10 – atletas das seleções jogam ou já jogaram partidas oficiais na NBA: seis brasileiros (Alex, Marquinhos, Leandrinho, Varejão, Splitter e Nenê) e quatro argentinos (Nocioni, Herrmann, Scola e Prigioni). O armador Raulzinho já foi draftado no ano passado pelo Utah Jazz.

9 – jogadores vão disputar a próxima temporada do NBB: Alex, Marcelinho, Marquinhos, Hettsheimeir, Larry, Giovannoni, Herrmann, Laprovíttola e Marcos Mata. O Flamengo tem quatro deles, enquanto o Bauru aparece com três.

8 – o primeiro confronto de mata-mata entre as duas gerações aconteceu no Mundial de 2002, Indianápolis, pelas quartas de final. E não é que, 12 anos depois, oito atletas que estiveram em quadra naquele dia 5 de setembro estão listados para o jogo deste domingo? Diz muito sobre a (falta de) renovação de ambos os times. Pela Argentina, Luis Scola, Andrés Nocioni e Leo Gutiérrez. Pelo Brasil, uma penca: Alex, Marcelinho, Anderson Varejão, Splitter e Giovannoni. Se Leandrinho tivesse saído do banco, seriam nove. O cestinha brasileiro naquela ocasião é hoje diretor de seleções da CBB: Vanderlei Mazzuchini (20 pontos).l

4,5 – a média de pontos das vitórias argentinas nos últimos dois confrontos entre as seleções.

4 – por quatro temporadas, Scola e Splitter foram companheiros de clube, no Saski Baskonia, da Liga ACB. São amigos de longa data. Juntos, ganharam a Copa do Rei em duas ocasiões (2004 e 2006). Já o armador Pablo Prigioni acompanhou o pivô catarinense por seis temporadas.

3 – a Argentina ocupa a terceira posição no Ranking da Fiba vigente. O Brasil aparece em décimo.

 


O 3º dia da Copa do Mundo: Thrilla in Sevilla
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só. Com metade do evento de volta, a caga diminuiu um pouco, mas, ainda assim, foram 6 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a derrota brasileira para a Espanha, clique aqui.

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Vocês já ouviram falar do Thrilla in Manila, né? Foi quando Muhammad Ali and Joe Frazier se enfrentaram pelo título dos pesos pesados na capital filipina, em 1975, que passou a ser conhecido desta forma graças a tudo o que Ali tinha de verve. Foi definida a favor do mítico boxeador, ao final do 14º assalto, sendo talvez a luta mais famosa de todos os tempos. Na Copa do Mundo, as Filipinas não chegam a ser nenhum peso pesado, é verdade. Só perderam até agora, mas não se cansam de nos entreter. Enquanto isso, Senegal partiu para cima dos grandes, a Grécia está classificada para as oitavas de final e Porto Rico, sem Arroyo lesionado, virou uma draga que só. Vamos nessa:

O jogo do dia: Argentina 85 x 81 Filipinas
Não só o melhor jogo do dia, mas também o mais divertido de todo o campeonato. Foi uma coisa alucinante em Sevilha, com os argentinos sofrendo horrores para garantir a segunda vitória no Grupo B. Veteranos como Scola, Nocioni e Prigioni simplesmente não conseguiam lidar com a equipe mais heterodoxa da paróquia. “É o time mais maluco e estranho que já enfrentei na minha carreira”, sintetizou o técnico Júlio Lamas, que já beira os 30 anos de engajamento com a profissão.

As coisas ficaram realmente malucas a partir do momento em que o norte-americano naturalizado Andray Blatche cometeu a segunda falta logo no início do primeiro quarto. Pendurado, foi para o banco. A partir daí, vimos diversos quintetos dominados por tampinhas, um monte de gente abaixo ou um tico acima dos 1,80 m, mesmo, criando um estardalhaço que só. Descobriram que podiam jogar muito bem, obrigado, sem o cara da NBA. Com muita velocidade, botavam pressão em qualquer defensor da Argentina, um dos times mais lentos do Mundial, isso se não for o mais lerdo, mesmo. É um conjunto bem singular o de Lamas, aliás: não são nem altos e fortes, nem baixos e velozes. Ficam no meio termo, vulneráveis a diferentes estilos. Os argentinos não conseguiram defender uma série de jogadas básicas com corta-luz na linha de três e foram castigados: Jimmy Alapag converteu 5/7 no seu bombardeio, seguido por 4/8 de Ranidel De Ocampo e 3/5 de Jayson William.

(Embora o ataque deles não tenha sido feito só de arremessos, conforme Marcos Mata, o mais novo francano, pode atestar:)

Nocioni (que depois se redimiria no último minuto, pegando dois rebotes ofensivos seguidos e convertendo lances livres) e Herrmann passaram um bom tempo em quadra sem saber o que fazer na defesa, tendo de correr atrás dos baixotinhos no perímetro e tomando cortes e bombas de três na cabeça. Aliás, choveu cesta de fora, com os hermanos também usando desse artifício diante das quebras defensivas que a mera presença de Scola causava no garrafão. Ele pede a dobra, e as rotações filipinas simplesmente não davam conta. O já legendário camisa 4 também lidou com problemas de faltas, mas foi decisivo nos bons momentos de sua equipe, com 19 pontos (7/12), 7 rebotes e 4 assistências em 32 minutos. O flamenguista Nícolas Laprovíttola, estreando na competição também foi muito bem, com 10 pontos e 4 assistências e bom papel defensivo, assim como Mata, com 17 pontos (5/7 nos três pontos, completamente livre) e 9 rebotes. O ala também foi o responsável por anular a última posse de bola dos asiáticos. De Ocampo saltou para o chute de três, buscando o empate, mas foi desencorajado pela pressão do defensor. Acabou caindo sem soltar a bola, cometendo uma andada infantil.

O climão também valeu, com participação empolgante do público. Ginásio lotado e dividido realmente entre duas torcidas, com os filipinos, claro, em maior número para apoiar os Smart Gilas, mas encarando uma galera argentina apaixonada por El Alma.

A surpresa: Senegal!!!
O Irã bem que tentou derrubar a Sérvia, mas acabou derrotado por 83 a 70. Então a zebra fica para eles de novo, gente: a rapaziada de Senegal agora aprontou para cima da Croácia, triunfando por 77 a 75, depois de ter batido Porto Rico na véspera. Eu realmente não esperava escrever uma frase dessas, mas cá está. Os africanos lideraram praticamente a partida toda, resistindo a uma pressão balcânica nos minutos finais. Krunoslav Simon teve a chance de empatar o jogo, mas arriscou um chute completamente despropositado (mais abaixo). O pivô Gorgui Dieng, já um forte candidato a quinteto do torneio, foi novamente dominante, com 27 pontos, 8 rebotes, 3 assistências e 2 tocos, mais 8/14 nos arremessos – Nikola Pekovic que se prepare: o Timberwolves já deve estar tentando negociá-lo. Essa foi a apenas a quarta vitória senegalesa na história dos Mundiais, e a classificação está praticamente definida (vai depender muito do confronto direto com as Filipinas). Deve ser muito legal jogar no Senegal.

Dieng, uma revelação até aqui

Dieng, uma revelação até aqui

Alguns números
91,6% –
Aproveitamento nos lances livres de Gorgui Dieng por Senegal nesta rodada. Sim, pivô também sabe bater lance livre, ao contrário do que dizem por aí.

65 – Foi a soma de arremessos de três pontos no confronto entre Argentina e Filipinas, com 43% de acerto.

31 – Assistências a França somou em sua vitória sobre o Egito, que valeu para a surra do dia (94 a 55). Detalhe: 31 assistências para 38 cestas de quadra. Isto é, apenas sete investidas francesas foram consideradas individuais o bastante para não terem o passe anterior computado na tabela de estatística da Fiba. No total, dez atletas deram ao menos uma assistência, liderados pelas oito de Thomas Heurtel, armador do Baskonia. Solidarité.

13 – É a série de vitórias que a Espanha tem com Pau Gasol em quadra em jogos de Mundial. A última vez que a Roja perdeu com seu supercraque aconteceu na edição de 2002, diante da Alemanha de um ainda jovem Dirk Nowitzki.

9 – Aliás, foi logo na partida seguinte que os caras desandaram a vencer. O primeiro obstáculo superado? Justamente o Brasil. Do jogo disputado em Indianápolis 12 anos atrás, nove atletas estão presentes nos elencos de hoje: Calderón, Navarro, Gasol, Reyes, Alex, Leandrinho, Giovannoni, Varejão e Splitter. Marcelinho estava lesionado.

Andray Blatche: contagem de arremessos
51! – Conforme relatado acima, não foi um dia produtivo para o pivô mais filipino da Copa, e seu agente não deve ter gostado nem um pouco. Blatche tentou apenas nove arremessos nesta segunda, em 24 minutos, depois de 42 durante o final de semana. É. Uma lástima, mesmo. O ala De Ocampo teve a audância, vejam só, de arriscar 14 arremessos! De qualquer forma, contra um time baixinho como o argentino, conseguiu pontuar com eficiência, com 14 pontos. Aproveitou também o tiroteio promovido por seus companheiros para apanhar 15 rebotes. Neste quesito, lidera todo o campeonato até agora, com média de 13,7.

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foi dia de festa e alegria! Depois que os gregos abriram 19 pontos de vantagem no primeiro tempo, o emergente treinador Fotis Katsikaris teve liberdade para deixar o garotão em quadra. Mesmo com os porto-riquenhos repentinamente apertando o placar no quarto período, o ala já havia se estabelecido de tal forma que não dava para tirá-lo. No fim, comemorou a vitória por 90 a 79 e uma vaga nos mata-matas. A exuberância atlética de Giannis ficou mais uma vez evidente. Mas ele deu diversas amostras de que seu jogo tem muito conteúdo para além da forma, da estética, surpreendendo seus adversários, forçando erros, botando pressão. Marcou 15 pontos em 23 minutos, novamente descolando muitos lances livres (7 cobrados). Dois deles saíram desta forma, deixando Renaldo Balkman (que fez ótima partida, diga-se, com 23 pontos, 5 rebotes e 4 roubos e bola). Reparem que ele precisa de dois dribles para chegar ao garrafão e fazer a bandeja:

GIF: Giannis Antetokounmpo strips Renaldo Balkman, runs the f... on Twitpic

Tuitando:

 

As Filipinas são completamente apaixonadas pelo basquete. Talvez sejam a Lituânia da Ásia, grosso modo. Neste Mundial, além de Blatche, eles bem que poderiam contar com uma, digamos, forcinha do pugilista Manny Pacquiao, que está bem distante da Espanha. O supercampeão mundial bateu uma bola nas quadras de treino do Warriors na Califórnia.

 
A Croácia precisava de um arremesso de três pontos para levar o jogo ao tempo extra, depois do armador Xaviler D’Almeida matar dois lances livres. O ala Krunoslav Simon, que, na temporada, fez algumas cestas milagrosas pelo Lokomotiv Kuban, achou que era a hora de ele se consagrar também em uma plataforma Mundial. Partiu para o arremesso da foto acima. Que tal?


O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo “torneio de consolação” – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: “Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo”. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: “Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós”.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

No Twitter:

A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


Em seu momento mais frágil, Magnano reforça ofensiva contra jogadores. Entendam o que quiser…
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

(Atualização: 15h50, com declarações ao programa Arena SporTV)

Magnano e Splitter, antes ou depois do churrasco?

Magnano e Splitter em abril nos Estados Unidos: sorrisos

É difícil entender aonde Rubén Magnano quer chegar com tudo isso. Se a meta é atingir um suicídio político – intencional ou não –, está encaminhando as coisas muito bem, obrigado.

Na pior hora possível, depois de conduzir um trabalho lamentável na Copa América, o argentino resolveu contestar, bater de frente com os jogadores que pediram dispensa do torneio continental. Está claro que se sente traído por “três ou quatro” desses atletas, que teriam dito que se apresentariam e, depois, mudaram de posição.

“Nem para elogiar nem para criticar sou uma pessoa que cita nomes. Mas em três ou quatro dispensas, eles haviam falado ‘sim’ para mim. Achava que a presença desses três ou quatro jogadores me dava uma condição de segurança interior, de que poderiam pegar a equipe em suas mãos. Não aconteceu assim, por isso fiquei um pouco abatido com isso. São caras que decepcionaram muito a gente”, afirmou durante o desembarque da seleção em São Paulo.

Ainda de cabeça quente e, principalmente, com o orgulho de campeão olímpico duramente ferido por derrotas que não poderia imaginar de forma alguma, o argentino resolveu que seria de bom tom fazer esse tipo de  ataque no saguão de um aeroporto – e, ainda por cima, sem levar sua ofensiva até as últimas consequências. Digo: se é para continuar colocando o dedo na ferida, que falasse, sim, quem seriam aqueles que julga traidores, em vez de generalizar.

Mas, a despeito do mistério, pudor, cuidado, reserva ou “ética” do treinador, eu, você e toda a torcida do Flamengo sabemos que Tiago Splitter é um desses alvos, se não o principal deles. Afinal, o treinador, mesmo, já havia se dito surpreso com sua ausência. Detesto esse tipo de marketing pessoal, da panca de sabe-tudo, mas, ao ler as declarações do técnico na época, a sensação de estranheza foi enorme. Daí a motivação para escrever este post. Ou este aqui: quando chegou a hora de se desentender também publicamente com Marquinhos.

Não pegou nada bem esse tipo de bate-boca naquela ocasião. Agora, depois do vexame que foi a campanha na Venezuela, repetir esse tipo de discurso é de deixar qualquer um pasmo. Inclusive o próprio Splitter, geralmente muito discreto, mas que se sentiu impelido a redigir uma carta pública para rebater “críticas” sem identificar em quem mirava. Em quem será?

“Alguns falaram que a culpa foi dos jogadores que não foram. Lembro que, quando não estava na minha melhor forma e totalmente no sacrifício, fui criticado por jogar abaixo do que podia. Quando nasceu meu filho, fui diretamente aos treinamentos e passei os primeiros dois meses longe da família. Quando minha irmã estava vivendo seus últimos dias de vida, lá estava eu representando meu país”, escreveu Splitter.

E aí temos este  trecho de abrir os olhos: “Na derrota é onde nos conhecemos melhor e nunca qualquer um de nós apontou o dedo para o outro , ao contrário, nos uníamos mais ainda”.

Mensagem recebida.

Anderson Varejão, divulgando seu comunicado em pílulas de 140 caracteres no Twitter, foi um pouco mais brando em sua intervenção. Recuperando-se de uma embolia pulmonar e de mais uma lesão gravíssima, suponho que não era uma atitude tão necessária assim. Mas lá foi ele se justificar. Em sua explanação, contudo, não só contemporizou, como defendeu a continuidade do trabalho. “O momento é de reflexão, de pensar o que se pode tirar de lições dessa campanha ruim e olhar para frente, seguir trabalhando. O Brasil vinha crescendo e esse resultado não pode interromper nossa evolução”, escreveu. “Não pode interromper” é o ponto-chave aqui, atentem.

De qualquer forma, Varejão falou isso ontem. E foi hoje que Magnano veio com sua marreta em punho. Que tipo de situação ele esperava criar com estes comentários? Direcionar as críticas ao seu trabalho para aqueles que não se apresentaram? Está tentando jogar lenha na fogueira para incentivar sua demissão? Ou simplesmente se atrapalha todo quando o momento requer um mínimo de cuidado político?

Sinceramente, difícil julgar agora. Ainda mais quando, na mesma entrevista no saguão de um aeroporto, Magnano afirmou o seguinte:  “Não adianta rancor, a seleção brasileira está acima de todos nós. Não tenho nenhum problema com eles, não temos que criar muito mais polêmica. Temos que trabalhar sobre isso e buscar uma maneira dos jogadores se comprometerem mais. São caras que ainda vão representar em muitas ocasiões a seleção brasileira”.

E quem entende uma coisa dessas? Esse morde e assopra: primeiro detona os caras e, depois, como que se a vida seguisse normalmente, fala em “trabalhar sobre isso e buscar maneiras”, que “não adianta criar muito mais polêmica”. Que loucura. E mais: sabe aquele papo de que não cita nomes e tal? Leiam esta declaração: “Sabia que seria difícil de alguns jogadores que convoquei virem, como o Leandrinho. Fisicamente seria muito difícil ir à competição, mas ele ainda tentou. A convocação foi para que os caras falem ‘não’ e expliquem isso também, porque não iriam”. Hã… O que ele acabou de fazer?

Em meio a essa saraivada, o diretor de seleções Vanderlei não emite nenhum comunicado sequer, não chama a responsabilidade. Muito menos o Carlos Nunes, o presidente Carlinhos da CBB, o mais fiel partidário daquela boa e velha tática da raposa política que só aparece para falar nas vitórias.

Mas não é de se estranhar: numa terra de cegos, Magnano, com seu histórico, fez o que bem entendeu na administração da seleção durante anos e anos, sem tem com quem debater ou quem o controlasse. Por que agora seria diferente?

O problema é que, na sua intempérie e em seu discurso incoerente (ou não…),  o treinador, um cara digno, competente, dos melhores no ramo, derrama mais um balde de óleo numa situação pronta para fritura.

Atualização: Em participação inócua no programa Arena SporTV, Carlos Nunes ao menos afirmou que Magnano segue na seleção até 2016 – e, se quiser, ainda mais. Esqueceu-se que não tem mandato eterno no cargo. De qualquer forma, mesmo que não do modo mais firme, garantiu que não vai ter demissão. Antes, em entrevista gravada, quando questionado se havia pensado em sair, o argentino arregalou os olhos, meio que indicando: “Jamais”. E aí lembrou então o seguinte ditado: “O que não te mata, te endurece”… Quando perguntado se há chance de jogar por medalha no Rio 2016, disse: “Se o Brasil fizer um trabalho mediano e se houver um comprometimento importante, o time tem condições de brigar por medalha”.

Conclusão: que esteja mantido no cargo é uma rara decisão sensata da atual gestão da CBB – mas isso não serve, não pode servir como que estejam assinando embaixo de tudo o que o treinador fez e tem feito. O fiasco esportivo na Copa América não pode ser ignorado de modo algum.

Sobre o fator NBA: obviamente apenas com a equipe completa que a seleção terá chance de brigar por resultados expressivos no futuro imediato. Transferir, porém, toda a responsabilidade para o comprometimento – ou amor – destes atletas ao país não pega nada bem. Aliás, lembremos: em 2011 a vaga olímpica foi conquistada com o vice-campeonato na Copa América, e, de diferente, lá estavam apenas Tiago Splitter (arrebentado e fora de forma), Marquinhos e Marcelinho Machado.

Não obstante, fica ainda mais deslocada sua ofensiva contra os jogadores. Se eles são tão fundamentais assim, Magnano vai precisar de um esforço diplomático nos próximos meses e temporadas com a mesma energia e verve que gastou nas últimas 48 horas, quando partiu para o ataque.

*  *  *

Em seu rompante, Magnano também cometeu um equívoco, ou, no mínimo, uma injustiça histórica ao falar sobre como era mais fácil contar com seus principais jogadores na época de Argentina. Não dá para comparar uma coisa com a outra – e não só pelo distanciamento de 10, 14 anos atrás. “Tive a felicidade treinando a Argentina de, em quatro anos, não ter nenhum pedido de dispensa. Aqui você vê que é muito difícil, temos que trabalhar muito para criar uma consciência de seleção, um orgulho”, afirmou.

Só faltou completar que, no ciclo que o consagrou como campeão olímpico, na base Argentina apenas Manu Ginóbili estava na NBA, tendo chegado ao San Antonio Spurs em 2005. Andrés Nocioni e Carlos Delfino? Fecharam com Chicago Bulls e Detroit Pistons depois dos Jogos de Atenas 2004. Fabricio Oberto se juntou a Manu em 2005. Luis Scola? Assinou com o Houston Rockets apenas em 2007. Por que então eles pediriam dispensa se não havia impedimento algum?

E, lembrem-se: uma vez de contrato assinado nos Estados Unidos, Ginóbili se tornou uma presença bissexta na seleção, assim como Nocioni e, agora, no mais recente caso, Pablo Prigioni.

*  *  *

Fica um registro obrigatório: sem que ninguém divulgasse nada em Caracas, a seleção sofreu com problemas internos de saúde durante a Copa América. “Pouca gente falou nisso [virose], mas nos afetou demais. Isso não é uma desculpa, mas quando um time está em uma situação limite, a ausência de dois ou três jogadores afeta realmente a produção”, disse Magnano. Foi uma crise de virose que abalou, no mínimo, Larry Taylor, Alex, Cristiano Felício e Rafael Luz. Resta saber quantos quilos eles perderam, se estavam febris na hora de ir para quadra etc. E se isso por acaso afetou alguma outra delegação na capital venezuelana.


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Em desfecho eletrizante, Euroliga define seus confrontos de quartas de final
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Olympiakos, de Papanikolau?

Foi suado, mas os campeões do Olympiakos seguem na briga para defender o título

Tá acabando, gente. Ou quase.

Nesta quinta-feira a Euroliga meio que concluiu sua segunda fase, o Top 16, de maneira eletrizante.

Por que “meio”?

Porque nesta sexta-feira os pangarés da Turquia, Fenerbahçe e Besiktas, ainda se enfrentam em um clássico de Istambul. Mas, como eles só apanharam durante toda essa etapa, o desfecho deste jogo não serve para nada, não exerce nenhuma influência sobre a continuação do campeonato.

Então, ok, dá para dizer que o Top 16 está encerrado, sim, e que foi uma última rodada de tirar o fôlego, e que agora temos de nos preparar para a fase de mata-matas, que tem tudo para pegar emprestada a imprevisibilidade dos Grupos E e F e apresentar confrontos para mexer com algumas das bases de torcedores mais apaixonadas da Europa.

Vamos, então, tentar contar em partes o que aconteceu no segundo maior torneio de basquete do mundo entre clubes.

A começar da notícia, em si: os duelos das quartas de final. Que são…

Barcelona x Panathinaikos
Real Madrid x Maccabi Tel Aviv
CSKA Moscou x Caja Laboral
Olympiakos x Anadolu Efes

Barça, Real, CSKA e Olympiakos têm mando de quadra num formato melhor-de-cinco (2-2-1), e a disputa começa já na próxima semana, com embates de terça a sexta-feira. Segura!

Difícil escolher um confronto mais equilibrado entre os quatro. Vamos analisá-los no decorrer dos próximos dias, a começar pelo supostamente favorito Barcelona (melhor campanha disparada da fase regular, mas com alguns desfalques importantes) contra o Panathinaikos neste sábado.

*  *  *

Esquadrão Barça

Barça, a melhor campanha da fase regular: 22 vitórias e só 2 derrotas

Como chegamos até aqui?

O Grupo E classificou , pela ordem, CSKA, Real, Anadolu e Panathinaikos – pelo caminho ficou o Unicaja Málaga, de Augusto Lima, que teve alguns bons momentos, mas, em geral, foi pouco utilizado em sua temporada pré-Draft da NBA.

Na última rodada, os quatro já estavam classificados, mas o drama era a luta pela segunda posição, valiosíssima, pela vantagem de definir em casa.O Real liderou a chave por diversas rodadas, mas acabou cedendo a ponta com uma derrocada no final, sendo derrotado nas 21ª, 22ª e 23ª jornadas, se recuperando apenas na última jornada, batendo o Anadolu por 20 pontos em Madri. O time terminou com 10 vitórias e 4 derrotas, contra 9 e 5 dos gregos e turcos. Os moscovitas tiveram 11 e 3, respectivamente.

Pelo Grupo F, teve muito mais drama.O Barça, absoluto, já estava classificado, e como líder. De resto, eram cinco times batalhando por três vagas. Maccabi e Olympiakos estavam empatados com 8 vitórias e 5 derrotas. Abaixo vinham Kimkhi Moscou, Caja Laboral e Montepaschi Siena com 7 triunfos e 6 reveses. E que saber do que mais? Havia dois confrontos diretos marcados para esta semana: Caja x Siena e Kimkhi x Olympikaos. Haaaaaja coração, amigo.

Acabou que o Caja, ex-time de Tiago Splitter e Marcelinho Huertas, bateu o Siena em casa por 76 a 64 em Vitória. O polonês Maciej Lampe barbarizou, com 27 pontos e 9 rebotes, acertando 12 de seus 19 arremessos. Vale mencionar também os 13 pontos e 13 rebotes (!) de Andrés Nocioni, sempre um leão. É aquilo: se você vai para a guerra – ou um jogo decisivo, digamos, de vida ou morte –, quem não vai querer um Nocioni ao seu lado? O clube basco, cujo nome original seria Baskonia, liderou de ponta a ponta, apesar dos esforços do armador/escolta americano Bobby Brown, um dos destaques individuais da Euroliga. Seria muito surpreendente se Brown não aparecer no elenco de algum clube da NBA no ano que vem, ou até mesmo neste ano.

O outro duelo imperdível aconteceu entre Olympiakos, atual campeão, e o Kimkhi, em Atenas, com vitória dos vermelhos por 79 a 70, um jogo mais duro, com os atletas do time russo tentando uma recuperação no segundo tempo, em vão. E, não, não foi Vassilis Spanoulis a carregar o time grego desta vez. Mas, sim, o ala Kostas Papanikolau, com 21 pontos e 12 rebotes e seis disparos certeiros em seis tentativas de longa distância. Afe. Para os torcedores do Blazers, olho nele: seus direitos na NBA pertencem ao clube de Portland. Uma derrota poderia ter eliminado o Olympiakos. Com a vitória, conseguiram o segundo lugar, ultrapassando o Maccabi.


Equipe sensação da Euroliga encara seu maior desafio: a luta contra a falência
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Paul Davis enterra

Paul Davis, MVP da quarta semana do Top 16, mas sem salários

Um dos melhores times da Euroliga corre o risco de se declarar falido, ou algo perto disso, nos próximos dias ou semanas. Uma pena, pois estamos falando justamente da maior surpresa do torneio até aqui, o Khimki Moscou.

Quer dizer, vamos relativizar essa história de surpresa. Talvez seja melhor trocar por sensação. Porque uma equipe que pode escalar Zoran Planinic, Vitaly Fridzon, Sergei Monya, Matt Nielsen, Paul Davis, James Augustine, Kresimir Loncar e, ufa!, Petteri Koponen tem de ser cotada para brigar de igual para igual com qualquer um.

De todo modo, em termos de nome e porte, de fato não há como colocar “Khimki” na mesma sentença de Barcelona, Olympiakos, Maccabi ou Montepaschi. E, ao tomarmos nota do que se passa com o clube nesta temporada, realmente não tem como comparar o clube com essas instituições, mesmo: o time moscovita está devendo salários aos seus jogadores há três meses.

Calma, que dá para piorar. Segundo informações passadas de dentro do vestiário para diversos veículos russos há casos de jogadores que não recebem, tipo, desde outubro. O que equivale a “desde-o-início-do-campeonato”.

Literalmente uma dureza.

Durante a semana, cansados de promessas não cumpridas pelo presidente Andrey Nechaev, os atletas anunciaram uma greve. Para o bem do torneio e até para evitar um vexame do basquete russo, decidiram ir para quadra na sexta para receber – e aniquilar – o Maccabi. Mas se recusaram a treinar nas dependências do clube e prometeram que não jogam neste fim de semana pelo campeonato russo. O que aconteceu é que a diretoria montou um elenco bem caro, mas sem ter os patrocínios e recursos necessários para bancá-lo. Uma situação bizarra para um clube que esteja disputando a Euroliga.

No confronto com o Maccabi, houve uma tensão no ar. Os jogadores demoraram para ir para a quadra, atrasando o início da partida em mais de dez minutos. Foi um recado claro para o clube e, neste caso, também para a direção da liga, de que as coisas não estão bem por lá. Que providências serão tomadas não está claro ainda.

KC Rivers sobe para a bandeja

KC Rivers, cestinha que sai do banco para o Khimki

Em jogo, naturalmente o Khimki começou mais devagar, um tanto desligado, permitindo muitos contra-ataques para a equipe israelense (destaque para o ala Lior Eliyahu, cujos direitos na NBA pertencem ao Minnesota Timberwolves). Do segundo quarto em diante, porém, tomado pela adrenalina da partida, o time da casa foi avassalador 69 pontos contra apenas 42 do oponente, vencendo de lavada: 88 a 67.

Paul Davis, veterano americano com bastante experiência no basquete espanhol e que já foi uma aposta do Clippers, teve uma atuação completamente dominante no segundo tempo, terminando com 16 pontos, 9 rebotes e 5 tocos, anulando o talentoso compatriota Shawn James, do Maccabi. De tão bem que jogou o jovem finlandês Koponen (direitos na NBA pertencem ao Mavs), Planinic, que é o craque do time e vive uma fase excpecional, nem precisou ficar em quadra por tanto tempo, limitado a 25 minutos.

“Falando francamente, não esperava que conseguiríamos jogar juntos de um modo tão perfeito como esse. Estou muito feliz pelo trabalho que fizemos em quadra hoje”, afirmou o técnico Rimas Kurtinaits, legendária figura do basquete lituano e ex-soviético e um dos integrantes das poderosas e históricas seleções da URSS formadas nos anos 80. Arremessava tão bem, aliás, que em 1989 foi convidado para participar do torneio de três pontos do All-Star Weekend da NBA em 1989.

O lituano realmente tem do que se orgulhar. Essa foi a 18ª vitória seguida do Khimki jogando em Moscou, contando partidas do torneio continental, da liga russa e da Liga VTB, que reúne equipes do Leste europeu e da Escandinávia (nota: é muito legal escrever e ler Escandinávia, não?). No Top 16 da Euroliga, estão em terceiro no Grupo F, com três vitórias em quatro rodadas, atrás dos invictos Caja Laboral e Montepaschi Siena, mas acima de Barça, Olympiakos e do próprio Maccabi.

Nada mal, e jogar isso fora seria realmente um baita desperdício.

*  *  *

Algumas notas sobre a Euroliga:

– Com sete vitórias seguidas, o Caja Laboral (ou Baskonia) é o time do momento. Com um jogo muito solidário e um elenco recheado de jovens peças emergentes na Europa, o time joga muito mais solto  desde a saída do cerebral, mas quase tirano Dusko Ivanovic, que foi substituído pelo croata Zan Tabak, ex-pivô que já foi um sparring de Hakeem Olajuwon no Houston Rockets campeão da NBA nos anos 90. A linha de frente formada por nosso amigão Andrés Nocioni, Nemanja Bjelica e Maciej Lampe, com o suporte de Tibor Pleiss (alemão draftado pelo Thunder) e Milko Bjelica é muito forte e versátil.

– No Grupo E, os lanternas são dois clubes alemãos: Alba Berlin, cujo plantel está num patamar abaixo, e Bamberg, excessivamente dependente do talentosíssimo cestinha Bostjan Nachbar. Ambos perderam seus quatro jogos no Top 16. Na chave F, são dois trucos na lanterna, também com quatro reveses: Besiktas e Fenerbahçe.

– A campanha do Fener é a maior decepção desta fase, aliás. Eles pensavam em título. Agora já correm sério risco de nem conseguir a classificação para as quartas de final. Com um elenco estelar, mas sem liga alguma, a pressão é enorme para cima do técnico Simone Pianigiani – mentor de campanhas arrebatadoras do Siena nos últimos anos. Bo McCalebb não lembra em nada o jogador das últimas temporadas, David Andersen já não consegue apanhar mais nenhum rebote, e os promissores Bojan Bodanovic (croata) e Emir Preldzic (turco) ainda não têm cancha suficiente para liderar a equipe. O técnico italiano precisa encontrar alguma forma de fazer esse time jogar.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Falatório olímpico: a Espanha, a ira francesa, os amados argentinos e um Ingles
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

“Este torneio não é nenhuma despedida”, Luis Scola, ainda vivinho da silva.
>> A próxima geração argentina não chega perto da que se acostumou a derrotar a Seleção Brasileira na última década, mas isso não quer dizer eles vão embora, de uma vez, desde já. O cabeludo, que já se virou muito bem “sozinho”, insiste que ainda joga. Valeu, Scola, amigão.

Manu de saída?

Manu Ginóbili de saída?

“Morro por Manu. Manu morre por mim. Sei que disse durante a temporada da NBA que seria nossa última vez, mas, se ganharmos uma medalha, estou certo de que vamos tentar mais uma vez. Isso é como as drogas. É incrível”, Andrés Nocioni, viciado em vitórias.
>> O Chapu acabou não ganhando a medalha. Mas, se o seu raciocínio valer também para correr atrás do prejuízo, esse guerreiro pode cruzar o caminho brasileiro em novas ocasiões. A ver.

“Ferida bem funda… Não vou dormir… Gosto amargo… Trabalhei por dez anos para este jogo…”, Manu Ginóbili, deprimido.
>> Palavras usadas pelo craque do Spurs para comentar a derrota na disputa do bronze para a Rússia. Aos 35 anos, esse, sim, pode ter se despedido da seleção argentina. Detalhe: os jogos da Argentina bombaram em San Antonio.

“Seria um pouco arrogante se eu dissesse que somos um modelo para a USA Basketball. Mas acho que fizemos um baita trabalho durante uma década e estou muito orgulhoso do que conquistamos. E muitas equipes começaram a manter um grupo de jogadores, uma base, para atuarem juntos”, Ginóbili.
>> Desafio de Magnano CBB agora é manter sua base, com uma troca ou outra…

“Gosto de ver a Argentina jogar. Na verdade, usamos algumas de suas jogadas ofensivas no Celtics”, Doc Rivers, observando tudo atentamente em Londres.
>> Pensando em Rajon Rondo como um Pablo Prigioni 10.0, só pode dar certo.

“Queria dar uma boa razão para ele se jogar no chão”, Nicolas Batum, num ato de fúria.
>> Pirado na derrota da França para a Espanha pelas quartas de final, o ala do Blazers deu um soco nas partes baixas de Juan Carlos Navarro nos segundos finais e, com a cabeça ainda pelando, ainda bancou a agressão nas entrevistas seguintes. Na verdade, ele usa o termo “flop” no fim, que seria o nosso “cavar falta”, fazer teatro para iludir a arbitragem. E pensar que Batum sempre foi criticado por ser um rapaz muito quietinho em quadra.

“Pergunte a Rudy Fernández o que ele fez com o Tony Parker no Eurobasket”, Vincent Collet, técnico da França.
>> Olho por olho, dente por dente (admitam, há quanto tempo vocês não ouviam essa?). O desprezo – e baita frustração, claro – dos franceses após a derrota atingiu até mesmo o treinador, que em nenhum momento censurou o soco de Batum em Navarro ou o tranco de Ronny Turiaf em Fernández, segundos antes. Rivalidade é pouco.

“Mais uma lição de vida. Pessoas honestas nem sempre vencem”, Kevin Seraphin, o prodígio da seleção francesa.
>> Mais tarde, no Twitter, foi a vez de o ala-pivô do Wizards dar sua estocada. Imagino que o garotão e Nenê terão uma coisa ou outra para fofocar quando se reencontrarem nas vizinhanças da Casa Branca.

­“O que é um pouco assustador e injusto sobre os torneios europeus é que você tem todas essas táticas de jogar por um saldo de pontos ou jogos. Na NBA, como existem as séries, não há nada disso. Mas aqui as coisas estão acontecendo em tempo real, num ambiente de competição, e não gostamos de ver isso. Diria que a maioria não faz, mas existem aqueles que jogam com o regulamento. Nunca faria isso sob nenhuma circunstância. Mas alguns fazem”, David Blatt, técnico da Rússia.
>> As pitadas do experiente e vitorioso treinador, formado no basquete universitário do seu país, mas que construiu sua carreira na Europa, já calejado de resultados suspeitos.

“Vou para a cama porque me deixa triste ler alguns dos comentários. Para aqueles que acreditam em nós, OBRIGADO!”, Rudy Fernández, via Twitter.
>> Não vou disfarçar, tá? No QG 21, a combinação “Rudy” + “Fernández” caiu muito de cotação, podendo agora significar muitas vezes “chorão” ou “chato pra caraca”. Durante as Olimpíadas, no mesmo jogo, o ala Fernández variava entre vítima e valentão com uma velocidade e cara-de-pau impressionantes, com seu topete de astro pop, caras e bocas.Vejam sua atuação dramática na final contra os norte-americanos:

“Muchas gracias! Mais uma medalha de prata!”, José Calderón, armador espanhol.
>> A Espanha lutou tanto por essa medalha de prata, que vale a euforia. Calderón, na verdade, não faz parte do time dos vilões, assim como Pau Gasol. Segundo consta, por diversas fontes, é um tremendo boa praça. Os desdobramentos olímpicos não podem encobrir toda a trajetória da geração igualmente dourada do país, como defendeu o “Fantasy-maníaco” Julio Gomes Filho no domingo. Mas, para muita gente, blogueiro incluso, o que se passou entre a primeira fase e os mata-matas de Londres-2012 compõe mais que uma notinha de rodapé.

“Nunca vou esquecer de que lugar eu vim, mas estou orgulhoso de vestir o uniforme da Espanha e representar este país”, Serge Ibaka, aquele que usa a camiseta de “Air Congo” em torneio de enterradas da NBA.
>> Vamos discutir mais a respeito durante a semana. Aguardem.

Brett Brown e Joe Ingles

Brett Brown faz campanha por Ingles

“Mesmo que eu tenha crescido nos Estados Unidos, sempre estive ao lado de nigerianos. Cresci numa comunidade nigeriana. Quando estou em casa, meus pais não falam comigo em inglês. Nós comemos comida nigeriana”, Ike Diogu, cestinha do time africano.
>> De novo, mais adiante. Mas não creio que Ibaka fale em espanhol com seus familiares congoleses.

“Agora sou parte da fábrica da sociedade do basquete. Essa boa gente me deu a maior honraria para técnicos na Rússia, e nenhum estrangeiro jamais ganhou uma ordem dessas. Isso diz tudo”, David Blatt, novamente.
>> Blatt construiu um time muito interessante na Rússia, explorando ao máximo as características e talentos de seus atletas. Como publicou o jornalista Adrian Wojnarowski, do Yahoo norte-americano, pode ser que chegue o dia em que ele ganhe sua chance na NBA.

“Acho que a NBA vai prestar atenção em Joe, especialmente depois destas Olimpíadas. Joe tem um corpo parecido com o de Tayshaum Prince. É longo, canhoto, multifacetado como um ala, evoluiu na defesa e agora tem orgulho em marcar as pessoas. Vocês viram seu espírito competitivo aqui. Ele só vai subir”, Brett Brown, técnico da Austrália e assistente do Spurs, sobre o ala Joe Ingles.
>> Ingles não chega a ser um Nemanja Bjelica, mas… Já tinha uma predisposição para gostar do ala, observando-o aqui e ali pela Liga ACB: seu estilo é muito vistoso, versátil, do tipo de cara que cai nas graças por cá. O nome ajuda também, obviamente. Mas parece claro que o futuro do australiano é jogar na NBA. Não estranharia, aliás, se fosse fazer companhia a Mills no próprio Spurs, por razões óbvias

PS: como os brasileiros não falaram após a derrota para a Argentina, não vamos peneirar nada a respeito deles. Não faria sentido ter um começo, um meio, mas sem fim nesta seção. A cobertura do Bruno Freitas em Londres e do UOL Esporte dá conta do recado.


Argentina vence o Brasil novamente, e dessa vez não há um carrasco ou vilão. Foi só o jogo
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Nenê x Juan Gutiérrez

Nenê e Varejão tiveram juntos os mesmos 11 pontos de Gutiérrez

Por muito tempo, uma crítica predominou sobre a seleção brasileira: a de que basquete da seleção brasileira era por vezes muito destrambelhado. Nesta quarta-feira, o time foi bastante cuidadoso – foram somente oito bolas desperdiçadas de graça em 40 minutos, um fato raro. O problema é que essa passividade atingiu a equipe do outro  lado da quadra também. Por três períodos, faltou a combatividade na defesa que vinham apresentando até então na competição.

Era como se o time de Magnano estivesse esperando que a Argentina se cansasse no fim, para que aí, sim, desse o bote. Se foi isso mesmo, quase deu certo.

Quase.

Com 1min45s para o fim, uma larga diferença de até 15 pontos caiu para três, 74 a 71.

Os brasileiros conseguiam, a essa altura, enfim defender, liderados por Nenê, que, no sacrifício, brecou Luis Scola, impedindo que o argentino fosse acionado. Quando os adversários conseguiam envolver o pivô brasileiro em simples trocas, o pivô também foi bem, mesmo quando atacado frontalmente por Carlos Delfino.

O problema é que… Uma vez feito o “serviço sujo”, uma vez tendo o time voltado ao jogo, as precipitações voltaram, e com tudo, no ataque. Primeiro, Alex, com uma falta de ataque atropelando Manu Ginóbili, e Marcelinho Huertas, com um chute de três pontos mesmo tendo um Scola carregado de faltas à sua frente. No fim, com Leandrinho abaixando a cabeça e se deixando encurralar na lateral da quadra. Entre o primeiro erro e o terceiro, foram três pontos para o ligeirinho, dois para Nocioni e quatro lances livres convertidos por Ginóbili, Scola e Delfino (dois cada). O placar pulava para 80 a 71, restando 30 segundos. Aí já era.

A ideia aqui não é apontar culpados.

Chegando a esse ponto, a seleção penava para alcançar a marca da medíocridade, 50%, nos lances livres. Foram 12 desperdiçados em 24 batidos. Se pelo menos seis amais tivessem caído… Os argentinos também erraram seus chutes parados na linha (9 em 28, 68%), mas saíram com sete pontinhos preciosos a mais no fundamento.

Mas podemos ir além. Splitter e Nenê sempre se atrapalharam com lances livres, mesmo. Então talvez fosse injusto colocar esse fardo em seus ombros, ainda mais com os argentinos fazendo faltas descaradamente.

Então, o que falar daquela velha coqueluche? Os tiros de três pontos. Depois de duas partidas atípicas diante de chineses e espanhóis – convenhamos, galera, não dá nem para comparar a intensidade desses dois duelos com os três primeiros do grupo –, a seleção caiu na arapuca: voltou a atirar desenfreadamente de fora.

Foram apenas 7 convertidos em 23 tentativas, resultando em anêmicos 30% de aproveitamento. Se lembrarmos que duas dessas caíram em chutes no desespero de Leandrinho no finzinho, é provável que a seleção tivesse uma pontaria de apenas 25% até os minutos finais. Um número pífio, que foi cultivado durante todo o torneio e acaba, no fim, jogando contra, sabotando seu próprio empenho defensivo. E, ainda assim, superior aos 29% dos oponentes. Creiam.  Mas não que a falha de um redima a do outro.

De novo o Brasil teve chances, mas não soube capitalizá-las. Pesa a experiência de nossos vizinhos, o maior talento individual de dois jogadores, mas contam também erros que se repetem com uma frequência que acaba sendo implacável.

*  *  *

O Bala havia cantado a pedra já no primeiro tempo, o Murilo, que cobriu o torneio in loco, só reforçou: a Argentina propôs ao Brasil, especialmente no primeiro tempo, a mesma armadilha do confronto das oitavas de final do Mundial de Istambul-2010. Pablo Prigioni estava claramente com sua movimentação debilitada, não conseguia e nem tentava acompanhar Huertas, mas Júlio Lamas não se mostrava nada preocupado. Manteve em quadra seu veterano, que perdeu dois jogos devido a cólica renais, e só usou o novato Campazzo por dois minutinhos na etapa inicial. Que o armador chutasse todas, mesmo, privando o jogo interno do Brasil de mais algumas investidas. Lembrando que o jogo com os pivôs funcionava muito bem no primeiro quarto, com Splitter e Varejão, forçando inclusive as duas faltas em Scola.

No fim, muitos jogadores foram alienados: enquanto o Brasil teve 22 pontos de Huertas e outros 22 de Leandrinho, fora a dupla, só Alex passou teve dois dígitos na pontuação (11). De resto, foram 2 pontos de Machado, 2 de Larry, 4 de Varejão, 7 de Nenê, 2 de Giovannoni e 6 de Splitter.

*  *  *

Dessa vez não houve um “carrasco”, um “algoz”, um super-herói argentino que tenha esmigalhado. Com um ataque mais solidário, nossos vizinhos contaram com 17 pontos de Scola, 16 de Ginóbili, 16 de Delfino, 12 de Nocioni e 11 de Juan Gutiérrez. Creiam: o pivô reserva argentino, sozinho, marcou o mesmo número de pontos de Nenê (7) e Varejão (4) somados.

*  *  *

Terminar os Jogos de Londres em quinto lugar não é o fim do mundo, claro. No fim, a seleção mais venceu (quatro) do que perdeu (duas). Para quem não participava da competição há 16 anos, parece algo satisfatório. E aí você que tem de decidir em qual grupo se enquadrar: numa faixa mais condescendente e/ou conformada, está de bom tamanho a campanha. O Brasil competiu em alto nível, fez o que dava e parabéns. Se for mais minucioso, inevitável também a sensação de que dava, sim, para buscar mais neste torneio.

*  *  *

O basquete volta a ser discutido. As pessoas voltam a torcer por basquete no Brasil. Mas estamos bem distantes de presenciar uma massificação do esporte. A CBB contratou um ótimo técnico, ok, mas este é apenas um paliativo, um movimento de curto prazo. Podem elogiar a seleção pela campanha londrina, mas as palavras não podem ser usurpadas por quem não é de direito.

*  *  *

O discurso de que o Brasil ao menos resgatou um pouco de seu prestígio internacionalmente se justifica até a segunda página. A seleção foi elogiada, jogou no pau contra um time duas vezes medalhista olímpico, e tal. Inegável. A dúvida que fica é: até que ponto esse prestígio vai ser levado adiante? Em breve, venho  as datas de nascimento com mais calma (vocês podem checá-las aqui), mas exsiste  a possibilidade de que a participação em Londres pode ter sido a primeira e última de muitos dos jogadores do Magnano.


Não adianta se empolgar: Scola avisa que não vai ser seu último Brasil x Argentina
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Luis Scola gigante

Luis Scola ainda tem pique para jogar muito mais

Uma das narrativas que acompanha a Argentina neste torneio masculino é a suposta despedida da Geração Dourada, que, depois de Londres-2012, chega de Manu Ginóbili, de Pablo Prigioni, de Andrés Nocioni, de não sei quem mais. Em alguns casos, deve até acontecer de fato. Só não incluam o Luis Scola nessa.

Aos 32 anos, o ala-pivô, que já torturou a seleção brasileira em uma ou outra ocasião, avisa que não está preparado para se aposentar dos compromissos da Argentina, independentemente de quem o estiver acompanhando nas futuras batalhas. (E esse é o ponto que já doeu em muita gente por estas bandas tropicais: fez chuva, fez sol, os astros se apresentaram, os astros folgaram, e o camisa 4 estava lá, como uma constante, enquanto se acumulavam desfalques do outro lado.)

“Não me sinto velho. O tempo assa, e temos um grupo de caras que estão aqui há mais de dez anos, claro, e uma hora isso chega ao fim. Mas eu não vejo desta maneira. No decorrer do caminho, houve muitos caras que já não estão mais com nós, e outros que entraram durante a jornada. Isso vai continuar acontecendo. Em algum momento, todos os caras de 2004 vão ter ido embora. Mas eu espero jogar mais. Alguns novos vão chegar e tomara que continuemos competitivos”, afirma o craque do Phoenix Suns ao Sporting News.

Não tem tempo ruim para ele.

Em todos os contatos que tive com Scola, o argentino sempre se mostrou um entrevistado educado inteligente, ligado. Nunca se importou se era um brasileiro, um porto-riquenho ou um americano com o gravador na mão. Um cara legal. Se perguntarem para Tiago Splitter, a quem teve como um irmão mais novo por muito tempo em Vitoria, na Espanha, vão ouvir muito mais que isso.

Em quadra, o argentino é uma aula ambulante. Quantos centímetros ele sai no chão? Consegue pular uma caixa de sapato? Caso consiga, pouca diferença faz. Com os pés no chão, já levou para a escolinha adversários de todo o continente e de alto gabarito com seu movimento de pernas criativo e bem fundamentado. Primeiro, então, ele tenta limpar espaço tecnicamente. Se for o caso, também aguenta bem o tranco, fortaleza que é. Na pior das hipóteses, arruma as coisas na munheca, com suas mãos gigantes que controlam a bola com muita facilidade.

Esse problemão vai cruzar o caminho de Splitter e Anderson Varejão (e Nenê?) novamente.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

No ano passado, foi Rafael Hettsheimeir, para surpresa de todo o continente, quem se virou melhor contra o veterano. Atacou com personalidade, se virou na defesa e feriu o orgulho do cabeludo. O rapaz se lesionou, passou por cirurgia e está fora agora. Que seus compatriotas mais badalados se virem, então.

Algo interessante para se observar: em vez de insistir com Juan Gutiérrez por muito tempo, Júlio Lamas tem adotado uma formação mais baixa, com Nocioni, Carlos Delfino e Ginóbili ao mesmo tempo em quadra, numa formação parecida com a dos Estados Unidos. Neste caso, ele empurraria Scola para um duelo com Splitter, e Varejão teria de ficar atento a Nocioni, que voltou a chutar com confiança durante o torneio.

Seria importante fazer uma boa marcação individual sobre Scola, para que os demais defensores não precisem se desligar de seus respectivos oponentes e contestem seus chutes de longa distância de modo apropriado.

*  *  *

Isso tudo para falar só de Scola. Melhor seria abstrair, então, os 20 pontos, 6 rebotes e 4,8 assistências de Ginóbili no torneio, né?

Magnano certamente adoraria. Mas não é o caso.

Alex vai perseguir o astro do Spurs pela quadra toda. Seu maior desafio no torneio. Ele tem capacidade para executar a missão, mas precisa tomar cuidado com excesso de agressividade e evitar faltas bobas em rebotes e fora da bola. O argentino é mais badalado, sabe vender (cavar) bem uma falta e vai tentar usar a arbitragem a seu favor. Se  o trio escalado for daqueles que vai para quadra como se fosse um baile de Carnaval, apitando sem parar, pode ser um problema.

Pelo que observamos dos amistosos em confronto direto e do torneio olímpico, Larry também deve ganhar seus minutinhos para testar o narigudo.

*  *  *

Tiago Splitter

Splitter também pode atacar Scola, ué

Escrever dessa forma sobre os dois craques argentinos pode passar a impressão de que eles são os favoritos para este duelo de quartas de final. Não são: trata-se de um confronto muito equilibrado.

A velocidade e a capacidade atlética, por exemplo, sempre foram um trunfo da seleção brasileira neste clássico. Contra a envelhecida Argentina, essa combinação pode desequilibrar ainda mais. Para isso, precisam forçar erros e chutes desequilibrados na defesa para ganhar o contra-ataque. Preparados para isso os jogadores foram. Magnano conhece bem demais os adversários e pode atacá-los em seus pontos fracos.

Se Scola dá muito trabalho de um lado, do outro, se bem municiados, especialmente em movimento, os pivôs brasileiros também podem aprontar um bocado, por serem muito mais ágeis e velozes.

*  *  *

Num caso de jogo equilibrado até o fim, teoricamente a seleção brasileira tem mais gás render. Por outro lado, não consigo imaginar um cenário em que, na hora de matar ou morrer, batalhadores como Scola, Ginóbili e Nocioni simplesmente arrefeçam e aceitem o maior vigor adversário.