Quanto vale uma vitória? Com anuência do Wizards, Nenê altera plano e joga no sacrifício
Giancarlo Giampietro
O pivô Nenê demorou para fazer sua estreia na temporada 2012-2013 da NBA, seu Washington Wizards só perdeu até agora – dez partidas em dez rodadas –, mas a pior informação diante de tudo isso é a de que o brasileiro foi para quadra nesta quarta-feira ainda lesionado.
“às vezes você precisa sacrificar algo para vencer ou investir no seu futuro”, afirmou, depois de atuar por 20 minutos em derrota para o Atlanta Hawks, na prorrogação, por 101 a 100. “Sei que esse time me aceitou, quando fui trocado. Eles me acolheram para valer. Então disse que, assim que me sentisse melhor e que conseguisse jogar, que ajudaria minha equipe. O que não quer dizer que esteja curado ou sem lesão. A lesão ainda está ali, mas tenho coração. Tenho orgulho e confio nesse time. Então essa é a razão pela qual estou jogando.”
É uma atitude corajosa do paulista de São Carlos. Mas é e a mais inteligente? Lembrem o seguinte: a fascite plantar vem atrapalhando seu jogo desde a temporada passada – jajá vai completar um aniversário de vida. Então, supostamente, o atleta iria retornar apenas quando estivesse 100% livre dessa questão física para lá de chata.
Ao que parece, o acúmulo de derrotas num início deprimente de temporada foi o suficiente para minar essa prudente estratégia. Coisa que a comissão técnica e o departamento médico da franquia jamais poderiam avalizar.
“Tê-lo de volta significa muito para nossa equipe, devido a sua habilidade para jogar, sua inteligência em quadra. Ele torna os outros jogadores melhores. Ele vai para a linha de lance livre. Todas as intangíveis de que estávamos sentindo falta”, disse o treinador Randy Wittman, numa posição extremamente cômoda e oportunista. Afinal, é o pescoço dele que está a prêmio.
Com pouco período de treinamento realizado, Além de não ter se recuperado de sua fascite plantar, Nenê não tinha preparo físico para suportar o ritmo de uma partida de temporada regular – algo que ficou visível quando tentou puxar um contragolpe em Atlanta em que mal conseguiu sair do chão para tentar a enterrada. Ainda assim, foi uma figura relevante, com 12 pontos, um rebote, um toco e um roubo de bola e saldo positivo de +9, liderando uma guinada da equipe visitante ao lado de Emeka Okafor, Trevor Ariza, Martell Webster e AJ Price.
“Seu pé ainda está lesionado, mas ele está se sacrificando pelo bem do time. Não acho que outra pessoa faria isso por nós. Isso nos mostra seu coração e sua paixão, sua vontade de vencer”, disse o calouro Bradley Beal, que ainda não engrenou. “Nós todos sabemos que ele é uma força que deve ser respeitada e que pode mudar o desfecho de um jogo por conta própria. Ele nos manteve lutando, manteve nossa cabeça concentrada e aquela fagulha em nós, o que nos deu a chance de tentar vencer na prorrogação.”
Bonito, e tal. Não dá para minimizar a atitude de Nenê.
Mas a cena que conta mais no momento, mesmo, é a de sua entrevista ao final da partida, no vestiário. Ele atendeu aos jornalistas com o pé esquerdo mergulhado num balde de gelo e o joelho esquerdo também empacotado. Tudo pela primeira vitória do Wizards.