Vinte Um

Arquivo : Nenê

Quanto vale uma vitória? Com anuência do Wizards, Nenê altera plano e joga no sacrifício
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Giancarlo Giampietro

Mudança de planos para o pé de Nenê

Nenê vai no sacrifício mesmo atrás da bola e do primeiro triunfo do Wizards na NBA

O pivô Nenê demorou para fazer sua estreia na temporada 2012-2013 da NBA, seu Washington Wizards só perdeu até agora – dez partidas em dez rodadas –, mas a pior informação diante de tudo isso é a de que o brasileiro foi para quadra nesta quarta-feira ainda lesionado.

“às vezes você precisa sacrificar algo para vencer ou investir no seu futuro”, afirmou, depois de atuar por 20 minutos em derrota para o Atlanta Hawks, na prorrogação, por 101 a 100. “Sei que esse time me aceitou, quando fui trocado. Eles me acolheram para valer. Então disse que, assim que me sentisse melhor e que conseguisse jogar, que ajudaria minha equipe. O que não quer dizer que esteja curado ou sem lesão. A lesão ainda está ali, mas tenho coração. Tenho orgulho e confio nesse time. Então essa é a razão pela qual estou jogando.”

É uma atitude corajosa do paulista de São Carlos. Mas é e a mais inteligente? Lembrem o seguinte: a fascite plantar vem atrapalhando seu jogo desde a temporada passada – jajá vai completar um aniversário de vida. Então, supostamente, o atleta iria retornar apenas quando estivesse 100% livre dessa questão física para lá de chata.

Ao que parece, o acúmulo de derrotas num início deprimente de temporada foi o suficiente para minar essa prudente estratégia. Coisa que a comissão técnica e o departamento médico da franquia jamais poderiam avalizar.

“Tê-lo de volta significa muito para nossa equipe, devido a sua habilidade para jogar, sua inteligência em quadra. Ele torna os outros jogadores melhores. Ele vai para a linha de lance livre. Todas as intangíveis de que estávamos sentindo falta”, disse o treinador Randy Wittman, numa posição extremamente cômoda e oportunista. Afinal, é o pescoço dele que está a prêmio.

Com pouco período de treinamento realizado, Além de não ter se recuperado de sua fascite plantar, Nenê não tinha preparo físico para suportar o ritmo de uma partida de temporada regular – algo que ficou visível quando tentou puxar um contragolpe em Atlanta em que mal conseguiu sair do chão para tentar a enterrada. Ainda assim, foi uma figura relevante, com 12 pontos, um rebote, um toco e um roubo de bola e saldo positivo de +9, liderando uma guinada da equipe visitante ao lado de Emeka Okafor, Trevor Ariza, Martell Webster e AJ Price.

“Seu pé ainda está lesionado, mas ele está se sacrificando pelo bem do time. Não acho que outra pessoa faria isso por nós. Isso nos mostra seu coração e sua paixão, sua vontade de vencer”, disse o calouro Bradley Beal, que ainda não engrenou. “Nós todos sabemos que ele é uma força que deve ser respeitada e que pode mudar o desfecho de um jogo por conta própria. Ele nos manteve lutando, manteve nossa cabeça concentrada e aquela fagulha em nós, o que nos deu a chance de tentar vencer na prorrogação.”

Bonito, e tal. Não dá para minimizar a atitude de Nenê.

Mas a cena que conta mais no momento, mesmo, é a de sua entrevista ao final da partida, no vestiário. Ele atendeu aos jornalistas com o pé esquerdo mergulhado num balde de gelo e o joelho esquerdo também empacotado. Tudo pela primeira vitória do Wizards.


Nenê ainda não sabe quando poderá voltar a jogar pelo Wizards
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Giancarlo Giampietro

A situação já é mais que alarmante. Passadas duas semanas de temporada regular, e o pivô Nenê ainda não fez sua estreia pelo Washington Wizards. Pior: ele, na real, ainda nem sabe quando poderá voltar a jogar.

Nenê contra australianos

Enquanto Marcelinho não se cansa de chutar, as trombadas de Nenê são pouco recompensadas

O brasileiro chegou a se consultar com o diretor médico do – prepare-se – Instituto para Pé e Reconstrução do Tornozelo no Hospital Mercy, em Baltimore, na semana passada, para ver o que acontece com sua fascite plantar. Teria ouvido que estava “provavelmente a umas três semanas distante”, segundo o Washington Post.

O que o jogador não soube explicar, nem o jornalista era se isso queria dizer que ele levaria uns 20 dias para meramente voltar a treinar, ou se era necessário esse tempo para ele vestir o uniforme para valer. Nenê, então, prefere agora nem quer dar prazo algum.

“Quero me curar 100%. Não quero encurtar minha carreira. Preciso cuidar disso agora. Quero acaar com a dor, porque ainda está dolorido. Algumas vezes eu tento pensar que, tipo, tenho de me apressar, quando estou fazendo uma sessão de fisioterapia. Mas isso poderia ser um erro. Tenho de ser verdadeiro comigo e saber que essa situação é séria”, disse.

Uma frase nada otimista para o pivô de 30 anos, hein?

Aliás, segundo o brasileiro, seus problemas foram além de uma fascite plantar. Ele teria rompido um ligamento na base do pé, enquanto outro estaria irritado, causando ainda mais problemas. Por isso, os críticos “não têm ideia” do que vem enfrentando. “Eles acham que é uma dor simples”, se defende.

Sem Nenê, sem o armador John Wall – que deve retornar entre dezembro e janeiro –, os vizinhos de Barack Obama ainda não conseguiram sequer uma vitória em cinco jogos. Esta é mais uma temporada que promete ser bem looooonga para os corajosos torcedores do Wizards. Somente os fãs do Detroit Pistons, num caos total, lhes fazem companhia como aqueles que ainda não comemoram um triunfo no campeonato.


Palavra-chave para Nenê na temporada 2012-2013: paciência
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Giancarlo Giampietro

Wittman fica esperando o retorno de Nenê

Para Wittman, Nenê está disponível hoje apenas para um bom papo, mesmo

A fascite plantar teima, que teima em não largar do pé do Nenê. Da última vez que veio a público para falar sobre seu problema físico, no dia 19 de outubro, o pivô afirmou que estava fazendo tudo direitinho, todos os exercícios recomendados pelos preparadores físicos e médicos, mas que ainda estava sofrendo com uma inflamação e que ainda estava aquém do que esperava em sua recuperação.

Por isso, não gostaria de cravar se estaria pronto para jogar nesta terça-feira, na abertura da temporada, em Cleveland. “Quero jogar, mas algumas vezes as coisas não acontecem do jeito que você quer. Só quero garantir que estarei saudável para ajudar minha equipe porque, se eu tiver de ir para o banco de novo, isso não é bom.”

Quer dizer: o paulista de São Carlos ainda não sabe quando vai estar pronto, nem o clube consegue dar alguma previsão precisa sobre seu retorno.

Mas, quando ele voltar, Nenê ainda terá sua paciência testada: sem ter seu principal pivô ativo por um dia sequer em seus treinamentos e amistosos, sem ter o armador John Wall até janeiro, ou mais, o Wizards caminha para uma temporada de draga daquelas. Mais uma. Algo a que o brasileiro não está nada habituado.

A última vez em que ele fez parte de uma equipe que mais perdeu do que venceu foi em 2002-2003, em seu campeonato de calouro na NBA, pelo Denver Nuggets, com 20.7% de aproveitamento e 65 reveses em 82 partidas. Desde, então, o clube do Colorado venceu, no mínimo, 52,4% de seus jogos e bateu a casa de 60% em quatro ocasiões.

Neste mesmo período, o Wizards só conseguiu três temporadas com recorde positivo – o aproveitamento de 54,9% em 2004-2005 foi a melhor campanha, época com o trio Gilbert Arenas, Caron Butler e Antawn Jamison em forma. Nos últimos quatro anos, foram 88 vitórias e 178 derrotas. Argh.

Com Nenê em quadra no ano passado, o time de Washington venceu sete em 11 confrontos disputados. Mas Wall estava em forma e o time jogava embalado sob o comando do interino – hoje efetivado – Randy Wittman e pelo expurgo de JaVale McGee e Andray Blatche.

Agora já está difícil até de por seu pivô brasileiro para jogar. Jannero Pargo, ele mesmo, deve assumir um papel importante na armação. Lá vem sova.


Lucas Bebê começa jogando a temporada regular da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Pela primeira rodada da Liga ACB, o campeonato espanhol de basquete, o pivô Lucas Bebê ficou em quadra por 9 minutos e 46 segundos, somando cinco pontos, dois rebotes e um toco. Pode parecer pouco, mas não quando consideramos que o jovem brasileiro havia disputado apenas quatro partidas em toda a campanha passada pelo Estudiantes. Isto é, na jornada de abertura, ele já cumpriu 25% do que havia tido numa temporada inteira.

Lucas Bebê na Liga ACB

Lucas sobe para marcar dois de seus pontos

Aos 20 anos, nada pode ser mais importante para este carioca do que se fardar e ir para a quadra. Que sejam dez, cinco, 12 ou 20 minutos. Claro que quanto mais, melhor. Mas é imperativo que ele fique o máximo de tempo que puder em ação, refinando seu jogo – e contra muitos dos melhores jogadores da Europa.

Bebê – ou Nogueira, para eles – é mais um dos inúmeros casos de revelação brasileira que chama a atenção por seu potencial físico antes de tudo, fazendo olheiros, dirigentes e técnicos surtarem pensando na jóia que têm pela frente. Mas nem sempre é fácil aplicar esse talento inato, os atributos físicos em um jogador de sucesso.

Alguns dos exemplos mais bem acabado de um projeto desses bem aplicado são Nenê, que virou um pivô excepcional em Denver, e Splitter, formado aos poucos pelo Baskonia (então TAU Cerámica, hoje Caja Laboral). Ou Serge Ibaka, trabalhado por Manresa e L’Hospitalet na Espanha e pelo Thunder agora na NBA.

Mas houve muitos jogadores, projetos abortados no meio do caminho, ou que simplesmente não renderam o que seus clubes vingaram, pelas mais diversas razões – que podem passar tanto pela falta de dedicação, disciplina do jogador como pela incompetência de um treinador em trabalhar fundamentos ou pela ingerência administrativa de um cartola. Alguns casos: Mouhamed Saer Sene (um dos 200 pivôs que o Seattle/Oklahoma City tentou desenvolver na última década), Robert Swift (mais um dos 200 pivôs que o Seattle/Oklahoma City tentou desenvolver na última década), Alexis Ajinca (mais uma paixão de Larry Brown que não durou mais de dois meses), Carlos Rogers (que sofreu muitas lesões no início de carreira nos anos 90 e depois se aposentou para doar um de seus rins a sua irmã), Ha-Seung Jin (um dos últimos herdeiros da tradição Jail Blazer de Portland), entre outros.

Se você assistir ao vídeo abaixo, poderá entender um pouco do potencial que Lucas Bebê oferece: a impulsão, agilidade e envergadura absurdas para alguém de sua altura. É realmente algo incomum. Mas são habilidades que precisam de tempo, técnica e empenho para valerem entre os marmanjos. Em sua primeira partida oficial da temporada, ele cometeu quatro faltas, por exemplo.

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Vale destacar apenas que o Estudiantes fez uma ótima estreia na Liga ACB, derrotando o Gran Canaria por 101 a 86. Em determinando momento, a vantagem da equipe madrilenha chegou a superar a casa de 20 pontos. Um jogo decidido assim, claro, facilita a escalação do jovem pivô brasileiro.

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A liga espanhola teve sua primeira rodada mais produtiva em pontos em cinco anos, com média de 78,7 por equipe. Acredite: num campeonato de tanta rigidez tática, a ponto de muitas vezes serem irritantes, esse é um número elevado, batendo os 70,89 da temporada passada. O principal cestinha da jornada foi o gigante bósnio Nedzad Sinanovic, que acabou com o Barcelona, marcando 28 pontos e 10 rebotes pelo Valladolid.

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Depois de anunciarmos no Vinte Um o Barcelona como grande favorito, o time de Marcelinho Huertas, claro, perdeu a Supercopa para o arquirrival Real Madrid e sofreu esse bizarro e inesperado revés na primeira rodada da liga: 78 a 71, em casa, diante de 3.800 catalães atônitos. Sabichão.


Problema físico de Nenê ainda inspira “muita cautela” em Washington
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Giancarlo Giampietro

Nenê, Washington Wizards

A fascite plantar é uma praga para qualquer basqueteiro. Uma dor bem chata na sola do pé, que teima em não ir embora. Foi o que atrapalhou Nenê no final de temporada da NBA – e primeiros jogos pelo Washington Wizards – e nas Olmpíadas. Requer repouso, exercícios específicos de fisioterapia, termo ou crioterapia, em alguns casos medicação contra inflamação ou até mesmo algo mais pesado.

Até se apresentar ao clube da capital norte-americana, o pivô terá ficado afastado das quadras por cerca de dois meses e meio, teoricamente. Pode ser o suficiente para ele chegar bem ao training camp do técnico Randy Wittman?

Talvez.

No fim, porém, o Wizars vai adotar toda precaução possível com o brasileiro. “Vamos ser muito, mas muito cautelosos”, afirma o gerente geral Ernie Grunfeld. “Ele não teve o tempo necessário para descansar neste verão por causa de seu compromisso com a seleção nacional. Vamos, então, bem devagar com ele para garantir que ele chegue 100% na hora em que o usarmos para valer.”

Para o sucesso do Wizards, sua saúde é imprescindível. Em 11 partidas com o brasileiro na temporada passada, o clube conseguiu sete vitórias (uma delas contra o Miami Heat, com uma cesta do pivô no último segundo, veja abaixo), com um saldo de 10,3 pontos, algo impensável para quem só havia apanhado até então. Foram cinco triunfos em sequência até o fim do campeonato. Suas médias foram de 14,5 pontos e 7,5 rebotes.

Nenê vai ser, então, poupado durante a fase de preparação do time e deve ficar fora de uma das duas sessões diárias. É mais um, então que, tal como Leandrinho, se submeteu a alguns sacrifícios pela seleção brasileira e agora tem de juntar os cacos para cumprir com seu trabalho.

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A cada ano é a mesma coisa em Washington. “Agora vai!”

Com o reforço de Nenê e a chegada dos veteranos Emeka Okafor – que vale, aliás, como uma espécie de seguro para qualquer lesão mais chata do brasileiro – e Trevor Ariza e do prestigiado calouro Bradley Beal – cotado como um ‘novo Ray Allen’ (ou Eric Gordon) –, Grunfeld acredita que seu time está preparado para deixar a rabeira da tabela no Leste e lutar pelos playoffs.

Seria importante para isso a filosofia da adição por subtração também com a saída dos cabeças-de-vento Andray Blatche e JaVale McGee e do desinteressado Rashard Lewis. “Mudamos o ambiente da equipe. Conseguimos fazer muitas alterações no nosso elenco, acho que a atitude do time mudou, e teremos um grupo mais dedicado, trabalhador, em que um vai estar disposto a se sacrificar pelo outro”, afirmou o dirigente.

Palpite: para o Wizards vingar de verdade, o talentoso John Wall deve jogar um pouco mais, Beal tem de justificar seu status de grande arremessador – coisa que não aconteceu em seu único ano pela universidade Florida –, e Nenê  precisa se manter em quadra, sem perder eficiência e ganhando em agressividade.

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Dois jovens europeus chamam muito a atenção no elenco do Washington: tcheco Jan Vesely e o francês Kevin Seraphin. Com a chegada de Ariza e Okafor, fica a dúvida sobre quanto tempo de quadra os dois terão para mostrar serviço. Mas são extremamente talentosos.

Seraphin é quem está mais avançado na sua curva de aprendizado, se transformando num cestinha respeitável no garrafão e de média distância e ótimo reboteiro. Ele subiu muito de produção com a chegada de Nenê e fez uma ótima Olimpíada, ainda que o técnico Vincent Collet insistisse com Ronny Turiaf. A Espanha que agradeceu nas quartas de final. Vesely é extremamente atlético, longo toda vida, mas ainda precisa se encontrar, ou ser encontrado. Por enquanto, nos Estados Unidos ele ainda é mais conhecido pelo beijo que ganhou de sua namorada no dia em que foi draftado, mas em quadra ele pode muito mais:


Presidente da CBB reaparece em editorial com pérolas em tom de campanha
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Giancarlo Giampietro

Tudo é uma questão de recuperar o orgulho tupiniquim

Os bastidores do basquete brasileiro já estavam agitadíssimos há muito tempo, mas, passadas as Olimpíadas, como o Bala já publicou, agora é hora de a campanha presidencial da CBB vir à tona, escancarada, e ai de quem ficar na frente.

Nessas horas, vale usar até mesmo o site da confederação, né? Bah, que mal tem?

Toca lançar, então, um editorial nesta quinta-feira no mais alto tom de candidato, rompendo um silêncio que durava desde o desastrado anúncio das convocações de Nenê e Leandrinho em antecipação a Rubén Magnano.

Veja o que assina Carlos Nunes: “Basquetebol, orgulho nacional mais uma vez”.

Por acaso estamos falando da mesma modalidade que saiu como quinto lugar no masculino e venceu apenas uma partida no feminino?

Porque aqui é preciso todo o cuidado do mundo – ou, pelo menos, do Brasil – para que não se misture as coisas. Que um time tenha jogado bem, batido de frente com as potências do torneio e tal, e isso seja entendido como o resgate do orgulho nacional (hein?!) me parece um senhor exagero, desde já. Mas, vá lá. Tem gente que considera mesmo essa avaliação factível. Esses precisam entender que o desempenho de duas seleções nacionais não reflete, de modo algum, uma bonança do esporte no país.

Por mais que o presidente da CBB discorde: “No esporte como praticamos, a derrota não é uma escolha. Medalha no peito ou não, nosso orgulho está em alta. Jogamos para vencer. Sempre”. E desde quando é virtude que um time jogue um torneio para vencer? Não é o óbvio? Se essa é uma indireta para os espanhóis, a derrapada de um não deve transformar a mera obrigação competitiva do outro em ato heróico… Quanta falácia, quanta pachequice.

Presente de Grego e Carlinhos, amigos?

Em seu memorando, Nunes gasta dois longos parágrafos enaltecendo a suposta superestrutura da entidade e paparicando a equipe dos marmanjos. No meio do terceiro parágrafo é que vieram seus tão aguardados comentários sobre a seleção das meninas. Vejamos:  “O feminino jogou de igual para igual contra potências mundiais, num grupo dificílimo. Das quatro semifinalistas, três jogaram contra o Brasil”, começa. Ok, este é numericamente um fato: por outro lado, para quem viu os jogos com o mínimo de senso crítico – será que ele assistiu? será que ele sabe o que é isso? –, ficou bem claro que Austrália e Rússia já não eram as mesmas poténcias de outrém.

E o que mais? “Desempenhos como os de Érika e Clarissa são sementes que plantamos, num trabalho sério e profissional de nossa diretora Hortência, do qual colheremos frutos. As derrotas servem para apresentar lições e fortalecer para o futuro. É isso que faremos”, sentencia. Peraí. Se bem entendemos esse trecho, o cartola quis dizer que Érika, uma pivô que já era uma força da Natureza no Mundial de 2006 e chegou a Londres com 30 anos, foi um produto de sua administração? Ou, quando ele diz “nós plantamos”, talvez esteja se referindo a si e a Gerasime Bozikis, nénão? Seu ex-comparsa, da gestão anterior, da qual tomou parte. Aí faz sentido. Claro!

Se bem que… Hã… Talvez, não.

Afinal, Carlinhos e o nosso presente de grego são concorrentes hoje.

Desculpem a confusão, ok? Mas, como suas trajetórias se confundem e a incompetência é a mesma, fica difícil separar em miúdos.

Voltemos ao editorial, então, sem esquecer a conveniente omissão do caso Iziane – essa semente ninguém plantou, então? – e sem deixar de destacar o prestígio direcionado a Hortência, que, deduzimos, s parece garantida até a reeleição, pelo menos.

Para arrematar, um Grand Finale: “Como disse Rubén Magnano, depois do jogo contra a Argentina, o bambu não cresce do dia para a noite. Além dos já consagrados, novos talentos vão surgir em nossas divisões de base, através de estímulos às federações, aos Nacionais e à Escola Nacional de Treinadores. Em 2016, uma grande festa no Rio de Janeiro vai consagrar de vez o basquete como orgulho nacional”.

É realmente uma pérola: “Bambu não cresce do dia para a noite”. Como se a apropriação dessa metáfora realmente nos forçasse goela abaixo a ideia de que 24 horas representariam os três anos de um trabalho. Conta outra, por favor.

Mas o mais revelador, mesmo, é o verbo “surgir”. Pois não é assim que funciona o basquete brasileiro? Quem explica talentos como Nenê e Damiris? Realmente muito bem empregado, já que “surgir” passa muito mais a noção de casualidade do que de planejamento, não?

Na mosca, presidente.


Argentina vence o Brasil novamente, e dessa vez não há um carrasco ou vilão. Foi só o jogo
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Giancarlo Giampietro

Nenê x Juan Gutiérrez

Nenê e Varejão tiveram juntos os mesmos 11 pontos de Gutiérrez

Por muito tempo, uma crítica predominou sobre a seleção brasileira: a de que basquete da seleção brasileira era por vezes muito destrambelhado. Nesta quarta-feira, o time foi bastante cuidadoso – foram somente oito bolas desperdiçadas de graça em 40 minutos, um fato raro. O problema é que essa passividade atingiu a equipe do outro  lado da quadra também. Por três períodos, faltou a combatividade na defesa que vinham apresentando até então na competição.

Era como se o time de Magnano estivesse esperando que a Argentina se cansasse no fim, para que aí, sim, desse o bote. Se foi isso mesmo, quase deu certo.

Quase.

Com 1min45s para o fim, uma larga diferença de até 15 pontos caiu para três, 74 a 71.

Os brasileiros conseguiam, a essa altura, enfim defender, liderados por Nenê, que, no sacrifício, brecou Luis Scola, impedindo que o argentino fosse acionado. Quando os adversários conseguiam envolver o pivô brasileiro em simples trocas, o pivô também foi bem, mesmo quando atacado frontalmente por Carlos Delfino.

O problema é que… Uma vez feito o “serviço sujo”, uma vez tendo o time voltado ao jogo, as precipitações voltaram, e com tudo, no ataque. Primeiro, Alex, com uma falta de ataque atropelando Manu Ginóbili, e Marcelinho Huertas, com um chute de três pontos mesmo tendo um Scola carregado de faltas à sua frente. No fim, com Leandrinho abaixando a cabeça e se deixando encurralar na lateral da quadra. Entre o primeiro erro e o terceiro, foram três pontos para o ligeirinho, dois para Nocioni e quatro lances livres convertidos por Ginóbili, Scola e Delfino (dois cada). O placar pulava para 80 a 71, restando 30 segundos. Aí já era.

A ideia aqui não é apontar culpados.

Chegando a esse ponto, a seleção penava para alcançar a marca da medíocridade, 50%, nos lances livres. Foram 12 desperdiçados em 24 batidos. Se pelo menos seis amais tivessem caído… Os argentinos também erraram seus chutes parados na linha (9 em 28, 68%), mas saíram com sete pontinhos preciosos a mais no fundamento.

Mas podemos ir além. Splitter e Nenê sempre se atrapalharam com lances livres, mesmo. Então talvez fosse injusto colocar esse fardo em seus ombros, ainda mais com os argentinos fazendo faltas descaradamente.

Então, o que falar daquela velha coqueluche? Os tiros de três pontos. Depois de duas partidas atípicas diante de chineses e espanhóis – convenhamos, galera, não dá nem para comparar a intensidade desses dois duelos com os três primeiros do grupo –, a seleção caiu na arapuca: voltou a atirar desenfreadamente de fora.

Foram apenas 7 convertidos em 23 tentativas, resultando em anêmicos 30% de aproveitamento. Se lembrarmos que duas dessas caíram em chutes no desespero de Leandrinho no finzinho, é provável que a seleção tivesse uma pontaria de apenas 25% até os minutos finais. Um número pífio, que foi cultivado durante todo o torneio e acaba, no fim, jogando contra, sabotando seu próprio empenho defensivo. E, ainda assim, superior aos 29% dos oponentes. Creiam.  Mas não que a falha de um redima a do outro.

De novo o Brasil teve chances, mas não soube capitalizá-las. Pesa a experiência de nossos vizinhos, o maior talento individual de dois jogadores, mas contam também erros que se repetem com uma frequência que acaba sendo implacável.

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O Bala havia cantado a pedra já no primeiro tempo, o Murilo, que cobriu o torneio in loco, só reforçou: a Argentina propôs ao Brasil, especialmente no primeiro tempo, a mesma armadilha do confronto das oitavas de final do Mundial de Istambul-2010. Pablo Prigioni estava claramente com sua movimentação debilitada, não conseguia e nem tentava acompanhar Huertas, mas Júlio Lamas não se mostrava nada preocupado. Manteve em quadra seu veterano, que perdeu dois jogos devido a cólica renais, e só usou o novato Campazzo por dois minutinhos na etapa inicial. Que o armador chutasse todas, mesmo, privando o jogo interno do Brasil de mais algumas investidas. Lembrando que o jogo com os pivôs funcionava muito bem no primeiro quarto, com Splitter e Varejão, forçando inclusive as duas faltas em Scola.

No fim, muitos jogadores foram alienados: enquanto o Brasil teve 22 pontos de Huertas e outros 22 de Leandrinho, fora a dupla, só Alex passou teve dois dígitos na pontuação (11). De resto, foram 2 pontos de Machado, 2 de Larry, 4 de Varejão, 7 de Nenê, 2 de Giovannoni e 6 de Splitter.

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Dessa vez não houve um “carrasco”, um “algoz”, um super-herói argentino que tenha esmigalhado. Com um ataque mais solidário, nossos vizinhos contaram com 17 pontos de Scola, 16 de Ginóbili, 16 de Delfino, 12 de Nocioni e 11 de Juan Gutiérrez. Creiam: o pivô reserva argentino, sozinho, marcou o mesmo número de pontos de Nenê (7) e Varejão (4) somados.

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Terminar os Jogos de Londres em quinto lugar não é o fim do mundo, claro. No fim, a seleção mais venceu (quatro) do que perdeu (duas). Para quem não participava da competição há 16 anos, parece algo satisfatório. E aí você que tem de decidir em qual grupo se enquadrar: numa faixa mais condescendente e/ou conformada, está de bom tamanho a campanha. O Brasil competiu em alto nível, fez o que dava e parabéns. Se for mais minucioso, inevitável também a sensação de que dava, sim, para buscar mais neste torneio.

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O basquete volta a ser discutido. As pessoas voltam a torcer por basquete no Brasil. Mas estamos bem distantes de presenciar uma massificação do esporte. A CBB contratou um ótimo técnico, ok, mas este é apenas um paliativo, um movimento de curto prazo. Podem elogiar a seleção pela campanha londrina, mas as palavras não podem ser usurpadas por quem não é de direito.

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O discurso de que o Brasil ao menos resgatou um pouco de seu prestígio internacionalmente se justifica até a segunda página. A seleção foi elogiada, jogou no pau contra um time duas vezes medalhista olímpico, e tal. Inegável. A dúvida que fica é: até que ponto esse prestígio vai ser levado adiante? Em breve, venho  as datas de nascimento com mais calma (vocês podem checá-las aqui), mas exsiste  a possibilidade de que a participação em Londres pode ter sido a primeira e última de muitos dos jogadores do Magnano.


Nas quartas de final, Argentina e o carma. E dava para ser diferente?
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Giancarlo Giampietro

Deu Brasil x Argentina nas quartas de final de Londres-2012. Mesmo.

E… Dava para ser de outro jeito?

Se é para conseguir sua redenção olímpica, para tentar redimir uma geração esculhambada durante toda a década passada, talvez todo o carma do mundo exigisse que tivéssemos esse clássico sul-americano pela frente, como vamos relembrar agora.

Não curto muito escrever em primeira pessoa: nós (nós quem, cara pálida?) contra eles. Mas vocês deem um passe-livre nesta ocasião, por favor:

Varejão x Oberto

O jovem Anderson Varejão disputa rebote com Fabricio Oberto – Rogério Klafke também estava lá

– Eles nos derrotaram no Mundial de 2002, em Indianápolis, onde seriam vice-campeões. A seleção ainda era treinada por Hélio Rubens, havia dois irmãos Varejão no garrafão, Tiago Splitter estreava com 17 anos, Nenê já estava fora, e dividiam a armação Helinho e Demétrius, hoje assistente do técnico, então deles, Rubén Magnano. O primeiro tempo terminou empatado em 29, mas os caras abriram boa vantagem no terceiro quarto e triunfaram por 78 a 67.

– Eles repetiram a dose no Pré-Olímpico de 2003. Um ano depois, se consagrariam como campeões olímpicos em Atenas. Em San Juan, Porto Rico, ajudaram a empurrar ladeira abaixo a seleção, agora com Lula Ferreira e renovada. Os ainda garotos brasileiros sofreriam mais três reveses – até para o México de Nájera! – e seriam eliminados. Aquele foi um jogo feio, arrastado e equilibrado do início ao fim, com 35 (!!!) desperdícios de posse de bola.

– Avançamos no tempo consideravelmente agora, ignorando a esvaziada Copa América de 2005, e chegamos a Las Vegas, 2007. Só jogatina e ressaca: nós sem Anderson Varejão, mas com Splitter já bem crescido na Europa e Nenê retornando após quatro anos, e eles sem: 1) Ginóbili, 2) Nocioni, 3) Oberto e 4) Herrmann, mas foram duas derrotas: uma pela segunda fase e a outra, valendo vaga olímpica, pelas semifinais. Este blogueiro aqui estava lá, ganhou muitos pontos na escala de animosidade com boa parte do atual grupo, num ambiente tumultuado e extremamente tenso. Luis Scola jogou demais, Delfino acertava tudo de fora, Kammerichs tinha o bigodão mais legal do basquete, e foram duas pauladas bem doloridas que custaram a demissão de Lula. What happens in Vegas, stays in Vegas, baby!

Marcelinho x Delfino

Em Las Vegas-2007, Marcelinho viu a Argentina de Delfino vencer mais uma vez

(- Agora estamos em 2009, com o tiozão Moncho Monsalve no comando, bem piradão, e voltamos a San Juan, pela Copa América, para enfim derrotar uma Argentina que tenha escalado o tal do Scola. Foi pela primeira fase, não tinha vaga em jogo, nem nada. Eles tinham apenas o ala-pivô número 4 e Prigioni de suas principais peças, enquanto jogamos com Varejão, Splitter, Huertas, Leandrinho, Alex e, sim, Duda! Injusto? O trauma era tão grande, que não importava.)

– Em 2010, Mundial de Istambul, ainda ouvindo instruções em espanhol, mas com um sotaque argentino: Magnano foi contratado para o lugar de Moncho. A seleção apresenta uma defesa combativa de um modo nunca visto nesta geração, quase derrota os Estados Unidos, mas é eliminada pelos caras nas oitavas de final. Foram 37 pontos de Scola, santamãe, com um quarto período, infelizmente, inesquecível. Para completar, Delfino e Jasen mataram juntos 21 pontos de longa distância. Nocaute.

–  Que tal lavar, um pouco, da alma, então, derrotando nossos arquirrivais logo na casa deles, em Mar del Plata-2011? Foi o que a seleção de um Marcelinho Huertas dominante na armação e de um Hettsheimeir surpreendente fez, não importando que os ícones da Geração Dourada estivessem reunidos por ali. Um triunfo que encaminhou nossa equipe para a primeira vaga olímpica desde Atlanta-1996. Já classificados, os dois times se enfrentaram, então, na final: de moicano, e ressaca das boas, a trupe perdeu por cinco pontos.

Não dá para dizer que é um tira-teima, né? Não depois de tantas derrotas assim. Apenas valeria se nos limitássemos aos confrontos do ano passado para cá, incluindo os dois (nada) amistosos deste ano, com acusação de roubalheira em Buenos Aires, mãos no vácuo na hora de cumprimentar por lá, empurra-empurra e dedos em riste em Foz do Iguaçu. Foram duas vitórias para cada lado.

Neste confronto, não precisa nem de análise de vídeo: nossos pivôs já estão cansados de enfrentar Scola. Ginóbili sabe muito bem como Alex é um pé na sacola na marcação. E por aí vai. São personagens que se enfrentam há dez anos – Marcelinho Machado, por exemplo, estava em todos os jogos listados acima.

Desta vez os times se enfrentam com o que têm de melhor, ou quase. Prigioni ainda não se recuperou de cólicas renais. Nenê sofre com dores crônicas no pé e, segundo Magnano, é dúvida.  Quem perde mais nesta? O Brasil perde um ótimo defensor contra Scola. A Argentina fica sem seu jogador mais cerebral.

Nas próximas horas, esses protagonistas todos podem tentar minimizar qualquer noção de rancor e tal. Splitter e Scola são muito amigos, por exemplo. O catarinense se dá bem pacas com Ginóbili em San Antonio. Magnano tem o respeito de todos do outro lado. Quando a bola subir, porém, lembre que há fortes recordações em jogo.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
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Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

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Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

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Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.


Lavada contra a China, classificação garantida e armadilha a ser evitada
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Giancarlo Giampietro

Varejão marca Jianlian

Yi Jianlian foi dominado pelos pivôs brasileiros: apenas cinco pontinhos, três deles em lances livres

Para um time que ainda jogava por sua classificação, impressionou negativamente a pouca intensidade dos chineses neste sábado. Ressaca, ou não, a seleção brasileira não tinha nada com isso: se impôs desde o início e fez seu trabalho muito bem, obrigado, para vencer por 98 a 59.

Para garantir a classificação para as quartas, a equipe começou sua partida buscando o jogo interior, ufa, e viu aquele Tiago Splitter eficiente, ao qual se habituou nas últimas temporadas, executar bons movimentos, abrindo caminho para  uma boa diferença logo de cara. Com pivôs menores e mais leves, a China teve de encolher sua marcação e permitiu uma série de chutes de três pontos para os brasileiros, e dessa vez, livrinhas, as bolas caíram.

Não houve egoísmo também, tendo o time acumulado 27 assistências. Foram pouquíssimos os desperdícios de bola (6). A defesa não afrouxou em nada, continuou desestabilizando os chineses e forçou este desempenho pífio: nos primeiros 20 minutos, seu oponente somou seis erros e apenas uma assistência, por exemplo. Na segunda etapa, foi um treino.

(Agora um parêntese obrigatório, e que se tome cuidado com as armadilhas: foram 25 tiros de longe e 12 cestas, a maioria equilibrada, sem pressão alguma. Mas não achem os brasileiros que vão enfrentar uma defesa esburacada como essa em duelos com Espanha, França e Argentina. Fica o exemplo do comportamento dos Estados Unidos hoje contra a Lituânia, acreditando que a tempestade de três pontos que causaram contra a Nigéria se replicaria naturalmente.)

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Só Leandrinho, Giovannoni e Alex ficaram em quadra por mais de 20 minutos, e raspando. Deu, então, até para Caio Torres e Raulzinho jogarem. Pelo andar da carruagem olímpica brasileira, a convocação do pivô do Flamengo parece cada vez mais deslocada: se era para ter um jogador para ser usado tão pouco no torneio, não era melhor investir em alguém mais jovem, mesmo?

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Excluindo os jogos dos Estados Unidos, essa foi a maior vitória do torneio olímpico masculino, com 39 pontos de vantagem. A maior diferença até então havia sido da Argentina sobre a Lituânia: surpreendentes 23 pontos (102 x 79). Os argentinos também haviam vencido a Tunísia pelos mesmos 23 pontos (92 a 69).

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Agora o assunto que vai dominar as próximas 48 horas: ganhar, ou não, da Espanha, para evitar um eventual confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Imagino que haverá muitos a torcer para uma vaga como terceiro colocado. Desta forma, evitaríamos também o clássico diante da Argentina nas oitavas. Bem… Para mim, não tem essa de entregar jogo. A bola está com Magnano.

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Duas notas sobre a China:

– Wang Zhizhi foi o primeiro atleta do país a jogar na NBA, contratado em 2001 pelo Dallas Mavericks, um ano antes de Yao Ming ser selecionado pelo Houston Rockets na primeira colocação do Draft que também levou Nenê para a liga norte-americana.

– Quem se lembra do técnico Robert Donewald Jr.? Ele foi contratado pelo ex-agente de Nenê e Leandrinho, Michael Coyne Jr., para trabalhar no Brasil na temporada 2005-2006 com o ala Marquinhos. Ele foi o treinador do time de São Carlos, do qual Nenê também participou na formação. Depois, ele ainda treinou Guarujá, antes de partir para a Ásia. Neste meio-tempo, Donewald trabalhou com Marquinhos e o pivô Morro, do Pinheiros, na preparação dos dois atletas para o Draft da NBA de 2006. O ala foi selecionado na posição 43 pelo Hornets.