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Mercado da Divisão Nordeste: Boston está chegando lá
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico, a Divisão Sudeste e/ou a Divisão Noroeste pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de 20 dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

Boston Celtics

Atlanta Hawks v Boston Celtics

Quem chegou: Al Horford e Jaylen Brown.
Quem saiu: Jared Sullinger (Raptors) e Evan Turner (Celtics).

O clube teve sua chance. Kevin Durant, no final das contas, realmente pensou na possibilidade de jogar em Boston. Mesmo que tenha optado pelo Warriors, para choque geral da liga, a mera consideração pelo Celtics deveria deixar o gerente geral Danny Ainge ainda mais encorajado com seu longo plano de reconstrução. Afinal, times como Lakers e Knicks não conseguiram nem mesmo marcar uma reunião com o ala.

E tem outra: não é que Al Horford seja um frustrante prêmio de consolação. Muito pelo contrário. O pivô dominicano se soma a uma base de jogadores competitivos, inteligentes e bem treinados e, sozinho, já vai fazer o produto de Brad Stevens melhorar consideravelmente em quadra, de tantos fundamentos e versatilidade em geral que oferece. Um time que venceu 48 partidas está basicamente trocando Sullinger por um All-Star. Nada mal.

Já a perda de Evan Turner não é algo para se lamentar tanto. A equipe perdeu, sim, seu condutor da segunda unidade, mas acho que dá para acreditar em um salto de qualidade para Marcus Smart e até mesmo para Terry Rozier, compensando. Além disso, a rotação ganha toda a vitalidade e capacidade atlética do número três do Draft, Brown. O jovem ala não está nada pronto como atacante, dependendo basicamente de investidas explosivas rumo ao aro para pontuar, mas já pode ajudar na contenção no perímetro, dando uma força para Jae Crowder contra alas mais altos e fortes.

De todo modo, Ainge não deve parar por aí. O gerente geral ainda busca mais um ou dois negócios, na forma de trocas, tendo ainda uma dúzia de ativos. A franquia obviamente aguarda o que OKC e Russell Westbrook pretendem da vida. Não custa insistir com Vlade Divac sobre DeMarcus Cousins também. Ou quiçá Cleveland já não se importe mais em segurar Kevin Love, precisando de reforços no perímetro devido ao fator Durant. Vai saber. Há sempre um negócio para se fechar por aí, desde que pelo valor certo – esta tem sido a filosofia paciente de Ainge, mesmo depois de um Draft no qual foi obrigado a selecionar seis atletas.

Uma eventual troca vai decidir o futuro de alguns desses jovens jogadores. É certo que Ante Zizic seguirá na Europa. De resto, ninguém sabe ainda o seu destino. O trator francês Guerschon Yabusele impressionou durante as ligas de verão e parece preparado para jogar na liga para já. Por ora, porém, não há espaço no elenco.

Brooklyn Nets

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Quem chegou: Jeremy Lin, Trevor Booker, Luis Scola, Greivis Vasquez, Randy Foye, Anthony Bennett, Justin Hamilton, Joe Harris, Caris LeVert e Isiah Whitehead.
Quem saiu: Thaddeus Young (Nets), Jarrett Jack (Hawks), Willie Reed (Heat), Wayne Ellington (Heat), Sergey Karasev (Rússia), Donald Sloan (China).

Não dá para dizer que Sean Marks esteja recomeçando o projeto do zero, mas é quase perto disso, hein? Considerando o estado em que estava a franquia ao final da temporada passada, é bastante compreensível essa chacoalhada toda. O neozelandês tinha dinheiro para gastar, mas o clube não atrairia grandes nomes. Então optou por apostas em jogadores que ainda teriam potencial para ser explorado, na expectativa de que evoluam com mais tempo de quadra e possam formar um núcleo mais interessante daqui a dois anos, eventualmente. Sim, Jeremy Lin ainda se encaixa nesse perfil, ainda mais agora que ai reencontrar o técnico Kenny Atkinson, uma das principais figuras por trás das semanas de Linsanidade que viveu pelo Knicks há quatro anos.

Outros jogadores nessa linha: Hamilton, um pivô que jogou muita bola pelo Valencia na temporada passada e pode ser considerado um stretch 5, com bom chute da cabeça do garrafão; Bennett, um dos maiores fiascos da história do Draft, mas que ainda é jovem o bastante para não ser descartado de vez; e Harris, que entrou na liga com a reputação de ser um grande chutador de três pontos, mas que não impressionou a serviço do Cavs. Não são nomes que comovem tanto, mas vale a prospecção.

Lembrando também que a ideia inicial de Marks nem era contratar tanta gente assim. Acontece que, quando o Miami Heat e o Portland Trail Blazers decidiram cobrir suas polpudas (e um tanto ousadas) ofertas, respectivamente, por Tyler Johnson e Allen Crabbe, lhe restou dinheiro e poucos alvos no mercado. Aí ele optou pela contratação de veteranos como Scola, Vasquez e Foye, que são caras muito respeitados dentro do vestiário. Pensou em química. Mas será que tantos veteranos assim não podem roubar minutos preciosos dos mais jovens? Caras como Rondae Hollis-Jefferson, Chris McCullough, Sean Kilpatrick e os calouros LeVert e Whitehead deveriam ter a prioridade. Ou Brooklyn acreditaria que um quinteto Lin-Foye-Bogdanovic-Booker-Lopez seria competitivo no Leste?

New York Knicks

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Quem chegou: Derrick Rose, Joakim Noah, Courtney Lee, Willy Hernángómez, Brandon Jennings, Justin Holiday, Mindaugas Kuzminskas, Maurice N’Dour e Marshall Plumlee.
Quem ficou: Lance Thomas e Sasha Vujacic.
Quem saiu: Robin Lopez (Bulls), José Calderón (Bulls/Lakers), Jerian Grant (Bulls), Arron Afflalo (Kings), Derrick Williams (Heat), Langston Galloway (Pelicans) e Tony Wroten (Grizzlies).

É, Phil Jackson também trabalhou bastante nas últimas semanas. Quantas canetas foram necessárias para assinar tanta papelada? Desde a troca surpreendente com o Bulls por Derrick Rose (análise aqui) a contratações de veteranos com histórico de lesão, passando pela busca por talento na Europa, o Mestre Zen fez de tudo um pouco para tentar conduzir o Knicks de volta aos playoffs. Carmelo Anthony não aguentava mais. Agora está empolgadão com os nomes que chegaram. Deveria?

Em tese, Noah e Lee fortalecem bastante a vulnerável defesa da equipe. O Knicks pagou um preço caro por um dos marcadores mais inteligentes e aguerridos do basquete. Ele tem tudo o que Jackson ama em um jogador. Precisa ver apenas se o pivô – um dos meus cinco jogadores prediletos em toda a liga, acreditem – vai ter condições físicas para jogar a temporada toda em alto nível. Do contrário, vai ter de apelar a Hernángómez e Plumlee, que até são mais maduros que a média entre calouros, mas não estão à altura da missão. O espanhol tem força, munheca e movimentos para pontuar, mas não é um grande defensor. Já Plumlee vem com a grife Dukep-Coach K, joga pesado, não vai inventar onda nenhuma, reconhecendo todas as suas limitações com a bola. E bota limitação nisso.

O temor pela enfermaria naturalmente se estende aos armadores. Rose terá a companhia de Jennings, que tentará mostrar que a ruptura no tendão de Aquiles ficou no passado. Registre-se aqui uma curiosidade quase mórbida: vamos ver se os dois vão conseguir passar da marca de 70 jogos e de 40% nos arremessos.

Já Lee acrescenta muito na contenção do perímetro. É um defensor muito mais intenso e capaz que Afflalo, que hoje só tem fama. Também arremessa bem e sabe jogar coletivamente, se movimentando pelo ataque, abrindo espaços, acostumado a jogar em função secundária. Definitivamente não vai brigar com Melo e Rose por arremessos. Baita contratação.

Por fim, completando o elenco, Kuzminskas é um ala que vive de oportunismo no ataque. Não é um cara que cria situações de cesta por conta própria, mas sabe aproveitar muito bem as rebarbas em rebotes ofensivos e cortes para a cesta pelo fundo da quadra. Imagino muitas assistências de Noah e Jennings para ele. Na defesa, é uma negação, e talvez seja superado por Holiday na rotação justamente por isso. N’Dour, o atlético senegalês que mal jogou pelo Real Madrid, deve passar mais tempo com o time da D-League do que com as estrelas.

Se estivéssemos em 2010, as contratações de Phil Jackson seriam bombásticas. Mas o calendário, salvo engano, aponta 2016. Se tirarmos o Warriors da dicsusão, talvez o Knicks seja o time mais interessante para se acompanhar na temporada que vem, pela combinação perigosa de egos, pelo simples fato de Rose e Noah estarem fora de Chicago e pela situação de Carmelo – mais um ano de fracasso, e o ala muito provavelmente vá forçar uma troca.

Philadelphia 76ers

Quem chegou: Ben Simmons, Dario Saric, Sergio Rodríguez, Jerryd Bayless, Gerald Henderson e Timothy Luwawu.
Quem saiu: Ish Smith (Pistons), Isaiah Canaan (Bulls) e Christian Wood (Hornets)
Quem chegou e nem ficou: Sasha Kaun

Pela primeira vez desde 2013, o Sixers vai abrir uma temporada em que o objetivo não são as derrotas. O Processo de Sam Hinkie foi abortado abruptamente na campanha passada, com o Clã Colangelo afanando todos os seus ativos, e agora o metódico, cultuado (por uns) e ridicularizado (por muitos) dirigentes tem de se contentar, de alguma forma, com o fato de que pelo menos a franquia conseguiu uma estrela em torno da qual pode se fortalecer, que é Simmons. Mesmo que ele já não esteja mais por lá para curtir esse desenvolvimento.

O novato australiano já encantou durante as ligas de verão com sua visão de quadra especial, lembrando muito um Jason Kidd de 2,08m de altura. Tal como era o caso do armador, porém, em seus primeiros anos de profissional, Simmons não representa absolutamente nenhuma ameaça como chutador, e isso vai ter um preço em seu ano de novato. Enquanto ele não der um jeito nesse fundamento, não deve entrar na pauta de um All-Star Game, por exemplo.

Com Saric e Rodríguez vindo da Europa, de todo modo, o Sixers certamente será um dos times mais divertidos da liga nas trocas de passe e jogo em transição. Depois de sofrer com armadores abaixo da linha da mediocridade, Brett Brown agora pode chorar de alegria no banco. Ele merece.

Fora isso, Henderson vai contribuir com profissionalismo, defesa e chutes de média distância, jogando em casa, enquanto o francês Luwawu se encorpa e se ajusta a um jogo no qual não será mais a figura mais atlética em quadra, como acontecia na Sérvia.

A missão de Colangelo agora deveria ser encontrar uma nova casa para Jahlil Okafor, cujos talentos ofensivos não se encaixam com o restante do elenco – independentemente, inclusive, do que acontecer com Joel Embiid. A rotação da linha de frente com Robert Covington, Jerami Grant, Simmons, Saric, Nerlens Noel e Richaun Holmes já é interessante o bastante.

Toronto Raptors

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Quem chegou: Jared Sullinger, Jakob Poetl e Pascal Siakam.
Quem ficou: DeMar DeRozan.
Quem saiu: Bismack Biyombo (Magic), Luis Scola (Nets) e James Johnson (Heat).

Masai Ujiri teve a chance de acrescentar Serge Ibaka ao finalista da Conferência Leste, mas não aceitou o preço cobrado por OKC (que era a nona escolha do Draft + Patrick Patterson + Cory Joseph + Norman Powell). Os dois reservas são figuras muito queridas no vestiário e compuseram uma segunda unidade que foi um dos pontos fortes do time canadense na última temporada. Joseph também é adorado em Toronto, um queridinho local. Powell deixou claro seu potencial nas últimas semanas do campeonato. Ainda assim… Por mais salgada que fosse a pedida, se o Raptors pretendia melhorar nessa temporada, talvez valesse a aposta. Ibaka seria um parceiro perfeito para Jonas Valanciunas e ainda supriria a inevitável ausência de Biyombo como protetor de aro.

Outra opção badalada que o clube vislumbrou foi Pau Gasol. Aparentemente, se não fosse a aposentadoria de Tim Duncan em San Antonio, o pivô espanhol estava muito disposto a fechar com Toronto. Taj Gibson também foi cortejado, mas as reviravoltas de mercado em Chicago impediram o negócio. Aí restou ao nigeriano a contratação de Jared Sullinger, por US$ 6 milhões.

Considerando os alvos primários, o ala-pivô não empolga muito. Não é ele que vai aproximar o Raptors do Cavs. Mas foi uma alternativa razoável e barata, para assumir os minutos de Luis Scola. Uma evolução. Sullinger é um reboteiro muito mais eficaz, também sabe passar a bola, embora seja um arremessador no mínimo irregular. Como ele vai se encaixar na equipe depende basicamente de seu condicionamento físico. Em Boston, teve constantes embates com a balança.

Já os calouros Poetl e Siakam entram no programa de desenvolvimento da franquia, que agora está lotado. Para um time que briga para se manter no topo da conferência, são diversos os jovens jogadores que não devem receber muita atenção de Dwane Casey na próxima temporada. Talvez o austríaco possa brigar por posição com Lucas Bebê, valendo a vaga de reserva imediato de Valanciunas.

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Mercado da Divisão Noroeste: o enigma OKC e um monte de moleque
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico e/ou a Divisão Sudeste, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Denver Nuggets
Quem chegou: Jamal Murray e Malik Beasley.
Quem ficou: Darrell Arthur.
Quem saiu: DJ Augustin (Magic).

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

É como se o Denver Nuggets fosse o Boston Celtics do Oeste, mas como se o ano fosse 2014, sem um técnico chamado Brad Stevens. Com todo o respeito a Mike Malone. Em termos de at jovens jogadores promissores e moedas de troca, porém, o clube do Colorado está abarrotado. Uma hora, vão usar estes ativos em alguma negociação de impacto. Por ora, só precisam de um pouco de paciência. O flerte com Dwyane Wade só valeu para a franquia ao menos se anunciar ao mercado.

O gerente geral Tim Connely explorou novamente os mares abertos para adicionar mais revelações estrangeiras, seguindo a trilha que vem dando tão certo nos últimos dois anos, com Joffrey Lauvergne, Jusuf Nurkic e, principalmente, Nikola Jokic. Mesmo que Juancho Hernángomez (mais preparado) e Petr Cornelie sigam na Europa, são desde já atletas de valor na liga.

Enquanto isso, o canadense Jamal Murray vai reforçar a rotação de armadores de Malone, como ótimo reserva para a dupla Emanuel Mudiay-Gary Harris, podendo os três revezar tranquilamente. Malik Beasley também pode entrar na rotação, dependendo de sua recuperação de cirurgia e do seu aproveitamento nos arremessos de fora.

A diferença para Boston é que Denver está no Oeste, em uma conferência em que a vida para se reconstruir é um pouco mais ingrata. Imagino que o cenário da temporada passada, com o Rockets se classificando aos playoffs com 42 vitórias, foi só uma exceção. E não sei bem como Gallinari e a garotada poderão bater essa meta para entrar na briga.

– Minnesota Timberwolves
Quem chegou: Kris Dunn, Cole Aldrich, Jordan Hill e Brandon Rush.
Quem saiu: Greg Smith (dispensado).

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Thibs vai dirigir um elenco de base muito jovem, à qual foi adicionado mais um talento (aparente) de ponta: Kris Dunn. O armador é mais velho que Towns e Wiggins, aos 22. Mas tem um potencial fantástico para se explorar. Como ele vai jogar ao lado de Ricky Rubio, é a grande questão.

Há muito barulho em torno de uma possível troca do espanhol, mas acho que seria um erro. Rubio é um arma quase perfeito para fazer a molecada jogar com sua visão 6D (sim, ele enxerga muito mais dimensões do que a física pode conceber em quadra). Só não é perfeito porque ainda não se tornou um chutador nem mesmo razoável. Mas não é que Dunn seja um Kyrie Irving também. Longe disso.

O que o novato tem de mais especial são suas infiltrações agressividas e explosivas, que botam muita pressão na defesa. De todo modo, a prioridade do ataque do Wolves serão as mais diversas habilidades de Towns. Durante a Summer League de Vegas, Dunn não se mostrou muito preocupado em acionar seus companheiros. Se Rubio ficar, o calouro deve ser usado como um sexto homem pontuador, então.

Em termos de veteranos, com dois pivôs, Thibs dá a entender algumas coisas: a) Kevin Garnett realmente não deu nenhum indício ao clube de que vá jogar; b) o que vier de Nikola Pekovic e seus frágeis pezões seria lucro; c) Gorgui Dieng deve ser mantido no time titular ao lado de Towns; d) Nemanja Bjelica não é muito bem visto pela nova diretoria – o que é uma pena.

A história de Aldrich é muito bacana. O pivô é realmente torcedor fanático do Wolves e retorna à casa com US$ 21 milhões garantidos. Uma baita grana para o cidadão normal americano, mas uma barganha e tanto neste mercado inflacionado. Será um pivô útil para jogar com Towns eventualmente e para consolidar a defesa da segunda unidade.  (Quem diria que essa frase faria sentido três anos atrás?! A lição aqui: nunca é tarde, especialmente para pivôs. Mais: se Sam Presti selecionou um atleta, e, por alguma razão, OKC o dispensou, o restante da liga deve ficar antenado. É o mesmo raciocínio em torno do Spurs, com Ian Mahinmi, George Hill e Cory Joseph podem provar. Então fiquemos de olho em Mitch McGary.)

– Oklahoma City Thunder

E aí, mano?

E aí, mano?

Quem chegou: Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Ersan Ilyasova e Alejandro Abrines.
Quem saiu: Kevin Durant (Warriors), Serge Ibaka (Magic) e Randy Foye (Nets).

É, que dureza. Não há nem muito o que escrever sobre OKC sem desafiar a depressão. Também pode ser um exercício desnecessário, enquanto o clube não tomar uma decisão sobre o que fazer com Russell Westbrook. O cara será agente livre ao final do ano. Eles vão correr o risco de perdê-lo por nada, assim com aconteceu com Durant. O Boston Celtics está esperando. Na verdade, pode colocar ao menos um terço da liga nessa. Mesmo com apenas um ano de contrato, ele ainda renderia boas peças para uma reconstrução mais profunda, iniciada já com a saída de Ibaka.

Com Wess, o Thunder ainda vai brigar para chegar aos playoffs. Aconteceu em 2014, quando Durant estava fora de ação e o próprio armador perdeu algumas partidas. O elenco de hoje é melhor que o da época – Steven Adams se tornou uma força no garrafão, Ersan Ilyasova vai poder chutar como Ibaka e Domantas Sabonis chega pronto para brigar no garrafão. Seria interessante, ainda, ver Oladipo ao seu lado, como dois maníacos atléticos agredindo os adversários.

Em tempo: David Pick informa que o clube está contratando o espanhol Alejandro Abrines, um excelente arremessador de 22 anos que já tem sete temporadas como profissional na Europa e já foi aprovado em jogos de Euroliga. ‘Álex’ é a última peça que vem do legado James Harden. Foi com uma uma escolha de segunda rodada adquirida na megatroca do barbudo que Presti o selecionou. O jovem ala seria um baita companheiro de ataque para A Dupla Que Não Foi Campeã – bem melhor que Dion Waiters, creiam. Ainda assim, vale a aposta da franquia em seu basquete. A dinâmica da NBA deve fazer bem a um atleta que ficou por muito tempo de mãos atadas sob a direção de Xavier Pascual em Barcelona.

– Portland Trail Blazers

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Quem chegou: Evan Turner, Festus Ezeli, Shabazz Napier e Jake Layman.
Quem ficou: Allen Crabbe e Meyers Leonard.
Quem saiu: Gerald Henderson (Sixers) e Brian Roberts (Hornets).

Depois de surpreender e causar boa impressão, o Blazers estava numa situação curiosa, com espaço de sobra em sua folha salarial para oferecer mundos e fundos para quem quisesse, tentando adicionar talento em torno da dupla Damian Lillard e CJ McCollum. Seu alvo primordial foi Chandler Parsons, que acabou preferindo fechar com o Memphis Grizzlies. Dependendo do estado de seus joelhos, talvez não tenha sido algo tão ruim assim.

Num mercado que não era dos mais animadores, porém, a dúvida era o que fazer com tanta grana. Esperar uma oportunidade melhor para investir? Quando foi informado que Parsons não estaria a abordo, Neil Olshey preferiu direcionar esforços rapidamente para a contratação de Evan Turner, que vai receber salário de US$ 17 milhões anuais. Hã… sério? Mesmo o melhor basquete de sua carreira, sob o comando de Brad Stevens, foi algo que justifique tanta grana e a promessa de que será titular no Oregon.

Turner é um desses casos exemplares em que os números realmente não dizem tudo. Acumula rebotes e assistências, mas seu volume de jogo não se traduz em eficiência. O ala é polivalente, faz de tudo um pouco – menos arremessar de três pontos, o que só atrapalha, aliás (30,5% na carreira, 24,1% na temporada passada). Não que seja um jogador ruim. Só não é alguém para ser titular numa equipe que tenha muitas pretensões. Em Boston, ele se encaixou por jogar ao lado de caras como Marcus Smart e Avery Bradley, que ainda não conseguem produzir por conta própria. Então a bola ficava com ele, especialmente nos momentos em que Isaiah Thomas ia para o banco. Em Portland, você não vai tirá-la das mãos de Lillard e McCollum. Não é que a dupla estivesse precisando de ajuda para criar jogadas. Na defesa, ao menos suas contribuições ao lado da dupla serão mais positivas.

As implicações financeiras desse acordo ficaram ainda mais delicadas quando o Brooklyn Nets topou pagar US$ 74 milhões pelo ala reserva Allen Crabbe, um dos poucos chutadores que o Blazers tem para assessorar seus fantásticos armadores. Olshey se viu pressionado a cobrir a oferta, com o receio de perder um jovem jogador sem ganhar nada em troca. Logo mais, chegará a hora de renovar com McCollum e,  possivelmente, Mason Plumlee. Saiu tudo muito mais caro do que poderiam imaginar.

Por outro lado, Festus Ezeli, por US$ 16 milhões e dois anos, é uma boa aposta. O nigeriano chega para dar cobertura a Plumlee e Ed Davis, sendo o melhor dos três para proteger o aro. A rotação interior fica mais forte e atlética, por um preço que hoje é uma pechincha. Se o pivô voltar a sentir o joelho, o clube não sentirá tanto, devido ao curto período de duração de seu contrato.

Shabazz Napier? A essa altura, acho que nem LeBron mais acredita nele como opção viável de NBA.

– Utah Jazz

É, Joe Johnson, o tempo passou

É, Joe Johnson, o tempo passou

Quem chegou: George Hill, Joe Johnson e Boris Diaw.
Quem saiu: Trey Burke (Wizards) e Trevor Booker (Nets).

Vejam só quem decidiu dar um passo à frente. O Utah primeiro se atrapalhou com lesões de seus pivôs titulares e, depois, sentiu a pressão na luta pelos playoffs nas semanas derradeiras de temporada. No final, entre 2014 e 2015, sem muito investimento, seu número de vitórias subiu apenas de 38 para 40. A evolução natural de sua jovem base não foi o bastante, nem mesmo num ano em que muitos dos concorrentes não jogaram o que a NBA esperava. Então chegou a hora de o clube de Salt Lake City se mexer para valer, contratando três jogadores bastante experientes, que devem, salvo algo muito grave, enfim, fazer a diferença e levar esse time à casa de 50 vitórias – ou algo muito perto disso – e aos mata-matas.

Sobre George Hill, que custou a 12ª escolha do Draft, escrevi aqui. Ele reforça a defesa da equipe e, no ataque, se não é a figura brilhante que agradava Larry Bird ao máximo, representa uma evolução em relação a Shelvin Mack e Raulzinho, como condutor secundário, ao lado de Gordon Hayward, Rodney Hood e, quiçá, Alec Burks. Enquanto Dante Exum se recupera e vai crescendo, está ótimo.

O segundo alvo foi Joe Johnson, que vai entrar no revezamento com Hood e Hayward, deixando o time sempre com uma boa opção de arremesso nas alas, podendo também fazer as vezes de ala-pivô aberto, dependendo de quem estiverem enfrentando. Com o jovem Trey Lyles progredindo rapidamente, talvez nem seja necessário.

Já Boris Diaw foi quase que um presente de San Antonio. Assim como aconteceu com Tiago Splitter e Atlanta no ano passado, RC Buford e Gregg Popovich tinham de encontrar um clube para assimilar o contrato de Boris Diaw, de olho em Pau Gasol. Ajuda muito ter diversos ex-companheiros de trabalho espalhados pela liga, como Dennis Lindsey, gerente geral do Utah. Se Diaw vai se comportar em Salt Lake e se manter em forma minimamente razoável, não dá para apostar – se decepcionar, o time está muito bem preparado, não há problema. Ele ao menos curte Rudy Gobert.

Muitos questionam a capacidade da franquia para atrair agentes livres. É uma preocupação real, mas Johnson topou. Sem alarde, porém, usando o espaço em sua folha salarial e sem pagar quase nada.

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Mercado da Divisão Sudeste: Pat Riley virou a página
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central ou sobre a Divisão Pacífico, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

riley-wade-miami-heat

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Atlanta Hawks
Quem chegou: Dwight Howard e os calouros Taurean Prince e DeAndre Bembry.
Quem ficou: Kent Bazemore.
Quem saiu: Al Horford (Celtics), Jeff Teague (Pacers) e Lamar Patterson (Kings).

Howard chorou em sua coletiva de apresentação

Howard chorou em sua coletiva de apresentação

Se você é torcedor do Atlanta Hawks, melhor não ler este artigo aqui de Zach Lowe. O melhor analista da NBA nos conta qual era o verdadeiro plano de Mike Budenholzer para este mês. A ideia basicamente era renovar com Horford, fazendo nova dupla com Howard, e trocar Paul Millsap.

Mas por que diabos trocariam o melhor jogador do time e um dos melhores alas-pivôs da liga? Por que, em 2017, ele vai virar agente livre, e seu próximo salário pode passar da casa de US$ 35 milhões anuais. Uma coisa é pagar isso a um cara de 30 anos. Outra, para alguém se aproximando dos 35, no finalzinho do contrato. Então eles poderiam repassá-lo agora, descolar de Phoenix, Denver ou Toronto algumas jovens peças e escolhas de Draft, dando um jeito de manter um time ainda bastante competitivo no Leste, ao mesmo tempo em que preparavam uma transição para um novo núcleo. Pois Horford não queria jogar com Howard, queria o máximo de dólares que Atlanta lhe poderia dar, não recebeu, então se mandou para Boston.  Agora Millsap retorna sabendo muito bem que poderia ter mudado de endereço. Um elemento incômodo para a química no vestiário. Bote aí uma também uma criançona como seu novo contratado, e o clima de paz e amor dentro do clube será desafiado.

Vamos ver como o antigo superpivô vai se comportar e jogar. Desde que saiu de Orlando, Howard basicamente só resmunga. Primeiro foi com Kobe. No ano passado, com Harden. Também reclama de técnicos quando a bola não chega e tem dificuldade para se manter em forma – não faz mais sentido recordar seus anos dourados quando sustentava uma forte defesa por conta própria. Enfim, faz tempo que ele dá dor-de-cabeça. Não havia, porém, gente tão boa assim disponível no mercado. Por US$ 23,5 milhões anuais, ele vai ganhar algo em torno de 40% a mais que Timofey Mozgov, sendo ainda muito mais jogador, de todo modo. Para assimilar o pivô, que nunca foi um grande passador e comete muitos turnovers, Budenholzer vai precisar adaptar bem seu sistema.

De resto, os dias de Jeff Teague estavam contados por lá, mesmo. É outro que vai pedir uma boa grana no ano que vem e, neste caso, já havia um substituto preparado. A NBA inteira agora vai ver se Dennis Schröder tem maturidade e bola para ser um titular numa equipe de ponta. O retorno por Teague na troca tripla com Indiana e Utah foi o ala Taurean Prince, um protótipo de DeMarre Carroll. Mesmo sendo mais velho que o novato comum, vindo de quatro anos de universidade, ainda não está pronto para entrar na rotação. O clube confia que sua comissão técnica dê um jeito nisso o quanto antes. A esperança é que ele eventualmente se transforme num defensor que possa incomodar o tal do LeBron. Já Bembry não só vai reforçar o time dos DeAndre na liga, algo sempre muito bem-vindo, como também tende a se encaixar na sinfonia de passes no ataque. Não representa ameaça nenhuma como atirador, mas deve ganhar seus minutos ao lado de Korver, Sefolosha e Bazemore. Pois é, Bazemore disse não ao Lakers e ao Rockets e ficou, ganhando agora mais de US$ 17 milhões por temporada. É um preço salgado, mas esta é a nova economia da liga. E estamos falando de um ala muito útil, que contribui ao time em diversas vertentes e, mesmo aos 26 anos, parece ainda ter potencial para ser explorado.

O Atlanta ainda tem talento para se manter entre os quatro melhores do Leste, desde que Howard produza um pouco mais do que fez em Houston, sem corroer o espírito da equipe, que Schrödinho responda como a franquia espera e que Millsap ignore o ruído das últimas semanas. Mas o elenco não evoluiu nem pensando no agora mesmo, nem para daqui a pouco.

– Charlotte Hornets
Quem chegou: Marco Belinelli, Roy Hibbert, Brian Roberts, Ramon Sessions e Christian Wood.
Quem ficou: Nicolas Batum e Marvin Williams.
Quem saiu: Courtney Lee (Knicks), Al Jefferson (Pacers), Jeremy Lin (Nets) e Troy Daniels (Grizzlies).

Batum é de Charlotte

Batum é de Charlotte, e ninguém tasca

A boa campanha na temporada passada teve seu preço para Charlotte: US$ 174,5 milhões em contratos para Batum e Williams e a perda de peças importantes como Lee, Jefferson e Lin. Considerando todas as possibilidades de mercado e as perdas e danos que o clube teve, Michael Jordan não tem do que reclamar.

O mínimo vacilo, hesitação que a franquia desse, e pode ter certeza que os dois agentes livres que renovaram seus contratos teriam saído. Batum ainda é um dos alas mais completos da liga, mesmo que nunca tenha ativado aquele instinto assassino que todos os seus talentos poderiam empregar muito bem. Já Williams foi um dos atletas que mais evoluiu nos últimos dois anos, se aproximando daquela imagem que muitos scouts projetavam quando ele foi eleito o número dois do Draft de 2005, logo acima de Deron Williams e Chris Paul.

Lee e Lin formaram excelente conjunto com o ala francês e o cestinha Kemba Walker, mas ficaram muito valorizados, sem que o Hornets tivesse condições de bancar seus contratos. A equipe vai sentir a falta de um na defesa e, do outro no ataque. Mas o técnico Steve Clifford foi competente o bastante desde que chegou a Charlotte para a diretoria confiar que o desenvolvimento interno pode compensar, de certa forma, essas baixas. Sob o comando de Gregg Popovich, Marco Belinelli jogou seu basquete mais consistente. No campeonato passado, foi um desastre para Sacramento. Mastalvez possa se recuperar em um time muito mais organizado. (É bom que o faça, já que custou uma escolha de primeira rodada de Draft, com bons prospectos ainda disponíveis.)

Já Al Jefferson, tão importante em 2014, mostrando que a cidade pode ser, sim, um destino para grandes contratações, acabou se tornando supérfluo depois de tantas lesões e de o gerente geral Rick Cho branquelos para o garrafão. Cody Zeller, Frank Kaminsky e Spencer Hawes não têm nem metade da habilidade do veterano para atacar em post ups, mas, coletivamente, podem suprir sua pontuação e contribuir para a movimentação e espaçamento do ataque. E ainda temos aqui Hibbert como alternativa, tentando esquecer o pesadelo que foi sua experiência em Hollywood.

– Miami Heat
Quem chegou: Derrick Williams, James Johnson, Wayne Ellington, Willie Reed, Luke Babbitt e Rodney McGruder.
Quem ficou: Hassan Whiteside, Udonis Haslem e Tyler Johnson.
Quem saiu: Dwyane Wade (Bulls), Joe Johnson (Jazz) e Luol Deng (Lakers).

Quem saiu: Dwyane Wade. Quem chegou: Wayne Ellington. É, meu amigo torcedor do Heat, eu sei que dói. Comparando assim de cara, é até um disparate. Com melhor diplomacia, mais jogo de cintura, Pat Riley poderia ter mantido Wade em Miami, sem dúvida. Agora… E se Riley, hã, por acaso, estiver certo nessa?

Vamos pensar por um instante: ainda que ele tenha disputado mais de 70 partidas de temporada regular pela primeira vez desde 2011, sua eficiência em quadra só vem diminuindo. Algo esperado, gente, para um ala-armador que foi um dos maiores atletas de sua geração e nunca desenvolveu seu arremesso de longa distância para compensar essa coisa infalível chamada envelhecimento.

Sim, Wade ainda é produtivo. Nos playoffs, conseguiu carregar a equipe nas costas uma última vez. E, sim, ele deu alguns descontos para o clube no passado, especialmente em 2010, para que LeBron e Bosh fossem contratados. Mas, veja bem: não é que só o Miami tenha se beneficiado nessa. O próprio Wade foi bem menos exigido com a chegada de mais duas estrelas, em vez de ficar sofrendo para tentar decifrar Michael Beasley.

Aos 34 anos, uma hora o fim vai chegar. E Riley simplesmente não estava disposto a pagar US$ 20 ou 25 milhões por ele. Foi uma traição? Foi desleal? Ou foi simplesmente pensando no melhor para o clube? Ou já nos esquecemos o que foram as últimas temporadas do Lakers com Kobe Bryant? A última campanha, especificamente, é algo que deve atormentar qualquer dirigente mais consciente.  Houve momentos comoventes, divertidos, surreais… E aqui está o Lakers no escuro, desamparado, sem nem mesmo conseguir uma reunião com Hassan Whiteside.

Para o pivô, era Heat ou Mavs. Ficou na Flórida, como um pilar para que a franquia se reconstrua. Sem a sombra de Wade, Goran Dragic vai assumir as rédeas do ataque e jogar mais ao seu estilo. A ameaça de pick-and-roll com Whiteside já é o suficiente para sustentar um bom ataque. Se Chris Bosh conseguir superar os temores por sua saúde e for liberado, é um núcleo para playoff. Se o pivô for barrado, vida que segue, com o clube contando com o progresso contínuo que os jovens atletas vêm apresentando.

Ainda vai levar um tempo para Justise Winslow ameaçar no ataque, mas sua presença em quadra já trás mais pontos positivos que negativos. Josh Richardson foi um tremendo achado no ano passado. Tyler Johnson obviamente não vale hoje os US$ 50 milhões que o Nets o ofereceu, mas tem potencial de sobra para eventualmente justificar o contrato ao final de sua duração. Reed será um ótimo reserva para Whiteside. E estou curioso para ver o que Derrick Williams pode render com Erik Spoelstra, tendo espaço para carregar uma boa carga ofensiva, correndo ao lado de Dragic e Whiteside.

– Orlando Magic
Quem chegou: Serge Ibaka, Bismack Biyombo, Jeff Green, DJ Augustin, Jodie Meeks, CJ Wilcox e Stephen Zimmerman.
Quem ficou: Evan Fournier.
Quem saiu: Victor Oladipo (Thunder), Ersan Ilyasova (Thunder), Brandon Jennings (Knicks), Dewayne Dedmon (Spurs), Andrew Nicholson (Wizards), Jason Smith (Wizards), Devyn Marble (Clippers) e Shabazz Napier (Blazers).

Só está faltando Mutombo de diretor em Orlando para a Conexão Congo ficar completa

Só está faltando Mutombo de diretor em Orlando para a Conexão Congo ficar completa

Está aqui um dos clubes mais enigmáticos da NBA. Com o gerente geral Rob Hennigan espera que Frank Vogel vá distribuir os minutos da linha de frente entre Ibaka, Biyombo, Vucevic, Green e Hezonja, é uma ótima pergunta.

Quando a equipe anunciou sua  troca surpreendente com OKC, já havia questionado o que a chegada do congolês significava para o jogador mais promissor do elenco, que é Gordon. Para mim, me parece claro que o futuro desse superatleta é como ala-pivô explosivo e dinâmico”, em vez de “ala forte, alto, mas muito mecânico, travado com a bola”. Ao adicionar também Biyombo, parece que o objetivo é empurrar o rapaz para o perímetro, mesmo. Mas aí o cara vai e me contrata Jeff Green também? Por US$ 15 milhões por um só ano? Que é mais do que Tobias Harris vai receber neste próximo campeonato? Difícil de entender isso.

Enquanto isso, sua back court está bastante enfraquecida. Ou Elfrid Payton dá um passo adiante, assumindo o controle de fato do ataque, ou talvez não adiante nada ter tantos pivôs e atletas estocados assim, sem que eles possam receber a bola. DJ Augustin encontrou seu rumo na liga, mas como pontuador vindo do banco, e não como o organizador que se esperava quando saiu da universidade. Fournier e Meeks oferecem arremesso de longa distância, mas vão se revezar em quadra, de modo que a quadra pode ficar bastante apertada também. A não ser que Ibaka jogue aberto o tempo todo.

O Orlando vai de técnico em técnico, de plano em plano, como se fosse um Phoenix Suns do Leste, querendo brigar pelos playoffs, mas sem cuidar direito de seus atletas mais jovens também. Com Skiles, a equipe teve seus momentos na temporada passada, mas perdeu rendimento rapidamente. O sargentão já não consegue motivar um grupo nem mesmo por um campeonato que seja. Nesse sentido, o acerto com Vogel não poderia ser mais positivo – os dois são completamente diferentes no trato com os atletas. O ex-treinador do Pacers, porém, será ainda mais testado do que foi na temporada passada. E isso foi com Monta Ellis, Rodney Stuckey, CJ Miles e Jordan Hill recebendo muitos minutos…

Washington Wizards (Atualizado nesta terça-feira, dia 19)
Quem chegou: Ian Mahinmi, Tomas Satoransky, Andrew Nicholson, Jason Smith e Marcus Thornton.
Quem ficou: Bradley Beal.
Quem saiu: Nenê (Rockets), Jared Dudley (Suns), Garrett Temple (Kings) e Ramon Sessions (Hornets).

Mahinmi e Gortat vão dividir a zona pintada no quintal de Obama

Mahinmi e Gortat vão dividir a zona pintada no quintal de Obama

O Wizards foi outro clube que, tal como o Lakers, passou um carão danado ao ser rejeitado de imediato por Kevin Durant, que não quis nem mesmo cogitar a possibilidade de jogar em casa. Isso depois de o clube ter se planejado por três temporadas, no mínimo, para tentar contratá-lo.

Ao levar um fora desses, o clube parece ter ficado um pouco desnorteado. Assinou, então, com Bradley Beal por aproximadamente US$ 130 milhões. Para um atleta que, aos 22 anos, nunca disputou mais do que 73 partidas em quatro temporadas de liga – sem que seu tempo de quadra se aproximasse dos 40 minutos também –, esse é um compromisso, e tanto, hein? Especialmente quando Beal era um agente livre restrito. Isto é, o trunfo era de Washington nesse caso, podendo agir com paciência, para saber qual a temperatura do mercado – mesmo que isso pudesse, a princípio, irritar jogador e agente.

Depois, sem ter mais onde por seu dinheiro, o proprietário Ted Leonsis validou a oferta por Ian Mahinmi (US$ 64 milhões por quatro anos, o mesmo valor de Mozgov & Lakers). O pivô francês é um ano mais jovem que o russo e jogou muito mais na temporada passada. Não foi um contrato descabido. O problema é que, hã, o Wizards já tem um pivô titular bastante competente, e não há como o reforço dividir a quadra com Marcin Gortat. Tanto que o clube se sentiu impelido ainda a investir em Nicholson e Smith, grandalhões que são ótimos arremessadores.

Um reforço mais interessante é o tcheco Satoransky, que chega após quatro depois de seu Draft. O armador de 2,01m de altura chega aos Estados Unidos na hora certa, aos 24 anos, tendo disputado partidas e competições importantes pelo Barcelona. Satoransky empresta versatilidade ao técnico Scott Brooks, podendo vir do banco de reservas para render John Wall, Beal ou mesmo Otto Porter.

Enquanto Wall se recupera de uma cirurgia no joelho (toc-toc-toc), a principal aposta de melhora em quadra talvez seja mesmo Markieff Morris, que pode contribuir ainda mais para o time vindo de training camp completo, desde que esteja com a cabeça no lugar. Vamos ver também como Scott Brooks se sai sem dois dois cinco melhores jogadores da liga em seu time.

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Mercado da Divisão Pacífico: o Lakers ficou pequeno
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Giancarlo Giampietro

Para quem já leu o texto sobre a Divisão Central, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Golden State Warriors

Deu o que falar já

Deu o que falar já

Quem chegou: Zaza Pachulia, Patrick McCaw, Damian Jones, David West. Ah, e Kevin Durant.
Quem ficou: Ian Clark e James Michael-McAdoo.
Quem saiu: Andrew Bogut (Mavs), Harrison Barnes (Mavs), Leandrinho (Suns), Brandon Rush (Wolves), Festus Ezeli (Blazers) e Mareese Speights (Clippers).

Como vemos, o elenco do Warriors já não é mais o mesmo. E essas mudanças foram o suficiente para mudarmos tudo o que pensávamos sobre a NBA até o temporada passada. Ainda há muito o que escrever sobre a estarrecedora transferência de Kevin Durant para o clube, mas por ora ficamos com os dois textos já publicados por aqui, incluindo também o impacto que ele já causou e ainda pode causar na vida de muita gente da liga.

A partir do momento que ouviu o “sim” de Durant, o desafio do gerente geral Bob Myers era montar um elenco, pois a grana ficaria curta. Zaza Pachulia recebeu a exceção salarial de US$ 2,9 milhões. O pivô Damian Jones está preso à escala salarial dos calouros. Para o restante, só salários mínimos poderiam ser oferecidos. E aí reservas como Leandrinho, Rush e Speights foram embora.

Agora… vocês acham que isso é um drama? Os caras ainda têm Curry, Klay, Draymond, Iguodala e Livingston na rotação. Ria nervosamente, mas ria. Pachulia já representa uma boa ajuda, assim como David West. Jones certamente tem a presença física e atlética para dar cobertura a tantos craques e veteranos. A dúvida é saber se ele tem condições emocionais e psicológicas para contribuir em sua primeira temporada como profissional. Recuperando-se de lesão, o pivô ainda não jogou pela equipe de verão. Por outro lado, o ala McCaw vem causando ótima impressão em Las Vegas, como um cara versátil, inteligente e atlético que marca bem, arremessa e ainda é capaz de por a bola no chão para criar para os companheiros. Vale ficar de olho, mas pode ter sido um achado na segunda rodada.

Ainda restam duas vagas para serem preenchidas no elenco. É de se imaginar que a diretoria busque mais um pivô com perfil semelhante ao de Ezeli para completar a rotação interior e talvez mais um armador, dependendo de quem sobrar no mercado. Ou isso, ou os rumores em torno de Ray Allen poderiam se concretizar. O experiente chutador quer retomar sua carreira, tendo como alvo, além do Warriors, o Cavs, o Clippers e o Spurs.

– Los Angeles Clippers

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Quem chegou: Marreese Speights, Brice Johnson, Diamond Stone e David Michineau (*).
Quem ficou: Jamal Crawford, Austin Rivers, Wesley Johnson e Luc-Richard Mbah a Moute.
Quem saiu: Jeff Green (Magic) e Cole Aldrich (Wolves).

Se fosse para apostar em qual seria o estado anímico de jogadores e Doc Rivers neste momento, acho que daria para arriscar “depressivo”. Porque se não bastasse o fim de campanha lamentável da equipe, com Paul e Griffin afastados, o clube ainda vê o Warriors se reforçar desta maneira, com um Kevin Durant que eles mesmo sonharam em contratar. Aí faz como?

 Com seu armador e seu principal homem de garrafão encaminhados para o mercado de agentes livres no ano que vem, será que não era a hora, então, de buscar novos rumos? O discurso de Rivers e seus esforços mostram que não. Que a franquia pretende manter seu núcleo e tentar mais uma vez. Vai que KD arrume confusão em Oakland? Vai que três dos quatro All-Stars do Warriors se lesionam. Vai que… Hã… Haja otimismo.

Sem Green e Matt Barnes, Doc agora precisa procurar, novamente, pelo quinto verão seguido, algum ala que possa ao menos tentar incomodar Durant na defesa. Wesley Johnson, por mais atlético que seja, não é a resposta aqui. Nem mesmo Mbah a Moute, que só seria alguém indicado para a missão uns cinco anos atrás, antes das lesões.

Além disso, o banco segue bastante duvidoso. Speights é uma boa opção para revezar com DeAndre Jordan, pensando no ataque, já que ajudaria a espaçar a quadra para o pick-and-roll de Paul e Griffin. Mas a defesa vai sentir horrores – muita gente pode ter aloprado Cole Aldrich durante sua carreira, mas o pivô havia se encaixado perfeitamente no time, nesse sentido. A segunda unidade vai depender muito de evolução interna de Austin Rivers e dos calouros Brice Johnson (extremamente atlético e mais preparado do que a média) e Diamond Stone (muito talentoso, mas como projeto de longo prazo). Já Michineau é um prospecto que não deve fazer a transição agora. Se é que algum dia isso vai acontecer. É limitado fisicamente, não pontua muito e foi uma surpresa no Draft.

– Los Angeles Lakers

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quem chegou: Brandon Ingram, Luol Deng, Timofey Mozgov, José Calderón e Ivica Zubac.
Quem ficou: Jordan Clarkson, Marcelinho Huertas e Tarik Black.
Quem saiu: Kobe Bryant (vida) e Roy Hibbert (Hornets).

Tá, vamos resolver logo de cara a frase polêmica do título: sim, o Los Angeles Lakers, a caminho da temporada 2016-17 da NBA, ficou pequeno. O torcedor mais orgulhoso que nos desculpe. Nada vai apagar a história construída por Mikan, West, Baylor, Wilt, Kareem, Magic, Worthy, Shaq, Kobe, Gasol e, claro, Artest, entre outros. A franquia ainda é uma marca global, que vale bilhões. Mas esse pacote todo não vale absolutamente nada nesta nova economia. Não quando o time vem das duas piores campanhas da história e tem uma gestão que não inspira nenhuma confiança.

Kevin Durant não precisa jogar e morar em Los Angeles para ser um dos atletas mais ricos e populares do mundo. Por isso, não se deu nem ao trabalho de marcar uma reunião com o clube neste feriado de 4 de julho, algo que aconteceu com o Boston Celtics. Ele não tinha interesse de ouvir nada que viesse de Kupchak e Buss. Nem com a possibilidade que o clube tinha de assinar dois jogadores de contratos máximos – que era o que o Celtics e o Thunder pretendiam, com Al Horford sendo o segundo alvo.

Durant não foi o único a fechar a porta na cara, a desligar o telefone abruptamente. Até mesmo o ex-cigano Hassan Whiteside os excluiu da lista de candidatos, assim como o próprio Horford. Um ala como Kent Bazemore preferiu renovar com o Atlanta por menos dinheiro. E vai saber quem mais os deixou do outro lado da linha numa espera interminável. (Para não falar do rolo com LaMarcus Aldridge no ano passado, quando Kupchak conseguiu marcar uma segunda reunião apenas para apagar um incêndio, já que, num primeiro encontro, os representantes do clube falaram muito mais sobre negócios, dinheiro do que de basquete.)

O que restou ao clube, então? Despejar dinheiro nos cofres de Timofey Mozgov e Luol Deng. O pivô recebeu 64 milhões por quatro anos. O ala, 72 milhões pelas mesmas quatro temporadas. Um baita estrago. O valor é exorbitante, sim, mesmo neste atual mercado.

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

No caso específico de Mozgov, não dá para entender a pressa em fechar o negócio. Uma vez que a franquia estava fora da pauta dos principais agentes livres, de que lhe interessa entrar na briga pelo segundo escalão, caindo em leilão, quando o preço fica mais inflacionado ainda? O acerto precoce com  russo – o primeiro de todo o ciclo de contratações da liga! –, com tantos pivôs disponíveis no mercado, é  de deixar qualquer observador mais imparcial perplexo. O grandalhão vai receber o dobro do que o Portland concordou em pagar para Festus Ezeli, em termos de salário anual. No pacote total, é quatro vezes mais. Sim, 400%. Sendo que Ezeli, por pior que tenha jogado nas finais, é muito mais jovem. E tem isso também: ele ao menos foi para a quadra, ao contrário do Mozgov.

Acreditem: o negócio fica ainda pior devido aos quatro anos de contratos para o pivô – e também para Deng. Hoje, friamente, o que o Lakers tem de positivo para apresentar ao seu torcedor? O fato de ter uma boa quantia de jovens atletas talentosos no elenco. Quase adolescentes. Em tese, daqui a três ou quatro anos, eles estarão prontos ou perto de ficarem prontos para voos maiores, se a comissão técnica liderada por Luke Walton conseguir desenvolvê-los adequadamente. Se for para o time voltar a ser relevante, essa me parece a única via, aliás. Supondo que aconteça, você realmente quer esses dois contratos enormes acompanhando Ingram, Russell, Randle e Clarkson? Deng, bastante desgastado por campanhas duríssimas com Thibs em Chicago, e Mozgov aos 34 anos, com capacidade atlética reduzida e problemas no joelho? Isso é inteligente?  Foram contratações visionárias? Se a produção despencar, como é natural esperar, os dois veteranos simplesmente vão obstruir o processo de reconstrução da equipe.

Além do mais, cabe também questionar se, mesmo num vácuo, ignorando valores e duração dos contratos, Deng e Mozgov são boas opções para o time agora. O sudanês-britânico e o russo, sejamos justos, servem desde já como figuras exemplares no vestiário, para ajudar a controlar e impulsionar a molecada. Em quadra, porém, há questões sérias.

Deng vem de boa temporada pelo Miami, mas jogando como ala-pivô aberto, fazendo a função de “stretch 4” a partir do momento em que Bosh foi afastado. Duas das peças promissoras do Lakers atendem por Julius Randle e Larry Nance Jr. Como Walton vai distribuir minutos? Agora, o maior problema é se o veterano foi contratado para navegar pelo perímetro — afinal, o primeiro alvo do clube foi Bazemore. Se for isso, mesmo, aí fica tudo mais duro de entender. Talvez não tenham estudado o veterano com tanta atenção assim. Em 2010, Deng era um dos alas mais competentes da liga, atacando e defendendo. O tempo passou e hoje ele já tem mais dificuldade para lidar com gente mais jovem e rápida. Quanto a Mozgov, a despeito de todas as ressalvas acima, considero bom jogador. O lance é que ele sofreu uma cirurgia no joelho em 2015, sendo que seu vigor físico, velocidade e explosão são seus principais recursos como jogador de NBA.

Em suma: pode ser um desastre. É uma diretoria sem rumo, pressionada, lembrando que Jim Buss está agindo sob um ultimato, tendo prometido colocar o clube nos trilhos até 2017.

De resto, no Draft, o clube teve uma jornada feliz. Por sorte, conseguiram manter a segunda escolha, para acolher um prospecto muito promissor como Ingram. Franzino que só, deve demorar um tempinho para que ele se firme como cestinha e defensor na liga. Mas é uma grande pedida. Na segunda rodada, o clube também pode ter conseguido um pivô de muito futuro com o croata Zubac, que é simplesmente fanático pelo clube. Também não dá para esperar que ele se imponha no garrafão para já, mas eventualmente o rapaz de 19 anos e 2,16m talvez já possa contribuir na segunda metade da temporada, dependendo o quanto ganhar de massa muscular.

Outra boa negociação foi a de Calderón. Por mais que o veterano seja redundante para um clube que já tem Huertas, ao menos o clube recebeu duas escolhas de segunda rodada de Draft para absorver seu contrato. É o tipo de ativo que pode ajudar em trocas futuras ou para que a franquia já consiga despachar Nick Young antes de o campeonato começar.

– Phoenix Suns
Quem chegou: Dragan Bender, Marquese Chriss, Tyler Ullis, Leandrinho e Jared Dudley.
Quem saiu: Mirza Teletovic (Bucks) e Jon Leuer (Pistons).

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Robert Sarver tirou o pé. Depois de algumas campanhas frustrantes, que mantiveram o clube na loteria do Draft, o proprietário permitiu que o gerente geral Ryan McDonough agisse pensando no futuro, em vez de um oitavo lugar no Oeste. Aí entram em cena os calouros Bender e Chriss, que, ao lado do emergente Devin Booker, que está destruindo Las Vegas neste exato momento, representam uma esperança para uma franquia que não soube muito bem o que fazer nos últimos anos, perdida entre reconstrução e ambição.

Se os dois, escolhidos no top 10 do Draft, supostamente jogam na mesma posição, isso não é questão para agora – estão entre os mais jovens da liga, e vai levar tempo para que possam pensar em protagonismo na liga. Minha aposta é Bender, um jogador com muitos fundamentos, versatilidade e visão de quadra que pode ser brilhante. Chriss é um atleta de primeiro nível, mas com bagagem tática defasada – deve ficar um bom tempo na filial de D-League da franquia.

Para completar os novatos, McDonough foi atrás de dois veteranos que são bastante populares em Phoenix. Leandrinho e Dudley estão de volta para compor rotação, serem embaixadores fora do ginásio – numa cidade que tem se distanciado de sua equipe cada vez mais – e ainda contribuir para a adaptação dos mais jovens, aliviando um pouco a barra de um até então isolado Tyson Chandler. E ainda custaram pouco (US$ 30 milhões em três anos para Dudley, US$ 8 milhões para o brasileiro em dois anos, o segundo sendo opcional). Alex Len, Archie Goodwin e TJ Warren estão devidamente amparados, então. O quanto podem render ninguém sabe ainda. Falta consistência. Outra adição a esse núcleo jovem é o baixinho Ullis, um armador de verdade, que inicia bem sua trajetória pelas ligas de verão.

– Sacramento Kings

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Quem chegou: Arron Afflalo, Matt Barnes, Garrett Temple, Anthony Tolliver, Georgios Papagiannis, Malachi Richardson, Skal Labissiere e Isaiah Cousins.
Quem saiu: Rajon Rondo (Bulls), Seth Curry (Mavs), Marco Belinelli (Hornets), Duje Dukan e Caron Butler.

 Segue a ciranda de Vivek Ranadive em Sacramento: ano novo, cara nova para o clube, agora apostando principalmente em veteranos de forte caráter e em pirulões, a comando do técnico Dave Joerger. Vlade Divac ao menos continua no comando do departamento de basquete, o que não é necessariamente uma boa notícia.

Em uma rara sequência de duas boas tacadas, o sérvio conseguiu orquestrar trocas com o Phoenix Suns e o Charlotte Hornets que transformaram Marco Belinelli e a oitava escolha do Draft em três seleções de primeira rodada, além de ter dado ao clube os direitos sobre Bogdan Bogdanovic. Legal. O problema é o  que ele fez a partir daí.

Ninguém entendeu muito bem quando o gerente geral elegeu o jovem Papagiannis em 13º, muito menos Boogie Cousins. A cotação do grego de 2,16m de altura estava subindo, é verdade, mas jamais foi visto pelos olheiros europeus como um candidato ao grupo dos 15 primeiros do Draft,  especialmente no atual contexto de uma liga que vem priorizando cada vez mais jogadores mais ágeis e flexíveis no garrafão. Por fim, no ano anterior, Divac já havia selecionado um pivô, Willie Cauley-Stein, que teve de brigar por espaço em uma rotação com Cousins e Kosta Koufos.

Com o jogador  tem apenas 19 anos, o gerente geral pode dizer que sua contratação não serve ao time para já, mas como um projeto de longo prazo. Essa tese, porém, não combina tanto com a urgência que a diretoria anuncia, tentando por fim a um jejum de dez anos sem playoff. Fato é que, se Koufos for trocado – os rumores dizem que ele e Rudy Gay estão sendo oferecidos NBA afora –, Papagiannis não estaria pronto para assumir seus minutos. O mesmo vale para o haitiano Labissiere, que, de jogador cotado ao primeiro lugar do recrutamento de novatos há um ano, quase caiu para a segunda rodada. O Sacramento tem estrutura hoje para desenvolver os dois pivôs ao mesmo tempo? A ver.

Entre os agentes livres, a expectativa é que o pacote com Afflalo, Barnes, Tolliver e Temple dê alguma estabilidade ao vestiário e ajudem na defesa e no espaçamento ofensivo, compondo um time mais sóbrio e coeso ao redor de Cousins. Eu não ficaria tão otimista assim.

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O adeus de Pop e mais algumas histórias sobre Tim Duncan
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Giancarlo Giampietro

Tal como a contratação de Durant pelo Warriors, a aposentadoria de um cara como Tim Duncan é um tanto difícil de se assimilar. Foram 19 anos de NBA com ele no topo. Aí o cara decide que sua carreira chegou ao fim e não faz nem mesmo uma declaração formal para o release do Spurs. Foi assim: pronto, acabou.

O lado positivo do anúncio? De segunda-feira para cá, o pivô, talvez muito a contragosto, foi homenageado sem parar. Se a despedida de Kobe Bryant foi celebrada durante toda uma temporada regular – diluída, portanto –, a de TIMMY! veio de uma só vez, com artigos, galerias, clipes e anedotas despejados no ciberespaço nos últimos dois dias. Quem saiu ganhando com isso? Nós.

Então segue aqui um apanhado de histórias e memórias sobre um jogador que pouco deu o que falar para tabloides ou mesmo em termos de perfis, já que não era o cara mais aberto ou disposto com jornalistas.

*    *    *

pop-duncan-farewell

Começamos com um resumo do emocionado – sim, acreditem, emocionado – depoimento de Gregg Popovich nesta terça-feira, em San Antonio, antes de iniciar sua coletiva. Para constar, o Spurs ainda não conseguiu marcar com Duncan sua própria entrevista. Para quem quiser conferir na íntegra como foi o bate-papo com o técnico e presidente do clube, em inglês, o repórter Calvin Watkins, do ESPN.com, prestou o serviço público de transcrever tudinho. Vamos lá:

“Estou tentando organizar minha cabeça enquanto estou aqui e ele não está mais. E nós todos sabemos por quê. Dissemos isso por 19 anos, e ele realmente só se importou em fazer o melhor trabalho que podia quando o assunto era basquete, além de ser quem ele era com seus companheiros, alguém também que amava sua família. Ele é realmente isso.

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Essa entrevista jamais passa pela cabeça dele, então imaginei que o melhor era eu vir aqui e dar conta disso e de alguma forma dizer adeus a ele, o que é impossível por um monte de razões.

Tentei pensar em como compará-lo a alguém e o que dizer sobre ele. Sei que todo mundo comenta sobre com quem gostaria de jantar um dia. Sabe, se pudesse escolher alguém para jantar, almoçar, ou algo assim. As pessoas vão dizer nomes como Madre Teresa, Jesus, Dalai Lama, e, ok, eu entendo. Mas se você for pensar em pessoas mais mundanas, pessoas interessantes, penso em gente como William F. Buckley pela direita e Gore Vidal pela esquerda, com seus debates, pessoas muito espertas, cheias de ideias que mexiam contigo. E eu posso honestamente dizer (soluça) que meu jantar seria com Tim Duncan, porque ele é a pessoa mais real, consistente e verdadeira que já encontrei na minha vida. Ele era tão genuíno, que mexe com sua cabeça, como Buckley e Vidal fizeram de um jeito meio que avant-garde.

Passar um tempo com Timmy é algo sublime em diversas maneiras. As pessoas não sabem muito sobre sua inteligência. Penso em caras como John Cleese, espertos, incisivos, sarcásticos. Ninguém conhece esse lado de Timmy. Posso estar na orelha dele durante um jogo, perguntando de um modo duro por que ele não está pegando rebotes, na frente de todo mundo, e, na saída da quadra, ele vai dizer: ‘Obrigado pela motivação, Pop’, ‘Obrigado pelo apoio, Pop’, e se virava, olhando para o nada, nós começávamos a rir. Essas coisas passam despercebidas, mas seus companheiros reparam, e é por isso que els o amam, porque ele foi o melhor companheiro que qualquer um poderia imaginar.

NBA: Finals-San Antonio Spurs-Practice

Pense em quantas pessoas já jogaram com ele, e tudo o que Tim Duncan precisava fazer era levantar um dos braços, direito ou esquerdo, e colocar sobre seus ombros, e vinha daí um conforto que os permitia se tornar o melhor jogador que poderia ser. Tivemos um monte de jogadores que passaram por aqui e tiveram sucesso e foram para outros lugares apenas porque Tim Duncan criou esse ambiente.

Não é questão de falsa modéstia, de jeito nenhum. As pessoas que cresceram comigo me conhecem. Mas não estaria aqui se não fosse por Tim Duncan. Estaria em uma Liga Budweiser em algum lugar da América, gordo, e ainda tentando jogar ou treinar um time de basquete. Mas estou aqui. Ele fez a vida de centenas de nós, estafe e treinadores, durante os anos, e nunca disse nada. Ele apenas veio trabalhar todo dia. Chegou cedo, saiu tarde. E estava lá disponível para qualquer pessoa, desde os jogadores mais prestigiados aos menos conhecidos por que ele era assim, em todos esses aspectos.

Ele é insubstituível. Não vai acontecer. Nós somos todos únicos, mas ele foi tão importante para tantas pessoas que é incompreensível. Pensar que ele não está mais aqui deixa tudo difícil, desde ir para um treino ou pegar um pedaço de bolo de cenoura.”

Foi demais.

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Agora, se for para ler sobre a parceria entre Duncan e Popovich, um texto de 2014 de Marc Stein, também do ESPN.com, parece ainda definitivo.  É longo, mas imperdível, com depoimentos de Kobe, Shaq e inúmeras fontes do universo Spur ou de adversários desse time histórico. Stein lembra quando Pop esteve a perigo no cargo, com a torcida pedindo por Doc Rivers e quando o mesmo Doc esteve perto de levar o pivô para Orlando, também discute a importância de R.C. Buford nessa relação, entre tantos causos.

*   *   *

Antes de iniciar a sessão de perguntas e respostas, o treinador, então, citou um artigo do Wall Street Journal como um resumo perfeito da essência de Duncan como jogador. Aqui está: “Tim Duncan se vai, brilhantemente, sem vaidade“. Pego emprestada apenas o último parágrafo do texto assinado por Jason Gay: “Se você o viu jogar, será sua missão lembrar as futuras gerações que não o viram. O basquete é um jogo atordoante, com tanta criatividade individual, que é fácil se levar por um momento deslumbrante e ignorar o aspecto genial da consistência. Mesmo que Tim Duncan não tenha sido o mais brilhante, o mais barulhento ou o mais celebrado, dava para ver em seu jogo a verdadeira grandeza da NBA, por 19 anos ininterruptos. Você viu a história. Você viu Tim Duncan.”

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Tim Duncan and Shaquille O'NealForam realmente diversos textos sensacionais publicados em nome de Duncan. Kevin Arnovitz, do ESPN.com, afirma que o pivô foi “o jogador mais influente de sua época“. Algo talvez que você não imaginava ler, considerando a popularidade de Shaq, Kobe ou até mesmo de um ícone urbano como Iverson. Então que influência foi essa? “Embora ele tivesse pouco apelo público para fora da zona central do Texas, ele iniciou uma mudança cultural nos centros de treinamento da NBA, nos vestiários e mesmo nas suítes dos executivos. A NBA de hoje se tornou obsessiva pela adoção e instauração de uma cultura organizacional. Sempre buscando por alguma vantagem num ambiente competitivo, as franquias tornaram a cultura de trabalho como um baluarte”, escreve.

Em suma: o jeito San Antonio de vencer. E aí vemos alunos de Pop e R.C. Buford espalhados por toda a liga, como em Atlanta, OKC, Utah, New Orleans, Brooklyn, com os proprietários dessas franquias apostando nesses ideais. Mas apenas San Antonio tinha um Tim Duncan. “Nós todos entramos em nossas casas e agradecemos a ele. Pense em todos os técnicos, gerentes gerais e mesmo os assistentes de vídeo que agora são assistentes técnicos, todas as pessoas que subiram na hierarquia da liga. Devemos todo nosso sucesso e nossas vagas a Timmy. A ‘cultura’ foi Timmy”, disse Mike Budenholzer, presidente e técnico do Hawks.

*    *    *

E o que dizer de Tim Duncan e o Brasil?

Bem, o pivô enfrentou a seleção nacional em algumas ocasiões. Primeiro como uma promessa universitária ainda.

Renan Damasceno, conta no Super Esportes da vez em que Tim Duncan jogou em Belo Horizonte e, depois de derrotado, foi ao vestiário brasileiro pedir dicas a Josuel. Queria aprender algumas manhas a mais sobre o tradicional gancho do gigante brasileiro. Sim, tudo isso aconteceu em 1996, um ano antes do pivô das Ilhas Virgens chegar a San Antonio.

duncan-vasco-1999Gustavo Faldon e Luís Araújo, pelo ESPN.com.br, foram atrás dos vascaínos que enfrentaram o Spurs em 1999 pelo exinto McDonald’s Championship, em Milão. A dupla também aproveitou um papo com Rogério Klafke para ir um pouco mais atrás no tempo, em 1994,  quando Duncan estava treinando junto com os astros da NBA que iriam ganhar o Mundial do Canadá.

Quase uma década depois, em 2003, Duncan estava sendo dirigido justamente por Pop, a serviço da seleção americana que dominou o Pré-Olímpico de San Juan. O jogo de estreia foi justamente contra uma jovem seleção, com uma vitória fácil por 110 a 76. Pouco depois de conquistar o segundo título de sua carreira, Duncan anotou 17 pontos em 16 arremessos e só errou dois de dez arremessos. Uma dessas tentativas frustradas veio em toco do sempre ‘brabo’ Alex. O tipo de lance que rendeu ao ala-armador a proposta para jogar pelo Spurs.

Vale dizer que essa Copa América foi o grande momento Fiba da carreira do pivô. Em 2004, ele viveu uma Olimpíada infernal. Não só não evitou o vexame de três derrotas num mesmo torneio (uma bizarrice para a geração NBA, para Porto Rico, Lituânia e Argentina), como saiu enfurecido com a arbitragem, dizendo-se perseguido. Jamais defenderia o Team USA depois dessa.

*    *    *

Por fim, duas anedotas de quadra da liga, de duas figuras.

Primeiro vamos com Steven Adams. O pirado neozelandês de OKC agora, em 2016, dominou o quarentão. Mas nem sempre foi assim: “Ele é um cara legal. Aí cometi meu maior erro quando era novato. Eu estava, tipo, batendo nele o tempo todo, e ele estava tendo dificuldade com isso. Aí ele se aproximou uma hora e falou comigo um pouco. Algo como: ‘E aí, amigão, como você está?’, esse tipo de coisa. Pensei: ‘Poxa, que cara bacana’. Depois disso, ele fez uns 20 pontos. Fui ao M.B. (Mark Bryant, assistente técnico da equipe) e disse isso. E ele falou: ‘Foi uma manha de veterano! Não faça isso. Você não pode ser legal em quadra’. E eu meio que dei de ombros. ‘Mas ele é um cara legal! Desculpe!’, respondi”

Por fim, recorremos ao ex-pivô Ethan Thomas, que não chegou a deixar saudades por onde passou, mas se tornou um dos atletas da liga mais engajados em causas políticas e sociais na década passada.

Sua história, porém, é mais simplória e reveladora: “Estávamos jogando contra o Spurs, e eu recebi a bola no garrafão. Fiz o pivô por dentro e avancei para o meio para tentar um gancho, e ele me bloqueou. Quando estávamos correndo em transição, ele me diz: ‘Foi um bom movimento, mas você tem de me atingir mais, para ou levar a falta ou para que eu não consiga te bloquear’. Não sabia se ele estava me provocando ou o quê, então apenas olhei para ele e disse: ‘Ok’. Então, algumas jogadas depois, fui para cima novamente, encostei mais no corpo dele e ele não conseguiu dar o toco. Errei o arremesso, mas ele olhou para mim e disse: ‘Bem melhor’, e eu segui jogando (risos)”.

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Mercado da Divisão Central: Chicago Bulls é um agito que só
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Giancarlo Giampietro

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A segunda grande bomba do mercado: Wade no Bulls

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Bem, o que podemos dizer que a NBA definitivamente não é a mesma desde o encerramento da temporada passada. Já está muito looooonge de sua versão 2015-16, a começar pela estarrecedora transferência de Kevin Durant para o Golden State Warriors, algo que já causou e ainda pode causar muito impacto na vida de muita gente da liga.

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários.

LeBron ainda não assinou nada, mas ele já disse que não sai de Cleveland, e o discurso tem sido repetido por seu agente quando os outros clubes o procuram, talvez intrigados pela demora no acerto. De resto, temos os seguintes atletas disponíveis por aí: JR Smith (que deve renovar com o Cavs também), Donatas Motiejunas (incógnita, por causa das costas), Terrence Jones (incógnita, por causa da cabeça e do coração), Dion Waiters (boa sorte), Lance Stephenson (idem), Jordan Hill, David Lee… Enfim, deu para sacar. Sullinger é um cara em que talvez valha a aposta, confiando que ele vá se manter em forma. Maurice Harkless, do Portland, é outro. Mas o futuro de nenhuma franquia depende dessas contratações.

Então, vamos lá, em duas partes, começando pelo Leste e pela Divisão Central:

– Chicago Bulls

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Quem chegou: Dwyane Wade, Rajon Rondo, Robin Lopez, Jerian Grant, Denzel Valentine.
Quem saiu: Derrick Rose (Knicks), Joakim Noah (Knicks), Pau Gasol (Spurs), Mike Dunleavy Jr. (Cavs), Justin Holiday (Knicks), E’Twaun Moore (Pelicans), Cameron Bairstow (Pistons).
Quem chegou e saiu logo depois: José Calderón (Lakers) e Spencer Dinwiddie.

É… A gente mal se acostumou ainda com a ideia de que Kevin Durant não vai mais jogar ao lado de Russell Westbrook, Pat Riley resolve fazer jogo duro com Dwyane Wade, e o cara se manda para Chicago. A gente poderia dizer que ele jogaria em casa, em sua cidade natal. Mas soa errado usar esse termo, não? Pelo menos depois do tanto de identificação que Wade construiu em Miami. Então essa ideia de casa, agora, fica no mínimo confusa.

Sobre a saída traumática da Flórida e como as coisas chegaram a esse ponto, o assunto precisa de um texto maior. Aqui, vamos nos concentrar sobre o que sua chegada representa para o Bulls. Primeiro de tudo, dá a entender que a franquia jamais imaginava que seria possível fechar com o astro. Sua contratação tem mais a ver com uma vingança de Wade contra Riley do que com um desejo/plano do clube ou mesmo do atleta. Criatividade e flexibilidade são bem-vindas na NBA. O clube, porém, parece estar agindo muito mais de improviso, com remendo. Se a era Derrick Rose-Joakim Noah ficou para trás, o projeto de reformulação também não foi ativado.

E aí sobram questões. A principal delas: se tivesse a mínima suspeita de que seria possível um acordo com um jogador dessa magnitude – mas já bem distante de seu auge –, John Paxson e Gar Forman teriam concordado  em assinar com Rajon Rondo? A segunda: teria feito um esforço maior para renovar com Pau Gasol? Se é para escalar Dwyane Wade no seu quinteto inicial, sua pretensão, em tese, é de competir agora. Para isso, você precisaria de bons arremessadores em quadra. Gasol ajudaria muito no primeiro quesito. Rondo só atrapalha no segundo. Então… Era o caso mesmo de trazer esse futuro membro do Hall da Fama? Sem dúvida ele vai atrair público e mídia. Mas e se for apenas para um circo?

Se Fred Hoiberg idealiza um sistema com a bola girando de um lado para o outro para definições rápidas, com espaçamento, o elenco que a dupla Paxson-Forman vai lhe entregar não poderia ser mais incongruente ao formar um trio com Rondo, Wade e Jimmy Butler. Na temporada passada, com 36,5% de acerto, Rondo teve a melhor pontaria entre os três, o que diz muito. Mas o pior é pensar na movimentação do ataque. Antes de o torcedor mais fanático do Bulls sair disparando por aí as médias de assistências do trio, estamos falando de três caras que retêm demais a bola e tendem a fazer apenas o passe final. Mais uma prova sobre como os números não contam toda a história.
Temos aqui um caso clássico de diretoria que foi atrás de nomes, em vez de peças que se complementem. Se tudo leva a crer que a combinação desses três jogadores em quadra será muito complicada, o que esperar então da química no vestiário? Desde já, logo após o Warriors de Kevin Durant, o Bulls já pode ser considerado o segundo time mais fascinante para se acompanhar na próxima temporada. Os setoristas do Bulls devem se preparar para uma montanha-russa. Nikola Mirotic e Doug McDermott também serão bastante exigidos.
Nesse contexto complicado, mesmo aquilo que já escrevi sobre os jogadores que vieram no pacote por Rose está comprometido. Robin Lopez tem agora a chance de brigar pelo prêmio de melhor reboteiro, porque haja bico. As oportunidades que teve para subir com seu lento, mas eficiente gancho em Nova York também serão reduzidas – por falta de toques na bola e também pelo aperto da quadra. Já a promessa Jerian Grant está relegada ao banco, se tanto.

Comparando com seus quatro concorrentes de divisão, vemos como o Chicago foi provavelmente o que mais agitou nas últimas semanas. Nada menos que nove atletas se mandaram, incluindo um Calderón que nem mesmo posou para foto com a camisa da equipe. Resta saber se dessa hiperatividade toda vai sair o caos ou se, por um milagre, Rondo, Wade e Butler vão encontrar um meio de conviver em paz.

– Cleveland Cavaliers

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Quem chegou: Mike Dunleavy Jr e Kay Felder (*).
Quem ficou: Richard Jefferson.
Quem saiu: Matthew Dellavedova (Bucks) e Timofey Mozgov (Lakers).

Vamos considerar que logo mais LeBron e JR terão seus contratos renovados. Ponto.

Mozgov foi banido da rotação por Tyronn Lue e não fez falta nenhuma na campanha pelos playoffs, com a rotação interior sendo dominada por LeBron, Love, Thompson e Frye. Para a próxima temporada, o time talvez ainda precisa de um protetor de aro, mas não havia como nem chegar perto da grana que o Lakers deu para o russo. A ver como eles vão lidar com essa lacuna. Não que seja um tópico desesperador para os atuais campeões.

Matthew Dellavedova fará mais falta em longo prazo, devido a sua intensidade defensiva, entrando em quadra pra compensar a passividade frequente de Kyrie Irving – a ver se o título e a sensação de competir com Steph Curry nas finais empurra o talentosíssimo armador a outro patamar em termos de dedicação. Fará falta também do ponto de vista de química no vestiário. Mas é outro que ficou muito valorizado no mercado. O risco aqui é depender de Mo Williams como reserva de Irving. Não que ele ainda não tenha jogo para conduzir uma segunda unidade por 15 minutinhos. O problema é físico (e também defensivo). Aí que precisa ver se o calouro Kay Felder pode entrar nessa disputa.  O baixinho, que, se não me engano, ainda não assinou contrato, vai ser testado na liga de verão de Vegas nos próximos dias. É um prospecto interessante, que tem como comparação mais próxima Isaiah Thomas, do ponto de vista de tamanho e velocidade. Tem menos habilidade com a bola, mas é ainda mais atlético. A conferir.

Em termos de liderança e figura exemplar no dia a dia, ao menos Lue foi agraciado com a mudança de opinião de Richard Jefferson, cuja aposentadoria não durou nem 24 horas. Agora tem uma coisa: por mais que o veterano ala tenha sido um surpreendente trunfo nas finais, não dá para imaginar que ele terá o mesmo impacto em quadra durante um campeonato inteiro aos 36 anos. Uma coisa é se atirar ao chão feito maluco em uma série melhor-de-sete. Outra, por 82 partidas. Nesse sentido, a adição de Dunleavy, num presentão de Chicago – já que não custou nada –, é bastante valiosa. O Cavs ganha mais um jogador maduro e produtivo. O bônus? É um ótimo chutador para deixar a quadra ainda mais espaçada para LeBron operar. O ala, por sinal, era um alvo antigo de LBJ.

O Cavs ainda é disparado o melhor time do Leste. Isso não é problema. A curiosidade fica apenas para ver se vão procurar alguma troca como reação ao acordo firmado entre Durant e o Warriors. Se fosse Kevin Love, ainda não me acostumaria assim com a ideia de que Cleveland virou casa.

– Detroit Pistons

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

Quem chegou: Henry Ellenson, Jon Leuer, Ish Smith, Michael Gbinije, Cameron Bairstow e Boban Marjanovic.
Quem ficou: Andre Drummond.
Quem saiu: Anthony Tolliver (Kings), Jodie Meeks (Magic) e Spencer Dinwiddie (Bulls).

Hã… Legal que tenham cuidado da renovação de Drummond o mais rápido possível. Bacana demais para o time que um talento como Ellenson tenha derrapado até a 18ª posição do Draft. O calouro tem um jogo de frente para a cesta que, se desenvolvido da melhor forma, pode se tornar um complemento perfeito para seu franchise player. Tá. Mas considerando que o clube já tinha Marcus Morris e Tobias Harris como opções de stretch fours, além de um reserva produtivo como Aron Baynes, é muito difícil de entender a contratação de mais três grandalhões para a rotação.

Especialmente no caso de Marjanovic, bota grandalhão e ponto de interrogação nisso. O gigante sérvio era um agente livre restrito e  assinou por US$ 21 milhões e três anos – não havia como o Spurs cobrir essa proposta. Então o que SVG pretende fazer com ele? Será promovido imediatamente ao posto de reserva de Drummond? E Baynes, que mal acabou de terminar seu primeiro ano de contrato? Será trocado? De tantos clubes que poderiam procurá-lo, jamais poderia supor que o Detroit faria a melhor oferta.

Sobre Leuer: não há dúvida de que ele fez um ótimo campeonato pelo Phoenix Suns. Foi dos poucos pontos positivos em uma campanha sofrível do clube do Arizona. Merecia um bom aumento para quem ganhava pouco mais de US$ 1 milhão. Daí a pagar US$ 42 milhões por quatro anos parece um exagero. Meeeeesmo Na Nova Economia da NBA (era melhor adotar uma sigla já para isso). Será que tinha tanta gente apinhada assim para oferecer um contrato destes? Leuer vai ter oportunidade para fazer valer o investimento? Ele arremessa bem de frente para a cesta, pode cortar bem num pick and roll, mas não é exatamente um terror para as defesas, até por não ser um grande passador. Em sua carreira, ele acumulou apenas 171 assistências em 243 partidas. . Jogando ao lado de Drummond, sua movimentação lateral também seria testada contra alas-pivôs mais ágeis. Não parece ser alguém bom o bastante para ser titular numa equipe com pretensões de avançar nos playoffs. Mais de US$ 10 milhões anuais é o novo preço de um reserva?

O que dizer, então, de Bairstow? O australiano, que virá para o #Rio2016, terá dificuldade para ficar no elenco, que veio em troca por Dinwiddie. É um cara que joga duro, inteligente, mas muito limitado do ponto de vista atlético.

Para o banco, Ish Smith parece ótima pedida, acelerando o ataque do Pistons nos momentos de descanso de Reggie Jackson. Dependendo do adversário, os dois também podem jogar juntos, desde que Jackson arremesse com com consistência de longa distância. Aos 24 anos, sendo uma das apostas nigerianas para os Jogos Olímpicos, o versátil Gbinije é um novato bem mais velho que a média e pode eventualmente ganhar espaço no banco.

– Indiana Pacers

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Quem chegou: Jeff Teague, Thaddeus Young, Al Jefferson, Jeremy Evans e Georges Niang (*).
Quem saiu: George Hill (Jazz), Ian Mahinmi (Wizards) e Solomon Hill (Pelicans).

Já escrevi sobre as adições de Teague e Young. Larry Bird enfim deve ver o Indiana correndo mais, com jogadores bastante velozes e criativos para suas posições ao redor de Paul George. Teague deve tornar a vida do astro bem mais fácil no ataque, botando pressão nas defesas. Young deixa a linha de frente flexível. Foram excelentes contratações – ainda que considere o encaixe com Monta Ellis um tanto suspeito: o ideal seria encontrar um novo destino para esse pouco eficiente cestinha.

Se o intuito era acelerar geral, a contratação de Al Jefferson já parece deslocada, mesmo que ele vá receber menos que Leuer pelos próximos três anos (US$ 30 milhões). Pensando melhor, porém, o Big Al oferece ao técnico Nate McMillan uma segunda via ofensiva, para jogos mais truncados. Se as costas e os joelhos permitirem, o pivô ainda pode ser uma referência esporádica de costas para a cesta, com sua munheca invejável e um repertório ainda considerável de movimentos.

Ainda assim, é curioso que o clube tenha deixado Mahinmi sair, depois do tanto que o francês evoluiu nos últimos dois anos, segurando as pontas na defesa, sem que a saída de Roy Hibbert surtisse efeito nenhum. Pedir proteção de aro e cobertura para Jefferson seria uma piada cruel. O que dá para imaginar então? Que o jovem Myles Turner vai ser bastante exigido como patrulheiro no garrafão. Não está claro que apenas um ano de experiência tenha sido o suficiente para ele, em termos de bagagem tática para arcar com uma responsabilidade dessa. Lembrando que a equipe já vai perder a contenção de George Hill na primeira linha de marcação.

Niang é um caso semelhante ao de Gbinije: calouro, mas bastante rodado. Terá basicamente um ano, com contrato garantido, para provar que é jogador de NBA. Para isso, vai ter de brigar por espaço com Glenn Robinson III (que vem evoluindo gradativamente, vale ficar de olho) e o veterano Jeremy Evans, que também não se achou em Dallas.

Antes de tudo, fica a dúvida também para saber se McMillan é o treinador indicado para conduzir essa mudança de estilo. Em Seattle e Portland, seus times estavam entre os mais lentos e controlados da liga.

– Milwaukee Bucks

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Quem chegou: Matthew Dellavedova, Mirza Teletovic, Thon Maker e Malcom Brogdon.
Quem saiu: Jerryd Bayless (Sixers), Greivis Vasquez (Nets), OJ Mayo, Damian Inglis, Johnny O’Bryant.

Discretamente, o Bucks se reforçou muito bem. Enquanto a NBA inteira se concentra em fazer piadas sobre a idade do calouro Thon Maker, o gerente geral John Hammond (*) deu uma boa força a Jason Kidd ao adicionar dois atletas experientes e excelentes nos arremessos de longa distância como Teletovic e Delly, suprindo a maior carência do elenco, enquanto Giannis Antetokounmpo e Jabari Parker ainda encontram dificuldades no assunto. Como se não bastasse, a dupla também contribui com experiência.

(*O asterisco aqui é para dizer que não dá para saber se o gerente geral nominal ainda está dando as cartas, ou se Jason Kidd é quem tem a decisão final, mesmo. Emulando o que o Golden State Warriors fez com Bob Myers, a franquia já contratou o ex-agente Justin Zanik, que estava em Utah, para ser o seu substituto em 2018, quando Hammond será deslocado para uma posição de consultor.)

Se Giannis vai realmente começar o campeonato como o armador do time, faz todo o sentido ter o australiano ao seu lado, para ajudar na condução e também para marcar o baixinho do outro lado, tal como ele fazia ao lado de LeBron James. Foi uma grande sacada, mesmo que o preço seja salgado (US$ 38 milhões por quatro anos). Teletovic já trabalhou com Kidd em Brooklyn e vai ter a vantagem de jogar ao lado de alas bastante atléticos e polivalentes, que lhe podem dar cobertura na defesa. Custou bem menos que Leuer ao Pistons, o que não dá para entender (US$ 30 milhões por três anos).

Enquanto os jogos de verdade não começam, a liga toda se diverte com Maker, que é praticamente um apátrida (sua família emigrou do Sudão quando ele era criança, indo para a Austrália – que é o país que ele pretende representar internacionalmente. De lá, já como prospecto, ele se mudou para o Canadá e, depois, para os Estados Unidos). Milwaukee causou espanto ao usar a décima escolha do Draft no pivô, que tem 2,16m, é mais uma aberração atlética, mas sem experiência nenhuma em competições minimamente organizadas, vindo direto das prep schools americanas. Em suas primeiras partidas, mostrou como está cru, mas também apanhou dezenas de rebotes e deu alguns tocos impressionantes. Se fosse apenas isso, tudo bem. Três anos atrás, Hammond apostou em um talento cru como Antetokounmpo, que estava na Segundona da Grécia, e deu no que deu. O que pega é que, em vez de 19 anos, o pivô poderia ter até mesmo 23 anos, segundo especulações que vêm de Perth, na Austrália. Daí o bafafá.

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Duncan se despede da NBA. Sem nem fazer discurso
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Giancarlo Giampietro

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Tim Duncan anuncia sua aposentadoria!

Ou melhor: o San Antonio Spurs anuncia a aposentadoria de Tim Duncan. Porque nem no momento de se despedir o pivô quis chamar a atenção, mesmo. Sabe quantas declarações do pivô constam no release oficial do clube texano? Nenhuma. Risos.

É, a derrota para OKC foi o fim da linha, de modo que o pivô para de jogar após 19 temporadas, no mesmo ano de Kobe Bryant. Que coisa: Kevin Garnett deve estar realmente se sentindo muito velho neste momento, caminhando para um reencontro com Tom Thibodeau e para dar mais umas aulinhas a Karl-Anthony Towns em Minnesota.

Considerando o sofrimento que foi a série contra o Thunder para o veterano, a decisão não é de surpreender. Aos 40 anos, pela primeira vez em muito tempo, nem com inteligência ou técnica ele conseguiu se impor num embate desses, tendo dificuldade com tanta vitalidade que Steven Adams levava para a quadra. O que surpreende, de algum modo, é que ele tenha saído, enquanto Gregg Popovich e Manu Ginóbili ficam na liga, pelo menos por mais um ano. Sempre imaginava o trio pararia junto.

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De ex-projeto de nadador das Ilhas Virgens, Duncan (ou TIMMY!!!) se tornou um dos dez – quiçá, cinco – melhores jogadores da história. Foram cinco títulos e dois prêmios de MVP na temporada e três, nas finais, mais 15 eleições para o All-Star, 10 para o quinteto ideal, 8 para o quinteto defensivo etc. Haja troféu, e nem mesmo o dobro dessas láureas seriam o suficiente para fazer justiça ao que ele fez em quadra.

Também não vai ser qualquer post mais corrido que possa resumir o significado desta figura para a NBA e para o esporte. Se Duncan não foi o cara dos highlights, como Kobe ou mesmo Shaq e Garnett, em termos de produção em quadra, o mais absurdo que ele produziu foi sua consistência. Dê uma olhada nas tabelas abaixo, por cortesia do Basketball Reference:

Números por jogo:

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Números por minuto

duncan-stats-per-minute

Números avançados

duncan-stats-adavanced

O cara funcionou como um relógio por 19 anos de carreira. Mas não por ter um jogo mecânico. Pelo contrário. Para sustentar isso, haja talento (fundamentos) e cérebro (saber como aplicá-los). Para ser um excelente defensor, não basta agilidade e tamanho. Do contrário, TIMMY! não estaria entre os marcadores mais influentes deste último campeonato, já como quarentão.

Enfim, a gente pode ficar advogando a favor de Duncan sem parar. Mas não que ele se importe com essas coisas. De novo: muuuuito pelo contrário. Se o pentacampeão se importou com alguma opinião durante sua carreira, foi a com a de seus companheiros de time. De Avery Johnson a Cory Joseph. De Sean Elliott a Kyle Anderson. De David Robinson a LaMarcus Aldridge. Esse é outro aspecto que me vem à cabeça. Deu bastante certo, aliás. Com Duncan, o Spurs se tornou uma superpotência e referência. Obviamente que Gregg Popovich também está por trás desse sucesso, assim como o modelo de gestão desenvolvido por RC Buford. Sem uma figura transcendental dessas, porém, não tem essa de cinco títulos num dos menores mercados da liga.

Fora das quadras, o que se sabe sobre o cara? Que ele curte muito mexer com carros e adora os quadrinhos do Punisher (o Justiceiro). E por acaso interessa? Não deveria. Em tempos de superexposição, porém, sabemos muito bem o quanto a imagem fora influencia a percepção sobre os atletas, e daí vem a impressão de que sua personalidade estoica foi de certa forma um entrave para que recebesse todo o respeito e a atenção que merecia.Nesse aspecto, lembra um pouco o que aconteceu com Kareem Abdul-Jabbar no passado, claro que sem ser tão ranzinza assim. (Curiosamente, só ele e Jabbar somaram 26.000 pontos, 15.000 rebotes e 3.000 tocos).

Nessa linha, apelo, então, a um texto do ano passado, sobre a primeira e única vez em que estive de frente para este mito. Em meio à loucura do All-Star Weekend em Nova York, ele obviamente destoava. Também recupero aqui o relato sobre os últimos jogos dessa carreira brilhante, com o pivô saindo de cena discretamente, sem fanfarra nenhuma. Ele merecia mais, mas simplesmente não era a sua cara. Não tem essa de tributo, de discurso. Já foi.

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O efeito Durant: quem ganha e quem perde com essa notícia bombástica
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Giancarlo Giampietro

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Quando um Kevin Durant, um LeBron James, um Stephen Curry muda de clube, a NBA chacoalha toda, mesmo. A tremedeira imediata deixa a liga toda atordoada, com o mundo acreditando, a princípio, que será impossível derrotar o Golden State Warriors na próxima temporada. Até que baixa a poeira, e a gente entra nessa onda reflexiva, com ou sem zoeira. Então, tá. Na cabeça de um blogueiro distante brasileiro, qual o impacto da ida de Durant para Oakland para alguns personagens e entidades da liga?

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Stephen Curry, Klay Thompson, Draymond Green e Andre Iguodala: por razões óbvias. Se o quarteto, que foi até a região dos Hamptons, em Nova York, para recrutar o astro, realmente não tiver preocupação nenhuma em dividir a bola e perder em números e elogios, não há com o que se preocupar aqui. A vida de cada um deles vai ficar mais tranquila em quadra, com menos obrigações e pressão, mesmo que as primeiras semanas de convívio em quadra pressuponham um período de ajuste provavelmente complicado. Basta lembrar a dificuldade inicial que esta base teve, mesmo, para assimilar o sistema de Steve Kerr, cometendo um monte de turnovers na abertura da temporada 2014-15. Durant vem de um time pelo qual, em 98% do tempo, atacava no mano a mano, mesmo, alternando posses de bola com Russell Westbrook. A diferença de movimentação do OKC para o Golden State é das maiores que você vai ver por aí. Mas, se for para assinar com o time, KD obviamente está ciente disso, e não haveria razão para travar as coisas. Segundo os diversos relatos em off sobre a reunião com os representantes da franquia, o astro está empolgadíssimo para participar desta ciranda. Não é só a chance do título, a maior visibilidade, mas também se divertir em quadra.

Joe Lacob: agora o acionista majoritário do Warriors pode novamente se gabar de que seu clube está anos-luz à frente da concorrência, como havia feito numa entrevista controversa à revista do New York Times, meses antes da derrota para os LeBrons na decisão.

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West não é o logo da NBA só porque sabia driblar e arremessar

West não é o logo da NBA só porque sabia driblar e arremessar

– Jerry West: o consultor do clube e acionista minoritário, de acordo com diversos relatos, foi aquele que selou o acordo, quando Durant ainda estava em dúvida. São coisas que West faz, como levar Shaq ao Lakers e apostar firmemente num jovem adolescente chamado Kobe Bryant. É por isso que ele é o Logo da NBA.

– Zaza Pachulia também deve ser um cara bem feliz no momento, como a primeira contratação do Warriors num mundo pós-Durant. Ele curtiu bastante a experiência de jogar ao lado de Dirk Nowitzki e sob a orientação de Rick Carlisle em Dallas, e tal, mas não dá para comparar isso com o que vai viver em Oakland. O georgiano percebeu a lacuna aberta no garrafão da equipe e não hesitou em dar um belo desconto em seu salário para assumir a sétima vaga de sua rotação – contando aqui também o reserva multiuso Shaun Livingston. Se vai embolsar apenas US$ 2,9 milhões (pense que o Lakers vai dar a Timo Mozgov um cheque de US$ 16 milhões ), não importa.

Pelo Warriors, sua carga de trabalho não será tão exigente e seus minutos voltarão a ser controlados, para que ele possa executar aquilo que faz bem do início ao fim do campeonato, depois de uma queda de produção acentuada pelo Mavs. Em relação a Bogut, o pivô pode cumprir muito bem pelo menos 75% das funções de que o australiano cuidava: corta-luzes esmagadores no ataque e visão de jogo para o passe, duas características fundamentais para o ataque de Kerr, além de ser um ótimo reboteiro. Só fica faltando mesmo a proteção de aro. Pachulia joga com os pés plantados na quadra e não intimida tanto na contestação individual. Por outro lado, se desloca com inteligência e sabe fechar espaços. Por esse preço, com muitos pivôs já apalavrados com outros times, foi um baita negócio.

Harrison Barnes: sim, ele foi descartado por um timaço. Agora, verá testado seu repertório ofensivo verdadeiramente testado. Dirk Nowitzki ainda é um grande chutador e desperta preocupações táticas para qualquer defesa, mas não no nível de Steph Curry e Klay Thompson, claro. Tudo isso está sendo considerado. De todo modo, veja bem: o ala acaba de acertar um contrato de US$ 95 milhões com o Dallas Mavericks. Dinheiro não é tudo nessa vida, não compra toda a felicidade do mundo… Mas são mais de R$ 300 milhões gente por apenas quatro anos de serviço. Se Durant não tivesse aceitado a oferta do Warriors, ele muito provavelmente ganharia a mesma bolada com seus bons e velhos companheiros. E talvez essa não fosse a opção mais saudável. Imagine a pressão a que Barnes seria submetido no próximo campeonato depois de seu desempenho sofrível nas finais. Qualquer coisa que desse errado, pode ter certeza de que a torcida do Golden State, no geral toda amorosa, estaria pronta para detoná-lo.

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– LeBron James: é, pois é. Convenhamos que, depois do que ele fez na decisão da liga, não há mais como cornetar o superastro do Cavs. O terceiro título de sua carreira foi o mais significativo, já funcionaria como um final perfeito para a sua carreira, de volta ao clube de seu estado natal. Tudo isso era muito agradável. Agora acontece que, depois de muuuuito tempo (talvez desde 2008), LeBron tem a chance de se tornar o super-herói adorado da NBA, em vez de um supervilão questionado. Dependendo da escalada nas críticas a Durant e de uma mudança de concepção sobre o Warriors, pode ser que o título de “Queridinho da América” se desloque rapidamente da baía de San Francisco para o Meio-Oeste do país. LBJ e os Cavs seriam a grande esperança contra o mais novo supertime-que-só-faria-mal-ao-esporte. Uma besteirada, claro. Mas vocês sabem que pode ocorrer. As narrativas estão aí para isso.

– Russell Westbrook: do ponto de vista competitivo, claro que ele leva a pior. Sem Durant, o Thunder não pode ser visto como ameaça a Cavs, Warriors e, vá lá, Spurs pelo topo da liga.  Individualmente, porém, podemos esperar um Westbrook de arromba, quem sabe atingindo um triple-double de média. Além do mais, o fato é que a saída do ala também facilita sua decisão para o próximo ano, quando também vai virar um agente livre. Resta saber como será o contato de Presti com o armador nas próximas semanas. Será que o dirigente vai exigir uma posição antecipada da estrela que lhe sobrou? Se Wess não disser com firmeza de que pretende seguir na franquia, seria a hora de trocá-lo, para não se correr o risco de perdê-lo também sem receber nada em troca? Independentemente das respostas aqui,  a gente já pode imaginar um atleta obcecado, com o modo Devorador de Aros ativado.

– Doc Rivers: a incapacidade do presidente/técnico do Clippers de montar um bom elenco ao redor de Chris Paul, Blake Griffin e DeAndre Jordan ganha agora mais um álibi.

Quem sai perdendo?

Melhor tirar fotos antes que Durant suma de vez de OKC

Melhor tirar fotos antes que Durant suma de vez de OKC

– Oklahoma City, a cidade: é um baque, não há como. Durant ajudava a impulsionar a economia local, não só como um embaixador. Do ponto de vista sentimental, então, o estrago é enorme. Dá até para sentir um pouco de empatia com a dor deles. Mas, caras, esse é o mundo dos negócios da liga. Seattle não esqueceu o modo como lhe arrancaram seu tradicionalíssimo clube em 2008.

– OKC, o clube: dãr. (Mas aproveito o espaço aqui para escrever sobre o gerente geral Sam Presti. Fiquei na dúvida sobre colocá-lo na lista de cima ou nesta aqui, então fazemos extraoficialmente, entre parênteses: o cartola perde muito sem o astro, mas tem uma grande chance para afirmar seu faro para negócios. Se ele por acaso encontrar uma forma de reconstruir a equipe, pensando em título, mesmo, poderá pedir um baita aumento a Bennett, como um dos executivos mais respeitados da história da liga.)

Clubes da NBA de cidades menores: desde que Clay Bennett tirou a franquia e Seattle para OKC,  Presti fez um trabalho quase irretocável para construir uma grande equipe e desenvolvê-la em um ambiente sustentável. A troca de James Harden foi um duro golpe, eles tiveram azar com lesões de Durant e Westbrook, mas não custa lembrar que eles ficaram a cinco minutos de eliminar o Warriors no mês passado. É difícil imaginar um cenário mais positivo que este. Ainda assim, lá se foi Durant para um mercado muito maior. A decisão do ala não pode ser entendida só do ponto de vista esportivo, gente. Não sejamos ingênuos a este ponto. Meses antes de se reunir com o jogador, a diretoria do Warriors já sinalizava que o histórico de Joe Lacob no Vale do Silício era bastante atraente para Durant, pensando nos negócios e investimentos vindouros. (Mencionar que LeBron está em Cleveland neste momento, não vale: é uma situação toda particular.)

Sem Durant (e sem Seattle), Bennett vai querer um novo lo(u)caute para a NBA?

Sem Durant (e sem Seattle), Bennett vai querer um novo lo(u)caute para a NBA?

– Proprietários: só do ponto de vista do orgulho, claro, pois, em termos financeiros, a NBA vai bombar ainda mais com essa transação. Considerando que eles já ganham bem mais que os atletas em relação a receitas da liga, não há motivo para choradeira. Para muitos desses caras, porém, não basta lucrar horrores – eles querem controlar tudo também. Foi deste modo que fizeram fortunas. Quando o assunto é o mercado de agentes livres, porém, não adianta teimar, minha gente: os melhores jogadores vão assinar com quem eles bem entendem, não importando quantas amarras eles possam criar no próximo acordo trabalhista, agora muito provavelmente com um locaute em 2017.

Clippers, Lakers, Kings e Suns: para os companheiros do Warriors na Divisão do Pacífico, a vida será especialmente dura. Cada um terá de jogar quatro vezes contra esse supertime.

– Gregg Popovich: muitos dizem que, no que dependesse só de sua vontade, o técnico já teria se aposentado. Mas ele foi ficando, enquanto durava a carreira de Tim Duncan também. Quando convenceu LaMarcus Aldridge a se mudar para San Antonio, também teria feito um pacto com o pivô de que cumpriria seu contrato. Devem ser mais uns três anos, então, para encontrar uma forma de bater o Warriors. Ele pode encarar essa tarefa como um desafio instigante ou depressivo. Vai depender da safra do vinho de cada ano, acho, ainda mais com o zum-zum-zum de que a Era Duncan possa realmente ter chegado ao fim.

– Kevin Love: se bobear. Porque assim: o Cavs curte pacas o primeiro título de sua história e o primeiro da cidade após 50 anos, mas é natural que queiram mais. Enquanto LeBron estiver zanzando por lá, terão essa chance. Então não requer muita imaginação para vislumbrar David Griffin reunido com seus comparsas para pensar qual cartada o Cleveland pode dar para como resposta ao reforço estrondoso da equipe com a qual disputou as últimas duas finais. E aí, meus amigos, a gente volta a especular sobre o futuro de Love com o clube. Dias depois da conquista, Griffin disse que ninguém iria sair de seu time. (Pelo menos aqueles sob contrato, já que Mozgov é do Lakers e Matthew Dellavedova recebeu uma oferta de US$ 38,4 milhões do Milwaukee Bucks e, antes mesmo de o clube se pronunciar oficialmente, LeBron já o desejou boa sorte e o parabenizou pela bolada.) De lá para cá, no entanto, a NBA balançou. Vai ter um contra-ataque?

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Kevin Durant é do Warriors, e a NBA fica atônita
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Giancarlo Giampietro

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E aí? Quem se lembra daquele tempo em que o Cleveland Cavaliers comemorava o título da NBA e o fim de um jejum de 50 anos sem título para a cidade? Tipo, há duas semanas, mais ou menos?

Se a sua cabeça está girando com o anúncio de que Kevin Durant vai ser jogador do Golden State Warriors na próxima temporada da liga, bem-vindo ao clube. Imagine como já não está a cuca de 29 coordenadores defensivos da liga, então? Ou a de Harrison Barnes e Andrew Bogut, já entendendo que não vai mais fazer parte de um dos maiores e mais divertidos times da história?

Pois é. Ao anunciar qual o “próximo capítulo” de sua carreira no site chapa branca The Players’ Tribune, o astro provocou um abalo sísmico na estrutura da liga, deixando a conquista do Cavs já como passado distante e tornando toda e qualquer negociação a ser anunciada nos próximos dias como algo insignificante. Pau Gasol vai assinar com o Spurs ou o Raptors? E interessa? É como se fosse um grande vazio existencial, e a reação dos atletas em tempo real está aí para comprovar.

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O Warriors conquistou o título em 2015. Bateu o recorde de vitórias numa temporada regular em 2016. E ficou a um triunfo do bicampeonato, contando com três All-Stars em sua escalação. Agora, não acertou com um jogador qualquer. Mas com o último MVP da liga que não se chama Stephen Curry. O terceiro maior cestinha da história e o maior em atividade, se formos nos concentrar em médias de pontos por jogo. Evoquemos de novo a imagem dos treinadores dedicados ao sistema defensivo: se já era difícil encontrar uma resposta para um pick-and-roll entre Stephen Curry e Draymond Green, imagine agora fazer planejamento com Kevin Durant posicionado do outro lado da quadra? E se for para fazer o jogo em dupla com Durant e Green, mandando Curry e Thompson para o lado oposto? Talvez nem mesmo cinco LeBrons sejam capazes de brecar isso.

Se o Golden State já era encarado como um supertime, qual a definição agora? E a chamada “Escalação da Morte”, que devastou a concorrência basicamente por dois anos? Você vai trocar Barnes por Durant nessa formação. Impressionante.

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Lembram aquele papo de LeBron? De encerrar a carreira jogando ao lado dos compadres CP3, Melo e Wade? Seria a única alternativa de competitividade para a liga hoje? Mas é algo que seria possível apenas em 2017, a não ser que 1) Wade já tope jogar por uma mixaria em Cleveland agora; 2) o Knicks trocasse Melo por Kevin Love; 3) o Cavs trocasse Irving por Chris Paul. Difícil, hein?

Quais são os próximos passos agora?

Antes de anunciar o ala oficialmente, a diretoria do Warriors precisa encontrar um novo clube para Andrew Bogut. Tem de limpar salário para poder acomodar um salário de US$ 27 milhões. Como eles têm o australiano em alta conta, não vão simplesmente despachá-lo para o Philadelphia, sem mais nem menos – embora ter o jovem compatriota Ben Simmons por lá pudesse ser uma boa distração ao veterano que, muito antes de o clube ser badalado, foi a primeira contratação de impacto desse ciclo, ajudando a construir essa reputação.

(E aqui fica uma questão engraçada e absurda: e se os 29 concorrentes fizessem um pacto e simplesmente se recusassem a absorver o contrato de Bogut? Fazendo pirraça, mesmo. Aí o Warriors precisaria dispensar seu contrato e parcelar a conta. Além disso, teriam de abrir mão de Shaun Livingston. Mas este cenário não vai acontecer. Nem todos os times entrarão no próximo campeonato com ambição de título. De modo que Bogut, por mais quebradiço que seja, ainda vai despertar o interesse de muita gente com sua capacidade como reboteiro, protetor de aro, passador e muralha em corta-luzes. O Dallas Mavericks já despontaria como favorito, aliás, depois de ser recusado por Hassan Whiteside.)

Ainda no garrafão, Festus Ezeli é mais um que vai precisar encontrar um novo clube. Segundo Marc J. Spears, do Undefeated, o clube não só não vai renovar com o nigeriano como vai abrir mão dos direitos sobre ele. O grandalhão vai virar agente livre pleno, num mercado em que muitos pivôs já se apalavraram. Situação curiosa agora.

Por fim, Harrison Barnes poderá assinar seu contrato de US$ 95 milhões com o Mavs, por quatro anos. Viu como seu desempenho ridículo nas finais contra o Cavs não atrapalhou em nada suas metas financeiras? O mercado de agentes livres não tinha grandes nomes assim para um ano em que o teto salarial subiu 30%.

Esses caras foram valiosos, garantiram um lugar na história do clube, mas a fila anda apressadamente na NBA. Se o Warriors tivesse conquistado o bicampeonato, será que Durant aceitaria jogar no time? Duvido muito. O fato de o time ter sucumbido perante LeBron acabou abrindo caminho, mesmo, para esse acordo bombástico, já que ao ala poderia caber a imagem de “peça que estava faltando”, em vez de um simples “modinha”, caso estivesse sendo incorporado pelos atuais campeões. (Embora, obviamente, isso seja o que Durant mais vá escutar nos próximos meses e jogos. Só não pode ser chamado de “mercenário”, já que vai perder dinheiro, em termos de salário, ao sair de OKC.)

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Outros fatores especiais que proporcionaram essa bomba: b) a própria derrocada do Thunder contra o Warriors nas finais do Oeste; c) o novo acordo televisivo da liga; d) o fato de o sindicato dos jogadores ter recusado uma subida gradativa no teto salarial; e) nesse cenário todo, o contrato de Steph Curry, apenas o quarto mais valioso do elenco, se tornou a maior barganha da paróquia, tendo sido firmado numa época em que falávamos mais sobre seu tornozelo do que sobre seus chutes da saída do túnel, antes de o jogo começar. Elimine qualquer uma dessas alternativas, e o negócio talvez fosse impossível.

Não obstante toda essa conjuntura, também tem o aspecto de relacionamento humano serenamente destacado por Dwyane Wade, em meio ao caos. Durant foi campeão mundial em 2010 pelo Team USA com Curry e Iguodala ao seu lado. Naquela campanha, os três costumavam se reunir constantemente para rezarem juntos, por exemplo. Já Draymond Green recrutou o ala durante a última temporada inteirinha, e até mesmo depois da épica virada pela final de conferência, sendo habilidoso o bastante para não pisar nos calos e ofender o então rival.

Segundo consta, um telefonema de Jerry West – o logo! De novo! – na calada da noite deste domingo teria sido importantíssima na decisão de Durant. Entre tantas mensagens passadas pelo consultor do Warriors, duas teriam se destacado. Uma teve cunho biográfico, com o ex-jogador lembrando o punhado de vezes em que seu Lakers havia morrido na praia, contra a dinastia Russell-Auerbach em Boston. A segunda, mais impactante, foi para reforçar a ideia de que, com Curry, Klay e Draymond, Durant seria apenas mais um. Não teria essa coisa de estrelismo: jogariam todos juntos, de igual para igual. Além disso, teve a fala do gerente Bob Myers: “Sem você, é possível que vençamos um ou dois títulos mais. Sem nós, provavelmente você também ganhe um ou outro. Juntos? Podemos levar vários”. E quem vai discordar?

Acho que nem mesmo um cabeça-dura, orgulhoso e superatlético Russell Westbrook – não consigo deduzir qual teria sido sua reação ao ser informado da mudança. Para OKC, não há muito o que fazer. O proprietário Clay Bennett e o gerente geral Sam Presti estavam na região dos Hamptons ainda nesta segunda-feira – feriado da independência nos EUA –, aguardando a decisão de seu ex-jogador. Desnecessário dizer que cada rojão estourado neste 4 de julho vai explodir dentro dos tímpanos deles. Ao menos a dupla foi mais classuda que Dan Gilbert no momento de perder uma estrela. Pudera: não custa lembrar que Bennett roubou não só Durant de Seattle como um clube inteiro. O carma chegou para acertar, mais ou menos, as contas.

É isso. Seattle talvez seja mesmo, além de Oakland e San Francisco, a única cidade americana a comemorar nesta data, que não pelos motivos patrióticos. De resto, não importando as coordenadas geográficas, os diretores que ainda estiverem reunidos para buscar agentes livres secundários, os técnicos que estejam trabalhando com a molecada das ligas de verão, os atletas que estejam a caminho das ou voltando das Bahamas devem estar todos em estado catatônico, sem nem conseguir pensar o que será da liga na próxima temporada.

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lakers-2012-super-team-coverSupertimes são garantia de sucesso?

O torcedor do Lakers, que nem mesmo pôde ver o clube fazer uma propostinha por Durant neste ano, vai nos atentar para o que aconteceu com o elenco de 2012, quando Dwight Howard e Steve Nash chegaram a Hollywood para contracenar com Kobe e Gasol. Uma sucessão de lesões e intrigas levou aquele badalado elenco ao oitavo lugar do Oeste e a uma varrida pelo Spurs. Certo. Mas não há como comparar os casos aqui: Nash estava nas últimas, Howard voltava de uma cirurgia e Kobe deu uma de Kobe no pior sentido, ateando fogo nas relações, enquanto Gasol se lamuriava pelo esquema de Mike D’Antoni. Ah, e Jimmy Buss não vive em Oakland.

Em Miami, a conquista não saiu de cara, mas vale lembrar que o time ganhou duas vezes a liga e alcançou quatro finais seguidas. Poderia ter sido mais, mas Dwyane Wade estava em outro estágio de carreira também, lidando com dores e travas no corpo todo. Do quarteto do Warriors, Stephen Curry é o mais velho. Com apenas 28 anos…

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O maior receio do acerto de Durant com Golden State? Um novo lo(u)caute já em 2017. Você pode ter certeza de que mais de 50% dos proprietários dos demais 29 clubes estão espumando neste momento, querendo repaginar o acordo trabalhista. A gastança desenfreada que estamos acompanhando, proporcionada pelo abrupto aumento do teto salarial, já valia como um motivo suspeito para uma nova paralisação das atividades da liga. Agora, o suposto desnível de forças praticamente garante esse racha, na visão dos mais pessimistas. Se fosse apostar grana, iria nessa linha. Vai ser um ba-fa-fá que só.

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Um componente interessante dessa transação é a disputa de marcas esportivas. A “Under Armour” conta com Steph Curry como um de seus principais propulsores no mercado global. Agora a “Nike” espera que Durant possa ofuscá-lo.

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Vocês já se cansaram dessa coisa de Durant agente livre? Calma, que em 2017 pode ter mais. O contrato do ala com o Warriors será de dois anos, valendo US$ 54 milhões, mas com uma cláusula ao seu dispor para encerrá-lo já ao final da próxima temporada. Financeiramente, faz todo o sentido: KD vai completar dez anos de liga e poderia assinar um novo contrato valendo 35% do teto salarial, em vez dos 30% de hoje. O contrato de Curry também vai expirar junto. Assim como os de Westbrook, Blake Griffin e Chris Paul, entre outros. Vai ser interessante, com ou sem lo(u)caute.

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A reação de LeBron, na qual uma imagem vale mais do que mil palavras, foi bastante espirituosa:

leborn-michael-corleone-durant-reaction

Michael. Corleone. Ponto.

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Rose, Ibaka e as trocas da semana – incluindo aquela que não aconteceu
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Giancarlo Giampietro

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

É bom se acostumar. Novo número, novas cores. Mas um novo jogador?

Pois é, conforme avisado, a temporada dos gerentes gerais e scouts da NBA definitivamente não acabou no momento em que LeBron, comovido, desabou na quadra da Oracle Arena para comemorar o terceiro título de sua carreira e o primeiro de Cleveland em mais de 50 anos. Preparando-se para o Draft desta quinta-feira e para o mercado de agentes livres que será aberto a partir do primeiro segundo do dia 1º de julho, os dirigentes já deram uma boa agitada nesta semana, antes mesmo de o recrutamento de calouros começar.

Neste post, vamos nos concentrar mais nos negócios que envolveram veteranos da liga, sem entrar no mérito sobre quem saiu ganhando ou perdendo do Draft ainda:

Derrick Rose agora é um Knickerbocker
Este foi o negócio de maior repercussão da semana, pelas cidades e franquias envolvidas e, principalmente, por selar o fim da era Derrick Rose em Chicago. Os torcedores do Bulls viveram grandes momentos com o armador, xodó da cidade, desde 2008, quando foi selecionado. Foram os melhores anos da franquia desde a saída de Michael Jordan. Devido a suas constantes lesões e cirurgias, porém, hoje podemos dizer que durou pouco. Considerando todos os desencontros dos últimos dois, três anos, desde a desgraçada ruptura de ligamento em 2012, quando ele, Thibs e uma valente equipe achavam que poderiam derrubar os LeBrons de Miami, talvez fosse a hora, mesmo.

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Mas…

Se o Bulls pensava em reformular seu elenco, talvez fosse o caso de esperar mais uma temporada. O mais interessante aqui não seria dar mais uma chance a Rose para ver o que pode sair dali – isso seria um bônus –, mas simplesmente deixar que seu contrato de US$ 20 milhões expirasse. Desta forma, a dupla John Paxson/Gar Forman poderia abrir espaço para investir num mercado muito mais bombado. Talvez fosse possível encontrar gente mais talentosa que Robin Lopez e Jerian Grant, cujos contratos se estendem para além de 2017 – ainda assim, o clube pode ter mais de US$ 40 milhões para distribuir. Ao que parece, porém, a prioridade era virar a página agora, mesmo. Se a ordem da preferência começa pelo temor de perder Rose por nada e ou de se livrar do jogador, pensando em química do elenco, ninguém vai dizer abertamente.

Lopez fez uma grande segunda metade de temporada em NYC, é daqueles que entrega muito mais do que os números mostram, já havia feito boas campanhas por Suns, Pelicans e Blazers, mas simplesmente não consegue se fixar em um lugar. É estranho demais. Vai acontecer em Chicago? Com média de US$ 14 milhões anuais, por mais três anos, seu salário não é dos mais caros, de fato. Agora cabe ao técnico Fred Hoiberg utilizá-lo da melhor forma, pensando neste custo x benefício. Jerian Grant não mostrou muita coisa pelo Knicks, sendo castigado por Derek Fisher nos primeiros meses, mas tem potencial evidente. Se pode ser um titular, veremos.

Com a chegada do pivô, está claro que o clube também se prepara para dizer adeus a Pau Gasol e, especialmente, Joakim Noah. Ao anunciar a negociação, de todo modo, Forman se referiu ao grandalhão como um “titular”.  Considerando a frustração de JoJo por ter ficado no banco durante o campeonato, acho que meia palavra já bastaria. Além disso, Noah vai receber diversas propostas no mercado. Aliás, não ficaria nem pum pouco surpreso se ele não parasse justamente no Knicks.

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Rose, Lopez e Calderón: blockbuster

Do ponto de vista de Phil Jackson, James Dolan e Jeff Hornacek, o que vale aqui, de primeira, é a aposta em Rose, mesmo. Eles estavam buscando um armador mais experiente para comandar o ataque acelerado de Hornacek, e não havia tantos agentes livres disponíveis para tanto. OK.

A primeira questão é saber se Rose pode realmente voltar a ser um jogador consistente e, depois, minimamente decente em quadra. Pois não dá para tratar tudo com memória seletiva. O MVP de 2011 não consegue jogar há tempos, sem a menor eficiência por trás de seus 16,4 pontos por partida desta última temporada. As consequências de tantas lesões foram graves para seu jogo. Ele não consegue mais forçar faltas e lances livres e, mesmo sem tanta agressividade, segue cometendo turnovers. Mais: por mais que tenha maneirado nos arremessos de três pontos (entre suas tentativas, o volume de longa distância baixou de 32,5% para 14,3%), seu aproveitamento de quadra foi ainda de 42,7%. Sua produção por minuto foi menor, assim como a qualidade de jogo como um todo, dando menos assistências. Seu impacto foi negativo tanto na defesa como no ataque, inclusive.  Enfim, o Knicks só espera que este recomeço faça bem ao jogador. Que a draga que o arrastava em Chicago tinha mais a ver com psicológico, emocional, e que ele tenha muito mais o que render em um novo cenário.

A segunda questão é se Rose e Carmelo vão conviver bem. Supostamente, eles se dão bem fora de quadra, e o armador até mesmo tentou recrutar ala em 2012 – atividade que ele se recusara a fazer no passado.  Conhecendo o histórico dos dois astros, algo que os jornais de Nova York e Chicago escancararam nos últimos anos, é de se imaginar se o convívio mais próximo vai fazer bem para a relação. Em quadra, uma bola será o bastante? A mentalidade de Carmelo vai e volta quando o assunto é acionar os companheiros. Rose só está acostumado a uma abordagem: atacar e atacar, a despeito duas limitações de hoje. Fora de quadra, fica ainda mais intrigante a dinâmica. Melo não está tão acostumado assim a dividir as luzes de Manhattan – Amar’e Stoudemire e Jeremy Lin podem falar a respeito. Para ser justo, Kristaps Porzingis foi bem acolhido pelo veterano, teve suas semanas de coqueluche por lá, mas, aos olhos do capitão do time, nunca representou uma, digamos, ameaça. Rose, por seu lado, já demonstrou que valoriza bastante seu cultivo de imagem. Agora imaginem colocar um Dwight Howard neste caldeirão? Afe.

Serge Ibaka agora é do Orlando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Ibaka por Oladipo, Ilyasova e Saboninhos. Orlando vai tentando

Havia algum zunido a respeito. Aconteceu bem mais rápido do que poderíamos imaginar. Pressionado enquanto Kevin Durant não se decide sobre seu futuro, o gerente geral Sam Presti agiu à revelia do que vai acontecer com o astro ao despachar Serge Ibaka para o mundo mágico da Disney, recebendo em troca Victor Oladipo, Ersan Ilyasova e um Sabonis, o Domantas, que jogou muito por Gonzaga nos últimos dois anos e foi escolhido em 11º neste Draft.

O lado de OKC é o mais interessante aqui. Pode causar espanto a decisão, a princípio. Mas a verdade é que o Ibaka de 2015-16 quase não lembra em nada o de quatro anos atrás, quando Presti optou pelos seus serviços, deixando James Harden ir embora. O congolês teve a pior temporada de sua carreira na NBA, perdendo a precisão nos arremessos de perímetro e contribuindo cada vez menos na defesa. Durante os playoffs, ele foi apenas o quinto jogador mais produtivo da equipe e ficou totalmente alienado no ataque. O quanto que é a causa e o que é o efeito fica difícil de dizer: mas que Ibaka andava um tanto confuso e desmotivado, não há como negar.

Ao se distanciar o pivô, o Thunder também evita a dor-de-cabeça de ter de negociar com ele um novo contrato daqui a um ano. Dependendo do que Durant e Westbrook quiserem, imaginando que eles vão renovar prontamente o contrato de Adams, ficaria praticamente inviável a permanência do veterano. A não ser que o clube encontrasse um novo lar para Enes Kanter.

Para a sua vaga, Ilyasova e Saboninhos podem fazer um pouco de tudo. Inicialmente, acreditava que o experiente turco seria dispensado, valendo uma economia de cerca de US$ 8 milhões na folha salarial. Mas o gerente geral já disse que ele fica, oferecendo chute de longa distância, bom posicionamento defensivo e flexibilidade. Já o calouro lituano tem como principais recursos a capacidade como reboteiro e a garra para brigar muito no garrafão, nas duas tábuas. A expectativa dos scouts também é de que ele possa desenvolver um bom arremesso de média para longa distância também. Com experiência no basquete espanhol e dois torneios da NCAA nas costas, vindo de uma linhagem real do basquete europeu, Domantas estaria mais preparado do que um novato qualquer para chegar e jogar .

A peça principal, todavia, é Oladipo. Sua parceria com Russell Westbrook promete ser um inferno para qualquer oponente. Os duelos com os Splahs Brotheres prometem ser eletrizantes desde já. Para alguém que foi escolhido como o segundo do Draft de 2012, o ala-armador está longe de se transformar em um franchise player. Para OKC, tendo dois atletas deste quilate em seu elenco, não há pressão ou necessidade para que ele evolua tanto assim. Se continuar com sua constante curva ascendente, já será o suficiente. Oladipo vem melhorando gradativamente nos tiros exteriores e diminuindo o número de turnovers, sem perder a intensidade em quadra. Com ele, a diretoria agora fica bem mais confortável em lidar com Dion Waiters, um agente livre restrito. Por melhor que tenha defendido contra Spurs e Warriors e controlado suas loucuras, o conjunto da obra ainda desperta muita rejeição e certamente não vale um contrato acima de US$ 10 milhões.

Em Orlando, fica uma sensação estranha. Suas principais apostas ainda são muito jovens – os alas Aaron Gordon e Mario Hezonja. Mas a família DeVos não está mais tão disposta assim para esperar o desenvolvimento da rapaziada e tem forçado o gerente geral Rob Hennigan, ex-funcionário de Presti, a se mexer. Nesse contexto, a contratação de Ibaka é positiva. Pensemos assim: poderia ser bem pior. Em um novo contexto, o congolês deve resgatar o ímpeto defensivo e a agressividade no ataque e proteção ao aro. Ao contrário de Rose, ele ainda não sofreu nenhuma lesão grave, estrutural. Sob o comando de Vogel, promete. A dúvida que fica aqui: sua chegada vai resultar em menos minutos para Gordon? Ou Vogel estaria disposto a emparelhá-los por mais tempo, numa rotação com Nikola Vucevic? O suíço-montenegrino é quem se beneficia bastante, tendo a companhia de um pivô superatlético que pode limpar muitas das duas falhas na defesa. Sabonis talvez não fizesse tanta diferença nesse sentido, enquanto Elfrid Payton ganha um voto de confiança, com a saída de Oladipo.

Atlanta enfim despacha Teague, e Utah se sai ainda melhor em troca tripla

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Hill e Teague, cada um no seu quadrado

Essa conversa vem desde fevereiro. O Atlanta nunca demonstrou muita confiança no jogo de Jeff Teague, mesmo nos dias em que Danny Ferry dava as cartas por lá. Não custa lembrar que o armador chegou a assinar com o Milwaukee Bucks como agente livre restrito, para ver a oferta coberta. Teague chegou ao All-Star em 2015, atingiu a marca de 40% nos arremessos de longa distância na última temporada e, ainda assim, se viu novamente envolto por rumores. O Hawks estava disposto a negociá-lo pelo preço certo, e, meses mais tarde, a 12ª escolha do Draft deste ano, via Utah Jazz, foi o suficiente.

O ganho, na cabeça de Mike Budenholzer, presidente e técnico da equipe, é o de dois em um: a promoção de Dennis Schröder a titular e a mais de 30 minutos por partida e o experimento com o ala Taurean Prince, de Baylor. O novato tem um quê de DeMarre Carroll, mas não só por causa do cabelão. Ele tem basicamente o mesmo porte físico e é igualmente atlético, para fortalecer a defesa no perímetro. O arremesso de três está se desenvolvendo ainda, mas não é que Carroll tenha entrado na NBA como um grande gatilho. O Coach Bud deve entender que seu estafe está mais do que preparado para fazer o mesmo tipo de trabalho com Prince. Traumatizado pelos choques com LeBron James nos últimos anos, podendo perder Kent Bazemore no mercado, vale a tentativa.

Teague foi para Indiana, sua terra natal. Lá, terá a missão de acelerar o ataque, algo que Larry Bird queria ver já durante a campanha que acabou com uma derrota para Toronto pela primeira rodada dos playoffs, em sete partidas. Para esse tipo de proposta, as qualidades de Teague são bem mais favoráveis que as de George Hill, que foi parar em Utah. É mais criativo com a bola, mais agressivo e, sim, muuuuito mais rápido. Sua parceria com Monta Ellis, no entanto, é bastante questionável do ponto de vista defensivo.

Em Salt Lake City, o encaixe de Hill tem tudo para devolver o Jazz, enfim, aos playoffs, se a saúde de seus atletas mais jovens assim permitir. Com Gordon Hayward, Rodney Hood e, eventualmente, Alec Burks e Dante Exum, o técnico Quin Snyder conta com atletas  versáteis e bastante ofensivos, mas jovens. Em momentos decisivos de sua fracassada campanha, faltou uma liderança em quadra. Hill não é necessariamente este cara. Mas vai ajudar a dar estabilidade ao time, sem dúvida, sem precisar fazer mais do que sabe. Se Pau George era a referência em Indiana, agora ele faz o papel de escudeiro para Hayward. Por outro lado, a defesa, que já conta com uma parede imensa formada por Rudy Gobert e Derrick Favors, fica ainda mais forte no perímetro.

Thaddeus Young também vai correr em Indiana
Dando sequência ao seu movimento de aceleração de partículas (waka-waka-waka), Bird também acertou uma transação com o Brooklyn Nets, por Young. O ala-pivô é uma peça interessante para a linha de frente do Pacers, ao lado de Paul George e Myles Turner. A equipe ganha em transição ofensiva desde já e, em meia quadra, terá uma dinâmica promissora: Turner pode agir tranquilamente na cabeça do garrafão, com seu belíssimo arremesso, liberado o garrafão para os cortes com ou sem a bola de George e Young. Em Brooklyn, o novo gerente geral Sean Marks dá início ao seu processo de minirreforma. Com um elenco todo arrebentado, não havia muito o que fazer, mesmo. Young era das poucas peças que poderia atrair a concorrência, e ele ganhou a 20ª escolha o Draft nessa, aproveitada com o ala Caris LeVert, de Michigan. LeVert é um talento especial, com mil e uma utilidades, mas está vindo de uma fratura no pé. A ver no que dá. Fato é que Rondae Hollis-Jefferson, um defensor implacável, com vigor físico absurdo, e o ala-pivô Chris McCullough também terão mais chances para jogar ao lado de Brook Lopez. Isso se Lopez ficar por lá, mesmo.

Mais: A Troca Que Não Foi
É… o Chicago Bulls ficou muito perto de apertar o botão de implosão, mesmo. Não só deixaram Rose no passado como quase mandaram Jimmy Butler ao (re)encontro de Tom Thibodeau em Minnesota. Com nova gestão, o Wolves ofereceu um pacote de Kris Dunn, o armador selecionado em quinto neste Draft, e Zach LaVine pelo ala, que é um dos jogadores mais completos da liga. Depois de maturarem, Paxson e Forman recusaram, com razão, ao meu ver, por mais talentoso que Dunn receba dos scouts. A não ser que Butler tenha se tornado realmente uma figura asquerosa nos bastidores, não há motivo para se apressar em uma negociação dessas.

Sem Rose e Noah pelas redondezas, talvez o ala assuma de vez o comando do time, mas de uma maneira positiva. Resta saber como ele vai reagir a uma negociação que vazou por todos os lados e não dá mais para ser negada. Veja o esforço de Forman para tratar do assunto: “Nós nunca fez nenhuma ligação sobre Jimmy Butler. Nós já conversamos sobre isso, valorizamos Jimmy Butler, estamos muito felizes de ter Jimmy Butler. Nós temos um jogador fenomenal, que é um All-Star e um defensor All-NBA, ainda jovem. Obviamente nós o temos sob contrato de longo prazo, e esses são todos positivos. Ele, novamente, é o que queremos para o time. Dissemos isso o tempo todo. Nós gostamos Jimmy Butler, não o colocamos à venda. Se vamos atender o telefone? Claro que sim. Esse é o nosso trabalho, ouvir as chamadas. Recebemos ligações sobre muitos dos nossos jogadores, e isso é coisa que acontece durante todo o campeonato”.

Thibs, agora, precisa ser criativo para fazer uso de dois armadores como Rubio e Dunn, que defendem muito, mas não têm arremesso. A função dos dois é deixar o jogo mais fácil para o fantástico Karl-Anthony Towns e para Andrew Wiggins. Com a quadra mais apertada, não é o caso. (E não que Butler seja um grande chutado também. Se o negócio estivesse fechado, o Wolves precisaria correr atrás de novas peças complementares.)

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