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Arquivo : Ginóbili

Duncan se despede da NBA. Sem nem fazer discurso
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Giancarlo Giampietro

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Tim Duncan anuncia sua aposentadoria!

Ou melhor: o San Antonio Spurs anuncia a aposentadoria de Tim Duncan. Porque nem no momento de se despedir o pivô quis chamar a atenção, mesmo. Sabe quantas declarações do pivô constam no release oficial do clube texano? Nenhuma. Risos.

É, a derrota para OKC foi o fim da linha, de modo que o pivô para de jogar após 19 temporadas, no mesmo ano de Kobe Bryant. Que coisa: Kevin Garnett deve estar realmente se sentindo muito velho neste momento, caminhando para um reencontro com Tom Thibodeau e para dar mais umas aulinhas a Karl-Anthony Towns em Minnesota.

Considerando o sofrimento que foi a série contra o Thunder para o veterano, a decisão não é de surpreender. Aos 40 anos, pela primeira vez em muito tempo, nem com inteligência ou técnica ele conseguiu se impor num embate desses, tendo dificuldade com tanta vitalidade que Steven Adams levava para a quadra. O que surpreende, de algum modo, é que ele tenha saído, enquanto Gregg Popovich e Manu Ginóbili ficam na liga, pelo menos por mais um ano. Sempre imaginava o trio pararia junto.

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De ex-projeto de nadador das Ilhas Virgens, Duncan (ou TIMMY!!!) se tornou um dos dez – quiçá, cinco – melhores jogadores da história. Foram cinco títulos e dois prêmios de MVP na temporada e três, nas finais, mais 15 eleições para o All-Star, 10 para o quinteto ideal, 8 para o quinteto defensivo etc. Haja troféu, e nem mesmo o dobro dessas láureas seriam o suficiente para fazer justiça ao que ele fez em quadra.

Também não vai ser qualquer post mais corrido que possa resumir o significado desta figura para a NBA e para o esporte. Se Duncan não foi o cara dos highlights, como Kobe ou mesmo Shaq e Garnett, em termos de produção em quadra, o mais absurdo que ele produziu foi sua consistência. Dê uma olhada nas tabelas abaixo, por cortesia do Basketball Reference:

Números por jogo:

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Números por minuto

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Números avançados

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O cara funcionou como um relógio por 19 anos de carreira. Mas não por ter um jogo mecânico. Pelo contrário. Para sustentar isso, haja talento (fundamentos) e cérebro (saber como aplicá-los). Para ser um excelente defensor, não basta agilidade e tamanho. Do contrário, TIMMY! não estaria entre os marcadores mais influentes deste último campeonato, já como quarentão.

Enfim, a gente pode ficar advogando a favor de Duncan sem parar. Mas não que ele se importe com essas coisas. De novo: muuuuito pelo contrário. Se o pentacampeão se importou com alguma opinião durante sua carreira, foi a com a de seus companheiros de time. De Avery Johnson a Cory Joseph. De Sean Elliott a Kyle Anderson. De David Robinson a LaMarcus Aldridge. Esse é outro aspecto que me vem à cabeça. Deu bastante certo, aliás. Com Duncan, o Spurs se tornou uma superpotência e referência. Obviamente que Gregg Popovich também está por trás desse sucesso, assim como o modelo de gestão desenvolvido por RC Buford. Sem uma figura transcendental dessas, porém, não tem essa de cinco títulos num dos menores mercados da liga.

Fora das quadras, o que se sabe sobre o cara? Que ele curte muito mexer com carros e adora os quadrinhos do Punisher (o Justiceiro). E por acaso interessa? Não deveria. Em tempos de superexposição, porém, sabemos muito bem o quanto a imagem fora influencia a percepção sobre os atletas, e daí vem a impressão de que sua personalidade estoica foi de certa forma um entrave para que recebesse todo o respeito e a atenção que merecia.Nesse aspecto, lembra um pouco o que aconteceu com Kareem Abdul-Jabbar no passado, claro que sem ser tão ranzinza assim. (Curiosamente, só ele e Jabbar somaram 26.000 pontos, 15.000 rebotes e 3.000 tocos).

Nessa linha, apelo, então, a um texto do ano passado, sobre a primeira e única vez em que estive de frente para este mito. Em meio à loucura do All-Star Weekend em Nova York, ele obviamente destoava. Também recupero aqui o relato sobre os últimos jogos dessa carreira brilhante, com o pivô saindo de cena discretamente, sem fanfarra nenhuma. Ele merecia mais, mas simplesmente não era a sua cara. Não tem essa de tributo, de discurso. Já foi.

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