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O show de Haddadi: cult na NBA, pivô iraniano é uma estrela dominante no mundo Fiba
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Giancarlo Giampietro

Hamed Haddadi, versão supervô

Haddadi domina, Haddadi destrói: um superpivô no campeonato asiático

Ok, ok. Admito. Tem uma queda pelo termo cult  que pode deixar o Vinte Um algo repetitivo. É uma palavra importada que já apareceu certamente em posts passados e, pode cravar, vai voltar a ser publicada. Mas não tem jeito também, né? O basquete está cheio desses caras O que a gente poderia até fazer era buscar sinônimos, tipo “figuraça”, mas, para falar de Hamed Haddadi, o gigante iraniano, ficamos com a primeira opção, mesmo.

É apropriado, afinal. Dessa forma que o pivô era tratado nos seus tempos de Memphis. E pudera! O primeiro iraniano da NBA, perdido lá no meio do Tennessee, assimilando a cultura americana ao lado de cavalheiros como Zach Randolph, Tony Allen e tal. Imagine a confusão na cabeça do cara: da criação envolta pelo Islã a uma cidade batalhadora, tomada por caipiras trabalhadores no interior dos Estados Unidos, mas acompanhado da influência hip-hop do vestário da maioria dos clubes da liga. Você aprende primeiro a dizer “yo!”, depois bom dia. Dá uma salada daquelas.

Daí que não tardou muito para Haddadi ser adotado pelos jogadores e torcedores como um xodó do Grizzlies, aclamado sempre que saía do banco – em caso de extrema urgência ou de uma sacolada de seu time, diga-se, para render Marc Gasol. Mas tudo bem: não é todo dia que você se depara por aí com alguém de 2,18 m de altura, vindo do Irã e com uma predileção para palavrões, pose marrenta e que vai com tudo para cima dos rebotes, que é o que ele faz de melhor, qualidade demonstrada nos Mundiais e Jogos Olímpicos da vida.

Antes de apresentar seu cartão de visitas nesses torneios de primeira, quem haveria de conhecer Haddadi? Ele não jogou na Europa, não foi draftado por nenhum clube americano, nem chegou perto disso, na verdade. Num basquete extremamente globalizado, em que JaVale McGee se torna um ícone nas Filipinas, a relação dos países islâmicos com os principais centros do mundo ainda está pobrinha. Claro que há americanos por lá, treinadores estrangeiros com as seleções ou clubes, mas na contramão não tem muita coisa. Temos o tunisiano Salah Mejri, que já fez testes pelo New York Knicks e que acabou de ser contratado pelo Real Madrid, Haddadi e pouco mais (alguém aí sugere outro exemplo, façavor?).

Então, Haddadi neles.

E aonde queremos chegar?

Tudo isso começou com uma breve checagem no site da Fiba, e a mensagem de que o pivô estava fazendo estragos na Copa Ásia (“Copa da Ásia”, “Torneio Asiático de Seleções”, “AsiaBasket”, escolha a nomenclatura que lhe mais fizer a cabeça, por favor) deste ano. Enquanto o Brasil ainda se prepara para sua Copa América, lá do outro lado do hemisfério as forças do basquete já estão se escalpelando há tempos.

No momento, estamos nas quartas de final, e o Irã de Haddadi segue firme e forte rumo a mais uma classificação. Lá, Haddadi é quem manda, galera.

O pivô vem com médias de 17,4 pontos, 8,6 rebotes, 65,3% nos arremessos e 1,8 bloqueio, tendo jogado apenas 101 minutos em cinco partidas. Tá tudo dominado! Considerando ara dar mais emoção até, o cara ainda resolveu atirar uma bola de três pontos – algo que levaria Lionel Hollins à loucura em Memphis – e, a-ham, a converteu.

Sob a liderança do seu grandalhão, o Irã vai descendo marretadas na cabeça dos nanicos que tem enfrentado. Malásia, Coreia do Sul, Índia, Bahrein, é até sacanagem. De qualquer foram, não despreze o Haddadi, tá? No Mundial de 2010, na Turquia, por exemplo, ele teve médias de 20 pontos e 8,6 rebotes, aí contra gente de alto nível.

Mas o que acontece para ele ser um estouro no mundo Fiba e, na NBA, ser conhecido mais feito mascote do que jogador? É que na liga norte-americana suas, digamos, deficiências atléticas ficam muito expostas. Marcar um pivô como Nenê já seria muito difícil para o sujeito. Pensem, então, na hora em que, enfrentando o Wizards, ele precisasse conter um John Wall avançando no mano-a-mano, verticalmente, depois de um corta-luz? Na verdade, impensável.

Não valeria a pena então pensar numa carreira fora dos Estados Unidos? Lembrando: Haddadi no momento está sem contrato na NBA, depois de ter sido trocado na temporada passada de Memphis para Toronto e, depois, para Phoenix, e, dali, para a rua – embora ninguém possa se comover tanto com o iraniano, que desde 2008 já embolsou US$ 7,4 milhões em salários na liga americana.

Em uma liga europeia, aos 27, Haddadi teria tudo para ser uma estrela. Nos Estados Unidos, vai de cult mesmo.


Levantamento comprova Scola como jogador da NBA mais assíduo em torneios Fiba
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Giancarlo Giampietro

 

Scola, Scola, Scola, Scola...

Na Argentina?

Manu Ginóbili não vai, Andrés Nocioni tampouco. Carlos Delfino também vai ficar na poltrona, em casa, assim como Pablo Prigioni. De modo que Julio Llmas vai poder se solidarizar com o compatriota Rubén Magnano quando eles toparem em Las Vegas. Mas só um pouco, tá? Porque o técnico do Brasil está em situação mas delicada no que se refere a contar com os jogadores de NBA à disposição. Ao menos ele vai ter alguém ao seu lado para lhe contar uma fofoca ou outra sobre a liga norte-americana.

Luis Scola, claro.

Fácil lembrar como, durante as Olimpíadas de 2012, milhões e milhões e milhões de brasileiros queriam anunciar a aposentadoria do cabeludo da seleção argentina. Como aquele jogo pelas quartas de final de Londres, que resultaria em mais uma derrota, poderia ser sua despedida das competições internacionais. E não teve nada disso: o número quatro mesmo havia dito na véspera que não entendia de onde vinham tantas perguntas sobre sua suposta saideira. Que seguiria em frente.

E aqui está Scola novamente, cumprindo sua promessa, aos 33 anos.

Ajuda o fato de ele não ter jogado muito na última temporada, quando estava completamente deslocado pelo Phoenix Suns. Jogou apenas 2.184 minutos no total, com média de 26,6, bem inferior à dos quatro anos anteriores, sempre acima de 30 minutos.

Agora, quem estamos querendo enganar? Ele podia ter jogado 47,5 minutos por partida e provavelmente teria se apresentado da mesma forma. É o que indica um levantamento especial feito pelo (santo) site HoopsHype sobre a participação dos jogadores da NBA em torneios por suas seleções desde 2000, com os Jogos de Sydney.

De lá para cá, Scola, novo jogador do Indiana Pacers, só tirou férias, acreditem, em 2005, ano de Copa América em Porto Rico, vencida pelo Brasil – coincidência, hein?

A durabilidade do argentino, aliás, é impressionante. Em seis temporadas na NBA, ele só perdeu oito partidas (de 476 possíveis), todas em 2010-2011, devido a dores no joelho esquerdo. Esse, sim, é um duro na queda. Uma razão para isso é evidente quando o vemos em quadra. É um jogador que não vai pular muito, nem correr feito maluco na quadra. Com os pés no chão, forte fisicamente, não castiga tanto suas articulações.

Longa vida a Scola.

*  * *

Confiram no quadro abaixo os 30 mais do ranking pesquisado pelo HoopsHype – para ver a lista inteira, cliquem aqui, que vale:

Vamos lá, de legenda: os amarelos são olímpicos, moleza; em cinza, os campeonatos mundiais; em marrom, os torneios regionais, com a Copa América, o Eurobasket etc.; de verde, os campeonatos de base, que realmente precisam entrar na conta, já que boa parte dos estrangeiros que entram para a NBA surgem nesses torneios, mesmo, emendando o início de suas carreiras com torneios profissionais, mesmo na Europa.

Logo atrás de Scola estão os irmãos Gasol (Marc vai jogar pela Espanha novamente este ano) e José Calderón. Em quinto estão dois Spurs: o gordote Boris Diaw, da França, e, vejam só, Tiago Splitter, que, até por conta disso, resolveu tirar folga desta vez. Em sétimo, aparece Tony Parker ao lado de uma renca, com destaque para José Juan Barea, que deve também deve defender Porto Rico em Caracas.

Onde estão os demais brasileiros? Leandrinho aparece empatado na 13ª posição desse ranking de assiduidade, empatado com Delfino, Nowitzki, Batum e Goran Dragic – o que dá ao ligeirinho uma boa comparação em termos de patriotismo. Anderson Varejão está em 21º, ao lado de Zaza Pachulia. Nenê? Apenas o 54º, com quatro convocações atendidas desde 2000.

Aliás, esse é um ponto que vale destaque no ranking elaborado pelo site: os jogadores mais jovens tiveram menos chance de marcar presença nas seleções, não? Carreira mais curta, afinal. Há também casos de atletas que entraram na NBA há pouco, tendo menos desgaste (Victor Claver, Luigi Datome, Ricky Rubio, por exemplo).

*  *  *

Lamas vai precisar fazer apenas dois cortes entre os seguintes 14 jogadores para definir sua Argentina: Facundo Campazzo, Nicolás Laprovittola, Juan Fernández, Selem Safar, Diego García, Adrián Boccia, Marcos Mata, Pablo Espinoza, Federico Aguerre, Luis Scola, Leo Mainoldi, Matías Bortolín, Juan Gutiérrez e Marcos Delía.

*  *  *

O Canadá também enfim divulgou sua pré-lista, com 18 nomes, sendo que seis precisam ser cortados. De NBA, os três já citados aqui mais o veterano Joel Anthony, pivô reserva do Miami Heat. O armador Jermaine Anderson, velho de guerra, e Myck Kabongo, os alas Carl English, que teve uma grande temporada pelo Estudiantes na Espanha, e Kris Joseph, ex-Celtics, e o pivô Levon Kendall, companheiro de Rafael Luz no Obradoiro, também da ACB, são outros destaques.

 


Recusa de novato israelense evidencia lobby de times da NBA contra seleções
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Giancarlo Giampietro

Gal Mekel, orgulho israelense

Mekel foi barrado, de alguma forma, pela diretoria do Dallas Mavericks

São poucos os aficionados de NBA que já ouviram de Gal Mekel. Então permitam que o blog faça as honras: é o armador israelense, de 25 anos, recém-contratado pelo Dallas Mavericks, muito criativo com a bola, que vem de uma grande temporada pelo Maccabi Haifa, pelo qual foi campeão nacional e venceu também os prêmios de MVP tanto da temporada regular como das finais.

Mekel jogou demais pelo Mavs de verão em Las Vegas, mostrando de cara ser um armador puro, de verdade, que trata a bola com uma categoria impressionante, sendo muito instintivo em seus movimentos.  Está sempre de cabeça erguida, sem ser muito veloz no drible, mas avançando com seu próprio ritmo,  meio hipnotizante, lembrando muito Steve Nash (em estilo, o que não quer dizer que seja o “Novo Steve Nash”, ok?).

Pois bem. Foi um achado do Mavs. Ele chega para o banco de José Calderón, sem muita pressão, mas dá para imaginar que já vá ter um impacto em sua primeira campanha, ainda mais largando na frente de outro calouro, Shane Larkin, lesionado.

E, seguindo a lógica desta temporada de seleções, o que é ganho do Mavs significa, parece, obrigatoriamente perda de uma seleção. Israel, que tanto batalha para ter um time competitivo em nível continental, vai ter de encarar o Eurobasket sem seu principal condutor, para ira do técnico Arik Shivek.

Gal Mekel, no Mavs de verão

Mekel, visão de jogo. A serviço do Mavs e só do Mavs

Em entrevistas para a mídia israelense, Shivek saiu, num rompante, a detonar o clube texano, que recomendou a Mekel que ele se apresentasse para treinos em agosto, bem antes da abertura do traning camp oficial. Veja bem: não é que o jogador estivesse proibido de defender seu país na competição de 4 a 22 de setembro. Mas, como diz um o comandante Jair: “Se puder evitar…”. ; )

“O Mavs disse a Mekel que seria benéfico para ele participar dessas atividades”, disse o técnico israelense, que concentrou seus ataques em Donnie Nelson, o braço direito de Mark Cuban na direção da franquia. Se o Dallas foi uma das principais forças por trás da internacionalização da liga norte-americana, Nelson teve uma grande influência nesse processo. Natural: o filho do malucão Don Nelson foi assistente técnico da seleção lituana por anos e anos, sendo um dos ianques com a cabeça mais aberta para o mundo Fiba. Daí que Israel talvez esperasse um pouco mais de compreensão…

“Falei com Donnie Nelson pelo telefone. Isso me pegou de surpresa. Colocaram Gal em uma situação injusta”, disse Shivek, que questionou o dirigente sobre o que seria melhor para a evolução do armador: duelar com Tony Parker ou perder tempo jogando golfe?

Hehehe.

Aí deu uma exagerada, mas vale sempre o humor corrosivo.

Israel está no Grupo A do Eurobasket, que conta com a França de Parker, mais Grã-Bretanha, Alemanha, Ucrânia e Bélgica. Não são necessariamente os adversários mais fortes, mas a competitividade em si do campeonato europeu talvez já valesse para o atleta.

De todo modo, pensando o outro lado, dá para entender as motivações do Mavs facilmente. Tudo vai ser novidade para o jogador. Cidade, rotina, tática, nível de competição (ele não estaria sozinho em quadra, os mais jovens e alguns veteranos mais abnegados se apresentam e estão sempre rondando o ginásio), e tudo mais. Quanto mais cedo um jogador chegar, mais tempo para se adaptar a isso tudo. Desde que trabalhe sério e desencane dos campos de golfe, claro. O armador apenas diz: “Ficar afastado do Eurobasket não foi fácil. Mas tomei a decisão certa depois de consultar meu treinador da seleção e os diretores do Mavs”.

É o mesmo processo pelo qual Lucas Bebê vai passar com o Atlanta Hawks. Saca?

Mesmo que ele não vá assinar com a franquia para agora, o gerente geral Ferry o quer por perto pelo maior tempo possível, para acelerar os trabalhos físicos e técnicos com o pivô. Lembrando que o mesmo Ferry já havia criado alguns empecilhos para Anderson Varejão, em seus tempos de chefão do Cleveland Cavaliers.

Esse tipo de impasse acontece há tempos, não vai se encerrar por aqui e, na verdade, só tende a piorar, já que o influxo de jogadores estrangeiros na NBA segue firme, ainda mais com a crise econômica abalando as principais ligas europeias. Apenas os figurões têm autonomia para barganhar.

Por isso é bom que Magnano se familiarize com essa ideia, mesmo. Do contrário, teremos mais e mais convocações nos próximos anos que não terão representatividade alguma.


Na contramão, Canadá deve contar com nova geração da NBA na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Kabongo, Thompson, Joseph

Kabongo, Thompson, Joseph: três promissores talentos canadenses chegando

Aviso: este é um posto sobre a seleção canadense de basquete. Mas, antes de chegar lá, começamos a falar um pouco sobre a rotina do jornalismo online.

Só não temos imagens de bastidores! : )

É assim. Por alguns anos, este que vos escreve cumpriu a função de redator da casa maior que abriga o surrado blog, o UOL Esporte. Dentre as tarefas deste espécimes mais do que especiais, os redatores, estão as chamadas “rondas”. Toca gastar o Google até não poder mais, navegando de site para site, brasileiros e estrangeiros, em busca de alguma bomba ou daquela notinha que pode estar escondida, mas que, dependendo do enfoque, viraria algo. Coisa do tipo: buscar  alguma molecagem de Robinho no portal do diário Marca, em seus tempos de Real Madrid etc. Podem apostar que, nas redações, o Mundo Deportivo e o Sport, de Barcelona, vão bombar agora com ‘focas’ ávidos por qualquer informação sobre Neymar.

Avançando alguns anos desde aqueles tempos emocionantes – ou, nem tanto –, temos aqui este Vinte Um, que, vocês sabem, é muito mais opinativo do que informativo.

Agora, por mais impertinente que seja o condutor do blog, para dar qualquer pitaco, o jornalista deve estar, antes de tudo… Bronzeado? Bêbado? Envaidecido? Não, seus tontos, deixem disso. Tem de estar “minimamente lido”.

Para a NBA, fica fácil. Basta digitar HoopsHype.com, e tá lá. Agora, na temporada de seleções nacionais, a coisa muda um pouco de figura. A caça é mais ampla, em territórios por vezes hostis. A ronda precisa ser mais cuidadosa e persistente. As fontes nem sempre são confiáveis, nem mesmo nos sites oficiais das federações – o jornalismo em espanhol, gente, é uma coisa séria. Então fique navegando sem parar, nem que seja madrugada de domingo para segunda-feira, chegando até a conta oficial da Federação Canadense no Twitter. Vale tudo.

Lá eles estão anunciando a venda de ingressos para dois amistosos em Toronto contra a Jamaica – estamos falando, então, de dois adversários da seleção brasileira pela primeira fase da Copa América.

Bem, se o objetivo é vender bilhetes, o promotor do evento precisa de alguma atração, né? Mas como o marketing da federação fará isso se o gerente geral Steve Nash (sempre estranho escrever uma coisa dessas) e o técnico Jay Triano ainda nem anunciaram a convocação canadense? Bom, aí se quebra o protocolo um pouco para antecipar pelo menos alguns nomes. Estes aqui já foram anunciados: @Cory_Joe, @nicholaf44 e @RealTristan1.

Traduzindo: Cory Joseph, armador do San Antonio Spurs, Andrew Nicholson, pivô do Orlando Magic, e Tristan Thompson, ala-pivô do Cleveland Cavaliers. A não ser que a entidade seja processada por falsa propaganda, a equipe norte-americana, então,  vai na contramão de Brasil e Argentina e, entre os seríssimos candidatos a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, já começa a enfileirar suas tropas de NBA.

E gente de NBA canadense nestes tempos é o que não falta.

Além dos três já listados, os caras têm Joel Anthony em Miami, Matt Bonner (naturalizado) em San Antonio, Kelly Olynyk em Boston, Robert Sacre em Los Angeles e o encrenqueiro Samuel Dalembert em Dallas. O ala Anthony Bennett, mais um do Cleveland, a gente nem cita aqui, por estar se recuperando de uma cirurgia no ombro. Kris Joseph, ala, acabou de ser dispensado pelo Celtics. O armador Myck Kabongo tenta descolar uma vaga em Miami.

Cory Joseph, oh, Canada

Oh, Canada: Cory Joseph está animado

Além disso, há uma turma também se refinando em grandes universidades norte-americanas, com os alas Nik Stauksas, gatilhaço de Michigan, e Dwight Powell, de Stanford, o ala-pivô Kyle Wiltjer, recém-transferido de Kentucky para Gonzaga, os armadores Tyler Ennis, de Syracuse, e Kevin Pangos, também de Gonzaga, e a sensação Andrew Wiggins, de Kansas e favorito disparado a escolha número um do Draft de 2015.

Some-se a esses jovens talentos os veteranos como o ala-pivô Levon Kendall, o ala Aaron Doornekamp e o armador Jermaine Anderson, gente que já disputou os melhores campeonatos na Europa, entre outros, e temos um grupo volumoso, com fartura para se montar uma equipe de 12 jogadores. Para o Canadá, a hora é agora.

“O basquete canadense vem se mostrando irregular há muito tempo. Agora estamos trabalhando sério para levar nosso país de volta ao mapa, e estou certo de que vamos conseguir isso muito em breve”, afirmou Joseph, em recente entrevista ao site da Fiba. “O próximo passo é ter um grande desempenho na Copa América.”

Diante de uma concorrência enfraquecida, não há motivos para eles não conseguirem isso desde já. Não é preciso mais ronda nenhuma para sacar isso.


Há 15 anos, a Espanha descobria Gasol, Navarro e sua geração de ouro no basquete
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Giancarlo Giampietro

Enquanto as últimas peças ainda caem no dominó do mercado da NBA, temos um tempinho para aqui para dar uma pausa nessa maratona.

A foto aí cima já varia um post por conta própria. Só ela, sem preciar dizer mais nada.

Vocês reconhecem alguns dos indivíduos? No centro da foto, quem é aquele garotão ali debaixo do sovaco direito do sujeito (Aparecido! Metido! Só dá ele de agasalho!)? E esse exibidão aí está agarrando seu braço esquerdo no cangote de quem? Do lado desse cangote, olha o pirulão!

Vamos identificando, então, da esquerda para a direita: Drame, López Valera, Berni, Bueno, Herráis, Calderón, Raúl, Germán, Felipe, Pau, Cabezas e Navarro. Esse é o modo como são conhecidos por quem tem afinidade.

Já sacou, né?

Estamos hablando da jovem seleção espanhola sub-20 campeã europeia em 1998, lá numa terra chamada Varna, que fica na Bulgária. Há 15 anos, esse apanhado de molecotes conquistaria um título que abriria uma era dourada para o basquete deles.

O cotovelo esquerdo de Felipe Reyes cobre aquele que viria a ser La Bomba, sem nenhum pelo nenhum na cara. Assim como está limpa a face do pirula Gasol, numa época em que o irmão Marc deveria beirar apenas o 1,95 m de altura, gordotinho que só no quintal da família – tinha 13 anos. Será que já enterrava? O de agasalho é o Raúl López, na época O Futuro Armador da Espanha – esse, sim, escolhido para suceder John Stockton em Utah, mas que teve uma carreira muito acidentada por lesões. Ao seu lado direito, o José Calderón, aquele que viria a liderar seus companheiros no futuro, de fato. Enquanto o Cabezas, penúltimo, seria seu escudeiro. Muita história.

Desse grupo, alguns poucos ficaram pelo caminho.

Souley Drame, ou Souleymane Drame Kamara, foi um deles. Para se ter uma ideia, no site da ACB seu nome estava identificado como “Dramec”, com o “c” sobrando. Foi difícil  encontrá-lo na rede (quer dizer, “difícil”, levou uns cinco hits no Google – aposto que o vizinho da frente do QG 21, de sete anos, faria mais rápido). Ele nasceu na Nigéria e foi desenvolvido nas tradicionais categorias de base do Badalona, de Rubio e Rudy Fernández. Subiu ao profissional pelo clube, mas nunca vingou e vagou pelas divisões abaixo da elite. Aposentou-se em 2011 pelo time B do Barcelona. 🙁

Félix Herráiz nem página na Wikipedia tem. Um texto de 2009 no site da FEB, a CBB deles, que nos ajuda a falar sobre seu paradeiro. A manchete: “O júnior de ouro no esquecimento”. Já viu, né? Nascido nos arredores de Valência, era o camisa 12 e viu sua carreira ser sabotada por uma grave lesão no joelho. Abandonou as quadras em 2002 e virou técnico.

José López Valera se formou na base do Real Madrid, mas também não foi muito longe no profissional, tendo nessa conquista juvenil o maior feito de seu currículo (un junior de oro toda a vida). O pivô Antonio Bueno teve uma carreira sólida na ACB até 2010 (quando sofreu um feio acidente de carro), assim como Berni Rodríguez, que jogou por um tempão na seleção principal. O pivô Germán Gabriel, companheiro de Lucas Bebê no Estudiantes, talvez viva hoje sua melhor fase. O restante dispensa comentários.

Para o basquete espanhol, essa imagem deve ser a mais rica de toda a sua história, aquela mais cheia de significados.

Das dez medalhas que o país conquistou em Eurobaskets, metade foi conquistada de 2001 para cá. As outras cinco saíram entre 1935 e 1999. Mundial? Apenas o ouro de 2006. Olimpíadas? Ok, uma prata em 1984, mas duas em 2008 e 2012.  Dá para ter uma ideia do que foi a Roja antes e depois dessa geração, né?

Quer ver mais fotos deles adolescentes? Aqui no site da Liga ACB.

*  *  *

Pau Gasol, creiam, terminou aquele europeu sub-20 com médias de 6,4 pontos e 3,7 rebotes (veja todas as estatísticas), jogando pouco mais de 12 minutos por partida – jogu menos que Drame, ala atlético, que tinha mais de 20 minutos por embate. Dois anos mais tarde, Pau seria a escolha número três do Draft da NBA, logo atrás de Kwame Brown e Tyson Chandler.

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Juan Carlos Navarro foi o cestinha do time espanhol na campanha, com 14,6 pontos por jogo. Durante a campanha, ele atirou em média 4,0 bolas de três pontos por duelo, acertando 43,8% delas. La Biribinha!

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Raúl López acumulou 203 minutos em oito jogos, com 26 assistências. Calderón? Apenas 79 minutos em sete, com apenas dois passes para a cesta.

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No Brasil? Luiz Gomes resgatou no Draft Brasil ainda este ano um artigo antigo de Guilherme Tadeu para falar sobre o fiasco que é o nosso basquete na hora de aproveitar seus talentos da base, mesmo aqueles que conseguem algum sucesso pelas seleçãozinhas. Se tiver estômago, clique nos links acima. Enquanto Guilherme falava de uma turma de 1999, Luiz nem precisou ir muito longe, resgatando a trupe semifinalista do Mundial de 2007 para detectar o quão enferrujada e é a nossa máquina de desperdiçar talentos.


Gigantão Hibbert desequilibra e ajuda o Indiana Pacers a fazer frente ao Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Hibbert, uma encrenca

Nem assim: está difícil para o Miami Heat segurar o dinossauro Roy Hibbert

Quando  se assiste ao homem em quadra na estas finais da Conferência Leste, Roy Hibbert passa a impressão de ser tão grande, mas tão grande que o Miami Heat nem consegue incomodá-lo com faltas. Pelo menos é o que acontece quando o Indiana Pacers encontra um bom equilíbrio  em seu ataque e abastece seu pivô nas imediações do garrafão, como nesta terça-feira. Liderada pelo sujeito de 2,18 m de altura, a resiliente equipe de Frank Vogel venceu por 99 a 92 e empatou a série melhor-de-sete em 2 a 2.

Não era para ser assim. Eles supostamente eram dinossauros em extinção, vítimas de uma revolução aqui já propagada em diversas ocasiões. Na liga NBA, não era, mesmo, para ter mais espaço para esse tipo de espécime, os pivôs lentos, que obtêm relevância com o arcaico jogo de costas para a cesta, daqueles que se arrastam em quadra. Mas Hibbert está aí para provar que tudo se adapta. Que nesta vida – e no basquete – tudo tem jeito.

Roy Hibbert x Chris Andersen

O meio-gancho de esquerda: fundamentos trabalhados em Georgetown em desenvolvidos pelo Pacers. Tyler Hansbrough observa atentamente

O gigante marcou 23 pontos e coletou 13 rebotes, seis deles ofensivos, alguns desses extremamente importantes no quarto final, dominando qual fosse o adversário que ousasse se colocar em seu caminho na direção da cesta. Chris Bosh, Chris Andersen, Joel Anthony e por vezes até um corajoso Shane Battier tentaram, mas não puderam lidar com o cara, que converteu 10 de seus 16 arremessos, em 40 minutos de ação.

O aproveitamento de quadra é espetacular, mas vale ainda mais destaque o tempo de jogo: carregando seus 127 kg de um garrafão para o outro, num jogo intenso como esse, Hibbert descansou por apenas oito minutos e ainda foi bastante efetivo, atuante, decisivo nos momentos derradeiros do quarto período. Com o jogo empatado em 89 a 89, com menos de 2min50s por jogar, ele teve fôlego, pernas e cabeça para apanhar dois rebotes cruciais no ataque. O primeiro veio com 2min43s para o fim, seguido logo por uma bandeja. O segundo veio com 1min30s, antes de mais uma bandeja, mas dessa vez com um detalhe: a quinta falta de LeBron, que viria a ser excluído pouco tempo depois. Até mesmo um atleta com a força física e elasticidade de LeBron tem dificuldade em fazer frente ao brutamontes.

Mas não é só força ou tamanho, claro. Para o pivô causar impacto, é preciso fundamento e paciência – tanto próprios como dos companheiros, que precisam saber o momento certo de servi-lo e, não só isso, saber o ângulo certo e a velocidade para fazer o passe de entrada, algo que parece simples assim no, hã…, papel, mas que fica bem mais difícil quando você tem alguém com os reflexos de Mario Chalmers, Dwyane Wade e James pela frente.

Dessa vez o Pacers encontrou seu grandalhão com mais frequência. De tão grande, Hibbert praticamente inviabiliza a marcação frontal, uma vez que pode esticar os braços por trás de seu marcador neste caso e, com o ombro colado nas costas dele, cria uma separação suficiente para receber a assistência. O que o Miami não fez e deve estudar para o quinto jogo é a dobra em cima do pivô quando ele coloca a bola no chão partindo para o gancho ou a bandeja, para tentar o roubo de bola, o desarme no drible ou passe. Ele teve apenas um desperdício de posse de bola neste confronto. Aqui ele se livrou sem problemas do Birdman:

Sobre a brincadeira de não conseguir nem parar nas faltas, não é bem assim, tá? Nos dois jogos anteriores, o gigante cobrou 25 lances livres, uma quantidade expressiva. E o pior: ele é daqueles que converte o tiro com os pés plantados. Seu aproveitamento na série até esta terça era de 22 cestas em 27 arremessos, acima de 81%.

Fato é que Spoelstra vem tendo um trabalhão danado para lidar com Hibbert, que já havia marcado 19, 29 e 20 pontos nas três partidas anteriores, e buscado 32 rebotes no geral (mas com oito turnovers). É por isso que, confiante na habilidade de seu pivô, Frank Vogel se gabou por meses e meses que seu Indiana Pacers não se ajusta ao adversário. Que eles têm uma identidade, um estilo de jogo e iriam com isso até o fim, forçando que os oponentes, sim, se virem com o que eles oferecem.

Por isso foi tão estranha sua decisão de colocar o pivô no banco para defender aquela que se transformou na última posse de bola do jogo 1, na prorrogação , ainda Miami. Assumindo o erro, sem ter ninguém para fechar a porta na cara de LeBron, afirmou que jamais voltaria a fazer isso. Pelo que Hibbert tem feito desde então, fica realmente difícil tirá-lo de quadra.

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Os horrendos uniformes do All-Star de 95 em Phoenix

Conexão Georgetown: Ewing, Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo e Mourning

Quem assistiu ao ótimo jogo de Hibbert em Indianápolis foi seu técnico universitário, John Thompson III. Os dois trabalharam juntos em Georgetown, uma usina de pivôs talentosos nos últimos 30 anos, tendo revelado Patrick Ewing, Alonzo Mourning e Dikembe Mutombo. Othella Harrington e Mike Sweetney a gente não conta, ok?

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Assim como Ewing, Hibbert tem nacionalidade jamaicana, com a diferença de que nasceu nos Estados Unidos, vizinho de Scott Machado no Queens. Ele defendeu a seleção caribenha nos bagunçados torneios da América Central e, depois, ficou se remoendo de arrependimento. Hoje um All-Star, com um salário em média de US$ 14 milhões, o grandalhão em 2008 não tinha tanta confiança de que fosse prosperar assim em 2008 quando abriu mão de jogar pelos Estados Unidos.

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Curiosamente, Hibbert já veio jogar no Brasil com a seleção norte-americana. Foi no Pan de 2007, no qual um time de universitários dirigido por Jay Wright, de Villanova, fracassou enfrentando uma série de mistões do continente. Ao seu lado estavam jogadores como o armador Eric Maynor (Blazers e futuro agente livre), o ala Wayne Ellington (Cavaliers) e o ala-pivô DJ White (Celtics) – Joey Dorsey, ex-Rockets e Olympiakos e James Gist, do Panathinaikos, foram outros destaques. Ele tinha apenas 20 anos, era o mais badalado da equipe, mas não se destacou na futura Arena HSBC, com médias de 10 pontos, 3,4 rebotes e 47,7% nos arremessos em 21min. Quem se lembra?


Com amistoso marcado, a NBA enfim ratifica descobrimento do mercado brasileiro
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Giancarlo Giampietro

Linha do tempo, vamos lá:

– 1984: Oscar Schmidt é draftado na sexta rodada pelo New Jersey Nets, mas nunca chega a fazer a transição para a liga norte-americana, numa época de raríssimos contatos entre a NBA e o mundo FIBA.

– 1988: vindo da universidade de Houston, a mesma de Hakeen Olajuswon, o pivô Rolando Ferreira é draftado pelo Portland Trail Blazers na 26ª escolha geral, a primeira da segunda rodada, já uma façanha e tanto. Ele encerra sua carreira na liga em apenas uma temporada, com 12 partidas disputadas.

– 1991: João Vianna, o Pipoka, disputa uma partida oficial pelo Dallas Mavericks e marca dois pontos contra o Spurs em San Antonio. Ele assinou contrato no dia 2 de outubro e acabou dispensado em 12 de novembro.

Nenê e o commish

Nenê podia ter sido do Knicks, mas foi para o Nuggets em marco brasileiro na NBA

– 2002: Nenê Hilário é selecionado na sétima colocação do Draft da NBA pelo Knicks, um feito histórico. É repassado de imediato ao Denver Nuggets, pelo qual jogou até o ano passado, quando foi trocado para o Washington Wizards. Em sua carreira, já tem garantidos mais de US$ 100 milhões apenas em contrato.

– Junho de 2003: É a vez de Leandrinho seguir a rota traçada pelo pivô são-carlense e deixar o basquete brasileiro para se preparar exclusivamente para o Draft. É selecionado pelo Spurs na 28ª escolha para ser repassado para o Phoenix Suns. Pelo clube do Arizona, foi eleito o melhor sexto homem de 2007, sendo um dos melhores arremessadores de três pontos do campeonato por dois anos seguidos.

– Setembro de 2003: Alex Garcia impressiona o técnico Gregg Popovich na disputa da Copa América no Porto Rico e assina como agente livre com o San Antonio Spurs. É dispensado em junho de 2014 e logo contratado pelo New Orleans Hornets. Acabou dispensado pelo novo clube em dezembro daquele ano.

– 2004: seguindo, uma rota diferente, o pivô Rafael Araújo, o Baby, é o oitavo no draft daquele ano, tendo se formado pela universidade de BYU – ao contrário do que teve no basquete universitário, porém, sua carreira na liga profissional dura apenas três anos, até que seu contrato com o Utah Jazz expirou em 2007. No mesmo recrutamento, Anderson Varejão sai em como o número 30, a primeira escolha da segunda rodada, pelo Orlando Magic, mas já é negociado pouco depois para o Cleveland Cavaliers. É ídolo da torcida.

– 2006: Marquinhos, com os mesmos agentes de Nenê e Leandrinho, também tenta a sorte nos EUA e é escolhido na posição 43 do draft pelo Hornets. Fica dois anos no clube, joga pouco (26 partidas no total) e é trocado nem fevereiro de 2008 para o Memphis Grizzlies, que não renovou seu contrato.

Alex, o da NBA

Alex, em novembro de 2004: um Hornet

– 2007: Tiago Splitter, jogando na Espanha, cai no colo do San Antonio Spurs no final da primeira rodada, novamente com a escolha 28, mas dessa vez o clube texano mantém o brasileiro. O pivô jogou mais alguns anos pelo Baskonia até se transferir. Virou titular na atual temporada e deve chegar bem cotado ao mercado.

– 2010: Paulão Prestes é escolhido pelo Minnesota Timberwolves, na segunda rodada (45ª), é aproveitado em jogos de liga de verão, mas não chega a firmar um contrato.

Esse é o campo esportivo.

No dos negócios, a liga desenvolveu seus laços com o país de modo bem tímido – ao menos do ponto de vista oficial, já que seu marketing já era disseminado por meio de suas partidas, site e produtos importados.

Numa teleconferência de imprensa láaaaaaa atrás em 2000, antes mesmo da chegada de Nenê a Denver, o comissário David Stern já ventilava a possibilidade de fazer um amistoso de pré-temporada no brasil. Lembro que, na mesma conversa, ele afirmava que dois jogadores brasileiros tinham chances de entrar na liga num futuro próximo: Guilherme Giovannoni e Jefferson Sobral. A história acabou sendo outra.

De todo modo, uma vez com Maybyner Hilário contratado, a NBA tinha, enfim, alguma âncora firme para evoluir com seus negócios. Mas foi bem aos poucos. O país recebeu algumas das edições do programa “Basketball Without Borders”, um camp coordenado por dirigentes e técnicos de suas franquias, reunindo alguns dos principais jovens jogadores do continente. O último foi em 2011, no Rio. Eventos esporádicos também foram realizados.

BWB no Rio

Atividade do BwB no Rio em 2011

Até que de um ano para cá as coisas esquentaram. Em 2012, começou a operar um escritório da liga no Brasil, localizado no Rio. “O país que receberá o Mundial de futebol e a Olimpíada chama a atenção do mercado internacional”, disse na época o vice-presidente da NBA para a América Latina, Phillippe Moggio, ao repórter Daniel Brito, então da Folha de S.Paulo (texto na íntegra para os assinantes). O próximo passo foi a criação de uma loja oficial online: “Vemos o Brasil como terceiro mercado para a NBA [atrás de EUA e China], é muito importante, pelo crescimento do país, seu bom momento, além da Olimpíada. É uma oportunidade muito grande”, disse Moggio.  Na ocasião, o dirigente garantiu que chegaria ainda o dia em que o país teria um jogo de pré-temporada, pelo menos. “É um compromisso que temos”, afirmou.

Durante a década passada, esse tipo de discurso havia sido repetido tantas vezes, em diversas ocasiões, que sempre foi recomendado um tico de desconfiança. Dessa vez não foi apenas falácia, enfim chegou o dia: 12 de outubro de 2013, com Washington Wizards enfrentando o Chicago Bulls na Arena HSBC, do Rio.

Ter uma arena de primeiro nível sempre foi visto como um grande impasse para a realização de um amistoso ou jogo da liga por aqui. O ginásio escolhido no Rio de Janeiro está de pé desde 2007, quando abrigou os Jogos Pan-Americanos. Na ocasião, apenas como espectador do evento, Leandrinho me disse o seguinte a respeito: “Com certeza (a arena) pode receber qualquer evento da NBA. Garanto que muita gente viria para o ginásio apoiar um time que tenha algum dos brasileiros”.

Em termos de infra-estrutura, a sede não mudou tanto assim para que pudesse ser esse o difrencial na decisão anunciada nesta terça-feira pela turma de Stern. A marcação do amistoso, enfim, ratifica o descobrimento do Brasil, como mercado, pela NBA.


A NBA não vive apenas de estrelas: conheça os anônimos que brilham ao seu modo na liga
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Giancarlo Giampietro

Sabe o Jeremy Lin, né?

Aquele da Linsanidade e tal.

Então: seu caso de jogador que era refugo da D-League e virou um astro na NBA foi o mais emblemático quando pensamos em atletas que nem sempre foram valorizados como deviam por dirigentes, técnicos e scouts, ou, no mínimo, atletas que acabam evoluindo consideravelmente contrariando qualquer previsão e acabam se dando bem na liga norte-americana.

São histórias sempre bacanas de se acompanhar, mostrando que nunca é tarde para realizar seus sonhos.

(Espaço para imaginar a trilha de cinema, daquele filme de drama enobrecedor, que faz a pessoa se sentir nas nuvens depois de um clímax meloso, mas arrebatador. Que toque a sifonia na sua cuca…)

Agora ok.

No ano passado, ainda na primeira encarnação, o Vinte Um elegeu seu “Esquadrão Jeremy Lin” em homenagem ao armador que conquistou Manhattan, reunindo jogadores que tiveram de lutar e viajar um bocado até chegar ao bem-bom da NBA.

Ainda estamos na metade do campeonato 20120-2013, com muita coisa para rolar – especialmente a fase deprimente e ao mesmo tempo extremamente intrigante em que os times vão se autossabotar para tentar uma escolha mais alta de Draft, abrindo as portas para as hordas vindas da D-League. Mas já deu para pinçar aqui e ali quatro bons candidatos para formar o”EJL 2012-2013″.

Sem perder mais tempo, vamos aos rapazes que concorrem a uma honraria tão prestigiada como essa:

Chris Copeland, New York Knicks.

Chris Copeland

Copeland em ação na liga de verão de Las Vegas: calouro aos 28 anos

Nascido em Nova Jersey, formado na universidade de Colorado em 2006, o ala de 28 anos realmente apareceu do nada. Quer dizer, a não ser que o informado leitor do Vinte Um estivesse por dentro de tudo que se passava na liga belga de basquete. Era lá que ele estava jogando nas últimas duas temporadas, defendendo o ilustre Generall Okapi Aalstar (muito prazer) e foi encontrado pel olheiro europeu dos Bockers. Foi convidado para jogar a liga de verão de Las Vegas, ganhou um lugar no training camp de Mike Woodson e, alguns meses depois, já faz parte do quinteto titular, jogando ao lado de Carmelo Anthony como um Steve Novak turbinado. Arremessa muito bem de qualquer canto da quadra e é um pouco mais atlético que o branquelo. Já marcou mais de 20 pontos em três partidas.

– Alan Anderson, Toronto Raptors.

Alan Anderson para o chute

Alan Anderson chuta com Kevin Durant na plateia

Aos 30 anos, o ala enfim conseguiu seu lugar para valer no Eldorado. Graduado em uma universidade bem mais tradicional, Michigan State, demorou para ter destaque pelos Spartans, dirigido por Tom Izzo. Teve médias de 13,2 pontos, 5,6 rebotes e 1,7 assistência em sua última campanha. Não foi o suficiente para convencer um time a selecioná-lo no Draft de 2005, mas ele acabou jogando pelo Bobcats em duas temporadas intermitentes, alternando com passagens pelo Tulsa 66ers da D-League. Dispensado, decidiu então migrar para a Europa, onde jogou na Itália, na Rússia e na Croácia até assinar com o Maccabi Tel Aviv, pelo qual fez uma ótima temporada em 2009-2010. Voltou para os EUA, então, mas, sem ofertas da NBA, jogou pela D-League novamente em 2010. Era muito pouco para seu talento, tendo se transferido logo para o Barcelona. Foi eleito o MVP da Copa do Rei. Hora de se firmar na NBA? Claro que não: teve de ir para a China até que, em março de 2012, assninou um contrato de 10 dias com o Raptors. Depois, fechou pelo restante da temporada, com médias de 9,6 pontos por partida em 17 partidas como titular. Mas é apenas nesta temporada, mesmo como reserva, que ele vem sendo produtivo, com 12,2 pontos em 24,7 minutos, com desempenho decisivo em algumas vitórias do Raptors. Mais importante: tem seu primeiro contrato garantido.

– PJ Tucker, Phoenix Suns.

PJ Tucker x Nicolas Batum

PJ Tucker pressiona Batum: destaque isolado pelo Suns

Ao contrário dos dois jogadores citados acima, Anthony Leon Tucker foi selecionado no Draft da NBA na 36ª posição, no ano em que decidiu deixar a universidade do Texas, em 2006. Acontece que sua carreira pelo clube canadense não foi das mais produtivas ou duradouras: fez apenas 17 partidas em sua temporada de calouro até ser dispensado. Ele admite hoje que não soube lidar com a falta de tempo de quadra, deixando se levar pela frustração. “Eu ficava reclamando, brigando. Tinha a cabeça muito jovem e não entendi que isso é um negócio, perdi a perspectiva. Você precisa entender seu papel numa equipe. Agora vejo garotos fazendo a mesma coisa: dizendo que foram ferrados pelo GM ou pelo técnico. Quando você consegue ser verdadeiro consigo mesmo, é aí que as coisas fazem sentido. Foi uma jornada dura, mas completa”, diz o ala que é um dos poucos pontos positivos na decepcionante campanha do Suns. Nessa jornada dura você pode incluir passagens por dois clubes de Israel, um da Ucrânia, um da Grécia, um da Itália, um de Porto Rico e outro da Alemanha. Por clubes menores, mas preenchendo o currículo: foi eleito o MVP da liga israelense em 2008, cestinha da liga ucraniana e MVP da última final da liga alemã, pelo Brose Baskets Bamberg. Seu passe estava valorizado na Europa, mas optou por tentar a NBA mais uma vez, garantindo seu lugar no Arizona com muita garra, assumindo o desafio de marcar um LeBron James uma noite e Kevin Durant na outra. “Nunca deixo alguém trabalhar mais duro do que eu”, afirma.

– DeQuan Jones, Orlando Magic.

DeQuan Jones, Orlando Magic

DeQuan Jones, um titular improvável para o Orlando Magic

Um jogador com muita impulsão e elasticidade, candidato natural a qualquer concurso de enterradas, Jones era, porém, apenas o sétimo cestinha da universidade de Miami – equipe que está bem distante do pelotão de elite da NCAA. Não era de estranhar então que, na noite do Draft de 2012, sua família não tivesse preparado nenhuma festa de arromba. “Ninguém esperava por nada. Era mais como um tiro no escuro”, diz o ala. Sete meses depois, e lá está ele no quinteto titular em Orlando, clube pelo qual ele nem foi testado nos treinos particulares que antecedem o recrutamento de novatos. Para constar: apenas Bucks, Lakers e Pistons o observaram de perto, e foi em Detroit que Scott Perry, futuro gerente geral assistente da franquia da Flórida o conheceu. Perry o convidou para jogar a liga de verão, e deu certo. Acabou conseguindo uma vaga no traning camp, sem garantia alguma no seu contrato, mas bateu o veterano Quentin Richardson (US$ 4,5 milhões em salário) e os alas Justin Harper e DeAndre Liggins, que eram escolhas de Draft do clube.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Blog recebe um reforço especial para o mês de dezembro
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Giancarlo Giampietro

Breaking news!

O Vinte Um vai receber um reforço de nível internacional para defender suas cores no mês de dezembro. Trata-se do companheiro Rafael Uehara, um paulistano que é o editor do “The Basketball Post” e vai dar as caras neste espaço pelas próximas semanas.

Por quê?

Macedônia em ação pela segunda divisão do campeonto europeu sub-16? Pode ser que o Rafael escreva sobre isso, sim

Bem, primeiro porque vale sempre ler o que o Rafael escreve, e, se você ainda não teve a oportunidade de conhecer o Post, corra lá, por favor.

O segundo motivo é de ordem pessoal: por motivos profissionais de caráter estritamente confidencial – não perguntem, por favor, para sua própria segurança 😉 –, este blogueiro aqui tem ficar um pouco distante.  O que não quer dizer que não vá aparecer de quando em quando para gastar o seu tempo com artigos fúteis e intrigas.

Algo bem diferente do que o Sr. Uehara vai nos oferecer com seus artigos, como você vai poder sacar ao final deste depoimento de apresentação enviado em envelope lacrado direto da sede do Post:

“Lembro-me da Band transmitindo os Lakers de Kobe e Shaq conquistando o tricampeonato da NBA no início do século. Também me lembro de quando, por um ano ou dois, a Rede TV! transmitia duplas jornadas aos sábados. Basquete sempre me fascinou desde uma idade pequena, mas não possuía TV a cabo, então tinha pouco acesso ao jogo.

Quando no colegial, tinha um amigo americano com o qual discutia sobre futebol americano (o histórico milagre de Eli Manning no Super Bowl 42), peguei interesse pelos esportes americanos, reencontrei a NBA e não larguei mais depois de assistir ao jogo pela medalha de ouro em Pequim-2008 de madrugada, quando a seleção espanhola quase derruba a seleção americana. Ai se aquele tiro de três do canto pelo Jiménez cai…

Algum tempo depois encontrei o twitter e toda essa comunidade que tem o mesmo interesse intenso pelo jogo que eu. Um tempo depois comecei a blogar e, há dois anos estou com um projeto chamado The Basketball Post. Assisto desde NBA até ã campeonatos europeus de juvenis. Sei que não é saudável, mas o que posso fazer? Virou vício.”

Está vendo? Basquete coloca as pessoas nessas situações dramáticas. Porém, se o Rafael já parece perdido na vida, por outro lado você pode ter certeza de que ele vai achar informações bem interessantes para dividir com a gente nas próximas semanas.

De modo que, quando um certo barbudo voltar para valer ao QG 21, vai correr um risco sério de me deparar com uma revolta popular e os cartazes e gritos pedindo: “Fica, Rafael! Fora, Gian!”.

Mas tudo bem: aproveitem!

Você pode encontrar o Rafael Uehara no Twitter aqui: @rafael_uehara.

Tags : mundo Fiba


Lituânia ataca e diz que Europa está unilateralmente contra mudanças da Fiba
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Giancarlo Giampietro

A Lituânia está muito longe de conseguir uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, não tem voz ativa na Organização Mundial do Comércio e nem está inserida nos planos estratégicos de nenhuma potência mundial. Mas, quando o assunto é basquete, todo mundo precisa ouvir.

Pouco depois do anúncio das drásticas mudanças no calendário mundial de seleções por parte da Fiba, a federação lituana se pronunciou a respeito. E de modo revoltado, indignado, estupefato, contrariad: escolha o que quiser. Revelaram que a Europa toda está contra as alterações, incluindo a Euroliga. E dizem que a NBA não foi consultada….

Linas Kleiza, Lituânia

Linas Kleiza, máquina mortífera lituana que pode ser desfalque em eventuais rodadas no prováfel calendário fictício da Fiba

“É óbvio que o sistema precia ser reformado, com novas ideias de condução de nossas competições, para que possamos atrair mais mercados, espectadores e televisão”, afirmou o secretário geral Mindaugas Balciunas. “Mas tudo precisa ser analizado extensamente, quando mudanças cardinais são feitas. A Fiba declara que a reforma é decidida pela vontade de fortalecer o prestígio do Campeonato Mundial de Basquete, para dar a oportunidade para as seleções nacionais jogarem mais em casa e envolver mais times no torneio principal.”

“Tudo isso soa bem e legal. Mas é preciso notar que vai ser muito difícil instaurar estes planos. A Euroliga e a Uleb foram contra a reforma, e a Fiba Europa vovtou unilateralmente que esta reforma é inaceitável para o nosso continente. A NBA nem discutiu o tema. Alguém vai se interessar por uma competição na qual os times usam suas equipes secundárias porque não haverá jogadores da NBA ou Euroliga?”, questionou, já adiantando informações importantíssimas.

“Dá para dizer que a reforma foi feita de olhos fechados. A Fiba contratou experts que trabalharam para a Fifa e a Uefa, e por isso que o modelo do futebol foi copiado cegamente. Não sei se ese caminho tem algum futuro”, afirmou. Mas tem mais.

“A Lituânia e outros países de muita tradição no basquete estão lutando numa arena internacional agora por algumas coisas, porque achamos que a reforma está senco conduzida sem envolver participantes fundamentais, sem dar consideração nenhuma para suas opiniões”, completou.

Tal como no futebol, a Fiba cria agora as “Datas Fiba”, nas quais as seleções jogariam em eliminatórias regionais por uma vaga na, agora, Copa do Mundo de basquete. Haveria jogos em fevereiro e novembro, no meio das temporadas regulares das principais ligas do mundo. Faltou combinar apenas com o restante das pessoas envolvidas no processo. Coisa pouca.