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Arquivo : Mike Miller

Virou melhor de três: notas antes do Jogo 5 entre Warriors e Cavs
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Giancarlo Giampietro

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que...

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que…

Após duas vitórias para cada lado, o que temos agora é realmente uma série melhor de três para definir as #NBAFinals. Mas isso não significa que Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers estejam recomeçando do zero. Tudo o que aconteceu nas primeiras quatro partidas conta e influencia o que vem pela frente. E foi muita coisa.

Duas prorrogações em Oakland, com o Cavs roubando o mando de quadra após muito drama. LeBron James nunca arremessou tanto em sua vida, acumulando números absurdos num esforço hercúleo. Matthew Dellavedova virou personagem de cinema. Timofey Mozgov e Tristan Thompson engoliram a tábua ofensiva. Stephen Curry errou muitos arremessos de três pontos e cometeu um caminhão de turnovers no meio do caminho até reencontrar o mínimo de equilíbrio. Andre Iguodala provou que ainda pode ser um jogador bastante relevante na liga, assim como David Lee, em menor escala. E, claro, diante de tanta movimentação por parte de seus jogadores, David Blatt e Steve Kerr jogaram xadrez. Ou pôquer. Escolham.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena
>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova
>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase isso
>> Jogo 3: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos
>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas

Rumo ao Jogo 4, o Warriors estava contra a parede, encurralado pela pressão física que seus adversários estavam impondo, incomodando LeBron aqui e ali, mas se curvando diante de sua dominância. E aí o time californiano radicalizou, ao banir nos grandalhões de sua rotação e enfim assumir o controle das ações em quadra, como aconteceu na quinta-feira.  Agora é a vez de Blatt promover ajustes, embora seja difícil imaginar quais.

Pequenas coisas podem ser feitas. A preocupação inicial é tentar ajudar Matthew Dellavedova a ser eficiente no ataque, liberando o australiano com bons corta-luzes para que ele possa produzir alguma coisa. A outra é o que fazer quanto a Andre Iguodala. Em teoria, você paga para ver seu chute de longa distância, historicamente ineficiente. Mas que tal apenas fazer sombra ao ala, pelo menos? Sobre os minutos de LeBron: quando ele vai descansar e como atacar quando ele está no banco? Gastar os 24 segundos só não adianta.

É aqui, então, que entra a primeira de algumas notinhas interessantes que pudemos coletar desde quinta. Uma nota que vale como emenda ao último artigo do blog sobre as finais: a escassez de alternativas técnicas para Blatt, e a angústia que essa constatação gera:

– Diga-me com quem andas
O repórter Brian Windhorst construiu sua carreira na NBA com a sorte de poder acompanhar o surgimento do adolescente LeBron em Ohio, ao mesmo tempo em que trabalhava diariamente na cobertura do Cavs. Competente, cultivou fontes e estava muito bem posicionado para relatar o que se passava ao redor do principal nome da franquia. Foi, por isso, contratado pela ESPN.

Estamos falando, logo, de alguém bem conectado, com credibilidade para dar furos sobre o cotidiano do clube. Sua última matéria de bastidores, com base em fontes anônimas, porém, é daquelas de se fazer coçar a cabeça. Apurou que “alguns jogadores sentem, acreditam que uma rotação mais ampla, com minutos mais distribuídos, beneficiaria a equipe”.

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Só faltou identificar que tipo de jogador estava falando isso: os que não estão saindo do banco, ou algum titular eventualmente extenuado? Faz toda a diferença, não? Se o cara não está sendo utilizado, dãr, é claro que vai pedir para entrar na festa. São as finais. Se alguém estiver se arrastando, não poderá pedir para sair, literalmente, mas pode recomendar que um companheiro diferente seja utilizado. Pega bem com o coletivo, ao mesmo tempo em que não funciona como confissão.

As duas linhas argumentativas fazem todo o sentido, aliás, como teoria. Na prática… O que está sendo pedido? Que Blatt tente abrir as portas do vestiário para Mike Miller e/ou Shawn Marion – já que pedir Kendrick Perkins e Brendan Haywood ultrapassaria a fronteira da insanidade. Sobre Miller e Marion: talvez fosse o caso de arriscar, mesmo, a inserção de um deles no grupo de atletas ativos. O problema: quem exatamente eles vão substituir, em termos de dar descanso?

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Os titulares visivelmente mais desgastados são LeBron e Dellavedova, e não me ocorre de que maneira um dos veteranos alas poderia rendê-los. Sem Kyrie Irving e Kevin Love, o Cleveland não tem um jogador além de seu principal astro que possa criar jogadas por conta própria. Marion e, muito menos, Miller, não se encaixam nesse perfil. Não adianta ter um chutador desses, se ele não vai ter espaço para arremessar – como aconteceu em Miami e Memphis, a partir das sobras de James, Wade, Bosh, Gasol e Randolph. Isso para não falar do jogador que ele precisaria marcar: Barnes, Iguodala, Livingston, Leandrinho? Sem chance. (Antes de mais nada, o mesmo raciocínio vale para o calouro Joe Harris, com o agravante de sua inexperiência).

Do outro lado da quadra, o antigo Matrix já não tem mais condições de marcar um armador, especialmente um armador veloz e habilidoso como o Chef Curry. Mesmo com minutos reduzidos. Fiscalizar Klay Thompson talvez seja pedir demais. E, em termos de ala-lento-que-ainda-pode-tentar-fazer-alguma-coisa-para-atrapalhar-Draymond-e-Harrison, James Jones já se ocupou dessa tarefa, sendo muito mais perigoso nos arremessos. Ele parece o mais indicado para dar uma folga a Tristan Thompson.

De resto, temos Timofey Mozgov, sobre o qual não precisamos nem gastar mais tempo para discutir, e os demais alas. JR Smith jogou menos de 32 minutos por partida desde que chegou a Cleveland e passou também um bom tempo no banco em Nova York. Iman Shumpert sofreu com pequenas lesões e não passou dos 25 minutos em média em seu novo clube. Nos playoffs, sua carga subiu para 34 minutos. O cabeleira tem 24 anos, um a mais que o Thompson canadense, alguém que leva muito mais pancadas numa partida de basquete e deu de ombros ao ser questionado sobre um eventual cansaço ao final do Jogo 4. Miller e Marion poderiam eventualmente substitui-los por alguns minutos pontuais que fossem. No plano geral, faria diferença? São caras que já ganharam títulos, sabem o que precisa ser feito. A dúvida é se eles ainda conseguem e se, mais grave, os meros minutinhos que possam ganhar não seriam muito custosos.

A temporada regular dos veteranos...

A temporada regular dos veteranos… Não anima muito

“É uma decisão do técnico, se ele pensar em usar mais o banco. Não usamos muitos caras nesta campanha de playoff. Acho que poderia ajudar alguns dos que estão acumulando muitos minutos, certamente. Basta dar alguns minutos aqui e ali. Mas a comissão técnica vai  tentar fazer o que for melhor para nos ajudar em nossa preparação física e mental para o domingo”, diz LeBron, para, depois, completar e consentir: “Não temos muitas opções em termos de escalação.”

Seria prudente um remanejamento de minutos. Qualquer respiro a mais para LBJ pode ser valioso no caso de outro jogo apertado. A dica até ficaria. Mas aí você tem de encontrar as alternativas para sustentá-la.

– Valendo US$ 6 milhões ou mais
Se o banco de reservas não oferece muitas alternativas, a grande esperança de Blatt talvez seja, mesmo, uma evolução dos próprios jogadores que ele vem utilizando. Em especial JR Smith. O ala seria o único que poderia realmente ajudar a aliviar as responsabilidades ofensivas do camisa 23. Não estivesse numa terrível fase.

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Se, contra o Atlanta Hawks, o avoado Smith teve médias de 18 pontos e 50% nos arremessos, contra o Golden State seu aproveitamento vem sendo horroroso, que não compensa em nada sua constante desatenção defensiva. Em quatro partidas, tentou 47 arremessos de quadra e converteu apenas 14. Na linha de três, foram 7 em 28. Se ele comete poucos turnovers, também não dá assistências (foram apenas três até aqui), num claro sinal de que não está criando, nem mesmo tentando criar nada. Deve ser um reflexo direto do plano de jogo centralizado em James, para gastar o tempo e conter o número de desperdícios de bola. Mas o Cavs precisa, com certo desespero, que ele ao menos consiga converter os chutes que tiver no lado contrário a partir das eventuais dobras em cima da superestrela. LBJ sabe disso.

“Ele pode errar uma centena de arremessos”, disse. “Se estiver bem posicionado, a partir de infiltrações e passes para fora, tem de chutar com confiança. Se ele estiver se sentindo confiante em sua agilidade, então eu também estarei confiante nisso. Enquanto competidor, se você perder sua confiança em suas capacidades, fica muito difícil de recuperá-la.”

Com mais mobilidade, a defesa do Warriors forçou que Smith, Dellavedova e Shumpert colocassem a bola no chão antes de subir para a cesta. A estratégia deu certo, em geral. Mas o próprio Smith é quem se gaba ao dizer que prefere muito mais um arremesso contestado, difícil, do que aquele em que estiver livre. Tem agora uma ótima oportunidade para comprovar sua lógica tresloucada.

As decisões de extensão contratual de James e Kevin Love, naturalmente, são as que mais chamam a atenção nos bastidores do Cavs. Acontece que JR também pode virar um agente livre, caso decida exercer uma cláusula contratual e abrir mão dos US$ 6,4 milhões que tem para receber na próxima temporada. Se continuar ladeira abaixo nestas finais, talvez seja difícil optar pela rescisão, com a insegurança de que talvez não esteja tão valorizado assim para assinar um novo compromisso de longo prazo.

– Tem hora para tudo
Nick U’Ren tem apenas 28 anos. Você pode espiar seu currículo aqui e perceber uma vasta área de atuação e talvez não pudesse imaginar que partiu dele uma sugestão que pode ter mudado o rumo da série: a promoção de Andre Iguodala ao time titular, mas no lugar de Andrew Bogut. Lee Jenkins, um dos melhores textos e repórteres envolvidos com a cobertura de NBA, conta tudo na Sports Illustrated.

Seu cargo tem o seguinte título: “assistente especial do treinador principal”. O cara basicamente quebra todo o tipo de galho para Steve Kerr e sua comissão técnica. Na última quarta, decidiu fazer algo a mais. No tempo (supostamente) livre à noite, decidiu recuperar alguns VTs das finais do ano passado, entre Spurs e Heat. Não faz tanto tempo assim, mas é fácil relevar ou mesmo esquecer alguns detalhes daquela batalha que envolveu um time totalmente dependente de LeBron. Foi quando se deparou com a escalação texana para o Jogo 3, em Miami. Tiago Splitter, tão importante para a defesa de Gregg Popovich, deu lugar a Boris Diaw no quinteto inicial.

U’Ren telefonou na hora para Luke Walton, um dos assistentes e Kerr proteção do aro, o Warriors rebaixaria sua estatura e envergadura completamente. Walton, o integrante mais jovem do corpo de técnicos, matutou e abraçou a causa. Mandou uma mensagem de texto às 3 h da madruga para Steve Kerr. Essa é a história por trás da “mentira” assumida por Steve Kerr, que havia dito que não alteraria de forma alguma seu time.

Nick U'Ren, o homem do momento

Nick U’Ren, o homem do momento

O treinador tinha todos os motivos para relutar, mesmo. Com Bogut patrulhando o garrafão, seu time foi o melhor da liga por quase 100 partidas. Embora tivessem perdido o o controle das finais, não é fácil passar a borracha em tudo o que haviam elaborado até o momento. No fim, porém, o pentacampeão da NBA ignorou qualquer noção de vaidade e topou a mudança proposta por um cara de 28 anos, provavelmente desconhecido pela grande maioria de torcedores do Warriors. Não só isso: na entrevista pós-jogo, fez questão de dar todo o crédito para U’Ren, dizendo ainda que o rapaz tem toda a pinta de que vai se tornar um gerente geral ou técnico no futuro.

Sobre o que escreve Jenkins: “Quando Kerr assumiu o cargo em maio, fechou com dois assistentes experientes em Ron Adams e Alvin Gentry, mas também deu oportunidades a Walton e Jarron Collins. Ele trouxe Bruce Fraser, com quem trabalha junto desde a universidade, e U’Ren, que trabalhou com ele em Phoenix. Deu a eles uma voz, independentemente de seu status, criando uma cultura em que ninguém tinha receio de falar – ou mandar uma mensagem de texto de madrugada”.

A propensão de Kerr ao diálogo, aliás, emula o comportamento da diretoria do Warriors. Os debates entre os principais articuladores da franquia já se tornaram célebres. Como no dia em que Jerry West ameaçou pedir demissão do cargo de consultor caso o proprietário Joe Lacob decidisse levar em frente a troca de Klay Thompson por Kevin Love. Um chefe mais controlador talvez se antecipasse e decidisse ele, mesmo, mandar West embora (ou qualquer figura menos prestigiada). Ninguém sabe ao certo se o legendário estava falando sério, ou não. Sua opinião foi ouvida, fato.

A habilidade de Steph Curry, a genialidade de LeBron, a velocidade de Leandrinho, a brutalidade de Tristan Thompson… Isso é o que a gente vê em quadra. É  o que decide de fato os rumos de um campeonato. Mas, por trás do sucesso de um clube de NBA, estão acontecendo muito mais coisas, gente.


Cavs desfalcado pede ajuda aos amigos de LeBron
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Giancarlo Giampietro

Visão de dirigente de LeBron vai ser testada

Visão de dirigente de LeBron vai ser testada

LeBron James tinha um plano, desde o início. Se era virar as costas para um Dwyane Wade em frangalhos, para os arremessos de Chris Bosh e uma liderança como Pat Riley, que fosse para um clube em que pudesse dar as cartas – se não todas elas, mas grande parte do baralho. Se pudesse ser em casa, quanto melhor.

Quando o Rei decide retomar suas raízes, nem toda a ingenuidade de Cleveland vai poder confiar que fosse por mero sentimentalismo e apego a crenças locais. Isso pode até ter influenciado em todo o processo, mas um cara tão inteligente e ambicioso como LeBron não vai seguir um rumo porque o coração mandou. Assim como faz em quadra, sua versão homem de negócios avalia tudo o que está ao seu redor nos mínimos detalhes antes de tomar qualquer, na falta de melhor termo, decisão.

A maior prova disso é sua própria carta publicada na Sports Illustrated, comunicando ao povo de South Beach que estava retornando com os seus talentos para Ohio. Lá, deixou claro que Andrew Wiggins e Anthony Bennett não faziam parte de seus planos, abrindo caminho para a negociação por Kevin Love. O ala exigia um sacrifício do futuro por parte da franquia para instaurar seu reinado imediato. Sabemos o que aconteceu.

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Pois agora Kevin Love está fora de ação. Oficialmente, no caso – uma vez que não possamos dizer que o ala-pivô estava 100% presente de corpo e alma durante uma temporada cheia de pequenos incidentes que, quando agrupados, pintavam um cenário no qual sua saída de Cleveland, como agente livre, era realmente possível. Ninguém sabe ao certo mais depois da cirurgia no ombro esquerdo que vai tirá-lo das quadras por até seis meses.

O que sabemos é que, sem Love, LeBron e todos os seus chapinhas vão ter de realmente jogar muito para combater o Chicago Bulls nas semifinais do Leste. Talvez seja injusto com David Griffin, o gerente geral que merece o prêmio de Executivo do Ano pelo simples fato de ter tornado possível a volta do superastro e ainda realizou duas excelentes trocas em meio a um momento de crise. Mas é notório que algumas contratações do Cavs foram, digamos, sugeridas por James.

Espera-se alguma coisa, qualquer coisa da dupla acima

Espera-se alguma coisa, qualquer coisa da dupla acima. Ambos com 34 anos

Sim, estamos falando de Mike Miller e James Jones, além de, em menor escala, Shawn Marion – que não é dos amigos íntimos, nem nada disso, mas foi recrutado pessoalmente pelo craque. Ainda mais com JR Smith suspenso das duas primeiras partidas em Cleveland, esses veteranos precisam dar alguma contribuição para o Cavs. Mesmo que David Blatt opte por usar Timofey Mozgov e Tristan Thompson ao mesmo tempo e por longos minutos. Mesmo com minutos elevados para LeBron e Irving, que já tiveram, respectivamente, 43,0 e 40,5 minutos contra o Boston Celtics. Love e Smith acumularam mais de 53 minutos em média, que precisam ser absorvidos por alguém.

“A margem de erro contra o Celtics era tamanha que eles poderiam jogar num nível C, que tudo bem. Mas agora essa margem diminuiu consideravelmente. Contra o Bulls, não vai dar nem mais o B”, afirmou o jornalista Brian Windhorst, do ESPN.com, em podcast com Bill Simmons, editor-chefe do Grantland. Windhorst não está mais 100% dedicado ao dia a dia do Cavs, mas é um dos repórteres mais bem conectados dentro da franquia – e também com o círculo mais íntimo de LeBron. Acompanha o ala desde sua adolescência.

Windhorst depois mencionou a necessidade de pelo menos um integrante desse trio parada dura jogar bem em jogos isolados. Tipo: se Jones for bem na primeira partida, Marion, na segunda e Miller, na terceira. Para darem mais opções a David Blatt. Do contrário, as coisas podem se complicar. O técnico também adiciona Kendrick Perkins a essa lista. “Caras que estão no banco e não estavam jogando muito, com Shawn, Mike e Perk, precisam obviamente estar prontos para jogar mais minutos, e sei que eles vão fazer isso por serem profissionais e terem experiência e por terem estado em situações vitoriosas antes”, afirmou.

De fato, são todos trintões com muita bagagem e histórias para contar e que já foram campeões em diferentes momentos de suas carreiras. Estão habituados a momentos de pressão. Blatt (e LeBron) têm de se apegar a esse conceito, mesmo, para contar com os veteranos. Já que, em termos de atividade em quadra, a produção foi praticamente nula durante a temporada.

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Mesmo no caso de uma projeção estatística por 36 minutos, as coisas não melhoram muito. Na maior parte do tempo, os quatro jogaram mais como aposentados do que como peças importantes num time de playoff. Para não falar das dificuldades de Jones e Miller na defesa e as trapalhadas de Perk no ataque, cometendo turnovers sem parar (32,1% das posses de bola na qual foi envolvido). Contra o Celtics, Miller não teve um minuto sequer de ação, enquanto Marion e Perk somaram sete. Jones foi o único que jogou regularmente, com 46 minutos em quatro partidas, acertando apenas 2 de 11 arremessos de três (a especialidade de sua carreira).

Não que seus contratos tenham sido completamente equivocados. Faz bem uma presença reconfortante no vestiário, ainda mais no caso do Cavs, que seria o time mais visado/badalado/atacado/pressionado do campeonato. Não é por acaso que, ao checar o plantel do hegemônico Chicago Bulls de Phil Jackson (e Jerry Krause…), vamos encontrar verdadeiros anciões como James Edwards em 1996, aos 40, acompanhado por John Salley e Jack Haley, e Robert Parish em 97, aos 43. Mas nenhum desses pivôs velhacos teria um papel relevante em quadra. Bem diferente do que se espera em Cleveland agora.

Bicampeão com Miami e um dos melhores amigos de LBJ, James Jones está confiante. Ou mais ou menos confiante: “Uma parte essencial de nosso time foi subtraída, mas acho que temos o suficiente e nós sabemos que temos o suficiente. Então vamos jogar, competir. No final do dia, é questão de dar nosso melhor e esperar que esse melhor seja o bastante”, diz o ala

Essa incerteza gera um suspense tático para lá de intrigante – e deve até mesmo dificultar a vida dos técnicos de Chicago em um primeiro momento. Na hora de preparar o scout da série, eles vão precisar se ater com cuidado aos reduzidos minutos em que Kevin Love – e Smith – estavam no banco e tentar tirar conclusões a partir daí.

Mike Miller teve algumas grandes partidas pelo Miami e pelo Memphis nos playoffs. Conseguirá replicá-las?

Mike Miller teve algumas grandes partidas pelo Miami e pelo Memphis nos playoffs. Conseguirá replicá-las?

(Um parêntese: a contraposição dos talentos gera duelos individuais extremamente interessantes. São todas variáveis que corre-se o risco de ficar muito confuso. Tanto aqui no texto como nas pranchetinhas mágicas. Kyrie Irving x Derrick Rose: quem vai pontuar mais e permitir mais/menos pontos também? Iman Shumpert x Jimmy Butler: foi o ala com o qual LeBron comparou Shump no momento da troca, mas o emergente astro do Bulls é muito mais completo – e forte. Mozgov x Gasol: o russo vai tentar brecar o espanhol, mas tomando o máximo de cuidado com faltas. Thompson x Gibson: o canadense saltitante, cheio de energia contra um combalido e valente ala-pivô. Miller/Jones x Dunleavy Jr.: a corrida dos veteranos. Por aí vamos.)

O que pega é que Chicago também tem seus problemas. Joakim Noah está se arrastando pela quadra, e não é que Taj Gibson esteja correndo muito mais. Nikola Mirotic também se contundiu contra o Milwaukee Bucks, para não falar de todo o drama em torno de qualquer queda de Derrick Rose. A despeito da lavada que sofreu no Jogo 6, o Milwaukee Bucks deu muito trabalho.

Como Zach Lowe destaca em sua análise sempre minuciosa, Jason Kidd não teve problema Noah com jogadores menores, uma vez que o pivô não representava nenhuma ameaça. Marion, mesmo dois ou três passos mais lento que os tempos de Matrix, não teria problema com ele e ainda poderia atrapalhar Butler. Será que Jones e Miller também dariam conta? Talvez não seja necessário usar Thompson e Mozgov, uma dupla atleticamente opressora, ma que pode atrapalhar o ataque, em termos de espaçamento. A não ser que Mozgov acerte seus chutes de dois de longe com muita eficiência. Ainda assim, a quadra estará mais apertada para as infiltrações de LeBron e Irving. “Vamos ter de manter nosso ataque espaçado porque é dessa forma que jogamos”, diz Blatt. “Claro que sem os dois na escalação, algumas mudanças precisarão ser feitas. Mas tivemos muito sucesso neste campeonato e não queremos nos afastar tanto das coisas que deram certo.”

Se Miller e Jones ao menos estiverem acertando seus arremessos, a solução mais prática e recomendável talvez seja colocar LeBron como o ala-pivô efetivo do time, algo que ele fez com maestria em Miami, e apostar no small ball. Usar a flexibilidade que uma aberração atlética como o camisa 23 proporciona. O problema é que, dentre as muitas razões para seu retorno a Cleveland, ter Kevin Love ao seu lado no quinteto inicial era muito atraente justamente para afastá-lo da cesta. “LeBron odeia defender no garrafão, ter de batalhar ali. Para ele, é OK jogar ali no ataque de vez em quando, mas odeia marcar na posição 4”, diz Windhorst.

Por essas e outras que a mera cogitação de LeBron para o prêmio de MVP não parece nem um pouco justa com os outros candidatos. Afinal, estamos falando de um jogador que deliberadamente se esquivou de algumas responsabilidades. O mesmo cara que tirou duas semanas de folga durante a temporada para aliviar o estresse sobre a mente e o corpo. Que falou abertamente sobre como, em algumas partidas, estava no modo “relaxa e goza”.

Contra Chicago, ele sabe que não vai poder se comportar assim – vai precisar se desdobrar, alternando entre Gibson, Noah, Mirotic e, provavelmente, Butler, no caso de o ala estiver massacrando Shumpert ou Smith (quando este retornar). Haja fôlego e resistência.

Mesmo que o Bulls também esteja avariado fisicamente, é um time muito mais forte e calejado que o Boston Celtics. Com um número maior de opções que as da final de conferência de 2011 que o Miami derrubou, mas com um mesmo núcleo sedento por seu primeiro título. Thibs, Noah, Gibson e, principalmente, Rose vão brigar enquanto puderem.

Aí que LeBron vai ter de se expor de acordo com o que sua equipe precisar e o adversário pedir. Se houve um motivo para ele curtir a primeira metade do campeonato, era para poder se desdobrar nos playoffs, algo que a primeira rodada. “Obviamente, Kevin traz muito para o nosso time. É uma grande perda para nós. Ninguém vai conseguir assumir sua função – ele é especial por um motivo. Mas alguns dos nossos caras vão ter de se levantar e fazer mais. Precisamos disso, ainda mais com o JR fora”, afirmou James. Que, dessa vez, não vai ser testado apenas como craque, mas também como dirigente. E amigo.


Orlando Magic: um Philadelphia mais adiantado
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Muito antes de o Sixers despertar asco, revolta e choque na NBA , o Orlando Magic embarcou no mesmo plano de reformulação via Draft. É a reconstrução de um mundo sem Dwight Howard, que chega agora a seu terceiro ano – estando, então, mais avançado que o de seus companheiros de pindaíba em Philly. Perder, perder, perder, coletar jovens jogadores no Draft e tentar dar um salto no futuro. A diferença é que em nenhum momento eles foram tão radicais no projeto, um pouco por força das circunstâncias, mas também para manter um ou outro veterano por perto, mesmo.

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Jameer Nelson, Arron Afflalo, Al Harrington, Jason Maxiell, Solomon Jones, Glen Davis (esse não, vai), JJ Redick. Todos eles estão fora agora, mas, em geral, duraram mais tempo com o gerente geral Rob Hennigan do que qualquer veterano que Sam Hinkie tenha herdado. E quer saber do que mais? Não adiantou de nada para deixar a equipe mais competitiva. As 121 derrotas que sofreram nas últimas duas temporadas contaram como a pior marca da liga.

O que Hennigan e o técnico Jacque Vaughn esperavam era que ao menos a influência de jogadores mais experientes pudesse influenciar os mais jovens, apontando a direção a ser seguida, em termos de profissionalismo. Nesta temporada, chegou a hora de avaliar tudo isso. O Orlando adicionou mais duas escolhas altas de Draft, com os extremamente promissores Aaron Gordon e Elfrid Payton saindo delas, mas não ficou só nisso. Usou seu espaço no teto salarial para ir às compras e se reforçar. Parece que decidiram que chegou a hora de brigar pelos playoffs. De pelo menos tentar.

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Se contrataram certo, aí já é uma outra questão. Qualquer um poderia estranhar, de início, o valor pago por Channing Frye. São US$ 32 milhões por quatro anos de serviço para o pivô que já tem 31. Mas aí a gente lembra que o mercado de agentes livres sempre funcionou assim. Os preços ficam inflados. Além do mais, Frye é um jogador bastante útil para qualquer equipe, com sua habilidade para converter os chutes de três pontos e defender o garrafão do outro lado. Claro que não se trata de nenhum Dikembe Mutombo, mas é um marcador muito mais atento que um Ryan Anderson, por exemplo. Ao final do acordo, estará no finalzinho da carreira, mas supostamente seu arremesso não será afetado, já que é alto pacas. Sam Perkins provou isso para nós, afinal. E um detalhe: ele foi apenas a segunda opção do time. Antes, foram atrás de Patrick Patterson, oferecendo a vaga de titular ao lado de Nikola Vucevic. Mas o ala-pivô preferiu ficar em Toronto.

Na hora de comentar as demais contratações, vocês me desculpem se tudo ficar muito mal-escrito. É que fechar com Luke Ridnour, Willie Green e Ben Gordon gera um tipo de confusão mental. Especialmente Gordon. O torcedor do Bulls ainda deve guardar um pouco de estima no coração sobre o veterano britânico, o que é compreensível. Agora, nem ouse falar sobre ele com aqueles que tenham apreço por Bulls e Bobcats/Hornets. O que ele mais fez por esses clubes? Reclamar. Dar trabalho aos técnicos. Ver seus índices de acerto nos arremessos despencar. Um horror.

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto?

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto? O Orlando lhe ofereceu algo em torno de US$ 8 a 9 milhões por ano. Seus agentes esperavam muito mais

Com tantos jovens atletas no elenco, Hennigan sentiu a necessidade de adicionar arremessadores experientes, para espaçar a quadra, encontrar um equilíbrio. Pena que o diminuto Gordon, seja por ferrugem ou pelo peso do tempo, mesmo, não pareça mais se enquadrar na condição de “especialista”. Seu contrato vale US$ 4,5 milhões, tem curta duração, mas não se justifica.

Ridnour, ao menos, oferece algo a mais: não só é mais produtivo hoje, como dá mais estabilidade na armação, para verdadeiramente contrabalancear o jogo ainda afoito de Payton e Victor Oladipo. Um cara para acalmar a situação quando necessário, errar pouco e ainda matar os chutes de média distância com muita eficiência. Tinha coisa melhor disponível, todavia? Sim, ainda mais se os recursos empregados em Gordon tivessem direcionados para tanto. Em termos de força estabilizadora, Frye já daria sua contribuição valiosa. Sem contar Green, cujos técnicos já encaram como um assistente extraoficial, dentro do vestiário.

De qualquer forma, está claro que para Orlando chegou a hora de subir alguns degraus. Querem se distanciar do fundo do poço. Ao final do campeonato, dependendo dos resultados e se a memória for curta, podem muito bem se achar no direito de criticar o que Philadelphia anda fazendo. Coisa. Feia. Mas faz parte do jogo.

O time: na última temporada, Vaughn coordenou o segundo pior ataque e a 17ª defesa. Quer dizer: tem muita coisa que acertar para que eles possam sonhar com os playoffs. No Oeste, seria impossível. Como a Flórida é um dos pontos mais visitados na Costa Leste, tudo muda de figura. Lá só um café com leite como o Sixers não pode ter aspiração a nada.

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Em termos de material humano, o time tem grandes atletas para formar uma defesa asfixiante. Aaron Gordon infelizmente sofreu uma fratura, e o menino de 19 anos, apenas alguns dias mais velho que Bruno Caboclo, se mostrava muito mais pronto que o esperado para contribuir. Pode marcar oponentes de diversos perfis, e com segurança. Oladipo, um tremendo atleta e competidor, está retornando agora de uma lesão no joelho e de uma fratura facial.  Payton é um armador alto, veloz e impertinente. Tobias Harris é uma fortaleza, enquanto Maurice Harkless pode fazer de tudo um pouco. O problema é a inexperiência coletiva deles. O treinador precisa realmente ensinar o caminho das pedras.

Vucevic tem os números de um dos melhores reboteiros da liga, é verdade, mas ainda desperta dúvida na maioria dos scouts, principalmente por suas deficiências na defesa. Sua movimentação lateral fica aquém do desejado para impedir infiltrações de armadores e alas. Zach Lowe dá uma palhinha aqui.

No ataque, porém, o suíço-montenegrino vem evoluindo a cada ano, mesmo que sua carga aumente junto. Isto é: não perdeu eficiência quando foi mais exigido, o que é bom sinal. Ele pode matar seus arremessos de diversos pontos da quadra, tendo um excelente chute de média distância. Como finalizador, Harris também se destaca. Forte-pra-burro, ele tende a castigar defensores menores perto da cesta. Seu chute de longa distância vem sendo refinado, mas sua visão de jogo ainda é bastante limitada. A bola vai dele para a cesta, mas dificilmente encontra um companheiro mais bem posicionado.

Payton e Oladipo vão colecionar highlights o ano todo, mas também vão cometer um caminhão de erros com a bola. São de todo modo os principais criadores da equipe, e Vaughn, um ex-armador pouco brilhante, mas muito regular, vai ter de conviver com seus desperdícios e ensinar algumas manhas. Cabe ao treinador e sua comissão desenvolver essas peças talentosas. Ainda que jovens, vai chegar uma hora em que todos vão querer ser pagos. Harris, por exemplo, já vira um agente livre ao final do campeonato. Orlando precisa saber quem é que merece aumento, e nada melhor que jogar para valer para avaliá-los.

A pedida: a contratação de veteranos indica que, sim, o Orlando já acha que chegou a hora de entrar nos playoffs.

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Olho nele: Evan Fournier. Pouco aproveitado por Brian Shaw em Denver, Fournier veio na troca por Arron Afflalo. Poucos entenderam, acreditando que o experiente ala valia no mínimo uma futura escolha de primeira rodada. Acontece que, para Hennigan, o ala de 22 anos seria tão ou mais valioso que isso, e o início de campanha dá indícios de que esteja certo. Se Payton e Oladipo são os principais condutores do time, o francês pode dar uma ajudinha aqui. Ainda que venha causando impacto mais com suas bombas de três, ele é outro que pode driblar e dar dinamismo ao sistema ofensivo à medida que se sinta mais confortável em quadra.

Abre o jogo: “Vucevic é o melhor jogador que ninguém conhece. Ele é um All-Star”, Doc Rivers, dando moral ao pivô do Orlando, time pelo qual fez sua estreia como treinador em 1999, ganhando de cara o prêmio de Técnico do Ano. Ele ficou na franquia até 2003.

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Você não perguntou, mas… o Orlando Magic foi sacaneado por Sam Hinkie e o Philadelphia no último Draft. O gerente geral do Sixers deduziu, até com uma ajuda do diário Orlando Sentinental, que o time da Flórida estaria extremamente interessado no armador Elfrid Payton, na 12ª posição, depois de selecionar Aaron Gordon em quarto. Sua equipe tinha a 10ª posição. O que ele fez? Escolheu Payton. Um prospecto interessante, e tal. Mas ele nunca teve a intenção de contar com o armador. A ideia era apenas extorquir o clube da Disney. Deu certo: Rob Hennigan queria tanto Payton, que pagou não só a 12ª escolha, mas também outra futura. Justamente um pick que a gestão anterior havia cedido ao Magic na supertroca de Howard, Bynum e Iguodala em 2012. Cruel, muito cruel, diria o Januário de Oliveira.

Jacque Vaughn, Orlando Magic, point guardUm card do passado: Jacque Vaughn. O atual treinador teve uma breve passagem pela equipe da Flórida, dividindo a armação da equipe em 2002-2003 com Darrell Armstrong, hoje um dos 39 assistentes técnicos de Rick Carlisle em Dallas. Naquele ano, Orlando tinha mais uma jovem estrela, Tracy McGrady, mas que não havia chegado via Draft, mas, sim, como agente livre. A franquia não teve paciência para se solidificar ao redor do ala, nem mesmo depois do trágico negócio envolvendo Grant Hill. Era para os dois formarem a melhor dupla de perímetro da liga, mas a imprudência médica no tratamento de Hill, resultando em constantes graves lesões, acabou com esse sonho. Ainda assim, a cartolagem investiu na contratação de gente como Shawn Kemp, em seu triste fim de carreira, Andrew DeClerq, Pat Burke e Horace Grant. Vaughn era mais um desses veteranos que fazia contrapeso aos mais jovens – e não tão talentosos – do  elenco, como Ryan Humphrey, Jeryl Sasser, Steven Hunter e Olumide Oyedji. Mike Miller era aquele que se salvava, mas acabou trocado ao lado de Hmphrey para Memphis, vindo para o seu lugar Drew Gooden e Gordan Giricek. Era um time indeciso, que nunca chegou a formar uma base forte, para frustração de T-Mac.


Heat x Spurs, o último capítulo: o que está na mesa para o Jogo 7 das finais?
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, tudo ao redor dele

Mais uma decisão para LeBron James

Alguém aí conseguiu dormir nas últimas 72 horas?

Miami Heat e San Antonio Spurs atingiram um nível de basquete neste histórico Jogo 6 das finais, com vitória para o time da Flórida, que é realmente complicado de discorrer a respeito. Daí um post simplório em primeiro lugar para questionar o quão imediatistas conseguimos ser, querendo comentar segundo a segundo, lance a lance uma partida que tem 48 minutos – ou 53, no caso da prorrogação que vimos na terça. Mania de julgar e martelar que não leva a lugar algum. Demora um tempo para digerir um jogo clássico destes:

Passadas seis partidas, o básico que sabemos sobre o confronto é o seguinte:

1) Não há muitos ajustes a serem feitos agora para o sétimo jogo – pelo menos aquele tipo de ajustes gerais de plano tático. Cada um já sabe o que esperar do outro, as cartas estão todas na mesa: virou um jogo de “small ball” contra “small ball”, mesmo, e vai ganhar o caneco aquele que executar com mais precisão; coisa que o Spurs fez por 40 e poucos minutos nesta terça-feira.

2) Por isso, dãr, Gregg Popovich deixou escapar uma enorme chance. Quando as equipes atingem seu ápice, o Miami é simplesmente melhor – e isso tem muito a ver com a capacidade atlética de seu elenco, mas, principalmente, pelo fato de ter LeBron James a seu favor. Difícil de imaginar como o Spurs poder ficar mais perto de uma vitória no sétimo do jogo do que já estiveram no duelo passado. Daí que…

3) O Miami Heat tem o momento psicológico todo a seu favor;

Oh, Manu, Where Art Thou?

Teria Manu mais um truque Jedi disponível?

Para o Jogo 7, a partir daí, ficam algumas outras perguntas:

– Será que o Miami pode, após tanto drama e esforço, abaixar a guarda? Levando em conta o histórico da equipe, será que o “momento psicológico” é realmente uma vantagem? Os atuais campeões se acostumaram a jogar da melhor forma nestes playoffs quando estão contra a parede, “desesperados”, como Erik Spoelstra gosta de falar. Há risco de entrarem extremamente confiantes e tomar um peteleco daqueles?

– Na bacia das almas, com muitos minutos jogados, os jogadores veteranos estão muito irregulares – com exceção de Tim Duncan; aqui estamos falando especificamente de Ginóbili e Wade. E aí, o que vai ser desses dois craques quebradiços? Qualquer atuação “para cima” de um deles pode ser o ponto decisivo para a derradeira partida.

– E o Ray Allen? Vem com tudo? O ala sofreu contra Bulls e Pacers de acordo com seus padrões, convertendo, respectivamente, apenas 23,5% e 34,5% de seus chutes de três pontos nessas séries. Contra o Spurs, porém, voltou a ser um matador implacável: 60%. Com Allen representando uma séria ameaça exterior, a defesa do Spurs fica em situação muito mais delicada. O mesmo vale para Shane Battier, que encestou cinco das suas últimas dez tentativas.

– Por falar em arremesso de três, Mike Miller vai acertar mais um descalço? : 0

– Tim Duncan ainda tem mais lenha para queimar? É meio inacreditável que o Spurs tenha desperdiçado daquela maneira um jogo de 30 pontos e 17 rebotes do pivô. Um pecado.  Num intervalo de dois dias o veterano conseguiria repetir um jogo vintage desses?

– Sabemos também que LeBron James consegue dar conta de Tony Parker, super-humano que é. E, uma vez que os ângulos de infiltração para o francês são fechados, os operários do Spurs se tornam menos eficientes. Pois não é necessária nenhuma dobra ou cobertura para conter o armador, fazendo com que a turma do perímetro fique mais grudada em seus respectivos alvos. Por isso era imperativo que Ginóbili jogasse minimamente bem, para que sua equipe tivesse outra via de escape ofensiva. Então… Para um último suspiro, por quanto tempo LeBron se dedicará a Parker?

– E a arbitragem? O padrão será mantido? O que vimos no sexto jogo foi, convenhamos, extremamente atípico: boa parte das jogadas polêmicas foram decididas a favor do time visitante e contra as superestrelas. Algo chocante até. LeBron mal podia acreditar. Foi contestado duramente em diversas infiltrações, e a juizada nem aí pra nada. Da mesma forma como aconteceu em cortes para a cesta de Duncan e Ginóbili do outro lado. Foi um jogo físico e solto. Esperemos que sigam nessa linha:  no turbilhão que cerca o próximo confronto, o emocional de todos será testado, inclusive o dos homens do apito.

– Será que esses dois timaços vão conseguir, de alguma forma, superar o que entregaram no Jogo 6?

Segura!


Ginóbili responde após capengar nas finais e deixa o Spurs a uma vitória do título
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Giancarlo Giampietro

Manu dessa vez parou para entrevista

Ginóbili, ufa!, fez jus a pelo menos uma entrevista para a ESPN; algo a que Green já se acostumou 🙂

Uma das discussões que sempre cercou minha, digamos, educação esportiva foi a de que se Pelé deveria ter parado, ou não, quando parou. E não estamos falando aqui de New York Cosmos, mas, sim, de sua decisão de ter se despedido do Santos antes e, principalmente, da Seleção Brasileira, alguns anos cedo demais. Um tema que, vez ou outra, era trazido à mesa da família, naquelas reuniões em que o futebol, claro, arranjava espaço, e o garoto acompanhava interessado.

Agora calma. Paciência, por favor. Antes que acredite que o sujeito aqui, depois de ter passado em branco no Jogo 4 das finais da NBA, possa ter entrado em uma espiral de loucuras e devaneios e ter perdido completamente a linha e se achado como um blogueiro boleiro, já antecipamos aqui, para acabar com a brincadeira que vamos falar sobre Manu Ginóbili – e um pouco sobre Dwyane Wade, Ray Allen e (!!!) Dany Green.

Antes, continuemos a digressão que, crê minha memória, era realmente algo recorrente na família Giampietro. Naturalmente, aquelas discussões dividiriam irmãos, tios, filhos e sobrinhos de dois lados: se enfileirariam aqueles que defendem fielmente que o seu ídolo deve largar tudo quando está no auge, enquanto outro grupo sonharia – ou exigiria – que o craque deveria ir até o limite, se testar até o fim, mesmo, para que soubesse quanto poderia ser bom.

E, aí, fica um pouco mais claro aonde queremos chegar com isso tudo, né?

Quando, alguns dias depois de Wade ter arrebentado com a defesa de sua equipe, Ginóbili, 35 anos, conseguiu dar o troco logo na partida seguinte, com sua melhor atuação em muito (muuuuuuuuito tempo), para ajudar o San Antonio Spurs a vencer o Miami Heat por 112 a 104, neste domingo. Resultado que deixa o time texano a um triunfo de conquistar o título da NBA depois de seis anos.

Como um todo, o desempenho do time de Gregg Popovich foi de embasbacar. Vejamos: foram 42 cestas de quadra em 70 tentativas, para um aproveitamento completamente inesperado de 60%. Mais 21 lances livres convertidos – dois a mais que os superatléticos adversários – e o rendimento de 40,9% de três pontos (sobre o qual falaremos mais adiante). Na defesa, limitaram essas mesmas aberrações físicas a 43% de pontaria geral. Uma discrepância de rendimento que, por si só, já poderia valer como um bom argumento para o triunfo.

Manu x LeBron

Nem LeBron conseguiu parar o craque argentino

Para entendê-la, no entanto, Ginóbili está no cerne. Pela primeira vez nestas finais o argentino conseguiu lembrar em algo aquele que foi um dos melhores jogadores da liga nos últimos dez anos. Atacando com destemor e criatividade, buscando lances que se iniciam malucos e terminam geniais (8/14 nos arremessos). Desafiando quem quer que fosse seu marcador (oito lances livres batidos). Mudando de direção, parando no meio do caminho, ou indo até o aro com sua canhotinha (24 pontos). Fazendo de suas barbaridades aceitáveis: foram três turnovers, mas dez assistências. Desta forma, ajudou a diminuir a pressão sobre Parker, Duncan e os atiradores de fora, uma vez que os defensores deveriam, enfim, voltar a se preocupar com a pimenta de seu jogo.

Comparando com os bons tempos, só uma coisa saiu do script: dessa vez ele não saiu do banco de reservas, como aquela fagulha que incendiou tantas vezes o ataque do Spurs. Numa de suas muitas cartas ­– e nada inédita, que fique claro –, Popovich puxou o narigudo para seu quinteto inicial e lhe deixou em quadra por 33 minutos. Nos últimos três jogos, ele havia atuado por 18, 23 e 26 minutos. E deu certo, minimizando o movimento anterior de Erik Spoelstra com a promoção de Mike Miller.

Mas só funcionou também porque, dessa vez, Manu conseguiu encarar a pressão da defesa do Heat sem perder a ousadia, mas nem a cabeça. Dessa vez seus passes e infiltrações foram precisos, ainda que duramente contestados. As coisas simplesmente se encaixaram para o craque em quadra. Pelo menos por uma noite que seja, voltou a ser grande e relevante.

Algo que só vai servir para estender a polêmica na família Giampietro. A do momento de os craques encararem essa grave decisão de seguir em frente com a carreira ou de mudar de vida. O torcedor do Spurs, rumo a Miami, obviamente já escolheu um lado nesta, mesmo que provisório.

*  *  *

Não é só Ginóbili que vai sofrer contra a defesa do Miami. Mas, para refutar qualquer impressão de que possa ser um exagero discutir a aposentadoria do argentino, lembremos que suas médias nos playoffs como um todo eram meio desanimadoras, com 37,7% nos arremessos e 10,6 pontos em 25,4 minutos. Quer dizer, mesmo com Pop reduzindo seu tempo de ação para quase a metade de um jogo, o ala-armador não conseguiu responder de modo eficiente.

*  *  *

A resposta de Ginóbili não poderia ter vindo em hora mais providencial. Porque Wade conseguiu seu segundo ótimo jogo consecutivo, este fato também representando por conta própria outro milagre. De sujeito que mal conseguia correr ou pular direito na final do Leste , o astro do Heat foi novamente agressivo com a bola desde o início (igualando o número de chutes de LBJ, 22) e mantendo a produtividade (25 pontos, 10 assistências).

Acabou sobrando para Tiago Splitter, a promoção de Ginóbili foi para o Spurs enfrentar a formação mais baixa proposta por Spoelstra. Depois da dificuldade que o brasileiro encontrou na partida anterior, não é de se estranhar a mudança de Popovich. O catarinense foi para o banco e jogou por apenas dez minutos, com quatro pontos, dois rebotes e um toco. Boris Diaw também ganhou mais tempo de rotação (27) e justificou a confiança do técnico ao fazer um surpreendentemente – para não dizer estarrecedor – ótimo trabalho defensivo contra LeBron. Quando o astro passou a abusar de marcadores menores perto da cesta, o francês foi acionado e segurou a bronca. O ala do Heat conseguiu apenas uma cesta em oito chutes contra sua marcação – contra os demais, ele converteu sete em 14.

*  *  *

Ray Allen também resolveu alongar os braços em San Antonio neste domingo. O ala anotou 21 pontos e quase complicou a vida dos anfitriões em alguns momentos do segundo. Esse gatilhaço histórico já havia feito só 18 pontos nos últimos dois jogos em conjunto.

*  *  *

Mas, então, estamos assim: em meio a Ginóbili, Wade e Allen, quem imaginaria que o melhor shooting guard da série seria Danny Green? Matando 25 bolas de três pontos, muitas delas marcadas, com aproveitamento de 65,7% desta distância e média de 18 pontos, talvez já esteja na hora de perguntar outra coisa já: com mais uma atuação de gala, seria ele o MVP das finais?

(!?!?!)

Pensem: Manu estava capengando até dia desses. Parker deu uma desacelerada com a lesão que sofreu no Jogo 3. Tim Duncan, com 15,6 pontos, 11,2 rebotes e 1,8 toco, vem sendo fundamental, como sempre – e isso pode pesar tanto a favor, no caso de o saudosismo for mais influente, ou contra, para aqueles que já o viram fazer coisa muito maior e não se importariam.

 Então…

Talvez o maior concorrente do ex-Cavalier por este posto seja, epa!, Kawhi Leonard, considerando o excepcional trabalho defensivo em cima de LeBron, também mereceria no mínimo sua medalha de honra ao mérito.


Miami, enfim, iguala intensidade do Indiana, se livra de zebra e está na final da NBA
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Giancarlo Giampietro

Chris Bosh vive na defesa!

Até o Chris Bosh marcou bem nesta segunda. Aí complicou para o Indiana de David West

De tanto que se fala, pode parecer o discurso mais automático de todos, uma falácia, o clichê dos clichês. E nem sempre esse discurso explica tudo, mesmo. Mas que pode fazer diferença? Ô se pode.

Tudo isso para falar de “energia”, “intensidade”, “vontade”, “raça”. São quesitos que supostamente seriam obrigatórios para jogadores que ganham milhões e milhões por seus contratos – só de salário. Mas nem sempre é fácil, assim, de se explicar. Nem sempre estamos falando exatamente de coração: “cabeça” pode explicar isso muito bem: a concentração para executar aquilo que é necessário em quadra.

Paremos por aqui, contudo. Independem as razões para as oscilações de empenho na análise deste Jogo 7: uma vez que o Miami Heat enfim pôde fazer frente, mesmo, consistentemente, frente ao Indiana Pacers  nas pequenas coisas, na briga pelos rebotes, na aplicação defensiva, seu talento fez a diferença. Vitória por 99 a 76 e a vaga nas finais da NBA para enfrentar o San Antonio Spurs.

Comecemos pelos rebotes, a batalha que todos julgaram ser impossível para os atuais campeões desde o começo da série. Nesta segunda-feira, o time da casa dominou as coletas (43 a 36), em especial na tábua ofensiva (15 a 8).

LeBron, rumo ao aro

LeBron e o Miami agrediram muito mais o aro no Jogo 7, sem ajuda dos juízes

Destaque aqui para Chris Bosh. Sim, é possível! No caso, consegue pegar mais de cinco rebotes num jogo! Vocês podem não acreditar, mas ele apanhou nove nesta partida decisiva, um recorde pessoal na final do Leste. Mas a ovação fica por conta, mesmo, de Dwyane Wade. O ala-armador orgulhoso e quebradiço que  até mesmo superou Bosh no garrafão com nove rebotes – seis deles ofensivos! Spoelstra chorou ao checar as estatísticas finais, certeza.

Além disso, temos o caminhão de 21 desperdícios de posse de bola cometidos pelo oponente. Mesmo quando venceram o primeiro tempo período por dois pontos, os jogadores do Pacers não tiveram a chance de se sentirem confortáveis em quadra. Cometeram nos 12 minutos iniciais 9turnovers. Eram 15 ao final do primeiro tempo. Reparem, então: cometeram apenas seis na segunda etapa, mas, francamente, o confronto já estava decidido. Uma vez que o time da casa abriu 15 pontos antes de ir ao intervalo, a fatura estava praticamente liquidada.

Pois o Pacers depende em demasia de seu quinteto titular (mais a respeito em um artigo sobre o fechamento de temporada deles). Significava, basicamente, que seus cinco principais jogadores precisariam fazer um trabalho tão impecável a ponto de tirar uma desvantagem dessas em 24 minutos de jogo contra um time que tem LeBron James. Muito difícil.

Mas mais difícil ainda quando esse mesmo time está jogando com uma defesa dessas. É impossível jogar com esse tipo de suor o tempo todo, 48 minutos por partida. Quando eles conseguem, todavia, entregar por alguns – ou muitos – minutos uma defesa com um nível de pressão acima da média dentro das quatro linhas, fica muito difícil. E só assim, mesmo, para inverter o tabuleiro apresentado apresentado na série.

Penando por todo o confronto com Roy Hibbert debaixo da cesta, resolveram cortar, de uma vez por todas, seu acesso ofensivo. Em vez de parar o poste com a bola dominada, melhor evitar que ele a receba de vez, não? E taca Mike Miller flutuando para a cabeça do garrafão, Bosh (aleluia!) marcando de modo antecipado, nem que fosse com um posicionamento 3/4 consistente, Chris Andersen, Udonis Haslem, Wade, Chalmers, todos eles esticando bem os braços, procurando o passe, acotovelando, cutucando, incomodando, sufocando, desgastando. Sem contar a defesa exemplar de LeBron para cima de George: colado em seu jovem e emergente rival (só 7 pontos em 2/9 de quadra, com 4 assistências e três turnovers), sem perder a pose ou o foco. Impressiona demais mesmo quando não faz cesta.

Como se ele também não tivesse arrebentado no ataque, ué: foram 32 pontos em 40 minutos, 15 deles na linha de lances livres (traduzindo: agressividade ao extremo e sem a ajuda da arbitragem geralmente caseira da liga). Perdeu o medo de encarar Hibbert? Sim. Mas também enfrentou  menos o paredão do Indiana rumo ao aro, uma vez que o gigantão teve um raríssimo problema com faltas no duelo. Além disso, o astro desta vez contou com a ajuda de Wade (19 pontos, 7/15, 5 lances livres) e Ray Allen (10 pontos, todos no segundo quarto decisivo). Quem é vivo aparece, gente. Wade definitivamente não jogou como o craque de sempre, mas ao menos compensou a explosão reduzida com um pouco mais de coragem.

Com a vitória, o Miami se insere num grupo seleto de equipes a jogar a final da NBA por, no mínimo, três anos seguidos: apenas o Los Angeles Lakers (em seis ocasiões), o Boston Celtics (duas), Chicago Bulls (duas), Detroit Pistons (uma) e Knicks (uma, nos anos 50) deram conta disso.

Só mesmo, os elencos mais talentosos para se estabelecer desta maneira.

Desde que a habilidade natural esteja acompanhada por tudo aquilo que os técnicos imploram nessas gravações registradas em discursos inflamados durante paradas de tempo. Súplicas que podem parecer as mais banais. Mas que, no calor de uma decisão, podem fazer toda a diferença.

*  *  *

Pequenos detalhes. Dentro e fora de quadra. Como Erik Spoelstra  comprovou neste jogo ao limar Shane Battier de sua rotação e inserir Mike Miller. Para os técnicos conscientes, metódicos, é algo MUITO difícil de se fazer. Pense o seguinte: você ficou com um padrão de equipe por mais de 90 partidas no ano. Chega uma hora, porém, em que fica de frente para a parede. As coisas estão difíceis, tem de fazer algo. Mas primeiro você se sente obrigado a tentar até o último instante a reabilitação de um de seus homens de confiança. Até que chega a hora em que diz chega. E, para Battier, ao menos no duelo com o Pacers, chegou o fim. Toca botar Mike Miller, que estava afundado no banco de reservas, em quadra.

Mike Miller x Paul George

Mike Miller, mais do que um chutador e peça quase esquecida no banco do Miami. Talento

Miller foi muito bem em pouco tempo no Jogo 6 e mostrou que estava pronto. Na volta a Miami, não contribuiu em nada no ataque naquele fundamento que basicamente paga seu salário – o chute de longa distância –, mas mostrou por que já foi um agente livre cortejado por James e Wade para se juntar ao time. Porque ele pode fazer, sim, mais do que arremessar. Ótimo reboteador para sua posição, bom passador e um jogador inteligente que cobre bem os espaços dos dois lados da quadra. Fez a diferença em diversas posses de bola dessa maneira: ajudou muito nas dobras defensivas do segundo período derradeiro e conseguiu várias interceptações. Não por acaso, em sua linha estatística, o número mais elevado foi de roubos de bola: três. Parece nada, mas é muito mais do que o esperado e, ao mesmo tempo, descreve muito pouco o que ele fez em quadra.

E ter um Mike Miller como solução de última hora diz muito a respeito do desnível de talento nos dois grupos. O cabeludinho certamente seria o sexto homem do Pacers se estivesse do outro lado.

*  *  *

Frank Vogel foi duramente criticado por sua decisão de sentar Roy Hibbert na posse de bola final da prorrogação do primeiro jogo. Uma pane que acabou sendo custosa demais, e ele mesmo assumiu o erro. Neste Jogo 7, seu erro foi um o pouco mais sutil, mas também valeu como uma senhora derrapada. Ele falhou feio em sua rotação. Depois de vencer o primeiro período por dois pontos, abaixou a guarda muito rapidamente, ao descansar três titulares de uma vez (DJ Augustin, Sam Young e Tyler Hansbrough), permitindo a reação imediata – e a escapada dos adversários no placar. Uma coisa as estatísticas mais avançadas mostraram claramente na série: quando o Indiana tinha seus cinco titulares, juntinhos, ao mesmo tempo em ação, a equipe venceu o Miami Heat. Qualquer outra formação, porém, mesmo que fosse apenas um reserva acompanhando quatro titulares, deu Miami. Numa partida dessas, era hora de segurar um pouco mais as mudanças, mesmo que se corresse o risco de esgotar o quinteto inicial. Era a hora de ver como o oponente viria para quadra e, aí, tomar uma decisão. Mas tudo bem também: o que o treinador tirou de um plantel limitado desses é incrível, e, apenas em sua terceira temporada como o comandante, está crescendo junto com seus atletas.

*  *  *

Depois do jogo de cartas e blefes entre Popovich e Spoelstra durante a temporada regular – nos dois confrontos diretos entre dois candidatos ao título, pelo menos um dos times poupou alguns de seus principais jogadores –, agora chegou a hora de eles e suas equipes se enfrentarem para valer em quadra. As finais começam no dia dia 6, quinta-feira, em San Antonio Miami, claro. Expectativa de um grande embate.

 


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


Spoelstra dá o troco em Popovich, poupa astros e ainda vence em San Antonio
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram quando Gregg Popovich foi a Miami e poupou, de uma vez só, Tony Parker, Tim Duncan e Manu Ginóbili, né? Causou o maior reboliço na NBA, levantando a questão ética se um técnico pode, ou não, tirar seus jogadores da lista oficial sem nenhuma lesão para justificar tal iniciativa, considerando que muita gente pode ter pago o ingresso apenas para ver determinado atleta, sem contar os interesses das emissoras de TV. Pois bem, o Spurs acabou multado por David Stern, e foi uma facada de US$ 250 mil.

Tony Parker x Norris Cole e Shane Battier

Tony Parker dessa vez jogou. E o Spurs sofre uma derrota que é para deixar Popovich cabisbaixo

Na ocasião, os atuais campeões sofreram para ganhar do mistão do Pop, vencendo por 105 a 100, em jogo decidido apenas no último minuto, com direito a uma virada do time da casa no quarto período – eles perdiam por três pontos ao final da terceira parcial. Tiago Splitter, aliás, jogou muito, com 18 pontos e 9 rebotes, desfrutando da condição de ponto focal da ofensiva de seu time pelo menos por uma rodada.

Neste domingo, quatro meses depois, num movimento de aguçada audácia e ironia, Erik Spoelstra deu o troco em seu renomado companheiro de profissão, bastante admirado – ou famigerado – por esse tipo de truque. Spo foi para San Antonio e, tome!, deixou LeBron James, Dwyane Wade (e Mario Chalmers) fora da partida. E, melhor, venceu o jogo: 88 a 86.

Chris Bosh dessa vez, sim, jogou como um superastro, somando 23 pontos, 9 rebotes, 3 assistências e 2 tocos, matando 9 de eus 15 arremessos, três deles da linha de três pontos, o último deles a 1s9 do fim, para dar a seu time uma vitória que praticamente lhe garante a vantagem do mando de quadra em todos os playoffs.

Bosh contou ainda com a ajuda dos 12 pontos e 5 assistências de Mike Miller, titular no lugar de Wade, além dos 7 pontos, 3 rebotes, 3 assisstências e 4 (!!!) tocos de Rashard Lewis, que ficou com a vaga de LeBron no quinteto titular.

Esse é um resultado que mostra que o Miami já tem, sim, seu sistema, que funciona por conta própria. Que também valoriza os jogadores coadjuvantes e os enche de confiança para os playoffs – assim como o técnico do Spurs já fez com Danny Green, Kawhi Leonard, Gary Neal e outros tantas vezes. E, mais do que isso, responde a Popovich na mesma moeda.

Você vai esconder o jogo?

(Pop não só usou a oportunidade de sabotar uma partida de alta exposição para atacar Stern e a direção da liga, devido a uma sequência massacrante de tabela e viagens pela qual passava sua equipe, como também evitava mostrar suas cartas diante de um eventual adversário na luta pelo título.)

Spoelstra, jogando como cachorrão, respondeu a trucada que levou no final de novembro. Pediu seis e ainda levou o monte, deixando Pat Riley orgulhoso que só.


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