Vinte Um

Arquivo : Ilyasova

A conquista de Toronto por Bruno Caboclo
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Giancarlo Giampietro

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“Toronto, 21 de novembro de 2014.

Galera, jamais vou esquecer o que aconteceu hoje. Vocês sabem, entrei num jogo oficial de NBA pela primeira vez e marquei oito pontos. O jogo tava decidido já, mas foi tudo muito especial. Sonho realizado, não tem o que dizer! A torcida pirou comigo e deixou tudo ainda mais incrível. Nessas horas a memória recupera um monte de coisa, tudo passando muito rápido. Importante registrar aqui o que rolou, apesar que da minha cabeça nunca mais vai sair!

Tudo começou quando o professor ficou sabendo que não ia poder usar mesmo o James Johnson, o cara do kickbox, que tá com o tornozelo machucado. Aí ele acabou me relacionando para a partida ao lado do amigão Lucas Bebê. Se a gente fosse olhar pra tabela lá atrás, o jogo contra o Milwaukee Bucks era para ser fácil, uma boa chance para estrear, como contra o Philadelphia 76ers. Acontece que o Bucks vem jogando bem e tá até mesmo na briga por playoff nesse comecinho de temporada. Então não dava para saber. O legal é que, se fosse para acontecer, eu pelo menos evitaria de entrar em quadra com aquela roupa bem ridícula de estampa militar. No fim, escapei daquela!

O curioso é que minha estreia  acabou acontecendo justamente contra o Giannis, o grego com o qual eu já fui muito comparado. Sabe aquela coisa de Kevin Durant brasileiro, né? Pois é, também ouvi por aí que eu seria o Giannis Antetkompo… Como escreve mesmo? Enfim, vocês entendem, que eu seria o grego brasileiro. Só porque viemos de uma liga pouco assistida no mundo todo e por termos entrado na NBA muito jovens, ainda no final de nossa adolescência. Ah, e também por termos o agente. Enfim, acaba sendo meio que irônico.

Claro que, quando o quarto período chegou e meu time tava dando uma sova no Milwaukee, essa coincidência nem passava pela minha cabeça. E pela barriga? Vixe, na minha barriga era como se tivessem borboletas. Já tava batendo aquele nervosismo, que poderia ser a hora de jogar, mesmo. A galera não ajudou, gritando meu nome sem parar. Eu enterrei a cabeça no meio da toalha, mas eles não pararam. Foi emocionante. E brincadeira. Claro que eu queria jogar e eles deram uma baita força. Mas dava meio que vergonha. Quando acabou o terceiro período, a gente tava vencendo por 101 a 57, e aí o treinador Casey me chamou e disse que tinha chegado a hora. Vi até gente na galera que ficou de pé pra aplaudir. Putz! Não tinha mais volta, vamo que vamo. 

No primeiro ataque, o Loui Williams errou um chute de dois de longe. Depois, aquele turco do Milwaukee fez uma cesta. Então chegou minha vez, né? Tentei um arremesso de três pontos, que venho treinando bastante. Na pré-temporada e na liga de verão os técnicos meio que já tinham me dito para trabalhar isso e, na hora dos jogos, deu pra ver que ali na zona morta é onde eles querem que eu fique. A linha de três fica mais curta dali, então tudo bem. Acabei errando, mas não perdi a confiança, não. Tanto que aquele minuto ali passou rapidão. Depois que um armador do Bucks perdeu um arremesso de média distância, saí correndo que nem um maluco pro ataque. Aí o Lou foi bem camarada e inteligente. No meio da quadra, viu que eu tava lá sozinho, na banheira. Ele acabou passando a bola ainda um pouco mais na frente pra mim. Doido! Ainda bem que sou atlético, né? Porque consegui pegar o passe na pinta, direitinho mesmo e fui pro aro com tudo. Cravei!

  

Se eu escrevo aqui que o Lou Williams foi doido de mandar um passe daquele, loucura mesmo aconteceu depois da cravada! Caraca, o ginásio ficou descontrolado. Era Bru-no, Bru-no sem parar no canto! Eles ficavam falando meu nome até mesmo naquela hora de gritar “defesa”. Eles queriam ficar falando de mim o tempo todo, eita. Só sei que a adrenalina foi a mil e nem dá muito tempo de pensar. O turcão errou um arremesso de fora, e peguei o rebote. Trabalhamos a posse de bola, e com dois segundos ainda no relógio, eu meti minha primeira de três. Foi mais uma assistência do Greivis Vasquez, que tem me ajudado bastante no dia-a-dia também. Mandei pro aro sem pensar, no automático, na cara do turco. Quando correu mais de três minutos de quarto, teve tempo na quadra. Foi o tempo da TV. E funcionou direitinho, porque aí o técnico falou pro Lucas Bebê entrar na quadra também. Aí era festa completa! Saiu o Patterson. Pena que no primeiro ataque acabei perdendo a bola. Seria legal  se o Bebê já desse uma cravada dele.

Aqui nessa foto acho que tou tentando pegar um rebote, mas ficou meio estranha. Tá valendo!

Aqui nessa foto acho que tou tentando pegar um rebote, mas ficou meio estranha. Tá valendo!

O jogo foi rolando, e ficamos um tempo sem mexer no placar quando o Bebê sofreu falta. Ele errou os dois lances livres, uma pena. Mas de repente era para ele pontuar pela primeira vez com mais estilo, né? Nem sempre vai rolar uma ponte de primeira, que nem pra mim, mas no lance livre não dá nem graça. O engraçado foi que, no segundo erro do Lucas, o Landry Fields veio do nada para socar a bola direto no aro. Tipo Michael Jordan. Afe!!! A galera pirava. Era festa, mesmo, no ginásio. Nunca vi nada parecido na minha vida. E eles curtiram ainda mais quando larguei outra bola de três! Raptors 116 a 64! #WeTheNorth!!!! Kkkkk.

Pois é, esses foram meus oito primeiros pontos na NBA.  Dava o friozinho na barriga, mas não era medo. Vocês me entendem, né? Tinha mais era de curtir esse momento e foi o que fiz. A torcida aproveitou bem mais, e isso foi bem legal. Não vou esquecer isso nunca mais. Nem do toco que eu dei no alemãozinho do Bucks – Wolters tava na camisa dele –, nem da primeira cesta do Bebê, em outro passe do Vasquez, já mais pro finalzinho. A torcida não parava e me matava. Agora cantavam “Vamos, Bruno”. Acho que eles gostam do meu nome.

No final do jogo, na hora que liberaram a entrada da mídia no vestiário, nem acreditei: vieram todos aqueles caras falar comigo. O Lou Williams, aquele mesmo que deu o passe para minha p.a., tirou foto e sarro da minha cara, dizendo que minha mãe iria adorar. E aí vem o Bebê e me alopra! Disse que todo mundo me amava porque eu era que nem o Justin Bieber! Sai fora!

 

Aí fiquei sabendo que meu nome virou assunto comentado no Twitter! Isso aí é mais doideira ainda. De tanta coisa para falar de NBA numa noite de sexta-feira, tava lá meu nome no TT mundial!??!?!!? Valeu, galera, pelo apoio! Fico muito feliz, vocês todos aí acordados até tardão.

Agora tá tarde aqui também, hora de voltar pra casa. Vai ser duro dormir, porque meu coração tá batendo forte até agora, mas não tem essa de balada, não. Os veteranos com certeza tinham algum plano pra mim, mas sou desses moleques sérios, e tem de descansar porque amanhã tem o LeBron por aí! Acho bem difícil que eu possa jogar essa. Tá todo mundo esperando um jogo mais difícil, porque o Cleveland tá   estrela, mas mais perdem que ganham por enquanto.

E não pode esquecer que só entrei no banco porque meu timaço tinha desfalque. A gente tá brigando pela liderança da conferência, e não vai ser sempre que o técnico vai me por pra jogar. Lembrem que o jogo tava com mais de 30 pontos de vantagem quando entrei, e os caras do Milwaukee ainda venceram o quarto período, chatões. Vou esperar pra ver. Já disse pros jornalistas aqui: quando estou no banco, o que mais fica forte em mim é minha cabeça. Tou aprendendo. Vai ser bacana demais de qualquer jeito poder ver o Anderson Varejão. Ah, e ver o LeBron de perto também!

Fui!”

*Vocês devem imaginar, mas não custa avisar que não teve depoimento nenhum, ok? Apenas uma brincadeira, um texto fictício com base em relatos colhidos por aí na rede www, nesta madruga.


Onda de eliminações surpreendentes atinge Europa; Finlândia passa, Rússia e Turquia ficam
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Giancarlo Giampietro

Koponen e o expresso finlandês

A Finlândia de Petteri Koponen (d) apronta no EuroBasket

A Copa América ainda realiza nesta terça e quarta-feira sua disputa por medalhas. O EuroBasket ainda caminha para sua segunda rodada. De qualquer forma, com o AfroBasket e o Campeonato Asiático já encerrados, um cenário nesta temporada 2013 já fica bem claro: as seleções desfalcadas e, antes de tudo, despreparadas tendem a ficar pelo caminho, não importando seu histórico ou potencial.

Para quem ainda não juntou tudo o que vem acontecendo nessas últimas agitadas semanas, segue uma lista das principais seleções habituadas a frequentar a Copa do Mundo, mas que já estão eliminadas, dependendo agora exclusivamente de um dos quatro convites disponibilizados pela Fiba para entrar na festa:

Europa
Alemanha, Rússia e Turquia (a lista vai acrescer ainda, pois ainda temos 12 times vivos disputando seis vagas).

Américas
Brasil e Canadá.

África
Nigéria e Tunísia.

Ásia
China.

Nesse apanhado de times, em termos de elenco, há de tudo: extremamente desfalcados (Brasil, Alemanha, Rússia), moderadamente desfalcados (Canadá) e os que tinham basicamente o que têm de melhor em quadra e, ainda assim, fracassaram (Turquia, Nigéria e China). Então não é que tenha uma explicação única por trás dessas surpresas.

Nem mesmo no caso das ausências. Por exemplo a Rússia. Ficar sem Andrei Kirilenko ou Viktor Khryapa já seria ruim – ainda mais AK, Kirilenko, cuja escalação tem feito toda a diferença nos últimos anos, ganhando bronze olímpico em Londres ou conquistando um EuroBasket batendo a Espanha lá. Agora, perder os dois ao mesmo tempo? A coisa complica, mesmo. Mas o que teria pesado mais para o fiasco de uma eliminação na primeira fase do campeonato continental? Não contar com seus dois principais jogadores (+ os gigantescos Timofey Mozgov e Sasha Kaun) ou o fato de não terem mais o inventivo David Blatt no comando? Ou que seu substituto, o grego Fotios Katsikaris, tenha pedido demissão agora em julho e a bomba, caído no colo de Vasily Karasev, ex-armador da seleção nacional que virou técnico em 2010 e só assumiu um time adulto pela primeira vez em 2012?

Sim, foi dessa forma que os caras chegaram ao torneio continental, em frangalhos, com um treinador jovem e, pior, interino. Aí não há Aleksey Shved, Vitaly Fridzon ou Sergey Monya que deem conta e evitem uma campanha de apenas uma vitória em cinco partidas, perdendo para Finlândia e Suécia.

E sobre quem foi esse único triunfo?

A Turquia. Sim, a Turquia de Ersan Ilyasova, Omer Asik, Hedo Turkoglu, Semih Erden, Emir Preldzic e outros. Que também venceu apenas um jogo, contra os suecos, igualmente eliminados. Que também definiu seu treinador de última hora, ainda que  este não fosse uma novidade: o experiente e vencedor Bogdan Tanjević, com quem foram vice-campeões mundiais em 2010 (jogando em casa, diga-se).

Foi aquela boa e velha baderna: dificuldade para definir o grupo final, um monte de grandalhões no mínimo competentes, mas armação falha, Turkoglu se comportando como o craque nunca foi e amassando o aro (indesculpável  aproveitamento 17,9% nos arremessos de quadra), atletas desinteressados durante pedidos de tempo, o ignorado Enes Kanter dando risada no Twitter depois da eliminação em uma derrota para os arquirrivais da Grécia para, depois, decidir que não era a melhor ideia, apagando o post… Enfim, tudo o que de caótico você pode esperar, ainda que dinheiro não seja problema para a federação local e que suas principais estrelas estivessem fardadas.

Hahahaha, Kanter

Turkoglu sozinho deve ganhar mais que todo o elenco finlandês, mas isso não foi o suficiente para evitar o revés por 61 a 55 na estreia diante dos nórdicos, que lideraram o confronto de ponta a ponta. Quem podemos destacar nesse time? O armador Petteri Koponen é o mais conhecido e talentoso. Aos 25 anos, ele defende o endividado Khimki Moscou, tendo sido selecionado na 30ª posição do Draft de 2007 pelo Portland Trali Blazers, mas cujos direitos foram repassados mais tarde ao Dallas Mavericks. Um jogador corajoso e atlético, que vem liderando sua equipe com 14 pontos, 4,8 assistências e 3,8 rebotes no torneio. Para os torcedores mais saudosistas do Atlanta Hawks, listamos também o pivô Hanno Mottola, aparentemente um imortal aos 37 anos, que jogou na NBA entre 2000 e 2002 e voltou a jogar depois de ter anunciado a aposentadoria em 2008!

Pois é. Estamos numa temporada em que avança a Finlândia, enquanto Rússia e Turquia ficam pelo caminho, não importando quem tenha se apresentado.

Ter Ike Diogu e Al-Farouq Aminu também não livrou a Nigéria de uma derrota para Senegal nas quartas de final na África. A Tunísia caiu ainda mais cedo, nas oitavas, diante do Egito, mesmo apresentando a base campeã continental em 2011. Na Ásia, da mesma forma precoce dançou a acomodada China, com Yi Jianlian e tudo, em uma derrota para Taiwan. Num início de trabalho com Steve Nash atuando como dirigente, o Canadá conseguiu juntar boa parte de sua molecada talentosa da NBA, mas lhe faltou experiência na luta pela vaga no hexagonal americano.

A distância entre as supostas potências (ou “favoritos”) e os (não mais) eternos sacos de pancada diminuiu consideravelmente. Entrar com credenciais já não serve de mais nada. Esses vão ter de jogar, e jogar bem, para vencer, como os jamaicanos deixaram claro para brasileiros e argentinos.

Daí vem a frustração com o trabalho de Rubén Magnano este ano – especificamente neste ano. Com o time completo talvez a campanha brasileira na Copa América tivesse sido completamente diferente, muito provavelmente sim, mas, considerando o que vem acontecendo em todo o globo, nem mesmo essa hipótese pode ser mais encarada como uma garantia. E, de qualquer forma, essa hipótese, de time completo, já estava  aparentemente descartada para todos, menos o treinador.

Num contexto em que todos se veem no mesmo balaio, o argentino era para ser um trunfo da seleção brasileira, alguém que pudesse fazer a diferença, deixando-a bem preparada para as batalhas que viriam. Obviamente não aconteceu dessa vez. Difícil aceitar isso, até para ele, e daí saem os ataques aos que não embarcaram, de pura frustração. Que ele se acostume a partir de agora.

No mundo Fiba versão 2013, de fácil, mesmo, só a vida de Austrália e Nova Zelândia, que só precisa cumprir tabela em dois amistosos no (coff! coff!) Campeonato da Oceania para garantirem suas vaguinhas.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


Mercado da NBA: panorama da Divisão Central
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Giancarlo Giampietro

O post já vai ficar imenso, então vamos direto ao assunto. A partir desta quarta-feira, os clubes da NBA começaram a oficializar os acordos que trataram nos últimos dias, em período agitado no mercado de agentes livres. Nesta quarta, resumimos o Leste. Confira o rolo em que cada franquia da Divisão do Central se meteu, ou não, abaixo:

Cleveland Cavaliers: os principais reforços do time de Kyrie Irving (já dá para tratar assim, né?) por enquanto vêm do Draft: o ala-armador Dion Waiters, ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse, e o pivô Tyler Zeller. Em termos de negociações por agentes livres, tudo anda muito quieto em Ohio. A equipe chegou a ser envolvida na central de boatos própria que virou a negociação entre Nets e Magic por Dwight Howard, mas se recusou a receber o ala Kris Humphries com um contrato de mais de um ano de duração. Certos eles. Também se recusam a falar sobre Anderson Varejão com os diversos interessados.

Daryl Morey

Chicago agora detesta Morey

Chicago Bulls: o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, deve ser o novo inimigo público número um em Chicago, uns 80 anos depois de Al Capone. O rei dos nerds fez uma proposta diabólica pelo turco Omer Asik, que, se coberta, vai estrangular as finanças do Bulls daqui a dois anos. A partir desta quarta, John Paxson e Gar Forman têm três dias a mais para debater se vale a pena segurá-lo. Ronnine Brewer e CJ Watson, que dá lugar ao repatriado Kirk Hinrich, já foram dispensados. Kyle Korver ainda não sabe o que o futuro (breve) reserva. O novato Marquis Teague também vai ajudar Hinrich na missão de preencher os minutos perdidos pela lesão de Derrick Rose. Ah, e Luol Deng vai se quebrando ainda mais pela Grã-Bretanha.

Detroit Pistons: dos contratos bizarros que Joe Dumars andou distribuindo nos últimos anos, de um ele se desvencilhou no mês passado: Ben Gordon, mandado para Charlotte em troca de Corey Maggette. O ala ainda pode ter alguma utilidade, mas sua maior relevância para o clube é o fato de estar no último ano de seu contrato. Para o garrafão, na tentativa de dar uma força para o talentoso Greg Monroe, chegam o novato Andre Drummond, apenas 18 anos e forte candidato a pior chutador de lances livres da história da liga, e o ucraniano Vyacheslav Kravtsov, uma contratação surpreendente que agrada a muitos olheiros do basquete europeu, por sua capacidade atlética e evolução recente na liga de seu país. Ainda precisam arrumar o que fazer com Charlie Villanueva.

Vyacheslav Kravtsov

Ânimo, Kravtsov: você vai trocar de uniforme

Indiana Pacers: com um elenco jovem e barato, o Pacers brigou para valer com o Miami Heat nos playoffs, numa história inspiradora para os pequenos mercados da NBA que tentam se virar como podem diante das potências econômicas. Tava tudo muito bonitinho até que a temporada se encerrou de vez para escancarar uma rede de fofocas e intrigas na direção do clube. O resultado foi a demissão do gerente geral David Morway e na saída do presidente Larry Bird, que havia promovido o brilhante – e genioso – Kevin Pritchard para o cargo de seu antigo assessor. O veterano Donnie Walsh, arquiteto daquela versão histórica do Pacers dos anos 90 liderada por Reggie Miller, assume o cargo de Bird, para aliviar a tensão. George Hill teve seu contrato renovado, mas ainda não há sinal nenhum sobre as intenções do clube a respeito de Leandrinho. O pivô Roy Hibbert fica. Depois de flertar com o Portland, do qual iria receber uma bolada, foi avisado de que nem precisaria assinar a proposta, que ela seria coberta de imediato.

Milwaukee Bucks: Está aqui uma dessas franquias que poderia se inspirar no que fizeram o Pacers, com ou sem intriga, vá lá. A prioridade de John Hammond era renovar com o versátil ala-pivô turco Ersan Elyasova e, a despeito de muito assédio, até da Europa, ele conseguiu. Outro estrangeiro, o argentino Carlos Delfino deve estar de saída. Chegam os novatos John Henson, ala-pivô magrelo, mas ótimo defensor, e Doron Lamb, campeão universitário por Kentucky e de boa pontaria nos três pontos.

Veja o que aconteceu até agora nas Divisões do Atlântico e Sudeste.

Na quinta, passamos a limpo aqui a Conferência Oeste.


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