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Arquivo : Liga ACB

Arrancada de Raulzinho é destaque entre os brasileiros da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Raulzinho de roupa nova no País Basco

Raulzinho para o ataque: armador brasileiro vai mostrando evolução na liga

Para um esportista, a maioridade pode tardar um bocado pra chegar.

Veja o caso de Raulzinho, por exemplo, em que ela parece ter dado as caras aos 20 anos. O jovem armador vem sendo uma grata surpresa no início na temporada 2012-2013 da Liga ACB, ainda que seu Lagun Aro GBC venha com uma campanha decepcionante, depois de ter feito os playoffs na edição passada.

Em cinco rodadas até aqui, o armador vem com médias de 13,4 pontos, 4,2 assistências, 3,8 rebotes e 1,8 roubada de bola. No aproveitamento de arremessos, 50% de três pontos, 46% de dois e 75% nos lances livres. Para quem estiver mais habituado a ler os números produzidos na NBA, pode não parecer muita coisa. Mas é preciso ponderar aqui alguns fatores importantes, como: a) o ritmo mais cadenciado da liga espanhola; b) a menor duração das partidas (40, contra 48); c) a idade do jogador, que também tem pouca experiência  no basquete espanhol.

Raulzinho aponta

Cadenciar o jogo é algo que Raulzinho ainda vai aperfeiçoar em seu jogo na Espanha

No elenco da equipe basca, o brasileiro é o líder em minutos jogados, pontos (de longe, com 2,4 de média a mais que o experiente Qyntel Woods, ex-Jailblazer), assistências, bolas recuperadas, mira de três pontos e, por fim, no índice de eficiência. Além de ser o terceiro em (!) rebotes.

Um desempenho que serve como testemunho de seu trabalho com Rubén Magnano durante os meses de junho e julho, quando se preparou com o argentino e a seleção olímpica. Se não recebeu os minutos mais consistentes no torneio, ao menos os treinamento lhe ajudaram a ficar na ponta dos cascos

Por enquanto,  porém, o sucesso individual de Raulzinho não vem sendo traduzido para o coletivo e para a classificação do campeonato. O que não quer dizer que o garoto venha afundando o time, que demorou para reunir todas suas peças, mas ainda tem tempo para se arrumar.

Neste domingo, em derrota do Lagun Aro para o Fuenlabrada por 86 a 75, o brasileiro somou 13 pontos, 4 assistências, 5 rebotes e três roubos de bola em 26 minutos. Ele só não conseguiu um bom aproveitamento nos arremessos de dois pontos, errando sete de suas dez tentativas. Nos tiros de fora, foram duas cestas em quatro.

Um detalhe interessante: o brasileiro saiu do banco nesta jornada e foi responsável pelos dois primeiros pontos de sua equipe no confronto. Sabe com quanto tempo de jogo? Cinco minutos. Até então, os visitantes haviam marcado dez pontos sem resposta. O que dá praticamente a vantagem final no placar.

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Na temporada passada, numa prova de seu jogo explosivo, Raulzinho anotou 13 pontos em menos de oito minutos de jogo em vitória sobre o Obradoria, vendo seu tempo de ação reduzido apenas devido ao acúmulo de faltas. Foram, mais precisamente, 8min54s de jogo para o rapaz, que se inseriu num ranking bem maluco que o site da liga espanhola tratou de mantar: o de maior número de pontos no menor período de tempo de jogo. Por curiosidade, o brasileiro ficou em quarto. O ex-armador José Luis Ferreira conseguiu 5min18s  na temporada 1992-93 16 pontos pelo OAR Ferrol e é o líder, seguido pelos 13 pontos em 6min35s do pivô Germán Gabriel pelo Estudiantes em 2001-02 e pelos 13 pontos em 6min49s de Xavi Crespo pelo Barcelona em 1993-94.


Arenas deve ser próxima estrela renegada da NBA a jogar na China
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Giancarlo Giampietro

Stephon Marbury abriu o caminho. Tracy McGrady partiu ano. E já, já os dois jogadores devem ter a companhia de mais uma estrela renegada da NBA na China: Gilbert Arenas, que, segundo consta, recebeu… Hã… Zero propostas para estender sua carreira na liga norte-americana.

Marbury eterno

Marbury eterno: ex-armador de Knicks, Suns, Nets e Wolves é ídolo em Pequim

Ao que tudo indica, levando em conta  a cultivação intensa de novos talentos nos Estados Unidos, a crise europeia, o dinheiro das corporações chinesas e a carência de ídolos no campeonato do país, não seria de se estranhar que outros antigos All-Stars também sigam esta rota.

Tal como T-Mac, Arenas sofreu com muitas lesões nos últimos anos, mas sua ficha corrida de problemas fora de quadra pesa ainda mais para forçar seu exílio.

Que tipo de problema? Bem, tirando o episódio de ter sacado uma pistola e ameaçado um bangue-bangue com Javaris Crittenton no vestiário do Washington Wizards, ele acabava incomodando mais suas franquias, no aspecto corporativo, devido ao seu comportamento errático. Em um primeiro momento, seu senso de humor atraía fãs e rendia um bom lucro para a franquia. Desde o episódio das armas, porém, qualquer piada do veterano, descambava para o mau gosto para a opinião pública.

Orlando Magic e Memphis Grizzlies ainda estenderam a mão para o escolta, mas seu basquete já não lembrava em nada o daquele astro da década passada – em 2005-2006, foram 29,3 pontos de média –, nos tempos em que perturbava as defesas com um primeiro passo explosivo, muita criatividade no drible e um arremesso que funcionava de muitos ângulos diferentes. Aos 30, ele deixa a NBA com 20,7 pontos por jogo.

Na China, pode ser que o Agente Zero, caso acerte mesmo com o Guangdong Southern Tigers, chegue a esse tipo de número. No ano passado, devido ao locaute, alguns americanos se precipitaram e fecharam contrato com times chineses. Entre eles estavam JR Smith e Wilson Chandler. Suas estatísticas foram de videogame. Smith chegou a marcar 60 pontos numa partida, com direito a 14 chutes certos em 18 tentativas da linha de três pontos. Sim, pode ler a frase anterior den ovo que é tudo verdade. Em seu jogo de estreia, Wilson Chandler somou 43 pontos e 22 rebotes. Tipo Wilt Chamberlain.

JR Smith, na maior folga

JR Smith sofreu para se adaptar fora de quadra; quando jogava, reinava na China

Tratado como um pária em Nova York, Stephon Marbury, aliás, já virou estátua na capital chinesa depois de ter ajudado o Beijing Ducks os Patos de Pequim a conquistar o título na última  campanha ao marcar 41 pontos no Jogo 5 das finais do campeonato. Ele está no país há três temporadas.

Por isso, na hora de receber uma oferta com um ano de contrato garantido, de poder explorar um mercado gigantesco e ainda mandar em quadra, fica difícil para um veterano dizer não. “Os jogadores que podem ganhar um salário mínimo na NBA podem muito bem decidir ir para a China, em vez de esperar por um contrato da NBA”, afirmou o agente Mark Bartelstein, que trabalha com mais de 30 atletas na liga americana.

A não ser que esse veterano se chame Allen Iverson. Sempre do contra, o genial e genioso baixinho do Sixers já disse não aos chineses.

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Um artigo recente do HoopsHype expõe o quanto a crise europeia está mudando o mapa do mercado de transferências do basquete. Neste ano, um número muito reduzido de jogadores com selo NBA se transferiu para países que antes eram contumazes importadores como Espanha, Itália e Grécia.

“A Liga ACB espanhola costumava ser a melhor liga, mas a base do que eles podem bancar mudaram bastante. Os times de nível médio para baixo sofreram um grande golpe. Atletas que talvez estivessem ganhando US$ 250 mil por ano estão fazendo agora entre US$ 80 e 100 mil”, disse Bartelstein.

Isso quando o dinheiro cai de verdade no banco, claro. “Não há mais lugares seguros na Europa. A Fiba pode até ajudar, mas em muitos, se não na maioria dos lugares na Europa, você agora gasta mais tempo lutando pelo dinheiro de seu jogador do que administrando sua carreira”, afirmou o empresário Bill Neff.

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A temporada 2012-2013 da NBA começa pela primeira vez sem um chinês desde 2001, ano em que o pivô Wang Zhizhi assinou com o Dallas Mavericks para ser o primeiro atleta do país a jogar na grande liga. Depois de tanto vagar pelos EUA, sem confirmar seu talento, Yi Jianlian voltou para casa. Ele agora aguarda a chegada de Arenas ao Guangdong Southern Tigers.


Façanha de veterano espanhol resgata época dominante de Oscar na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Oriol Junyent, aos 36 anos, teve talvez a partida de sua vida na Liga ACB. O veterano pivô do Obradoiro (vulgo “Blu:sens Monbús”) arrebentou com o garrafão do CB Canarias neste fim de semana, chegando a um índice de eficiência de 31 pontos, devido aos 20 pontos, seis rebotes, 11 faltas recebidas e sete cestas em oito tentativas de quadra. Tudo isso em apenas 22 minutos de jogo. Afinal, ele já não é dos mais jovens em quadra e precisa de um descanso.

Mas não vamos falar aqui de Junyent, que foi revelado na base do Barcelona e viveu seus melhores anos no campeonato entre 2001 e 2005, mas nunca chegou a ser uma estrela ,com médias de 6,9 pontos e 4,4 rebotes na carreira.

Oscar, na época de Valladolid

Oscar jogou apenas por duas temporadas na Espanha, mas foi o suficiente para marcar seu nome

É que a façanha estatística do pivô – superar a casa de 30 pontos de eficiência aos 36 anos – permite que se resgate a época em que um certo Oscar Schmidt era dominante na Espanha, com esta mesma idade.

Calma. Não vamos fazer aqui uma apologia de que só contam os cestinhas e nada mais no basquete – Carlos Jiménez, Andrei Kirilenko já ganharam seus posts para reforçarem o outro lado do jogo, menos badalado e igualmente importante –, mas isso não quer dizer também que os muitos feitos históricos do legendário ala brasileiro não sejam de embasbacar.

O site da ACB recuperou quais os jogadores que conseguiram superar essa difícil barreira estatística com 36 anos no documento. E Oscar foi o segundo que mais vezes bateu este feito, em sete ocasiões. Também foi quem estabeleceu o melhor índice, e disparado: 50 pontos de eficiência numa só partida, e disparado. São dez a mais do que conseguiu o ala Bill Varner, norte-americano que fez carreira na Europa nos anos 80.

(Para registrar: George Gervin, primeiro grande ídolo do Spurs, o “Iceman” da NBA, aquele que completava as bandejas mais plásticas até hoje vendidas em imagens históricas da liga norte-americana, superou a casa dos 30 pontos de eficiência dos 36 para cima em oito oportunidades.)

Existem chutadores malucos e chutadores vorazes. Entre as duas definições, pode haver um oceano todo de pontos de diferença, como no caso do Mão Santa, que justificava com facilidade o criativo e simpático apelido. Sua munheca podia ser divina, mesmo. Para um sujeito ter 50 pontos de eficiência num jogo, ele tem de ser dominante na quadra.

Por exemplo: o líder nesse quesito durante o fim de semana foi o ala canadense Carl English, que conseguiu 37 pelo Estudiantes contra o Cajasol. Foram 32 pontos, sete rebotes, duas assistências e conversão de 11 chutes 19 tentativas de quadra, sendo 7/11 na linha dos três pontos. Nada mal. Nada mal, mesmo. Só vale lembrar que English hoje tem 31 anos, cinco mais jovem do que Oscar na época – e foram 13 pontos de eficiência a menos. Tentem, imaginar, então, a linha estatística do brasileiro.

Seja por suas intempéries como cidadão, pelo papel de patropi forjado nas cabines de transmissão ou por ter jogado até idade avançada, muitos podem se confundir na hora de avaliar o que o ala fez em quadra. Esse pequeno levantamento feito pela liga espanhola, porém, ajuda a refrescar a cuca, avaliar as coisas com mais calma e distanciamento e ver o quão importante o cara já foi em quadra.

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Oscar em ação no auge

Oscar para o ataque

Nas Olimpíadas de Seul-1988, Oscar marcou inacreditáveis 42,3 pontos por jogo, quase 20 a mais do que o talentosíssimo ala australiano Andrew Gaze fez (23,9). O Brasil terminou em quinto naquela edição, mesma colocação da equipe de Magnano em Londres-2012. Antes que o acusem de unidimensional, saibam que apanhou 7,8 rebotes naquela campanha.

Naquele torneio, a seleção foi eliminada nas quartas de final pela eventual campeã União Soviética, num jogo em que tiveram chance: 110 a 105, depois de terem vencido o primeiro tempo por cinco pontos. Oscar atuou por 37 minutos e marcou 46 pontos, convertendo 13 de 23 chutes de quadra (5/8 nos três pontos) e fantásticos 17 em 18 lances livres.

(Reparem na linha daquela muralha que era o pivô Israel: 22 pontos e 11 rebotes contra um garrafão poderoso formado por Arvydas Sabonis e Alexander Volkov.)

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Com 2,05 m de altura, Oscar tinha esta vantagem: podia arremessar por cima da maioria de seus marcadores, o que lhe permitiu ser essa máquina de fazer cestas com idade avançada, mesmo quando sua capacidade atlética já não lembrava em nada a daquele ala que completava pontes aéreas com Carioquinha nos primeiros anos de profissional. Grosso modo, é como funciona com Dirk Nowitzki hoje pelo Dallas Mavericks.

Só assim para explicar como, aos 38, ele conseguiu, em Atlanta-1996, marcar 26 pontos contra os Estados Unidos, sendo marcado por gente como Scottie Pippen e Grant Hill. Neste torneio, porém, ele já não tinha mais a mesma eficiência, mas eram 38 anos, oras.

Dessa época, de todo modo, podem ter ficado os resquícios que o tacham de fominha inconsequente – bem, em Seul ele deu apenas oito assistências na campanha inteira, e, mesmo que a distribuição das estatísticas não fosse, naqueles tempos, das mais generosas, é muito pouco. Difícil, não há muito como negar a “fome”.  Também não era o melhor marcador, mas é difícil de acreditar que os 25, 30 pontos que ele fazia de um lado eram todos descontados precisamente do outro. Enfim, o Mão Santa pode não ter sido um jogador perfeito, completo. Mas foi um jogador único e mortal ao seu modo.

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Oscar é o maior cestinha de campeonatos mundiais, com 843 no total e 24,1 por jogo. Também é o maior cestinha, com 1.094 e 28,8, respectivamente. Foi sete vezes o cestinha do Campeonato Italiano e uma vez da liga espanhola. Eleito em 1991 um dos 50 melhores jogadores da Fiba, ao lado de Wlamir, Ubiratan e Amaury.

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Para fechar, um duelo entre Oscar e Drazen Petrovic em uma copa europeia de 1989 (Copa dos Vencedores de Copas Europeias, tá?). O brasileiro jogando pelo Caserta, da Itália, e o croata, pelo Real Madrid. Oscar leva o jogo para a prorrogação com um chute daqueles, mas acaba excluído no tempo extra com cinco faltas e 44 pontos. Petrovic beirou os 60 pontos e na prorrogação passava por marcação dupla no perímetro. Notem como o jogo era mais leve, as defesas mais vulneráveis e que ser um defensor no mano-a-mano ruim não era um fator restrito ao maior cestinha olímpico:


A longa e tortuosa trajetória de Vitor Faverani rumo ao estrelato na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Faverani na Liga ACB

Vitor Faverani, diário para 17 mil páginas

O destaque principal da capa do site oficial da Liga ACB era Vitor Faverani. A manchete, mesmo: “As 17 mil páginas de Vitor Faverani“.

Logo no primeiro parágrafo, muito mais cultos do que qualquer blogueiro do Vinte Um poderia sonhar, recorrem a uma (?) brincadeirinha citando um (??) filósofo (?!?) suíço Henri-Frédéric Amiel. Os catedráticos que me desculpem, mas não constava nas referências bibliográficas do blog.

(Legal também que o suíço é xará daquele nosso velho conhecido Amiel, o cubano que jogou por Fla e Saldanha da Gama e por onde anda agora?)

De todo modo, a brincadeirinha era a seguinte: Amiel teria escrito, de próprio punho, o maior diário já conhecido pela civilização ocidental, com essas 17 mil páginas, durante 42 anos, seu “Journal Intime”. Uma das pensata que se destacam no compêndio seria esta aqui: “A verdadeira humildade consiste em estar satisfeito”.

Para o redator da matéria, essa frase seria boa para “definir a infância e crescimento daquele garoto brasileiro que jamais deixou de crescer”.  E aí mergulhamos num extenso perfil sobre o pivô brasileiro, hoje um dos destaques da liga espanhola, mas que ficou muito perto de ser apenas mais uma promessa perdida na Europa.

Vamos tentar resumir em parágrafo: Faverani nasceu em Porto Alegre, viu seus pais se separarem bem cedo, se mudou com a mãe para Paulínia, na corrida pelo ouro negro (cinema a gente sabe citar, tá vendo?), brincava de esportes com o irmão até não poder mais e esperar a mãe voltar para casa, espichou, começou a deslanchar no basquete, tinha de calçar um tênis 44 em um pé 46,  em um ano saiu dos Jogos Abertos para a seleção e Málaga, atraía todos os olheiros quando adolescente, deu muito trabalho para os treinadores, rodou de clube em clube até se encontrar e virar o que virou hoje. Ufa.

Texto em espanhol, longo pacas, pois eles conseguem se perder mais que o sujeito aqui, mas é fácil de se comprrender. Para saber dos detalhes, com declarações de muitos de seus treinadores – incluindo o italiano Sergio Scariolo, atual comandante da Espanha –, para conhecer mais sobre este enigmático e misterioso pivô brasileiro, que ainda não se dá com Magnano, vale o clique.

Ele fala sobre o rap do grupo gospel Éfeso que ouve umas 20 vezes antes de ir para quadra para se motivar e sobre estar agora decidido a deixar sua marca como jogador de basquete. “Tomara que um dia as pessoas digam: “Faverani, que grande pivô. Se me meti no mundo é para terminar e dizer a mim mesmo que consegui. Esse é o meu sonho. Espero que pas pessoas sigam falando de mim e melhor, agora pelo meu trabalho, porque foi muito duro. Agora tem a recompensa final”, afirmou.

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Com 24 anos, Vitor é apenas dois anos mais velho que Fab Melo e Scott Machado e dois anos mais jovem que Rafael Hettsheimeir. Ainda tem espaço para se desenvolver muito mais, com uma vantagem: com tempo regular de quadra no segundo campeonato de clubes mais forte do mundo, no qual é protagonista de sua equipe.

Em duas partidas na atual temporada da ACB, já somou 22 pontos, 25 rebotes e cinco tocos, com ótimo índice de eficiência (47) e excelente aproveitamento de quadra (54%) e nos lances livres (89%). Com ele em quadra, sua equipe venceu por 23 pontos, jogando contra Barcelona e Fuenlabrada.


Barça busca 3ª vitória contra rival de NBA em mais um teste para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas x Deron Williams

Huertas ignorou a marcação de Deron Williams em amistoso

Lembram do zum-zum-zum que Marcelinho Huertas causou com sua atuação no amistoso da seleção brasileira contra os Estados Unidos, pouco antes das Olimpíadas?

Naquela ocasião, o armador jogou de igual para igual com Chris Paul, superou Deron Williams, um homem de mais de US$ 100 milhões de contrato, e ganhou elogios do Coach K e de um monte de jornalistas locais impressionados em Washington.

De modo que o raciocínio lógico, a seguir, era o de especular como Huertas se daria numa quadra de NBA, se teria sucesso, se poderia ser um titular etc. Nesta terça-feira, em amistoso do Barcelona contra o Dallas Mavericks, o brasileiro tem, então, mais uma chance de mostrar suas habilidades para a audiência norte-americana.

Não custa, né?

“Este é um jogo que não tem muita valia, já que se trata de um amistoso, mas ter vitória contra um time da NBA é muito bom. O Barcelona tentará seu quarto resultado positivo contra os profissionais e eu vou atrás da primeira vitória”, afirmou. Verdade: o Barça já teve dois triunfos sobre clubes dos EUA (Sixers e Lakers, o último deles em 2010).

O duelo será na cidade catalã, no Palau Sant Jordi, e opõe o campeão da NBA e o da Liga ACB, o segundo campeonato nacional de clubes mais forte do mundo. Será o segundo embate do Mavs na Europa, depois de vitória apertada sobre o frágil Alba Berlin, no sábado, na capital alemã.

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Não será a primeira vez que o armador enfrentará concorrência de NBA entre clubes. Em 2010, pelo Baskonia, ele encarou o San Antonio Spurs e o Memphis Grizzlies.

Contra o Spurs, vendo seu ex-parceiro de pick-and-roll Tiago Splitter no banco, lesionado, ele somou seis pontos, nove assistências e seis rebotes em 33 minutos. Detalhe: enquanto esteve em quadra, seu time venceu por um ponto. Com seu reserva, Pau Ribas, um desastre: desvantagem de 17 pontos num revés por 108 a 85. Pelos texanos, Tony Parker marcou 22 pontos em 24 minutos, matando 9 bolas em 17.

Contra o Grizzlies, derrota por 110 a 105, com sete pontos, 11 assistências e cinco rebotes em 33 minutos do brasileiro. Do outro lado, Mike Conley Jr. arrasou, com 27 pontos em 29 minutos e 11 arremessos convertidos em 17 tentativas.

Na ocasião, lembrando, o Caja Laboral estava em queda, aprendendo a funcionar sem Splitter. Veja o resumo de ambos os jogos (e reparem na dificuldade do locutor da NBA TV em pronunciar os nomes, hehe):

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Veja o retrospecto de duelos do Barça com clubes da NBA:

– Barcelona 103 x 137 Denver Nuggets, em Roma, 27/10/1989

– Barcelona 80 x 91 Memphis Grizzlies, em Barcelona, 10/10/2002

Barcelona 104 x 99 Philadelphia 76ers, em Barcelona, 05/10/2006

Los Angeles Lakers 108 x 104 Barcelona, em Los Angeles, 18/10/202008

Los Angeles Clippers 114 x 109 Barcelona, em Los Angeles, 19/10/202008

Barcelona 92 x 88 Los Angeles Lakers, em Barcelona – 07/10/2010

Veja alguns lances deste último confronto, quando Ron Artest ainda era Ron Artest:


Veterano espanhol adia aposentadoria e dá aula de defesa em vitória do time de Augusto
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Giancarlo Giampietro

Augusto faz festa com Jiménez

Augusto pode aprender muito mais ao lado de Jiménez em Málaga

Carlos Jiménez Sánchez acreditava que já havia virado aquela famosa página, a da aposentadoria das quadras, e estava procurando o que fazer da vida até que o telefone tocou. Ou recebeu o email, o SMS, o whatsapp?, sabe-se lá o quê.

Fato é que chegou o convite inesperado, e lá estava ele se fardando novamente como jogador de basquete, a convite do Unicaje Málaga, clube que havia defendido por cinco temporadas, em meio a duas passagens pelo Estudiantes.

A equipe do brasileiro Augusto Lima tinha uma emergência: o experiente Sergi Vidal foi afastado devido a uma cirurgia no púbis, e o norte-americano James Gist também enfrentava problemas físicos. Calhava, então, que Jiménez poderia cobrir provisoriamente os dois atletas. Foi chamado em setembro e, meio desprevenido, assinou um contrato de um mês, com mais 30 dias opcionais.

Neste domingo, o veterano, 36, não só atuou pela equipe dirigida por Jasmin Repesa, como arrancou elogios do técnico croata e foi o jogador mais eficiente do Málaga em vitória sobre o Joventut de Badalona. Mesmo que tenha jogado por apenas 15 minutos e 45 segundos. Mesmo que tenha feito apenas quatro pontos só na linha de lances livres, sem ter convertido nenhum chute de quadra.

E como se faz isso? Fazendo as pequenas coisas por sua equipe: foram seis faltas recebidas, quatro rebotes apanhados, uma assistência e um roubo de bola. De tudo um pouco para ajudar na vitória e ser aclamado no ginásio Martín Carpena.

Também porque ele foi responsável pelo lance crucia da partida: com cerca de quatro segundos no cronômetro e a chance de definir o confronto, o pivô Fran Vázquez errou dois lances livres, mas foi salvo por um reboe ofensivo de Jiménez. A posse de bola extra rendeu mais dois arremessos para Vázquez, o fujão do Orlando Magic, fechando a conta em 73 a 71.

Um lance emblemático para um grande jogador. Por anos e anos Jiménez foi o chamado “glue guy”, aquele que dava a liga para a formidável Espanha, movendo a bola no ataque, abrindo caminho para suas estrelas e se matando na defesa.

Ele nunca precisou de uma média de 20 pontos por jogo para prosperar e empilhar medalhas em casa – sua contagem de pódios pela seleção espanhola só perde para a de Pau Gasol, Juan Carlos Navarro e Felipe Reyes. Os quatro foram juntos campeões mundiais em 2006.

 “É incrível. Que faz a diferença na defesa. Defendeu melhor do que Calloway, Gist ou Simon. Ele encontrou seu nicho”, elogiou o treinador, que sabe que é hoje um croata de sorte. Jogar sem a bola, em prol do time, se adaptar: são essas raras características e valiosas estão agora à sua disposição. É isso o que Jiménez faz melhor.


Lucas Bebê começa jogando a temporada regular da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Pela primeira rodada da Liga ACB, o campeonato espanhol de basquete, o pivô Lucas Bebê ficou em quadra por 9 minutos e 46 segundos, somando cinco pontos, dois rebotes e um toco. Pode parecer pouco, mas não quando consideramos que o jovem brasileiro havia disputado apenas quatro partidas em toda a campanha passada pelo Estudiantes. Isto é, na jornada de abertura, ele já cumpriu 25% do que havia tido numa temporada inteira.

Lucas Bebê na Liga ACB

Lucas sobe para marcar dois de seus pontos

Aos 20 anos, nada pode ser mais importante para este carioca do que se fardar e ir para a quadra. Que sejam dez, cinco, 12 ou 20 minutos. Claro que quanto mais, melhor. Mas é imperativo que ele fique o máximo de tempo que puder em ação, refinando seu jogo – e contra muitos dos melhores jogadores da Europa.

Bebê – ou Nogueira, para eles – é mais um dos inúmeros casos de revelação brasileira que chama a atenção por seu potencial físico antes de tudo, fazendo olheiros, dirigentes e técnicos surtarem pensando na jóia que têm pela frente. Mas nem sempre é fácil aplicar esse talento inato, os atributos físicos em um jogador de sucesso.

Alguns dos exemplos mais bem acabado de um projeto desses bem aplicado são Nenê, que virou um pivô excepcional em Denver, e Splitter, formado aos poucos pelo Baskonia (então TAU Cerámica, hoje Caja Laboral). Ou Serge Ibaka, trabalhado por Manresa e L’Hospitalet na Espanha e pelo Thunder agora na NBA.

Mas houve muitos jogadores, projetos abortados no meio do caminho, ou que simplesmente não renderam o que seus clubes vingaram, pelas mais diversas razões – que podem passar tanto pela falta de dedicação, disciplina do jogador como pela incompetência de um treinador em trabalhar fundamentos ou pela ingerência administrativa de um cartola. Alguns casos: Mouhamed Saer Sene (um dos 200 pivôs que o Seattle/Oklahoma City tentou desenvolver na última década), Robert Swift (mais um dos 200 pivôs que o Seattle/Oklahoma City tentou desenvolver na última década), Alexis Ajinca (mais uma paixão de Larry Brown que não durou mais de dois meses), Carlos Rogers (que sofreu muitas lesões no início de carreira nos anos 90 e depois se aposentou para doar um de seus rins a sua irmã), Ha-Seung Jin (um dos últimos herdeiros da tradição Jail Blazer de Portland), entre outros.

Se você assistir ao vídeo abaixo, poderá entender um pouco do potencial que Lucas Bebê oferece: a impulsão, agilidade e envergadura absurdas para alguém de sua altura. É realmente algo incomum. Mas são habilidades que precisam de tempo, técnica e empenho para valerem entre os marmanjos. Em sua primeira partida oficial da temporada, ele cometeu quatro faltas, por exemplo.

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Vale destacar apenas que o Estudiantes fez uma ótima estreia na Liga ACB, derrotando o Gran Canaria por 101 a 86. Em determinando momento, a vantagem da equipe madrilenha chegou a superar a casa de 20 pontos. Um jogo decidido assim, claro, facilita a escalação do jovem pivô brasileiro.

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A liga espanhola teve sua primeira rodada mais produtiva em pontos em cinco anos, com média de 78,7 por equipe. Acredite: num campeonato de tanta rigidez tática, a ponto de muitas vezes serem irritantes, esse é um número elevado, batendo os 70,89 da temporada passada. O principal cestinha da jornada foi o gigante bósnio Nedzad Sinanovic, que acabou com o Barcelona, marcando 28 pontos e 10 rebotes pelo Valladolid.

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Depois de anunciarmos no Vinte Um o Barcelona como grande favorito, o time de Marcelinho Huertas, claro, perdeu a Supercopa para o arquirrival Real Madrid e sofreu esse bizarro e inesperado revés na primeira rodada da liga: 78 a 71, em casa, diante de 3.800 catalães atônitos. Sabichão.


Os europeus que a NBA não consegue ou conseguiu aproveitar
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Giancarlo Giampietro

Fran Vázquez garante que, dessa vez, esperou pela NBA até o último momento antes assinar com o Unicaja Málaga por dois anos e tentar atrapalhar a vida de nosso Augusto. As propostas só não vieram.

Fran Vázquez, NBA Draft 2005

Vázquez só usou o boné do Magic, mesmo

No caso desse pivô espanhol, é melhor que não pronunciem o nome dele na arena de outro mundo do Orlando Magic, porque seu vínculo, ou melhor, não-vínculo com a equipe da Flórida é uma das vergonhas de sua história recente. Ele foi selecionado na 11ª posição do Draft de 2005, mas nunca jogou sequer um minutinho de azul e branco. Ele preferiu passar seis temporadas pelo Barcelona.

Uma cortesia do ex-gerente geral do clube, Otis Smith, que selecionou Vázquez sem nunca ter conversado direito com o jogador, sem saber seus planos, o quanto confortável ele estaria em fazer a transição para a liga norte-americana, sobre o quão disposto ele estaria a deixar seu país naquele momento ou em qualquer momento de sua vida.

Sete anos depois? Ele bem que tentou, mas a nova diretoria do Magic já não estava mais tão interessada assim, enquanto Smith curte algumc ampo de golfe por aí.

Ninguém sabe ao certo como seria a trajetória de Vázquez, hoje com 29 anos, se ele tivesse assinado de cara. Teria se entrosado bem com Dwight Howard? O par certamente teria um potencial defensivo. Mas isso vai ficar sempre no ar e no estômago dos vizinhos de Mickey Mouse.

Pensando no espanhol, essa é uma boa hora para lembrar alguns dos europeus que foram selecionados pelas franquias nos anos que passaram e nunca chegaram a cruzar o Oceano, pelos mais diversos motivos:

Frédéric Weis, pivô francês, aposentado desde o início de 2011, mundialmente conhecido pela enterrada inacreditável de Vince Carter na final das Olimpíadas de Sydney-2000. Acontece que, um ano antes daquele, digamos, incidente, ele havia sido escolhido pelo New York Knicks na 15ª colocação do Draft de 1999. Detalhe: um posto depois, o Chicago Bulls escolheu o jovem Ron Artest, da universidade de St John’s, produto do Queens (assim como Scott Machado) e o anti-herói preferido do Vinte Um.

Então quer dizer: os fãs do Knicks já não perdoariam Weis facilmente por essa suposta traição. Desde que foi eternizado por Carter, porém, Weis foi uma carta fora do baralho nova-iorquino. Ele só foi útil em uma pequena troca feita em 2008 na qual seus direitos foram repassados ao Houston Rockets em troca de Patrick Ewing Jr.! Não dá para ser mais irônico que isso, dá?

Relembre, se preciso, “le dunk de la mort”:

Sofoklis Schortsanitis, o Baby Shaq grego! Cujo nome sempre foi um desafio para narradores e repórteres de Internet escrevendo os relatos de Brasil x Grécia na correria. (Oi!). O mais massa-bruta de todos, um terror no pick-and-roll simplesmente porque são poucos os que têm coragem de parar em sua frente quando ele recebe a bola partindo feito locomotiva para a cesta. Máquina de lances livres. Ganha uma boa grana na Europa, mesmo não tendo o condicionamento físico para atuar de modo eficiente por mais de 25 minutos por partida. Ele foi draftado pelo Clippers em 2003, na segunda rodada (34). Em 2010, quando venceu seu contrato com o Olympiakos, se aprsentou ao time californiano, mas foi recusado precocemente, algo estranho. Hoje seus direitos pertencem ao Atlanta Hawks.

Sofoklis Schortsanitis, locomotiva

Quem vai segurar Sofoklis Schortsanitis?

Erazem Lorbek, pivô esloveno que recusou o assédio firme do San Antonio Spurs neste ano, renovando com o Barcelona, para o bem de Tiago Splitter. Embora um pouco lento para os padrões da NBA, sem dúvida conseguiria se fixar, aos 28 anos, no auge. É extremamente técnico. Bons fundamentos de rebote, passe e arremesso – seja via gancho próximo do aro ou em chutes de média e longa distância. Seus direitos foram repassados ao Spurs pelo Pacers (que o selecionaram na segunda rodada do Draft de 2006, em 46º) na troca que envolveu George Hill e Kawhi Leonard.  Curiosidade: Lorbek chegou a jogar uma temporada por Tom Izzo em Michigan State, mas optou por encerrar sua carreira universitária para lucrar na Europa desde cedo.

Sergio Llull, armador espanhol, ainda aos 24 anos. Então dá tempo, ué, para ele jogar pelo Houston Rockets, não? Claro. Desde que ele não aceite a – suposta – megaproposta de renovação de contrato do Real Madrid, que lhe estariam oferecendo mais seis anos de vínculo, com um sétimo opcional. Sete!!! Parece negociação dos anos 60 até. Se esse acordo for firmado, o gerente geral Daryl Morey vai ter de se conformarm com o fato de ter pago mais de US$ 2 milhões por uma escolha de segunda rodada (34ª) no Draft de 2009 para poder apanhar esse talentoso jogador, um terror na defesa e cada vez mais confiante no ataque.

Dejan Bodiroga

Bodiroga, multicampeão na Europa

Dejan Bodiroga, ex-ala sérvio, para fechar no melhor estilo. Sabe, uma coisa me causa inveja: quando ouço as histórias daqueles que viram os grandes brasileiros de nossa era dourada. De não ter visto Wlamir, Ubiratan, Rosa Branca e cavalaria. Já aposentado, egoísticamente, Bodiroga entra para mim nessa categoria agora: “Esse eu vi (pelo menos)”.

Não sei qual o apelido dele na sérvia, mas deve ter algo derivado de mágico. Bodiroga foi selecionado pelo Sacramento Kings em 2005, na 51ª posição, mas nunca esteve perto de jogar na NBA. Seu estilo era muito peculiar, e também sempre houve a dúvida sobre como ele poderia traduzir seu jogo para uma liga muito mais atlética – ainda seria uma estrela? No fim, o sérvio nunca pensou em pagar para ver.

Na Europa, defendeu Real Madrid, Barcelona (no qual já atuou com Anderson Varejão), Panathinaikos, diversos clubes italianos. Pela seleção, foi três vezes campeão do Eurobasket, medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta-1996, bicampeão mundial. Em clubes, ganhou quatro Euroligas. Com 2,05 m de altura, mas de modo algum um jogador de força, ele era praticamente um armador com essa altura toda. Um passador incrível, um grande arremessador, conseguia também sucesso surpreendente também no mano-a-mano, investindo até mesmo contra defensores mais ágeis e fortes, devido a uma série de truques com a bola e muita inteligência. Um gênio. Aos 39 anos, já está aposentado e trabalha como cartola..


Barcelona abre temporada na Supercopa para tentar estender hegemonia
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas, Barcelona

Huertas abre mais uma temporada com perspectiva de títulos pelo Barça

No futebol, virou praxe nos últimos anos dividir o Campeonato Espanhol em duas competições distintas: uma travada entre Barcelona e Real Madrid e a que fica para o resto da cambada (saiba, neste caso, que o Valencia seria tricampeão nacional!).

No basquete, ainda que não exista um abismo como nos gramados, o poderio financeiro dos dois clubes gigantes do país começou a fazer a diferença. O problema, só para aumentar a agonia dos merengues, dos seguidores do time da capital, é que, na verdade, a hipotética polarização entre Barça e Real não se concretizou. Porque só dá Catalunha nessa, algo muito bom para o currículo de Marcelinho Huertas.

A temporada espanhola começa oficialmente neste fim de semana, com a disputa da Supercopa. E os barcelonistas jogam pelo tetracampeonato do torneio. Um, dois, três seguidos eles já têm. Agora querem o quarto.

Dá para dizer que não é a competição mais badalada. Mas ainda é um caneco nacional. E, de todo modo, nos certames de maior prestígio,  o Barcelona conquistou também duas Ligas ACB e duas Copas do Rei nos últimos três anos. Eles não param, entende? Não é apenas a galera de Lionel Messi que irrita os madridistas.

A má notícia para a concorrência: no início desta campanha 2012-2013, o Barça ainda tem o elenco mais equilibrado e, por isso, mais forte. Na armação, Huertas tem a companhia de Sarunas Jasikevicius e Victor Sada. Juan Carlos Navarro também entra nessa rotação. Nas alas, o talentosíssimo australiano Joe Ingles, o veterano norte-americano Pete Mickeal, o promissor Alex Abrines (olho nesse, xodó de muitos scouts europeus) e Xabi Rabaseda. Os pivôs são o croata Ante Tomic, um de nossos preferidos, o craque esloveno Erazem Lorbek, que recusou o Spurs, o força-bruta australiano Nathan Jawai e o americano CJ Wallace.

Além de nomes consolidados no mercado europeu, são peças que se encaixam naturalmente. Diferentemente do que observamos no Real Madrid, que possui gente muito gabaritada no perímetro (Sérgio Llull, Sérgio Rodríguez, Dontaye Draper, Jaycee Carroll, Rudy Fernández e, ufa!, Martynas Pocius), mas deixa a desejar em seu jogo interior (Nikola Mirotic só vai melhorar, mas Felipe Reyes já não é mais o mesmo de três temporadas atrás e Mirza Begic e Marcus Slaughter ainda precisam se provar alto nível no continente).

Um degrau abaixo aparecem Caja Laboral, que é o Baskonia, Valencia, de Vitor Faverani, Unicaja Málaga, de Augusto Lima e que perdeu terreno recentemente, e Bilbao, clubes que vão precisar de excelentes química e trabalho tático para fazer frente aos dois gigantes.

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As semifinais da Supercopa são as seguintes: Barcelona x Valencia e Real Madrid x Zaragoza, que joga em casa. Os vencedores se enfrentam na semifinal, no domingo, 14h (horário de Brasília). O Bandsports deve transmitir tudo.

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É muito difícil escrever qualquer coisa sobre esses resultados obtidos pelo técnico Xavi Pascual nos últimos anos. Ele teve seu contrato renovado até 2015. Quem sabe, porém, se ele não chega ao final de seu vínculo com um basquete um pouco menos robótico do que obriga o seu clube praticar… Pascual é daqueles “control freak”, regulando toda e qualquer ação de seus atletas do lado de fora da quadra. Só Navarro pode ser Navarro. O resto que se enquadre, e assim ele vai vencendo. Mas não é de encher os olhos, não.

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Vitor Faverani terminou a Liga ACB passada como um dos atletas mais quentes no mercado europeu e acabou estendendo seu contrato com o Valencia, onde enfim encontrou um meio de fazer seu imenso talento valer.  Ele encara agora uma temporada muito importante para confirmar esse status.


Hettsheimeir ainda desperta interesse na NBA, diz site espanhol
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Giancarlo Giampietro

O Dallas Mavericks contratou os veteranos milionários Elton Brand e Chris Kaman, mas ainda teria o interesse em contar com Rafael Hettsheimeir em seu garrafão na próxima temporada da NBA. O mesmo valeria para o Cleveland Cavaliers, de Anderson Varejão. Estes são os dois times tentando fechar uma negociação com o ais anti-Scola dos pivôs brasileiros.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

Primeiro: as informações são do site espanhol Tubasket, bem informado no mercado da Liga ACB, diga-se.

Agora… O mesmo veículo afirma que tanto Mavs como Cavs oferecem a Hettsheimeir um contrato parcialmente garantido, aos moldes do que Scott Machado firmou com o Houston Rockets. Isto é, ele poderia ser dispensado quando os clubes bem entendessem. Do tipo: assina com ele no sábado 8 de setembro e o dispensa um mês depois, e pronto.

Se proceder a informação, com o acréscimo que seria valendo o salário mínimo da NBA – US$ 473 mil por um ano, sem contar deduções de impostos –, não parece uma boa ideia para o pivô. Ele estaria trocando sua condição de figura emergente na Europa agora para correr o risco de ficar afundado no banco de reservas do outro lado do Atlântico. Em sua idade, considerando sua evolução gritante nas últimas duas temporadas, não seria o melhor momento.

Seus agentes podem desmentir, mas o palpite aqui no QG 21 é de que ele poderia fazer pelo menos o dobro dessa grana na Europa, assinando com um time de ponta, especialmente um que esteja disputando a Euroliga.

Financeiramente, aliás, existe uma brecha: segundo o Tubasket, 50% do salário mínimo já seria garantido a Hettsheimeir. Então, vá lá, de repente ele pode ganhar uns US$ 237 mil apenas por 50 dias de contrato em Cleveland ou Dallas. Mas… E como estaria o mercado europeu, então? Ele conseguiria compensar o restante com um bom acordo e, mais importante, já no meio da temporada, poderia encontrar uma situação esportiva que também valesse?

Enquanto reabilita seu joelho esquerdo operado e seu condicionamento físico, para ficar tinindo, o pivô e seus empresários têm essas questões muito importantes para ponderarem nas próximas semanas. A pré-temporada da NBA já está por começar, em outubro, e os clubes europeus já estão fazendo amistosos sem parar.

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Para constar, os pivôs de Dallas no momento são Dirk Nowitzki, Elton Brand, Chris Kaman, Brandan Wright e o novato Bernard James  (que, na verdade, é mais velho que Hettsheimeir e foi draftado este ano depois de servir aos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque). Em Cleveland, temos Varejão, o promissor canadense Tristan Thompson, o calouro Tyler Zeller, que vem com a marca UNC, o jamaicano Samardo Samuels e Michael Eric. De longe assim, o Cavs parece a melhor pedida – ele tem totais condições de superar Thompson (provável titular), Zeller (que seria o primeiro reserva) e Samuels (que, salvo engano, também não tem contrato garantido) para entrar na rotação do time ao lado de seu compatriota. Mas o Mavs seria, ainda, o time mais empenhado em sua contratação.