Vinte Um

Arquivo : Leandrinho

Grupos da Copa América definidos: ótima oportunidade para avaliar os prospectos da seleção
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Giancarlo Giampietro

Olha o Brasil aí

Olha, aqui no QG 21 tava fazendo falta, sim. Conversar sobre a seleção brasileira.

Nesta quinta-feira, a Fiba Américas divulgou a tabela da Copa América masculina de basquete, que será disputada de 30 de agosto a 11 de setembro na Venezuela. Os quatro primeiros colocados se classificam para a Copa do Mundo da Espanha em 2014.

Na primeira fase, não dá para ter apreensão alguma: num grupo de cinco times, avançam as quatro primeiras. Só não dá para tropeçar muito porque os pontos se acumulam na segunda etapa, que definirá os quatro semifinalistas – e classificados – do torneio. O Brasil encara Porto Rico, Canadá, Uruguai e Jamaica em seus quatro duelos iniciais.

Aqui de longe, ainda sem saber nada das listas, dá para arriscar dizer que o Canadá se projeta como o adversário mais complicado. Sim, mais que Porto Rico – independentemente da presença de José Juan Barea, Carlos Arroyo etc.. Agora com Steve Nash engravatado, cumprindo papel de  dirigente, a confederação canadense tem se esforçado em agrupar seus principais jogadores, tentando formar um programa realmente competitivo. Os primeiros sinais são promissores, e talento não faltará ao time, mesmo que os alas-pivôs Kelly Olynyk e Anthony Bennett, dois dos jogadores mais dominantes do basquete univeristário dos EUA nesta temporada, e o jovem armador Myck Kabongo sejam selecionados no Draft da NBA neste ano e possam, eventualmente, ter suas convocações vetadas.

Rubén Magnano, do seu canto, adota o discurso protocolar de qualquer jogo é pedreira. Conhecendo o técnico, não era de se esperar outra coisa, claro. (Isso, claro, se o argentino ainda for o comandante da seleção até lá, lembrando que a CBB passa por eleições em março. Mesmo que o candidato da oposição, o velho conhecido presente-de-Grego, tenha indicado que não haveria mudança alguma nesse sentindo, não dá para cravar como ficaria a situação, pensando muito mais em Magnano aqui. E, não, esse pequeno comentário não é uma campanha em prol do horrendo Carlos Nunes, que tem na contratação do supertécnico seu grande – e único?! – trunfo para buscar a reeleição.)

“Não será uma competição fácil e não podemos descuidar de nenhum adversário. Enfrentaremos nossos rivais mais difíceis na sequência. A estreia será contra Porto Rico, que pela capacidade e bagagem técnica é um grande candidato à classificação. Precisamos estar bem preparados para jogar e ir atrás do nosso objetivo”, afirmou o treinador. “A seleção do Canadá também é uma grande equipe e tem muito potencial. Mas precisamos saber antes de fazer uma análise mais completa quais os jogadores irão representar seu país, pois eles trocam bastante a cada ciclo os jogadores. O mesmo serve para o Uruguai que dependerá dos jogadores que vão atuar, mas com certeza será um jogo difícil. A Jamaica não é tão difícil quanto os demais, mas não podemos descuidar de nenhum adversário.”

Um pouco de blablabla.

O Uruguai realmente tem jogadores muito interessantes, com o pivô Esteban Batista, os armadores Gustavo Barrera, Jayson Granger e o veterano Martín Osimani etc. A Jamaica também pode até contar com o grandalhão Roy Hibbert, do Indiana Pacers, o pivô Samardo Samuels e Patrick Ewing Jr. Mas não dá para esperar perrengue algum contra esses dois times se o Brasil praticar um basquete minimamente consistente.

*  *  *

Na outra chave estão: Argentina, República Dominicana, México, Paraguai e Venezuela. México e Paraguai são as babas.

Avaliando as dez equipes participantes, em teoria apenas seis brigam por vaga, em ordem alfabética: Argentina, Brasil, Canadá, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela Quem chegará mais forte que o outro? Aí, sim, é impossível dizer. Tudo depende de quem vai dizer sim a seus técnicos.

*  *  *

Para Magnano, as notícias que já vieram dos Estados Unidos não são boas, sabemos:

– O argentino já sabe que não vai poder contar com Leandrinho, que ainda vai estar em recuperação de uma cirurgia no joelho.

– Anderson Varejão hoje é, na melhor das hipóteses, uma incógnita. Ele é outro que não vai terminar a temporada regular da NBA jogando, afastado devido a um coágulo detectado em seu pulmão direito. O pivô já deixou o hospital, visitou os companheiros de Cavs, mas a estimativa inicial era de que ele ainda passaria por tratamento até maio. Se ele vai estar pronto em agosto, física e/ou espiritualmente, é uma dúvida tão grande quanto sua cabeleira – e raça em quadra.

– Ainda em atividade, Nenê jogou as Olimpíadas no sacrifício, algo que implicou em mais uma temporada acidentada na liga norte-americana, agora vestindo a camisa do Washington Wizards. Será que ele topa emendar mais uma vez suas férias?

Tiago Splitter e o San Antonio Spurs esperam sinceramente que ainda estejam em quadra em meados de junho, nas finais da NBA.

– Fabrício Melo consegue jogar na D-League, tem potencial físico, mas ainda está longe de ser um jogador de impacto em partidas decisivas, de peso, como teremos na Copa América. Caso não seja envolvido em alguma troca durante o próximo Draft, em junho, certamente estará em ação pelo Celtics nas próximas ligas de verão em julho.

– Scott Machado ainda não conseguiu retomar o caminho da NBA depois de ser dispensado pelo Houston Rockets. Conseguindo ou não uma nova chance na liga principal, também deve participar dos torneios de verão norte-americanos. Para quando será que Magnano vai marcar sua apresentação?

Mas calma, gente. Nem tudo está perdido.

*  *  *

Mesmo se não puder contar o sexteto que iniciou a atual temporada da NBA, Magnano ainda teria talento o suficiente para compor uma equipe de respeito, forte, para disputar a Copa América, contando com aqueles que julga os destaques do NBB – embora nem sempre os melhores de fato do campeonato nacional sejam chamados, diga-se – e com os garotos em desenvolvimento na Europa. (Desde que, claro, nenhum deles faça a transição para a liga norte-americana entre as temporadas.)

Rafael Hettsheimeir vai recuperando a melhor forma pelo Real Madrid aos poucos, Vitor Faverani tratou de fazer as pazes e é um pivô de elite na Europa, Rauzlinho ganhou minutos preciosos de Liga ACB nesta temporada, assim como Lucas Bebê, e Augusto Lima e Rafael Luz devem estar doidos para mostrar mais serviço pela seleção.

*  *  *

Muita gente pode ter se despedido de Manu Ginóbili, Andrés Nocioni e Pablo Prigioni em Londres, mas nenhum dos três anunciou oficialmente a aposentadoria da seleção argentina. Luis Scola, pelo contrário, garantiu que joga. A República Dominicana não vai contar mais com John Calipari. Sem o badalado treinador, Al Horford e Francisco Garcia vão topar o desafio? A Venezuela depende, muito, do cada vez melhor Greivis Vasquez.


Semana final de trocas da NBA envolve Leandrinho e jogadores periféricos
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Giancarlo Giampietro

Na temporada passada, ainda estava tudo muito recente. As franquias sangraram um bocado durante o lo(uc)caute e ainda não haviam assimilado exatamente do que se tratavam as novas regras da liga, depois de longas e desgastantes discussões e as decorrentes e consideráveis mudanças na relação trabalhista com os jogadores e também na limitação da condução de transações entre as próprias franquias.

Ronnie Brewer x Dwyane Wade

Ronnie Brewer (e) foi um dos poucos jogadores contratados por times de ponta em um mercado mais restrito. Agora vai ter de combater Wade ao lado de Durant

Agora, a julgar por uma semana de trocas bem tímida, parece que ou os clubes enfim conseguiram fazer a lição de casa e se assustaram, ou ainda não entenderam bem quais são as regras que estão na mesa e tiraram o pé. De todo modo, o que predominou, mesmo, foi uma extrema precaução nas conversações entre os clubes. Prova mais clara desse cuidado todo foi a escassa quantidade de escolhas de Draft .

Geralmente, essas escolhas funcionam como fator decisivo para o fechamento de um negócio, como uma medida de convencimento: “Escuta, se você não adora tanto assim esse jogador aqui, eu te dou mais, e não se fala mais nisso”. Hoje, elas viraram commodities muito valiosas, devido ao baixo salários que os calouros recebem em seus contratos – ou, pelo menos, baixos quando comparados com a produção em quadra que oferecem.

De todas as trocas acertadas nesta temporada, apenas o Memphis Grizzlies cedeu um pick, para convencer o Cleveland Cavaliers a receber um punhado de reservas, livrando-se assim de alguns salários indesejados. E mais nada. O mesmo Grizzlies que depois despachou Rudy Gay algumas semanas atrás na movimentação de maior destaque.

Relembremos, então, o que aconteceu nesta semana, com alguns pitacos sobre as trocas mais significantes:

Boston Celtics recebe Jordan Crawford, Washington Wizards recebe Leandrinho e Jason Collins.

Jordan Crawford x Jason Terry x Leandrinho?

Crawford assume o papel de Leandrinho em Boston. Jason Terry vai gostar?

– O que o Celtics ganha: um reforço pontual para Doc Rivers no perímetro, ocupando a vaga que era do brasileiro. Crawford é um dos atletas que consegue criar jogadas por conta própria contra qualquer marcador, com muita habilidade no drible e um destemor que muitas vezes pode lhe colocar em situações embaraçosas (pedradas e airballs, leia-se). Pode ser um fominha exagerado e não marca muito bem. Fica a expectativa para ver como vai se comportar ao lado de veteranos como Garnett e Pierce e como responde aos comandos de Doc Rivers. Pode ser uma boa pedida ou dor-de-cabeça.

– O que o Wizards ganha: adição por subtração, saca? Mesmo que Leandrinho não possa jogar mais nesta temporada, o clube ao menos se livrou de Crawford, que estava chiando demais na capital norte-americana desde que o novato Brad Beal tomou conta de sua posição e John Wall retornou de lesão. Jason Collins, pelo contrário, é um veterano bom-moço, que não apontar o dedo para ninguém. E quanto a Leandrinho? Quem se lembra da declaração de Danny Ainge de que gostaria de renovar com o brasileiro? Não durou muito. Negócios são negócios.

Milwaukee Bucks recebe JJ Redick, Gustavo Ayón e Ish Smith. Orlando Magic recebe Tobias Harris, Doron Lamb e Beno Udrih.

JJ Redick

JJ Redick deixa o Bucks mais forte para os playoffs

– O que o Bucks ganha: O gerente geral John Hammond prova que leva sua temporada a sério – acredite, nem todos os cartolas avaliam a situação desta maneira – e tenta desafiar os cabeças-de-chave nos playoffs do Leste, fortalecendo, e muito, sua rotação de perímetro com  Redick, um jogador sobre o qual já foi publicado um manifesto na encarnação passada do Vinte Um. Para os preguiçosos de fim de semana, resumimos: o ala é um dos caras mais eficientes da liga e também dos mais conscientes. Vamos falar mais a respeito em breve. Ayón é outro jogador bastante inteligente, indicado por algum sabichão como um possível reforço barato neste ano, mas que tem um problema pela frente: chega a um clube com rotação completamente congestionada no garrafão. Ish Smith? Se Jim Boylan precisar usar o baixinho em jogos decisivos neste ano, seria um péssimo sinal para suas pretensões.

– O que o Magic ganha: Tobias Harris e Doron Lamb foram muito pouco aproveitados em Milwaukee, mas são bem avaliados pelos scouts da liga. Harris está em sua segunda temporada na liga, mas tem apenas 20 anos e é conhecido por sua força física e firme presença próximo da cesta.  Lamb foi campeão universitário por Kentucky. Embora não seja o jogador mais atlético, tem fundamentos sólidos  no ataque e um belo arremesso de longa distância. São mais dois prospectos para Jacque Vaughn trabalhar em um elenco que carece de jovens talentos. Antes de retornar ao mercado de agentes livres, Beno Udrih pode quebrar um galho no caso de a lesão de Jameer Nelson ser grave.

(Paralelamente, o Orlando Magic mandou o ala-pivô Josh McRoberts para o Charlotte Bobcats, em troca de Hakim Warrick, que deve ser dispensado. Provavelmente, então, Michael Jordan concordou em dar alguma graninha para a franquia da flórida, ou alguma escolha de segunda rodada. Agora: o que McRoberts vai fazer em Charlotte também fica no ar. É um jogador esforçado, que gosta de dar pancadas, tem boa impulsão e agilidade, mas não acrescenta muita coisa para um time que já tem bons operários em seu elenco, mas precisa desesperadamente de um astro).

Oklahoma City Thunder recebe Ronnie Brewer, New York Knicks ganha uma escolha de segunda rodada.
O que o Thunder ganha: Brewer foi mais um reforço bom e barato apontado aqui a mudar de ares. Valeu, Sam Presti, amigo de fé, meu irmão camarada. 🙂 O ala começou a bela temporada do Knicks como titular, mas foi afastado bruscamente da rotação por Mike Woodson, num movimento muito difícil de se entender. Ótimo defensor, experiente e atlético, pode ser útil por 10 a 15 minutos em média nos playoffs, ainda mais se o Thunder cruzar com o Miami Heat novamente na final – em seus tempo de Bulls, sempre fez um bom rabalho contra Wade.

– O que o Knicks ganha: alívio na folha salarial, mas fútil para um time que não tem preocupação alguma em economizar, além de uma escolha de segunda rodada no Draft, que deve ser insiginificante, entre os últimos lugares.

(Para abrir espaço a Brewer, o Thunder cedeu o armador reserva Eric Maynor para o Portland Trail Blazers, também em troca de um pick de segunda ronda. Maynor perdeu espaço para Reggie Jackson na reserva de Westbrook e ainda se recuper de uma cirurgia no joelho. De qualquer forma, o banco do Blazers é tão ruim que ele deve chegar ao Oregon com status de salvador, em seu último ano de contrato. Isto é: não representa impacto para as finanças do time.)

Houston Rockets recebe Thomas Robinson, Francisco Garcia e Tyler Honeycutt, Sacramento Kings recebe Patrick Patterson, Cole Aldrich e Toney Douglas.

Meu nome é Morris

Marcus Morris e Markieff Morris. Ou Markieff e Marcus Morris?

– O que o Rockets ganha: o quinto selecionado no último Draft em mais um ataque sorrateiro de Daryl Morey, o padrinho dos nerds. Com dezenas de jornalistas cobrindo a liga minuto a minuto, contectados ao Twitter, com celulares nas mãos, esperando o assobio do passarinho mais próximo, o gerente geral conseguiu fechar um negócio que ninguém havia especulado. Coisa que nem a CIA consegue hoje mais. Robinson não teve um bom início de carreira na NBA, mas estava cedo, mas muito cedo mesmo para se abrir mão. Tem coisas que só Sacramento Kings faz por você, mesmo. E mais: Garcia está em seu último ano de contrato, dando ao Rockets a chance de cortar mais um punhado de dólares de sua folha de pagamento ao final do campeonato. Para ir, então, em direção a Dwight Howard ou Josh Smith. Segura. Além disso, Garcia é um bom arremessador de três pontos, um sujeito que não complica as coisas no vestiário e pode entrar na rotação de Kevin McHale ao lado de Carlos Delfino.

O que o Kings ganha: grana. O time poupa US$ 4 milhões em salários neste ano com um só objetivo: fazer do time mais barato e mais atraente para um novo comprador. Por mais que publicamente a diretoria vá alegar que Patterson é amigo de DeMarcus Cousins (jogaram juntos em Kentucky) e que ele se encaixa melhor com seu talentoso e irritadiço pivô, abrindo a quadra com seus disparos de longa distância, não há explicação para trocar um pick 5 de Draft além desses tempos miseráveis por que passa a franquia. Douglas e Aldrich não devem ficar perdidos nessa situação por muito tempo.

(O Rockets também prestou um serviço público ao encaminhar o ala Marcus Morris para o Phoenix Suns, em troca de uma escolha de segunda rodada. Marcus agora volta a atuar ao lado de seu irmão gêmeo, Markieff. O problema é que os dois jogam hoje na mesma posição. Xi. Ah, e o Suns ainda acertou outro negócio menor, ao enviar o armador Sebastian Telfair para Toronto, em troca do pivô iraniano Hamed Haddadi e de – adivinha o quê??? – outra escolha de segunda rodada do Draft. Tcha-ram.)


Chefão do Celtics diz que gostaria de manter Leandrinho apesar de lesão. Mas calma
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Vamos tentar entender o que vem por aí no futuro de Leandrinho, sem exercícios de futurologia ou sentimentalismo.

A melhor notícia para o ala-armador, depois da primeira lesão drástica da carreira do brasileiro desde sua chegada aos Estados Unidos, saiu nesta quarta-feira. Foi tão rápido como o brasileiro gosta de atacar: o vice-presidente do Boston Celtics, chefão das operações de basquete Danny Ainge afirmou que pretende manter o ligeirinho em seu elenco, a despeito da ruptura de ligamento colateral do joelho que o jogador sofreu em derrota para o Charlotte Bobcats na segunda-feira.

“Nós adoramos o que Leandro fez”, afirmou o cartola. “Mesmo com nosso time próximo das multas de tetlo salarial, sentimos que Leandro ajudaria nosso e que sua hora iria chegar para nós aqui. É uma perda difícil.”

É raro e legal ver um dirigente se pronunciando desta maneira. Teoricamente, o vínculo de Leandrinho com o Celtics vence ao final da temporada, e, a partir daí, o clube não teria obrigação alguma a mais com o atleta. Saber do interesse em elaborar um novo contrato com o brasileiro nessas condições, então, se torna algo bastante positivo.

Mas sempre tem um “mas”, não?

E nesse caso não estamos falando de um, porém de vários:

– Foi uma sinalização de Ainge, mas não uma promessa;

– Ainge é o mesmo dirigente que já afirmou que nunca mexeria com seu antigo “Big 3” – Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen –, mas que, na temporada passada, por pouco não fechou um negócio que enviaria Ray-Ray para Memphis em troca de OJ Mayo. Isso já foi confirmado até por Doc Rivers, uma informação que ajuda a entender o porquê de Allen ter assinado com o arquirrival Miami Heat para esta temporada, a despeito de ter uma proposta maior de Boston na mesa;

– Ainge também é o mesmo dirigente que, simultaneamente ao bate-papo com o Grizzlies, também quase despachou Pierce para o Nets, em troca de uma escolha de “Draft” que acabou endereçada ao Portland por Gerald Wallace, escolha que acabou se transformando no extremamente promissor armador Damian Lillard;

– Tudo isso não para dizer que Ainge não tem palavra. O problema é que, no mercado volátil da NBA, há muitos fatores que influenciam, que pesam na decisão de um dirigente. Pensando na atual situação do Celtics,  muitas dessas casualidades serão respondidas nos próximos oito dias, até 21 de fevereiro de 2013, que é a data-limite para trocas na atual temporada. Por exemplo: tudo indica que Ainge não vá se desfazer de Garnett ou Pierce nesta temporada, curioso  para ver no que pode dar a atual campanha, a despeito de tantas baixas. Mas isso não quer dizer também que o ex-armador esteja com o telefone desligado. Ele poderia tentar buscar algum substituto para Leandrinho mesmo ou Rondo nesta temporada. Qualquer negócio que traga a Boston mais peças do que sairão pode influenciar em qualquer negociação com o brasileiro no futuro. No sentido de que o clube pode já se comprometer com o máximo de jogadores possível (15) para uma temporada. Chegando então ao período, pré-Draft, em que as negociações entre todas as franquias se intensificam, não dá para ter certeza alguma de que Ainge vá poder assinar com Leandrinho, ou não;

– E para Leandrinho? Valeria assinar com o Celtics? Não vamos nos esquecer que o jogador, oras, é parte interessada em qualquer negociação também. Por enquanto, o brasileiro não vai passar por cirurgia, pois, além da ruptura do ligamento cruzado anterior, ele sofreu uma lesão também no ligamento médio. Antes de passar por uma cirurgia, ele tem de esperar a reabilitação desse segundo problema. Ou seja: vai acabar demorando um pouco mais sua reabilitação, de modo que ele poderia ter sua pré-temporada para 2013-2014 ameaçada. Desta forma, qualquer negócio firmado com antecedência poderia ser de grande valor. Por outro lado, será que, com o susto da lesão, Leandrinho estaria disposto a conviver com contratos que duram apenas um ano – como foi obrigado a assinar em 2012? Será que ele estaria interessado a voltar para Boston, diante da complicação que foi descolar tempo de quadra no atual campeonato? Será que Terry, Rondo ou Lee continuarão no time? Enfim, são várias questões nesse sentido.

Para alguém que joga com tanta velocidade, é de se imaginar o quão difícil será para Leandrinho o período que vem pela frente: pisar no freio, se medicar, passar por uma cirurgia séria, fazer horas de fisioterapia e, ao mesmo tempo, deixar a vida correr por conta própria, esperar, esperar, esperar e matutar. Matutar bastante.

 


Menos um: Leandrinho aumenta a lista de baixas brasileiras na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Começou com um recorde, mas agora sobraram apenas os cacos para contar. Quer dizer: eram seis brasileiros na ativa na NBA, agora ficaram três, se tanto.

A última baixa no contingente nacional é Leandrinho. O ala-armador sofreu uma lesão no joelho esquerdo na derrota do Celtics para o Charlotte Bobcats, nesta segunda-feira, e a expectativa nos bastidores da franquia de Boston já era bastante pessimista antes mesmo da realização de uma ressonância magnética. Feito o exame, foi constatada uma ruptura no ligamento cruzado anterior do ligeirinho – a mesma causa para o afastamento de Rajon Rondo,  inclusive.

Leandrinho agora se junta a Anderson Varejão numa lista bastante desconfortável para um certo país tropical. Lista de baixas da qual Scott Machado também faz parte. São menos três… Que fase!

Sobraram agora Tiago Splitter, Nenê e Fabrício Melo.

Mas sabemos que o pivô novato vai passar muito mais tempo na D-League, aprendendo aos poucos, do que com a equipe principal. Então é como se, na segunda metade da temporada 2012-2013, tivessem restado, para valer, apenas dois brasileiros para contar história. Ao menos são dois jogadores que estão em ascensão.

Tiago Splitter se fixou como titular do Spurs e, com a lesão de Tim Duncan, se tornou a referência solitária no garrafão de Greg Popovich – e quem diria? (Aliás, como questionar o técnico-general? Alguém reparou que seu time acabou de derrotar o Chicago Bulls sem Parker, Ginóbili e Timmy? A melhor equipe da temporada, mais uma vez).

Enquanto, em Washington, Nenê vai se desvencilhando de sua fascite plantar para ajudar John Wall a trazer um pouco de dignidade para o Wizards. Seu time venceu quatro dos últimos cinco jogos – tendo perdido apenas para o Spurs, diga-se –, com o pivô brilhando em quadra. Com uma saudável média de 31,8 minutos, vem com 16 pontos, 9,4 rebotes e excepcionais 4 assistências por partida. Sem contar o aproveitamento de 60,3% nos arremessos de quadra.

Muito bem. Mas não dá para dizer que isso alivie o clima na hora de digerir a lesão de Leandrinho. Ainda mais na hora em que ele estava encontrando seu papel na rotação de Doc Rivers…

Leandrinho está fora


Doc Rivers: “Leandrinho me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo”
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho ataca os campeões

Ao ataque: a bandeja clássica em velocidade de Leandrinho

Já vimos este filme várias vezes em jogos da seleção brasileira. Leandrinho pega a bola em uma das alas, geralmente pela direita, abaixa a cabeça e vai para cima da defesa. Não importando se há dois ou até mesmo três jogadores concentrados naquele setor, justamente para evitar sua investida. As chances de sair uma falta de ataque ou um passe equivocado nas mãos do adversário são grandes. Mas tem hora que, vrrruuuum o bicho é tão rápido que, quando todos piscaram o olho, ele já estava completando sua clássica bandeja no alto da tabela. Com ele, nunca se sabe.

Pois bem, são apenas quatro jogos, mas ultimamente Leandrinho está aproveitando suas chances em Boston, mais acertando nessas investidas do que fazendo bobagem. Não sem um susto ou outro, para todos os envolvidos, como admite o próprio técnico Doc Rivers. “Ele simplesmente está jogando muito bem. Ele pode se descontrolar às vezes. Acho que ele me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo. Mas isso, na verdade, não é algo ruim de se ter”, disse o treinador em um raro dia de calmaria nos vestiários do Celtics.

Sem Rajon Rondo, afastado por conta de uma cirurgia no joelho, a chance iria vir naturalmente, e o ligeirinho está agarrando. Melhor: ao mesmo tempo, sua equipe vai vencendo.

Desde que o genial e genioso armador caiu, o time ainda não perdeu. Foram quatro triunfos, batendo Miami Heat e Los Angeles Clippers (sem Chris Paul e Blake Griffin, ok) no meio do caminho. O “Vulto Brasileiro” – com a boa fase, voltou a ser chamado desta maneira pela mídia americana – ganhou 93 minutos de quadra nesta sequência, bom para uma média de 23,2 minutos por partida, praticamente o dobro do que tem em toda a temporada.

O mais interessante no momento vivido por Leandrinho é que ele vem conseguindo ser agressivo e eficiente ao mesmo tempo, uma balança que nem sempre funcionou bem em sua carreira, especialmente desde que se desligou de Steve Nash e Mike D’Antoni. Nos últimos quatro jogos, ele tentou 35 arremessos de quadra, e converteu 18 deles, mais que a metade. Ao mesmo tempo, somou 11 assistências e causou apenas cinco desperdícios de posse de bola, sendo que três foram num só compromisso, contra o saco de pancadas conhecido como Sacramento Kings.

Esse último número é a chave: se o atleta não cria tantas oportunidades assim para seus companheiros, ao menos tem evitado cair em armadilhas, sem entregar o ouro para o bandido, tendo cometido apenas um turnover contra Clippers e Heat e nenhum contra o Orlando Magic. De modo que já consegue botar uma dose de remorso no café da amanhã de Rivers. “Durante toda a temporada ele está numa situação desta: ‘Será que você o coloca, ou será que não?’ E obviamente  nós deveríamos tê-lo usado”, diz o técnico.

É isso: se conseguir se manter consistentemente nesse patamar, o brasileiro vai cada vez mais assustar apenas um técnico em quadra, o do outro lado.


Lesão de Rondo abre oportunidade, e Leandrinho recebe voto de confiança de Pierce em Boston
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho já é de casa

Um Boston Celtics mais unido sem Rajon Rondo?

A chance veio.

A lesão de Rajon Rondo abriu 37,4 minutos para serem distribuídos na rotação de perímetro de Doc Rivers, e a diretoria dá a entender que quer ver como o time – e os jogadores da posição – respondem nas próximas semanas para avaliar se precisam, ou não, de uma troca. Lembrando que o prazo para os times fecharem transações nesta temporada dura até 21 de fevereiro.

Leandrinho sabe, então, que chegou a hora. Depois de ser acionado nos primeiros meses e, depois, ser enterrado no banco de reservas, pinta uma nova oportunidade para o brasileiro mostrar serviço.

Contra o Heat, Courtney Lee foi promovido ao time titular para fazer dupla com Avery Bradley, enquanto Paul Pierce teve se dedicar mais à orquestração do ataque. Ainda assim, o tempo de quadra do brasileiro subiu para 30 minutos. Teve dupla prorrogação? Ok, teve, então foram 58 minutos disponíveis de partida. Mas já foi um baita avanço, já que, nas quatro rodadas anteriores, ele havia somado apenas 19 minutos no total, sem ter pisado na quadra na derrota para o Cavs. No geral, sua média na temporada é de apenas 11 minutos.

Enfrentando os atuais campeões, superatléticos, Leandrinho não chegou a brilhar, mas teve um jogo sólido: 4 assistências contra apenas um desperdício de bola e nove pontos, convertendo quatro em oito chutes de quadra, matando a única de longa distância que tentou. E solidez talvez seja algo de que o Celtics realmente mais precise neste momento. Jogadores consistentes, regulares, que assimilem seu papel e ajudem a equipe a se reconstruir rapidamente sem a presença do cerebral – e problemático – Rondo. Algo que nem ele, muito menos a dupla Courtney Lee e Jason Terry, nos quais Ainge e Rivers apostaram tanto, vinham conseguindo.

De todo modo, Paul Pierce, um dos capitães do time, não perdeu a fé nessa turma, incluindo o brasileiro. “Os caras vão receber uma oportunidade agora. Sabemos que eles assumiram papéis reduzidos por causa do modo como nosso time é construído. Agora eles vão ter de assumir um papel maior. E sabemos que temos caras mais do que capazes de aproveitar e dar conta do recado, seja Courtney Lee, seja Leandro Barbosa. Sabemos que esses caras podem jogar. O que aconteceu foi que, com o sistema que temos, com Rondo sendo nosso principal criador de jogadas, e jogando 40 minutos, esses caras provavelmente não tiveram uma oportunidade para realmente mostrar o que eles podem fazer. E agora eles vão ter essa oportunidade.”

Doc Rivers é bom de retórica, Kevin Garnett vai direto ao ponto, mas, pensando no futuro de Leandrinho em Boston, dificilmente alguém vai resumir melhor a situação do que fez o veterano ala. “Ainda gosto de nossas chances na Conferência Leste. Digo, sentimos que podemos jogar contra qualquer um com o time que formamos aqui. Mesmo sem Rondo. Contra o Miami foi o exemplo perfeito. Mostramos que somos capazes. Com ou sem Rondo, temos um elenco para competir com qualquer um. Não é segredo nenhum. Só precisamos jogar com a disciplina e o empenho que tivemos agora”, completou.

*  *  *

Por mais generoso que seja em quadra, liderando a liga em assistências, diversos repórteres que acompanham o Celtics de perto levantaram a tese de que o Celtics poderia se acertar sem Rondo fora de quadra, em termos de clima de vestiário. Depois, poderiam melhorar as coisas jogando, mesmo. Se Ray Allen passou de mentor a inimigo de Rondo em menos de dois anos, não seria de se estranhar que outros atletas da Beantown tenham problemas de relacionamento com o jogador. “Ele não estava  lidando bem com a missão de liderar o time”, resumiu o veterano jornalista Peter May, que colabora com a ESPN.com de Boston e segue a franquia desde os tempos de Bird (ou mais).

*  *  *

Rondo criou 24,3 pontos por jogo a partir de suas assistências nessa temporada. Se o Boston Celtics já tem um dos piores ataques da liga mesmo com essa produção incrível do armador, é de se imaginar, então, que o barco esteja afundado para o restante da campanha? Nem tanto. Nas últimas quatro temporadas, o time venceu 21 e perdeu 13 partidas quando jogou sem o armador. Talvez um jogo menos centralizado em uma só mente brilhante possa ser produtivo. Além disso, quando Rondo vai para o banco nesta temporada, o Boston Celtics permite cerca de 5 pontos a menos por partida, fazendo de sua defesa ainda mais forte – algo que poderia compensar também uma queda de rendimento no ataque.

Mas qualquer cenário positivo para o Celtics nesta temporada, que não envolva troca, vai depender exclusivamente de dois fatores: que Pierce e Garnett não se lesionem e que os reforços desta temporda rendam conforme o esperado. Incluindo, sim, Leandrinho.


Reforços não vingam, e Boston Celtics tenta sair do limbo para chegar bem aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo carrega o Boston Celtics

Rondo não recebeu a ajuda esperada das apostas de Danny Ainge

Por Rafael Uehara*

O retorno de Avery Bradley era visto como principal esperança para que o Boston Celtics pudesse engrenar e começar a se estabelecer como ameaça perigosa ao topo da conferência nos playoffs. Courtney Lee tem tido dificuldade em entender os fundamentos defensivos do time e Jason Terry não está sendo o substituto perfeito para Ray Allen que muitos esperavam. Em Bradley, o time tem o seu melhor defensor no perímetro e um par perfeito para Rajon Rondo no ataque, devido a sua capacidade de arrancar velozmente em contra-ataques, acertar tiros de três dos cantos e cortar para a cesta intuitivamente.

Bradley retornou, o time venceu seis jogos seguidos (entre eles contra Knicks e Pacers) e deu a entender que estava a caminho de se tornar uma força a ser levada a sério novamente. Mas o time de Doc Rivers falhou a arrancar mais uma vez. Perdeu domingo pela terceira vez seguida, chegando a um recorde de 20-20, praticamente no ponto médio da temporada. E essas derrotas vieram contra Hornets e Bulls em casa e Pistons fora. Chicago e Boston sempre fazem confrontos acirrados, e esse jogo foi para a prorrogação, mas sofrer nas mãos de New Orleans e Detroit se qualifica, sim, como tropeço.

As expectativas eram de que o time fosse um pouco menos limitado e dependente de Rondo no ataque este ano, com as adições de Terry, Courtney Lee, Jared Sullinger e Leandrinho Barbosa, além da retenção de Brandon Bass e Jeff Green. Mas isso não se materializou. O time tem um dos 10 piores aproveitamentos em pontos por posse. Paul Pierce tem postado os mesmos números da temporada passada, mas seu “jumper” vem perdendo efeito – ele tem acertado apenas 38% destes, de acordo com basketball-reference.com.

KG x Varejão

Garnett ainda combate Varejão e quem mais vier pela frente na defsa

Do mesmo modo que o time é dependente de Rondo no ataque, é dependente de Kevin Garnett na defesa. Mesmo em idade avançada, o pivô permanece um dos jogadores de maior impacto em toda a associação. Com ele em quadra, o time permite uma taxa de pontos por posse menor que a defesa do Los Angeles Clippers – a terceira melhor da liga. Mas, com ele no banco, o time só não permite mais pontos que Cavaliers, Kings e Bobcats – as três piores equipes em prevenção.

O fato é que todas as apostas que o gerente geral Danny Ainge fez na janela de verão, exceto talvez por Sullinger – que tem jogado melhor nos últimos 10 jogos – não têm rendido. Terry tem sido muito decepcionante, Green dificilmente impacta alguma partida, Bass não tem jogado tão bem quanto na temporada passada, quando lutava por uma extensão contratual, Lee também não vem bem e Leandrinho apenas ganhou minutos quando requisitou uma troca. A performance tão abaixo das expectativas de quase todos eles e seus contratos com vários anos sobrando ainda os fazem difícil de trocá-los para reformular o time ao redor de Rondo, Pierce e Garnett.

Já fica difícil de prever mudança em pessoal. Piora: a tabela também não ajudará muito os veteranos. Antes da parada para o jogo das estrelas, o time terá sua parcela de Cleveland, Sacramento, Orlando e Charlotte, mas também terá pela frente Miami, Nova York (os dois), Los Angeles (idem) e Chicago. E depois da parada, irá á Costa Oeste para cinco jogos na casa do adversário e, depois de voltar para tomar um café em casa, irá a Filadélfia (que talvez possa ter Andrew Bynum de volta até lá) e Indiana. Em outras palavras, o desafio para engrenar será ainda mais difícil.

Logo, o Celtics está num limbo. Não há muito que fazer a não ser confiar que mais tempo a Bradley proporcione mais estabilidade, que as apostas de Ainge comecem a render na segunda metade da temporada (ou pelo menos no próximo mês, para que se tornem moedas de troca decentes) e que Garnett siga proporcionando o mesmo valor quando Doc Rivers estender os seus minutos nessa reta final. Esses pontos todos precisam ser conjugados para que o time possa finalmente engrenar em direção aos playoffs.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Por um 2013 melhor para a turma brasileira da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão, Leandrinho e Splitter

Vamos tirar logo isso da frente: eles ganham um belo salário, bem acima da média do esportista tupiniquim, jogam em alguns dos melhores ginásios, cercados de mimos incontáveis, com estafes gigantescos à disposição. Conforme o próprio Nenê disse a seus jovens descabeçados companheiros, eles ocupam algumas das vagas mais cobiçadas no esporte e certamente as mais desejadas do basquete. É só saber aproveitar.

Agora, segundo um dos dogmas expostos na lousa central de diretrizes do QG 21, “dinheiro e luxo não compram ou valem toda a felicidade do mundo”. Mesmo você, leitor mais cínico, precisa abrir o coração nesta época festiva, de cordialidades, resoluções e expiação de culpa, e dar uma colher de chá para os caras.

Vejamos:

Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers)
Individualmente, nunca houve uma temporada melhor para o capixaba do que a que ele vive neste ano. Na verdade, é provavelmente a melhor campanha de um brasileiro na história da liga. Com recordes de pontos, rebotes, assistências, roubadas de bola e lances livres, o pivô virou uma unanimidade para os jornalistas de lá, embasbacados com seus números. Pena que nada disso sirva para fazer do Cleveland Cavaliers um time decente. A equipe de Byron Scott (até quando, aliás?) tem um aproveitamento até mesmo pior que o do Charlotte Bobcats, gente. Difícil de aturar isso. De que vale tanto esforço se o resultado, no fim, é invariavelmente uma derrota? Quem sabe, então, se não aparece um time vitorioso interessado em sua cabeleira, que enxergue seu basquete aguerrido como uma grande cartada para se brigar pelo título em maio e junho? Alô, Brooklyn Nets, Atlanta Hawks, San Antonio Spurs, Oklahoma City Thunder e afins.

– Nenê (Washington Wizards)
É uma situação bem mais deprimente do que a de Varejão. Ao menos seu compatriota pode se consolar com a presença de Kyrie Irving ao seu lado e dos promissores Thompson, Waiters e Zeller. Há uma base evidente ali para se construir um bom time. Em Washington, porém, a perspectiva é de terra desolada. Um clube ainda sem comando algum, tático ou gerencial, numa prova clara de que JaVale McGee e Andray Blatche não eram exatamente a causa de todos os seus problemas. E aí temos um jogador que vem se arrebentando em quadra, pisando em uma perna só, aguentando sabe-se lá como 26 minutos por  partida, a serviço da pior equipe da liga. Em Denver, o são-carlense ouviu muitas críticas de que não fazia jus ao seu salário, de que qualquer resfriado era o suficiente para lhe afastar. Na capital norte-americana, o discurso é justamente o contrário. Ainda assim, talvez não seja o suficiente para convencer alguma franquia a investir em seu pesado contrato.

– Leandrinho e Fabrício Melo (Boston Celtics)
O ligeirinho anunciou que está retornando a Boston, depois de passar pelo Brasil para resolver problemas particulares. Esperemos, desde já, que não seja nada de mais grave, com repercussão para os próximos meses, e que ele possa, agora, se concentrar em sua profissão. Porque, a partir de janeiro as coisas ficam ainda mais complicadas para o ala-armador, com o retorno de Avery Bradley. Havíamos escrito aqui desde o momento em que assinou com a franquia mais vitoriosa da liga: não parecia uma situação propícia para ele dar sequência a sua carreira. Muitos fatores conspiravam contra isso, entre eles as contratações de Jason Terry e Courtney Lee muito antes da sua, com vínculos de longo prazo. Isto é, esses caras seriam a prioridade para Danny Ainge & cia. De modo que o brasileiro precisaria jogar demais para assegurar seu espaço.

E como estamos até agora? Em termos de produção estatística, com menos tempo de quadra, Leandro apresenta números mais eficientes do que os de Terry e Lee – mas talvez não o suficiente para lhe valer uma vaga cativa na equipe. Além disso, sabemos bem que a defesa nunca foi um forte do paulistano. É algo que deve explicar sua ação reduzida nas últimas rodadas. Por outro lado, o Celtics não melhorou em nada desde que Doc Rivers optou por reduzir sua carga de minutos (perdendo dez partidas em 19 disputadas).

Com a volta de Bradley, um exímio marcador – um dos melhores de toda a liga, não importando sua pouca idade –, esse quebra-cabeça fica ainda mais intrigante. Dá para pensar em dois desdobramentos completamente diferentes: 1) Barbosa será completamente enterrado no banco de reservas; 2) Bradley dá uma segurança maior ao treinador na retaguarda e acaba liberando alguns minutos de Terry ou Lee para o brasileiro. Talvez essas duas alternativas hipotéticas nem importem. Talvez o melhor, mesmo, seja encontrar um meio de se transferir para o Lakers e se reunir com Nash e D’Antoni num time que precisa, e muito, de um arremessador extra.

Sobre Fabrício? Bem, não mudou muito desde sua seleção no Draft: continua como um projeto do Celtics, que vai se desenvolver aos poucos na D-League, mas que ainda está longe de ser visto como uma solução imediata para o garrafão. Vide a chegada do atlético Jarvis Varnado, um cara draftado pelo Heat, mas que nunca foi aproveitado na Flórida e nem pertencia ao clube afiliado de Boston, mas que foi contratado como uma esperança de fortalecimento de sua combalida rotação.

– Tiago Splitter (San Antonio Spurs)
Opa! Seu pedido é uma ordem. O catarinense hoje aparece como o terceiro pivô mais utilizado por Popovich em sua rotação, com dez minutos a menos do que Duncan e três abaixo de Diaw. Um pequeno, mas bem-vindo avanço para o jogador que tem o terceiro melhor índice de eficiência do clube, superior até mesmo ao de Manu Ginóbili. A ironia é que a promoção ao time titular significa menos oportunidades ofensivas para o pivô, uma vez que ele agora passa mais tempo de quadra ao lado de Duncan e Parker. E mais: a promoção também não significou mais minutos: hoje ele tem 20,2 por partida, contra 19 da temporada passada. A expectativa é a de que essa quantia suba um pouco no decorrer dos próximos dois terços de campeonato e que Splitter possa chegar aos mata-matas em grande forma, pronto para ajudar os texanos e, ao mesmo tempo, subir sua cotação para o próximo mercado.

– Scott Machado (Houston Rockets)
Discutimos aqui.


Contusão de Rondo abre espaço para Leandrinho mostrar serviço e ser elogiado
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Giancarlo Giampietro

Ninguém vai torcer pela contusão de ninguém, mas você precisa estar pronto para jogar se algo de ruim acontecer. Leandrinho estava pronto nesta quarta-feira. Com uma contusão de Rajon Rondo, com cerca de quatro minutos restando no terceiro período, o ala-armador saiu do banco para o resgate com a duríssima missão de substituir o brilhante armador na vitória do Boston Celtics sobre o Utah Jazz por 98 a 93.

Leandrinho, orgulho de Celtic

Leandrinho é acolhido por KG e Green em voto que postou no Twitter para falar de união, ubuntu do Celtics

“Barbosa foi incrível”, afirmou o técnico Doc Rivers. “Digo, ele nos livrou. Não apenas  por ter entrado no lugar de Rondo. Achei que no primeiro tempo nossos titulares estavam muito parados e nossa segunda unidade nos deu um empurrão. E, obviamente quando Rondo saiu no segundo tempo, colocamos LB lá e chamamos poucas jogadas porque ele ainda não as conhece muito. Mas fizemos basicamente tudo com pick-and-rolls. Dissemos para que ele apenas seguisse atacando a cesta e que, a partir dali, descobriríamos o que fazer.”

É isso. Por mais que algumas jogadas se repliquem de um time para o outro, o Celtics tem seus próprios sistemas, conceitos, que o ligeirinho não teve oportunidade de assimilar ao ficar fora de todo o training camp e pré-temporada. Desta forma, vai ter de se achar por tentativa e erro em Boston. A lesão de Rondo abriu espaço, e ele soube aproveitar, aproveitando uma boa atuação que teve na rodada anterior contra uma defesa fortíssima como a do Chicago Bulls.

Se ainda não sabe direito as jogadas, Leandrinho tem de se concentrar em fazer o simples, como Rivers afirmou, e executar com agressividade, mas sem perder a cabeça. Contra o Jazz, ele conseguiu cumprir o script perfeitamente. Depois de converter sete de seus 16 pontos no primeiro tempo, sua melhor sequência veio quando entrou no lugar do armador titular e anotou seis dos próximos oito pontos da equipe. Melhor: jogando em ritmo acelerado e atacando sempre a cesta, procurando o garrafão, em vez de se contentar com tiros desequilibrados de três pontos.

“Apenas tentei jogar o que sei e tentei ajudar meu time com minha energia”, disse o brasileiro, que ficou em quadra por todos os 12 minutos do quarto final. “Foi muito importante acelerar. Acho que é o jeito que queremos jogar na maior parte do tempo. Quando estou no banco, vejo Rondo jogar, e é o que ele gosta de fazer: correr. E funciona muito bem. Para mim, fica muito mais fácil, me sinto muito mais confortável jogando desse jeito. Mas estou me acostumando já com as jogadas. Os técnicos vêm trabalhando comigo à parte. Estou chegando.”

Com ou sem Rondo, é importante que o brasileiro mantenha essa disposição e atitude. Agora uma presença inveterada no Twitter, escrevendo sem parar sobre o orgulho de ser um Celtic, talvez não seja tão difícil. “Em alguns dias, alguns jogos não vou ter muitos minutos, sei disso. Quando o clube entrou em contato, já sabia”, afirmou.  “Então só o fato de estar aqui e tentar ajudar… É o que importa para mim.”


Leandrinho ou Rondo: quem é o mais rápido? Doc responde
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho, o Vulto Brasileiro

Corra, Leandrinho, corra

Diante de todas as questões que Doc Rivers tem para responder no início irregular de campanha do Boston Celtics, a que ele provavelmente não teria muita necessidade de responder era sobre quem era mais rápido: Leandrinho ou Rajon Rondo, de um lado da quadra até o outro?

Mas o esporte não começou assim? Quem era o mais forte, o mais rápido, o que pula mais? São elementos que, de todo modo, estão dissipados na dinâmica do basquete. Então é claro que um viciado em basquete como o técnico adoraria uma pergunta dessas. E que temas como esse devem dominar vestiários em uma liga cujo nível de capacidade atlética é incrível.

“Uau, esta é uma boa pergunta. Acho que é o Rondo. Mas quer saber? Talvez tenhamos uma corrida em breve”, afirmou Doc, que, depois, foi questionado sobre quem ganharia um tiro rápido entre seu armador e uma aberração física como LeBron James. “Ah… Essa já foi discutida no nosso ônibus. Rondo acha que é ele. Os outros acham que é LeBron.”

Claro que o armador pensa ser mais rápido que o LeBron. Se não ele não se chamaria Rajon Rondo, oras. Ele é o mesmo que já disse que não precisa de amigos na NBA e nem tem tempo para isso.

Mas voltando à brincadeira de Doc. Imagine uma disputa no All-Star Weekend sobre quem seriam os jogadores mais rápidos da liga. Tony Parker competindo. Quem mais? Monta Ellis, Russell Westbrook, Derrick Rose, e todos os ligeirinhos. Mais divertido que os jogos de celebridades e a competição de arremessos com veteranos e atletas da WNBA certamente seria.

O que eu queria, mesmo, era ver se qualquer um deles poderia superar Charles Barkley: