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Arquivo : Courtney Lee

Lesão de Rondo abre oportunidade, e Leandrinho recebe voto de confiança de Pierce em Boston
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho já é de casa

Um Boston Celtics mais unido sem Rajon Rondo?

A chance veio.

A lesão de Rajon Rondo abriu 37,4 minutos para serem distribuídos na rotação de perímetro de Doc Rivers, e a diretoria dá a entender que quer ver como o time – e os jogadores da posição – respondem nas próximas semanas para avaliar se precisam, ou não, de uma troca. Lembrando que o prazo para os times fecharem transações nesta temporada dura até 21 de fevereiro.

Leandrinho sabe, então, que chegou a hora. Depois de ser acionado nos primeiros meses e, depois, ser enterrado no banco de reservas, pinta uma nova oportunidade para o brasileiro mostrar serviço.

Contra o Heat, Courtney Lee foi promovido ao time titular para fazer dupla com Avery Bradley, enquanto Paul Pierce teve se dedicar mais à orquestração do ataque. Ainda assim, o tempo de quadra do brasileiro subiu para 30 minutos. Teve dupla prorrogação? Ok, teve, então foram 58 minutos disponíveis de partida. Mas já foi um baita avanço, já que, nas quatro rodadas anteriores, ele havia somado apenas 19 minutos no total, sem ter pisado na quadra na derrota para o Cavs. No geral, sua média na temporada é de apenas 11 minutos.

Enfrentando os atuais campeões, superatléticos, Leandrinho não chegou a brilhar, mas teve um jogo sólido: 4 assistências contra apenas um desperdício de bola e nove pontos, convertendo quatro em oito chutes de quadra, matando a única de longa distância que tentou. E solidez talvez seja algo de que o Celtics realmente mais precise neste momento. Jogadores consistentes, regulares, que assimilem seu papel e ajudem a equipe a se reconstruir rapidamente sem a presença do cerebral – e problemático – Rondo. Algo que nem ele, muito menos a dupla Courtney Lee e Jason Terry, nos quais Ainge e Rivers apostaram tanto, vinham conseguindo.

De todo modo, Paul Pierce, um dos capitães do time, não perdeu a fé nessa turma, incluindo o brasileiro. “Os caras vão receber uma oportunidade agora. Sabemos que eles assumiram papéis reduzidos por causa do modo como nosso time é construído. Agora eles vão ter de assumir um papel maior. E sabemos que temos caras mais do que capazes de aproveitar e dar conta do recado, seja Courtney Lee, seja Leandro Barbosa. Sabemos que esses caras podem jogar. O que aconteceu foi que, com o sistema que temos, com Rondo sendo nosso principal criador de jogadas, e jogando 40 minutos, esses caras provavelmente não tiveram uma oportunidade para realmente mostrar o que eles podem fazer. E agora eles vão ter essa oportunidade.”

Doc Rivers é bom de retórica, Kevin Garnett vai direto ao ponto, mas, pensando no futuro de Leandrinho em Boston, dificilmente alguém vai resumir melhor a situação do que fez o veterano ala. “Ainda gosto de nossas chances na Conferência Leste. Digo, sentimos que podemos jogar contra qualquer um com o time que formamos aqui. Mesmo sem Rondo. Contra o Miami foi o exemplo perfeito. Mostramos que somos capazes. Com ou sem Rondo, temos um elenco para competir com qualquer um. Não é segredo nenhum. Só precisamos jogar com a disciplina e o empenho que tivemos agora”, completou.

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Por mais generoso que seja em quadra, liderando a liga em assistências, diversos repórteres que acompanham o Celtics de perto levantaram a tese de que o Celtics poderia se acertar sem Rondo fora de quadra, em termos de clima de vestiário. Depois, poderiam melhorar as coisas jogando, mesmo. Se Ray Allen passou de mentor a inimigo de Rondo em menos de dois anos, não seria de se estranhar que outros atletas da Beantown tenham problemas de relacionamento com o jogador. “Ele não estava  lidando bem com a missão de liderar o time”, resumiu o veterano jornalista Peter May, que colabora com a ESPN.com de Boston e segue a franquia desde os tempos de Bird (ou mais).

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Rondo criou 24,3 pontos por jogo a partir de suas assistências nessa temporada. Se o Boston Celtics já tem um dos piores ataques da liga mesmo com essa produção incrível do armador, é de se imaginar, então, que o barco esteja afundado para o restante da campanha? Nem tanto. Nas últimas quatro temporadas, o time venceu 21 e perdeu 13 partidas quando jogou sem o armador. Talvez um jogo menos centralizado em uma só mente brilhante possa ser produtivo. Além disso, quando Rondo vai para o banco nesta temporada, o Boston Celtics permite cerca de 5 pontos a menos por partida, fazendo de sua defesa ainda mais forte – algo que poderia compensar também uma queda de rendimento no ataque.

Mas qualquer cenário positivo para o Celtics nesta temporada, que não envolva troca, vai depender exclusivamente de dois fatores: que Pierce e Garnett não se lesionem e que os reforços desta temporda rendam conforme o esperado. Incluindo, sim, Leandrinho.


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