Vinte Um

Arquivo : Haddadi

Revelação da Jordânia chama a atenção de Ivkovic
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Giancarlo Giampietro

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Glo-ba-li-za-ção. Já faz tanto tempo que a gente fala e ouve a respeito, que parece coisa do passado, né? Mas no basquete ainda se sente os efeitos dela diariamente. Como quando você acorda, checa as fontes básicas do Twitter e dá de cara com isto aqui, via Sportando:

“Anadolu Efes está interessado no pivô Ahmad Al Dwairi”

Ahmad quem?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Al Dwairi levanta a galera

Al Dwairi levanta a galera

Pois é: aí taca fazer uma pesquisa rápida, para checar a procedência. E aí descobre-se que se trata de um pivô jordaniano. Considerado um prospecto para as ligas de ponta. Com especulação até de NBA. Vindo da Jordânia. E por que não?

De 21 anos e supostos 2,09 m de altura, Al Dwairi teve médias de 12,7 pontos e 10 rebotes por jogo na última Copa da Ásia. Agora, saibam que não foi muito fácil achar mais informações a respeito do cara. Pudera: não é que seu país esteja plenamente inserido na rede mundial do basquete. O pivô joga pelo Al Ittihad Schools na liga nacional de seu país.

Nem mesmo sua ficha Fiba é muito detalhada. De qualquer forma, seguem aqui seus dados da última copa continental, jogo a jogo. Contra o Irã, adversário brasileiro no Mundial, foi excluído com cinco faltas em apenas 28 minutos, terminando com 14 pontos e 7 rebotes. Bom destacar que o glorioso Hamed Haddadi não jogou. Contra os carismáticos filipinos, sem Andray Blatche, foram 13 pontos, 14 rebotes, 2 tocos e 2 roubos de bola em 30 minutos. A seleção jordaniana terminou com uma honrosa quinta colocação.

Deem uma espiada logo abaixo em um compacto (de melhores momentos, claro) do jogador num torneio amistoso nesta temporada. Obviamente o cara é um atleta de ponta. Por outro lado, não dá para ignorar o baixo nível da concorrência. É um gigante em meio a baixinhos, seguido os passos de Haddadi e Salah Mejri, pivô do Real Madrid.

O Anadolu Efes seria um ótimo clube para o jovem pivô – já até está treinando por lá. Sob o comando de Dusan Ivkovic, o porjeto enfatiza de hoje enfatiza o desenvolvimento de jovens atletas. Além do mais, as particularidades culturais de Istambul podem facilitar sua adaptação fora de casa – impacto muito menor, claro, do que o de uma eventual viagem para os Estados Unidos.  Além disso, sua mãe é truca e ele nasceu nessa metrópole. Vamos monitorar no que vai dar essa história toda. Promessa é dívida.


Ingles no Clippers? Zoran no Suns? Copa influencia o mercado
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Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo de basquete acabou no domingo, mas parece que foi há meses, né?

Ok… Não chega a tanto. Foram só dois dias, mesmo.

Ainda assim, galera, já vale atualizar o que se passa na vida de alguns dos personagens do torneio envolvidos com o mercado da bola (ao cesto).

Na NBA as coisas estavam aparentemente todas acertadas. Como se precisássemos apenas de uma resolução para o impasse entre Phoenix Suns e Eric Bledsoe – o melhor jogador americano sem contrato no momento –, além de uma definição de Ray Allen: o veterano ala vai, ou não, recorrer ao INSS como aposentado? Acontece que a Copa, este torneio que parte da liga americana tenta rotular na marca como algo desinteressante, gerou mais algum movimento nas franquias que ainda têm vagas em seus elencos. Da mesma forma que acontece na Europa e na China. A prioridade da maioria dos agentes livres, claro, é jogar em solo ianque. Mas esses acordos não são tão simples assim.

Vejamos:

Joe Ingles (Austrália)

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Essa foi a nota quentinha da terça-feira, cortesia de Marc Stein, um bastião do ESPN.com. O ala canhoto acertou com o Los Angeles Clippers, que abriu uma vaguinha em seu perímetro ao se livrar do contrato de Jared Dudley, despachado para ser um mentor de Jabari Parker e Giannis Antetokounmpo em Milwaukee. Ainda não está claro se o seu contrato é garantido, ou não. Antes do tweet de Stein, o Courier Mail, de Brisbane, havia entrevistado este boomer, que não quis revelar os clubes interessados, mas disse que as chances de jogar nos Estados Unidos eram de 99%. Mas com um detalhe: provavelmente com um contrato sem garantias. Daqueles em que se estipula um prazo para a franquia decidir se ficará, mesmo, com o atleta por toda a temporada. Curioso que Ingles, campeão da Euroliga pelo Maccabi, vindo de médias de 11,4 pontos, 3,4 assistências e 3,2 rebotes no Mundial, encare um desafio desses. Em vias de completar 27 anos, deve estar considerando aquela coisa de agora-ou-nunca. “Vou tentar entrar no time, mas isso por si só vale como motivação para mim. Estou empolgado. A situação para a qual vou é a de um time que tem me acompanhado”, afirmou. Em L.A., Doc Rivers tem, no momento, as seguintes opções para o perímetro, lembremos: JJ Redick, Jamal Crawford, Matt Barnes, Reggie Bullock e o calouro CJ Wilcox (excepcional arremessador vindo da universidade de Washington).

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic (Eslovênia)
O irmão do Goran virou febre entre os scouts da liga americana. Incrível. Vi alguns jogos do ala-armador esloveno na última Euroliga, e ele tem seus lampejos aqui e ali, mas está longe de ser um atleta consistente, embora já não seja tão novinho assim (25 anos). É um jogador atlético, raçudo, que ataca a cesta com fome, mas que converteu apenas 25% de seus arremessos de três na temporada passada pelo tornei continental e 28,8% pela Liga ACB. Sim, acreditem: não é todo europeu que chuta bem de longa distância, mesmo com um sobrenome desses. Em um bate-papo recente, o analista Kevin Pelton, do ESPN.com, um desses magos das estatísticas, fez a seguinte observação: “Se fosse irmão de um encanador, não sei se teria alguma chance de jogar na NBA”. Ouch. Ele fala isso com base na tradução de seus números da Europa para os Estados Unidos. Vai saber.

Fato é que o esloveno tem uma penca de times no seu calcanhar. Segundo o mesmo Marc Stein, o Phoenix Suns é quem estaria mais adiantado em negociações para tirar o atleta do Unicaja Málaga, superando Pacers e Kings. O gerente geral Ryan McDonough, que foi para Madri acompanhar os mata-matas da Copa, está fazendo de tudo para agradar ao irmão mais velho de Zoran, que vai deve se tornar um agente livre em 2015. Arizona Central confirma o interesse do time e afirma que sua multa rescisória com o clube espanhol é de US$ 1,1 milhão. Já o RealGM lista Spurs, Magic, Heat e Mavericks como times envolvidos na perseguição e dá outro detalhe: o jogador tem até o dia 5 de outubro para se liberar de seu contrato. Caso contrário, é obrigado a jogar a temporada pelo Málaga. Quem dá mais?! “Obviamente que estou interessado em jogar na NBA, mas não tem nada definido no momento”, afirma o Dragicinho. “Tudo é possível, mas por enquanto ainda sou um membro do Unicaja Málaga.”

Gustavo Ayón (México)
Já teve gente declarando amor ao pivô mexicano durante a Copa. Outra vez. Não sei quem. Agora, se você acha que o rolo de Dragic é meio complicado, a trama em torno de Ayón é digna de um quebra-cabeça para a turma de Charlie Kaufman resolver. Assim: o herói de Zapotán jogou uma temporada só pelo Atlanta Hawks e voltou para o mercado. Estava esperando mais uma oferta da NBA, que não chegou – o Spurs é que poderia se apresentar, segundo… Marc Stein! De concreto, todavia, o mexicano disse, durante o Mundial, que só havia chegado uma proposta chinesa, do Shandong. Mas aí o Real Madrid também entrou na parada, e eles estavam bem perto de acertar um vínculo de três anos. Além do mais, ele só jogaria na Euroliga, com cláusulas camaradas para migrar para os Estados Unidos, se fosse o caso. O problema é que, na Espanha, os direitos do mexicano são do Barcelona. Para ele fechar com o Real, teria de pagar 290 mil euros ao Barça. Então, no momento, o jogador estaria inclinado a ir para a China, mesmo.

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Miroslav Raduljica (Sérvia)
O quê!? O Raduljica!? Mas ele não era do Bucks?! Não, gente, não mais. Anunciado insistentemente durante toda a Copa do Mundo desta maneira, o pivô titular e um dos destaques dos sérvios no torneio, o grandalhão havia sido trocado pelo Milwaukee para o Clippers (no mesmo negócio que envolveu Dudley). Doc Rivers não tinha intenção em contar com suas trombadas e o dispensou de imediato. Então ele está no olho da rua, mesmo. Mas não vai durar pouco. Na real, o troglodita vice-campeão mundial parece estar envolvido em um sexteto amoroso com Ayón, Spurs, Real e Shandong. Sim, as coisas ficam ainda mais complicadas de desenrolar aqui, hehe. Os mesmos clubes relacionados ao mexicano aparecem também na onda de rumores em torno do pivô. Com a prata no peito, em alta no mercado como nunca antes em sua história, Raduljica ao menos diz com orgulho: “Perdemos a final, mas minha barba ainda é melhor que a do James Harden”.

Hamed Haddadi (Irã)
Por falar em Real Madrid e China… pode botar o iraniano nesta história. Aparentemente, a diretoria do clube espanhol não perdeu tempo ao ver uma série de estrelas internacionais em seu país durante a Copa. O gigante foi mais um jogador cogitado para reforçar seu garrafão, embora sua prioridade também fosse retornar para os Estados Unidos. Uma pena que Memphis não o reconheça pelos serviços prestados… A essa altura da vida, já não dá mais para acreditar num mundo justo. De modo que Haddadi está em vias de assinar com a liga chinesa, mesmo, para defender o Qingdao Double Star.

Eugene Jeter (o ursinho Puff da Ucrânia)
O armador americano, que defendeu a seleção ucraniana com 15,4 pontos e 5 assistências por partida na Copa, sempre reclamou de que nunca havia recebido uma chance real para jogar na NBA. Foi reserva do Sacramento Kings por um ano, mas foi na Europa que desenvolveu sua carreira profissional. Agora, recebeu um convite do Los Angeles Lakers para passar por um período de duas semanas de treinamento. Um sonho de criança. “Nasci em Los Angeles e cresci como um torcedor do Lakers, então é uma honra receber esse convite”, afirmou. Tudo pronto para um final feliz? Nem tanto: mesmo que o gerente geral Mitch Kupchak quisesse adicioná-lo a uma rotação que hoje tem Jeremy Lin, Steve Lin e Jordan Clarkson, Pooh Jeter não poderia – já tem contrato na China e vai honrá-lo, disse ao Beijing Times.


O 5º dia da Copa do Mundo: Agora afunilou
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a Sérvia, clique aqui.

Luis Scola (22 pontos, 14 rebotes, 29 minutos) não se importunou com os atletas senegaleses. E agora?

Luis Scola (22 pontos, 14 rebotes, 29 minutos) não se importunou com os atletas senegaleses. E agora?

Quatro de cinco rodadas da fase de grupos já foram disputadas. Muitos sustos, poucas sacoladas, e sete vagas ainda abertas para que a chave do mata-mata seja preenchida. Foi um dia cheio de jogos, com todas as seleções novamente em quadra, resultando em 12 partidas, muitas delas simultâneas, para tornar qualquer resumo insuficiente. Fazemos aqui nosso melhor (humilde) esforço. Depois de ter chorado com os filipinos.

As contas
A essa altura do campeonato, todo mundo quer saber, mesmo, de quem vai enfrentar quem nas oitavas de final. Bom, conforme dito na croniqueta da vitória brasileira sobre a Sérvia, o time de Magnano assegurou a segunda posição do Grupo A, atrás da Espanha. O que quer dizer que vai enfrentar o terceiro do Grupo B. A partir daí, a segunda pergunta que – dá para sentir – muita gente está fazendo é: vai dar Argentina, ou não? Olha, pode acontecer, mas precisa de uma combinação tripla de resultados: que Luis Scola & Cial percam para a Grécia + vitória da Croácia sobre Porto Rico + vitória das Filipinas contra Senegal. Hoje, o adversário seria o time africano, mesmo. Os senegaleses assegurariam o terceiro lugar com uma vitória sobre os filipinos, ou se Porto Rico superar a Croácia.  Pode dar Croácia, se eles vencerem Porto Rico e… a) a Argentina vencer a Grécia e as Filipinas, Senegal ou b) a Grécia derrotar a Argentina e Senegal, as Filipinas. A Fiba mostra os cenários, mas o site Eurohoops vai além.

O jogo da rodada: Turquia 77 x 73 Finlândia
Com 15 segundos no relógio, o armador Petteri Koponen tinha dois lances livres para bater, com a chance de garantir mais uma vitória histórica – lideravam por 68 a 65, afinal. O líder do time escandinavo, porém, errou os dois arremessos. Tempo pedido. Na reposição de bola, a Finlândia decidiu pagar para ver o que os turcos podiam, sem fazer a falta e jogar um adversário para a linha de lance livre – talvez abalados pelas falhas de seu atleta. Aí que o ala Cenk Akyol, que já foi tido como uma grande promessa do basquete europeu, foi draftado pelo Atlanta Hawks e hoje é um medíocre ala do Galatasaray, acabou matando uma bomba de longa distância, aproveitando passe de Emir Preldzic, a quatro segundos do fim, forçando a prorrogação (Koponen ainda erraria uma bola de dois antes do estouro do cronômetro). No tempo extra, Preldzic passou de organizador a definidor, anotando cinco de seus 13 pontos, incluindo suas únicas duas cestas de quadra, para garantir a vitória. Ele ainda contribuiu com 8 rebotes e 5 assistências. Destaque também para os incríveis 22 pontos (com oito lances livres desperdiçados) de Omer Asik, que virou, de uma hora para a outra, uma força ofensiva no Mundial. O resultado ainda não garante a classificação turca, mas praticamente elimina os finlandeses: para eles avançarem ao mata-mata, precisam derrotar a Nova Zelândia (plausível) e torcer para que a Ucrânia vença… os EUA (atchim!).

Asik e Gonlum consolam Koponen. Coisa linda

Asik e Gönlum consolam Koponen. Coisa linda

A surpresa: Manimal!!!
Vamos lá: ninguém ganha esse apelido de bobeira. Ele é o Manimal simplesmente por fazer coisas que valham o nome. O pivô mexe com um jogo de diversas maneiras. Em sua linha estatística, deveriam constar também itens como: “bolas perdidas recuperadas sem ninguém perceber”, “atropelamentos sem falta”, “saltos”, “chicotadas com o cabelo”, entre outras. Isso tudo o torcedor do Denver Nuggets sabia. Agora, o alcance de sua influência era desconhecido até mesmo pelo público geral americano.  Após quatro jogos, ele aparece como o segundo cestinha do time, com média de 14,8 pontos por jogo e aproveitamento de 78,4% nas tentativas de cesta. Afe.. Por mais que tenha refinado seu arremesso, com os pés plantados ou em progressão, por mais energia que leve para a quadra, ninguém contava com isso. “Espere o inesperado”, ele mesmo resume, após liderar o ataque americano com 16 pontos em controlados 17 minutos, tendo errado três de seus 11 chutes. Credo.

Alguns números
1.000 – O confronto entre EUA e República Dominicana foi o milésimo na história dos Mundiais.

17 – Foram os reduzidos minutos de Goran Dragic contra a Angola nesta quarta, não importando que os africanos tenham feito um jogo parelho por mais de três quartos. Quando a parcial final começou, aliás, os eslovenos perdiam por um ponto (66 a 65). Ainda assim os eslovenos maneiraram no tempo de quadra de sua estrela, que marcou 14 pontos e cometeu 3 faltas. Nenhum jogador do time, na verdade, passou  da marca de 25 pontos (Dormen Lorbek, cestinha com 17 pontos).  Aí tem coisa? Não sei: não faria sentido entrega-entrega, uma vez que o líder do Grupo D escaparia de um duelo com Estados Unidos e Espanha nas semifinais.

14 – Contra a enchouriçada linha de frente de Senegal, Scola apanhou 14 rebotes, seu recorde nesta competição. Mesmo sem mal sair do chão, o pivô argentino é o quarto em média nesse fundamento, com 9,8 por jogo. Acima dele aparece justamente um adversário com quem lidou durante o dia: o pivô Gorgui Dieng (média de 10,8, a segunda), mas que não conseguiu se destacar contra os hermanos. Marcado por Nocioni no início, teve seu pior jogo, disparado: 11 pontos, 8 rebotes e 5 turnovers, com 4/11 nos arremessos. Dessa vez não deu para os supreendentes africanos, atropelados por 81 a 46.

2 – No duelo dos sacos de pancada do Grupo A, o Irã venceu o Egito por 88 a 73, com 23 pontos, 15 rebotes e 4 assistências de Hamed Haddadi. Foi apenas seu segundo triunfo em um Mundial, novamente contra uma seleção do norte africano. Em 2010, eles haviam batido a Tunísia, arquirrival egípcia, por 71 a 58.

O Irã de Haddadi ainda tem chances remotas no grupo do Brasil: precisam vencer a França e torcer para uma vitória da Sérvia contra a Espanha. Qual é a mais difícil de acontecer?

O Irã de Haddadi ainda tem chances remotas no grupo do Brasil: precisam vencer a França e torcer para uma vitória da Sérvia contra a Espanha. Qual é a mais difícil de acontecer? Se vencerem a França por mais de 8 pontos, não importaria se a Espanha derrotasse a Sérvia. Tenha fé!

0 – A Lituânia arrasou a Coreia do Sul: 79 a 49. E aí que você pode tentar matar a charada: “Dãr, chance zero de os sul-coreanos vencerem”. Sim, a resposta se sustenta. Mas o mais curioso e bizarro, mesmo, é que a vitória aconteceu sem nenhum lance livre convertido – ou batido!!! – pelos bálticos. Sim, todos os 79 pontos lituanos aconteceram em chutes com a bola em jogo (26 de dois pontos, 9 de três). Fair play dos coreanos, né? Donatas Motiejunas, pivô do Houston Rockets, foi o nome do jogo, com 18 pontos, 7 rebotes e 5 assistências em 29 minutos. Depois de sofrer com a forte marcação australiana na véspera, o armador Adas Juskevicius sorriu com 20 pontos em 21 minutos.

Andray Blatche: contagem de arremessos
67! – Em um jogo de matar ou morrer contra Porto Rico, Blatche ficou no meio do caminho. Não varou a casa dos 20 arremessos, mas ultrapassou os 10. Terminou com 16 – 10 de dois pontso e 6 de longa distância. Para quem viu a partida, porém, sabe que poderia ter sido mais. O pivô, na verdade, enxergou A Luz e passou a respeitar de verdade seus companheiros, fazendo a bola girar do jeito que dava (com um ou meia dúzia de turnovers no meio do caminho), em vez de encarar a marcação por vezes tripla dos porto-riquenhos. Ele terminou com duas assistências, mas buscou muito mais passes decisivos do que os estatísticos puderam computar. O basquete enobrece, uma coisa linda. Além do mais, ele ainda mantém uma distância confortável para a concorrência no quesito: Luis Scola é quem chega mais perto, com 57 tentativas de cesta.

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Hoje foi dos dias em que o treinador grego não deu muita bola para o menino – com a vitória sobre a Croácia por 76 a 65, assegurou a primeira ou segunda posição do Grupo B, dependendo do confronto desta quinta com a Argentina. Giannis ficou em quadra por 12 minutos, como se fosse um quarto de NBA, anotando dois pontos na sua única investida próxima da cesta. Uma enterrada cortando por trás da defesa, que a Fiba gravou e exibe no vídeo abaixo. Coisa pouca para os padrões dele, né? Fora isso, o futuro craque do Bucks errou dois arremessos de três e pegou quatro rebotes. Amanhã, ele vai ter Andrés Nocioni pelo caminho. Cuidado!

Tuitando:

Nove das 16 vagas nas oitavas de final estão preenchidas.


A galera do Mondo Basquete tem publicado as estatísticas avançadas de cada jogo do Brasil no Mundial. Leia-se: os números que vão além dos números divulgados nas tabelas mais simples, medindo o impacto qualitativo – que nem sempre é reproduzido fielmente pelo quantitativo – do desempenho de cada jogador. Tiago Splitter foi destaque contra os sérvios.

 

Sem um miniclipe do Vine, não tem graça. Lá vai o companheiro de Bruno Caboclo e Lucas Bebê para a enterrada: DeRozan jogou 18 minutos contra os dominicanos e anotou 11 pontos (mas cometeu cinco desperdícios de bola).


A Copa de basquete em números
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Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo de basquete começa daqui a pouco. Neste sábado, mesmo. Isso pede qualquer tipo de informação que vá processar um ou dois neurônios de gente do bem:

Tenório, o tampinha do Mundial

Tenório, o tampinha do Mundial

218 – Na verdade, 2,18 m de altura para Hamed Haddadi. O pivô iraniano é o jogador mais alto no torneio, entre 288 listados. Com 1,70 m, o armador filipino Lewis Tenorio é o tampinha oficial. Em termos de seleção, a Sérvia tem o conjunto mais alto, com impressionantes 2,04 m de média per capita. Com 1,95 m de altura, o enjoado Milos Teodosic é o mais baixo dos caras. Sim, leia isso de novo e veja lá se faz sentido! Parei.

100 – Coreia do Sul e Egito são as únicas seleções a terem 100% do elenco formado por atletas de suas ligas domésticas. Filipinas, Irã, Turquia e Angola têm 11. Nos Estados Unidos, os 12 são da NBA, mas DeMar DeRozan joga pelo Raptors. De Toronto. Waka-waka-waka.

46 – a Euroliga é o campeonato de clubes que mais representantes fornece ao Mundial, com 46 atletas já garantidos. Se você quiser incluir nos cálculos, aqueles que vão disputar o torneio qualificatório (a, digamos, Pré-Euroliga), pode subir para 49, adicionando o armador francês Atoine Diot, do Estrasburgo (e que deve ser o titular na vaga de Tony Parker em sua seleção) e a dupla Nikos Zisis e Kostas Kaimakoglou, gregos do Unics Kazan.

44 – foi em 1970, há 44 anos, a última vez em que o país anfitrião viu sua seleção comemorar o título: a Iugoslávia. O que, nos tempos de hoje, nem vale: eram vários países em um, três deles jogando a atual edição: Croácia, Eslovênia e Sérvia. (PS: se formos levar a brincadeira adiante, uma seleção iugoslava poderia ter algo como Goran Dragic, Milos Teodosic, Stefan Markovic, Zoran Dragic, Krunoslav Simon, Bojan Bogdanovic, Dario Saric, Damjan Rudez, Nemanja Bjelica, Ante Tomic, Nenad Krstic e Luka Zoric. Candidata ao título, claro.)

Marcelinho em 2002, Indianápolis

Marcelinho em 2002, Indianápolis

39 – com 39 anos, Marcelinho Machado é o jogador mais velho da competição – a seleção brasileira, aliás, tem a média de idade mais elevada: 31 anos por jogador. Machado, ao que tudo indica, também vai se tornar o jogador mais velho a entrar em quadra pelo Mundial. Basta Magnano querer. Além do camisa 4 flamenguista, o sul-coreano Moon Tae-Jong também nasceu em 1975, mas só vai fazer aniversário em dezembro. Os pivôs Daniel Santiago, de Porto Rico, e Hanno Möttölä, da Finlândia, são de 1976. Pablo Prigioni, da Argentina, Keren Gonlum, Turquia, e Jimmy Alapag, das Filipinas, são de 1977. Todos eles têm direito a vaga no senado.

38 – já a última vez que o Brasil ficou entre os quatro melhores de um Mundial aconteceu há 38 anos, em 1986, na própria Espanha. Na ocasião, a turma de Oscar perdeu a disputa do bronze para a Iugoslávia, de um certo Drazen Petrovic e um Vlade Divac, de 18 anos.

35 – sem contar os jogadores do Team USA, são 34 atletas que apresentam todos orgulhosos o CV com NBA lá no topo. Ou melhor, 34 jogadores com um contrato vigente com a maior liga de basquete do mundo. Caras como Baynes, Ayón e Blatche, que disputaram a última temporada, mas que são agentes livres no momento, ficaram fora dessa conta. A Espanha é quem mais tem, nesse sentido: seis. Incluindo o Ibaka, que fique claro.

O magrelinho Mykhailiuk entre marmanjos: 22 anos mais jovem que Machado

O magrelinho Mykhailiuk entre marmanjos: 22 anos mais jovem que Machado

18 – da mesma forma, se excluirmos os caras da seleção espanhola, temos uma dúzia e meia de atletas da Liga ACB registrados no Mundial. Dois deles são brasileiros e armadores: Marcelinho Huertas (Barcelona) e Raulzinho (Murcia). O Real Madrid, com sete convocados, é o clube mais representado no campeonato. Já contando o Chapu Nocioni, que vai substituir Nikola Mirotic na próxima temporada.

17 – anos é a idade do ala-armador ucraniano Sviatoslav Mykhailiuk, o atleta mais jovem do Mundial. A precocidade do garoto é tamanha que, em 2013, ele estava disputando o Eurobasket… Sub-16. Geralmente, os caçulinhas neste tipo de competição são pivôs, né? Como Splitter em 2002. Mykhailiuk, extremamente badalado pelos olheiros europeus, contraria essa escrita. Terminada a participação de seu país, ele vai pegar o primeiro voo disponível e se juntar ao elenco de Bill Self na universidade de Kansas.

10 – dez países que não conseguiram vaga – nem convite – ao menos viram suas ligas nacionais fornecerem jogadores para o Mundial: Alemanha, Bósnia, China, Israel, Itália, Japão, Romênia, Rússia, Suíça, Venezuela. Mercado com muito dinheiro, a China só conta com dois atletas: Pooh Jeter, americano naturalizado ucraniano, e Hamady N’Diaye, pivô senegalês que já atuou por Sacramento Kings e Washington Wizards. Desse grupo, com nove convocados, a Rússia foi quem mais cedeu.

6 – jogadores disputaram a última temporada da NCAA, o basquete universitário americano. Três são neozelandeses: Taj Webster, Robert Loe e Isaac Fotu.

Laprovíttola rubro-negro

Laprovíttola rubro-negro

2 – entre todos os inscritos, excluindo os brasileiros, apenas dois jogadores disputaram o último NBB: Nicolás Laprovittola, armador do Flamengo e da Argentina, e Ronald Ramón, armador do Limeira e da República Dominicana. Pensando no próximo campeonato nacional, mais dois gringos podem ser incluídos: os alas argentinos Walter Herrmann, grande reforço do Flamengo, e Marcos Mata, que vai para o Franca. Além disso, tem o Hettsheimeir em Bauru. Com os brasileiros Alex, Marcelinho, Marquinhos, Giovannoni e Larry, o número subiria para sete.

0 – Nenhuma seleção conseguiu subir ao pódio em todos os três Mundiais disputados nos anos 2000: os EUA, bronze no Japão 2006 e ouro na Turquia 2010, ficaram fora da edição justamente disputada em casa, em 2003. Rubén Magnano pode contar com mais detalhes o que se passou por lá. A Espanha foi ouro há oito anos, mas não ganhou medalha nas demais. Aliás, numa prova de equilíbrio, tivemos dez semifinalistas diferentes.

Para recordes históricos, esta página da Wikipedia diverte. O site Eurohoops também tem preparado um material bem legal (em inglês) do fundo do baú: os melhores duelos e as melhores finais, entre outras listas. Vale fuçar.


Brasil anula gigante e trucida o Irã; Huertas de luto
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Giancarlo Giampietro

Sim, era o Irã.

O mesmo Irã que, nas duas primeiras rodadas do quadrangular, havia perdido por apenas oito pontos (77 a 69) para a Eslovênia e por 13 para a Lituânia (80 a 67).

Obviamente, o time mais fraco do torneio amistoso. Mas não tão frágil assim com o Brasil fez parecer neste sábado numa vitória massacrante por 92 a 52. Fazendo uma subtração, temos 40 pontos de vantagem, ou cinco vezes mais o que os eslovenos fizeram.

Jogo tranquilo, até nos lances livres. Splitter: 5/5

Jogo tranquilo, até nos lances livres. Splitter: 5/5

Cada jogo é uma história, claro. Tem muito a ver também com o modo como os estilos dos oponentes se encaixam. Para falar em tática, técnica, proposta e prancheta do Irã, não tem como fugir do grandalhão Hammed Haddadi. Tudo nessa seleção gira em torno do pivô ex-Memphis Grizzlies.

Contra os eslovenos, por exemplo, ele foi um estrondo: 18 pontos, 9 rebotes e 6 assistências em 35 minutos de ação (haja fôlego!). Contra os lituanos, 12 pontos, 10 rebotes e 2 assistências em 27 minutos, sendo limitado por quatro faltas cometidas.

A bola vai para o poste (no sentido mais amplo possível), e dali ele trabalha com ela, Girando lentamente de costas para a cesta, mas com sólido jogo de pés, munheca e boa visão para o passe. Até mesmo o Brasil já tido certa dificuldade contra o cara, no Mundial de 2010 – ainda que tenha vencido por 15 pontos, só o primeiro quarto foi vencido com autoridade, e o time estava desfalcado de Nenê e Varejão.

Acontece que a seleção dessa vez fez um trabalho mais forte, até por ter quem o marque no mano a mano, sem precisar de ajuda: Nenê, que o anulou no primeiro tempo. Na etapa inicial, Haddadi teve de se contentar com 2 pontos, 3 rebotes e apenas uma cestinha de quadra em cinco tentativas. Nem o MVP do último campeonato asiático, nem sua equipe estão acostumados com números paupérrimos desses.

Com Haddadi fora de combate, caminho aberto para uma lavada de 48 a 24. Após o intervalo, as coisas não ficaram muito mais fáceis para ele. Sai Nenê, entra Splitter. Sai Splitter, entra Varejão, numa ciranda de ótimos defensores. Não passou, mesmo dos 2 pontos na partida e 4 rebotes em 24 minutos arredondados.

Se você contem o gigante, tem mais condições de contestar os chutes de fora, forçando 14 erros em 17 tentativas do perímetro (18%). Nas duas partidas anteriores, haviam matado 11 em 27 (40%).

De resto, soltinho da silva em quadra, o Brasil converteu seus lances livres (miraculosos 77% de aproveitamento, com 20/26, incluindo 4/5 de Nenê e 5/5 de Splitter!!!) e matou também as confortáveis e saudosas bolas de três pontos (49%, 10/21, com 4/6 de Marquinhos).

Muita emoção.

Marquinhos, inclusive, foi o cestinha do time, com 24 pontos em 21 minutos, na sua melhor atuação, disparada, neste ano.

As duas equipes agora vão se reencontrar em Granada, na Espanha, já com um Mundial valendo: dia 31/08, segunda rodada. Até lá, o Brasil ainda faz mais um jogo-teste contra o México, na quarta.

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Sobre Huertas, uma nota triste: seu avô, Américo, de quem o armador era muito próximo, morreu na noite desta sexta-feira. Ele já estava internado em estado grave durante toda essa fase de amistosos da seleção brasileira. Obviamente é difícil se concentrar no trabalho – qualquer trabalho que seja – num momento delicado desses, e todas as suas recentes atuações precisam ser encaradas sob outro prisma. Ainda assim, foi para o jogo hoje, com um minuto de silêncio antes do tapinha inicial. Fica aqui uma saudação ao atleta e sua família.

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Sobre Giovannoni: recuperado de torção no tornozelo, o ala-pivô foi para quadra pela primeira vez nestes amistosos na Eslovênia – e pela segunda em toda a fase preparatória. Depois de ter jogado por apenas três minutos contra os Estados Unidos, ele foi chamado por Magnano com 3min13s restando no primeiro quarto, para entrar no lugar de Hettsheimeir (titular ao lado de Splitter) –Varejão foi acionado apenas no segundo tempo. Ficou em quadra por 16 minutos dessa vez e terminou com 3 pontos, 4 assistências e 1 rebote, acertando 1 de 6 arremessos de quadra (1/3 de longa distância). Enferrujado.

Leandrinho foi poupado mais uma vez, se recuperando de uma inflamação na garganta.


Brasil conhece grupo. Obrigação é bater Irã e Egito para avançar
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Giancarlo Giampietro

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Extra! Extra! Saíram os grupos da Copa do Mundo de basquete!

O Brasil? Bem, o convidado e gastão Brasil caiu no Grupo A, ao lado de Espanha, França e Sérvia!

Dureza, hein?

Mas calma: Irã e Egito completam a chave. São seis integrantes, dos quais passam quatro para os mata-matas. Então, de cara, o que a gente pode dizer?

Que é obrigação bater Irã e Egito e passar de fase.

Por outro lado, era “o-bri-ga-ção” superar Jamaica e Uruguai na Copa América, e deu no que deu.

Avaliar, hoje, 3 de fevereiro de 2014, a força dos países que vão ao Mundial é nada mais que um exercício hipotético. Não temos a menor ideia de quem vai se apresentar, ou não, para o Mundial.

De certezas, mesmo, o que temos é que os Estados Unidos são os grandes favoritos ao bicampeonato. Mesmo sem LeBron, Kobe, Carmelo, Wade ou Chris Paul. E que não dá para perder do Egito. Por favor.

Um tropeço contra os faraós seria algo inimaginável. E contra o Irã? Bem… Para quem já advogou a favor da Finlândia no fim de semana, mantenho a coerência e recomendo calma, tranquilidade, paz e serenidade na hora de falar dos caras.

Obviamente seria pior ter os finlandeses na chave. Os escandinavos, pelo que praticaram no último Eurobasket, não podem ser considerados de modo algum como galinhas mortas. Agora, dá para dizer também que, entre os países mais fracos, o Irã, que ocupa a 20ª colocação no Ranking da FIBA, é bem mais encardido que Coreia, Filipinas, Nova Zelândia, Senegal e Egito.

O que sabemos sobre os iranianos?

Essa é uma boa hora para recuperar dois posts do ano passado, durante a disputa dos torneios continentais. Na Ásia, o Irã atropelou todo mundo. Foram nove vitórias em nove jogos rumo ao título. Na final, eles bateram os anfitriões filipinos por 85 a 71. Na semifinal, superaram Taiwan (que havia eliminado a China…) por 79 a 60.  Quem lidera a equipe é o pivô Hamed Haddadi, ex-Memphis Grizzlies, Phoenix Suns e Toronto Raptors. Tratado como figura cult na NBA, ele é um cara dominante no mundo Fiba. Na decisão asiática, ele somou 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos.

Esses números e o retrospecto na Ásia podem parecer assustadores, mas é preciso se levar em conta que o continente ao oriente não tem nem de perto a mesma competitividade que testemunhamos aqui nas Américas, por exemplo.

Se o Brasil tiver força máxima, ou algo perto disso, espera-se uma vitória tranquila. Como aconteceu no Mundial da Turquia em 2010. Quem se lembra? No começo de trabalho com Magnano, a então revigorada seleção, marcando bem, pressionando a bola, saiu vencedora de quadra na primeira fase por 81 a 65. O elenco tupiniquim era: Huertas, Nezinho, Raulzinho, Alex, Leandrinho, Machado, Marquinhos, Giovannoni, Murilo, Varejão, JP e Splitter. Nenê se apresentou, mas se desligou por motivo de lesão.

Não há motivos para esperar um desfecho diferente no torneio deste ano, na cidade de Granada, ao Sul da Espanha, em território que já foi dominado por uma dinastia islâmica.  Agora, de novo: é preciso quem Magnano vai convocar, aqueles que vão se apresentar e tudo isso.

A gente fala em obrigação, trabalhando na teoria. A vontade é colocar uma aspinha nisso: ‘obrigação’. Na prática, no mundo da CBB, depois dos acontecimentos de 2013, nada é garantido.

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Sobre França, Espanha e Sérvia, o que dizer?

Bem, os franceses vão jogar cheios de confiança, como atuais campeões europeus, um título que eles comemoraram muito, mas muito, mesmo, no ano passado. Serviu como terapia para Tony Parker, além do mais. Agora, monitoremos todos como será a temporada do francês pelo Spurs. Jogar dois anos seguidos em competições Fiba, emendadas com longas jornadas na NBA, não é algo simples, fácil de se cumprir. Para a Espanha, como anfitriã, é de se imaginar que eles tenham força máxima, dependendo apenas que a enfermaria não retenha muita gente. Com os irmãos Gasol, seus excepcionais armadores, as bombas de Navarro e um Ibaka ainda melhor no ataque – mas sem abrir o berreiro? –, o time seria a segunda grande força do campeonato. Sacre bleu!, podem exclamar Parker, Batum e Noah, mas é o que acho. Por fim, a Sérvia é um dos times mais imprevisíveis da paróquia. A gente nunca sabe quem vai jogar. É como se eles trocassem de geração a todo momento. E, mesmo que os bambas joguem, controlar os egos dessa turma tem sido um problema desde que Dejan Bodiroga e Peja Stojakovic se foram. Fulanovic vai com a cara de Cicranovic? O talento é inegável, mas a química… Vai saber.

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O restante dos grupos segue abaixo:

B – Argentina, Senegal, Filipinas, Croácia, Porto Rico, Grécia.
Os asiáticos deste grupo stão fazendo questão de espalhar pelos quatro cantos: “PROCURA-SE JOGADORES COM ASCENDENCIA FILIPINA DESPERADAMENTE”. No momento, eles estão tentando naturalizar JaVale McGee, o pivô mais insano da NBA, e Andray Blatche, outro cujo cuco também não bate muito bem, ex-companheiro de McGee num time de pirados em Washington, mas muito mais talentoso e que dá trabalho para qualquer um no mano-a-mano. Agora, mesmo com essa dupla, não dá para imaginar que Argentina, Croácia, Porto Rico e Grécia estejam preocupados. Temos aqui o quarteto de favoritos óbvios. O Senegal já forneceu nove jogadores para a NBA (embora pouquíssimos tenham vingado) e eliminou a Nigéria no último torneio africano, além dos donos da casa, a Costa do Marfim, na disputa pela terceira vaga. Então não deve ser desprezado. Mas, em CNTP, ficam pelo caminho.

C – EUA, Finlândia, Nova Zelândia, Ucrânia, República Dominicana, Turquia
Aqui a briga promete pelas vagas de segundo a quarto – já que o primeiro lugar é claramente da Nova Zelândia do sensacional Steven Adams… Então, bem, como vínhamos dizendo, a Turquia supostamente seria a segunda principal força desta chave. Com Omer Asik, Ersan Ilyasova, Emir Preldzic, Semih Erden, Furkan Aldemir, entre outros, porém, o time tem uma linha de frente formidável, mas um jogo de perímetro extremamente instável. Fossem outros tempos, poderíamos dizer que se tratam dos “caribenhos” da Europa. Foram vice-campeões na última edição, mas jogando em casa e com uma ajudinha da arbitragem. Então ficam no mesmo bolo de Ucrânia (um dos times mais modorrentos do últmio Eurobasket, com um basquete arrastado, excessivamente controlado por Mike Fratello, mas que se meteu entre os sete melhores),  Dominicana (Horford consegue se recuperar a tempo? Charlie Villanueva pode estragar tudo!? Será que o Calipari vai ficar tentado??) e Finlândia (o patinho feio que ganhou dos próprios turcos no Eurobasket.

D – Lituânia, Angola, Coreia do Sul, Eslovênia, México, Austrália.
O mesmo cenário se repete aqui. Com a diferença de que a Lituânia, bastante instável nas últimas temporadas – são os atuais vice-campeões europeus, mas precisaram jogar o Pré-Olímpico Mundial para chegar aos Jogos de Londres  –, pode se ver no mesmo pelotão de Eslovênia e Austrália. Mais abaixo talvez o México, depois de chocar as Américas no ano passado, talvez tenha algo a dizer a respeito, enquanto Angola está para a África assim como o Irã, para a Ásia. E a Coreia? Bem, com apenas seis jogadores acima de 1,94 m no elenco, sem chance.

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Os cruzamentos: as seleções do Grupo A batem com as do Grupo B no início dos mata-matas. Logo, é possível, sim, que tenhamos maaaaais um Brasil x Argentina pela frente. Se os nossos vizinhos e algozes tiverem de escolher, muito provavelmente topariam de cara, sem nem saber quem vai jogar por quem. Mas está bem cedo para falar disso. De todo modo, para Rubén Magnano, ficar ao lado de bichos papões na primeira fase não deixa de ser uma boa notícia. Garantia de que eles serão evitados de cara na fase decisiva – de todo modo, se o time pensa em medalha, em boa campanha, uma hora vai ter de enfrentá-los para valer e para vencer. O que a gente também pode tirar daqui é que dificilmente vamos ver a Espanha entregar, ou cogitar entregar qualquer coisa em quadra, como naquele polêmico de Londres 2012. Para escapar de um confronto precoce com os americanos, eles basicamente precisam se classificar na primeira colocação do grupo.


Campeão asiático, Irã está no Mundial. E o que mais sobre o 1º torneio classificatório?
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Giancarlo Giampietro

Haddadi ali com o bração aberto

Irã: WE ARE THE CHAMPIONS! Via @HamedHaddadi

A profecia se fez como previsto: 2013, e Hamed Haddadi lidera o Irã a mais um título do campeonato asiático da Fiba. Como MVP, claro.

Daria para fazer aquela autopromoção básica, né? Sacar aquele bacaninha, supimpa “conforme antecipamos”, mas isso já está mais batido que a própria rotina de glórias e dominância do pivô no vasto continente. Pensou em basquete de seleções na Ásia, pensou em Haddadi, meus amigos.

Na final, já com a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014 garantida, o iraniano se aproveitou da ausência do americano Marcus Douthit e trucidou os pivôs das Filipinas, os donos da casa, somando 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos. Escreveria aqui que ele teve sua jornada de Shaquille O’Neal, mas nem isso vale, já que converteu 71,4% de seus lances livres.

Agora, descentralizando um pouco o post, fugindo da sombra de Haddadi, vale destacar que a final em Manila não foi exatamente um passeio para o país do Oriente Médio. O primeiro tempo terminou com uma vantagem de apenas um ponto (35 a 34) para os visitantes. Até que as parciais de 27 a 19 e 23 a 18 nos quartos seguintes resolveram a parada (85 a 71).

Foi um contraste de duas abordagens ofensivas distintas.

Os filipinos, por Deus!, arremessaram 34 vezes da linha de três pontos, contra 35 de dois. Por uma mísera e infeliz bolinha de dois que eles não conseguem a maioria absoluta das tentativas do meio da quadra. Um pecado certamente lamentado por Porto Rico e muitos patrícios. Não importando de onde dispararam, o fato é que a turma deixou os dois aros significativamente avariados, com uma pontaria de apenas 31,9% no geral – se de fora eles fizeram 29,4%, não dá para dizer que havia uma bola de segurança interna (apenas 34,3%).

Já os iranianos ao menos tinham Haddadi para desequilibrar. Com ele, acertaram 61,4% dos chutes de dois pontos, para compensar os desastrosos 17,6% de longa distância (3/17, uma blasfêmia). Eles também se atrapalharam todos com a bola, cometendo 19 turnovers.

De todo modo, mesmo com essa carência evidente no seu jogo de perímetro, é de se admirar o fato de que o Irã tocou sua campanha sem contar com a ajuda de nenhum estrangeiro, algo cada vez mais raro em competições internacionais. Jogaram, mesmo, e de forma competente, com seus Davoudichegani, Afagh e Jamshidijafarabadi, para pesadelo dos locutores nacionais.

Coreia é bronze!

Coreia do Sul de Eric Sandrin está na Copa também

O mesmo vale, aliás, para a Coreia do Sul, que beliscou a terceira vaga ao bater Taiwan na disputa pelo bronze, por 75 a 57. Quer dizer, se formos levar ao pé-da-letra, havia um estrangeiro no time: o veterano ala-pivô Lee Seung-Jun, de 35 anos, também conhecido como Eric Sandrin, norte-americano filho de uma coreana e que andou jogando até mesmo pelo Brasil na década passada – foi parceiro de Sandro Varejão e Ratto no Brasília. Andarilho, passou também por Luxemburgo e Portugal até se estabelecer lá por perto de Seul. Então é como se ele fosse um Scott Machado veterano.

Para os torcedores saudosistas do Portland Jail Blazers, a nota triste fica pela ausência do gigante Ha Seung-Jin. Xuim. Nesta preliminar, o sul-coreanos ensinaram aos filipinos como se faz, convertendo 45,8% de seus arremessos de três pontos (pontaria superior ao que tiveram de dois, 43,9%). Inicialmente, esse número seria um alívio. Tudo o que gostaríamos de escrever aqui era que, a despeito de toda essa mudança climática e da revolução 2.0, ainda poderíamos respirar em paz sabendo que um time coreano ainda chuta bem de fora. Mas, no geral, eles tiveram rendimento de apenas 34% no campeonato (66/194), algo alarmante. Estamos todos fritos, mesmo.

Quer dizer: todos menos Haddadi.

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A China, com todo a grana, astros (ou ‘astros’, coff, coff!) da NBA importados para sua liga nacional, protagonizou a grande façanha do Campeonato Asiático, ao ficar sem vaga direta para a Copa do Mundo. A equipe passou por um papelão na fase de quartas de final ao perder Taiwan por 96 a 78. Justo para quem! Nessa partida, os chineses venceram o primeiro tempo por dez pontos de vantagem, mas tomaram uma virada escandalosa no terceiro período (31 a 12). Para registrar, o pivô Yi Jianlian perdeu alguns jogos no torneio devido a uma contusão, mas esteve em quadra nos mata-matas. Em cinco jogos, ele teve médias de 17,4 pontos e 6,6 rebotes em apenas 24,6 minutos por partida. Na hora de distribuição dos quatro convites para o torneio, porém, é bem provável que a Fiba lhes reservem um.

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Interessante a classificação das Filipinas para o Mundial. O país é doente por basquete, a ponto de entender que JaVale McGee é uma espécie de Deus – vejam que coração bom têm os católicos de lá. Kobe Bryant anda por lá neste momento, enfrentando tempestade e tudo, LeBron James fez uma visita-relâmpago há pouco, e a capital Manila conta com uma arena de primeiro nível, que, depois de receber o torneio continental neste mês, vai acolher um amistoso de pré-temporada entre Rockets e Pacers, no dia 10 de outubro.

Mall of Asia Arena

A Mall of Asia Arena, com capacidade para 16 mil espectadores

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Os torneios qualificatórios regionais continuam nesta semana com o clássico entre Austrália e Nova Zelândia, na Oceania. O primeiro jogo será na quarta-feira, em Auckland, e o segundo, domingo, em Canberra. Com Patty Mills, Joe Ingles, David Andersen, Matthew Dellavedova e a revelação Dante Exum no elenco, os Boomers são claramente os favoritos. Pelos Tall Blacks, nada de Steven Adams (jovem pivô selecionado na 12ª posição do Draft da NBA pelo Oklahoma City Thunder) e do veterano Kirk Penney. Destaque para o ala-armador Corey Webster, um cestinha explosivo, e para o ala faz-tudo Tom Abercrombie.


O show de Haddadi: cult na NBA, pivô iraniano é uma estrela dominante no mundo Fiba
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Giancarlo Giampietro

Hamed Haddadi, versão supervô

Haddadi domina, Haddadi destrói: um superpivô no campeonato asiático

Ok, ok. Admito. Tem uma queda pelo termo cult  que pode deixar o Vinte Um algo repetitivo. É uma palavra importada que já apareceu certamente em posts passados e, pode cravar, vai voltar a ser publicada. Mas não tem jeito também, né? O basquete está cheio desses caras O que a gente poderia até fazer era buscar sinônimos, tipo “figuraça”, mas, para falar de Hamed Haddadi, o gigante iraniano, ficamos com a primeira opção, mesmo.

É apropriado, afinal. Dessa forma que o pivô era tratado nos seus tempos de Memphis. E pudera! O primeiro iraniano da NBA, perdido lá no meio do Tennessee, assimilando a cultura americana ao lado de cavalheiros como Zach Randolph, Tony Allen e tal. Imagine a confusão na cabeça do cara: da criação envolta pelo Islã a uma cidade batalhadora, tomada por caipiras trabalhadores no interior dos Estados Unidos, mas acompanhado da influência hip-hop do vestário da maioria dos clubes da liga. Você aprende primeiro a dizer “yo!”, depois bom dia. Dá uma salada daquelas.

Daí que não tardou muito para Haddadi ser adotado pelos jogadores e torcedores como um xodó do Grizzlies, aclamado sempre que saía do banco – em caso de extrema urgência ou de uma sacolada de seu time, diga-se, para render Marc Gasol. Mas tudo bem: não é todo dia que você se depara por aí com alguém de 2,18 m de altura, vindo do Irã e com uma predileção para palavrões, pose marrenta e que vai com tudo para cima dos rebotes, que é o que ele faz de melhor, qualidade demonstrada nos Mundiais e Jogos Olímpicos da vida.

Antes de apresentar seu cartão de visitas nesses torneios de primeira, quem haveria de conhecer Haddadi? Ele não jogou na Europa, não foi draftado por nenhum clube americano, nem chegou perto disso, na verdade. Num basquete extremamente globalizado, em que JaVale McGee se torna um ícone nas Filipinas, a relação dos países islâmicos com os principais centros do mundo ainda está pobrinha. Claro que há americanos por lá, treinadores estrangeiros com as seleções ou clubes, mas na contramão não tem muita coisa. Temos o tunisiano Salah Mejri, que já fez testes pelo New York Knicks e que acabou de ser contratado pelo Real Madrid, Haddadi e pouco mais (alguém aí sugere outro exemplo, façavor?).

Então, Haddadi neles.

E aonde queremos chegar?

Tudo isso começou com uma breve checagem no site da Fiba, e a mensagem de que o pivô estava fazendo estragos na Copa Ásia (“Copa da Ásia”, “Torneio Asiático de Seleções”, “AsiaBasket”, escolha a nomenclatura que lhe mais fizer a cabeça, por favor) deste ano. Enquanto o Brasil ainda se prepara para sua Copa América, lá do outro lado do hemisfério as forças do basquete já estão se escalpelando há tempos.

No momento, estamos nas quartas de final, e o Irã de Haddadi segue firme e forte rumo a mais uma classificação. Lá, Haddadi é quem manda, galera.

O pivô vem com médias de 17,4 pontos, 8,6 rebotes, 65,3% nos arremessos e 1,8 bloqueio, tendo jogado apenas 101 minutos em cinco partidas. Tá tudo dominado! Considerando ara dar mais emoção até, o cara ainda resolveu atirar uma bola de três pontos – algo que levaria Lionel Hollins à loucura em Memphis – e, a-ham, a converteu.

Sob a liderança do seu grandalhão, o Irã vai descendo marretadas na cabeça dos nanicos que tem enfrentado. Malásia, Coreia do Sul, Índia, Bahrein, é até sacanagem. De qualquer foram, não despreze o Haddadi, tá? No Mundial de 2010, na Turquia, por exemplo, ele teve médias de 20 pontos e 8,6 rebotes, aí contra gente de alto nível.

Mas o que acontece para ele ser um estouro no mundo Fiba e, na NBA, ser conhecido mais feito mascote do que jogador? É que na liga norte-americana suas, digamos, deficiências atléticas ficam muito expostas. Marcar um pivô como Nenê já seria muito difícil para o sujeito. Pensem, então, na hora em que, enfrentando o Wizards, ele precisasse conter um John Wall avançando no mano-a-mano, verticalmente, depois de um corta-luz? Na verdade, impensável.

Não valeria a pena então pensar numa carreira fora dos Estados Unidos? Lembrando: Haddadi no momento está sem contrato na NBA, depois de ter sido trocado na temporada passada de Memphis para Toronto e, depois, para Phoenix, e, dali, para a rua – embora ninguém possa se comover tanto com o iraniano, que desde 2008 já embolsou US$ 7,4 milhões em salários na liga americana.

Em uma liga europeia, aos 27, Haddadi teria tudo para ser uma estrela. Nos Estados Unidos, vai de cult mesmo.


Cultura “batalhadora” do Memphis Grizzlies fica sob ameaça após derrota no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Tony Allen, the grit

“Grit & grind”.

Estou pensando até agora em qual seria a melhor tradução para a expressão eternizada por Tony Allen em Memphis. Virou sinônimo do basquete apresentado pelo Grizzlies nos últimos anos. Seria algo como “na raça” em português, essa coisa de “dar o sangue”, mas não sei bem se tem uma combinação desses termos que dê conta do que Allen quis dizer numa entrevista célebre em 8 fevereiro de 2011, após uma vitória na prorrogação sobre o Oklahoma City Thunder, por 105 a 101.

Nessa partida, o ala contribuiu com 27 pontos, cinco roubos de bola e três tocos, jogando por 40 minutos. Uma explosão estatística, porque era como estivesse tudo represado, mesmo. O veterano campeão pelo Boston Celtics não tinha um papel tão certo na rotação de Lionel Hollins, mas ganhou tempo de quadra considerável devido a uma lesão de Rudy Gay e uma suspensão para OJ Mayo.

“Só coração, afirmou naquelas entrevistas na saída de quadra. “Grit. Grind.”

E aqui estamos de novo. Ao pé da letra, isso poderia ser: “Grão. Moagem.” : )

Mas é claro que ele não estava falando sobre fazer café, né? Coloquialmente, tem algo a ver como “coragem, bravura” para um, “triturar, desgastar, encher o saco” para o outro. Aí as coisas começam a fazer mais sentido.

No fim, porém, a tradução exata nem importa. Basta assistir a Allen e seus companheiros em quadra, que você entende rapidinho. O ala é um dos defensores mais insuportáveis – para os atacantes, diga-se – de toda a NBA. Isso se não for o mais impertinente, mesmo. Com mãos e pés extremamente ágeis, adora colar nos componentes, fungando no cangote a toda hora, em busca da bola ou de um desequilíbrio. Um pitbull babando para todos os lados. Jogando com o coração.

Aos poucos, esse comportamento foi conquistando Memphis, uma cidade conhecida por seu espírito operário, brigador, raçudo. Saca?

Quando Allen usou essas palavras, consciente ou involuntariamente, deu o passo definitivo para se tornar uma figura cult para os torcedores do Grizzlies – sim, eles existem –, que vestem camisetas personalizadas com a face do jogador, gritam seu nome sem parar durante as partidas e se matam de rir com entrevistas malucas e tweets crípticos na conta aa000g9 –, de “Anthony Allen”  e o número 9, enquanto o excesso de zeros significariam para… Vai saber. A atitude do atleta também influenciou seus companheiros de time e se enquadrou perfeitamente com o modo como Hollins imaginava sua equipe. As coisas se encaixaram: plano tático, dedicação do elenco, apoio do público.

Uma sinergia que muitas vezes corremos o risco de ignorar, seja pelo distanciamento, de não viver exatamente o que se passa em uma determinada cidade, seja pela realidade ainda bastante incipiente do NBB, ou pela concentração apenas no que se passa em quadra. Mas não se pode ignorar de modo algum que, na liga norte-americana, há duas facetas para se avaliar, tanto o clube (esportivo), como a franquia (negócios). São raros os caros que combinam ambos com sucesso. O Memphis Grizzlies conseguiu: seu produto tem uma identidade competitiva e mercadológica.

Grit & Grind, Mephis, Grit & Grind

“Nós não blefamos”, também virou campanha durante os playoffs para o Grizzlies

Conseguiu e agora encara um período de férias que pode ser crucial para sua prosperidade.

O proprietário anterior, Michael Heisley, fazia de tudo para fingir que não era muquirana, mas cortava gastos sempre quando podia, na estrutura da franquia. O novo dono, Robert Pera, não esconde de ninguém que pretende instituir um modelo de administração rentável. Seu estafe não vai cometer nenhuma loucura financeira, confiando que, com a visão analítica de John Hollinger a alguns bons caçadores de talentos, poderá formar um time barato e, ao mesmo tempo, na ponta, sem jogar todo esse trabalho fora.

Essa visão será duramente testada agora: o xodó Tony Allen e o técnico Hollins são agentes livres; ao mesmo tempo, a diretoria do clube não tem intenção alguma de levar sua folha salarial para além do aceitável – leia-se, a folha salaria pode até exceder o teto estabelecido pela NBA, mas não pode subir tanto assim a ponto de ultrapassar a linha da chamada “luxury tax”. Se fizerem isso, não só teriam de pagar impostos, taxas para a liga, como deixariam de receber o dinheiro recolhido de outros gastões como Lakers, Nets e Knicks. Para não ter perigo, hoje bancam apenas a 25ª folha da liga – ou a sexta mais barata.

Depois da campanha que a equipe cumpriu no Oeste, com uma defesa fortíssima e um elenco que acabou enfraquecido devido a trocas para se livrar de salários, Hollins está em alta, no topo da lista de Clippers e Nets, dois times que sonham com o título e que podem inflacionar seu preço. Sabe-se que o treinador não desfruta da melhor relação com a nova administração, questionando publicamente sua fixação por estatísticas. Há quem diga também que seu estilo confrontador, contestador pode ser difícil de ser controlado internamente, criando problemas de relacionamento com seus jogadores – Zach Randolph, outro que não tem sua permanência garantida devido ao volumoso salário, já não teria tanta paciência assim. Mas a torcida (“a comunidade”) o adora. É uma situação delicada.

Keep calm como?

Vão ficar calmos como agora, com tantas incertezas?

E há o caso de Allen. O ala ganhou em média US$ 3,15 milhões nas últimas três temporadas. Uma bolada para qualquer profissional, mas bem abaixo de seu valor de mercado. Pensem que seu companheiro Tayshaun Prince levou US$ 6,7 milhões neste ano (e vai levar mais US$ 15 milhões nos próximos dois anos). Em Boston, seu ex-time, Courtney Lee foi pago com US$ 5 milhões. Caron Butler ganhou US$ 8 milhões. Rip Hamilton embolsou US$ 6 milhões. Dá para ter uma ideia. Imagina-se que ele e seus agentes estejam prontos para pedir um aumento para ele ficar no clube, que tem cerca de US$ 57 milhões comprometidos já para 2013-2014 – é o que está aqui, descontando a grana de Jerryd Bayless, que também deve se tornar agente livre, com a luxury tax prevista para algo em torno de US$ 70 milhões. Assinar com Allen e reforçar o ataque exterior com arremessadores, uma carência evidente nos mata-matas, cuidando para que os gastos no futuro também não saiam do controle.

“Eu nem entendo o lado dos negócios”, disse o ala em meio ao confronto com o Spurs. “Quando chegar julho, alguém vai ter de se sentar comigo e explicar. Tudo o que sei é que sou um Grizzly e acredito que vou ser um Grizzly no final. Eu sangro azul. Acho que eles vão me manter aqui. Se não fizerem, entendo. Mas eu nem penso sobre isso. Eu apenas jogo. Eu amo estar em Memphis. Amo a cidade. Espero ficar.”

Será que correriam o risco de desagradar aos seus torcedores permitindo a saída de Allen e Hollins? Será que o Grizzlies seria o mesmo time sem eles ou um deles? Essa seria apenas uma decisão romântica ou de negócios? Em Memphis, já temos prova de que os dois aspectos estão interligados. “

Eu já vi nosso time de dois modos. Nós éramos terríveis, e o apoio dos torcedores era bem ruim. E agora está no auge, nunca foi assim. Não quero voltar ao que era antes”, disse Mike Conley Jr., um dos preferidos e intocáveis da nova gestão – quando assumiu, Pera e alguns de seus principais dirigentes convidaram o armador, Marc Gasol e só para um jantar. “Acho que seria fantástico se pudermos estabilizar o que temos e apenas seguir em frente. Obviamente com Lionel e o que ele já fez, todos os rumores envolvendo Zach… Zach é uma parte desta cidade, Tony é uma parte da cidade. Não seria a mesma coisa sem eles aqui.”

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Leitura imperdível para compreender em detalhes a mudança por que passou a franquia nos últimos anos: o glossário do Grizzlies (em inglês),  para aqueles que estavam chegando a Memphis de última hora nestes playoffs, assinado por Chris Herrington. É bem engraçado. O jornalista conta que ainda hoje é possível ver os torcedores usando uniformes de Allen Iverson, cara que disputou apenas (!) três partidas por lá até ser dispensado, embora ainda pudesse fazer isto:

 Tarantino e RodríguezOutros destaques são o iraniano Hamed Haddadi, que foi despachado para Toronto este ano e depois repassado para Phoenix (“I drop-step. I go around Shaq. I dunk that shit”) e o apelido que o ginásio do Memphis ganhou: The Grindhouse, apelido sugerido por um torcedor a Tony Allen no Twitter.

Grindhouse foi como se tornaram conhecidos os cinemas norte-americanos que rodavam os exploitation films em suas sessões, aqueles filmes apelativos, que nem toda família pode se reunir para ver – até por isso também foi o título do projeto nerd conduzido por Quentin Tarantino e Robert Rodríguez, que lançaram em 2007 dois-filmes-em-um, embora ao Brasil eles tenham chegado separados.

Neste caso, pensando no ginásio, a despeito da fisionomia de Haddadi ou das entrevistas bizarras de Allen, não há nada muito bizarro desta maneira, como a mulher com uma metralhadora no lugar de uma perna. Dá para voltar até mesmo ao sentido literal, de que seria a casa em que os oponentes são triturados. Certamente nenhuma equipe olhou sua tabela deste ano e acreditou que uma visita a Memphis seria tranquila e acolhedora.

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Este aqui seria o hino preferido de Tony Allen para os jogos do Grizzlies:


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