Vinte Um

Ingles no Clippers? Zoran no Suns? Copa influencia o mercado

Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo de basquete acabou no domingo, mas parece que foi há meses, né?

Ok… Não chega a tanto. Foram só dois dias, mesmo.

Ainda assim, galera, já vale atualizar o que se passa na vida de alguns dos personagens do torneio envolvidos com o mercado da bola (ao cesto).

Na NBA as coisas estavam aparentemente todas acertadas. Como se precisássemos apenas de uma resolução para o impasse entre Phoenix Suns e Eric Bledsoe – o melhor jogador americano sem contrato no momento –, além de uma definição de Ray Allen: o veterano ala vai, ou não, recorrer ao INSS como aposentado? Acontece que a Copa, este torneio que parte da liga americana tenta rotular na marca como algo desinteressante, gerou mais algum movimento nas franquias que ainda têm vagas em seus elencos. Da mesma forma que acontece na Europa e na China. A prioridade da maioria dos agentes livres, claro, é jogar em solo ianque. Mas esses acordos não são tão simples assim.

Vejamos:

Joe Ingles (Austrália)

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Essa foi a nota quentinha da terça-feira, cortesia de Marc Stein, um bastião do ESPN.com. O ala canhoto acertou com o Los Angeles Clippers, que abriu uma vaguinha em seu perímetro ao se livrar do contrato de Jared Dudley, despachado para ser um mentor de Jabari Parker e Giannis Antetokounmpo em Milwaukee. Ainda não está claro se o seu contrato é garantido, ou não. Antes do tweet de Stein, o Courier Mail, de Brisbane, havia entrevistado este boomer, que não quis revelar os clubes interessados, mas disse que as chances de jogar nos Estados Unidos eram de 99%. Mas com um detalhe: provavelmente com um contrato sem garantias. Daqueles em que se estipula um prazo para a franquia decidir se ficará, mesmo, com o atleta por toda a temporada. Curioso que Ingles, campeão da Euroliga pelo Maccabi, vindo de médias de 11,4 pontos, 3,4 assistências e 3,2 rebotes no Mundial, encare um desafio desses. Em vias de completar 27 anos, deve estar considerando aquela coisa de agora-ou-nunca. ''Vou tentar entrar no time, mas isso por si só vale como motivação para mim. Estou empolgado. A situação para a qual vou é a de um time que tem me acompanhado'', afirmou. Em L.A., Doc Rivers tem, no momento, as seguintes opções para o perímetro, lembremos: JJ Redick, Jamal Crawford, Matt Barnes, Reggie Bullock e o calouro CJ Wilcox (excepcional arremessador vindo da universidade de Washington).

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic (Eslovênia)
O irmão do Goran virou febre entre os scouts da liga americana. Incrível. Vi alguns jogos do ala-armador esloveno na última Euroliga, e ele tem seus lampejos aqui e ali, mas está longe de ser um atleta consistente, embora já não seja tão novinho assim (25 anos). É um jogador atlético, raçudo, que ataca a cesta com fome, mas que converteu apenas 25% de seus arremessos de três na temporada passada pelo tornei continental e 28,8% pela Liga ACB. Sim, acreditem: não é todo europeu que chuta bem de longa distância, mesmo com um sobrenome desses. Em um bate-papo recente, o analista Kevin Pelton, do ESPN.com, um desses magos das estatísticas, fez a seguinte observação: ''Se fosse irmão de um encanador, não sei se teria alguma chance de jogar na NBA''. Ouch. Ele fala isso com base na tradução de seus números da Europa para os Estados Unidos. Vai saber.

Fato é que o esloveno tem uma penca de times no seu calcanhar. Segundo o mesmo Marc Stein, o Phoenix Suns é quem estaria mais adiantado em negociações para tirar o atleta do Unicaja Málaga, superando Pacers e Kings. O gerente geral Ryan McDonough, que foi para Madri acompanhar os mata-matas da Copa, está fazendo de tudo para agradar ao irmão mais velho de Zoran, que vai deve se tornar um agente livre em 2015. Arizona Central confirma o interesse do time e afirma que sua multa rescisória com o clube espanhol é de US$ 1,1 milhão. Já o RealGM lista Spurs, Magic, Heat e Mavericks como times envolvidos na perseguição e dá outro detalhe: o jogador tem até o dia 5 de outubro para se liberar de seu contrato. Caso contrário, é obrigado a jogar a temporada pelo Málaga. Quem dá mais?! ''Obviamente que estou interessado em jogar na NBA, mas não tem nada definido no momento'', afirma o Dragicinho. ''Tudo é possível, mas por enquanto ainda sou um membro do Unicaja Málaga.''

Gustavo Ayón (México)
Já teve gente declarando amor ao pivô mexicano durante a Copa. Outra vez. Não sei quem. Agora, se você acha que o rolo de Dragic é meio complicado, a trama em torno de Ayón é digna de um quebra-cabeça para a turma de Charlie Kaufman resolver. Assim: o herói de Zapotán jogou uma temporada só pelo Atlanta Hawks e voltou para o mercado. Estava esperando mais uma oferta da NBA, que não chegou – o Spurs é que poderia se apresentar, segundo… Marc Stein! De concreto, todavia, o mexicano disse, durante o Mundial, que só havia chegado uma proposta chinesa, do Shandong. Mas aí o Real Madrid também entrou na parada, e eles estavam bem perto de acertar um vínculo de três anos. Além do mais, ele só jogaria na Euroliga, com cláusulas camaradas para migrar para os Estados Unidos, se fosse o caso. O problema é que, na Espanha, os direitos do mexicano são do Barcelona. Para ele fechar com o Real, teria de pagar 290 mil euros ao Barça. Então, no momento, o jogador estaria inclinado a ir para a China, mesmo.

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Miroslav Raduljica (Sérvia)
O quê!? O Raduljica!? Mas ele não era do Bucks?! Não, gente, não mais. Anunciado insistentemente durante toda a Copa do Mundo desta maneira, o pivô titular e um dos destaques dos sérvios no torneio, o grandalhão havia sido trocado pelo Milwaukee para o Clippers (no mesmo negócio que envolveu Dudley). Doc Rivers não tinha intenção em contar com suas trombadas e o dispensou de imediato. Então ele está no olho da rua, mesmo. Mas não vai durar pouco. Na real, o troglodita vice-campeão mundial parece estar envolvido em um sexteto amoroso com Ayón, Spurs, Real e Shandong. Sim, as coisas ficam ainda mais complicadas de desenrolar aqui, hehe. Os mesmos clubes relacionados ao mexicano aparecem também na onda de rumores em torno do pivô. Com a prata no peito, em alta no mercado como nunca antes em sua história, Raduljica ao menos diz com orgulho: ''Perdemos a final, mas minha barba ainda é melhor que a do James Harden''.

Hamed Haddadi (Irã)
Por falar em Real Madrid e China… pode botar o iraniano nesta história. Aparentemente, a diretoria do clube espanhol não perdeu tempo ao ver uma série de estrelas internacionais em seu país durante a Copa. O gigante foi mais um jogador cogitado para reforçar seu garrafão, embora sua prioridade também fosse retornar para os Estados Unidos. Uma pena que Memphis não o reconheça pelos serviços prestados… A essa altura da vida, já não dá mais para acreditar num mundo justo. De modo que Haddadi está em vias de assinar com a liga chinesa, mesmo, para defender o Qingdao Double Star.

Eugene Jeter (o ursinho Puff da Ucrânia)
O armador americano, que defendeu a seleção ucraniana com 15,4 pontos e 5 assistências por partida na Copa, sempre reclamou de que nunca havia recebido uma chance real para jogar na NBA. Foi reserva do Sacramento Kings por um ano, mas foi na Europa que desenvolveu sua carreira profissional. Agora, recebeu um convite do Los Angeles Lakers para passar por um período de duas semanas de treinamento. Um sonho de criança. ''Nasci em Los Angeles e cresci como um torcedor do Lakers, então é uma honra receber esse convite'', afirmou. Tudo pronto para um final feliz? Nem tanto: mesmo que o gerente geral Mitch Kupchak quisesse adicioná-lo a uma rotação que hoje tem Jeremy Lin, Steve Lin e Jordan Clarkson, Pooh Jeter não poderia – já tem contrato na China e vai honrá-lo, disse ao Beijing Times.