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Arquivo : Doc Rivers

A NBA precisa banir o dono racista do Clippers
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Giancarlo Giampietro

Sterling e sua ex-namorada: uma bomba de relações públicas para a NBA se livrar

Sterling e sua ex-namorada: uma bomba de relações públicas para a NBA se livrar

Há tanto sobre o que escrever depois de uma primeira semana daquelas nos playoffs da NBA. Que tal o cartão de visitas de Troy Daniels, das viagens de busão pelo interior do Texas e dos hambúrgueres apressados aos luxos da grande liga, sob os holofotes,  salvando a temporada do Houston Rockets? E o Nenê, que fez ninguém menos que Joakim Noah, o agora oficialmente melhor defensor da temporada, de gato e sapato? Para, depois, se perder numa bobagem imperdoável para alguém que é o veterano da turma, a referência num time que tenta curtir seu primeiro momento de alegria desde os tempos em que Gilbert Arenas ainda não havia cruzado, mancando, a fronteira da insanidade? Tem muito mais, para todos os gostos: a inventividade de Rick Carlisle, os renascidos Beno Udrih e James Jones, Pero Antic x David West, Toronto em chamas, LaMarcus etc.

Mas, neste sábado, após o TMZ — vejam só, o TMZ!!! — divulgar um áudio extremamente desagradável de Donald Sterling, o proprietário do Los Angeles Clippers, no qual ele pede singelamente a sua namorada para que ela pare de se deixar fotografar com pessoas negras e que, por favor, não as leve para o Staples Center para assistir aos jogos de seu time, e que era para se evitar até mesmo esse zé-ninguém que atende por Magic Johnson, fica impossível falar sobre basquete. Ficou para o segundo, terceiro ou quarto plano.

Justo o basquete.

Em nenhum momento, em nenhuma instância social, qualquer tipo de manifestação racista pode ser aceita, tolerada. Mas no esporte em geral, e especialmente na NBA, ou na modalidade do bola ao cesto em específico, isso se torna ainda mais deplorável. Repugnante. Nojento. E que o dicionário nos dê mais e mais termos para abordar o caso.

Aqui do meu canto, segundo minha curta experiência, o basquete sempre foi uma realidade à parte, passando de forma alheia a muitas das desigualdades que tomam conta de nossa vida, não importando o estágio da globalização, ou da suposta racionalidade que deveríamos ter atingido. Escrevo aqui como um paulistano declaradamente branco de classe média – cuja família já flutuou de média-pra-alta, média-pra-baixa, dependendo do plano ou índice econômico da vez. Então que adotemos, mesmo, a… Hã… “média”.

De qualquer forma, isso significou estudar sempre em colégio particular, com convênio médico em dia, frequentando shoppings, matinês a cada fim de semana, sem muita dificuldade – ao, menos, claro, segundo minha percepção, ignorando sacrifícios que o pai já fazia. No meu círculo de amigos, colegas, no que dependia, ou fosse depender dessa rotina, havia ou haveria apenas brancos. É um fato. No colégio, contava-se nos dedos o número de negros inscritos. Em todas as turmas.

Foi apenas com o basquete que meu convívio se expandiu. Praticamente todos os amigos negros que tenho fiz nas quadras, especialmente aquela imaginária diante de uma tabela improvisada na rua Abagiba (Vila das Mercês), na qual já fraturei a mão ao tomar uma cama de gato e cair destrambelhado no meio-fio. Foi gente que saiu da quadra, da rua para casa, entrando portaria adentro, por mais que alguns olhares no prédio estranhassem. Se eu percebia isso, imagine eles? Mas os outros que se lascassem, o ‘estrago’ já havia ocorrido.

De modo que, sim, o jogo se tornou uma espécie de templo para mim. Não deliberadamente como forma de justiça social, mas simplesmente por ser um universo em que dinheiro, cor de pele, nem nada externo importava. A gente queria saber apenas de bater bola, ficando a tarde inteira olhando para cima, para a cesta. Não havia razão para perder tempo com esse tipo de excrescência intelectual.

Com o passar dos anos, meu grau de atividade boleira diminuiu de modo considerável, mas a paixão pela coisa ficou. Dentro desse contexto, os comentários de Sterling ficam ainda mais ofensivos. Ninguém tem o direito de mexer com algo sagrado assim. Sua fala não fere apenas o bom senso, mas, particularmente, uma porção de memórias.

Agora, obviamente a ofensa é bem mais pesada para tantos outros. Peguem por exemplo um filme como “12 Anos de Escravidão” e o acalorado debate que ele causa no circuito norte-americano. Obviamente há profundas feridas sociais ainda abertas por lá, e nem poderia ser diferente. Quando o tema envolve a NBA, uma superpotência econômica impulsionada especialmente por mão-de-obra negra, falar em escândalo é pouco. E chegou a hora, ainda que bem tarde, de se dar um basta nisso.

Os jornalistas mais veteranos na cobertura do campeonato  se apressaram em dizer que de modo algum a gravação divulgada pelo site de fofocas mais odiado da América os surpreende. Que já ouviram coisa muito pior saindo da boca mal-lavada do sujeito. Para eles, pouco importa que Sterling se defenda, levantando suspeitas sobre a autenticidade do conteúdo divulgado. Seu histórico, por si só, já seria o suficiente para uma revolta.  Como Phil Jackson já questionou: quantos “incidentes” a mais causados por este imbecil seriam necessários para que uma providência fosse tomada? Acontece que, numa conveniente e institucional hipocrisia, a direção da liga conviveu com isso por anos e anos, fazendo vista grossa.

Devido ao ocaso tecnológico – em que o vicioso ciclo de notícias de 24 horas por dia, sete dias por semana enfim se mostrou últil -, dessa vez as barbaridades do velhinho “pegaram”, viraram manchete por todas as partes. A opinião pública se deu conta da gravidade e do descompasso da situação de se ter um proprietário de um clube de basquete racista. Não há mais como fugir, evitar o assunto. Os cartolas que se virem diplomaticamente.

Não é algo fácil de se resolver, mas eles precisam dar uma resposta adequada. Não dá mais, espero, para enrolar, enrolar, enrolar e torcer para que o suspense, o drama dos playoffs seja o suficiente para encobrir a sujeira. Ou dá? Lembrem-se que não existe na liga um poder centralizado, ainda mais agora com a aposentadoria de David Stern. Mesmo com o velho comissário, porém, não haveria algo muito claro para se fazer: tanto ele como Adam Silver são funcionários dos 30 associados, personagens que controlam as franquias. São relações complicadas, com distintas facções ideológicas, numa ciranda de gente muito poderosa, de que não brinca em serviço. A ponto de um desbocado como Mark Cuban, que tanto torpedeou a administração de Stern, se esquivar  em público. Disse que era algo “óbvio”, dispensava repercussão e, ao mesmo tempo, seria resolvido internamente.

Cuban e outros podem fazer rodeios, mas não tem mais volta. Como conciliar agora Sterling numa mesma reunião com Michael Jordan, dono do Charlotte Bobcats? E o que dizer de Doc Rivers? Como o vitorioso treinador pode aceitar receber ordens – e cheques – de uma figura asquerosa dessas? Para não falar de Chris Paul, a face da franquia em quadra e presidente do sindicato dos atletas, ou Blake Griffin, cujas acrobacias valorizaram, e muito, o patrimônio do bufão. Aliás, são quantos os brancos no elenco do ex-primo pobre de Los Angeles? JJ Redick, Hedo Turkoglu e mais ninguém.

Fulos da vida, sem chão, Redick entre eles, os atletas do Clippers se reuniram neste sábado e ventilaram a possibilidade de fazer um boicote. Abrir mão de disputar o quarto jogo da série contra o Warriors – e quão legal seria se contassem com o apoio dos arquirrivais odiados do outro lado?  Mas pensaram, repensaram e afirmam que vão para a quadra. É algo complexo, mesmo. Por um lado, seria uma bomba para a liga resolver, com sua credibilidade e muitos milhões de dólares em jogo. Por outro, esse grupo de atletas já batalhou por mais de 80 partidas na temporada. É o trabalho, o sonho deles. Abririam mão disso, ou simplesmente estão acima de um verme desses? O título seria deles ou de Sterling? Que joguem e ataquem essa situação, amparados legalmente e pela comunidade da NBA, mas depois. No caso de conquista, é de se imaginar que o proprietário só poderia comemorar num camarote reservado, no ostracismo, acompanhado de alguma gentalha de KKK, distante do vestiário e dos verdadeiros protagonistas.

No ostracismo, sim: a atitude pode ter efeito inócuo, já que a franquia continuaria embolsando a grana da bilheteria e afins, mas o empresário, primeiramente, tem de ser banido do Staples Center e outras arenas. Seria uma vergonha transmitir jogos em que sua figura pudesse aparecer para as câmeras da TV, a poucos metros de Rivers ou Griffin.

Obviamente que Sterling será multado também. É o que o escritório da liga em Nova York mais sabe fazer. Relembrem que Micky Arison, dono do Miami Heat, foi punido em US$ 500 mil ao criticar alguns de seus pares durante o lo(u)caute, em 2010. E essa multa teve muito mais a ver com o ferimento de práticas comerciais, estratégicas. Era um momento de intensa barganha por parte dos dirigentes, e Arison foi penalizado como reprimenda à suta suposta tentativa de sabotar negociatas que terminaram tão favoráveis aos magnatas.

A questão em torno do mentecapto que dirige o Clippers, porém, é muito maior. É, na verdade, imensurável. Não há dinheiro que o bilionário possa desembolsar  que valha sua ignorância. Como bem disse Kenny Smith, ex-armador do Rockets e comentarista da TNT, é uma vergonha que Sterling seja rico apenas quando o assunto sejam dólares. Disso ele entende, e talvez tenha que se preparar espiritualmente para abrir mão de seu brinquedinho em troca de mais algumas centenas de milhões a mais. Uma vez terminada a temporada, o núcleo forte de gestão da liga, antes presidido por Peter Holt, do Spurs, precisa encontrar algum meio de forçar a venda da franquia.

Candidatos não vão faltar. Bill Simmons, uma das figuras mais influentes da ESPN hoje e proprietário de uma caderneta de ingressos da franquia californiana, escreveu pouco antes de os mata-matas começarem sobre como a liga vive um momento de Eldorado também financeiro.  O Milwaukee Bucks, santamãe, custou mais de US$ 500 milhões. Serão diversos os Tios Patinhas, então, esperando na fila, pela chance de desembolsar até mesmo mais de US$ 1 bilhão para adquirir um clube em ascensão como o Clippers, com dois superastros na folha de pagamento, ainda mais numa cidade como Los Angeles.

É algo legalmente possível? Forçar a saída de Sterling? Muito provavelmente não, mas, com pressão de todos os lados, incluindo dos outros donos de clube, talvez a situação fique de fato insustentável. A não ser, claro, que boa parte desses gestores esteja de acordo com o discurso racista desse camarada. Se nenhuma decisão drástica, radical for tomada, teremos a resposta. E aí os atletas que terão de tomar alguma providência, como já prometem fazer, ainda que o próprio Chris Paul, imerso nos playoffs, tenha se calado por ora. DeAndre Jordan, por outro lado, foi brilhante ao postar em sua conta de Instagram simplesmente um quadro negro. Para ele, não havia muito o que dizer.

LeBron James, porém, se pronunciou, e foi como um legítimo rei. “Não há espaço para Donald Sterling na NBA”, afirmou, entre outras ponderações. “Acredito em Adam. Acredito na NBA. Se esses comentários forem verdadeiros, eles têm de fazer algo, e fazer rapidamente, antes que isso saia de controle.”

E ponto.

Não há mais espaço para gente desta laia em lugar nenhum, muito menos no nosso basquete – NBB, Euroliga, ou Parque do Ibirapuera. Nem aqui no VinteUm. Qualquer sujeito que possa pensar ou dizer algo semelhante ao que falou o dono do Clippers só pode ser considerado persona non grata neste blog. Não são bem-vindos definitivamente.


Quem diria? Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam Clippers
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Giancarlo Giampietro

Xenry decola!

Xenry decola!

Na verdade, o título deveria estar acompanhado de muitos pontos de exclamação e interrogação. Algo como: “Quem diria?!?!?!?!?!?!?!?!?!?! Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam o badalado Clippers”.

Mas não caberia. Temos um limite de 75 caracteres agora para produzir uma manchete apelativa e sensacionalista para fisgar você, leitor. Somos todos uns aproveitadores, admitamos.

O post não fica nisso, claro. Todas as arrobas de exclamações que poderíamos inserir na frase acima teriam a ver com o fato de que, sim, hoje, qualquer vitória do Lakers para cima do Clippers será algo completamente inesperado – algo que, para os mais tradicionalistas, ainda é muito difícil de assimilar. Então seria a surpresa da surpresa, sabe?

E foi o que rolou na noite de abertura da temporada 2013-2014, com o time de Mike D’Antoni marcando incríveis 41 pontos no quarto período para vencer por 116 a 103. Ainda sem Kobe Bryant. Com Steve Nash e Pau Gasol marcando, juntos, 18 pontos. Nenhum dos dois astros jogou por mais de 30 minutos. Por essa só esperava aquele torcedor mais tapado, mesmo.

Dentro do elenco, porém, o resultado não chega a ser nenhum absurdo. O próprio D’Antoni vem falando constantemente sobre como estariam subestimando a equipe – claro que ele não poderia jogar a toalha antes de o campeonato começar, mas ele realmente tem insistido sobre em como o ambiente estaria significativamente mais otimista no lado amarelo e roxo do Staples Center. “Nesta pré-temporada, tudo foi muito mais positivo que no ano passado, e fizemos as coisas de um jeito muito melhor”, afirma Gasol. “A atmosfera, a atitude e a união dos jogadores tem sido realmente positiva. Agora, temos de ver se isso vai nos ajudar.”

Não dá para tirar muitas conclusões com apenas 48 minutos dos 3.936 que o Lakers ainda vai disputar nesta temporada. Mas não deixa também de ser uma primeira partida que sublinha essa percepção animada nesses primeiros meses sem Dwight Howard – e, necessário dizer, Kobe Bryant no dia-a-dia dos treinamentos.

Contra o Clippers, quem decidiu a parada foram os reservas. A equipe entrou no quarto final com desvantagem de quatro pontos. O que, levando em conta as expectativas em torno de ambas as franquias, já estaria supostamente de bom tamanho. Só esqueceram de combinar com os reservas de D’Antoni. Os reservas, gente. Contra o que os rivais têm de melhor.

Jordan Farmar, Jodie Meeks, Xavier Henry e Jordan Hill botaram para quebrar e compensaram todos os esforços de Wesley Johnson (1-11 nos aremessos) para acabar com a festa. Foi com esse quinteto que eles chutaram o traseiro de Chris Paul e Blake Griffin, para carimbar a estreia de Doc Rivers em Los Angeles.

Os cinco, juntos, terminaram com um saldo de pontos superior a 15, com Meeks, tão apagado no ano passado, liderando com +19. Juntos, eles mataram mais de 50% de seus tiros de três pontos (9-17), deram 13 assistências (das 23 do time), recuperaram a bola em quatro ocasiões e ainda apanharam 24 rebotes.

Henry deu sequência ao seu bom momento da pré-temporada, somando, em apenas 26 minutos, 22 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, com excepcionais 8-13 nos arremessos de quadra e 3-4 nos tiros de longa distância. O ala dispensado por Grizzlies e Hornets/Pelicans já vale o seu próprio post. Parece uma bela história. Jordan Farmar é outro: terminou com 16 pontos, 6 assistências e 4 rebotes, em 27 minutos. Faz um bom tempo em que o armador se apresenta de modo muito mais confiante em quadra, bem diferente daquele reserva de Derek Fisher nos tempos de Phil Jackson.

Com esse quinteto, obviamente o Lakers fica muito mais rápido e atlético em quadra, com figuras que se encaixam bem no sistema desenhado por D’Antoni que revolucionou a liga na década passada. Os números acima atestam isso. Só é difícil pensar que o time vá vencer muitos e muitos jogos dependendo exclusivamente dessa turma. Nash, ainda travado, terá de jogar mais: do contrário, seus minutos devem ser repassados a Farmar. Gasol vai precisar ser uma presença dominante no garrafão. E ainda nem sabemos exatamente o que se vai passar com Kobe.

De qualquer forma, por uma noite que seja, a hierarquia histórica em Los Angeles, aquela que não permite exclamações ou interrogações,  foi restabelecida.


Faverani se destaca e tenta ganhar confiança do técnico em renovado Celtics
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Giancarlo Giampietro

Faverani, fazendo diferença (Photo by Christopher Evans)

Courtney Lee foi abordado ao final de um dia pesado de treinamentos da pré-temporada do Boston Celtics, e a curiosidade do repórter Steve Bulpett, do Boston Herald, tinha a ver com um possível paralelo entre dois brasileiros. Diga aí, Lee: como comparar Vitor Faverani, aquele que ficou, com Fabrício Melo, o que saiu?

“Eles são muito diferentes”, disse o ala. Bulpett afirma que o que mais ouviu foi que “Fab” ainda é um projeto, e “Fav”, um jogador.

Esta foi a primeira distinção que Faverani conseguiu estabelecer em seus primeiros dias com o Celtics, durante os treinos. Agora, com o time já a pleno vapor disputando amistosos, o pivô pretende mostrar que, em termos de habilidade de encarar os desafios de uma NBA, em comum com seu compatriota, mesmo, só há a nacionalidade.

Nesta quarta, em derrota apertada para o Knicks, o brasileiro saiu do banco novamente e teve grandes momentos em quadra para impressionar o técnico Brad Stevens. Especialmente no segundo período, no qual anotou nove de seus 11 pontos, com direito a enterradas afirmativas e um chute de três pontos, deixando evidente sua versatilidade. Sem fazer festa.

“Não tenho tempo para (comemorar) na quadra. Porque tenho de fazer a enterrada e, então, voltar para a defesa”, afirmou o jogador, que atuou por 20 minutos, apanhando seis rebotes. “Mas estou feliz, muito feliz. Porque as enterradas podem ajudar meus companheiros e eu posso mostrar ao técnico que posso jogar na NBA. Estou muito feliz.”

É isso. Faverani penou por umas boas duas ou três temporadas como profissional na Espanha até amadurecer e se estabelecer como um grande jogador, alguém preparado para atender aos pedidos de seus treinadores dia após dia, treino após treino, jogo a jogo.

Isso pesa a seu favor. Embora tenha de fazer diversos ajustes, lidando diariamente com jogadores, no mínimo, muito mais atléticos e fortes do que enfrentava na Espanha, o pivô chegou a Boston como um atleta já formado. O que não quer dizer também que não possa melhorar – se Kobe Bryant pode aperfeiçoar ou desenvolver fundamentos aos 34 anos, está claro que no basquete não há limites.

Faverani x Hansbrough

Vitor teve o privilégio de trabalhar duro durante a pré-temporada com Ron Adams, assistente que foi contratado para guiar Stevens em suas primeiras temporadas como treinador principal na NBA. Membro mais experiente da comissão técnica, Adams teve passagens recentes bastante significativas pelo Oklahoma City Thunder e pelo Chicago Bulls, influenciando na evolução de diversos jovens jogadores. Com o brasileiro, a ênfase tem sido em seu arremesso e nos fundamentos de defesa. Aos poucos, o resultado vai aparecendo em quadra.

 “Ele tem um bom entendimento do jogo. Você pode chamar várias um monte de coisas para ele. Está ficando mais confortável”, avaliou Stevens. “Ele também tem um pouco de dificuldade com a língua, mas faz o que pedimos na saída dos pedidos de tempo. Não tem problema nenhum em traduzir na quadra o que estamos tentando fazer.”

Sem Kevin Garnett e Paul Pierce, com Rajon Rondo assistindo tudo do lado de fora, ainda se recuperando de uma cirurgia no joelho, com um treinador calouro, o Boston Celtics ainda busca uma nova identidade em quadra.

Pelos esboços que vimos nas suas primeiras duas partidas da equipe (que havia perdido na estreia para o Toronto Raptors, por 97 a 89), a rotação de pivôs de Stevens era composta por Brandon Bass, Kris Humphries, Jared Sullinger e o novato Kelly Olynyk. Vitor seria o quinto grandalhão na ordem.

Mas nada disso ainda é definitivo, enquanto o técnico vai assimilando o que cada atleta tem para oferecer e quais as melhores combinações possíveis entre esses grandalhões. Nesse ponto, Faverani vai fazendo de tudo para elevar sua cotação e se inserir na discussão com mais propriedade, ainda que seu inglês não seja o mais expansivo.

“Ele é um arremessador melhor do que tem mostrado até agora”, disse Stevens. “Acho que ele tem um potencial muito bom, e é o único em nosso elenco que é um verdadeiro pivô. É um cara que vai ter de jogar, acho, enquanto seguimos adiante.”

 *  *  *

Austin Ainge, filho de Danny, faz parte da diretoria do Boston Celtics, na avaliação e preparação de jogadores. Fluente em espanhol, ele também tem ajudado o pivô como uma espécie de tradutor. “Ele adora bater. Ele é físico. Chega e faz as coisas acontecer e instiga o contato”, disse o jovem dirigente, em sua avaliação pessoal sobre o brasileiro.

Quem sentiu isso na pele foi o assistente técnico Jamie Young (remanescente do estafe de Doc Rivers), que precisou de oito pontos no supercílio direito depois de uma sessão informal de treinos com Faverani. “Tinha sangue pra todo lado. o Danny amou”, disse Young, talvez arrependido de não ter seguido Rivers rumo a Los Angeles.


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Fabrício Melo vive semana decisiva para encaminhar sua carreira pelo Boston Celtics
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Giancarlo Giampietro

A história não mudou muito, não. Só um pouco.

Fabrício Melo continua sendo encarado pela diretoria do Boston Celtics como um “projeto”. A diferença: talvez o clube esteja mais disposto a  utilizar o brasileiro. O quanto? Muito vai depender de sua atuação durante a liga de verão de Orlando, que começou neste domingo. “Nós conversamos a respeito e ele sabe é uma semana muito importante”, afirmou o técnico Jay Larranaga, que era cotado para assumir a equipe principal até que Danny Ainge surpreendeu a NBA ao contratar o jovem Brad Stevens para o lugar de Doc Rivers.

Rivers que, segundo o Boston Herald, não apostava muito no pivô e, em off, deixava isso claro para os jornalistas. Com uma comissão sendo constituída agora, Fabrício fica mais animado. “Definitivamente vejo isso como um novo começo para mim. Estou pronto para encarar e me sinto muito diferente comparando com o ano passado. Não sabia o que esperar. Agora sei o que acontece. Estou muito mais confortável”, disse Melo

Fabrício e o meio-gancho

Fabrício, em ação contra o Orlando Magic: bom início de semana decisiva

A equipe de verão do Celtics está sob o encargo de Larranaga, que teve coisas positivas para falar sobre o mineiro de Poços de Caldas antes do início do torneio na Flórida. “Ele tem se preparado realmente durante o último mês em Boston, trabalhando duro, então espero que ele tenha uma ótima liga de verão”, disse. “Acho que Fab tem feito um ótimo trabalho desde o momento em que começamos a treinar.”

Legal, e tal. O que pega é que o treinador ainda se sente impelido a fazer uma resalva: “Ele ainda não é um produto finalizado”. É uma repetição natural do discurso de Danny Ainge no ano passado. Sabiam que haviam contratado alguém que levaria tempo para contribuir. Por isso, a liga de verão em Orlando é tão importante: o clube precisa saber o quanto progrediu e o quanto falta para poder ser um atleta de NBA para valer.

Neste domingo, pela estreia da liga de verão contra o Magic,  pudemos ver um pouco de tudo do discurso de Larranaga – a NBA TV transmite tudo online durante a semana e, depois, nos brindará com os jogos de Las Vegas. No primeiro tempo, o brasileiro, ainda muito cru ofensivamente, foi ignorado por seus companheiros em muitos ataques, sem mal poder tocar na bola. O canadense Kelly Olynyk, o mais novo draftado da equipe, foi quem centralizou as ações, algo esperado. O jogador de Gonzaga é bastante talentoso e mais desenvolvido que o companheiro nesse sentido. Embora um ano mais jovem, tem muito mais rodagem e bagagem.

No segundo tempo, outro jogo: Fabrício se apresentou de modo mais assertivo em quadra e, mesmo sem o condicionamento físico ideal, batalhou no garrafão com dois jogadores competentes em Kyle O’Quinn e Andrew Nicholson e teve sucesso. E foi recompensado do outro lado, marcando todos os seus pontos após o intervalo. Em uma ocasião, converteu até mesmo um tiro de média distância seguido de falta, e os reservas do Celtics se divertiram horrores no banco.

É claro que ninguém em Boston imagina ou sonha que Fabrício vá virar um Kevin McHale. Ainge o selecionou para proteger o aro, dominar os rebotes, fazer bons corta-luzes e, se possível, contribuir de uma forma ou de outra com pontos debaixo do aro. “Ele tem um potencial tremendo”, diz o técnico. “Ele teve alguns grandes jogos nesta temporada da D-League. Fez algumas coisas que nenhum jogador havia feito antes, com seus triple-doubles (de pontos, rebotes e tocos). Ele teve um ótimo impacto defensivo, então o que nós apenas temos de fazer é levá-lo a traduzir isso para a NBA, e de modo consistente.”

Kelly Olynk, um talento

Olynyk, aposta de Ainge, muito mais desenvolvido que Fabrício

Antes de avaliarmos 0s números de Fabrício neste primeiro jogo, uma nota obrigatória: as estatísticas das ligas de verão são constantemente questionadas por scouts e jornalistas presentes no ginásio. E, de certo modo, elas pouco importam também. Treinadores e dirigentes estão muito mais interessados em ver essas peladas para projetar o que suas revelações podem fazer nos jogos que realmente importam, do que em acumular vitórias em julho.

De todo modo, lá vão: foram nove pontos, oito rebotes e um toco (em Victor Oladipo, ala superatlético selecionado em segundo no Draft deste ano) para o brasileiro, que jogou por 28 minutos. Mas, dentre seus dados, o mais importante foi seu saldo de cestas: +6, o maior de todos os dez atletas do Celtics que foram para quadra. Além dele, apenas o ala-armador Courtney Fells teve saldo positivo na derrota por 95 a 88 diante de um adversário que escalou muitas figuras de seu time principal. Outra marca importante: cometeu apenas três faltas, sem deixar de ser combativo, problema que foi uma constante nas últimas temporadas.

Com diz Larranaga, a despeito de a inexperiência de Fabrício, o desafio é fazer isso de modo consistente durante toda a semana, decisiva. Afinal, um ambiente de extrema competição como o da NBA, não há tanta paciência assim. O pivô se mostra confiante. “Acho que estou muito perto”, disse. “Acho que agora vou jogar. Isso é o que vai me fazer melhorar: apenas jogar basquete. É do que preciso. Agora quero ficar confortável e mostrar o que posso fazer.”

 

*  *  *

As opiniões sobre Fabrício depois da estreia:

– Brad Stevens (quem mais importa, no caso): “Não tenho condições de comparar o ano passado, nem mesmo duas semanas atrás com o que vi hoje, mas penso que as coisas que me impressionaram sobre ele foi o modo como ele tentou se comunicar defensivamente. Acho que ele foi bastante ativo, muito engajado. E ele obviamente fez alguns ganchos bem em frente de onde estávamos, mostrando muito toque. Ele é um cara grande que pode jogar no garrafão e ao redor dele. Sabe fazer corta-luzes. Defensivamente, ele parece alguém que tem bons instintos e sabe o que está acontecendo. As primeiras impressões foram boas”.

Jay Larranaga: “Acho que Fab fez um monte de coisas legais. Ele nos dá uma presença interior. Ele fez alguns ganchos legais, foi para o rebote, deu um belo toco. Ele hoje está como todos nós: um trabalho em progresso, e acho que ele deu bons passos hoje”.

Jared Sullinger (pivô que também parte para o segundo ano em Boston, muito mais polido também e que está afastado devido a uma cirurgia nas costas, mas acompanha o time feito um assistente técnico): “Comparando com o ponto em que estava no ano passado, ele é um jogador completamente diferente”.

*  *  *

Uma presença interessante no elenco de verão de Boston: o armador Jayson Granger, que é… Uruguaio (filho de Jeff Granger, ala-pivô americano naturalizado que defendeu nossos vizinhos do Sul por anos e anos). Velho conhecido daqueles que seguem Lucas Bebê na Liga ACB, é mais um dos projetos sul-americanos do Estudiantes. Com 23 anos, 1,88 m de altura, ele vem de uma bela temporada na Espanha e decidiu se testar contra atletas de primeiro nível nos EUA. Neste domingo, acertou apenas um de seis arremessos, mas somou cinco pontos e quatro assistências, ganhando mais tempo de quadra depois da lesão de Nolan Smith, azarado jogador ex-Portland. O jovem Granger, porém, costuma ignorar a seleção uruguaia.


Baixinho Nate Robinson supera rejeição da NBA e faz as vezes de Derrick Rose pelo Bulls
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson x Mario Chalmers

O Miami Heat não conseguiu parar o pequenino Nate Robinson. Série fica beeem interessante agora

No dia 24 de dezembro de 2011, Nate Robinson foi dispensado pelo Oklahoma City Thunder. Feliz Natal!!!

No dia 31 de julho de 2012,  ele assinou um contrato sem garantias com o Chicago Bulls, correndo o risco de ser dispensado a qualquer momento.

Nesta segunda-feira, dia 7 de maio de 2013, o baixinho carregou o ataque do Bulls para uma vitória surpreendente contra o Miami Heat na abertura das semifinais do Leste. Ele marcou 27 pontos, 9 assistências, pegou três rebotes e matou oito em 16 arremessos, tornando os acontecimentos citados nas datas cima ainda mais chocantes.

Como pode um sujeito com esse tipo de habilidade teri ficado na berlinda desse jeito?

Little Nate

Nate Robinson, quem diria, barbarizando nos playoffs da NBA

Bem, no caso de Robinson é até fácil entender, e não por causa de sua altura (1,75 m). Não são necessários nem dois ou três minutos de jogo para ver o quão explosivo, nos mais diversos sentidos, pode ser. Na verdade, tem dia em que um mero close do banco de reservas de Tom Thibodeau para ver a formiguinha atômica surtando.

Mas já foi muito pior. Ele tirou uma série de treinadores do sério com suas intempestividades e atos infantis em quadra e no vestiário – foi considerado, por exemplo, um caso perdido por Larry Brown e irritou até mesmo caras como Mike D’Antoni e Doc Rivers, que estão longe da fama de autoritários ou disciplinadores.

E, uma vez que um jogador qualquer pega esse tipo de reputação, a Rádio Fofoca nos bastidores da liga tende a ser inclemente. Que o diga Kenyon Martin, que teve de implorar por trabalho até o Knicks perder todos os seus pivôs e não ter a quem recorrer mais.

Daí que Robinson saiu de um contrato de mais de U$ 12 milhões por três anos assinado com o Boston para viver, nos últimos dois campeonatos, pulando de galho em galho, dependendo de que algum clube que estivesse disposto a se arriscar a adicioná-lo ao elenco. Depois de ser chutado pelo Thunder, foi contratado com um contrato não-garantido pelo Warriors. Depois, teve de passar pelo mesmo processo pelo Bulls.

O curioso é que ele já havia feito pelo Golden State uma de suas melhores campanhas, rendendo Stephen Curry do banco, ou assumindo o posto de titular, mesmo, quando o armador foi afastado devido ao seus preocupantes problemas de tornozelo. Em Chicago, manteve o mesmo ritmo, num reforço providencial para um time que sabia que não contaria tão cedo com Derrick Rose.

Robinson obviamente não está à altura do ex-MVP da liga. Mas, para um time desesperado por força ofensiva e, ao mesmo tempo, muquirana, foi considerado o reforço ideal – não se esqueçam: o baixinho já venceu o torneio de enterradas, poderia jogar futebol americano facilmente de tão forte e atlético e sempre teve facilidade para criar seu arremesso apesar da (falta de) estatura. Problemas de temperamento à parte, era um bom negócio.

(Vejam do que é capaz:

)

Thibodeau sabia com o que estava lidando, foi seu técnico em Boston. “Tinha um bom entendimento sobre quem ele é. Você tem de aceitar o pacote inteiro, e a parte boa prevalece diante da má”, disse o treinador, dia desses, depois de uma vitória dramática sobre o Nets, em tripla prorrogação, na qual ele anotou incríveis 34 pontos em apenas 29 minutos, torturando CJ Watson e Deron Williams.

Com esta produção, o Thibs não era doido de reclamar: as médias do ‘armador’ nos playoffs são de 17 pontos em 30 minutos, com aproveitamento de 50,5% nos arremessos, algo inédito em sua carreira. Ele não é o sujeito mais solidário quando tem a bola em mãos, com 3,6 assistências por jogo, mas o Bulls depende muito, mesmo, de sua criatividade para avançar. De modo que ele serve como bom complemento com Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler, outro que já vai ganhar seu próprio texto também. “Nate é a chave para este time”, disse o jovem Butler. “O ataque que ele traz do banco, o modo como ele pode facilmente mudar o rumo do jogo. Isso é grande para qualquer equipe, e é o que Nate vem fazendo para nós.”

Contra o Heat, embora tenha chutado oito vezes da linha de três pontos, conseguiu um bom equilíbrio em sua agressividade no ataque, batendo para dentro, furando uma defesa composta por adversários igualmente superatléticos, ganhando dois dez lances livres para cobrar – praticamente a mesma quantia que acumulou em toda a primeira rodada, 11, mas em sete partidas.

“Para alguém desse tamanho fazer as coisas que ele faz… Você precisa me dizer de um jogador abaixo de 1,80 m que seja melhor que ele, em toda a história do jogo”, avaliou Joakim Noah.

Mugsy Bogues, Spud Webb, Earl Boykins, todos eles podem ficar enciumados, mas, se Robinson continuar nessa tocada, vai ser difícil acusar Noah de camaradagem.

*  *  *

O Little Nate – ou Neitinho, Neitezinho, escolham – tinha um saco de gelo maior que sua cabeça, colado a sua face, na hora de falar com os repórteres depois do jogo. Num choque com LeBron James e a quadra, arrebentou a boca, precisando tomar pontos no vestiário. Imagine o drama. “Vamos logo”, disse ao médico. Voltou para o banco pouco antes do intervalo. Thibodeau surpreendeu – para os seus padrões, claro – e disse que iria apenas usar o jogador quando ele se sentisse pronto. “Estou pronto agora”, ouviu de resposta.

No final do jogo, estava prontinho mesmo para bagunçar, agora no bom sentido:

*  *  *

Contra o Nets, Robinson quase quebrou o recorde de pontos no quarto período de um jogo de mata-matas pelo Bulls. Com 23 pontos, ficou a apenas um da marca de… Bem, vocês tem três chances.

1) Não, não estamos falando de Rose.

2) Nem de Luc Longley!

3) Sim, Michael Jordan. Aquele da camisa 23. Jordan anotou 24 pontos no dia 12 de maio de 1990 contra o Philadelphia 76ers do então menos gordote Charles Barkley, que, mesmo assim, saiu vencedor de quadra.


Após dura eliminação, Boston Celtics encara incertezas em torno da dupla Pierce-Garnett
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Giancarlo Giampietro

Adeus?

Fabrício Melo pode se despedir de Pierce e Garnett

Será que dessa vez o fim chegou, mesmo?

Eliminado pela primeira vez na fase de abertura dos playoffs desde que uniu Paul Pierce e Kevin Garnett em seu plantel, o Boston Celtics vai enfrentar algumas duas semanas de ponderação, ao mesmo tempo em que junta seus pedacinhos fragmentados pela marretada que tomaram do New York Knicks.

Juntos, sob a orientação de Doc Rivers, os dois veteranos foram campeões em 2008, vice em 2010 e uma vez finalistas do Leste em 2012.

Nesta temporada, depois da contratação de reforços que pareciam tão promissores em outubro, o clube penou com muitas lesões – incluindo a crucial e lamentável perda de Rajon Rondo – e a estafa de seus dois principais jogadores e nunca pôde se inserir para valer na lista de candidatos ao título.

Saibam que, em Boston, por mais orgulhosos que os torcedores fiquem de seus atletas, a expectativa é sempre de brigar pela ponta, mesmo, ainda mais depois da sequência incrível que viveram nas últimas temporadas.

E teria um time centrado nos dois astros, que já disputaram 100 (!!!) partidas de playoffs lado a lado, condições de voltar a reinar na NBA? Sem ajuda, muuuuita ajuda, depois do que aconteceu neste campeonato, é bem provável que a resposta seja “não”.

Exigir de Garnett e Pierce que lideram a equipe em uma temporada regular brutal e que cheguem em forma para digladiar nos mata-matas, quando eles estão em suas, respectivamente, 18ª e 15ª temporadas, não parece o melhor caminho.

Pierce x Knicks

Celtic toda a vida, Pierce foi exigido demais na série contra o Knicks

Estatisticamente, eles ainda dão conta do recado. Especialmente KG. Se você pegar seus números em uma projeção por 36 minutos, suas médias de 2012-2013 seriam ainda consistentes com o que apresentou em 2008-2009, por exemplo. Seu impacto na defesa ainda é imenso. Mas, fisicamente, já não é mais possível acompanhar o ritmo – desde 2007 seu tempo de quadra é reduzido ano a ano. Nesta temporada, pela primeira vez ficou abaixo dos 30 minutos por partida desde sua campanha de novato, e mesmo isso não foi suficiente para evitar diversas contusões e lesões, que o limitaram a 68 partidas no ano.

Pierce, por seu lado, a despeito de ter acumulado a menor média de minutos de sua carreira (33,4), teve sua melhor temporada estatística desde 2009. Ele perdeu apenas cinco jogos também. Quer dizer, ainda está inserido entre os melhores de sua posição, ainda mais considerando sua habilidade para criar no mano-a-mano. Nos playoffs, porém, mesmo enfrentando um time que não é conhecido pelo poderio defensivo, sem ter um atleta decentemente equipado para combatê-lo, o experiente ala teve aproveitamento de apenas 36,8% nos chutes de quadra. Além disso, cometeu absurdos 5,3 desperdícios de posse de bola por jogo. Quer dizer: o Celtics pediu muito de seu cestinha.

Pouco o que dizer
Nesta sexta, em Boston, depois do revés por 88 a 80, um balde de água fria para um elenco extremamente orgulhoso e que havia ganhado confiança pelos dois triunfos seguidos, eles preferiram não falar.

A dor ainda era muito grande, as emoções “muito, muito fortes”, como definiu Garnett, para que falassem qualquer coisa prevendo o futuro. Vão passar dias e dias até que a dupla e o técnico Rivers possam se reunir e discutir o que ainda pode ser feito, o que será de suas trajetórias

Esse vínculo emocional representa o maior dilema e desafio do cartola Danny Ainge. Novamente.

Há pelo menos três anos o dirigente precisa lidar com a oposição de dois possíveis planejamentos: manter a base ou implodir tudo, reconstruindo o grupo.

Em 2012, Ainge foi criativo e criou uma terceira via. Renovou com Garnett, que era um agente livre, e Bass, segurou Pierce, substituiu o desertor Ray Allen por Jason Terry e investiu na chegada de peças mais jovens, como os alas Jeff Green e Courtney Lee e o novato Jared Sullinger (sem contar Fabrício Melo). A equipe se apresentou para a pré-temporada com muito otimismo.

Acabou que Sullinger, quando começava a engrenar, foi afastado por problemas nas costas. Depois da dura perda de Rondo, Leandrinho também foi abatido. Terry e Lee foram duas grandes decepções. Green ainda é muito inconstante. Sobrou, então, a carga pesada para Pierce e Garnett levarem, ao mesmo tempo em que gente como Terrence Williams, Jordan Crawford, Shavlik Randolph e DJ White chegava de todos os lugares, no meio do campeonato, sem entrosamento algum ou experiência para contribuir positivamente.

O que, diabos, fazer?
Com essa alternativa esgotada, cá está novamente a questão do que fazer com os astros. “Bem, você não vai encontrar Paul Pierces e Kevin Garnetts no mercado. Esses caras não existem mais – exceto pelos caras que vão provavelmente ficar onde estão”, disse Ainge.

Paul Pierce + Kevin Garnett

100 jogos de playoffs para a dupla

Apenas uma pequena parte do salário de Pierce para 2013-2014, seu último ano de acordo, é garantida. Ele poderia, então, ser facilmente negociado – um movimento com o qual a franquia flertou, e muito, durante os campeonatos mais recentes. “Isso é uma questão para o Ainge e sua equipe. Não tenho ideia do que vai ser. Só sei que espero definitivamente estar jogando no ano que vem”, afirmou o ala.

E a informação predominante que vem de Boston é de que Garnett, sem o seu fiel parceiro, anunciaria a aposentadoria de imediato, abrindo mão de mais duas temporadas de seu contrato – ele já teria informado ao Clippers, por exemplo, que não aceitaria uma troca para Los Angeles, nem para jogar ao lado de Chris Paul e Blake Griffin. O pivô poderia, aliás, pendurar seu par de tênis mesmo que Pierce continuasse.

É duro.

“O que espero é que nós aproveitemos no próximo ano esta experiência que tivemos, jogando com paixão e coração a cada noite”, disse o doidinho-da-silva Jason Terry, num momento, porém, de reflexão. “Ter jogado com KGe Paul foi uma grande experiência. Sei que as pessoas agora estão se perguntando se ambos vão estar de volta. Não posso responder isso, mas o que posso dizer é que eles me ensinaram muito.”


Doc Rivers: “Leandrinho me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo”
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho ataca os campeões

Ao ataque: a bandeja clássica em velocidade de Leandrinho

Já vimos este filme várias vezes em jogos da seleção brasileira. Leandrinho pega a bola em uma das alas, geralmente pela direita, abaixa a cabeça e vai para cima da defesa. Não importando se há dois ou até mesmo três jogadores concentrados naquele setor, justamente para evitar sua investida. As chances de sair uma falta de ataque ou um passe equivocado nas mãos do adversário são grandes. Mas tem hora que, vrrruuuum o bicho é tão rápido que, quando todos piscaram o olho, ele já estava completando sua clássica bandeja no alto da tabela. Com ele, nunca se sabe.

Pois bem, são apenas quatro jogos, mas ultimamente Leandrinho está aproveitando suas chances em Boston, mais acertando nessas investidas do que fazendo bobagem. Não sem um susto ou outro, para todos os envolvidos, como admite o próprio técnico Doc Rivers. “Ele simplesmente está jogando muito bem. Ele pode se descontrolar às vezes. Acho que ele me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo. Mas isso, na verdade, não é algo ruim de se ter”, disse o treinador em um raro dia de calmaria nos vestiários do Celtics.

Sem Rajon Rondo, afastado por conta de uma cirurgia no joelho, a chance iria vir naturalmente, e o ligeirinho está agarrando. Melhor: ao mesmo tempo, sua equipe vai vencendo.

Desde que o genial e genioso armador caiu, o time ainda não perdeu. Foram quatro triunfos, batendo Miami Heat e Los Angeles Clippers (sem Chris Paul e Blake Griffin, ok) no meio do caminho. O “Vulto Brasileiro” – com a boa fase, voltou a ser chamado desta maneira pela mídia americana – ganhou 93 minutos de quadra nesta sequência, bom para uma média de 23,2 minutos por partida, praticamente o dobro do que tem em toda a temporada.

O mais interessante no momento vivido por Leandrinho é que ele vem conseguindo ser agressivo e eficiente ao mesmo tempo, uma balança que nem sempre funcionou bem em sua carreira, especialmente desde que se desligou de Steve Nash e Mike D’Antoni. Nos últimos quatro jogos, ele tentou 35 arremessos de quadra, e converteu 18 deles, mais que a metade. Ao mesmo tempo, somou 11 assistências e causou apenas cinco desperdícios de posse de bola, sendo que três foram num só compromisso, contra o saco de pancadas conhecido como Sacramento Kings.

Esse último número é a chave: se o atleta não cria tantas oportunidades assim para seus companheiros, ao menos tem evitado cair em armadilhas, sem entregar o ouro para o bandido, tendo cometido apenas um turnover contra Clippers e Heat e nenhum contra o Orlando Magic. De modo que já consegue botar uma dose de remorso no café da amanhã de Rivers. “Durante toda a temporada ele está numa situação desta: ‘Será que você o coloca, ou será que não?’ E obviamente  nós deveríamos tê-lo usado”, diz o técnico.

É isso: se conseguir se manter consistentemente nesse patamar, o brasileiro vai cada vez mais assustar apenas um técnico em quadra, o do outro lado.


Reforços não vingam, e Boston Celtics tenta sair do limbo para chegar bem aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo carrega o Boston Celtics

Rondo não recebeu a ajuda esperada das apostas de Danny Ainge

Por Rafael Uehara*

O retorno de Avery Bradley era visto como principal esperança para que o Boston Celtics pudesse engrenar e começar a se estabelecer como ameaça perigosa ao topo da conferência nos playoffs. Courtney Lee tem tido dificuldade em entender os fundamentos defensivos do time e Jason Terry não está sendo o substituto perfeito para Ray Allen que muitos esperavam. Em Bradley, o time tem o seu melhor defensor no perímetro e um par perfeito para Rajon Rondo no ataque, devido a sua capacidade de arrancar velozmente em contra-ataques, acertar tiros de três dos cantos e cortar para a cesta intuitivamente.

Bradley retornou, o time venceu seis jogos seguidos (entre eles contra Knicks e Pacers) e deu a entender que estava a caminho de se tornar uma força a ser levada a sério novamente. Mas o time de Doc Rivers falhou a arrancar mais uma vez. Perdeu domingo pela terceira vez seguida, chegando a um recorde de 20-20, praticamente no ponto médio da temporada. E essas derrotas vieram contra Hornets e Bulls em casa e Pistons fora. Chicago e Boston sempre fazem confrontos acirrados, e esse jogo foi para a prorrogação, mas sofrer nas mãos de New Orleans e Detroit se qualifica, sim, como tropeço.

As expectativas eram de que o time fosse um pouco menos limitado e dependente de Rondo no ataque este ano, com as adições de Terry, Courtney Lee, Jared Sullinger e Leandrinho Barbosa, além da retenção de Brandon Bass e Jeff Green. Mas isso não se materializou. O time tem um dos 10 piores aproveitamentos em pontos por posse. Paul Pierce tem postado os mesmos números da temporada passada, mas seu “jumper” vem perdendo efeito – ele tem acertado apenas 38% destes, de acordo com basketball-reference.com.

KG x Varejão

Garnett ainda combate Varejão e quem mais vier pela frente na defsa

Do mesmo modo que o time é dependente de Rondo no ataque, é dependente de Kevin Garnett na defesa. Mesmo em idade avançada, o pivô permanece um dos jogadores de maior impacto em toda a associação. Com ele em quadra, o time permite uma taxa de pontos por posse menor que a defesa do Los Angeles Clippers – a terceira melhor da liga. Mas, com ele no banco, o time só não permite mais pontos que Cavaliers, Kings e Bobcats – as três piores equipes em prevenção.

O fato é que todas as apostas que o gerente geral Danny Ainge fez na janela de verão, exceto talvez por Sullinger – que tem jogado melhor nos últimos 10 jogos – não têm rendido. Terry tem sido muito decepcionante, Green dificilmente impacta alguma partida, Bass não tem jogado tão bem quanto na temporada passada, quando lutava por uma extensão contratual, Lee também não vem bem e Leandrinho apenas ganhou minutos quando requisitou uma troca. A performance tão abaixo das expectativas de quase todos eles e seus contratos com vários anos sobrando ainda os fazem difícil de trocá-los para reformular o time ao redor de Rondo, Pierce e Garnett.

Já fica difícil de prever mudança em pessoal. Piora: a tabela também não ajudará muito os veteranos. Antes da parada para o jogo das estrelas, o time terá sua parcela de Cleveland, Sacramento, Orlando e Charlotte, mas também terá pela frente Miami, Nova York (os dois), Los Angeles (idem) e Chicago. E depois da parada, irá á Costa Oeste para cinco jogos na casa do adversário e, depois de voltar para tomar um café em casa, irá a Filadélfia (que talvez possa ter Andrew Bynum de volta até lá) e Indiana. Em outras palavras, o desafio para engrenar será ainda mais difícil.

Logo, o Celtics está num limbo. Não há muito que fazer a não ser confiar que mais tempo a Bradley proporcione mais estabilidade, que as apostas de Ainge comecem a render na segunda metade da temporada (ou pelo menos no próximo mês, para que se tornem moedas de troca decentes) e que Garnett siga proporcionando o mesmo valor quando Doc Rivers estender os seus minutos nessa reta final. Esses pontos todos precisam ser conjugados para que o time possa finalmente engrenar em direção aos playoffs.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Contusão de Rondo abre espaço para Leandrinho mostrar serviço e ser elogiado
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Giancarlo Giampietro

Ninguém vai torcer pela contusão de ninguém, mas você precisa estar pronto para jogar se algo de ruim acontecer. Leandrinho estava pronto nesta quarta-feira. Com uma contusão de Rajon Rondo, com cerca de quatro minutos restando no terceiro período, o ala-armador saiu do banco para o resgate com a duríssima missão de substituir o brilhante armador na vitória do Boston Celtics sobre o Utah Jazz por 98 a 93.

Leandrinho, orgulho de Celtic

Leandrinho é acolhido por KG e Green em voto que postou no Twitter para falar de união, ubuntu do Celtics

“Barbosa foi incrível”, afirmou o técnico Doc Rivers. “Digo, ele nos livrou. Não apenas  por ter entrado no lugar de Rondo. Achei que no primeiro tempo nossos titulares estavam muito parados e nossa segunda unidade nos deu um empurrão. E, obviamente quando Rondo saiu no segundo tempo, colocamos LB lá e chamamos poucas jogadas porque ele ainda não as conhece muito. Mas fizemos basicamente tudo com pick-and-rolls. Dissemos para que ele apenas seguisse atacando a cesta e que, a partir dali, descobriríamos o que fazer.”

É isso. Por mais que algumas jogadas se repliquem de um time para o outro, o Celtics tem seus próprios sistemas, conceitos, que o ligeirinho não teve oportunidade de assimilar ao ficar fora de todo o training camp e pré-temporada. Desta forma, vai ter de se achar por tentativa e erro em Boston. A lesão de Rondo abriu espaço, e ele soube aproveitar, aproveitando uma boa atuação que teve na rodada anterior contra uma defesa fortíssima como a do Chicago Bulls.

Se ainda não sabe direito as jogadas, Leandrinho tem de se concentrar em fazer o simples, como Rivers afirmou, e executar com agressividade, mas sem perder a cabeça. Contra o Jazz, ele conseguiu cumprir o script perfeitamente. Depois de converter sete de seus 16 pontos no primeiro tempo, sua melhor sequência veio quando entrou no lugar do armador titular e anotou seis dos próximos oito pontos da equipe. Melhor: jogando em ritmo acelerado e atacando sempre a cesta, procurando o garrafão, em vez de se contentar com tiros desequilibrados de três pontos.

“Apenas tentei jogar o que sei e tentei ajudar meu time com minha energia”, disse o brasileiro, que ficou em quadra por todos os 12 minutos do quarto final. “Foi muito importante acelerar. Acho que é o jeito que queremos jogar na maior parte do tempo. Quando estou no banco, vejo Rondo jogar, e é o que ele gosta de fazer: correr. E funciona muito bem. Para mim, fica muito mais fácil, me sinto muito mais confortável jogando desse jeito. Mas estou me acostumando já com as jogadas. Os técnicos vêm trabalhando comigo à parte. Estou chegando.”

Com ou sem Rondo, é importante que o brasileiro mantenha essa disposição e atitude. Agora uma presença inveterada no Twitter, escrevendo sem parar sobre o orgulho de ser um Celtic, talvez não seja tão difícil. “Em alguns dias, alguns jogos não vou ter muitos minutos, sei disso. Quando o clube entrou em contato, já sabia”, afirmou.  “Então só o fato de estar aqui e tentar ajudar… É o que importa para mim.”