Grizzlies avalia Scott Machado como possível reforço para os playoffs
Giancarlo Giampietro
Segundo Chris Vernon, influente jornalista de Memphis, âncora de um programas de rádio mais ouvidos na cidade – e olha que por lá, onde Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Roy Orbison, BB King, Otis Redding, Isaac Hayes* e outras lendas foram reveladas, há muita coisa boa para se ouvir em rádio além de informativos esportivos –, o brasileiro Scott Machado está na mira do Grizzlies, que procura mais um armador para a reta final de temporada e disputa dos playoffs. Essa é a boa notícia.
A má? O gaúcho nova-iorquino 🙂 é apenas um dos nomes especulados pela franquia do Tennessee para as próximas semanas, ao lado de Keyon Dooling, Johnny Flynn, Courtney Fortson e Sundiata Gaines.
A partir dessa informação, é possível refletir sobre diversos aspectos. Vamos tentar dar conta de algum deles:
– Primeiro de tudo é que Scott ainda pode despertar interesse de uma franquia da NBA mesmo não encantando, exatamente, encantado durante este mês de março em atividade pela D-League, já a serviço do Santa Cruz Warriors – ele deixou o Rio Grande Valley Vipers, clube filiado ao Houston Rockets, que investiu bastante em seu basquete durante a temporada. A equipe de Santa Cruz, como o apelido entrega, está vinculada ao Golden State e tem como titular em sua posição o armador Stefhon (isso mesmo, com f + h) Hannah, formado na universidade de Missouri.
Recapitulando, então: Scott jogou seu último jogo pelo Vipers no dia 13 de fevereiro, até sofrer uma contusão. Então, perdeu espaço no time – para gente rodada como Andre Gaudeolock ou mesmo para o conturbado ala-pivô Royce White, que, na verdade, é mais um criador de jogadas do que um definidor, e depois fez sua estreia pelo Santa Cruz Warriors no início de março. Desde então, segue em atividade pelo time californiano. Desde então, jogou apenas uma média de 15,7 minutos, com média de 4,1 assistências por jogo (média bastante elevada, por sinal).
Ante de pular para o próximo tópico, vale sempre a ressalva de como o universo da D-League consegue ser ainda mais maluco do que o nosso – ou o da NBA, no caso. Os jogadores trocam, sim, facilmente de equipe e lidar quase sempre com atletas que preferem mais ver um companheiro morto do que ajudá-lo, tudo em busca do Eldorado. Para um armador puro feito Scott, essas condições podem ser extremamente nocivas ou positivas, tudo dependendo do controle que ele consiga exercer sobre a equipe. Em Santa Cruz, ele tenta agora estabelecer melhor relação do que teve em Hidalgo, pelo Rio Grande Valley.
– Gastamos alguns parágrafos para falar do Scott, mas já fica logo o aviso: pode ser que não dê em nada. O Memphis Grizzlies tem hoje 13 jogadores sob contrato, o mínimo necessário da liga para a disputa dos playoffs. Eles não são, então, obrigados a contratar ninguém mais.
– Ainda assim, parecem inclinados a adicionar um reforço barato para o elenco – nunca se sabe quando alguém pode torcer o tornozelo, afinal. E aí pensando em playoffs talvez faça mais sentido contratar um jogador muito mais provado do que um novato inexperiente. E aí Dooling, supostamente aposentado em Boston, mas já topando qualquer coisa, pintaria como o favorito disparado. Além disso, mesmo sem jogar, Dooling pode ser uma figura positiva para se adicionar por sua influência fora de quadra, no vestiário. Danny Ainge e Doc Rivers tentaram contratá-lo como assistente técnico no ano passado, inclusive, para mantê-lo por perto, mas, uma vez que anunciou sua aposentadoria, teria de esperar um ano para retornar a Boston.
– Em termos de experiência, pensando em alguém talvez até mais útil em quadra, Sundiana Gaines, 26, também levaria vantagem, já com 113 partidas disputadas na liga, 57 pelo New Jersey Nets em 2011-2012. Pior: Gaines tem em John Hollinger, ex-analista da ESPN e vice-presidente de basquete do Grizzlies hoje, um fã. Veja o que ele, ainda como jornalista, escreveu no ano passado sobre o jogador, avaliando sua produção estatística: “Se ele pudesse arremessar a bola, ele seria muito bom. Gaines está na elite em diversas áreas que não pedem o arremesso da bola de basquete”.
– Pode ser, por outro lado, que o Grizzlies contrate alguém de olho mais na próxima campanha do que necessariamente nos mata-matas, alguém que ficaria de molho nos playoffs. O segredo seria contratar alguém barato agora, para tê-lo nas ligas de verão de 2013 e, no mínimo, poder envolver seu contrato (não-garantido, na maioria das vezes) em outra negociação, para ganhar flexibilidade. Se for este o caso, as chances do brasileiro subiriam bastante, a despeito da presença do jovem e muito talentoso Wroten no elenco de Memphis.
– Disputar novamente posição com Courtney Fortson serve para Scott relembrar como a coisa realmente não é fácil: os dois, alguns meses atrás, estavam na briga por uma vaga no elenco do Houston Rockets para iniciar a temporada 2012-2013, e o brasileiro do Queens acabou vencendo essa – para, um pouco depois, ser dispensado já durante o campeonato em favor de Patrick Beverley, hoje reserva fixo de Jeremy Lin.
Achou que era simples? De o Scott Machado estar entre os nomes discutidos pelo Grizzlies e ser contratado de prontidão?
Nada.
Na NBA, quase nunca funciona assim, e o armador, numa nova equipe, agora olhando Stephen Curry e Jarrett Jack no time de cima, vai ter de paciência para lidar com isso.
*PS: não fosse o som de Memphis, o que seria da civilização ocidental?