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6º lugar no Mundial: é o que tem para hoje. E depois?
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Giancarlo Giampietro

(Atualização: com a derrota da Espanha para a França, o Brasil perde uma colocação na classificação geral, caindo de quinto pra sexto. Que fase!)

Brasl derrotado, Sérvia vence, Copa do Mundo, basquete, crise, CBB

A frase não vai parecer genial, mas é precisa ser dita: o Brasil tanto podia ganhar da Sérvia nesta quarta-feira, como poderia perder. E perdeu. Era um duelo equilibrado, sem favoritos, pelas quartas de final de uma Copa do Mundo de basquete. Alguns detalhes aqui e ali poderiam ter se corrigido, mas o fato é que o time brasileiro, desde a sua composição ao que executava em quadra, estava longe de ser perfeito. Era competitivo, estava na briga pelo pódio, mas não tinha direito adquirido nenhum ali. Estava metido em um jogo enroscado, se descontrolou emocionalmente na volta do intervalo e, pumba!, quando passou, já era. Vitória sérvia.

Isso tudo se refere a 10 de setembro de 2014 e a um geração de jogadores que, em geral,  está em seu auge, descontando uma ou outra peças periféricas de sua rotação, que já se veem mais perto da aposentadoria. Quer dizer, uma pequena retificação: essa competitividade da seleção brasileira passa por 10 de setembro e deve se estender até os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. A seleção vai receber uma Olimpíada com as mesmas chances, se as coisas correrem normalmente.

Agora, e o que vem depois disso?

Depois de assimilada a eliminação – que poderia ser evitada, mas acontece –, muito do que se ouviu em tempo real foi sobre “o bom trabalho” executado, que é algo que não pode ser descartado prontamente, e bla-bla-blá. Obviamente que não. Aliás, quem estaria argumentando de modo contrário? O Brasil se despede do Mundial com o quinto sexto lugar, o mesmo posto de Londres 2012. O basquete internacional não é para qualquer um, mesmo num cenário em que boa parte dos grandes concorrentes estava seriamente desfalcada.

Mas só precisamos ter cuidado com a generalização: se for falar em bom trabalho, que fiquemos com Rubén Magnano e seu grupo de veteranos. Não que o argentino deva ser ou esteja blindado de críticas. O ataque brasileiro não funcionou como poderia, tendo muita dificuldade para produzir de modo eficiente em situações de meia quadra. Sua convocação final se mostrou redundante. Ele não pediu mais um tempo naquele fatídico terceiro período. Etc. Entre os atletas, houve surpresas e decepções. Agora, me parece que esse é o tipo de discussão que toda equipe vai ter ao final de uma campanha. Vai acontecer até mesmo nos Estados Unidos. Não existem times perfeitos. Existem times que reconhecem suas deficiências e procuram amenizá-las. Pode ser que tenha faltado isso? Sim, certamente faltou. A verdade, porém, é que a seleção caiu, com suas virtudes e limitações.

Seleção brasileira, banco, 2014, basquete

O que não dá para fazer é ficar jogando confete para cima depois de um quinto sexto lugar e deixar que muitos penetras entrem nessa festa (inexistente). Não dá para incluir os cartolas da CBB (a inoperante Confederação Brasileira de Basquete) nessa. Sua diretoria – e até mesmo os manifestos opositores aos atuais gestores – devem ser barrados na porta. Porque, entre as limitações que temos, dá para falar de fundamentos e minúcias de jogadores e de alguns nomes convocados, mas o buraco, mesmo, está ao redor desta seleção.

O basquete brasileiro foi para um Mundial com sua força máxima – pelo menos segundo o gosto de seu treinador, com americano naturalizado, e tudo – e com média de 31 anos, a mais elevada da competição. A Sérvia tem média de 26 anos. Entre seus protagonistas, apenas um está acima dos 30 anos, o pivô Nenad Krstic. O ala Bogdan Bogdanovic, autor de 12 pontos, tem apenas 22 anos, mesma idade do titular Nikola Kalinic. Milos Teodosic tem 27. Nemanja Bjelica, 26, assim como Miroslav Raduljica e Stefan Markovic. Já deu para entender, né? O time balcânico que deu uma surra hoje pode pensar até mesmo nas Olimpíadas de 2020.

Bogdan-Bogdan tem 22 anos. Está entre os protagonistas sérvios

Bogdan-Bogdan tem 22 anos. Está entre os protagonistas sérvios

A verdade, contudo, é que eles nem precisam, já que não sabem nem ao certo se estarão no Rio 2016. As coisas na Sérvia funcionam de outro jeito, devido à alta competitividade para se entrar naquela seleção. Eles trocam de geração a cada dois anos, é algo impressionante. Estão aí para comprovar Marko Keselj e Milan Macvan, dois semifinalistas de 2010, atletas bem pagos de Euroliga e que não chegaram nem perto de jogar este Mundial. Os esquecidos e os eleitos para o time de hoje que se cuidem, aliás, porque a fornada de 1994 e 95 também já é boa o bastante para sonhar com as grandes competições, vindo de um vice-campeonato mundial em 2013. O armador Vasilje Micic e os pivôs Nikola Jokic e Nikola Milutinov jajá estarão por aí – dois deles já foram draftados pela NBA neste ano.

Do Brasil, se formos recuperar as últimas campanhas com algum sucesso em torneios internacionais de base, temos a galera que terminou o Mundial Sub-19 de 2007 (1988/89) em quarto, além da equipe que deu um sufoco danado nos Estados Unidos na Copa América Sub-18 de San Antonio, em 2010 (galera de 1992/93).  Se a turma de Raulzinho, Felício e Bebê já se aproxima, perigosa e precocemente do ostracismo, o que dizer daqueles quatro ou cinco anos mais velhos? Antes da partida desta quarta, já havia passado por esse caso alarmante. Dessa geração, apenas dois atletas hoje estariam no radar da seleção principal – mas com chances remotas de aproveitamento: Rafael Mineiro e Paulão. Entre os sérvios, dois saíram triunfantes em Madri (Raduljica e Markovic), enquanto Macvan e Keselj já haviam disputado a edição de 2010, conforme citado.

Para não falar apenas de Sérvia, fica o registro: a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos, a Lituânia, a Croácia e muitas outras equipes já apresentaram bases renovadas para esta Copa. O grau de protagonismo dos atletas mais jovens variou de uma equipe para a outra, mas pelo menos eles estavam na Espanha, vivendo a experiência intensa que é disputar um torneio de elite desses. Do lado brasileiro, dos mais jovens, apenas Raulzinho pode falar a respeito do assunto, já com duas edições em seu currículo.

Não é que não existam opções. O armador Rafael Luz e o pivô Augusto Lima já são realidades no basquete europeu, jogadores produtivos no campeonato nacional mais difícil do continente – a Liga ACB espanhola. Augusto, aliás, foi um dos destaques individuais na temporada passada – e mal teve chance para mostrar serviço na seleção “b” que ficou com um (?) honroso bronze no Sul-Americano. O pivô Lucas Mariano e o ala Leo Meindl (Franca) e o armador Ricardo Ficher (Bauru) também aparecem num grupo de revelações lembradas por Magnano nos últimos anos. Para não falar de Bruno Caboclo, ala surpreendentemente escolhido pelo Toronto Raptors no Draft da NBA, o atleta de maior potencial nessa lista, sem dúvida. Em seu ex-clube, o Pinheiros, também há pelo menos mais três garotos para serem monitorados.

Daí que… Ué? Então de que trevas você está falando, meu chapa? Olha aí o tanto de jogador jovem aí que você acabou de citara. Para um comentário desses, reverteria o jogo: mas o simples fato de nos apegarmos a cinco, seis, sete nomes já não diz muito sobre a quantas anda a produção de talentos nacional? Digo, se todo mundo sabe de cor quais são as apostas para o próximo ciclo olímpico, acho que isso significa justamente como as coisas andam errado. Já se comprova o número bastante limitado de alternativas, num país com 200 milhões de habitantes, cujo Ministério dos Esportes aponta a modalidade como a segunda mais praticada.

Além do mais, não é brincando de apostar em garotos, como se o desenvolvimento seguisse a lógica do mercado futuro, que os problemas de constituição de um time – e do basquete – brasileiro serão solucionados. A carreira dessa molecada não está nem mesmo garantida, de modo que soa absurdo depositar em seus ombros carências de uma estrutura toda deficitária. Em setembro de 2014, eles são apenas promessas, que precisam jogar e  treinar em paz, seguindo sua rotina, quiçá com a melhor orientação disponível. Não é hora de ficar buscando nomes – mas, sim, de trabalhar pra ter um maior número de nomes possível.

Só com uma confederação que trabalhe desta maneira, com essa mentalidade, que não dependa de milagres – o advento de do Grande Jogador da Silva –, que se pode exigir mais do que o atual time conseguiu. De novo: a despeito de toda a precariedade estrutural lamentada, os veteranos de Magnano tinham plenas condições de ir adiante neste Mundial. Mas não foram. Goste ou não, é uma seleção brasileira se afirma como a quinta/sexta melhor do mundo. É o que tem para hoje.

Brasil perde, CBB, Copa do Mundo, Sérvia

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Em tempo, e algo que não pode ser esquecido jamais: depois do fiasco que foi a participação na Copa América, na qual, sem seus melhores jogadores, Magnano naufragou, perdendo para Jamaica e Uruguai, a CBB teve de desembolsar um milhão de euros para ser “convidada” para jogar o Mundial. Arredondando: 3 milhões de reais. Então, do ponto de vista administrativo, é um fiasco ficar fora do pódio. Um quinto lugar não vale 3 milhões de verdinhas. Os patrocinadores ganharam alguma visibilidade em TV aberta, ainda mais depois da vitória sobre a Argentina, mas o prejuízo da confederação é brabo. Ainda mais para quem já está endividado.

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Acho que vale reforçar: o Brasil levou aquilo que seu técnico julga de melhor para o Mundial, inclusive naturalizando o Larry. Com o grupo que levou, Magnano foi para o tudo ou nada. Contra muitos adversários desfalcados. E terminou em quinto. Isso diz muito sobre a dureza que é lutar por uma medalha no basquete de hoje, mas também sobre o nível atual da seleção. É de se ponderar, mesmo.


Duelo com a Sérvia escancara buraco na base brasileira
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Giancarlo Giampietro

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Quando a bola subir na quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo, não será a primeira vez que o armador Stefan Markovic e o pivô Miroslav Raduljica vão enfrentar o Brasil num mata-mata de torneio Fiba. Sete anos atrás, ainda adolescentes, no Mundial Sub-19 eles levaram a melhor contra em uma semifinal que acabou em vitória tranquila dos balcânicos, 89 a 74.

Para quem clicou imediatamente no link acima, já deu para ver os dois ficaram, respectivamente, 26 e 23 minutos, em quadra, contribuindo com 12 pontos, 7 assistências e 6 rebotes. Números regulares. Mas vale o destaque, mesmo, estatístico daquele jogo é a quantidade de brasileiros presentes na seleção nacional que derrubou a Argentina no domingo passado: 0. Isso mesmo: ze-ro.

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

Quer dizer, se formos considerar o assistente técnico José Neto, temos ao menos um – ele era o treinador daquele time. Daquela geração era de 1988-89, dos quais foram pinçados os 12 representantes para aquela campanha (?) histórica, hoje todos eles com 25 e 26 anos,  nenhum jogador conseguiu se desenvolver a ponto de entrar na lista final de Rubén Magnano para competir por uma medalha na Espanha.

Quem chegou mais perto disso foi o ala-pivô Rafael Mineiro, que disputou o Campeonato Sul-Americano deste ano, como peça integral da rotação, com médias de 6,2 pontos e 4,8 rebotes. Da seleção B, Raulzinho e Rafael Hettsheimeir foram chamados para compor o grupo principal.

Embora não tenha conseguido dar o grande salto, o talentoso Mineiro é um caro caso de atleta que conseguiu alguma continuidade em sua carreira internacional desde o Mundial Sub-19. Desde, então, ao menos conseguiu jogar três Sul-Americanos, mais que o grande nome daquela categoria: Paulão Prestes. O pivô participou só de um Sul-Americano – ironicamente, em 2006, anterior ao torneio de base. Os problemas físicos de Paulão estão bem documentados, guiando uma trajetória de altos e baixos. Foi muito bem cotado na Espanha, acabou draftado pelo Minnesota Timberwolves (algo muito difícil e não pode se perder de perspectiva), mas se lesionou demais e teve problemas com a balança. Chegou a ser pré-convocado por Magnano em duas ocasiões e hoje é a grande aposta do Mogi, ao lado de Shamell.

De resto, temos o ala Betinho em São José, com média de 13,6 pontos, 2,0 assistências e 32,5% nos três pontos em sua carreira no NBB, o ala-pivô Rodrigo César no Uberlândia e o pivô Romário no Macaé. Outro que chega ao NBB agora é o armador Carlos Cobos, de dupla nacionalidade (Espanha e Brasil), criado na base do Unicaja Málaga ao lado de Paulão, e que também não conseguiu se firmar na Liga ACB. Ele acabou de acertar com o Franca de Lula Ferreira, que ao menos vai fazendo esse trabalho de prospeção, tentando recuperar alguns dos garotos espalhados por aí.

Contando: foram citados, então, seis atletas daquele time sub-19, 50%. O restante, para termos uma ideia, é até difícil de rastrear. Luiz Gomes, que hoje é um dos motores por trás do Mondo Basquete – um site bem bacana para você visitar –, fez esse trabalho hercúleo no ano passado, já constando uma geração verdadeiramente perdida.

Thomas Melazzo, fora do basquete

Thomas Melazzo, fora do basquete

Cauê Freias, autor da cesta da vitória contra a Austrália de Patty Mills nas quartas de final, e Bruno Ferreira, o Biro, estão no Caxias do Sul e devem disputar a Liga Ouro, Segunda Divisão do NBB. Houve quem tenha parado e largado o esporte: o ala Thomas Melazzo, que tinha um potencial absurdo, hoje é personal trainer, aparentemente vivendo em Salt Lake City, terra do Utah Jazz. Se alguém souber do paradeiro dos demais, por favor, caixa de comentários aberta abaixo.

Dia desses, no Twitter, o mesmo Luiz Gomes estava especulando a respeito, apontando algumas promessas  de então e hoje na elite. Muitos deles classificados para os mata-matas de uma Copa do Mundo, na elite. A Sérvia já escalou o ala-pivôs Marko Keselj e Milan Macvan na fase decisiva do Mundial de 2010, para se ter uma ideia. No time de hoje, tem Markovic e Raduljica e ainda conta com mais cinco jogadores que teriam idade para disputar aquele torneio, mas só ganhariam visibilidade mais tarde.

Já a França apresenta quatro nomes de seu time sub-19 que bateu o Brasil na disputa pelo bronze: o armador Antoine Diot, o ala Edwin Jackson, o pivô Kim Tillie e um certo Nicolas Batum. O pivô Alexis Ajinça certamente estaria na Copa do Mundo, não tivesse pedido dispensa. Até mesmo os Estados Unidos, com sua produção de talentos incomparável, tem um representante de 2007 aqui: Stephen Curry! Daquele elenco, destacam-se também nomes como DeAndre Jordan (Clippers), Patrick Beverley (Rockets) e Michael Beasley (Marte).

Entre os demais quadrifinalistas da Copa, para ser justo, é preciso dizer que a Espanha só tem um atleta daquela jornada: o ala Victor Claver. Lituânia e Turquia? Nenhum. A Eslovênia não havia se classificado.Mas também é preciso dizer uma coisa sobre os lituanos: sua atual seleção conta com cinco jogadores nascidos depois de 1988 (o ano-limite para inscrição naquele Mundial): Adas Juskevicius, Sarunas Vasiliauskas, Mindaugas Kuzminskas, Donatas Motiejunas e Jonas Valanciunas – os dois últimos simplesmente as maiores apostas dessa tradicional potência. Já os turcos têm três: o caçula Cedi Osman, de apenas 19, além de Furkan Aldemir (cujos direitos na NBA pertencem ao Sixers) e Baris Hersek.

Nessa categoria, de atletas de 26 anos ou mais jovens, também se enquadram os argentinos Facundo Campazzo, Nícolas Laprovíttola, Tayavek Gallizzi, Matías Bortolín e Marcos Delía. A Austrália contou com seis: Dante Exum (19), Brock Motum, Cameron Bairstow (23), Matthew Dellavedova, Ryan Broekhoff (24) e Chris Goulding (25, este convocado para aquele Mundial Sub-19). Já os Estados Unidos possuem apenas um jogador nascido antes de 88: Rudy Gay, e só.

No Brasil, com 22 anos, Raulzinho é a figura solitária. Rafael Luz acabou preterido no último corte, enquanto Augusto Lima dançou já no Sul-Americano. Uma decisão bastante sensata poupou Bruno Caboclo dessa. Já Lucas Bebê foi deixado na geladeira, depois da escapada do ano passado. Ao menos o filho do Raul vem sendo utilizado com regularidade por Rubén Magnano, contribuindo para valer hoje – e ao mesmo tempo ganhando uma experiência extremamente valiosa para o futuro. Agora, fora isso, a seleção que joga na Espanha, a mais velha do Mundial, é apenas para agora e agora.

Obviamente que a base do elenco de Magnano é fortíssima, não sobram vagas. Como acontece com a Espanha. Agora, na periferia do plantel, será que não dava para encaixar? Depois de uma vitória contra a Argentina, na iminência de um confronto com a Sérvia, pode ter gosto de chope aguado todas essas lembranças. Nesta semana, as preocupações dos envolvidos com o jogo ficam realmente direcionadas só para a quadra. Fora dela, porém, nos escritórios da CBB, o tema já deveria estar na mesa há tempos. Sem precisar que a figura até folclórica de Raduljica, nesta quarta-feira, servisse como recado.


Perguntas e respostas após o Sul-Americano
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Giancarlo Giampietro

Rafael Luz foi um dos pontos positivos em mais uma campanha frustrada

Rafael Luz foi um dos pontos positivos em mais uma campanha frustrada

É só um Sul-Americano, né? Serve para nada.

É o que a gente gosta de dizer. Como se o basquete brasileiro estivesse plenamente estabelecido como potência mundial e qualquer torneio pudesse ser tratado com desdém. (Desdém por parte da crítica, claro, e não dos jogadores que lá estiveram.)

O que não dá mais. Não quando a seleção masculina vem de quatro derrotas em quatro partidas pela Copa América. Desfalcada de seus atletas de NBA, é verdade, mas enfrentando adversários igualmente avariados. E dirigida por um campeão olímpico, não se esqueçam.

Daí que sempre tem muito o que ser discutido. Como de fato acontece após mais uma campanha frustrante em quadras venezuelanas, agora tendo de se contentar com um terceiro lugar. Melhor que terminar em penúltimo? Sim, melhor. Mas perder de Equador, Peru, Paraguai ou Chile é algo que, por ora, parece impensável, mesmo. Porque, por maior que seja a pindaíba, ela ainda tem limite.

De modo que o que temos é o seguinte: independentemente de quem estava em quadra, a seleção brasileira perdeu seis partidas consecutivas até se safar na última segunda-feira ao bater o Uruguai para conquistar um honroso lugar no pódio e uma ainda mais fogosa vaga no próximo Pan-Americano. Que vai ser disputado em… (responda sem consultar o Google, por favor).

Seis? Sim, meia dúzia, mesmo: as quatro da vexatória e inesquecível Copa América do ano passado, mais duas este ano, contra Argentina e Venezuela. Mais duas derrotas que suscitam algumas perguntas. No fim de semana, por exemplo, pouco antes de começar no Domingo Maior na Globo, as redes sociais basqueteiras estavam novamente borbulhando.

Depois de dois jogos parelhos, eram duas derrotas para o time de José Neto, nos primeiros jogos que contavam para alguma coisa de fato. Foram duas derrotas com dinâmicas parecidas: altos e baixos no placar, e a virada tomada no quarto final.

Antes de a seleção principal entrar em quadra nesta quinta, ficam listadas algumas dessas encafifações. É como se fossem mais chutes de três  brasileiros equivocados, com a bola atirada para o alto, esperando uma cesta milagrosa:

– O que significa hoje o Campeonato Sul-Americano?
Olha, a competição já teve seus dias mais charmosos, mas faz tempo que não vê equipes competindo com força máxima. Aqui, do fundo da caixola, vou me lembrar do torneio de 2001, no Chile, quando o Brasil ainda estava se habituando com nomes como “Anderson Varejão” e “Nenê”, dois pivôs cheios de potencial encarando uma Argentina um pouco mais experiente, mas ainda jovem, com caras como Luis Scola, ainda sem muito cabelo, em quadra. Torneio transmitido pela ESPN por aqui, que incitava a gente devido aos novos prospectos. Em 2004, estava eu perdido em Campos de Goytacazes para ver o emergente Carlos Delfino e o espetacular Walter Herrmann barbarizarem contra Lula Ferreira e os melhores do Nacional de basquete na final. Acho que foi a saideira.

Figueroa, velho conhecido francano e pinheirense, x Raulzinho

Figueroa, velho conhecido francano e pinheirense, x Raulzinho

– A chance de ver alguém de elite no campeonato acabou, mesmo?
Bom, se por elite formos entender “NBA”, a coisa muda de figura se o campeonato for disputado na Venezuela. Aí o Greivis Vasquez, armador do Raptors e provável mentor de Bruno Caboclo e Lucas Bebê na próxima temporada, joga. Pega bem com o governo, as autoridades, o marketing pessoal. Aliás, melhor jogar uma competição com TV, torcida e tudo mais, do que ficar afundado numa rede qualquer de um resort caribenho, nénão? Agora, se você tiver a cabeça mais aberta e pensar em atletas de Euroliga e Liga ACB também como de ponta – o que é um conceito obrigatório aqui neste espaço –, então no Brasil estávamos bem representados por jovens atletas, mas com boa rodagem na Espanha.

– OK. Se é um campeonato esvaziado, qual o sentido então de entrar num Sul-Americano preocupado em vencer?
Há muita gente que defende a tese de que a competição não tem peso algum e que pode ser utilizada para experimentações, mesmo, para dar cancha aos jogadores mais jovens do país. Confesso que gosto dessa ideia, sim. Desde que tenhamos um time competitivo o bastante para lutar pelo título. Não adiantaria muito pegar a molecada juvenil do Pinheiros, vesti-los de Brasil e atirá-los em quadra. Tomam cacetadas e aprendem o quê?

– E qual foi o Brasil que jogou o Sul-Americano, então?
Bem, na seleção escalada por José Neto, estávamos, em geral, com um grupo que precisa de experiência, sim, com a “amarelinha” (ou a “branquinha”, muitas vezes). Pensando em longo prazo, é bacana que um Raulzinho lide com a pressão de um ginásio venezuelano fervendo, encarando gente barbada do outro lado. Que Cristiano Felício veja, mais uma vez, que tem bola para dominar um garrafão lá e cá. Etc. Por outro lado, é preciso dizer que não havia nenhum adolescente em quadra. O mais jovem, Leo Meindl, tem 21 anos, já disputa o NBB adulto há duas temporadas e foi pouco utilizado. Raul, Rafael Luz, Augusto Lima e Rafael Hettsheimeir acumulam mais de três temporadas na Liga ACB, o principal campeonato nacional da Europa. Desse quarteto, apenas Hettsheimeir, reserva do Unicaja Málaga (clube de Euroliga) e lesionado na segunda metade, não jogou muito durante o ano. Da turma do NBB, Mineiro tem 26 anos, Arthur, Jefferson William e Olivinha, 31. Vitor Benite faz parte da seleção de modo regular desde 2011. São inexperientes, pero no mucho.

Vásquez, orgulho venezuelano e figura solitária da NBA em quadra

Vásquez, orgulho venezuelano e figura solitária da NBA em quadra

– O que isso quer dizer?
Que, francamente, não dá para justificar as derrotas com base em inexperiência e uma suposta predisposição para o experimento. Os jogadores convocados não estão tão distantes assim de uma lista “principal” do país. E, ao menos aqui na base do 21, são vistos como atletas talentosos, de muito potencial. Além do mais…

– Contra quem eles jogaram?
Como já dissemos, a Venezuela contava com seu único figurão de NBA, Greivis Vasquez, alguém que acabou de assinar um contrato de US$ 13 milhões por dois anos com o Toronto Raptors. Feito o registro, não estamos falando de uma potência mundial. É, sim, uma seleção com jogadores atléticos, enjoados, mas que, mesmo fazendo a Copa América em casa, com Vasquez e um técnico argentino, não conseguiu a vaga no Mundial. O Uruguai não estava completo. Já a Argentina levou para o campeonato uma equipe composta apenas por atletas em atividade na América do Sul – bons valores, mas não necessariamente os melhores do país. Nem o Facundo Campazzo, promovido ao time A, estava lá. Isto é: se for pensar bem, o Brasil era quem tinha o elenco mais renomado. Um time de certa forma jovem – especialmente em contraponto ao elenco verdadeiramente veterano que vem sendo preparado por Magnano –, mas que entrava para ganhar.

– Posto isso, sabemos que o Brasil perdeu os primeiros dois jogos que valiam. Que houve?
Digamos que os brasileiros tiveram seus bons momentos em quadra. No final da fase de grupos, sábado, contra os argentinos, por exemplo, a seleção venceu os segundo e terceiro quartos por 34 a 16. Sim, tomaram míseros 16 pontos em 20 minutos, algo sensacional, independentemente do nível de competição. No quarto período, no entanto, tomaram uma sacolada de 27 a 13. Essa derrota acabou deixando os hermanitos na primeira posição do grupo, empurrando o Brasil para um confronto com a Venezuela na semifinal. A dinâmica da partida foi de certa forma parecida. A seleção abriu uma vantagem razoável, mas acabou tomando a virada no último quarto. Legal que eles tenham encarado um ambiente daqueles, mas seria muito melhor se estivesse valendo o título, não? Digo, que guardassem essa experiência para a final.

Armador Heissler Guillent deu trabalho para o Brasil na semi. Mas a defesa foi bem

Armador Heissler Guillent deu trabalho para o Brasil na semi. Mas a defesa foi bem

– Além das derrotas, o que as estatísticas dizem sobre a campanha?
Adoro a expressão que nos conta sobre a “frieza dos números”. E, olha, número por número, a coisa foi gélida (obs: contando apenas os duelos com Argentina, Venezuela e Uruguai, ok?). Traduziu muito bem o que vimos em quadra dessa vez. O Brasil fez um ótimo papel defensivo. Um lapso aqui, outro ali, mas em geral o time se comportou de modo muito sólido ao proteger sua cesta. Do outro lado, porém, foi uma tristeza. A começar pelos 39,7% nos arremessos de quadra no geral. De três pontos? Horrendos 20%, com mais assustadores ainda 15 acertos em 75 (!!!) tentativas. Quer dizer: o time errou, errou e errou mais um pouco de longa distância, e não parou de atirar. Isso é reflexo claro de um coletivo desorganizado ofensivamente. A movimentação fora da bola foi praticamente nula. Raulzinho, por exemplo, vezes era forçado a jogar no mano a mano, ou num pick and roll sem inventividade alguma, quase sempre com ângulos frontais para a cesta. E o jovem armador, até que alguém me comprove o contrário, nunca teve perfil de Allen Iverson. É agressivo, mas, sozinho, não vai resolver as coisas. Pivôs ágeis como Mineiro e Augusto pouco foram servidos no pick-and-roll ou em cortes vindo do lado contrário. A turma do perímetro, uma vez acionados os grandalhões, se estacionavam, como se a única jogada seguinte pudesse ser disparo de três. Lembrando que este é um problema repetido quando nos recordamos da lamentável Copa América. O talento estava ali, mas não foi muito bem manejado para pontuar.

– Pensando na seleção, principal, nessa gama de talentos, quem merecia a promoção para tentar uma vaga no Mundial?
Bom, agora já ficou um pouco tarde para falar de merecimento, ou não, uma vez que sabemos que Raulzinho, Rafa Luz, Cristiano Felício e Rafael Hettsheimeir foram pinçados para treinar com os marmanjos. Nenhum desses quatro nomes pode ser contestado severamente, é verdade. Mas gostaria de saber quais são os critérios de convocação. Algo que Magnano nunca nos deixou muito claro.

– Qual a confusão sobre os critérios de composição da seleção, então?
Na minha humilde e 99% desnecessária opinião, alguns fatores precisam se discutidos:

a) a temporada que cada um apresentou;
b) o desempenho nos treinos e, claro, nos jogos para valer; e aí não contam Paraguai e Equador. Qualquer coletivo interno tem mais peso, neste caso.
c) quem se encaixa melhor com o que já tem de disponível no time principal?
d) como exatamente Magnano pretende aproveitar essas últimas peças?

Na cabeça do argentino, certamente aparece outro item: “Histórico/serviços prestados”. Não sei bem se concordo com essa.

Temporada por temporada, quem teve a melhor campanha de um brasileiro na Espanha este ano foi Augusto Lima, e não há nem o que se discutir aqui. Ao meu ver, uma oportunidade desperdiçada para um jogador extremamente valorizado na ACB – arrebentou nos rebotes, na defesa e nas estatísticas mais avançadas. O bizarro é que um atleta superprodutivo desses não tenha nem mesmo espaço no Sul-Americano. Não adianta julgar por dois ou três minutos de quadra. Das duas, uma: ou é “tímido” e não se impôs nos treinos, ou acabou engolido por uma rotação um tanto maluca. Mas é difícil de aceitar que não sirva por aqui.

Lembrando sempre: não estamos falando de Scola ou Tim Duncan, mas, sim, de um pivô cheio de energia, capacidade atlética invejável, bom para fazer o serviço sujo e atacar os rebotes ofensivos. Uma peça complementar muito boa, e não alguém que vai carregar um ataque. Como a comissão técnica enxerga Rafael Hettsheimeir, que pouco jogou este ano, diga-se. No caso do pivô, o que não dá, porém, é esperar que ele sempre vá repetir aquela atuação histórica de Mar del Plata contra Scola. Aquela não é a regra, mas, sim, a exceção. E, com Splitter, Nenê e Varejão escalados, Giovannoni fazendo o strecht 4, não sei bem quantos minutos sobrariam para Hettsheimeir ser acionado e esquentar a munheca. Talvez aí cresçam as chances de um Cristiano Felício, que completa 22 anos, mas ainda é um projeto, alguém que poderia ser o 12º homem da lista.

Mas, bem, esse já seria um artigo à parte. Na combinação dos quatro critérios propostos acima, um nome seria certo: Rafael Luz, que fez uma campanha sólida na Espanha, foi o melhor armador no Sul-Americano e tem características que se encaixam bem na rotação de cima, ao meu ver: dá estabilidade, ao mesmo tempo que também é energético e influencia o jogo com sua força física e agilidade. Seu chute ainda é deficiente, mas, como peça complementar na rotação principal, parece uma escolha adequada para jogar ao lado de Huertas e Larry, armadores que gostam de ter a bola em mãos.

– E o Raulzinho?
Na duas derrotas do Sul-Americano, o Brasil perdeu o jogo com a posse de bola. E a bola nas mãos do armador revelado pelo Minas. É em momentos como esse que vale toda a calma do mundo quando formos falar do rapaz. Nem tão lá em cima, nem tão cá em baixo. Draftado pela NBA, é verdade. Mas como um título de capitalização no futuro. O Utah Jazz admira seu talento, mas sabe que ainda não é hora de jogar nos Estados Unidos. Os pivôs são os que mais demoram para se desenvolver, mas executar a armação de uma equipe, quanto mais de uma seleção não é moleza, não. Raul obviamente tem o tino, personalidade e arranque para isso. Mas, ao menos nos três jogos do Sul-Americano, pudemos vê-lo tentando fazer muito com a bola. Alguns passes forçados, outros com brilho. Tentativas arrojadas de infiltração, mas por vezes se perdendo em meio às linhas defensivas etc. Lances que pedem refinamento, algo que, esperamos, vai acontecer no decorrer das temporadas, com a sucessão de acertos e erros, que tenhamos muito mais bolas certeiras. No Sul-Americano, ele tinha mais responsabilidade criativa, e as coisas não saíram tão bem. De todo modo, vale a ressalva: foram apenas três jogos, não é a maior amostra. No grupo principal, porém, sua carga seria muito menor. Só vejo nas características de Luz algo que combina melhor com o grupo de cima.


Pressionado, Fabrício Melo recomeça em Dallas e tenta cumprir promessa
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Giancarlo Giampietro

“Você simplesmente não acha tantos jogadores grandes que sejam tão talentosos como ele. Está na mesma categoria de Al Jefferson e DeMarcus Cousins em termos de seu nível de habilidades ofensivas. Ainda há algum trabalho a ser feito defensivamente e nos rebotes, mas sua evolução é evidente por conta de seu contínuo aprimoramento no condicionamento físico.”

Foi isso o que escreveu Jerry Meyer, analista do Rivals.com – um site especializado no recrutamento de jogadores colegiais nos Estados Unidos –, lá nos idos de 2009, sobre um jovem pivô Fabrício de Melo, que ainda tentava se acostumar a ser chamado de “Fab Melo” por seu mais novo treinador, Adam Ross, na Weston Sagemont Upper School, na Flórida. O brasileiro iniciava sua jornada em quadras norte-americanas e causava uma baita impressão.

Fabrício, tipo Boogie Cousins

Nos tempos de promessa colegial e comparações

Depois de uma avaliação dessas, você pode até duvidar das credenciais de Meyer, mas saiba que ele não estava sozinho nesta barca. Ao concluir sua formação colegial, foi convocado para as principais partidas festivas nesta categoria. Ao lado de Kyrie Irving, Harrison Barnes, Tristan Thompson e outros, por exemplo, disputou o tradicional McDonald’s All-American de 2010.

Três temporadas depois, porém, as comparações com Jefferson e Cousins soam surreais, enquanto o termo “promissor” aparece cambaleante ao lado de seu nome. Embora ainda jovem, aos 23 anos, abrindo apenas sua segunda temporada na NBA, já não seria um exagero dizer que o atleta vê sua carreira a perigo, em uma corrida contra o tempo que se iniciou, na verdade, desde que decidiu tentar a vida de jogador de basquete, mais tarde que o normal para os padrões americanos. Nesta semana, ele abre a pré-temporada como jogador do Dallas Mavericks, mas sem contrato garantido.

“Melo começou aqui (nos Estados Unidos) aos 18. Ele tinha 20 como um calouro de universidade. Faz uma grande diferença em termos de desenvolvimento. Acreditar que ele possa ser um um jogador de NBA agora é uma expectativa injusta”, afirma Amin Elhassan, analista do ESPN.com e ex-integrante de diretorias do New York Knicks e do Phoenix Suns. Para comparar: com os mesmos 20 anos (completados em agosto), Andre Drummond já vai para sua segunda temporada de Detroit Pistons.

De basquete organizado, num ambiente verdadeiramente estruturado, o pivô tem quantos anos? Cinco? Se você for considerar os treinos e jogos colegiais dos Estados Unidos como competição nesse nível, a conta seria essa. Mas Elhassan questiona até mesmo isso. “Ele jogou em Sagemont, no sul da Flórida. Não é que ele estivesse enfrentando jogadores de alta classe”, diz.

E um agravante: no Brasil, passou a encarar o basquete como algo a ser testado para valer aos 15, depois de um ano em que deu bela espichada, ultrapassando os 2 metros de altura. “Como todo brasileiro, eu jogava futebol. Mas reparei que era sempre o último a ser escolhido nas peladas. Aí comecei a jogar basquete e me apaixonei”, disse, com o bom-humor de sempre, em entrevista ao MegaMinas que juro que estava neste link aqui, até ficar fora do ar.

Leva mais tempo para os pivôs desenvolverem seus jogos. Quando eles começam tarde no esporte, esse processo de aprendizado fica ainda mais lento. No caso de Fabrício, ele acabava compensando essa falta de recurso técnico dominando fisicamente os atletas de sua idade em ligas colegiais inferiores da Flórida. Foi o suficiente para inflar seu status, com a NBA aparecendo precocemente como uma plausível meta. “Sei que Fab tem o objetivo pessoal de jogar na NBA. Muitos garotos têm esse sonho e, para a maioria, não é algo razoável. Com ele, hesito em dizer, mas seu objetivo é atingível. Com o tempo, ele será capaz de desenvolver habilidades do nível de NBA”, disse Ross, seu primeiro técnico nos EUA, em janeiro de 2010.

Bem, hoje sabemos que a própria liga reconheceu essas habilidades do pivô, com Danny Ainge lhe dedicando 22ª escolha do Draft de 2012. Mesmo tendo o rapaz passado dois anos na universidade de Syracuse, na qual o técnico Jim Boeheim investe muito na defesa por zona, algo ainda não muito comum na NBA e ainda limitado em suas regras. Quer dizer: era mais um desafio para Melo, fazer sua presença sentir efeito num jogo com espaçamento bem diferente e contra jogadores muito mais experientes e capacitados. “Ele tem algumas ferramentas físicas intrigantes, mas é difícil assimilar a velocidade e as demandas intelectuais do jogo quando não se tem muita experiência. Tem potencial, mas enfrenta dificuldade com o entendimento do jogo”, diz Elhassan.

Para Ainge, chefão do Celtics, essas dificuldades foram tão alarmantes que ele decidiu abortar o projeto apenas uma temporada depois de sua seleção. Fabrício apareceu em apenas seis partidas pelo Celtics na última campanha, acumulando apenas 36 minutos de ação (o equivalente a três quartos de uma partida). No total, foram apenas sete pontos, a mesma quantidade de faltas que cometeu. Na D-League, teve momentos melhores, como na sequência de partidas em que somou 15 pontos, 16 rebotes e um recorde de 14 tocos contra o Erie Bayhawks e 32 pontos, nove rebotes e nove tocos contra o Idaho Stampede. No total, teve médias de 9,8 pontos, 6,0 rebotes e 3,1 tocos (melhor da liga), em apenas 26,2 minutos.

Fabrício Melo, quase dominante na D-League

Pelo Maine Red Claws, alguns minutos, mas sem convencer Ainge

Não foi o suficiente, porém. Toda a paciência recomendada por analistas foi completamente ignorada pelo cartola e por uma crítica e torcida bastante exigentes. “Ele provou ser pouco mais que um projeto a longo prazo, na melhor das hipóteses”, sentenciou o Boston Globe. Duas semanas depois de adquirir o brasileiro, o Memphis Grizzlies também o dispensou, sem nenhuma intenção de desenvolvê-lo sob a tutela de um Marc Gasol. Nenhum clube o recolheu no período de waiver, como destaquei aqui. Seu status caiu tanto, que uma projeção do ESPN.com o apontou como o segundo pior jogador para a temporada 2013-2014.

Agora, em Dallas, Fabrício tem algumas semanas para tentar mudar essa percepção de “fiasco” em torno de seu jogo. Precisa convencer Mark Cuban, Donnie Nelson, o novo gerente geral Gersson Rosas e – por que não? – Dirk Nowitzki de que vale o investimento. É um tipo de experimento em que a franquia texana tem certa experiência. Que o digam DeSagana Diop, DJ Mbenga e Ian Mahinmi, três casos de pivôs fisicamente impressionantes, mas sem muitos recursos técnicos, que foram contratados como jovens agentes livres na gestão de Nelson.

O jeito é pensar a longo prazo, mesmo. Qualquer contribuição do brasileiro para a próxima temporada seria surpreendente (veja mais abaixo), mesmo que a companhia para o astro alemão não seja das mais inspiradoras no garrafão – temos aqui o temperamental Samuel Dalembert, o magricelo Brandan Wright, o frustrado DeJuan Blair e o sargento Bernard James.

Mbenga jogou por sete anos na NBA. Diop talvez tenha se despedido da liga na temporada passada, 11 anos depois de ser draftado. Mahinmi entra em sua quinta campanha, com mais dois anos, no mínimo, de contrato garantido. Será que Fabrício conseguirá ao menos seguir uma trilha dessas?

Pesquisando artigos sobre o início então promissor do mineiro nos Estados Unidos, surgiu também esta frase de seu primeiro treinador, falando sobre o sonho olímpico de seu jovem atleta. “Assim que (a sede de 2016) foi anunciada, ele me telefonou e estava muito empolgado. ‘Coach, o Rio ganhou. Eu vou. Vou estar lá'”, relembrou.

Esta não chega a impressionar tanto como a comparação feita pelo scout, sobre Cousins e Jefferson. Mas, hoje, também está longe.

Acompanharemos qual o desfecho deste conto.

* * *

O Mavs tem no momento 15 jogadores com contratos garantidos. Isto é, para permanecer no elenco texano, Fabrício vai ter de jogar muito em treinos e amistosos para que Mark Cuban e a comissão técnica decidam dispensar alguns destes salários, mesmo tendo que pagá-los na íntegra durante a temporada. Considerando que dez destes atletas acabaram de ser contratados como agentes livres (numa reformulação daquelas), é bem improvável que aconteça. De modo que o brasileiro teria de se contentar em jogar pela filial da D-League, o Texas Legends, que tem Donnie Nelson como um dos proprietários e Eduardo Nájera como técnico, além de Del Harris, Spud Webb e a pioneira Nancy Lieberman na diretoria.

* * *

Os arquivos online também renderam uma anedota de Fabrício em seleções brasileiras de base. Sul-Americano Sub-17 de 2007, em Guanare, na Venezuela. Fabrício foi convocado, ao lado de Augusto Lima, Vitor Benite, Rafael Luz. Todos nas listas recentes de Rubén Magnano. Menos o mineiro, que não foi chamado nem mesmo na pré-lista do argentino para a Copa América. O técnico era José Henrique Saviani, com o ex-armador Cadum como assistente e Lula Ferreira como supervisor. Neste torneio, o pivô foi o que recebeu menos minutos pela seleção, que terminou numa amarga quarta posição. Perderam para Argentina e Uruguai nos mata-matas.


Revolução africana: Nigéria e Tunísia estão fora da disputa por vaga na Copa do Mundo
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Giancarlo Giampietro

Maleye D'doye e o Senegal vão adiante

Nigéria e Tunísia, dois dos três grandes favoritos africanos a uma vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, estão fora da disputa de vaga. É uma BAITA surpresa isso. As duas seleções estão fora da semifinal do AfroBasket, e apenas os três primeiros colocados se garantem diretamente no Mundial. Na sexta, as semifinais são Costa do Marfim, time da casa, contra Angola e Egito contra Senegal.

Quem caiu primeiro, já na fase de oitavas de final, foi a Tunísia, pelas mãos de seu vizinho Egito, por 77 a 67. “Clássico é clássico”, sorri um egípcio. A eliminação veio a despeito dos esforços do ala-pivô Makram Ben Romdhane, de 24 anos e um dos destaques individuais do torneio e recém-contratado pelo Murcia – ele vai ser companheiro de Augusto Lima na Liga ACB. Os tunisianos eram os atuais campeões e haviam terminado com o terceiro lugar em 2009, na Líbia.

Na quarta, então, pelas quartas, foi a vez de a Nigéria se despedir, perdendo para a rapaziada de Senegal, por 64 a 63, do jeito que o capeta gosta. Imagine o horror – e a tensão também, vá lá – de um quarto período vencido por 14 a 10 pelos nigerianos, que, em termos de elenco, formavam, disparado, o time mais forte da competição.

O ala-pivô Ike Diogu, que não conseguiu emplacar uma carreira decente na NBA apesar de ter sido selecionado pelo Golden State Warriors no Draft de 2005 em nono, se transformou numa espécie de terrorzinho em competições da Fiba. Al-Farouq Aminu, do New Orleans Hornets, com 22 anos, ainda tem um vasto potencial para ser realizado e teve médias de 12,5 pontos, 5,2 rebotes e 5 assistências no torneio, atuando com muito mais liberdade para impor seu jogo hiperatlético. Seu irmão Alade Aminu é mais um ótimo finalizador. O armador Ben Uzoh e o pivô Gani Lawal são outros com experiência na liga americana – do outro lado, os pivôs Saer Sane, ex-Sonics (bons tempos!) e já com 27 anos, e Hamady N’diaye, ex-Wizards.

E, ainda assim, caiu a Nigéria. Sofreram com uma defesa por zona dos senegaleses espertos, que pagaram para ver se Al-Farouq e amigos poderiam matar seus tiros no perímetro. Erraram 12 em 16 disparos – mas não que tenham desfrutado de sucesso no jogo interior, com um aproveitamento pífio de 41%.

Como se não bastasse, Camarões, do príncipe Luc Richard Mbah a Moute, também está fora, depois de perder para os anfitriões da Costa da Marfim nas quartas, por 71 a 56. Os marfinenses anularam por completo o ala do Sacramento Kings – nem na África esse ótimo defensor consegue se soltar ofensivamente.

“Nós sempre fomos um dos favoritos, nos estabelecemos como um potencial vencedor do torneio. Mas o que aconteceu para nós hoje, o que aconteceu com Camarões e Tunísia é o crescimento meteórico do basquete africano. Qualquer um pode ser derrotado, afirmou o técnico nigeriano Ayodele Bakare, que agora não sabe o que vai ser da sua equipe, dada, digamos, a volatilidade administrativa das confederações do continente.

Para eles, Mundial agora só com um eventual convite da Fiba. Lembrando: são quatro que a federação vai distribuir, com a China muito provavelmente já garantida com um – a não ser que os cartolas não estejam tão preocupados assim com audiência quantitativa, né? Pense que outro convite deva ficar para um dos excluídos das Américas e outro, para alguma potência que dance no Eurobasket  – alô, Rússia, tá todo mundo de olho –, e teríamos apenas um quarto e último posto para ser preenchido. Mais um das Américas? Ou uma colher de chá para africanos? Vai saber.

*  *  *

Agora vale gastar só mais alguns minutinhos com nossos irmãos angolanos. Se Portugal só apanha na Europa e o Brasil já não é a potência de outros tempos, ao menos um país da comunidade lusófona segura as pontas no topo em sua região. Dos favoritaços a vaga, só restou Angola nas semifinais, mesmo.

Nas quartas, os caras tiveram um desempenho ofensivo avassalador contra Marrocos, vencendo por 95 a 73. Os 12 jogadores angolanos entraram em quadra e pontuaram, incluindo nosso bom e velho Eduardo Mingas, com cinco. Olimpio Cipriano, aquele, marcou 15, saindo do banco. Carlos Morais, ele mesmo, somou 11. Joaquim Gomes, há quanto tempo!, nem precisou dominar o garrafão. Bastaram nove pontos e seis rebotes em 17 minutos.

Dos últimos 12 campeonatos africanos, Angola venceu dez, ao mesmo tempo em que foi ao pódio nas 15 edições passadas. Para se garantir no Mundial, é o que basta. Mas o time vai ter um páreo duríssimo pela frente contra os donos da casa. E, nesse torneio tresloucado, o peso da camisa ou do currículo não está valendo nada. Força!


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

*  *  *

No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

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Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

*  *  *

Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

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Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

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Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


Draft: como está o status dos brasileiros que se candidatam à NBA
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Giancarlo Giampietro

Passada esta final eletrizante e memorável, é hora de nos dedicarmos ao próximo passo da NBA. Porque o show não pode parar.

É hora do Draft! Um dos meus períodos favoritos do ano, acreditem.

Não deu para comentar isso durante os últimos dias malucos – do ponto de vista pessoal –, mas as três brasileiros que se candidataram este ano decidiram manter a inscrição no processo de recrutamento de novatos da liga: Lucas Bebê, Raulzinho e até mesmo o ala Alexandre Paranhos. O que surpreende, bastante.

(Lembrando que Augusto Lima não pode ser incluído neste grupo em específico porque sua participação, devido ao ano de nascimento, já é automática. Assim como todo brasileiro que veio ao mundo em 1991.)

Lucas Bebê em Treviso

Bebê está subindo nas tabelas…

Desta forma, fazendo as contas, são pelo menos quatro os brasileiros tentando ingressar na liga efetivamente, restando agora menos de uma semana para a cerimônia do dia 27 de junho, no ginásio do Brooklyn Nets.

Agora estamos no ponto desse processo em que os prospectos vão cruzando os Estados Unidos de costa a costa para treinar em privado pelas equipes. Essas sessões podem alternar: há jogadores que se recusam a duelar com outros em quadra e são avaliados individualmente ou apenas entrevistados e examinados. Há aqueles que estão sedentos para esse tipo de batalha, para provar que têm condição de subir nos rankings de um time em específico.

Esse tipo de treinamento produz muitas vezes causos e causos.

Nunca vou me esquecer dos relatos que vieram de Memphis no ano de 2003, quando Leandrinho seguia a trilha de Nenê. Há dez anos já! Caraca.

Pois bem, o ala-armador brasileiro havia acabado de fazer toda uma preparação especial sob a tutela de Ron Harper, em Cleveland. Aos poucos, começou aquele burburinho que aumentou consideravelmente num treinamento pelo Grizzlies, ainda gerido por Jerry West naquela época. Ali, Leandro bateu de frente, literalmente, com um prospecto vindo de Marquette, um certo Dwyane Wade. Segundo consta, o pau comeu nas atividades em quadra, e o hoje superastro do Miami Heat teria reclamado para West sobre o excesso de agressividade de seu adversário. Velha Escola, o Logo teria sorrido maliciosamente, se divertindo com o que via.

Um ano depois, em 2004, quem estava em turnê pré-Draft era o Rafael “Baby” Araújo. Formado por BYU, seu jogo não era nenhum mistério para os scouts e dirigentes. “Hoffa” (nos EUA) era cotado como um dos melhores pivôs daquela safra – pensem nisso: ele foi draftado em oitavo pelo Raptors, enquanto Anderson Varejão saiu apenas em 30º, via Orlando Magic, depois trocado para o Cleveland Cavaliers. Ainda assim, precisava provar seu valor nesses testes. E, para todo lugar que ia, parece que se cruzava com outro grandalhão, David Harrison, da universidade do Colorado. Dizem que chegou um momento em que os dois já não se aturavam mais, de tanta pancada que haviam trocado em um curto período. Até que saíram no tapa, mesmo.

 É por isso que passam os brasileiros agora.

Das notícias que temos, Lucas Bebê já treinou por Utah Jazz (14ª e 21ª escolhas) e Minnesota Timberwolves (9ª e 26ª). O brasileiro é visto hoje como um candidato certeiro ao primeiro round do Draft, e há quem já o coloque entre os 20 mais bem cotados depois da ótima exibição no camp de Treviso.

Em Utah, ele duelou com Mason Plumlee, jogador formado pelo Coach K em Duke, muito mais polido e três anos mais velho. Interessante que o Jazz esteja olhando para grandalhões também, quando o mais lógico seria buscar um armador . Talvez porque saibam que dificilmente vão manter Millsap e Al Jefferson, precisando preencher a rotação em torno dos ultratalentosos Enes Kanter e Derrick Favors. Já em Minnesota o carioca competiu com outro “marmanjo”, Jeff Withey, de Kansas, também com três anos a mais de cancha.

Augusto, por sua vez, lutaria por uma vaga no segundo round. Por isso, já foi testado pelo Wolves (que tem também as 52ª e 59ª escolhas), pelo Golden State Warriors (que, curiosamente, não tem nenhuma escolha de Draft, mas sempre pode se envolver em alguma troca ou simplesmente comprar uma, algo mais fácil na segunda rodada) e pelo Indiana Pacers (23ª e 53ª). Nas duas últimas sessões, o brasileiro concorreu com o iraniano  Arsalan Kazemi, prospecto da universidade de Oregon.

Sobre Paranhos, as informações são escassas. O ala ex-Flamengo, de potencial físico incrível, mas que mal jogou pelo clube carioca nos últimos dois NBBs, está sendo promovido nos Estados Unidos por Artur Barbosa, o irmão mais velho de Leandrinho. Artur enviou um email ao jornalista Henry Abbott, do blog ThrueHoop, da ESPN, para falar sobre o garoto. Em seu texto, revela que o ala foi testado pelo Houston Rockets. O Milwaukee Bucks foi outro que o observou de perto.

*  *  *

Sobre Raulzinho, não há relatos de que esteja treinando nos Estados Unidos, mas tenho uma pequena informação: há um time da Conferência Oeste bastante interessado pelo armador. Seu estafe ficou impressionado com sua exibição em Treviso, onde foi eleito o MVP do camp.


Lucas Bebê usa evento na Itália para melhorar sua cotação e fica mais perto da NBA
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê no ataqueUm post de atualização do fim de semana: Lucas Bebê deixou uma excelente marca no adidas EuroCampo em Treviso e, segundo todos os relatos, melhorou consideravelmente seu status visando o Draft da NBA deste ano. Inicialmente cotado como um prospecto para a primeira rodada, estaria agora na briga para ser selecionado entre os 20 melhores, quem sabe até sonhando com um lugar entre os 15 primeiros.

O pivô participou apenas do primeiro dia de atividades na cidade italiana, o sábado, e de tão satisfeito com seu desempenho, abriu mão dos jogos de domingo e desta segunda-feira – na ciranda do Draft, quando você consegue dar uma bela cartada, melhor não arriscar mais: que fique a primeira impressão.

Bebê precisava ir para quadra ao menos um dia para confirmar diante dos gerentes gerais e outros dirigentes da liga norte-americana aquilo que provavelmente a maioria dos scouts europeus já vinha falando: que ele havia melhorado consideravelmente durante a temporada 2012-2013 na Espanha. Conseguiu, sendo dominante na tábua ofensiva e defensiva, enterrando com facilidade e distribuindo tocos como quem jogava vôlei.

O simples fato de também ter topado o desafio, de se exibir nesse contexto,  sujeito a elogios e, claro críticas, também pegou bem para os dirigentes, numa prova de coragem e maturidade. Por outro lado, o pivô ainda não se sente plenamente confortável com seu inglês, um detalhe que pode afastar um cartola mais exigente.

RaulzinhoPara causar sensação, o carioca também teve um pouco de sorte, convenhamos: pôde jogar no mesmo time de seu velho (ok, “velho”) companheiro das seleções de base, Raulzinho. Os dois combinaram com sucesso em diversas jogadas de pick-and-roll, numa ajuda providencial para o grandalhão, que pôde enterrar à vontade, atacar o aro como gosta, contando com os passes precisos do parceiro.

E, nesse evento, não importa muito o quanto você produz (as estatísticas, no caso), mas, sim, o modo como você conseguiu esses números. Para as dezenas de avaliadores da liga americana,  vale mais  o potencial vislumbrado nos atletas. E de potencial sabemos que Lucas está muito bem servido. Veja o vídeo:

Raul e Augusto? Os dois também foram bem, ganharam elogios, mas ainda seguem bem distantes de Bebê em termos de cotação. Para Augusto, não há muito o que fazer: por ter nascido em 1991, neste ano ele participa automaticamente do processo de recrutamento de calouros da NBA. Já Raulzinho tem a chance de retirar o seu nome da lista de inscritos, caso não goste do que tem ouvido, para tentar novamente no ano que vem.

Augusto Lima


Site espanhol levanta informações importantes sobre os planos de Lucas Bebê no Draft
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Giancarlo Giampietro

Bebê, Gui, Raulzinho e Mariano

Ao avaliar o que está em jogo para o Estudiantes na próxima temporada espanhola, não haveria como o site Encestando não passar pelo futuro do pivô Lucas Bebê, inscrito no Draft da NBA, ponderando se é a hora, ou não, de fazer essa transição. Em sua nota, o site traz duas informações importantes sobre, digamos, a candidatura do brasileiro, duas peças importantes para um quebra-cabeça que começa a se montar.

1) Lucas teria uma multa rescisória de US$ 2 milhões para sair do seu atual clube.

2) Talvez por isso só fique no Draft se for escolhido entre os 15 primeiros, tendo aí a garantia de que receberia um bom salário, podendo arcar com essa multa.

Por enquanto há uma boa vontade geral em torno do nome do pivô, bastante elogiado nos bastidores. Ele aparece hoje em terreno firme em todas as principais projeções dos sites especializados na primeira rodada do Draft. O problema é que, tirando o NBADraft.net, que o coloca como o 17º, ele aparece bem distante da área em que espera ser selecionado – o DraftExpress o tem como 27º, enquanto o ESPN.com, como 28º.

Lucas Bebê cá, Lucas Nogueira lá

Lucas Bebê em situação confortável rumo ao Draft da NBA: não há pressa

Conforme explicamos aqui, ainda é cedo, porém, para levar essas estimativas a ferro e fogo. E, a partir deste sábado, em Treviso, Lucas tem sua grande cartada para tentar melhorar sua cotação, na disputa do adidas Euro Camp, com duração de três dias, reunindo alguns dos principais prospectos espalhados pelo mundo, observados por técnicos, dirigentes e scouts. Raulzinho e Augusto também vão jogar lá, assim como o promissor Lucas Mariano, revelação do Franca, que não está inscrito no Draft, mas pode se inserir no radar da NBA com uma boa apresentação.

Em termos de competição direta, seu principal concorrente durante os treinos e jogos na simpática cidade italiana é o francês Rudy Gobert, que é ainda mais alto e comprido que Bebê, mas menos atlético (salta menos e é mais lento, por exemplo). Os dois são crus fundamentos e um tanto inexperientes em grandes partidas – na verdade, o brasileiro levaria vantagem aqui, por jogar em uma liga ACB muito, mas muito mais competitiva que a francesa.

Mas o mais importante pra o pivô carioca é mostrar serviço em geral, de provar a evolução em seu jogo e, principalmente, demonstrar que hoje encara o basquete de outra forma,  com ganho de maturidade – algo que ele vem reforçado sistematicamente a cada entrevista que dá – e que sua comissão técnica e diretoria em Madri garantem ser verdadeiro. Depois de algum estranhamento nos primeiros anos do adolescente na capita espanhola, hoje eles adoram o garoto e bancam seu futuro.

Neste ponto, Lucas fica, então, numa posição confortável. Ele não é obrigado a passar pelo Draft da NBA neste ano. Pode retirar seu nome, esperar por mais um ano, e aproveitar mais um ano de ACB pelo Estudiantes, clube com o qual tem contrato até 2014, mesmo. Com publica o Encestando: “Salvo que saia entre os 15 primeiros, algo improvável, deseja seguir um ano a mais no ‘Estu’ para completar sua formação e ter garantidos minutos importantes”.

Aliás, sobre a extensão de seu vínculo, esse é outro detalhe relevante: no ano que vem, o brasileiro poderia migrar para a NBA sem ter de desembolsar nada, algo que preocupa os espanhóis, que têm interesse em uma renovação contratual para não correr o risco de ficar de mãos abanando. “O clube primeiro quer que ele renova até 2015 para que não saia de graça em 2014”, diz o site. “O pivô brasileiro parece disposto (a renovar) se abaixarem sua cláusula de saída atual.”

Vejam só: seria um movimento bom para ambas as partes, não? Lucas seguiria progredindo na Espanha, com um contrato de mais dois anos, ganhando mais segurança também. E o clube poderia levar algum trocado na próxima temporada – isso, no caso, de o pivô realmente ser selecionado, né? Se está cedo para falar de 27 de junho de 2013, imagine, então, pensar em junho de 2014?

Antes de confabular sobre essas alternativas, contudo, esse Bebê tem é que entrar em quadra em Treviso e arrebentar. O basquete fica sempre mais divertido em quadra, mesmo.

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Você não está familiarizado com o jogo de Lucas Bebê? O DraftExpress resolve seu problema. A infalível dupla Jonathan Givony-Mike Schmitz disseca neste link aqui os pontos fortes e fracos do pivô. Um trabalho admirável e competentíssimo. Aliás, cada um dos principais prospectos deste ano passou pela mesma rigorosa avaliação. Veja a lista completa: para os draftmaníacos ou mesmo para aqueles interessados em como se prepara um scout, um material indispensável. Pena que Augusto e Raulzinho não estejam nessa ainda.

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Bebê, Raul, Augusto e Mariano, acompanhados também pelo ala Guilherme Deodato, o Gui, de Bauru, passaram alguns dias em Los Angeles, enfurnados no ginásio e academia da Proactive Sports Performance. Em seu site, a companhia mostra dezenas de atletas de futebol americano que trabalharam em suas instalações e nenhum de basquete. Imaginamos, então, que o quinteto tenha se matado por lá em trabalhos físicos. Em quadra, tiveram a companhia de Gilbert Arenas e Yi Jianlian, entre outras figuras desta lista aqui, o elenco da Relativity Sports, empresa que os agencia. Nesta aqui, eles parecem ter a companhia de JJ Barea, na cabeça do garrafão:

Batendo uma bolinha


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).