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Arquivo : Andrew Wiggins

Jukebox NBA 2015-16: tudo ótimo para o torcedor do Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Alright”, por Supergrass.

Com o placar apontando vantagem na casa de dois dígitos para o Golden State Warriors, pelo segundo tempo, você então decide que é a hora certa para dormir, dando a fatura como liquidada. Para acordar, abrir o aplicativo da NBA no celular como sua primeira atividade do dia – sim, é uma doença – e arregalar o olho remelento com o placar: o Minnesota Timberwolves venceu pela prorrogação, por 124 a 117. Em Oakland.

O Wolves?!

E por que não?

Coisa de duas semanas atrás, ainda que em casa, essa garotada já havia dado uma canseira nos atuais campeões. Agora, contra o mesmo oponente ainda mais desgastado – física e, principalmente, emocionalmente –, eles concluíram o golpe. Nos últimos 18 minutos da partida, desde o minuto final do terceiro período, eles venceram por 52 a 33, forçando a prorrogação no meio do processo até definir a contagem final. Sobrava energia: durante esse intervalo, foram 10 turnovers forçados e 23 lances livres cobrados, contra apenas dois dos oponentes, derrubando, por uma noite que seja, a tese de favorecimento da arbitragem, caseira ou pró-superestrelas.

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Quando o torcedor do Wolves – sim, eles existem, conheço pelo menos dois deles – vê uma partida dessas, então, só espera que seja o sinal do que vem pela frente. É aí que entra a empolgante “Alright”, do subestimado Supergrass, como trilha: “Nós somos jovens, corremos livres… Nós nos sentimos muito bem, tudo ótimo”. Quando você tem um pivô como Karl-Anthony Towns e um ala como Andrew Wiggins para desenvolver, mais um punhado de atletas interessantes, você vai se sentir que nem os caras do clipe acima. Sorridentes, empolgados, confiantes, desafiadores. É um futuro muito promissor, e não importa que a equipe tenha perdido mais de 50 jogos novamente.

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Só precisa combinar com o proprietário Glen Taylor: que a franquia, como negócio, fora de quadra, não se torne um obstáculo insuperável. Ora, não custa lembrar que estamos tratando de um clube que completa agora 12 anos de jejum, distante dos playoffs desde 2004. Dos 17 jogadores que defenderam o time naquela temporada, a melhor de sua história, apenas Kevin Garnett está em atividade ainda, enquanto boa parte daquele elenco se aposentou há tempos. Fred Hoiberg e Latrell Sprewell que o digam.

Naquele ano, ainda sob o comando do saudoso Flip Saunders, o Minnesota alcançou a final do Oeste, superando pelo caminho o poderoso Sacramento Kings, até perder para o Lakers de Shaq, Kobe, Malone e Payton. Garnett estava no auge atlético, aos 27 anos, com médias de 24,2 pontos, 13,9 rebotes, 5,0 assistências, 1,5 roubo e 2,2 tocos, em 39,4 minutos. Ele era um animal incontrolável, basicamente.

Aquela boa sensação durou pouco. Na temporada seguinte, com Sam Cassell abalado por lesões e Sprewell cuspindo fogo por uma renovação contratual, a química do time se desintegrou. Saunders, depois de 10 anos no cargo, foi demitido com uma campanha de 25 vitórias e 26 derrotas. Seu amigo pessoal, o gerente geral Kevin McHale assumiu a barca e até foi bem, com 19 vitórias e 12 derrotas. Não bastou, todavia, e a equipe nem mesmo se classificou para os mata-matas. Acho que Kevin Love já ouviu essa história antes…

Um dos poucos acertos das diversas diretorias empossadas desde então, Love – que veio numa troca por OJ Mayo! – tinha tudo para ser o pilar do clube em uma nova fase. Mas nem mesmo quando dirigido por uma mente brilhante como a de Rick Adelman, com a companhia de Rubio, Kirilenko, Pekovic (ainda em forma) e Martin, conseguiu chegar aos playoffs. Obviamente que esses caras enfrentaram uma Conferência Oeste absurda e consistentemente fortíssima. Mas os seguidos engasgos de sua gestão foram mais determinantes.

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Selecionar Wesley Johnson em quarto no Draft de 2010, com DeMarcus Cousins, Greg Monroe, Paul George e Gordon Hayward disponíveis, foi um erro, e tanto. Mas não tão grotesco assim, quando recuperamos o desempenho do mesmo David Kahn pelo Draft do ano anterior, quando tinha as quinta e sexta escolhas e foi com a dobradinha Rubio e Jonny Flynn, sem que ninguém entendesse. Foi um desastre em diversos níveis: eram dois armadores que não sabiam arremessar e dificilmente poderiam jogar juntos; Flynn, aquele que se apresentaria de imediato, enquanto o prodígio espanhol guiria em Barcelona, não combinava em nada com o sistema de triângulos de Kurt Rambis; mas, pior, se era para planejar uma futura dupla armação, um certo Stephen Curry estava ao seu dispor, além de Jrue Holiday, Ty Lawson, Jeff Teague  eBrandon Jennings. (E, se fosse para pensar em jogador para outras posições, poderia optar ainda por DeMar DeRozan ou Jordan Hill.)

Você acha que Kahn parou por aí? Não, em 2011, já desmoralizado, encarou o Draft como oportunidade de fazer caixa, para poder demitir Rambis e pagar seu último ano de contrato. Depois de selecionar Derrick Williams na segunda posição – mesmo que ele jogasse na mesma posição de Love e Michael Beasley… –, o gerente geral orquestrou uma sequência frenética e inacreditável de trocas envolvendo a 20ª escolha, faturando  a grana que precisava. Nomes como Donatas Motiejunas, Nikola Mirotic, Bojan Bogdanovic e Chandler Parsons aparecem como consequências desses negócios. O repórter Brian Windhorst, do ESPN.com, registrou tudo aqui. Santamãe, é de doer. Para desanuviar o dia, então, lembremos a piada recorrente de Bill Simmons, com o capitão Kirk pirando:

Demorou, mas o festival de trapalhadas custou a David Kahn seu emprego. Seu substituto seria um velho conhecido, Flip Saunders. O ex-treinador agora voltava como presidente do clube, chefiando o departamento de basquete. Nem mesmo seu carisma e currículo foi capaz de convencer Love a abraçar a causa, porém. Chegara a hora, então, de mais um processo de reformulação. Mas o que era para ser deprimente acabou virando esperança, rapidamente. Contando com uma ajudinha de LeBron James (que não quis saber de trabalhar com o garotão Wiggins em Cleveland), muita sorte (primeira posição num Draft com Towns) e um ótimo trabalho mo recrutamento de calouros, Saunders compôs este núcleo empolgante de hoje. Só é lamentável que o câncer não o tenha permitido ver a continuação do projeto. #RIP

Quando um time entra na última semana da temporada com apenas 26 vitórias e a quinta pior campanha no geral, é difícil de classificar isso como um sucesso. Mas, se pudermos ignorar que a equipe tenha a quarta pior defesa e o 14º melhor ataque do campeonato, se abstrairmos os números mais básicos, existem pontos positivos para se comemorar, que servem como base para o otimismo de uma torcida que já sofreu demais desde o ocaso da era Garnett. É só pegar a vitória em Oakland como exemplo, com 35.

A primeira grande notícia foi a estreia de Towns, que fez um campeonato magnífico para alguém de alguém que só vai fazer 21 anos no próximo aniversário da República brasileira. O dominicano (para o mundo Fiba) é um pivô perfeito para o basquete vigente. Na verdade, ele seria perfeito para qualquer época, de tantos recursos que tem. Seus fundamentos, flexibilidade e categoria em geral (a ponto de vencer um concurso de habilidades em Toronto) já o colocam nos grupos mais exclusivos da NBA.

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Com 49 double-doubles, está empatado em terceiro, no ranking geral, com John Wall. Andre Drummond vem em primeiro, com 65, e Russell Westbrook em segundo, com 52. Aparece logo acima de Boogie Cousins, DeAndre Jordan e Pau Gasol. Ele já é o 15º atleta mais eficiente da liga. O oitavo em média de rebotes. O décimo em tocos. E o 27º entre os cestinhas, dividindo a bola com Wiggins. E pensar que, em abril do ano passado, boa parte dos scouts considerava que Jahlil Okafor estaria mais preparado para causar impacto como novato. Hoje não há sequer uma discussão possível entre um e outro.

Os números gerais de Wiggins, em projeção por minutos, não indicam muita evolução por parte do canadense. Agora, se for para dividir sua temporada mensalmente, os números ficam muito mais interessantes – assim como os dados avançados. Em janeiro, tinha médias de 19,4 pontos, só 3,8 rebotes e 1,6 assistência, com 43,8% de quadra e horripilante 17,1% em 2,2 chutes de três, batendo também 7,0 lances livres em 35,0 minutos. Em março, foram 19,7 pontos, 3,7 rebotes, 2,5 assistências, e com índices muito superiores na finalização: 50% de quadra, 42,9% de três, com 5,7 lances livres por 35,5 minutos. O volume de jogo não cresceu tanto de um mês par ao outro, mas o ganho qualitativo é indiscutível. De todo modo, para constar, em seus últimos cinco jogos, bateu a casa de 30 pontos três vezes, incluindo os 32 que anotou em uma partida memorável contra o Warriors. Ah, e por mais que esteja caminhando para sua terceira temporada como profissional, vale prestar a atenção em sua certidão de nascimento: é apenas oito meses mais velho que Towns. Ainda tem muito o que progredir.

Zach LaVine, também de 1995, 20 anos, foi outro que arrebentou em março: 17,8 pontos, 2,7 assistências, 2,0 turnovers, 49,8% de arremesso, 47,4% de três pontos, em 37,2 minutos. Parece que a comissão técnica, enfim, desistiu abortou o plano de torná-lo um armador, pelo menos por enquanto. Não creio que tenha fundamentos, muito menos cacoete para isso. Lembra muito o caso de um jovem Jamal Crawford, e é nesse tipo de jogador que ele pode se desenvolver, como um pontuador incendiário vindo do banco, ou um chutador perigoso escoltando Towns e Wiggins, mas muito mais atlético, com potencial para se tornar um defensor bem mais eficaz.

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Para deixar o jogo um pouco menos complicado para esses garotos, Ricky Rubio fez sua melhor campanha desde que chegou aos Estados Unidos, mesmo que seu arremesso ainda esteja bem abaixo da média. O chute pode não cair ainda, mas sua visão de quadra excepcional e seu senso de organização de quadra fazem toda a diferença. Observe o espanhol e veja o quanto ele canta as jogadas e o posicionamento para os companheiros. É um verdadeiro assistente e exerce uma influência enorme nesse sentido,  dos dois lados da quadra. O time ataca muito mais quando ele joga e cai na defesa com ele no banco, em suma.

Tem mais: Gorgui Dieng viu Towns dominar a zona pintada (e um pouco mais que isso), perdeu em produtividade, mas segue como um jogador de multifacetado, também de impacto relevante para a equipe.  Shabbazz Muhammad é uma excelente arma para tirar do banco, um cestinha explosivo, que foi muito importante no primeiro ano de Wiggins, aliviando a pressão física sobre Wiggins. Tyus Jones, penando de início com a capacidade explosiva da concorrência, vai se soltando aos poucos e pode agir sem pressa, enquanto Rubio distribui as cartas. Em Nemanja Bjelica vale a aposta. Vai chegar mais um novato de ponta este ano. É uma forte base para ser cultivada.

Em março, apenas com o mentor Kevin Garnett afastado, o time já foi razoavelmente competitivo, vencendo seis, perdendo nove. Desses nove reveses, sete vieram contra adversários posicionados na zona de playoff, enquanto um oitavo aconteceu com cesta de Mirza Teletovic no estouro do cronômetro, pelo Suns.  A tardia promoção de LaVine  contribuiu para isso, ajudando a espaçar um ataque sufocado. Se você tirar Tayshaun Prince da rotação e inserir mais um arremessador (alô, Buddy Hield), as coisas ficam mais interessantes, prontas para mais um passo em sua evolução. Só precisa de calma. a equipe tem hoje 26 vitórias, dez a mais que na temporada passada, mas é muito pouco ainda.

Em uma grande reportagem que esmiúça o trabalho do clube com Andrew Wiggins, Rob Mahoney conta uma anedota que diz muito sobre o estado do Timberwolves hoje. Um diretor estava preparado para levar os atletas para um jantar em Salt Lake City, mas teve de rever seus planos ao descobrir que o restaurante escolhido só permitia a entrada de glutões com mais de 21 anos. Quatro jogadores seriam barrados, então, sendo três deles titulares. Com essa garotada, vai levar um pouco de tempo ainda para eles sonharem em desafiar um rival do porte do Golden State Warriors por mais que uma ou duas noites.

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

A pedida? Ainda maaaaais sorte no Draft. A esta base promissora, Minnesota ainda vai poder adicionar, no mínimo, a oitava escolha do Draft deste ano. Isso, claro, se algo muito improvável acontecer: que três times atrás na tabela saltam à sua frente na loteria. Por outro lado, o clube tem 8,8% de chances de abocanhar a primeira posição. Independentemente do resultado, poderá adicionar mais um jovem talento, ou tentar uma troca por um sólido veterano. Então fica o apelo: por favor, Taylor, não detone isso.

A gestão: aí que mora o perigo. A morte de Flip Saunders não só foi um baque emocional para a franquia como também deixou todo seu departamento de basquete com um status de interino. Do gerente geral Milt Newton ao técnico Sam Mitchell, que foram avaliados pelo proprietário Glen Taylor durante o ano. Há poucos rumores sobre o futuro da dupla, até porque o clima de indefinição vem de cima.

Aos 74 anos, o bilionário Taylor está preparadíssimo para vender o clube e aumentar sua fortuna de US$ 2,3 milhões. Como já registrado na faixa sobre o Grizzlies, um dos acionistas minoritários de Memphis abriu negociações para fazer a compra. O negócio, no momento, está emperrado. O atual mandatário precisa agir, e rapidamente. Junho, com o Draft, e julho, com o mercado de agentes livres, já está chegando.  Se vai manter seu controle, pode decidir sobre Newton e Mitchell. Do contrário, se for para vender, o racional seria deixar que o novo grupo assumisse a bronca.

Tendo assistido Saunders na montagem do atual elenco, é de se imaginar que o atual gerente geral ganhe um voto de confiança, mesmo que não tenha uma extensão contratual de longa validade. No momento, pelo que tiramos da reportagem de Mahoney para a Spors Illustrated, há uma boa estrutura montada para desenvolver o elenco. Todos os jogadores são obrigados a se apresentar para uma sessão de treinos individuais, de fundamentos, de 30 minutos, antes que as movimentações táticas comecem. Os mais jovens ficam muito mais tempo nesse tipo de exercício e chegam a passar aproximadamente seis horas nas instalações do clube.

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Seu departamento de preparação física parece bem sofisticado e criativo, preocupado em fazer exercícios específicos para cada atleta, dependendo dos movimentos que eles costumam fazer em quadra – algo que varia claramente de um armador para o pivô. Faz muito mais sentido do que simplesmente montar uma academia e deixá-los por conta, com os pesos e elásticos de sempre.Já a questão sobre Mitchell é mais delicada. No momento, ele não pode ser julgado por resultados, mas, sim, pelo processo que tenha conduzido durante a temporada. O fato é que, a despeito da badalação, não é um trabalho tão simples: nas competições juvenis e mesmo durante seu único ano em Kansas, Wiggins se habituou a se impor física e atleticamente. Num alto nível de jogo, precisa de mais. Mitchell, obviamente, não é o único responsável por esse trabalho, e sua comissão técnica vem fazendo um bom trabalho nessas tarefas individualizadas.

Para o canadense, há uma infinidade de detalhes que o superatleta precisa captar ainda se pretende, mesmo, se inserir na elite da NBA. Movimentação fora de bola, leitura das diferentes coberturas armadas para se conter alguém tão explosivo e concentração em tarefas defensivas foram alguns dos pontos levantados pela diretoria. Além da motivação.  “Simples assim: seus melhores jogos acontecem contra os melhores jogadores”, diz Newton. “É tudo o que precisamos ver: quando ele junta todas as peças, vai se tornar um desses jogadores top. Mas, nesta liga, os 14º e 15º jogadores podem te humilhar se você não se preparar para enfrentá-los.”

O senso comum dos bastidores da liga hoje é de que o técnico está ultrapassado, despreparado para conduzir jogadores tão talentosos, mas carentes como esses. Sua insistência com Tayshaun Prince, o tempo gasto com LaVine na reserva de Rubio e seus padrões de substituição são altamente questionáveis, assim como sua aversão ao arremesso de três pontos. Por outro lado, o treinador é uma figura popular dentro do vestiário. Mas seu cartaz é ainda maior que isso: o ex-ala é visto praticamente como prata da casa e adorado por Taylor. Como atleta, defendeu o clube por dez temporadas, sendo, inclusive, membro do primeiro elenco em 1989. Vão comprar essa briga?

Olho nele: Nemanja Bjelica

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Além de um calouro bem cotado, o Minnesota pode ganhar mais um grande reforço para a próxima temporada: o talentosíssimo ala-pivô sérvio, já mais adaptado à NBA. É aquela história: a transição de craque de Euroliga para operário nos EUA nem sempre é fácil,mesmo aos 27 anos. Basta buscar na memória as dificuldades encontradas por Splitter em San Antonio.

“Ele provavelmente nunca penou tanto assim antes. Provavelmente sempre foi um dos melhores jogadores, ou um dos melhores em suas equipes. Agora ele olha para a quadra, e há muitas noites em que ele perde em força, rapidez e tamanho. Então tem uma curva de aprendizado”, disse o técnico Mitchell. Acho que as pessoas erram quando falam que ele tem 27 anos e veio da Euroliga, e que seria fácil. Não funciona assim.”

Depois de receber bons minutos nas primeiras semanas, Bjelica foi gradativamente sumindo da rotação, seja pela decisão do técnico de por Gorgui Dieng mais ao lado de Towns, pelos seus próprios erros e também por uma lesão no joelho.

Nestes últimos momentos de campeoanto, enfim foi resgatado pelo teimoso Mitchell. Estava na hora de reinseri-lo. O sérvio foi um grande investimento de Saunders. E válido. Bjelica tem a visão de quadra e a habilidade nos arremessos de três para ser uma peça complementar perfeita num time que já concentra muito o ataque em Towns e Wiggins. O palpite é que ele voltará pata seu segundo ano muito mais confortável, pronto para colaborar em uma campanha de retomada.

ndudi-ebi-card-wolvesUm card do passado: Ndudi Ebi. Se você  for conferir com cuidado o elenco da temporada 2003-04, aquele vice-campeão do Oeste, vai notar que apenas um atleta nasceu nos anos 80: o ala Ebi, de 1984, praticamente uma vareta. Assim como Garnett, Ebi entrou na NBA direto do high school.  Ao contrário do craque, deixou a liga apenas dois anos depois, jogando exatamente 19 partidas. Nem 20!

O que aconteceu foi o seguinte: preocupado em formar um time experiente em torno de KG, o clube queria deixar Ebi na D-League. Àquela época, porém, era proibido que jogadores em seu terceiro ano de contrato fossem aproveitados desta maneira. Uma regra bem besta, aliás. Daí que, sem ter a mínima confiança na produção imediata do rapaz, Kevin McHale tomou uma atitude drástica: mandou o jovem nigeriano para a rua. Tudo para poder contratar o inigualável Ronald Dupree. Se não se lembra dele, tudo bem. O máximo que o atlético e aguerrido ala fez em sua carreira foi a média de 6,7 pontos pelo Bulls, em 2004, como novato.

O episódio todo fica ainda mais esdrúxulo quando levamos em conta o contexto da escolha de Ebi. A franquia estava sob pesada punição da NBA, que lhe havia retirado até cinco escolhas de Draft devido a uma negociação ilegal com Joe Smith, em 2000. Antes de se tornar um dos andarilhos da liga com mais milhagem, ainda muito cobiçado, o ala-pivô assinou um contrato bem barato com o Wolves, supostamente animado para fazer dupla com Garnett. A liga fuçou, no entanto, é descobriu um acordo, em off, entre o jogador e o clube, de que, dois anos depois, renovariam por muito mais grana – o tipo de acordo que, diga-se, se repete por aí, mas difícil de ser provado. Revelado o escândalo, veio a dura punição, que depois seria abrandada: em vez de cinco escolhas, o clube perdeu três. Ainda assim, o estrago foi grande, envelhecendo a base, contribuindo muito para a saída de seu grande astro, desanimado, anos depois. Que Ebi tenha sido esse desperdício todo só deixou a situação deprimente demais.

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NBA, contratos milionários e as dores do mundo Fiba para o Canadá
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Giancarlo Giampietro

Jay Triano tinha experiência. Os seus atletas nem tanto

Jay Triano tinha experiência. Os seus atletas nem tanto

Tem uma expressão em inglês que, acabo de ser informado, tem equivalente no português, até mesmo ao pé-da-letra: growing pains, que, para os pediatras, é a chamada dor de crescimento, mesmo. Mas é claro que, no cotidiano, os gringos a usam com outra conotação. São as dores de se crescer, de amadurecer. São essas coisas da língua inglesa que mostram que, na sua simplicidade, não tem um vocabulário que impressione Camões ou José de Alencar, mas pode ter uso muito prático e inteligente e, por isso, rico.

Mas vamos deixar o Professor Pasquale cuidar desse assunto com mais propriedade. É que foi simplesmente a primeira coisa que me veio à cabeça durante o jogão do ano até agora pelo mundo Fiba: Venezuela 79, Canadá 78. É um jogo que pode ter repercussão infinita, de tantas lições e consequências que se tira dele. O lado venezuelano e o exemplo que ele representa para o Brasil já pediu o seu artigo. Os vencedores tiveram a prioridade. Agora é a vez dos perdedores.

Foi uma derrota e tanto para os canadenses. Agora, antes de se air avacalhando com os caras, é bom lembrar que, do ponto de vista brasileiro, nada pode ser dito. Os moleques saíram da capital mexicana com apenas duas derrotas. A segunda derrota veio apenas na hora que não podia. Já a CBB só garantiu sua seleção nas Olimpíadas ao vencer a luta contra sua vocação pela pendura, pelo calote e convencer seus patrocinadores a pagar sua dívida com a federação internacional. Ponto. Em quadra, foi mais um vexame.

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E, se for para zoar o país mais ao Norte da América, melhor aproveitar o momento. Pois, em termos de produção de talento, o Canadá não vai parar por aqui, por mais que esse revés machuque muitos de seus eventuais protagonistas. Esse time tinha nove jogadores sob contrato com a NBA, e há muito mais vindo por aí. Gradativamente, ao menos nos grandes centros urbanos, eles estão trocando o bastão e o disco pelo aro e a bola. É a tal da massificação — e taí um vocábulo que os dirigentes brasileiros desconhecem.

Sabe qual a diferença de idade entre Andrew Wiggins e Bruno Caboclo? Ele é sete meses mais velho. Sua seleção como um todo tinha média de idade de 23,8 anos e pouquíssima rodagem em competições internacionais. Esse era desde sempre o maior adversário na briga por uma vaga olímpica. Num paralelo com a nossa geração NBA, é como se fosse 2003 para eles.

Apenas 20 anos para Wiggins. Foi seu primeiro torneio com a seleção

Apenas 20 anos para Wiggins. Foi seu primeiro torneio com a seleção

Para os que já não se lembram mais, há 12 anos a seleção brasileira jogava sua primeira Copa América desde a entrada de Nenê (e Leandrinho) na grande liga, com a esperança de não ficar fora pela segunda vez seguida das Olimpíadas. Varejão era atleta do Barcelona. Alex estava explodindo com o Ribeirão Preto de Lula Ferreira. Marcelinho ainda não tinha um alvo gigante em suas costas. Splitter era um adolescente, apenas, é verdade. Mas em geral havia uma expectativa enorme em torno deles. O desfecho foi de massacrar os nervos: quatro derrotas seguidas, uma facada atrás da outa, e de todos os lados: perderam por dois pontos para os eventuais campeões olímpicos da Argentina, por três pontos para o Canda (de Steve Nash!), por dois pontos para Porto Rico e, para fechar, derrota de dez pontos para o México, de Eduardo Nájera, o ancestral de Ayón.

Os brasileiros amarelaram, então? E os canadenses? (Com a diferença de que a competição de 2003 era muito mais forte que a deste ano.)

Se você prefere esse tipo de termo, tudo bem. Prefiro dizer que sentiram a pressão de um grande jogo, sendo um grupo pouco acostumado a esse tipo de situação. Uma coisa é enfrentar o Milwaukee Bucks ou o Los Angeles Clippers. A qualidade do outro lado será muito superior à de uma Venezuela ou de Porto Rico. Mas o jogo é muito diferente. A pancadaria, a tensão, o clima no ginásio, especialmente para um time tão envolvido com a missão Rio 2016. Tem isso: entre todas as críticas que se pode fazer ao colapso canadense contra os venezuelanos, “salto alto” não pode fazer parte do pacote. Os caras jogaram e respeitaram a competição. Não subestimaram a concorrência.

Ciente disso, a experiente comissão técnica da seleção tentou fazer o que podia para preparar os atletas para o que viria pela frente. O repórter Josh Lewenberg tem um relato muito interessante sobre um coletivo em que os assistentes de Jay Triano faziam as vezes de árbitros e estavam apitando tudo, invertendo marcações, bagunçando geral. “Disse a eles durante o treino que eles precisam encarar isso porque é o que vai acontecer no torneio. O jogo é arbitrado de uma forma diferente da que eles estão acostumados em suas temporadas regulares. É sobre uma das coisas que conversamos. Temos de nos adaptar”, disse Triano, após a sessão.

Cory Joseph, aquele que assumiu o posto de Vasquez em Toronto. Esmagado por venezuelanos

Cory Joseph, aquele que assumiu o posto de Vasquez em Toronto. Esmagado por venezuelanos

Santa premonição. A arbitragem na partida contra os venezuelanos foi polêmica. Aquela falta dada na disputa do rebote no último segundo, de Aaron Doornekamp sobre Gregory Vargas, não se marca. Estavam todos se estapeando. É a mesma coisa que a confusão de um escanteio no futebol. Mas o apito soou, e não teve jeito. A maturidade que não conseguiu mostrar na condução do jogo, Cory Joseph, ex-xodó de Popovich em San Antonio, teve na hora de avaliar o que se passou em quadra: “Não deveria nunca ter ido para aquela última bola, primeiro de tudo. Joguei de modo horrível. Se não fosse Kelly (Olynyk), teríamos sido esmagados. Não jogamos bem como equipe. Eles trabalharam e se dedicaram mais que nós em quadra. Estou decepcionado, não consegui liderar meu time. Acontece”.

Olynyk de fato teve uma partida memorável. Em termos individuais, foi a terceira maior atuação deste torneio, ficando atrás apenas da aula que levou de Scola na estreia e do esforço hercúleo que Ayón teve contra a Argentina. Foram 34 pontos e 13 rebotes, convertendo oito de nove arremessos de dois pontos e três em quatro de longa distância, mais nove em dez lances livres. Não há nem o que se falar de seus seis desperdícios de bola. Chegou uma hora em que o jogador de 2,11m era o único que encarava a agressiva defesa venezuelana, ficando sobrecarregado. Wiggins fez bom primeiro tempo e sumiu no segundo. Joseph foi um verdadeiro desastre. Stauskas passou mal durante toda a véspera por conta de uma intoxicação alimentar. Anthony Bennett, que teve uma ótima temporada com a seleção, não foi acionado e não conseguiu se impor fisicamente no garrafão.  Melvin Ejim é quatro anos mais velhe que Wiggins e ainda menos polido. Talvez fosse um jogo que pedisse mais a brutalidade de Dwight Powell, que recebeu apenas quatro minutos, do que a finesse de Andrew Nicholson. Por fim, Robert Sacre não saiu do banco.

Reparem que os nove atletas de NBA da seleção foram citados no parágrafo acima. O que serve também para reforçar a tese que o mero selo da liga norte-americana em seu currículo não conta toda a história, não é garantia de nada. Ainda mais quando o time que os derrotou não possui nem mesmo perto de receber um contrato — se fosse apostar, diria que Windi Graterol eventualmente possa ser testado em uma liga de verão. A maior parte desses moleques canadenses, oras, ainda está em formação, enquanto alguns deles não devem nem mesmo ter uma longa carreira por lá. Não à toa, na hora em que a coisa apertou, foi Olynyk, o mais experiente da turma em jogos Fiba, quem carregou o piano.

Joseph conseguiu reagir na disputa pelo bronze

Joseph conseguiu reagir na disputa pelo bronze

“Pareceu que estávamos um pouco inseguros”, disse o técnico Triano. Pois é. A outra derrota canadense foi na estreia, contra a Argentina. Justamente o outro jogo de uma competição oficial que notoriamente costuma ser dos mais tensos, independentemente do nível do rival. Passado esse revés, os norte-americanos se soltaram e dominaram a competição. Com folga. Chegou o único jogo do mata-mata que não poderiam perder, porém, e tomaram um tombo feio.

“Dou crédito a eles (venezuelanos). Eles tiraram nossa transição e nós cometemos os turnovers que sabíamos que eles tentariam forçar. Foi um jogo complicado de aceitar para nós, obviamente. Jogamos bem pela maior parte do torneio, mas não fomos muito bem nessa partida, o que é uma falta de sorte. Esses torneios costumam ser resumidos pelo jogo que se perde, se você perder. Muitos de nossos caras jogaram duro, como fizeram durante toda a competição. Só não jogamos muito bem nesta semifinal. Nossos sonhos agora ficam na espera”, completou o treinador.

Neste sábado, de volta à quadra, os jovens canadenses se viram novamente diante de uma torcida toda contrária, na disputa pelo terceiro lugar com o México e venceram. Em termos práticos, o bronze não vale nada para eles quando confrontado com as expectativas do time. Mas o modo como saiu a vitória pode ser emblemático: foi mais uma partida decidida na última bola, com um arremesso salvador do próprio Cory Joseph, no estouro do cronômetro. Faz parte, como ele mesmo diz. Não importa se você está na NBA, se está milionário. Se você gosta de basquete, se importa com a sua seleção, tem de passar por esses testes e amadurecer. Nem que seja com dor.


E o professor Scola deu uma aula na molecada canadense da NBA
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Giancarlo Giampietro

Mais uma exibição histórica de Scola pela Argentina

Mais uma exibição histórica de Scola pela Argentina

O professor Luis Alberto Scola, 35 anos, resolveu ensinar a molecada canadense que, no mundo Fiba, as coisas podem ser mais complicadas do que se espera. Nesta terça-feira, essa verdadeira lenda argentina marcou 35 pontos e pegou 13 rebotes, em 34 minutos, e liderou uma estrondosa vitória por 94 a 87 sobre a geração NBA de uma potência emergente.

>> Brasil vence a República Dominicana, com 8 minutos de ótimo basquete

Só no terceiro período, quando os jovens adversários começavam a se empolgar, foram 18 pontos, para deixá-los perturbados. Dá para dizer que, diante do volume de jogo impressionante do veterano, a seleção norte-americana se desestabilizou um pouco e teve de correr atrás do placar no quarto período.  Simplesmente não sabiam o que fazer contra o craque.

Foi um pouco de mais do mesmo do ponto de vista brasileiro, um tanto castigado por tantas surras que Scola nos aplicou. Um terror por toda a zona interior, atacando de frente e de costas para a cesta, com fintas para todos os lados, a munheca infalível e muita inteligência. É algo que sempre me maravilha e não consigo responder: o que é mais sensacional em seu jogo? A habilidade ou o instinto? São os fundamentos que permitem ele tomar decisões inesperadas pelos defensores, ou é a tomada de decisão que facilita a execução? Não importa. Os dois andam juntos e, com isso, temos uma figura legendária para acompanhar. Agora contratado pelo Raptors, é de se imaginar o quão calorosa será sua recepção em Toronto, né? ; )

Para os jovens canadenses, como Anthony Bennett, Kelly Olynyk, Andrew Nicholson e Dwight Powell, todos eles concorrentes na grande liga, era algo novo. Pelo Rockets, pelo Suns ou pelo Pacers, o argentino que eles conheciam era outro jogador, mais comedido. Daí que era até engraçado quando o veterano errava um arremesso e, segundos antes de a bola bater no bico, já estava de prontidão para coletar o rebote e encestar, num mesmo movimento, deixando atletas mais altos e/ou mais ágeis para trás, sem entenderem o que acontecia direito. E quando Scola puxava contra-ataque sem que ninguém se aproximasse deles, com os oponentes demorarem para persegui-lo, já apressados.

Correr, aliás, foi algo que o Canadá tentou fazer, para se aproveitar de sua condição atlética e tentar, quem sabe, cansar o pivô rival. Mesmo depois de cestas argentinas, o time de Jay Triano tentou acelerar em transição. Acontece que nossos vizinhos ao Sul estavam preparados para conter essa correria, por mais que os armadores Cory Joseph e Phil Scrubb rompessem, vez ou outra, a defesa para atacar o aro. Foram 12 pontos em contragolpes para eles.

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No geral, porém, a Argentina refreou como podia o arranque e o vigor físico deles, somando inclusive 14 pontos em sua transição e ainda vencendo a batalha dos rebotes por 45 a 39. Também soube cuidar da bola, limitando seu ataque a apenas nove turnovers. Mesmo com um conjunto também bastante renovado, a Argentina jogou com intensidade e maturidade.

Ajuda ter líderes como Scola e Andrés Nocioni (15 pontos e 5 rebotes) ao lado, obviamente. Os dois causam um impacto imenso, cuidando de pequenas coisas em quadra com atenção e esmero. Também é preciso dizer que o time de Sérgio Hernández não é só Scola+Chapu contra a rapa. A começar pelo técnico, que vai fazendo um trabalho bem mais interessante que o de Julio Lamas. Pode parecer bobagem, mas o “Ovelha” foi influente até mesmo ao saber esfriar os canadenses com pedidos de tempo providenciais quando as enterradas e bolas de três sucediam. O mais importante, porém, é seu trabalho para captação de talentos e saber como usá-los. Contra os canadenses, o treinador armou um ataque todo espaçado para dar centímetros e segundos preciosos para seu grande jogador atacar.

O camisa 4 usou todo o seu repertório, mas não viu, surpreendentemente, muitas dobras defensivas, pois havia ameaça no tiro exterior — a despeito do aproveitamento de 5-29, 26%. Além disso, temos na Cidade do México uma equipe em que cada um conhece seu papel e vai executando suas obrigações de modo competente. O universitário Patricio Garino se encaixou perfeitamente ao lado dos campeões olímpicos com sua aplicação tática. Ótimo marcador, atacante oportunista e que não tenta fazer o que está além de suas capacidades. Depois de campanhas muito ruins, Leo Mainoldi acertou a munheca. Tayavek Gallizzi soube peitar os canadenses para dar alguns minutos de descanso aos veteranos.

A maior ajuda, mesmo, veio dos armadores. Nícolas Laprovíttola teve uma atuação que já deixa o torcedor flamenguista saudosista — e os dirigentes do Lietuvos Rytas, para onde está indo, bastante animados. Foram 20 pontos, 4 assistências e 4 rebotes em 21 minutos para o barbudo, que foi realmente dominante quando esteve em quadra. Já Facundo Campazzo, que pouco jogou pelo Real Madrid durante a temporada, anotou 10 pontos, seis assistências em 18 minutos. Juntos, eles acertaram 12 de 17 arremessos de quadra, agredindo e sem forçar a barra. Talvez os canadenses pudessem ter tentado uma pressão maior para cima dos armadores. Mas talvez isso não fizesse a menor diferença. Foi uma grande exibição da dupla.

O espevitado Brady Heslip, que, guardadas as devidas proporções, seria um jovem Juan Carlos Navarro canadense, bem que tentou fazer frente a eles do outro lado da quadra. Com uma mentalidade agressiva e sua mecânica perigosíssima, não deixou a coisa desandar para valer e conseguiu tirar seu time do sufoco em situações de meia quadra. Ele que é justamente um dos três atletas do grupo de Jay Triano que hoje não têm contrato com a NBA.

Andrew Wiggins teve seus lampejos, com direito a uma enterrada para cima de Nocioni, com direito a uma audaciosa encarada na sequência. Imagino o desespero de Flip Saunders ao ver a provocação de seu jogador, que é muito jovem e talvez não soubesse exatamente com quem estava mexendo. O rapaz tinha apenas 9 anos de idade quando Chapu estava recebendo sua medalha olímpica. Wiggins também ainda não é um ala que possa criar situações por conta própria e carregar uma equipe nesse tipo de jogo.

Dos mais experientes da equipe, Kelly Olynyk foi engolido por Scola na defesa — neste ponto, o técnico Jay Triano de um caldeirão de sopa para o azar ao confiar no ala-pivô para segurar a lenda argentina no mano a mano. No ataque, voltando de lesão, o cabeleira do Celtics se não teve a melhor leitura de jogo, chutando quando tinha espaço para atacar e cortando para a cesta quando o garrafão estava congestionado. Brigou lá embaixo, é verdade, terminando com 11 pontos, 10 rebotes e mais 4 assistências para os companheiros. Mas errou 0 de seus 13 arremessos, em 23 minutos, falhando em todas as suas quatro tentativas do perímetro.

O Canadá não fez uma partida ruim, para assustar. Mas acabou acusando o golpe desferido por Scola e seus amigos baixinhos. Agora vai ter se recuperar rapidamente. Eles ainda têm Porto Rico, Venezuela e Cuba pela frente, após uma derrota que não é nenhum absurdo, mas não estava nos planos de uma seleção considerada a grande favorita ao título e a uma das vagas olímpicas. Por sorte, o próximo jogo é contra os cubanos, o que tende a ser um treino. Esse, sim, o tipo de jogo que não tende a passar nenhuma lição.


A invasão canadense está em marcha, já como ameaça no Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

A geração NBA canadense

A geração NBA canadense é vasta

Quando Kelly Olynyk fez sua estreia pela seleção do Canadá, no Mundial de 2010, chamou a atenção. Tinha 19 anos apenas e era um ala-pivô já bastante dinâmico, com 2,11m de altura e flutuando pelo perímetro de modo bastante fluente. Ele foi talvez o único ponto positivo de uma equipe que perdeu todos os seus cinco jogos pela primeira fase, inclusive para o Líbano na estreia. Naquele plantel com predominância de veteranos, Joel Anthony, reserva do Miami Heat, era o único representante da NBA convocado, enquanto o técnico Leo Rautins sonhava com uma possível reapresentação de Steve Nash. Não aconteceria, e o país enfrentava um período em que mesmo a mediocridade em competições Fiba parecia inalcançável.

Para o então atleta da Universidade de Gonzaga, a experiência foi incrível. “Teve uma importância enorme para mim. Foi meu primeiro verão com a seleção adulta, e eu realmente era o mais jovem ou o segundo mais jovem do torneio (PS: era o segundo, mesmo, perdendo para um armador chamado Raul Neto, que tinha 18 anos. Conhecem?). O nível de talento que fui ver ali pela primeira vez foi de abrir os olhos. Era um Mundial. Embora não tenhamos ido bem como coletivo, foi uma competição muito legal e que me ajudou a ganhar confiança para ver que podia enfrentar atletas de ponta, ver que tinha talento para estar ali.”

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Como as coisas mudaram em cinco anos, hein? Na Copa América que se inicia nesta segunda-feira, na Cidade do México, uma coisa está clara: o Canadá é o time a ser batido, como o grande favorito a uma das duas vagas olímpicas que estão em jogo. O próprio Olynyk admite isso. Depois de um longo período de vacas magras,  a presença de Nash, agora gerente do time, nem se faz mais necessária em quadra. Dos 12 atletas que o país inscreveu na competição, nove estão sob contrato com franquias da NBA. Poderiam ser 12, na verdade, não fosse uma lesão sofrida pelo armador Tyler Ennis, do Milwaukee Bucks, a arrastada negociação do pivô Tristan Thompson com o Cleveland Cavaliers, e o fato de o ala Trey Lyles ter acabado de chegar ao Utah Jazz.

“Somos canadenses e agora estamos nos encontrando a todo momento na liga, o que ajuda a reforçar essa conexão. É legal pensar, conversar a respeito, pois é o momento em que poderemos nos unir para representar nosso país, vestir a camisa. É algo que tem de ser encarado de modo especial”, disse o hoje ala-pivô do Boston Celtics, em entrevista ao VinteUm gravada em fevereiro, em Nova York, durante a cobertura do NBA All-Star Weekend.

Em 2010, Olynyk estreava pela seleção ao lado de Sacre (ao fundo)

Em 2010, Olynyk estreava pela seleção ao lado de Sacre (ao fundo)

As origens
No corre-corre de um fim de semana das estrelas da liga norte-americana, o jornalista precisa ficar atento e aproveitar qualquer brecha. Especialmente um forasteiro do Brasil, que não tem tantas oportunidades assim para entrar em contato com os grandes protagonistas de lá, os jogadores. Fui a convite do canal Space, tendo a oportunidade de ficar no mesmo hotel que toda a imensa equipe da Turner, que tem um verdadeiro time dos sonhos em seu elenco de transmissão. Dentre os ex-jogadores, o nome de Rick Fox definitivamente não é dos mais chamativos, se comparado com Barkley, Shaq, Grant Hill, Isiah… Por outro lado, em termos de desenvoltura em frente às câmeras, até por ter sido um ator (de verdade), talvez o ex-ala que dividiu seu tempo simplesmente entre Boston Celtics e  Los Angeles Lakers seja imbatível. Até por isso, naquele domingo, 15 de fevereiro, estava escalado para ser algo como o mestre de cerimônias do Jogo das Estrelas, em pleno Madison Square Garden, diante dos milhares de malas nova-iorquinos presentes e de milhões de espectadores do outro lado da câmera.

Não era o melhor dia para abordar Fox, ainda que fosse pela manhã. Mas foi o instante em que este blogueiro aqui não estava desesperado para sair do hotel e chegar a algum evento a tempo, encarando o frio lá fora e um joelho machucado (a pior combinação possível, veja só). E o cara estava só de roupa esportiva, como se estivesse preparado para um treino leve em quadra — em vez do terno e do casacão que usaria à noite e que, juntos, deveriam valer pelo menos o quíntuplo de toda a minha bagagem. Então você se aproxima do cara e pergunta se dava para falar uns minutinhos.

A seleção do Mundial de 94 tinha Nash (terceiro da esquerda para direita entre os sentados) e Fox (terceiro da direita para a esquerda)

A seleção do Mundial de 94 tinha Nash (terceiro da esquerda para direita entre os sentados) e Fox (terceiro da direita para a esquerda)

Foi coisa bem rápida, mesmo, e o tema era essa invasão recente promovida por seus conterrâneos. Por muito tempo, ele foi O Canadense do pedaço, antes de Steve Nash se soltar pelo Dallas Mavericks e virar um embaixador do outro jogo bonito pelo Suns ou de um pivô limitado e trombador como Jamaal Magloire ser agraciado com uma seleção para o All-Star de 2004. Quando Fox chegou ao Celtics em 1992, apenas dois compatriotas estavam empregados na liga. Não à toa, ambos faziam o perfil de lenhador e, curiosamente, também integraram dois times históricos: Bill Wennington, reserva de Luke Longley no tricampeonato do Bulls de 1996-98, e Mike Smrek, coadjuvante do coadjuvante no showtime bicampeão Do Lakers em 1987 e 88, tendo jogado gloriosos 67 minutos nos playoffs.

Embora, no Lakers de Shaq, Kobe e Mestre Zen, tenha tido papel muito mais relevante que o desses conterrâneos, Fox nunca foi um cestinha explosivo, nem mesmo em seu auge atlético, tendo chegado aos 15,4 pontos por jogo pelo Celtics na temporada 1996-97, aqueles anos depressivos pós-Larry Bird. Com seu jogo de arroz com feijão e habilidades defensivas, o ala não aparecia no SportsCenter, nem nos clipes semanais do NBA Action. Por isso, sorri ao dizer que “bem que gostaria de ter alguma importância” no boom basqueteiro que vive sua cidade, Toronto, e seu país. “Mas não posso assumir nenhum crédito nisso”, afirma.

“Para mim, um cara como Vince Carter foi muito mais importante nesse surgimento sem precedentes de talentos de ponta. Ele era o cara das enterradas, dos grandes momentos que acabam inspirando um monte de crianças a pegar a bola e ir para o parque, ou o quintal de casa. Aquele período do Raptors com ele foi fundamental para isso”, afirma o hoje repórter-apresentador-faz-tudo da TNT. “E aí veio o Steve, com dois prêmios seguidos de MVP, para, talvez, reforçar uma espécie de orgulho nacional na cabeça desses garotos.”

Raptors, de Damon Stoudamire, e Grizzlies, com Blue Edwards e Greg Anthony, no ano de estreia das franquias. Vince Carter chegaria depois, fazendo muito sucesso

Raptors, de Damon Stoudamire, e Grizzlies, com Blue Edwards e Greg Anthony, no ano de estreia das franquias. Vince Carter chegaria depois, fazendo muito sucesso

Jama Mahlalela, assistente técnico do Toronto Raptors que trabalha diariamente com Bruno Caboclo, concorda em partes com seu compatriota. Para ele, mais que indivíduos, foi a criação de dois clubes da NBA no país em 1995 (mesmo quer a vida do Vancouver Grizzlies tenha sido curta, de seis anos) foi determinante. “Acho que ter essas equipes lá foram a fundação que permitiram que esse surgimento de jogadores fosse possível”, diz. Faz sentido. Se realizadas em Oakland, sede do Golden State Warriors, time que originalmente o selecionou no Draft, as acrobacias de Carter talvez não tivessem impacto algum na metrópole canadense.

Fato, hoje, é que, de acordo com o Basketball Reference, 26 jogadores nascidos em solo canadense já atuaram na NBA. Ironicamente, “Steve” — o Nash, no caso — não consta nessa lista, por ter vindo à luz na África do Sul, assim como Robert Sacre, que vem de Baton Rouge, na Luisiana. Samuel Dalembert, haitiano naturalizado, seria outra menção relevante, mas acho que nem a federação do Canadá faz questão de contá-lo, depois de sua desastrosa passagem pela seleção nacional em 2007 e 2008, arrumando encrenca com todos até ser banido do time em pleno Pré-Olímpico mundial de Atenas pelo técnico Leo Rautins, este, sim, considerado uma espécie de pioneiro do país ao draftado na 17a. posição em 1983, pelo Philadelphia 76ers, mas sem ter conseguido levar sua carreira profissional adiante, se desligando da liga já em 1985.

Na temporada passada, estiveram em quadra 13 atletas: Nash e Sacre (Lakers), Olynyk, Andrew Wiggins e Anthony Bennett (pelo Wolves), Nik Stauskas e Sim Bhullar (Kings), Andrew Nicholson (Magic), Cory Joseph (Spurs), Dwight Powell (Celtics e Mavs), Thompson (Cavs), Ennis (Suns e Bucks) e Anthony (Celtics e Pistons), algo bem diferente da liga que Fox encontrou no início dos anos 90. Para o próximo campeonato, essa quantia pode ser mantida, com a saída do gigantão Sim Bhullar, dispensado pelo Kings, e a aposentadoria de Nash, mas com a chegada do ala-pivô Trey Lyles, do Utah Jazz, enquanto o ala Melvin Ejim, convocado para a Copa América, tem um contrato sem garantias com o Orlando Magic, precisando se provar no training camp.

A sensação Andrew Wiggins, em sua estreia pela seleção adulta

A sensação Andrew Wiggins, em sua estreia pela seleção adulta

Chumbo grosso
O selo NBA, goste-se ou não, causa alvoroço. Nem sempre significa qualidade indiscutível, como Sacre e o atlético Ejim podem dizer. Mas a quantidade de atletas na grande liga impressiona, de todo modo, e praticamente garante ao país um time decente ano após ano, mesmo que aconteça uma evasão em massa. Só a família Joseph, com Cory, agora do Raptors, o ala Kris (ex-Celtics) e DeVoe (cortado do grupo final para o Pan) tem três selecionáveis, caceta.

E muito mais virá por aí, com uma horda espalhada pelo basquete universitário dos Estados Unidos. O armador Jamal Murray é o destaque, já prometendo para fazer um grande campeonato por John Calipari em Kentucky. No geral, as seleções de base do país também vêm obtendo bons resultados internacionais. Segundo reportagem da Forbes, o basquete já é mais popular que o hóquei entre os jovens de lá. Segura.

A despeito da quase garantia de novos nomes no futuro, a atual base é jovem o bastante para se entrosar e crescer harmoniosamente de olho em futuras Copas do Mundo e Olimpíadas. Além do mais, com os bastidores sempre turbulentos do mundo Fiba e a crescente tensão de dirigentes da NBA em relação à liberação de seus atletas, melhor aproveitar a chance de reunir um time tão talentoso desde já. Quanto questionado se o técnico Jay Triano, assistente do Portland Trail Blazers, havia usado os encontros com os compatriotas durante a temporada regular como oportunidades de recrutamento, Olynyk disse que isso não era necessário. “Jay é um cara muito legal, está em contato conosco, mas não sei se ele precisa nos recrutar. Afinal, é a seleção nacional. É algo de que supostamente você quer participar. Espero que os caras venham para jogar, que estejamos prontos”.

Cory Joseph está de volta à seleção. Embora jovem, é o líder do time

Cory Joseph está de volta à seleção. Embora jovem, é o líder do time

Mesmo que num nível técnico abaixo, quando estreou pela seleção principal, o atleta do Celtics estava escoltado por veteranos que o ajudaram em sua transição para a seleção nacional e que ainda estão em atividade em sólidos clubes da Europa. “Vários caras foram importantes para nós, ou pelo menos para mim no início, como Joel Anthony, Jermaine Anderson, Denham Brown, Jesse Young, Carl English. São caras que te adotam e mostram o que deve ser feito, ainda mais em competições internacionais e quando você está começando.”

No geral, o grupo canadense  é jovem, com média de 23,8 anos e nenhum trintão. English, que já foi a principal referência ofensiva da seleção por muito tempo, foi cortado precocemente do grupo da Copa América, depois de fazer um Pan-Americano bem apagado, aos 34 anos. Anderson e Anthony dessa vez não foram chamados. Desta forma, ao lado do ala Aaron Doornekamp, de 29 anos,  Olynyk, 24, aparece como uma espécie de veterano da seleção, devido à experiência acumulada em 2010 e à igualmente malsucedida Copa América de 2011. Mesmo em recuperação de uma torção de tornozelo sofrida durante a Copa Tuto Marchand, segue no grupo com uma voz de liderança, ao lado de Joseph.

A inexperiência e os ajustes às regras Fiba talvez sejam os pontos aos quais a concorrência possa mais se apegar na esperança de derrubar um badalado time que, segundo Olynyk, “jogará com um alvo nas costas”.  No torneio amistoso disputado em San Juan, Porto Rico, eles venceram jogos parelhos contra os donos da casa e os dominicanos e atropelaram o Brasil. O jogo contra a seleção brasileira em especial apresentou muitos indícios do potencial de uma equipe extremamente atlética e versátil. Foram amistosos, ok, mas eles passaram invictos. É só o começo de uma geração que pode ter mais e mais representantes em futuros All-Star Games da NBA, em quadra, entrevistados por Fox. Agora, no México, Rubén Magnano vai poder acompanhar de perto quão concreta é essa ameaça para já, pensando no Rio 2016.


Canadá vence Brasil com autoridade. Notas sobre o amistoso
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Giancarlo Giampietro

Andrew Nicholson, um dos nove jogadores de NBA nesta seleção candense

Andrew Nicholson, um dos nove jogadores de NBA nesta seleção candense

A lógica de ontem ainda se aplica: é apenas um amistoso. Dessa vez Rafael Luz nem foi relacionado. O Brasil novamente jogou sem energia. Mas são partidas que, ainda assim, nos apontam dicas, caminhos. E, com o perdão do tom apocalíptico, os indícios que a vitória tranquila do Canadá, por 80 a 64, nesta segunda-feira nos deu são do chumbo grosso que vem por aí em futuros duelos com os americanos do extremo norte do continente.

Fica até difícil de avaliar. A seleção brasileira mais uma vez não conseguiu igualar a intensidade ou a movimentação de semanas atrás. Por outro lado, essa impressão de morosidade talvez seja mero consequência da capacidade atlética impressionante que o time de Jay Triano tem em quadra e como ela se traduziu especialmente para a defesa, complicando as linhas de passe e contestando os tiros exteriores brasileiros. Em diversos momentos, sinceramente, a impressão era de que os rapazes de Magnano pareciam um conjunto master.

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Além disso, a questão aqui também pode ser outra: a qualidade dos adversários aumentou consideravelmente em relação a Toronto, e é natural que as coisas fiquem bem mais difíceis para os campeões pan-americanos. De toda maneira, é fato de que eles ainda não estão jogando com aquela mesma alegria. Que seja algo programado e natural, por serem apenas jogos preparatórios. Quando a Copa América se iniciar, além de vagas olímpicas para a concorrência, o que estará valendo é um título. Vale a pena brigar por ele.

*    *    *

Voltando a essa coisa de chumbo grosso canadense. Antes de mais nada, estou ciente de que, além de a partida não ser oficial, o Brasil poderia contar com um outro reforço em sua escalação, pensando nos Jogos Olímpicos. De qualquer forma, não é que os veteranos sobre os quais estamos falando terão vida muito longa na equipe. A base hoje em atividade deve compor o núcleo do próximo ciclo olímpico. E o mesmo vale para o Canadá, que tem apenas Carl English como um atleta que tem linha curta em sua trajetória pela equipe nacional.

Mais: além de jovens, o que o Canadá tem é quantidade, já prenunciada pela invasão que protagoniza neste momento em todos os níveis do basquete dos Estados Unidos. Colegiais, universitários e profissionais: eles estão chegando aos montes, e aí nem mesmo o mais rabugento poderá rosnar contra a grife NBA que a equipe carrega. Os cinco titulares em San Juan, por sinal, vêm de lá: Cory Joseph, Nik Stauskas, Andrew Wiggins, Andrew Nicholson e Anthony Bennett. Outros dois vieram do banco: Robert Sacre e Melvin Ejim (*este com o asterisco de contrato de training camp). Kelly Olynyk, que contundiu o joelho contra a Argentina, nem se fardou. Dois ou três desses caras podem não parecer nada demais. Mas a safra do país é vasta. Eles têm volume para compensar qualquer dúvida, e a produção da base dá a entender que não se trata de acaso.

A vitória contra o Brasil sublinha a invasão. Dwight Powell — que se mostra produtivo praticamente toda santa vez que recebe minutos, aliás — dominou o primeiro quarto. No terceiro, Anthony Bennett exibiu seu arsenal ofensivo bastante versificado, que ajuda a explicar sua seleção como número um de Draft. Depois, no quarto, com a vitória já selada, e Magnano experimentando uma zona contra a rapaziada, foi a vez de o chutador Brady Heslip queimar o barbante. Powell, um pivô muito atlético e físico, terminou com 18 pontos e 8 rebotes em 17min52s, batendo um total de 13 lances livres. Bennett anotou 16 pontos em menos de 15 minutos, sendo 11 deles na volta do intervalo, matando praticamente tudo: as duas tentativas de três, chutes em flutuação e ganchos no garrafão. Heslip guardou 15 pontos.

*    *    *

Tenho uma entrevista com Kelly Olynyk para desovar aqui, nesta semana, quando poderemos refletir mais sobre o assunto. Pensando na Copa América de logo mais no México, talvez a grande esperança de Argentina, República Dominicana, Porto Rico e até mesmo dos anfitriões seja que a equipe canadense sinta a pressão. Eles são jovens, bem jovens, e realmente inexperientes nesse tipo de situação. Como a geração Nenê, mesmo, pode nos dizer, o jogo de seleções é outra realidade (até mesmo com outras regras, dãr), principalmente no caso daqueles que se importam, que entram em quadra com o coração batendo de um jeito diferente.

Se esses caras mantiverem a compostura, vai ser muito difícil de derrubá-los, até pela versatilidade de seu elenco. Num jogo mais pesado, Sacre e Powell não vão afinar. Bennett está cheio de confiança e será um problema para qualquer defesa. Nicholson abre para chutar. Artilharia de três não falta, por sinal, com Heslip, Stauskas, o armador reserva Phil Scrubb e até mesmo Joseph (31,4% em sua carreira na NBA, mas 36,4% na temporada passada, e numa distância maior). Joseph também exerce visível influência sobre os companheiros. É o líder emocional da equipe. E ainda nem falamos do garoto Wiggins, que ainda está aprendendo o jogo e vai sofrer um pouco em termos de macetes da arbitragem Fiba, mas é uma maravilha atlética, capaz de lances surpreendentes e de incomodar muito na defesa individual e nas linhas de passe.

Atleticamente, eles foram dominantes contra os brasileiros, e não há o que discutir. Nos rebotes, tiveram vantagem de 43 a  24. Um espanco, já diria o Mauricio Bonato. Assim como fez Porto Rico na véspera, não permitiram que a transição brasileira funcionasse. Sabe quantos pontos de contragolpe tomaram? Nenhum. Para fechar, limitaram o oponente a apenas 39% nos arremessos e 4-17 nos chutes de longa distância. A seleção de arremessos brasileira não foi equivocada. Não teve forçada de barra. Eles simplesmente não encontraram uma zona de conforto em quadra.

*    *    *

Nos petardos de fora, faz falta o fator tático que é Hettsheimeir, sem dúvida. Mas não é só isso. Nesses amistosos, a seleção vai se dando conta de que não pode depender tanto do volume exterior para pontuar. Está muito claro que Triano e Pitino estudaram bem o time de Magnano depois do Pan e armaram suas defesas de modo que o arremesso exterior fosse varrido do mapa. Vitor Benite (0-5) é o principal alvo, logicamente, sendo sufocado em sua movimentação fora da bola.O ex-flamenguista tem recursos para criar a partir do drible, mas sua eficiência tende a diminuir nessas situações. Ainda assim, o armador foi o único a conseguir criar jogadas por conta própria contra a fortíssima retaguarda canadense ao por a bola em quadra. (13 pontos em 28 minutos, com 6-15 nos arremessos, mais 3 assistências e nenhum turnover). Marquinhos, Meindl e os armadores precisam agredir um pouco mais e, a partir do drible, fazer a bola rodar em busca de bons arremessos.

*    *   *

Em termos atléticos, Augusto foi o único que pareceu não se incomodar com o que via do outro lado (17 pontos, 6 rebotes, 2 tocos e 8 lances livres batidos em 24 minutos). Dá realmente gosto de ver sua desenvoltura em quadra e o quanto cresceu nos últimos anos. O próximo passo é refinar o chute de média distância e desenvolver um movimento mais seguro quando perto da cesta, de costas.


Porto Rico vence Brasil: notas sobre o amistoso
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Giancarlo Giampietro

Balkman, sempre dando trabalho à defesa brasileira

Balkman, sempre dando trabalho à defesa brasileira

A Copa Tuto Marchand é um evento meio estranho. Tem estatísticas da Fiba, nome de torneio, banca de oficial, mas não passa de um conjunto de amistosos que serve para seus participantes dar uma espiada nos adversários às vésperas de uma Copa América, embora todos saibam que nem tudo está sendo mostrado. Só uma coisa ou outra. Pegue a partida entre Brasil e Porto Rico pela primeira rodada desta edição 2015, neste domingo. Em um pedido de tempo no quarto período, com o jogo praticamente descarrilado já, Rubén Magnano abriu espaço para Gustavo de Conti passar uma jogada. Planejaram uma conexão direta em ponte aérea. O tipo de jogada para buscar uma cesta decisiva ao final da partida. Não deu certo, mas era uma cartada ali.

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Esse é um exemplo de situação que mostra como essas partidas em San Juan não devem ser levadas muito a sério, e não só pelo fato de a seleção ter sido derrotada pelo time da casa por 79 a 66. De qualquer forma, os jogos apresentam alguns indícios. Sem TV para registrar os acontecimentos, o canal oficial para se acompanhar o torneio é a LiveBasketball.TV, pagando por assinatura. Com base no que pudemos ver contra os porto-riquenhos, seguem algumas notas.

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Foi uma partida beeeem diferente em relação ao que aconteceu no Pan-Americano. Porto Rico jogou com muito mais pegada e estrutura, já devidamente influenciado por Rick Pitino. Imagino o célebre técnico da Universidade de Louisville tenha usado a surra histórica que a equipe tomou em Toronto a seu favor para pilhar seus atletas — e também para amainar um pouco o orgulho ferido. Os brasileiros conseguiram fazer apenas três pontos de contra-ataque, diante de uma defesa em transição muito atenta. Foi claramente uma prioridade para o treinador que é um mestre nesse tipo de lance.

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É preciso dizer que, a despeito do desfalque de José Juan Barea, John Holland e Maurice Harkless — supostamente o trio titular no perímetro –, esta já era uma seleção porto-riquenha também distinta daquela de semanas atrás, especialmente pela presença sempre energética de Renaldo Balkman no quinteto titular. O cabeleira é uma figura muito influente quando o basquete Fiba está em quadra.

Balkman deu muito trabalho a qualquer defensor que estivesse à sua frente. Com agilidade e vigor, passou facilmente por Giovannoni e Olivinha, para acumular 16 pontos, 4 rebotes, 3 assistências, 2 roubos de bola e 2 tocos em 26 minutos, batendo seis lances livres. Ele basicamente fez o que quis em quadra, iludindo os brasileiros com fintas para um chute suspeito do perímetro. Botava a bola no chão, e aí era um abraço, com ataques rápidos em direção à cesta. Fora da rotação, Marcus Toledo não teve a chance de bater de frente com o veterano. Seria um duelo muito interessante.

Esse aspecto de rapidez e velocidade chamou a atenção: mesmo quando o ala-pivô ex-Knicks e Nuggets estava no banco, os caribenhos em geral tiveram o time mais leve em ação, com Devon Collier e Ramon Clemente também prevalecendo em seus movimentos. Concentrando-se em propósitos defensivos, é provável que Rafael Mineiro tenha de ficar mais tempo em quadra durante a Copa América, ao lado de Augusto.

*    *    *

Augusto Lima, do outro lado da quadra, fez das suas. Sem Daniel Santiago e Peter John Ramos, Porto Rico tem alas-pivôs móveis, mas pode enfrentar dificuldade na hora de proteger a cesta na busca por uma vaga olímpica, pelo menos a julgar por esta partida. Tanto o pivô do Murcia, extremamente atlético e voluntarioso, como JP Batista, mais lento, mas inteligente em seus cortes e com excelente munheca, se deslocaram muito bem pela área pintada e pontuaram com eficiência perto da tabela, enfrentando pouca resistência na cobertura. Foram 14 pontos e 4 rebotes ofensivos para Augusto, em 17 minutos (6-11 de FG) e 18 pontos em 20 minutos para João Paulo (com 8-12). Foram os dois jogadores mais lúcidos do Brasil.

*   *   *

Os dois pivôs brasileiros tiveram atuação eficiente e arriscaram juntos 35% dos arremessos da seleção e tiveram boa assessoria da turma de fora.  No geral, porém, o time não movimentou bem a bola. Foi um nível bem abaixo de rapidez em relação ao que vimos em Toronto, isso é certo. E aqui não estamos falando só de contra-ataque, de transição. Mas de ritmo de jogo, mesmo, de movimentação de bola. É nesses detalhes — e, não, nos números — que vocês devem notar a diferença que um armador com a cancha e vocação de passe de Rafael Luz pode fazer, gente.

Parte disso se justifica pela postura mais combativa dos caribenhos, claro. Outra parte da resposta vem do fato de Magnano ter promovido uma rotação claramente alternativa, na qual Rafael jogou apenas oito minutos, Benite ficou com 17, enquanto os caçulas Deryk Ramos e Danilo Siqueira jogaram, respectivamente, 15 e 16 minutos. Mas por vezes os atletas parecem muito acomodados e confiantes em dar a bola para Marquinhos e deixar o veterano ala resolver as coisas em jogadas individuais. Isso já havia acontecido bastante nos amistosos em Brasília e não é saudável.

Não que o ala flamenguista não tenha bola para isso. É difícil encontrar um marcador no mundo Fiba que consiga freá-lo quando ataca a cesta. De toda forma, quando servido em movimento, em progressão em direção ao aro, ele fica ainda mais perigoso. Essa é uma opção para finais de jogada, lances mais apertados, claro. Talvez a preocupação aqui seja dar mais ritmo a Marquinhos, que está voltando de férias. Não à toa, foi o brasileiro que mais jogou, com 27 minutos (sete a mais que JP). Quando o torneio para valer começar, espera-se que o ala esteja mais entrosado e afiado. Com seu pacote de mobilidade, altura, visão de quadra e habilidade, é uma peça mais que bem-vinda, que cai como uma luva, caso a equipe repita o padrão de jogo que a levou à conquista do ouro na metrópole canadense.

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Outro ponto a ser considerado no ataque: , Giovannoni, Olivinha e Marquinhos vão precisar acertar seus disparos ou ao menos representar alguma ameaça nesse sentido. Do contrário, o espaçamento de quadra vai para o buraco, e os ângulos de infiltração serão tapados. De modo que as defesas poderão se dedicar muito mais à fiscalização de Benite, deslocando adversários para cobrir sua trilha longe da bola. Goste-se ou não de ver Rafael Hettsheimeir chutando de três pontos, o fato é que um pivô com chute hoje faz parte integral do plano tático de Magnano.

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Entre os mais jovens, Danilo teve seus momentos. Sua primeira passada é algo que pode ser explorado mais em movimentações fora da bola, ou em ataques após as tradicionais parábolas pelo fundo da quadra. Pode render bem como reserva de Benite, mostrando visão de jogo para distribuir a bola. Deryk foi um pouco mais comedido. Melhorou bem no segundo tempo, procurou buscar a bola em rebotes longos para tentar dar um pouco mais de velocidade à transição ofensiva, mas não conseguiu quebrar a primeira linha defensiva de Porto Rico, terminando com quatro assistências e quatro turnovers. Merece mais chances, de qualquer forma, contra Canadá e Argentina.

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No primeiro jogo da noite, a jovem seleção canadense, cercada de imensa expectativa, venceu os argentinos por por 85 a 80. Foi também um duelo de altos e baixos. Facundo Campazzo  ficou fora de um lado e Corey Joseph do outro. Sem o tampinha, a equipe de Sergio Hernández perde em velocidade e criatividade, dependendo ainda mais dos veteranos e infalíveis Scola e Nocioni. Os campeões olímpicos marcaram 23 pontos cada, em 57 minutos. Nicolás Laprovíttola anotou 16 pontos e deu 4 assistências, em 31 minutos. O caminho para os hermanos é ter o barbudo ex-Fla, agora no Lietuvos Rytas, ao lado de Campazzo. Do lado do Canadá, a linha de frente titular teve Anthony Bennett, que fez ótimo Pan, ao lado de Kelly Olynyk, o jogador de NBA deles mais experiente em competições Fiba. Andrew Wiggins marcou 18 pontos em 26 minutos.


Tudo por LeBron: o malabarismo do Cavs para vencer e convencer o astro
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Giancarlo Giampietro

Seu time está no centro das chacotas por anos e anos? Você não tem coragem de assumir para quem torce e, no final, tenta escapar dizendo ser um “admirador profundo do estilo de basquetebol do San Antonio Spurs”? Você nem, mesmo, veste a camisa para bater, casualmente, uma bola na praça? Calma, gente. Isso não te obriga a jogar fora o uniforme. Pode ser que ainda dê tempo de reutilizá-lo – desde que não perca de vista a balança, claro. Os finalistas da NBA 2014-2015 nos ensinam que, das profundezas, após muitas trapalhadas no Draft, desmandos da diretoria, conflitos entre jogador e técnico, pode emergir um candidato ao título. Mesmo que demore um pouco. Ontem, publiquei a lista de dez episódios marcantes da história do Golden State Warriors, que nos ajudam como demorou tanto – precisamente 40 anos – para que a franquia retornasse a uma decisão. Hoje, as idas e vindas do Cleveland Cavaliers em torno de LeBron James:

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Um rei e um reino para conquistar

Façamos as contas: LeBron James está na NBA há 12 anos. São oito pelo Cleveland Cavaliers e quatro pelo Miami Heat. Em Ohio, chega a sua segunda final de NBA, enquanto, na Flórida, foram quatro. Pelo Cavs, busca o primeiro título. Pelo Heat, ganhou dois. Ok, então. Com a devida ressalva de que recebeu em 2003 um jogado ainda adolescente, em formação, não há como negar ao mesmo tempo que o clube demorou muito para capitalizar, durante a década passada, um dos maiores craques do esporte. Foram muitas falhas estruturais que propiciaram um produto aquém das expectativas em quadra e resultou na migração dos talentos de LeBron a South Beach, causando desespero geral em Cleveland, camisas queimadas, carta rancorosa de bilionário, até que os ânimos fossem apaziguados e o Rei Retornasse. Vamos lá:

– Antes de LeBron
Os deslizes aconteceram enquanto o jovem astro estampava capas de revista como colegial. Nos dois Drafts antecedentes ao de LeBron, o Cavs escolheu o pivô DeSagana Diop em 2001, na oitava colocação, e o ala-armador Dajuan Wagner, em 2002, na sexta. Nenhum deles conseguiu ajudar o craque, com status assustadoramente messiânico. Em retrospecto, se o Cavs tivesse acertado duplamente, talvez não tivesse nem mesmo condições de receber James em 2003. Ou, talvez, a produção de um calouro ainda não fosse o suficiente para elevar tanto assim o padrão de um time caótico, gerenciado (?) por Jim Paxson –  ex-jogador e irmão mais velho de John, o vice-presidente do Bulls.

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Diop vocês conhecem, já que deu um jeito de ficar na liga por mais de dez temporadas, se aposentando em 2013, mesmo que nunca tenha superado a média de 3 pontos por jogo. Sim, não tem erro de digitação aqui, não: foram 3,0 em 2006-07, e daí para baixo. O senegalês conseguiu a proeza de fazer mais faltas do que pontos em sua carreira (1.219 x 1.185). Nos, hã, bons tempos, Diop até protegia o aro em Dallas, revezando com Erick Dampier como segurança de Dirk Nowitzki. Mas foi muito pouco para justificar uma escolha tão alta, saindo direto do high school. Essa era a febre do momento, a captação de adolescentes antes mesmo de sua entrada no basquete universitário, e o recrutamento de 2001 foi um marco nesse sentido: Kwame Brown saiu em primeiro, Tyson Chandler, em segundo, Eddy Curry, em quarto. Kwame e Curry foram decepções, mas renderam muito mais que o africano, selecionado enquanto nomes como Joe Johnson, Zach Randolph, Richard Jefferson, Troy Murphy, Jason Collins, Brendan Haywood e Samuel Dalembert estavam disponíveis. Não vale mencionar Tony Parker aqui, pelo fato de o francês ter sido uma aposta inesperada do Spurs ao final da primeira rodada.

Quanto a Wagner, recordamos uma das histórias tristes recentes do basquete americano. Quando garoto, chegou a ser comparado a Allen Iverson. É aquele tipo de paralelo que sempre parece injusto, mas registre-se que o rapaz chegou a marcar 100 pontos numa partida de high school em New Jersey. Extremamente badalado, o cestinha preferiu jogar um ano por John Calipari na Universidade de Memphis. Sua experiência na NCAA não foi das melhores, mas a fama dos tempos de colegial ainda inflacionava sua cotação para o Draft de 2002. Nenê, Amar’e Stoudemire, Caron Butler e Chris Wilcox foram escolhidos entre os sétimo e décimo lugares.

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Tivesse esperado mais, talvez não assinasse nenhum contrato com a NBA. Wagner sofreu diversas lesões e com problemas de saúde em suas três primeiras temporadas e desfalcou o Cavs em 144 jogos. Na campanha 2004-05, então, foi afastado por conta de uma colite ulcerosa. É uma doença inflamatória intestinal rara, com incidência em 0,1% da população americana, por exemplo, e considerada crônica por muitos especialistas. No caso de Wagner, a medicação não surtia efeito. Em 2005, então, ele passou por uma cirurgia para remoção completa do cólon. Dispensado pelo Cavs, ele ainda tentou retornar a jogar em 2006, assinando com o Golden State Warriors. Novamente doente, foi cortado do elenco após uma partida e sete minutos. Estima-se que, ao menos, tenha ganhado  mais de US$ 8 milhões devido ao primeiro contrato.

– O primeiro time a gente não esquece
É preciso entender que a ideia de Jim Paxson não era ter uma boa equipe no início da década. O dirigente adotou a estratégia do quanto pior, melhor, para concorrer aos principais calouros da liga. Quando LeBron chegou em 2003, o cenário era de terra arrasada, mesmo. De qualquer forma… aquele elenco do Cavs era qualquer coisa de frankenstênico. Bad boys, veteranos improdutivos (Eric Williams, Ira Newble, Lee Nailon, Kevin Ollie, Tony Battie, Argh Argh), fiascos de Draft (já citados) e o caos geral: ao todo, 21 atletas se fardaram pela equipe no campeonato.  É tanta informação aqui, que a CPU começa a esquentar, castigando a ventoinha.

Darius Miles: presente para quem?

Darius Miles: presente para quem?

Os bad boys: Darius Miles, um promissor ala selecionado pelo Clippers em 2000, também vindo direto do high school, mas criticado constantemente por seus técnicos devido ao comportamento pouco entusiasmante em treinos e jogos; Ricky Davis, um cestinha explosivo, mas também fominha inveterado e que, num jogo contra o Utah Jazz, já arremessou contra a própria cesta para pegar o ‘rebote’ e completar um suposto triple-double. Despertou a ira de Jerry Sloan, que ordenou, em nome do basquete, que seus jogadores o quebrassem em quadra. Você por acaso gostaria de cercar seu prodígio com companheiros assim? Pobre Paul Silas, um técnico que, nos tempos de atleta, foi um grande pivô e também referência de vestiário.

Paxson ao menos entendeu o perigo dessa situação e se livrou dos dois jogadores. Primeiro, em dezembro, mandou Davis para o Boston. Em janeiro, Miles foi despachado para Portland. Quando chega a hora de desfazer de um problema, dificilmente virá em contrapartida o jogador dos sonhos. No pacote por Davis, ainda foi incluído o pivô Chris Mihm. Ambos foram trocados pelos alas Eric Williams e Kedrick Brown e o pivô Tony Battie. Aos 31 anos, já degastado, Williams acertou apenas 25,3% de seus tiros de três pelo Cavs e 36,6% dos chutes em geral. Battie teve médias de 5,4 pontos e 4,8 rebotes em 19 minutos, mas, com 2,11 m e boa capacidade atlética, convertia apenas 42,7% de seus arremessos. Dramático. Miles ao menos rendeu ao Cavs o armador Jeff McInnis, que ajudaria LeBron na condução do time, que até ensaiou uma reação e lutou por vaga nos playoffs, terminando com 35 vitórias e 47 derrotas. Aos 29 anos, porém, não era uma solução de longo prazo.

Mesmo jovem, para um jogador inteligente como LeBron, só dois parceiros deveriam se safar: Zydrunas Ilgauskas, com quem desenvolveu ótimo relacionamento, e Carlos Boozer, um acerto de Paxson no Draft de 2002, para compensar todos os problemas que teve com Wagner. Juntos, os dois pivôs contribuíram naquele ano com 30,8 pontos e 19,5 rebotes. O ala Jason Kapono não conseguia marcar nem a própria sobra, mas ao menos era um excelente chutador para tentar espaçar a quadra – o único especialista no elenco. Em 2005, ficou fora da lista de protegidos no Draft de expansão para a formação do elenco do Charlotte Bobcats e acabou recrutado.

Agora, um detalhe: nem mesmo uma boa notícia como o rendimento de Boozer duraria muito. O pivô revelado pelo Coach K passou a perna na diretoria do Cavs ao final do campeonato. Por ter sido escolhido na segunda rodada, seu contrato tinha um valor já bastante defasado. Querendo agradar o jovem pivô, então de 22 anos, o clube concordou em exercer uma opção contratual para torná-lo agente livre e aí fechar com ele um acordo muito mais lucrativo. Foi tudo acertado verbalmente (algo, em tese, proibido pela liga). Boozer foi liberado e… Assinou com o Utah Jazz. Uma punhalada que o tornou persona non grata em Cleveland. O jogador recebeu uma bolada, foi eleito duas vezes para o All-Star Game em sua nova equipe, mas virou as costas para LeBron. Valeu a pena? Bom, talvez a bagunça fosse tão grande que ele não se importasse.

– Procura-se um ala
Não dava para depender de Williams e Newble, obviamente. Paxson conhecia a necessidade de buscar um parceiro para LeBron no perímetro. O Draft de 2004 era uma boa oportunidade para tanto. Na décima posição, não daria para escolher Andre Iguodala, Luol Deng ou Josh Childress. Então foram de Luke Jackson. Jackson não era tão comentado assim quando jogava pela Universidade de Oregon, mas que impressionou os olheiros durante a fase de treinos. Já tinha 23 anos e teoricamente estava pronto para contribuir, com um perfil técnico que se encaixava: tinha capacidade atlética, bom arremesso e visão de quadra. Pelo menos era o que o gerente geral do Cavs enxergava. Só não deram tanta atenção aos exames médicos, físicos realizados pelo jogador. Assim como Wagner, Jackson mal conseguiu parar em pé. Em dois anos, disputou apenas 46 partidas pelo time, com média inferior a oito minutos e um total de 125 pontos. Aos 27,  já não estava mais na liga.

Pavlovic, não deu

Pavlovic, não deu

Já preocupado com a condição de Jackson, o cartola, então, orquestrou uma troca ao final da temporada, dando uma escolha futura de Draft ao Charlotte Bobcats, para receber Sasha Pavlovic. O sérvio já havia sido descartado pelo Utah Jazz, mas era jovem, com 21 anos e potencial a ser explorado. Só recebeu, porém, 13 minutos em média no primeiro ano em Cleveland, enquanto Ira Newble recebia 23 minutos. Foi reserva  durante boa parte de sua estadia em Cleveland. Em fevereiro de 2005, então, uma nova negociação foi feita, por mais um europeu: o tcheco Jiri Welsch, que vinha do Boston Celtics, custando ao time mais uma escolha de Draft. O tcheco era habilidoso com a bola, bom passador, versátil, mas havia mostrado pouco por Golden State ou Boston para justificar a transação. Em junho, já seria repassado ao Milwaukee Bucks.

Aqui, já começa um padrão bem maluco: o time sacrificava seu futuro para (tentar) melhorar de imediato, mesmo que sua jovem estrela estivesse apenas no segundo ano de liga. As duas escolhas gastas seriam usadas em 2007, respectivamente com  Jared Dudley e Rudy Fernández. Quando o Cavs foi eliminado pelo Celtics em 2010, Dudley era um jogador importante na rotação do Phoenix Suns, vice-campeão do Oeste. Bom defensor, sólido arremessador da zona morta, inteligente, poderia o ala poderia, quiçá, ter sido um Shane Battier antecipado na vida de LeBron.

– Troca de comando
Dan Gilbert comprou o Cleveland Cavaliers em março de 2005 e prometeu mudanças. Três semanas depois, Paul Silas foi demitido, com uma campanha de 34 vitórias e 30 derrotas. A equipe estava dentro da zona de classificação para os playoffs, mas vinha perdendo rendimento. O experiente assistente Brendan Malone foi promovido e venceu 8 de 18 partidas. O time acabou eliminado na temporada regular. Aí foi a hora de Jim Paxson procurar outro emprego também, mesmo que, antes de o campeonato começar, tivesse fechado uma excelente troca para amenizar a saída de Boozer: mandou Tony Battie para Orlando e recebeu Drew Gooden (quarta escolha em 2002) e Anderson Varejão, a primeira escolha da segunda rodada naquele ano (30º no geral). Além disso, cuidou para que o clube tivesse espaço em sua folha salarial para investir para a próxima temporada. O conjunto da obra era fraco, mesmo.

Danny Ferry foi o escolhido para o seu lugar – contratado depois de Mike Brown, aliás, o novo técnico. Ele havia defendido o Cavs na década de 90 e vinha trabalhando em San Antonio, cidade que havia conquistado dois títulos em três anos. O novo gerente geral tinha uma grande oportunidade de remontar a equipe em torno de LeBron – mas também trabalhava pressionado por Gilbert, que queria os playoffs a qualquer custo.

Dan Gilbert, Danny Ferry, Mike Brown, LeBron James: sobraram dois

Dan Gilbert, Danny Ferry, Mike Brown, LeBron James: sobraram dois

Ray Allen e Michael Redd eram os alvos iniciais, mas renovaram com Seattle e Milwaukee, respectivamente. Pois Ferry, em vez de usar da precaução e manter a flexibilidade financeira, torrou uma bela grana em opções alternativas que se provaram, em retrospecto, errôneadas: o ala-armador Larry Hughes, Donyell Marshall e Damon Jones.

O maior equívoco foi Hughes. Se, no futuro, haveria questões sobre como o jogo de Dwyane Wade e o de LeBron poderia se encaixar, com o ala-armador ex-Wizards simplesmente não rolou. Era mais um jogador que precisava da bola para entrar em ritmo no ataque, mas tinha um chute de longa distância ainda menos eficiente (30,9% de três na carreira e 34,2% com a camisa do Cavs). Lembrando que LBJ ainda tinha Para complicar ainda mais o entrosamento se lesionou no primeiro ano em Cleveland e não rendeu bem nos playoffs. Marshall e Jones seriam os gatilhos para tentar remediar essa carência, depois de terem se valorizado bastante nas duas campanhas anteriores. Mas já eram veteranos, perto do declínio físico.

Cavs sonhava com Redd, se contentou e pagou muito por Hughes (d)

Cavs sonhava com Redd, se contentou e pagou muito por Hughes (d)

O Cavs melhorou consideravelmente e alcançou a marca de 50 vitórias pela primeira vez desde 1993mas , isso tinha muito mais a ver com a evolução natural de LeBron e com a fortíssima defesa orientada por Brown, do que por melhora significativa no plantel, e Ferry já estava de mãos atadas. A ponto de as próximas contratações de agentes livres terem sido mais veteranos em final de carreira David Wesley, Scott Pollard, Devin Brown e Lorezen Wright, caras para compor o banco, e olhe lá. Qualquer evolução a partir daí caberia ao craque e ao treinador, mesmo.

A campanha de 2007 foi idêntica: 50 triunfos e 32 derrotas. Nos playoffs, porém, o time deslanchou, batendo Wizards, Nets e Pistons para conquistar o Leste pela primeira vez em sua história. Na decisão regional contra Detroit, LeBron teve uma das melhores atuações de sua careira. Na verdade, dá para especificar: uma das duas melhores – ao lado do Jogo 6 da final do Leste de 2012 contra o Boston Celtics. Tive o prazer de gravar um VT desta partida de , pelo Sports+, neste ano, ao lado do chapa Marcelo do Ó. Era o Jogo 5 da série, e o craque, aos 22 anos, realmente fez de tudo pela vitória:  anotou 25 pontos consecutivos para o Cavs entre o quarto período e a prorrogação, e 29 dos últimos 30 do seu time, chegando a 48 para derrubar Billups, Hamilton, Prince e Rasheed, a base campeã em 2004. Foi um divisor de águas para a estrela: ainda havia muita gente disposta a questionar sua integridade em momentos decisivos.

Se LeBron foi heróico, é por ter precisado agir assim, fora de seu modus operandi. Na visão do craque, basquete é um jogo que se vence e perde em conjunto. Acontece que, com Eric Snow, Daniel Gibson, Jones, Hughes e Pavlovic ao seu lado, fica difícil. A rotação de pivôs era sólida, com Ilgauskas ainda em relativa boa forma, Varejão aprontando das suas, Gooden e Marshall. Mas a turma do perímetro… Sem condições. Tirando o camisa 23, não havia ninguém ali em condições de criar jogadas. As tentativas de Pavlovic, sem aliviar, chegavam a ser hilárias. Eric Snow estava mais para Stone, com sua postura petrificada. Gibson era um calouro.

Na decisão, de qualquer forma, veio o choque de realidade: foram varridos pelo San Antonio Spurs. Era outro ponto a mais para se considerar:  a conferência é fraca há tempos já. Havia o decadente Detroit Pistons, e mais nada – o revival do Boston Celtics só aconteceria no ano seguinte, o Indiana Pacers foi destroçado por Ron Artest e o Chicago Bulls de Scott Skiles era quase um fac-símile da versão Thibs: defendia horrores, com operários adoráveis, mas morria nos playoffs. Ciente de que o que tinha em mãos não era o bastante, a diretoria passou a perseguir trocas. No entanto, o velho dilema se repete: se você está interessado em se desfazer de um contrato ruim, é bem provável que vá ter de receber o entulho do outro.

– A ciranda
Ninguém vai poder dizer que Ferry não tentou. Em fevereiro de 2008, veio a primeira chacoalhada, numa negociação tripla, mandou Hughes, Marshall, Gooden, Shannon Brown e o pivô Cedric Simmons embora, dando lugar a Ben Wallace, Joe Smith, Wally Szczerbiak e Delonte West. A equipe foi eliminada pelo Boston Celtics na semi do Leste (4 a 3). Em agosto do mesmo ano, trocou Smith e Jones por Mo Williams, cujas habilidades eram um ótimo complemento para as de LBJ. O Cavs conseguiu a melhor campanha da história (66 vitórias e 16 derrotas), mas perdeu na final de conferência para o Orlando Magic, de modo surpreendente. Então que mudassem de novo, em junho de 2009 trouxe Shaquille O’Neal de Phoenix, pagando Wallace, Pavlovic, uma escolha de Draft e US$ 500 mil. Por fim, no meio da temporada 2009-10, partiu o coração de muita gente ao trocar Zydrunas Ilgauskas e mais uma escolha de Draft para ter Antawn Jamison e Sebastian Telfair. E o Cavs voltou a perder para o Celtics, por 4 a 2, pela segunda rodada.

Olhar o quê, exatamente?

Olhar o quê, exatamente?

Com exceção de West e Williams, a esmagadora maioria das aquisições foi de jogadores envelhecidos, bem distante de seu auge atlético. Foram todas contratações um tanto desesperadas, imediatistas, para tentar agradar a LeBron antes que ele se tornasse um agente livre. Não funcionou. Por mais competitivo que o time tenha sido, a frustração por tantos revezes consecutivos nos playoffs foi enorme. Será que nem mesmo um craque desse porte conseguiria livrar Cleveland de sua teimosa maldição? Numa última medida, Gilbert saiu dos bastidores e demitiu Brown, apesar da equipe ter feito a melhor campanha nas últimas duas temporadas combinadas. Ferry não aprovou a decisão, e acabou se desligando do time também “em comum acordo” (aquela de sempre). Seu assistente, Chris Grant, foi promovido. Byron Scott foi contratado. LeBron se mandou para Miami.

– A reconstrução
Não há como se recuperar de imediato com uma perda dessas. Simplesmente não dá, especialmente depois de o clube ter apostado todas as suas fichas em negócios de pouco fôlego. Byron Scott jamais vai admitir isso, mas duvido que topasse a oferta do Cavs se soubesse que sua rotação na temporada regular seria composta por Mo Williams, Ramon Sessions, Daniel Gibson, Anthony Parker, Antawn Jamison, Anderson Varejão, JJ Hickson e Ryan Hollins. Conta outra.

O que Grant conseguiu fazer foi juntar cacos peças para o futuro. Ajudou já o fato de ter fechado um sign-and-tarde com o Miami Heat, já coletando duas escolhas de primeira rodada do Draft e duas de segunda. Nenhuma delas foi aproveitada pelo time em sua rotação, é verdade. Mas foram triunfos para outras transações. Outra escolha de segunda rodada veio em um negócio tramado com o Minnesota Timberwolves (Telfair e West por Sessions e Hollins). A terceira troca foi ainda mais lucrativa: assimilou o contrato de Baron Davis, dando Williams ao Clippers, para receber uma escolha de Draft de 2011. A franquia californiana pretendia abrir espaço salarial e caçar novos atletas (CP3 chegaria nessa). Mas o pick cedido deu ao Cavs a sorte grande: Kyrie Irving. Sem saber, a franquia começava a pavimentar a via para o Retorno. Em quarto, adicionou Tristan Thompson, coincidentemente agenciado por um amigo de infância de LeBron, Rich Paul. Para completar, ainda mandaram JJ Hickson para Sacramento, por Omri Casspi e mais uma escolha.

O processo de acúmulo de ‘ativos’ continuou na campanha 2011-12, quando Ramon Sessions foi enviado ao Los Angeles Lakers em troca de Luke Walton e mais um pick de primeira rodada, além do direito de inverter a ordem de seleção com o time californiano em 2013, se julgasse necessário (aconteceu). Para não perder a conta, nessas cinco transações, foram adquiridos seis picks de primeira rodada. No Draft, chegaram Dion Waiters e Tyler Zeller. Uma sexta troca, agora com o Memphis Grizzlies, renderia nova escolha, para que pudessem acolher Wayne Ellington, Marreese Speights e Josh Selby. Nenhum deles seria uma peça integral, mas o que valia era o suculento adicional do negócio.

Na teoria, o time ia se abastecendo de jovens atletas e moedas de troca valiosas para o futuro. Na prática, verdade seja dita, o time era uma bela porcaria, vocês sabem. Foram 64 vitórias em 230 jogos. E aí que a paciência de Gilbert chegou ao limite. O proprietário enquadrou Grant, dizendo que era a hora de obter resultados mais concretos. Sobrou primeiro para Scott, que não conseguiu desenvolver seus atletas, muito menos instaurar uma aura vencedora no vestiário – ainda que uma cobrança dessas fosse uma baita hipocrisia, considerando que o evidente plano do gerente geral era perder para pensar no futuro. Assim como faz o Philadelphia 7e6rs hoje.

A escolha de Draft do Memphis que chegou a Cleveland com Wayne Ellington ajudou na troca por Timofey Mozgov

A escolha de Draft do Memphis que chegou a Cleveland com Wayne Ellington ajudou na troca por Timofey Mozgov

Antes de Lebron, então, quem voltou foi Mike Brown, com um contrato de cinco anos e US$ 25 milhões. Ele retomava seu antigo cargo com o privilégio de poder orientar dois novatos número 1 do Draft, já que Anthony Bennett se juntava a Irving. O russo Sergey Karasev era mais um jogador jovem para a base. No mercado, contratou Jarrett Jack (pagando demais), Earl Clark e Andrew Bynum (uma roubada). No meio do campeonato, pela primeira vez desde 2010, o Cavs faria uma troca na qual o jogador mais relevante estava chegando, em vez de saindo: Luol Deng. Mas o time não evoluiu da forma que Gilbert esperava.

O desempenho de Bennett era decepcionante, e Bynum armou um circo, antes de ser envolvido na transação por Deng. A sucessão de erros recentes custou a demissão de Grant. David Griffin foi promovido e ainda teve de providenciar a chegada do pivô Spencer Hawes, do Sixers, numa vã tentativa de subir na tabela. Os veteranos não influenciaram a campanha,  e o time ficou fora do playoffs. Foi a vez de Brown ser novamente chutado para escanteio, mesmo com US$ 20 milhões ainda por receber da franquia.

De todo modo, a visão geral de Grant estava correta. O time estava preparado para avançar, ainda que tenha tropeçado feio em seu último ano de gestão. O campeonato ruim colocou o time novamente na loteria do Draft, e o restante dos concorrentes entrou em choque ao saber que, pela terceira vez em quatro anos, a família Gilbert era agraciada novamente com o primeiro lugar da lista e o direito a optar entre Andrew Wiggins, Jabari Parker e Joel Embiid. Uma das escolhas de Draft acumuladas durante o processo foi enviada por Griffin para o Boston Celtics, ao lado de Tyler Zeller, para que o clube pudesse se desfazer dos contratos de Jack e Karasev. Estava aberta a trilha para a contratação de LeBron – e de Kevin Love. Outra das escolhas foi usada para aquisição de Timofey Mozgov, enquanto Dion Waiters foi peça central na troca por Iman Shumpert e JR Smith. Aí… Bem, aí que o Cavs torna a disputar o título depois de oito anos.

Desde que publicou sua celebrada carta na Sports Illustrated, LeBron pediu paciência a todos. Que as coisas levariam um tempo até a se ajustar. Quando se apresentou ao clube, porém, ficou claro que o mais ansioso pela conquista de bons resultados era o próprio craque. Vem daí a troca de Wiggins por Love. O astro também deu uma canseira em David Blatt, deixou claro seu descontentamento com o próprio Love e com Irving e Waters em diversas partidas e não parou de mandar recados, velados ou não. Seu discurso inicial não poderia ser mais vazio. LeBron queria o título, e para já. Agora tem uma segunda chance, em busca da redenção em sua terra natal.  A diretoria, mais uma vez, cedeu a todos os seus pedidos. Só esperam todos que o desfecho seja diferente. Para agora e um pouco mais à frente.


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Oeste
>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Leste

Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

david-griffin-cavs-executivo

David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Tal pai, tal filho? Segunda geração invade as quadras da NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Não é um fenômeno recente. Digo, um fenômeno de agora. Mas é algo que vem ficando mais e mais recorrente. A cada temporada da NBA, temos a chance de revisitar alguns sobrenomes bastante familiares – ao menos para a minha geração, a dos trintões desse Brasil profundo. Acho que começou com o Patrick Ewing Jr., ou algo assim. Mas aí veio muito mais: Hardaway, Robinson, Rice… Até chegarmos a um STOCKTON no mês passado. É uma segunda geração cara-de-pau, que não viu problema algum em seguir os passos de seus pais famosos. “Encaramos isso como se você o nosso tempo agora”, afirma Tim Hardaway Jr., o ala do Knicks. “Eles já tiveram o deles.”

Vamos recuperar alguns desses nomes, então? Escrevo “alguns” pois me parece meio que impossível dar conta de todos os caras espalhados por aí. Se você se lembrar de mais um, favor entrar em contato com a secretaria, que anda ocupada, mas é atenciosa. Serviço de utilidade pública, gente. Por favor.

Para não virar uma bagunça, vamos dividi-los por categorias – incluindo alguns universitários que podem aumentar a legião nos próximos anos. Aqui, vamos agrupar os atletas cujos pais jogaram na liga pelo menos em alguma temporada dos anos 90, tá? Porque, acho, deixa a coisa mais legal, devido à maior chance de familiaridade com eles. Desta forma, que nos desculpem Kobe/Joe “Jellybean” Bryant, Kevin/Stan Love (o parente mais famoso do ala-pivô, na real, é o tio Mike Love, vocalista dos Beach Boys) e Joakim/Yannick Noah (do tênis, dãr):

>> Difícil de superar
A molecada vai ter de suar e melhorar muito para poder fazer cócegas no currículo paterno.

David/John Stockton

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

Se você é o filho do Pelé e quer jogar futebol de qualquer jeito, o cenário menos exigente talvez fosse virar goleiro, mesmo, como no caso de Edinho. Agora, se o seu pai se chama Stockton, você vai topar ser armador, mesmo? David, convenhamos, é um garoto determinado, para dizer o mínimo. Ainda assim, se formos pegar suas médias na universidade de Gonzaga, a mesma de John, temos modestos 4,8 pontos e 3,1 assistências em 20 minutos. No último ano, antes de se formar, somou 7,4 pontos e 4,2 assistências: nada de outro mundo. Então não há como negar também que o sobrenome deu uma boa ajuda na hora de o rapaz assinar um contrato de training camp com o Washington Wizards no ano passado. Dispensado, entrou na D-League, pela qual foi selecionado pelo Reno Bighorns, a franquia conveniada com o Sacramento Kings. Foi pelo time da capital californiana, com um contrato de 10 dias, se aproveitando da lesão de Darren Collison, que ele fez sua estreia, no dia 21 de fevereiro, ao receber sete minutinhos contra o Los Angeles Clippers. A primeira assistência – e, por ora, a única – de sua carreira foi para o israelense Omri Casspi, num tiro de três pontos no Staples Center. Agora, está de volta a Reno. Uma curiosidade? David, na verdade, não foi o primeiro descendente direto de Stockton a se associar a um clube da NBA. Seu filho mais velho, Michael, profissional na Alemanha, já havia defendido o Utah Jazz numa liga de verão em 2012.

O que o pai fez? Só é o líder no ranking histórico de assistências e roubos de bola da NBA, membro do Dream Team original, duas vezes campeão da Conferência Oeste e jogou a vida toda com shorts bem pequenos, mesmo num mundo pós-Iverson.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, tendo vestido uma só camisa, a do Utah Jazz.
Por onde anda? Com muito custo, o Utah consegue tirá-lo de casa para alguma cerimônia. Só atende a ligações de Karl Malone e Jerry Sloan.

Tim Hardaway Jr./Sr.

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Ala do Knicks, mas vai saber até quando. Eleito para a seleção da Big Ten quando defendeu a Universidade de Michigan, pela qual foi vice-campeão da NCAA em 2013. Foi selecionado na 24ª posição do Draft daquele ano. Em duas temporadas pelo Knicks, alternou bons e maus momentos. No geral, não tem o rendimento dos mais eficientes como cestinha, convertendo apenas 41,2% dos arremessos na carreira e 34,9% de três pontos, com menos de 2 lances livres por jogo. No geral, sua média é de 10,7 pontos por jogo, ou de 16,4 pontos por 36 minutos. Aos 22 anos, poderia ser visto como uma peça de futuro do clube nova-iorquino, mas a verdade é que já foi incluído como moeda de troca em diversas propostas de Phil Jackson, a última delas buscando Goran Dragic.

O que o pai fez? No auge, tinha um dos crossovers mais mortais da NBA, sendo integrante do aclamado trio Run TMC do Golden State Warriors. Em 1993, porém, sofreu uma grave lesão no joelho que lhe roubou a explosão e obrigou a se reinventar como um arremessador em Miami ao lado de Alonzo Mourning. Foi eleito cinco vezes para o All-Star Game e teve médias de 17,7 pontos e 8,2 assistências.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, aos 36, como reserva do Indiana Pacers, e paciência.
Por onde anda? É assistente de Stan van Gundy em Detroit.

Glenn Robinson III/II

Glenn Robinson para tudo que é lado

Glenn Robinson para tudo que é lado

Uma dinastia de Glenn Alan Robinsons, vejam só! O terceiro da linhagem foi draftado Minnesota Timberwolves no ano passado, na 40ª posição. Acompanhou Hardaway Jr. (além de Trey Burke e Mitch McGary) em Michigan, mas esticou sua permanência por lá com a expectativa de que um ano a mais na NCAA serveria para aprimorar sua técnica. Não aconteceu: o ala ainda é tido como um superatleta, mas bastante limitado com a bola em mãos. Sob o comando de Flip Saunders, jogou 108 minutos em 25 partidas em sua primeira temporada, até ser dispensado para a contratação do pivô Justin Hamilton. Foi recolhido pelo Philadelphia 76ers. Tem 21 anos.

O que o pai fez? Foi o primeiro num Draft que tinha Jason Kidd e Grant Hill. Anotou mais de 20 pontos em média por oito temporadas – a média da carreira foi de 20,7. Duas vezes All-Star. Na sua saideira da liga, ainda descolou um título pelo Spurs. Ah, mas claro: ganhou e adotou o apelido de Cachorrão. Aí, sim.
Quando o pai se aposentou? Em 2005, jogando 8,7 minutos em média pelo Spurs nos playoffs.
Por onde anda? Está curtindo por aí. Ganhou mais de US$ 80 milhões em salário.

Glen Rice Jr./Sr.

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Aqui, roubamos um pouco, já que o ala foi dispensado pelo Washington Wizards, perdendo a concorrência por minutos na rotação de Randy Wittman para o veterano Rasual Butler. A princípio, isso poderia parecer humilhante, mas Butler jogou bem o suficiente este campeonato para entendermos a decisão. Rice Jr. agora está de volta ao Rio Grande Valley Vipers, da D-League, aos 24 anos, em busca de uma nova chamada. Sua primeira passagem pela liga de desenvolvimento aconteceu em 2013, quando foi dispensado pela Universidade de Georgia Tech, de tanto que aprontava fora de quadra. Na capital americana, pelo que tudo indica, se comportou bem, mas não teve muitas chances para se provar. Em duas temporadas, ganhou apenas 152 minutos de Wittman, pouco mais de três partidas inteiras.

O que o pai fez? All-Star em três temporadas pelo Charlotte Hornets. Naqueles tempos, tinha um respeito considerável na liga, a ponto de ser incluído como peça principal num pacote de Pat Riley por Alonzo Mourning. Acertou 40% de seus arremessos de três e marcou mais de 18 mil pontos, com média de 18,3. Em 2000, ganhou um título pelo Lakers, sendo titular no timaço de Shaq e Kobe. MVP do All-Star Game de 1997.
Quando se aposentou? Em 2004, como reserva do Clippers.
Por onde anda? Rice reapareceu nos noticiários – políticos! – quando revelou que passou uma noite amorosa com a ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, quando universitários. Hoje, é dono da GForce Promotions, que aspira a ser uma liga de desenvolvimento do MMA nos EUA. Sério.

Austin/Doc Rivers

Técnico e jogador, pai e filho

Técnico e jogador, pai e filho

Austin já foi considerado o melhor prospecto de sua geração quando estava no High School. Passou um ano por Duke, trabalhando com o Coach K. Durante sua única temporada como universitário, porém, viu seu status e encanto diminuir com os scouts. Já em seu terceiro ano como profissional, talvez restem poucos que acreditem que ele possa virar ao menos um jogador decente para a NBA. A vida é dura: o rapaz tem apenas 22 anos. Sua passagem pelo Clippers, clube no qual se tornou o primeiro filho a jogar por seu pai treinador na liga, também não anima tanto.

O que o pai fez? Foi um ótimo armador, eleito All-Star em 1988, quando era um dos escudeiros de Dominique Wilkins pelo Atlanta Hawks, no auge. Ao todo, jogou os playoffs por 10 temporadas, sendo vice-campeão do Leste pelo Knicks em 1993 e vice-campeão do Oeste pelo Spurs em 1995.
Quando se aposentou? Em 1996, pelo Spurs, que tinha Bob Hill como técnico e um então anônimo Gregg Popovich como gerente geral.
Por onde anda? Sabemos bem.

Phil/Paul Pressey

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Phil quem? Talvez só o torcedor do Boston Celtics mais fanático possa dissertar a respeito do armador que fez sucesso pela Universidade de Missouri entre 2010 e 2013, ganhando vários prêmios por lá. Se a fama por lá não foi o suficiente para lhe render uma posição no Draft, ao menos o ajudou para fechar contrato com o Boston Celtics. Danny Ainge o adora e confia que, aos 24 anos e em sua segunda temporada, ainda pode se desenvolver e se tornar uma boa opção de armador reserva. Tem velocidade e visão de quadra, mas o arremesso é falho – tem aproveitamento de apenas 32,8% em 115 partidas, com média de aproximadamente 14 minutos. Acontece que, baixinho por baixinho, acaba de chegar Isaiah Thomas, alguém muito mais qualificado, deixando o futuro de Pressey na Beantown bastante nebuloso.

O que o pai fez? Paul Pressey também teve uma carreira universitária de destaque, em Tulsa, a ponto de ser escolhido um All-American em 1982, quandol também seria selecionado pelo Milwaukee Bucks na 20ª posição do Draft. Jogou pelos Bucks por sete anos, com sucesso, participando de equipes que desafiavam gigantes como o Celtics e o Sixers nos playoffs, sob o comando de Don Nelson. O heterodoxo treinador, aliás, enxergou no ala de 1,96 m a habilidade necessária para torná-lo o condutor do time. Pressey se tornou, então, um dos primeiros “point forwards” da liga, ao estilo de Grant Hill e LeBron James – se é que não foi, de fato, o pioneiro da posição na NBA. Bastante atlético, também competiu em torneio de enterradas e foi eleito duas vezes para a seleção dos melhores defensores da liga.
Quando se aposentou? Em 1993, disputando 18 partidas pelo Golden State Warriors, novamente com Nelson, de quem já era assistente.
Por onde anda? Integra a comissão técnica de Byron Scott no Lakers.

>> Já viraram a referência
Quando os caras dos anos 80/90 passam a ser conhecidos como pais de fulano.

Stephen/Dell Curry

Três grandes arremessadores

Três grandes arremessadores

Aqui nem precisamos elaborar muito, né? Stephen deixou as lesões de tornozelo no passado e se fixou como uma das figuras mais populares da nova NBA. Para ele, não existe sequer um arremesso que pareça impossível de acertar. Além disso, tem um dos dribles mais vistosos e efetivos da liga e vem melhorando sensivelmente como defensor. Candidato a MVP da temporada. E chega.

O que o pai fez? Transferiu geneticamente sua habilidade de grande chutador para dois filhos – Stephen e Seth, hoje num contrato de 10 dias com o Phoenix Suns. Maior cestinha da franquia Hornets, Dell entrou na liga em 1986, escolhido em 15º pelo Utah Jazz, passou pelo Cleveland Cavaliers, mas fez seu nome, mesmo, em Charlotte, como um exímio arremessador de média para longa distância. Melhor sexto homem em 1994, era um verdadeiro especialista, tendo convertido mais de 40% de seus disparos de longa distância (foram 1.245 no total, número tímido para os padrões do filho pródigo, que já soma 1.121 na carreira, com aproveitamento de 43,6%).
Quando se aposentou? Aos 37, em 2002, ainda como uma peça importante no Toronto Raptors de Vince Carter.
Por onde anda? É comentarista de TV nas transmissões locais do Hornets.

Wesley/Wes Matthews

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O ala do Blazers já falou muito a respeito da difícil relação que tem com o pai, de quem herdou o nome, mas com o qual não teve convívio algum durante toda sua infância e adolescência. Admite, inclusive, que esse distanciamento – ele e sua mãe foram, basicamente, abandonados pelo ex-jogador – o fez tornar a pessoa e o atleta que é hoje, um cara que deu um duro danado para se profissionalizar e, acima de tudo, virar um dos melhores em sua posição, com mais de US$ 30 milhões já ganhos em seis anos de carreira. Uma pena, porém, que, na melhor temporada recente do clube de Portland, o ala, excelente defensor e arremessador, tenha sofrido uma ruptura no tendão de Aquiles que encerrou sua campanha. Vai virar agente livre ao final do campeonato, numa das situações mais curiosas do mercado.

O que o pai fez? Foi selecionado pelo Washington Bullets na 14ª posição do Draft de 1980, mas não teve uma carreira produtiva, muito menos estável. O cara se tornou um andarilho, na verdade, passando por San Antonio, Chicago, Philadelphia, Atlanta e Los Angeles. Por sorte, quando estava na Califórnia, caiu nas graças de Magic Johnson e fez parte do elenco bicampeão em 1987-88. O Hawks, em uma segunda passagem em 1990, foi seu último time de NBA. Depois, jogou na Itália, nas Filipinas, em ligas menores americanas e afins. Até que…
Quando se aposentou? Em 1998, como jogador do… COC-Ribeirão Preto! Ele foi dispensado do clube paulista depois de trocar socos com o dominicano José Vargas, que teve passagem marcante por Franca, e de o time ter perdido a final do Paulista.
Por onde anda? Mora em Chicago. De vez em quando, comparece a jogos do filho, dá conselhos e tenta desenvolver a relação.

Al/Tito Horford

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Também não precisa gastar muito tempo para falar sobre Al Horford, a principal peça da melhor equipe da Conferência Leste no momento. Multitalentoso, dedicado, excelente figura de vestiário, bicampeão universitário por Florida, mais de US$ 67 milhões em salário etc. etc. etc.

O que o pai fez? Foi o primeiro jogador dominicano a atuar na NBA. Tinha 2,16 m, gigante que só, e se formou pela Universidade de Miami. Pelo que consegui levantar de seu início de carreira, dá para dizer que não era dos atletas mais empenhados nos treinos. Ainda assim, pelo tamanho e pela habilidade, foi recrutado pelo Milwaukee Bucks na segunda rodada do Draft de 1988, em 39º. Ficou em Milwaukee por dois anos apenas, jogando com Paul Pressey. Em 1993, assinou um contrato de 10 dias com o Bullets. Na Europa, jogou na Itália e na França. Em suas andanças, também jogou no Brasil, no final da década de 90, defendendo Sírio e Suzano. Teve uma filha por aqui, Maíra Fernanda, hoje atleta do São José, da LBF.
Quando se aposentou? Em 2004, pelo San Carlos, da fraca liga dominicana.
Por onde anda? Vive nos Estados Unidos e acompanha mais um filho tentando a sorte no basquete: Jon Horford, ala que se transferiu da Universidade de Michigan para a da Florida e andou aprontando por lá.

Andrew/Mitchell Wiggins

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Sim, ainda está muito cedo para julgar a carreira de Andrew, 20 anos e apenas 66 jogos disputados pelo Timberwolves, como um sucesso. Mas o fato é que, em termos de divulgação/hype/popularidade, o menino já superou o pai. Além do mais, sua primeira temporada na liga dá todos os indícios de que a badalação que recebeu desde os tempos de colegial em Toronto era justificada.

O que o pai fez? Mitchell foi selecionado pelo Indiana Pacers em 23º no Draft de 1983, mas jogou sua primeira temporada pelo Chicago Bulls. Um ala-armador talentoso, foi vice-campeão da NBA pelo Houston Rockets em 1986, derrotado ao lado de Hakeem Olajuwon e Ralph Sampson por um histórico Boston Celtics. Naquele mesmo ano, porém, seria flagrado num exame antidoping, por uso de cocaína. Foi suspenso por dois anos, e só voltou a jogar na liga em 1989, ainda pelo Rockets. Fez sua melhor temporada, com média de 15,5 pontos por jogo, aos 30, até ser novamente suspenso e dispensado. Ainda defendeu o Philadelphia 76ers em 1991-92, com 11 minutos em média em 49 partidas. De todo modo, conseguiu prolongar sua vida de atleta na Europa, ficando um bom tempo na Grécia. Foi mais um a passar pelas Filipinas e ainda defendeu o Limoges, time tradicional francês. Vice-campeão mundial em 1982 pela seleção norte-americana.
Quando se aposentou? Em 2003, jogando em ligas menores dos Estados Unidos.
Por onde anda? Mora no Canadá, casado com a medalhista olímpica Marita Payne-Wiggins.

>> Júri em aberto
Os mais jovens têm boas chances para assumirem o protagonismo em família.

Klay/Mychal Thompson

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Talvez Klay já tenha invertido a dinâmica, com um status de astro emergente. Mas o fato é que seu pai teve uma carreira muito mais duradoura e expressiva que a de Mitchell Wiggins. Então o ala do Warriors, aquele dos 37 pontos em um só período, ainda fica nessa categoria. Por enquanto.

O que o pai fez? Nativo das Bahamas, Mychal foi o calouro número do Draft de 1978, como um ala-pivô muito forte, de envergadura considerável, saindo da Universidade de Minnesota. Dá para dizer que, nos primeiros anos de carreira, era muito mais badalado que o filho. Seguindo a trágica tradição de pivôs do Portland Trail Blazers, perdeu a segunda temporada pela franquia devido a uma fratura na perna. De qualquer maneira, quando retornou, fez sua melhor temporada em termos estatísticos, com médias de 20,8 pontos, 11,7 rebotes, 4,0 assistências e 1,4 toco, em 1981-82. O Blazers, no entanto, não conseguiu ir tão longe nos playoffs sob sua liderança, nem mesmo quando o grandalhão fez parceria com o jovem Clyde Drexler. Em 1986, foi trocado para o San Antonio Spurs. Um ano depois, seria repassado ao Los Angeles Lakers, numa típica transação que irritaria a NBA até hoje: daquelas em que o clube californiano claramente levava a melhor. Em Los Angeles, chegou para ser bicampeão logo nas duas primeiras campanhas, como um reserva de luxo para Kareem-Abdul Jabbar.
Quando se aposentou? Em 1991, após derrota do Lakers para o Bulls na final.
Por onde anda? Comentarista. Talvez seja a fonte mais consultada pelos jornalistas envolvidos na cobertura do Warriors – especialmente durante os meio que turbulentos dias em que seu filho era especulado como possível moeda de troca por Kevin Love. Mychal fala mais até que Dell Curry.

Ed/Terry Davis

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Um dos maiores enigmas da temporada perdida do Los Angeles Lakers gira em torno dos minutos de Ed. Por que diabos Byron Scott não daria mais tempo de quadra para o pivô de 25 anos? Ainda mais depois da lesão do calouro Julius Randle. Para que gastar oportunidades com Carlos Boozer? E o Robert Sacre (um bom defensor no garrafão, admitamos, mas que não passará de um quinto homem de rotação num time minimamente competente)? Mesmo que não seja mais tão jovem assim, Davis claramente tem potencial a ser explorado. Ficou apenas 23,9 minutos em quadra neste campeonato e foi titular em 24 jogos, com médias de 8,3 pontos, 7,5 rebotes e 1,3 toco. Em uma projeção por 36 minutos, teria 12,5, 11,3 e 2,0, respectivamente. É a temporada mais eficiente de sua carreira, tendo já defendido o Toronto Raptors e o Memphis Grizzlies.

O que o pai fez? Terry não foi draftado ao sair da Universidade de Virginia Union, bem menos expressiva que a UNC – mas a mesma que revelou gente casca grossa como Charles Oakley e Ben Wallace. Com abordagem semelhante em quadra, conseguiu jogar na liga por 10 temporadas, vivendo seus melhores anos pelo Dallas Mavericks de 1991 a 93, beirando um double-double de média. Importante dizer, todavia, que o Mavs era um saco de pancadas nessa época. Desde então, foi basicamente relegado ao banco e nunca foi aos playoffs, seja pelo Washington Bullets ou pelo Denver Nuggets. Ed é um jogador superior, mas, em termos de longevidade, ainda não está garantido – sem encontrar um nicho de mercado, fechou um contrato baixo e de curta duração com o Lakers nesta temporada. Seu agente, Rob Pelinka, é o mesmo de Kobe Bryant.
Quando se aposentou? Em 2001, pelo Nuggets, aos 33.
Por onde anda?  Hm… Não tenho ideia.

Jerami/Harvey Grant

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami foi companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e exultava potencial. Na defesa por zona comandada por Jim Boeheim, foi um terror para seus adversários, devido a sua envergadura e agilidade. Na hora de entrar no Draft, viu sua cotação despencar, porém. Supostamente por não ter uma “posição” definida, flutuando entre 3 e 4. O Philadelphia 76ers agradeceu, podendo acolhê-lo na 39ª colocação, oferecendo um contrato de quatro anos, baratíssimo. O ala perdeu as primeiras semanas devido a uma lesão no tornozelo, mas conseguiu seu espaço aos poucos. Aos 20 anos, seu talento é indiscutível, a ponto de o clube não se incomodar em ceder KJ McDaniels ao Houston Rockets. Pode ser dos raros casos que flerte com 2 tocos e roubos de bola por partida.

O que o pai fez? Harvey esteve sempre um degrau abaixo do irmão gêmeo, Horace. Aliás, estamos falando de um verdadeiro clã do basquete. Horace, vocês conhecem dos títulos com o Bulls e da parceria com Shaq em Orlando e Los Angeles, com direito a visita a Franca neste mês. E ainda vem por aí o Jerian Grant, irmão de Jerami que vem fazendo uma grande temporada pela Universidade de Notre Dame e muito provavelmente vai ser escolhido entre os 30 primeiros  do próximo recrutamento. Enfim, voltando a Harvey: ele entrou na liga um ano depois do irmão, em 1988, via Washington Bullets. Ficou na capital americana até 1993, tendo média superior a 18,0 pontos por jogo nos últimos três campeonatos por lá, com bom tiro de média distância e boa presença na tábua ofensiva. Foi mandado para Portland em troca de Kevin Duckworth. Depois, voltou a Washington em 1996, ao lado de Rod Strickland, em negociação envolvendo Rasheed Wallace.
Quando se aposentou? Em 1999, pelo Sixers. Ele chegou a ser trocado ainda com o Orlando Magic, mas nunca disputou um jogo pelo clube da Flórida.

>> Na fila

Dois Paytons em Oregon State

Dois Paytons em Oregon State

Prepare-se, aliás, que pode ter mais: na Universidade de Oregon State, há um armador em seu terceiro ano de estudos que, aos poucos, vem ganhando fama entre os scouts. Ele se chama Gary Payton II., que conseguiu no final de 2014 o primeiro triple-double (10 pontos, 10 assistências e 12 rebotes, fora as seis roubadas) de sua equipe desde… o seu pai, 27 anos atrás. Já podem chamá-lo de Luvinha, por favor. Pouco badalado no início do ano, o rapaz já começa a ser especulado como um possível candidato ao Draft deste ano. Seu pai faz de tudo para a NBA voltar a Seattle – e, enquanto não volta, também não pára de mandar mensagens para os ex-companheiros, em busca de um empreguinho na liga.

Na Universidade de Detroit, temos o ala Juwan Howard Jr., que, segundo consta, não desfruta de muito prestígio com os olheiros, não. Com 1,95 m, pelo menos dez centímetros mais baixo que o pai, joga mais no perímetro e tem média de 17,8 pontos nesta temporada, sua terceira, com aproveitamento de 42,3% nos arremessos de três pontos. O paizão se aposentou há pouco e hoje é assistente do Miami Heat.

Jogando por uma universidade bem mais tradicional, a de Winsconsin, o armador Traevon Jackson é filho do ala Jim Jackson, aquele nômade que defendeu 12 clubes entre 1992 e 2006 e já disputou o coração de Toni Braxton com Jason Kidd quando eram jovens apostas do Mavs. O Jackson filho está afastado das quadras no momento, se recuperando de uma fratura no pé direito – pode ser que nem jogue os mata-matas da NCAA, aliás. O sênior é comentarista de basquete universitário, da conferência Big Ten, ao lado de Kendall Gill e de seu xará Jimmy King, ex-Bad Boy.

A Universidade de Wyoming conta com os serviços de Larry Nance Jr. para fazer uma boa campanha no torneio da NCAA, enfrentando Northern Iowa na primeira rodada, em Seattle. O ala de 2,03 m de altura tem médias de 16,1 pontos, 7,2 rebotes e 2,5 assistências em seu último ano como atleta-estudante. Sonhando com o Draft da NBA, Nance já orgulha a família pelo simples fato de estar competindo em alto nível com sua idade. Aos 22, ele tem de combater no dia-a-dia a Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Larry Nance, o pai, jogou por 13 anos na liga, passando os primeiros seis anos e meio em Phoenix, até ser trocado pelo armador Kevin Johnson, mudando-se para Cleveland. Na Conferência Leste, foi vítima constante de Michael Jordan nos playoffs, acompanhado de Mark Price e Brad Daugherty. Foi eleito para três All-Stars, ganhou o torneio de enterradas de 1985 e teve médias de 17,1 pontos, 8,0 rebotes e 2,2 tocos, sendo um ala-pivô extremamente atlético.

*   *   *

Para fechar, então, uma boa musiquinha, né?

O quê? “Pais e Filhos”? Ah, vamos ser um tico mais originais, né? Vamos voltar aos anos 70 com o antigo Cat Stevens, hoje Yusuf Islam:


Notas de um fim de semana de estrelas: parte 1
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Giancarlo Giampietro

Já é sábado, mas essas são notas sobre uma looooonga sexta-feira de puro amor basquete em Nova York, longe da Senhora 21 em pleno Valentine’s Day, mas ao lado de um monte de gente enorme, que te faz parecer totalmente insignificante. Sério: se quiserem passar o dia perto de jogadores de basquete, é preciso primeiro sentar no divã na véspera. Ou fazer um semestre de coaching. Cada um na sua.

Existe toda uma dificuldade logística que não permite que um blogueiro brasileiro atualize tudo em cima do lance, como pedem os tempos de 60/24/7/365. Os eventos são bem espaçados, a conexão sem fio nem sempre funciona etc. etc. etc. E as informações vão se acumulando. Coisa que não justifica um post único aqui para este espaço, mas que, juntas, podem valer alguma coisa. Então é hora de soltar algumas notas e impressões sobre o primeiro dia de atividades, hã, oficiais do All-Star Weekend da NBA:

– Num universo paralelo, a liga americana também está organizando, com ajuda da Fiba, mais uma edição do Basketball without Borders, o camp que reúne a garotada do mundo todo. Neste ano, são mais de 40 inscritos, vindo de mais de 20 países, incluindo dois brasileiros: o armador Guilherme Santos e o pivô Yuri Sena, ambos de 17 anos e do Bauru. Eles estão reunidos no ginásio do Baruch College, no Midtown nova-iorquino, cercados de olheiros por todos os lados. Segue abaixo um vídeo que dá um panorama da área de trabalho com treinadores:

Aqui está Guilherme, que chama a atenção por seu porte físico e capacidade atlética – mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão:

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

Guilherme trabalhando com armadores sob orientação de Jama Mahlalela, do Raptors

E aqui está um vídeo curtinho com Yuri, que lembra, e muito, seu irmão Wesley, que já recebe tempo de quadra aqui e ali pelo time principal bauruense. Dá para ver o tipo de exercício que ficam executando, até trabalhar movimentação de bola e se agruparem para coletivos ao final da sessão:

– O principal nome entre as dezenas de inscritos é a sensação croata Dragan Bender, que vai fazer 18 anos apenas em novembro. Então vale sempre a menção atenuante para termos como “principal” e “sensação”. De qualquer forma, o jogador de 2,13 m de altura chama, mesmo, a atenção. O modo como se movimenta com a bola é impressionante, para alguém de sua idade e pouca experiência. Está claro que ainda precisa fortalecer a base, para ganhar mais equilíbrio, mas tem potencial enorme. Já está sob contrato com o Maccabi Tel Aviv há quase um ano, num movimento inovador do gigante israelense, que vinha investindo pouco em jovens talentos. O Maccabi inclusive enviou seu gerente geral para a festa: Nikola Vujcic, compatriota de Bender que se consagrou como jogador da equipe israelense na década passada. Foi um craque, mesmo. Aqui está o reencontro dos dois gigantes croatas, rodeados por uma criançada do Maccabi, que assistia aos exercícios com muita atenção:

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

Uma lenda croata (d) e uma aposta do país, para se juntar a Saric e Hezonja

– O BwB começou com atraso, o que me impediu de acompanhar os coletivos até o fim. Tive de sair correndo em direção ao hotel que acolheu os protagonistas do fim de semana: os integrantes das seleções do Leste e do Oeste. Quando cheguei ao Sheraton, na Times Square, foi aquele choque pelo volume de profissionais de mídia presentes – como já relatei em texto sobre Tim Duncan. A NBA estima que 600 estiveram presentes para entrevistas nesta sexta. LeBron, Carmelo e Stephen Curry foram os mais concorridos, claro. Mas surpreendeu também o volume de gente em volta dos irmãos Gasol, cada um ao seu tempo (primeiro falou a turma do Oeste, depois veio a do Leste).

– Ah, sobre entrevistas… Foi engraçado notar que, em meio ao caos, a estação de Russell Westbrook até que estava bem tranquila. Na hora, imaginei: é por que ele não está falando nada. E foi isso, mesmo. Wess apelou a sua rotina de sempre, respondendo as perguntas mais pertinentes ou birutas com quatro ou cinco palavras. Isso quando não se limitava a dizer apenas “não”. Então, ao contrário do que aconteceu com Marc Gasol, ao menos era possível vê-lo. Não perdi tempo – e o respeito próprio, aliás – para me aproximar, mas deveria ter filmado a cena. #FailGeral

"Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo"

“Ambos os times executaram muito bem seus planos de jogo”

– Outro que atrai multidões: Rudy Gobert, com diversos franceses em sua cola durante os eventos em torno do jogo das estrelas ascendentes. Tanto em atividade descontraída na quinta, como no pós-jogo desta sexta. São muitos os jornalistas europeus credenciados para a cobertura, com poloneses, croatas e mais. Para os franceses, faz muito sentido, já que são dez seus representantes na liga americana. O Brasil, em compensação, com seis jogadores, tem, que eu tenha visto, apenas quatro jornalistas confirmados, sendo que três vieram a convite do Canal Space, como o caso deste blogueiro. A galera da Espanha, com cinco atletas, causa um alvoroço. Para constar.

C'est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

C’est un monstre! Gobert encontrou diversos compatriotas na zona mista

– Por falar em Gobert… Mon Dieu! Se em quadra ele consegue intimidar um Mason Plumlee, imagine lado a lado na sala de entrevistas? O mais espigão do dia. Durante o jogo, proporcionou realmente excelentes momentos, com tocos assustadores, mesmo para cima de Mason P, um pivô de 2,11 m, ágil e experiente já. O jovem pivô francês veio para ficar, acostumem-se. Foi prudente da parte do agente de Enes Kanter abrir uma campanha para tirar o turco de lá.

– Imagino só um time de verdade com Exum, Wiggins, Giannis, Mirotic e Gobert, como vimos em alguns momentos nessa sexta. Nas mãos do Jason Kidd. Seria demais. Envergadura é pouco. Potencial para uma defesa sufocante – uma versão turbinadíssima do que o Milwaukee Bucks faz hoje –, além da versatilidade no ataque, com chute, arranque para a cesta, presença física no garrafão e muita velocidade. Afe.

– Zach LaVine é muito mais explosivo que Andrew Wiggins – e, ao que tudo indica, vai deixar sua marca no torneio de enterradas deste sábado. Mas a leveza como o canadense se desloca pela quadra é cativante. Parece que está andando sobre a água, flutuando na verdade.


 -Presenciamos também o momento histórico em que um integrante da família Plumlee dividiu a quadra com um Zeller. Os Plumlee, vocês sabem, são uma dinastia da Universidade de Duke, tendo o Coach K como conselheiro. Miles, Mason e agora o Marshall por lá. No ex-jogo dos novatos, Mason P, que é o filho do meio em seu clã, teve como companheiro o Cody Z, o caçula da outra gangue. Ficaria estranho, mesmo, se a companhia fosse de Tyler Zeller, que teve uma carreira produtiva pela Universidade de North Carolina – o ala-pivô do Hornets jogou em Indiana. Ao menos os deuses do basquete universitário nos pouparam dessa.

– Contagem de consumo até aqui:

11 viagens de metrô
1 corrida de táxi
1 carona de ônibus, com Rick Rox e Brent Barry, emperrado no trânsito
1 cheeseburguer (juro!)
4 donuts
8 chocolates quentes