Vinte Um

Arquivo : Andrew Wiggins

A constante reformulação do Minnesota Timberwolves
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (Tá acabando!!!)

A bola é sua, Wiggins

A bola é sua, Wiggins

Quando foi nomeado pela primeira vez técnico do Minnesota Timberwolves, Flip Saunders tinha no elenco alguns jogadores de bom apelo de mercado, mas nenhum deles era a prioridade do clube: a ele cabia desenvolver um adolescente de 19 anos, extremamente badalado, e montar uma equipe ao seu redor. Parece familiar com algo?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Pois é. Tal como em 1995-96, o Wolves estava em um processo de reconstrução de elenco, com a intenção de se livrar de Isaiah Rider e Christian Laettner e abrir caminho para a ascensão de um vareta chamado Kevin Garnett. Saunders tinha 40 anos então. Hoje, com 59, combina o cargo de presidente da franquia com o de técnico, substituindo Rick Adelman para guiar o time em sua era pós-Kevin. O Love, no caso.

As coisas se confundem mesmo: é como se a franquia estivesse em constante reformulação, em busca de alguma identidade, de alguma luz, para deixar os porões da Conferência Oeste. Com o brilho atlético do canadense Andrew Wiggins e outras apostas de futuro, a esperança é de que agora – ou, tudo bem, daqui a uns dois, três anos – vão engrenar.

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Playoffs? Eles não disputam uma partida de mata-mata desde 2004, na final da Conferência Oeste contra o frustrado Lakers de Shaq, Kobe, Jackson, Malone e Payton. Garnett estava no auge, acompanhado de Sam Cassell, Latrell Sprewell, entre outros. Todos apoosentados. Aliás, do último confronto daquela série, vencida por4 a 2 pelos angelinos, apenas dois jogadores ainda estão em tividade: Kobe e KG. Glup.

Desde então, Saunders foi demitido em 2005, e dúzias de atletas promissores (ou não) passaram por lá Marko Jaric, Al Jefferson, Rashad McCants, Ricky Davis, Randy Foye, Mike Miller… E Kevin Love. Sem conseguir mudar a sorte da franquia. Os anos com o megaprodutivo ala-pivô foram talvez os mais frustrantes. A base com Ricky Rubio, Nikola Pekovic, Kevin Martin, Andrei Kirilenko sugeria um belo time. Mas as lesões castigaram o elenco, a ponto de Love não aguentar mais e pedir uma troca.

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

Entra em cena LeBron James, o novo gerente geral do Cleveland Cavaliers, com um pacote enfim irresistível. Saunders, o cartola, topou, depois de pedir Klay Thompson, David Lee e Harrison Barnes para o Golden State Warriors, sem sucesso. Tivesse realizado sua primeira troca ideal, julgaria ter um time competitivo, para brigar novamente por uma vaguinha nos playoffs. A rota que acabou seguindo, porém, requer mais fôlego e cabeça.

Quando viu Dave Joerger dá um giro de 180º, Saunders respirou fundo, então, e decidiu ele mesmo descer do escritório da presidência para dirigir o time nove anos depois. Depois de uma sequência de dez temporadas inteiras seguidas com mais vitórias do que derrotas, ao menos o técnico se acostumou a perder em sua sofrível passagem pelo Washington Wizards.

Como presidente e, aliás, um dos acionistas do clube, ele não tinha obrigação alguma de ir para a quadra. É de se imaginar, então, que esteja empolgado para trabalhar com Wiggins e os mais jovens promissores, que podem compor um forte núcleo se bem cuidados. Está novamente em suas mãos o futuro do time.

O time: Kevin Martin, Thaddeus Young, Nikola Pekovic, Chasey Budinger e Corey Brewer serão todos mantidos? Para falar sobre a temporada do Wolves, tudo depende dessa resposta. Martin, Young e Pekovic ainda são muito produtivos e poderiam reforçar equipes que sonhem para  hoje com os mata-matas. Em Minnesota, o mais lógico era abrir caminho para Wiggins, Zach Lavine, Anthony Bennett e Gorgui Dieng, que, aos 26 anos, pode ser inexperiente em NBA, mas já não é mais nenhum moleque.

Rubio, mais uma lesão

Rubio, mais uma lesão

Enquanto as negociações não esquentam – já há muita gente interessada em Brewer, por exemplo –, porém, a garotada depende de desfalques para jogar. E eles já vão se acumulando com menos de um mês de temporada. a franquia precisa ou de um estafe médico novo, ou de uma benzedeira. Talvez os dois.

A lesão mais lamentada é a de Rubio, claro. De contrato renovado, confiante em liderar a equipe após a saída de Love – parece que a relação dos dois havia dado uma boa azedada –, o espanhol voltou a ser atropelado pelo azar, com uma lesão grave no tornozelo. Não tem previsão de volta. O armador seria fundamental para deixar os mais jovens em situação mais confortável – e divertida – em quadra.

A pedida: progresso acelerado para Wiggins, Bennett e Lavine e um bom posicionamento no Draft, sem alarde.

Olho nele: Zach Lavine. Wiggins é quem chama as manchetes, mas, para muitos olheiros, Lavine também tem potencial para virar um All-Star. Com as lesões de Rubio e Martin, o ala-armador revelado pela UCLA tem ganhado minutos mais cedo que o esperado. Ainda muito cru, mas extremamente atlético (muita impulsão e velocidade), é capaz de executar alguns lances de efeito. Mais relevante, porém, seria seu desenvolvimento na criação de jogadas, seja para própria finalização ou para os companheiros. Vai levar um tempo.

Abre o jogo: “As duas ofertas eram Andrew Bynum, cujos joelhos me davam medo, e o Big Al, além de algumas escolhas de Draft e outros complementos, coisas do tipo. Gostava de Bynum, mas também gostava do Al, porque ele era um pontuador melhor. E eu realmente tinha muito medo dos joelhos do Bnyum e as complicações que vêm disso. Então, sei o que as pessoas falam sobre mim e Danny (Ainge), mas, se você olhar para o que o Celtics ofereceu, foi a melhor oferta disponível. Eu, na verdade, fiquei surpreso, porque não havia muitos times com quem negociar”, Kevin McHale, ex-gerente geral e técnico do Wolves, nativo de Minnesota e chapinha de Danny Ainge, atual chefão do Celtics e seu ex-companheiro de equipe. Por Garnett, em 2007, ele recebeu Jefferson, Gerald Green, Ryan Gomes, Sebastian Telfair, Theo Ratliff e duas futuras escolhas de Draft (que resultariam em Jonny Flynn e Wayne Ellington). Pacote melhor ou pior do que o que Saunders obteve por Love? Vai depender de Wiggins e Bennett.

Você não perguntou, mas… o Minnesota contratou um técnico especialista em arremessos para tentar ajudar Ricky Rubio (e outros, mas especialmente Rubio): Mike Penberthy. O torcedor do Lakers vai se lembrar dele. Acho. Era um pretenso clone de Steve Kerr que Phil Jackson usou em sua rotação em 2000-2001, temporada do segundo título da equipe sob sua gestão. Em 56 times como profissional, ele acertou 39,6% de seus chutes de longa distância. Segundo consta, Penberthy vinha trabalhando como frila nos últimos anos e teria passado técnicas a Paul George, Andre Iguodala, Reggie Jackson e Jrue Holiday, entre outros.

kevin-garnett-minnesota-card-rookieUm card do passado: Kevin Garnett. Em 1995, o Minnesota apostava alto em um adolescente de 19 anos, em época que isso ainda não era nada normal. Ainda mais com o garoto saindo direto do colegial. KG saiu de ginásios modestos em Chicago para a grande liga, abrindo caminho para a onda que invadiu os anos 2000, até ser encerrada em 2006 por David Stern. Kobe, T-Mac, Jermaine O’Neal e tantos outros viriam em sequência. Muitos tiveram sucesso, outros se perderam pelo caminho. Garnett foi ganhando minutos aos poucos em seu primeiro ano, começando 43 jogos como titular depois que o clube se desfez de Christian Laettner e com Saunders assumindo o time no meio da jornada, com 20 jogos disputados. O ala-pivô Tom Gugliotta e o problemático Isaiah Rider eram seus principais companheiros, enquanto Terry Porter e Sam Mitchell eram as referências veteranas.


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Na contramão, Canadá deve contar com nova geração da NBA na Copa América
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kabongo, Thompson, Joseph

Kabongo, Thompson, Joseph: três promissores talentos canadenses chegando

Aviso: este é um posto sobre a seleção canadense de basquete. Mas, antes de chegar lá, começamos a falar um pouco sobre a rotina do jornalismo online.

Só não temos imagens de bastidores! : )

É assim. Por alguns anos, este que vos escreve cumpriu a função de redator da casa maior que abriga o surrado blog, o UOL Esporte. Dentre as tarefas deste espécimes mais do que especiais, os redatores, estão as chamadas “rondas”. Toca gastar o Google até não poder mais, navegando de site para site, brasileiros e estrangeiros, em busca de alguma bomba ou daquela notinha que pode estar escondida, mas que, dependendo do enfoque, viraria algo. Coisa do tipo: buscar  alguma molecagem de Robinho no portal do diário Marca, em seus tempos de Real Madrid etc. Podem apostar que, nas redações, o Mundo Deportivo e o Sport, de Barcelona, vão bombar agora com ‘focas’ ávidos por qualquer informação sobre Neymar.

Avançando alguns anos desde aqueles tempos emocionantes – ou, nem tanto –, temos aqui este Vinte Um, que, vocês sabem, é muito mais opinativo do que informativo.

Agora, por mais impertinente que seja o condutor do blog, para dar qualquer pitaco, o jornalista deve estar, antes de tudo… Bronzeado? Bêbado? Envaidecido? Não, seus tontos, deixem disso. Tem de estar “minimamente lido”.

Para a NBA, fica fácil. Basta digitar HoopsHype.com, e tá lá. Agora, na temporada de seleções nacionais, a coisa muda um pouco de figura. A caça é mais ampla, em territórios por vezes hostis. A ronda precisa ser mais cuidadosa e persistente. As fontes nem sempre são confiáveis, nem mesmo nos sites oficiais das federações – o jornalismo em espanhol, gente, é uma coisa séria. Então fique navegando sem parar, nem que seja madrugada de domingo para segunda-feira, chegando até a conta oficial da Federação Canadense no Twitter. Vale tudo.

Lá eles estão anunciando a venda de ingressos para dois amistosos em Toronto contra a Jamaica – estamos falando, então, de dois adversários da seleção brasileira pela primeira fase da Copa América.

Bem, se o objetivo é vender bilhetes, o promotor do evento precisa de alguma atração, né? Mas como o marketing da federação fará isso se o gerente geral Steve Nash (sempre estranho escrever uma coisa dessas) e o técnico Jay Triano ainda nem anunciaram a convocação canadense? Bom, aí se quebra o protocolo um pouco para antecipar pelo menos alguns nomes. Estes aqui já foram anunciados: @Cory_Joe, @nicholaf44 e @RealTristan1.

Traduzindo: Cory Joseph, armador do San Antonio Spurs, Andrew Nicholson, pivô do Orlando Magic, e Tristan Thompson, ala-pivô do Cleveland Cavaliers. A não ser que a entidade seja processada por falsa propaganda, a equipe norte-americana, então,  vai na contramão de Brasil e Argentina e, entre os seríssimos candidatos a vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, já começa a enfileirar suas tropas de NBA.

E gente de NBA canadense nestes tempos é o que não falta.

Além dos três já listados, os caras têm Joel Anthony em Miami, Matt Bonner (naturalizado) em San Antonio, Kelly Olynyk em Boston, Robert Sacre em Los Angeles e o encrenqueiro Samuel Dalembert em Dallas. O ala Anthony Bennett, mais um do Cleveland, a gente nem cita aqui, por estar se recuperando de uma cirurgia no ombro. Kris Joseph, ala, acabou de ser dispensado pelo Celtics. O armador Myck Kabongo tenta descolar uma vaga em Miami.

Cory Joseph, oh, Canada

Oh, Canada: Cory Joseph está animado

Além disso, há uma turma também se refinando em grandes universidades norte-americanas, com os alas Nik Stauksas, gatilhaço de Michigan, e Dwight Powell, de Stanford, o ala-pivô Kyle Wiltjer, recém-transferido de Kentucky para Gonzaga, os armadores Tyler Ennis, de Syracuse, e Kevin Pangos, também de Gonzaga, e a sensação Andrew Wiggins, de Kansas e favorito disparado a escolha número um do Draft de 2015.

Some-se a esses jovens talentos os veteranos como o ala-pivô Levon Kendall, o ala Aaron Doornekamp e o armador Jermaine Anderson, gente que já disputou os melhores campeonatos na Europa, entre outros, e temos um grupo volumoso, com fartura para se montar uma equipe de 12 jogadores. Para o Canadá, a hora é agora.

“O basquete canadense vem se mostrando irregular há muito tempo. Agora estamos trabalhando sério para levar nosso país de volta ao mapa, e estou certo de que vamos conseguir isso muito em breve”, afirmou Joseph, em recente entrevista ao site da Fiba. “O próximo passo é ter um grande desempenho na Copa América.”

Diante de uma concorrência enfraquecida, não há motivos para eles não conseguirem isso desde já. Não é preciso mais ronda nenhuma para sacar isso.


Nash tenta se redimir com canadenses e transformar o país em uma potência
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Steve Nash partiu o coração dos fervorosos torcedores do Toronto Raptors há algumas semanas, ao acertar sua transferência para o Los Angeles Lakers, em vez de um tão aguardado retorno para casa. Snif.

De certa forma, foi mais um ato do armador a frustrar quem gosta do basquete no Canadá, após mais de oito anos de distanciamento da seleção nacional. Se ele tivesse aceitado liderar o Raptors nas próximas temporadas, essas seguidas decepções poderiam ser facilmente esquecidas. Mas não deu. Snif-snif! Abre o berreiro!

Steve Nash, cartola no Canadá

Aos 38, Nash agora tem um outro uniforme para defender o Canadá. Bacana o lenço vermelho, né?

Para justificar esta ausência, Nash afirmava que não poderia mais emendar as férias da NBA com as atividades dos torneios Fiba. Que seu corpo não aguentaria. Tendo em vista sua forma física aos 38 anos, do ponto de vista profissional, pessoal, é complicado questionar sua opção.

Não que ele fosse obrigado a se apresentar, e tal, mas a gente sabe muito bem o quão pesada ficou a barra do Nenê por estas bandas nos últimos anos até ele jogar agora em Londres, né? Agora imagine o nível de apego e dependência dos canadenses com Steve Nash, alguém muito mais qualificado e, pior, insubstituível. A dor é insuportável. Pense nas músicas de Bryan Adams, Alanis Morissette e Avril Lavigne. Agora multiplique por dez. Pesado.

Agora, a partir desta semana, esse genial jogador tenta se redimir de alguma forma com seus patrícios basqueteiros, começando para valer no cargo de gerente geral da seleção masculina, num cargo parecido com o de Vanderlei aqui no Brasil. A primeira decisão foi a contratação de Jay Triano para o cargo de técnico. Triano, hoje assistente do Blazers, não foi muito bem como o comandante do Toronto Raptors na NBA, mas tem muita experiência no mundo Fiba, tendo sido um scout da seleção dos EUA por anos.

Seu desafio maior: aglutinar as hordas e hordas de talento que o país vem produzindo nos últimos anos, para tentar resgatar o respeito que o programa teve no começo da década passada. Tipo, quando o próprio armador entrava em quadra para liderar a equipe.

Para isso, Nash organizou um encontro de alguns de seus principais jogadores e apostas para esta semana. Seria o ponto de partida pensando no Mundial na Copa do Mundo da Espanha em 2014 e nas Olimpíadas do Rio-2016.

A lista inteira de convidados ainda não está clara, mas a imprensa canadense dá como certa ao menos as presenças do ala-pivô Tristan Thompson, do Cleveland Cavaliers, e do armador Cory Joseph, do San Antonio Spurs, além dos adolescentes Tyler Ennis (armador) e do prestigiado Andrew Wiggins (ala). Os dois meninos eram destaques da equipe  sub-18 que esteve em São Sebastião do Paraíso neste ano e que tiveram seus planos de desafiar os Estados Unidos na final frustrados pelo Brasil. Ops.

Andrew Wiggins, Canadá

Andrew Wiggins é a grande aposta canadense

Mas estes são apenas quatro nomes badalados de um grupo muito volumoso e de prestígio em cenário internacional que o Canadá pode contar. Realmente volumoso.  Contem aí veteranos como Joel Anthony, do Miami Heat, e Matt Bonner, o foguete ruivo do Spurs, recém-naturalizado – Sam Dalembert, que aprontou muito em 2007 e 2008, estaria fora. Também pode somar o ala Kris Joseph, companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e agora no Boston Celtics. Ou o ala-pivô Andrew Nicholson, do Orlando Magic. Ou os armadores Mick Kabongo e Kevin Pangos, em atividade em times de ponta do basquete universitário norte-americano, respectivamente Texas e Gonzaga, que também revelou o pivô Robert Sacre, draftado em junho pelo Lakers.

Já deu quase um time inteiro só nessa rápida passadela, mas, juntando as peças de relatos de torneios e eventos de base dos últimos anos, teria muito mais para citar. A ponto de, mesmo com eventuais desistências, ser quase certa, ao menos em termos de nomes, a composição de uma grande equipe lá no Norte da América.

Só fica a dúvida sobre qual será o nível exato de ascendência de Nash sobre seus compatriotas. Sabemos que ele é um admirador sério do legendário Wayne Gretzky, ídolo do hóquei canadense e alguém que, suponho, deve deixar Adams, Alanis, Avril e Nelly Furtado no chinelo em termos de popularidade nacional. Nesse nível acho que só o Rush e o Neil Young. Teria o agora cartola esse tipo de influência? Como convencer os jovens recrutas a embarcar numa viagem que ele próprio recusa desde 2003?

Steve Nash, armador canadense

Os bons tempos de Nash vestido de vermelho

A diferença, a seu favor, é que as futuras estrelas da seleção canadense dividiriam responsabilidade, se desgastariam menos. Para quem se lembra do time olímpico de Sydney-2000 ou do Pré-Olímpico de San Juan-2003, a seleção dependia muito da criatividade do armador para jogar de igual para igual contra os principais times do continente. Desta vez, se pelo menos metade do contingente disponível aceitar as convocações, muda o cenário.

Isto é: para quem já comemorava o possível desmonte da República Dominicana sem John Calipari e torce desesperadamente pela aposentadoria dos craques argentinos, melhor começar a reservar desde já algumas horas  de secador também contra os homens de vermelho e Nash.

Por mais que os seguidores do Raptors e da seleção deles já estejam irados de tão tristes.