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Arquivo : Jeff Green

Jukebox NBA 2015-15: OKC e a estrada trovejante dos playoffs
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Thunder Road”, por Bruce Springsteen.

Kevin Durant se preparava para enfrentar o Clippers no início de março. Foi quando, numa entrevista para o Orange County Register, admitiu uma leve surpresa pela forma como conseguiu encaminhar sua temporada, podendo se tornar um agente livre ao final do campeonato. “Não diria que estava tudo quieto, mas foi numa boa. Tem sido diferente. Estava esperando muito mais em todas as cidades que visitaria, que todo mundo ia perguntar sobre isso, mas tem sido bastante tranquilo”, afirmou.

É bom que ele tenha curtido essa calmaria. Pois não deve durar muito: com os playoffs se aproximando, Durant e o Okahoma City Thunder vão entrar numa estrada trovejante (vrum-vrum!).

Pegamos carona, então, ouvindo um dos clássicos de Springsteen, numa letra enorme que fala, entre tantos assuntos, sobre carros, garotas, afirmação e também a redenção. Para falar de NBA vida de atleta, os dois primeiros tópicos sempre valem, né?  Mas, para esta equipe especificamente, fiquemos os outros demais.  Tem muita coisa em jogo para o time, graças a está cláusula contratual que permite ao craque encerrar seu vínculo para entrar no mercado.

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Com a possibilidade de um jogador dessa grandeza entrar no mercado, era de se esperar um ba-fa-fá muito maior.  Muitas teorias malucas, especulações envolvendo até mesmo o Philadelphia 76ers. Esse tipo de loucura. LeBron James não deve ter entendido nada.

Rolou só o papo sobre o Golden State Warriors. Quer dizer, são vários os bate-papos que os atuais campeões instigam, pela campanha maravilhosa, pela ascensão de Curry, a volta de Steve Kerr, e tal. Mas teve também aquela história de um flerte à distância com o cestinha. De qualquer forma, não durou muito a discussão, e nem tinha como, devido ao embasbacamento geral da nação com o ritmo do time californiano. Mas não ficou só nisso. A postura um tanto arredia do ala no início da campanha, disparando sem parar contra o jornalismo em geral (essa entidade diabólica), e também o fato de que estava se recuperando de uma sucessão de cirurgias também abafaram a história.

A dupla vai durar até... a) 2016? b) 2017? c) apoentadoria?

A dupla vai durar até… a) 2016? b) 2017? c) apoentadoria?

Agora: se o Thunder por ventura chegar a um confronto com o Warriors na final do Oeste, será impossível segurar. Se a equipe nem chegar até lá, pior ainda. Aí é sinal de férias antecipadas, e Durant, mesmo que apenas entre seus confidentes e Jay-Z, não poderia mais fugir do assunto.

O mais cruel de tudo isso é que um novo insucesso, neste campeonato em específico, seria totalmente aceitável. Golden State e San Antonio estão em outro patamar. São times que olham apenas para os melhores da história se for para encontrar adversário à altura, segundo os números da temporada regular. Ainda assim, cada um com o seu motivo, Thunder e Cavs precisam vencer ou vencer. E aí como faz?  Não é fácil encontrar a equação aqui.

O Thunder de Billy Donovan parte rumo aos mata-matas com o segundo melhor ataque. Seu sistema ofensivo é realmente aterrorizante, impulsionado por dois dos maiores cestinhas da atualidade, mesmo que não tenha passado por nenhuma transformação após a demissão de Scott Brooks. Em seus últimos 13 jogos, a equipe só não passou dos 110 pontos em uma derrota para o Detroit Pistons por 88 a 82, num milagre operado por Stan Van Gundy. Contra Portland, Boston e Denver, passou dos 120 pontos. Mesmo preservando seus principais atletas numa segunda partida contra o Blazers, anotou 115 pontos.

Agora, se alcançou uma marca dessas e saiu derrotado, é porque sua defesa não incomoda tanto assim. É a mesma peneira que permitiu 117 pontos aos reservas do Clippers, com direito a 64 pontos de Austin Rivers e Jamal Crawford, 55,3% nos arremessos e 16 cestas de fora. No geral, o time tem o 12o. melhor sistema defensivo, o que não costuma ser um bom indício na luta pelo título. Especialmente quando o San Antonio Spurs lidera esse ranking e o Golden State Warriors aparece em quinto. Ambos estão no top 3 ofensivo. Na temporada regular, até fizeram jogo duro. Ganharam duas dos texanos. Fizeram dois jogos memoráveis contra os californianos, com direito a cesta inacreditável de Curry. Nos playoffs, o cenário muda, o bicho pega.

MVP e MVP juntos? OKC tem de superar Golden State em diversas frentes

MVP e MVP juntos? OKC tem de superar Golden State em diversas frentes

Para OKC, além se seus próprios resultados e do aspecto emocional, sua maior esperança talvez seja o aspecto financeiro. Se o astro priorizar seus rendimentos, a decisão que faz mais sentido é a de postergar toda essa discussão, ao menos por um ano. Bastaria dizer que vai até o fim de seu atual contrato,.virando agente live ao mesmo tempo que Westbrook e Serge Ibaka.

A expectativa é que ele receba um salário máximo quando virar agente livre, a não ser que, tal como Wade e LeBron fizeram em Miami, aceite dar um desconto para formar um novo supertime. Se der a lógica, todavia, ele receberia um salário equivalente a 30% do teto. Em 2016, a projeção é que o teto seja de US$ 90 milhões. Em 2017, US$ 108 milhões. Só não precisa calcular ainda a diferença. Pois tem mais um detalhe: se deixar para assinar após seu décimo ano de NBA, o cestinha terá direito a 35% do teto. Seu salário poderia começar na casa de US$ 38 milhões. No total, poderia ganhar algo em torno se US$ 40 milhões a mais.

Praticamente a NBA inteira estará prepararada para fazer uma proposta a Durant, se ele assim desejar. Até mesmo o Warriors, mesmo se bicampeões. O que o astro procuraria? Não há nenhuma reportagem que tenha dado conta disso ainda. Tudo muito silencioso ainda. Prenúncio de tempestade?

A pedida? O título, derrubando em sequência, Spurs, Warriors e Cavs. Imaginem só? Aí quero ver jogador cair na estrada.

A gestão: pela primeira vez desde que chegou ao clube, lembrando que o projeto se iniciou ainda em Seattle, vimos Sam Presti agir sob forte pressão com preocupações mais imediatistas, e os resultados são questionáveis. Quando as preocupações se tornaram mais imediatistas, . Numa primeira etapa,  seu trabalho de reconstrução foi aclamado em toda, servindo como exemplo para muita gente. Muito antes de Sam Hinkie ser apedrejado em Philly, Presti entendeu que, partindo do zero, precisaria de muita paciência para colocar sua equipe nos trilhos. Já faz tanto tempo que OKC se situa no topo da liga, que não podemos nos esquecer de como tudo começou.

Durant foi escolhido em 2007. Russell Westbrook veio em 2008. Por fim, em 2009, James Harden completou uma trinca de futuros All-Stars, Dream-Teamers, candidatos a MVP. Foram, respectivamente, os segundo, quarto e terceiro colocados em seus respectivos Drafts. Para ter direito a uma seleção alta dessas, é claro que o Thunder não poderia render lá muito bem em quadra. Nos dois primeiros anos de Durant, venceram, respectivamente, 20 e 23 partidas apenas.

Presti conseguiu tirar Donovan da Flórida. OKC só não mudou muito assim

Presti conseguiu tirar Donovan da Flórida. OKC só não mudou muito assim em quadra

A diferença é que, na hora de detectar talentos, Presti teve muito mais sorte e competência que Hinkie, que acaba de se demitir de um time que tem apenas dez triunfos a poucos dias do fim do campeonato. A sorte pesou para a escolha de Durant, com o time entrando no top 3 de modo inesperado e vendo o Portland Trail Blazers apontar Greg Oden como o calouro número um. Essa é uma das grandes interrogações para a torcida do Blazers: e se eles tivessem ido de Durant? De qualquer forma, Westbrook e Harden não eram vistos como unanimidades em seus processos seletivos, ao passo que a lista de sucessos de sua gestão também se estende a Serge Ibaka e Reggie Jackson, que foram escolhidos em número 24. Steve Adams cumpre bem seu papel de lenhador atlético, tem evoluído de pingo em pingo e ainda não completou nem 23 anos. Andre Roberson já é um marcador enjoado. Sobre Cameron Payne, Mitch McGary e Josh Huestis, está muito cedo ainda. Dá para dizer que o armador tem muito talento.

Presti foi tão bem na hora de draftar que teve a vida ligeiramente complicada pouco depois, quando chegou a hora de tratar do segundo contrato de muitos desses. Como no caso do Sr. Barba, eleito melhor sexto homem da liga em 2012, e tal. Entre ele e Ibaka, a franquia preferiu o pivô, deixando o ala-armador escapar para poupar alguns caraminguás. Fazendo todas as contas do que guardaram então, comparando com o que estão gastando agora com Kanter, ainda é complicado assimilar essa. Faltou visão ao dirigente. Por menor que seja o mercado de OKC, por mais que os proprietários tenham ordenado a contenção de gastos, o teto salarial da liga viria a subir consideravelmente nos anos seguintes, e seria possível assimilar este contrato sem muito esforço. Multa por multa, estão pagando pelo jovem turco.

O outro lado da questão é que as pessoas mais próximas de Harden garantem que ele não iria aceitar a condição de coadjuvante de Durant e Westbrook por muito tempo. Que cedo ou tarde, forçaria uma troca, mesmo de contrato renovado. Por tudo o que se noticia em Houston hoje sobre seu comportamento, essa tese tem lastro bastante razoável. Ainda assim, numa ressalva final, Presti poderia ao menos ter recebido mais em troca por um jogador desse quilate. Num de seus atos raros precipitados, pode ter deixado pacotes melhores na mesa. Mesmo sem Harden, OKC se manteria como candidato ao título. Seu alcance, porém, foi limitado quando as lesões começaram a aparecer, e Kevin Martin não estava mais por lá, enquanto Jeremy Lamb empacava.

Esse ganchinho de Kanter vai cair sempre. Mas há mais tarefas para administrar

Esse ganchinho de Kanter vai cair sempre. Mas há mais tarefas para ele tocar

Se o retorno por Jackson foi, relativamente, melhor, também foi a um custo financeiro alto, devido a iminentes negociações que deveria ter com Kanter e Singler, a mais de US$ 21 milhões ao ano — valor, que, verdade, será amenizado pela nova realidade financeira da liga. A troca pelo turco foi um ato de semidesespero de Presti. Sem Durant em quadra, no ano passado, enfim o gerente geral se mexer durante um campeonato, tentando de tudo para chegar aos playoffs. O New Orleans Pelicans fechou a porta na última rodada. O jovem pivô virou agente livre restrito e foi um dos raros casos recentes a ter uma proposta nessas condições. Veio de Portland, ao que tudo indica num ato deliberado de Neil Olshey para sacanear um concorrente da Divisão Noroeste.

Kanter tem uma das munhecas mais habilidosas da liga. Quando acionado no garrafão, no mano a mano, a chance de cesta é grande. Westbrook o adora, por lhe render assistências praticamente automáticas. Ele tem uma das munhecas mais habilidosas da liga.  Numa projeção por 36 minutos, tem médias de 22,1 pontos, 14,0 rebotes (5,3 na tábua ofensiva). O tipo de cestinha que poderia dar um alívio aos astros, já que Dion Waiters parece um caso perdido, mesmo. Aos 23 anos, valeria o investimento, mas talvez para um clube com pretensões mais amenas. Pois, se precisamos fazer uma projeção por 36 minutos para valorizar seus números, é porque joga pouco (20,8 por partida). Pode isso? Não só pode, como precisa. Pois a defesa, num jogo de alto nível, vai ser difícil de ser sustentada com ele. Aos poucos, o turco vai evoluindo nesse sentido. Mas não está pronto para lidar com ataques poderosos como o de Warriors e Spurs. A dúvida que fica: quando estiver pronto — se isso acontecer, claro –, Durant ainda estará por lá?

Olho nele: Serge Ibaka

Os playoffs estão chegando, e Ibaka ainda não acertou a mão

Os playoffs estão chegando, e Ibaka ainda não acertou a mão

Se Durant e Westbrook estão fazendo campanhas extraordinárias, o mesmo não pode ser dito sobre o pivô congolês, que, discretamente, ajudado pelo desempenho incrível de seus companheiros estrelados, vive talvez a pior temporada de sua carreira. Ou pelo menos a menos e produtiva. Pior: a queda de rendimento deste superatleta acontece dos dois lados da quadra.

Em tese, sua capacidade como o defensor seria sua contribuição mais relevante para a equipe, como um caso raro de marcador que pode executar tão bem a parede numa situação de pick-and-roll como a cobertura vindo do lado contrário para proteção do aro. Acontece que essas habilidades e sua envergadura intimidadora não estão surtindo tanto efeito assim neste ano. Você pode até não botar muita fé na medição “Real Plus-Minus” do ESPN.com, como medição exata do valor de um jogador, mas quando esse atleta despenca do número 15 para o 113 no ranking de defensores, de um ano para o outro, acho que é algo digno de registro. E OKC precisa de um Ibaka em sua melhor forma, para derrubar eventualmente San Antonio (LaMarcus, Diaw, West) e Golden State (Draymond Green).

Especialmente quando ele não está mais convertendo com regularidade seus arremessos de longa distância. Depois de alcançar a marca de 38,3% nos tiros de fora em 2013-14, Ibaka regrediu para os mesmos 33,3% de quatro anos atrás, com a diferença de que hoje arrisca 2,6 chutes por partida, contra 0,1 daquela época. No ano passado, este número estava na casa de 3,5. Olhando sua tabela de arremessos, percebe-se que o congolês está priorizando os tiros médios agora, com 34,6% de suas tentativas saindo do perímetro interno mais próximo à linha exterior, contra 29,1% em 2014-15. Seria um pedido de Donovan? Difícil de entender. Pensando nos playoffs, contra defesas mais preparadas, é uma boa estratégia, mesmo que ele esteja convertendo 45,1% desses disparos? Para alguém que definitivamente não consegue criar nada para seus companheiros, Ibaka precisa matar essas bolas. Do contrário, será apenas mais um jogador a encurtar a quadra para Durant e Westbrook, ao lado de Andre Roberson, Enes Kanter ou Steven Adams.

jeff-green-okc-trading-cardUm card do passado: Jeff Green. O cara já passou por tantas equipes que talvez hoje seja fácil esquecer que, em seus primeiros anos de liga, foi o primeiro parceiro escolhido por Presti para fazer a escolta de Durant. Com o tempo, a base ganhou muito mais talento… A ponto de o ala, inconsistente desde sempre, virar um item supérfluo no elenco. E a primeira troca de sua carreira teve o Boston Celtics envolvido, com Kendrick Perkins.

Obviamente que a saída de Green não é tão lamentada pelo torcedor de OKC como a de James Harden. Mas o que os dois têm em comum é a constante busca de Presti por uma peça complementar ideal e duradoura para o trio Durant-Westbrook-Ibaka. A lista se estende a Kevin Martin, Jeremy Lamb, Caron Butler e, agora, Dion Waiters. Foram todas tentativas frustradas, por um motivo ou outro, de preencher essa lacuna no perímetro – de um terceiro cestinha de preço médio que possa ajudar seus craques e se contentar com esse status. Mesmo os que deram certo se tornaram problemas, por terem se valorizado demais.

No caso de Green, o ala recebeu um bom segundo contrato em Boston, mesmo depois de ter perdido um campeonato inteiro devido a um problema no coração. Mas ele nunca justificaria o investimento. Estamos falando de um dos atletas mais inconsistentes da liga, parado no tempo, que tem sua dedicação bastante questionada. Os números não contribuem muito para sua defesa. Pode-se fuçar bastante em qualquer métrica disponível por aí: vai ser difícil encontrar algum dado que indique evolução em seu jogo.

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Com mercado em polvorosa, até OKC se mexe; Brook Lopez é o alvo
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Giancarlo Giampietro

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Tem artigos nos quais você bate o olho e, de cara, já concede: “O cara mandou muito bem nessa”. Belo gancho (uma pauta que procede), bela sacada, texto preciso. Aconteceu comigo ao ver este texto de Paul Flannery, do SB Nation: “Esperança incentiva trocas na nova era de paridade da NBA”.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Se você pegar os últimos acontecimentos, com uma temporada cheia de trocas, várias delas com a participação de times da Conferência Oeste – e o Boston Celtics, claro –, vai ver que o título é perfeito. Acerta na mosca. No momento em que escrevo isso aqui, temos mais um rumor quente de negociações, agora com o Brooklyn Nets e seu pivô Brook Lopez no centro do furacão. Estariam muito perto de negociá-lo, com o envolvimento de Charlotte Hornets e, surpreendentemente, Oklahoma City. Ou só de OKC, mesmo.

Por que surpreende?

Bem, é só ver o histórico de Sam Presti na gestão do Thunder. Ele fechou, sim negociações e alterou seu elenco aqui e ali, como quando mandou Jeff Green e Nenad Kristic para o Boston Celtics, recebendo Kendrick Perkins e Nate Robinson, em 24 de fevereiro de 2011. Em geral, porém, o dirigente é muito, mas muito mais conservador na hora de lidar com suas peças. A construção do plantel, para ele, acontece muito mais pelo Draft e com contratações no mercado de agentes livres, geralmente buscando veteranos para completar a rotação e ajudar com o vestiário (Derek Fisher, Caron Butler, Royal Ivey). De negociações durante o campeonato, só coisas bem pontuais, como na aquisição de Nazr Mohammed e Ronnie Brewer.

Quando James Harden saiu para o Houston, foi antes de a temporada regular começar para valer e por força das circunstâncias especiais – o Mr. Barba estava para renovar o contrato, pronto para receber uma bolada, e, pensando no teto salarial, Presti não estava disposto a pagar o necessário.

Pois bem. Nesta campanha 2014-15, o cartola já buscou Dion Waiters em transação com Cavs e Knicks. Tá certo que só precisou abrir mão de Lance Thomas nessa, mas, ainda assim, assumiu um certo risco, já que o ala-armador ex-Cleveland não é das figuras mais tranquilas de se lidar no dia a dia, e, em OKC, valoriza-se demais a química do time.

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Agora, Presti volta aos noticiários numa tentativa de importar Brook Lopez, podendo ceder Kendrick Perkins, Jeremy Lamb e Grant Jarrett, segundo nomes cogitados. O que está pegando? Justamente o ponto levantado por Flannery: todos os times de ponta do Oeste (e hoje essa lista chega a oito, nove integrantes, dependendo do quanto você confia no Phoenix Suns, ou não) acreditam que este pode ser o ano do título. No caso do Thunder, pesa também, primeiro, o fato de estarem fora da zona de classificação.

O Spurs, bicampeão da conferência, se mostra vulnerável, enquanto Kawhi Leonard não retorna e Tony Parker não retoma a melhor forma. O Golden State Warriors, pelos números apresentados, resultados e consistência, ganha o direito de se considerar o favorito. Porém, pelo fato de nunca terem ido longe nos mata-matas com o atual núcleo, vai caber sempre uma desconfiança. A concorrência sente que as portas estão abertas. Então o que temos é uma corrida para ver quem pode chegar lá primeiro.

O Dallas foi atrás de Rondo. O Rockets foi oportunista ao coletar Josh Smith e tirar Corey Brewer do Minnesota. O Phoenix Suns pagou uma escolha de primeira rodada, que pode virar duas de segunda, para ter Brandan Wright, talvez, por apenas meia temporada. O Memphis adicionou Jeff Green, um ala alto, atlético e verdadeiramente efetivo, que lhe faltava. O Clippers tenta se mexer com os poucos recursos que tem ao seu dispor, apostando em Austin Rivers, o filho do homem (mais a respeito disso no fim de semana, mas adianto: valeria a aposta em Austin para qualquer time, menos LAC). O Pelicans tinha problemas nas alas e buscou Dante Cunningham e Quincy Pondexter (nomes de pouca expressão, mas com perfil defensivo para suprir uma carência clamorosa). Enfim, só nesse parágrafo foram citados seis dos 11 primeiros do Oeste. Com OKC, são sete.

Até mesmo o Denver Nuggets entra nessa história, aliás. Embora a franquia tenha cedido Timofey Mozgov ao Cavs e pareça disposta a transferir mais veteranos, dias depois foi atrás de um cara como Jameer Nelson para a reserva de Ty Lawson, em vez de simplesmente abrir mão de Nate Robinson por nada. Então são oito de 11, estando apenas Golden State, Portland e San Antonio fora da brincadeira.

E agora temos novamente o Thunder se ouriçando. Depois de reforçar a segunda unidade com o talento de Waiters, está atrás de um pivô que lhe ofereceria uma dimensão totalmente diferente no jogo interno. Hoje, o time conta com Perk e Steven Adams, dois jogadores que seguram as pontas na defesa, mas não tiram o sono de ninguém na tábua de ataque. Lopez seria uma referência ofensiva inédita na era Durant-Westbrook: alguém que tem ótimo chute de média distância, mas tamém joga de costas para a cesta. Ocupa espaço no garrafão (podendo esbarrar com seus dois superastros, na hora que infiltrarem) e tem dificuldade para passar a bola. Para inserir um atleta desses no ataque, tende a demorar um pouco.

Foge do seu padrão, mas as oportunidades estão aí para serem aproveitadas. Pode ser que não dê em nada neste final de semana e que Lopez fique em Brooklyn. De qualquer forma, já diz muito o simples fato de Presti ter se e embrenhado em negociações. Está disposto, enfim, a assumir essa bronca, confiando que Scott Brooks daria um jeito e que a grande elevação no talento não só colocaria sua equipe entre os oito melhores, mas em condições muito mais favoráveis para buscar o título.

Nunca é demais lembrar que Durant e Wess vão se tornar agentes livres em 2016. Ainda que declarem amor ao clube publicamente, passar mais dois anos sem chegar lá poderia alterar um panorama hoje favorável para a renovação. Ir atrás de um pivô com o prestígio de Lopez seria um claro sinal de ambição, afastando a fama de sovinas. Mas essa é uma discussão para o futuro. Para hoje, temos uma central de rumores em polvorosa já, a mais de um mês do prazo para a realização das trocas nesta temporada.

Quem dá mais?


Situação difícil: Faverani passa por nova cirurgia
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Giancarlo Giampietro

O Hospital Mesa de Castillo, de Murcia, na Espanha, publicou nesta tarde o seguinte tweet:

Aqui, temos o pivô Vitor Faverani prestes a passar por uma cirurgia no joelho esquerdo, para limpar uma inflamação persistente e avaliar seu menisco, que já havia sido operado em março deste ano. Estes são os fatos declarados. O que é mais difícil de entender e explicar é a situação delicada na qual o futuro do brasileiro em Boston fica em dúvida.

É a segunda cirurgia em sete meses para o jogador. Algo que já seria péssimo para qualquer pessoa, quanto mais para um jogador de basquete. Mas a situação piora bastante quando você é um jogador de basquete que está num clube que tem pouco mais de duas semanas para se livrar de pelo menos um contrato excedente em seu elenco um tanto bagunçado – com talentos que se duplicam e não necessariamente chamam a atenção da liga.

O gerente geral Danny Ainge chegou a este ponto ao fazer troca atrás de trocas na esperança de estocar escolhas de Draft  e formar um pacote que se tornasse irresistível e que lhe pudesse executar mais uma negociação que lhe desse um craque, como já havia que feito por Kevin Garnett e Ray Allen em 2007. As escolhas vieram, mas a tão sonhada transação envolvendo Kevin Love, não.

Smart e Young: duas raras certezas no time de Ainge e Stevens

Smart e Young: duas raras certezas no time de Ainge e Stevens

Agora, ele precisa resolver este impasse: no momento, o Celtics tem 20 jogadores com papelada assinada. No dia 28 de outubro, quando a temporada começar, este número precisa ser reduzido para 15. Obrigatoriamente. Destes, quatro deles podem ser dispensados sem… hã… problema – isso quando você consegue esquecer que está, na verdade, cortando, demitindo quatro pessoas. Os vínculos que podem ser rescindidos sem que o clube precise lhes pagar nada durante a temporada regular são de Christian Watford, Rodney McGruder e Tim Frazier, calouros convidados para o training camp, além do ala-pivô Erik Murphy, ex-Bulls, Jazz e Cavs, que chegou de última hora numa troca tripla.

Então tudo bem: o dirigente chegaria a 16. Ainda está sobrando um. Neste caso, as coisas ficam um pouco mais complicadas para se resolver. Pois os 16 atletas têm seus salários garantidos por todo o campeonato. Isto é, aquele que fosse desligado ganharia um belo cheque sem nem mesmo disputar um jogo sequer pelo time. O que os cartolas podem tentar fazer é acertar uma troca na qual a franquia só receberia uma escolha de Draft, os direitos sobre um jogador… Tudo menos um jogador. Ainge é um negociador quase compulsivo até e certamente já tem cenários em mente para seguir com esse plano – foi algo que conduziu Fabrício Melo, outro pivô brasileiro, para fora de Boston, inclusive, no ano passado.

Se não obtiver sucesso, aí, sim, teria de sacrificar um contrato. Mas qual?

É certo que os armadores Marcus Smart e Avery Bradley, o ala James Young e os os alas-pivôs Jared Sullinger e Kelly Olynyk jamais seriam mandados embora a não ser em uma negociação por uma estrela. Assim como Rajon Rondo, o melhor jogador do time. Ou Jeff Green, o ala que o clube parece dar muito mais valor do que a concorrência – cujo salário pode servir como grande peça para uma aguardada supertroca, da mesma forma que os de Brandon Bass, Marcus Thornton e Gerald Wallace (altíssimos e no último ano de duração). O pivô Tyler Zeller também ainda é jovem, tem grife, tamanho e bons fundamentos.

O que sobra? Se formos pegar pelos de menor valor, temos o ala-pivô Dwight Poweell, novato selecionado pelo Cavs no Draft e repassado para Boston ao lado de Murphy e Marcus Thornton, com salário de US$ 507 mil. O próximo da lista o armador segundanista Phil Pressey, com US$ 816 mil. Pressey, no entanto, é constantemente elogiado por Ainge e pelo técnico Brad Stevens. Faverani tem mais dois anos de contrato, mas só um deles é garantido, por US$ 2,09 milhões neste próximo campeonato. Há também o veterano Joel Anthony, com US$ 3,8 milhões para serem depositados. Matematicamente, Powell seria o corte mais barato. O canadense, revelado pela universidade de Stanford, membro de seleções de base, é três anos mais jovem que Faverani, no entanto, e vem batalhando na pré-temporada para tentar entrar na turma dos intocáveis.

Faverani não conseguiu jogar muito no primeiro ano de adaptação. Jogo exterior tem mais apelo

Faverani não conseguiu jogar muito no primeiro ano de adaptação. Jogo exterior tem mais apelo

E quanto ao brasileiro?

Vitor teve uma temporada de calouro na NBA irregular. Começou jogando muito, com direito ao incrível jogo de 18 rebotes e 6 tocos contra o Milwaukee Bucks no dia 30 de outubro, logo pela segunda rodada, mas viu seu tempo de quadra sendo reduzido gradativamente. Embora veterano de Liga ACB, o pivô passou pelo já tradicional período de adaptação ao basquete norte-americano – algo que Tiago Splitter e Mirza Teletovic, duas estrelas do campeonato espanhol, também encararam em San Antonio e Brooklyn, respectivamente.

Deslocado para a D-League, jogando pela filial Maine Red Claws, o brasileiro começava a ser produtivo (12,8 pontos, 9 rebotes, 2,8 assistências e 1 toco em 25 minutos) até sofrer a grave lesão. No geral, pela liga principal, o atleta disputou 37 partidas, com médias de 4,4 pontos, 3,5 rebotes em 13,2 minutos – numa projeção por 36 minutos, o rendimento é ótimo. Mais do que os números, o brasileiro possui características difíceis de se combinar e que valem muito na NBA moderna: o potencial para converter tiros de longa distância e ao mesmo tempo ajudar na defesa interior, com boa capacidade para tocos.

“Acho que ele provou que é bom. Quando ele estava recebendo minutos de nós e quando estava jogando na D-League, acho que ele provou a todos que é um jogador de NBA”, avaliou Ainge ao final da temporada. “Ele foi o único cara de nosso time que tinha, na verdade, qualquer tipo de presença na frente do aro. Mas uma vez que o (Kris) Humphries estava jogando bem, assim como Brandon, Kelly e Sully, foi duro para ele entrar na rotação. Teve também uma dificuldade com a língua e a cultura, mas, em termos de talento, acreditamos que ele definitivamente é um jogador de NBA. Gostaria de contratar mais um jogador que proteja o aro, mas acho que o Vitor provou que pode ter um papel no nosso time.”

As declarações eram animadoras – ainda que não pudessem ser levadas a ferro e fogo. Faverani pode ter mostrado talento, mas ao mesmo tempo não foi suficiente para ele entrar no time de Stevens, mesmo que o técnico tivesse carências na proteção da cesta e do garrafão. O diretor elogia e aponta alguns problemas. Vai ser político ao falar de seus jogadores. Dessa forma, a pré-temporada seria essencial para que o pivô mostrar serviço, evolução, justificando o investimento nele.

Vitor Faverani, Boston

Boston obviamente precisa de ajuda no garrafão, conforme mostrou contra o Bucks. Faverani entra nessa?

Acontece que seu joelho não ficou bom, nem mesmo com o tempo de descanso nas férias – período no qual precisou responder sobre um acidente de trânsito na Espanha, levantando suspeitas de que estaria embriagado, algo que ele negou de modo veemente. O tipo de incidente que não pega bem nos Estados Unidos e que a franquia não desmentiu, mas sobre o qual também não anunciou nenhuma punição.

O brasileiro se apresentou a Stevens ainda dores e inchaço, que o impediram de treinar direito. Passou por mais algumas baterias de exame de ressonância magnética, mas nada foi constatado. Constantemente questionado a respeito, o técnico já não sabia mais o que dizer aos repórteres. Até que o pivô decidiu viajar para a Espanha para consultar um médico com o qual é mais familiar. Chegou a Murcia e, dias depois, optou pela segunda cirurgia, que lhe deve afastar das quadras por seis a oito semanas. A pior hora possível, considerando o cenário exposto acima.

Quando indagado se havia a possibilidade de Faverani ser dispensado, Stevens afirmou que não havia conversado a respeito com seus superiores. O site Sportando afirma que existe essa hipótese, que ela vem sendo discutida. O jogador vai passar as primeiras duas semanas de recuperação em solo espanhol, adiando o retorno a Boston. Resta saber agora se o seu potencial vai prevalecer em meio as contas que Danny Ainge precisa fazer. A passagem de volta depende muito disso.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


Miami exorciza fantasma, vence em Boston e alcança 2ª maior série invicta da NBA. E o que isso quer dizer?
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Giancarlo Giampietro

Há números e números, feitos e feitos.

Que o Miami Heat 2012-2013 guardou seu lugar na história da NBA? Não há dúvida. A equipe da Flórida venceu nesta segunda-feira o Boston Celtics por 105 a 103 e estabeleceu a segunda maior sequência vencedora de t o d a a h i s t o r i a da liga, com 23 triunfos em sequência. No embalo, exorcizou ainda um demônio ou outro na Bean Town, onde, estranhamente, não vencia pela temporada regular desde 6 de abril de 2007. Veja bem. Seis. De Abril. De 2007. Muito antes, beeeeeem antes de LeBron afinar e mudar para a equipe de assinar seu atual contrato.

Então tudo bem. Não dá para exatamente colocar água no chope por aqui, e dizer que não significa nada.

Em termos de registros históricos, significa que eles estão a dez vitórias de igualar o recorde histórico do Los Angeles Lakers de Jerry West e – do já decadente – Wilt Chamberlain. Nos livros de história, então, claro, que significa muita coisa.

Mas a vitória desta segunda-feira diz, exatamente, o quê?

Não sei o quanto realmente conta para encher ainda mais balões para sua festa de comemoração do título 2013. Não quando todo mundo, ou quase, já apostava suas fichas neste elenco cada vez mais forte – qualquer gato pingado vítima de desemprego pela nova conjuntura econômica da liga vai querer completar o elenco de um candidato ato título, conforme fez o “Bird”, Chris Andersen. Assim como fizeram Ray Allen e Rashard Lewis nas férias passadas. Assim como fez Shane Battier um ano antes disso.

Além do mais, quem estava do outro lado?

Ou melhor, quem não estava?

Fora Rajon Rondo, que não ia jogar mesmo, se reabilitando de uma cirurgia delicada no joelho, a mesma pela qual passou Leandrinho, o time de Doc Rivers não contou com um certo Kevin Garnett, que pouco ou mal defende, né?

De qualquer forma, o torcedor do Heat pode logo apontar o sofrimento que foi para se somar mais este triunfo. Precisou de o tal de LeBron arrebentar com tudo novamente, convetendo a cesta da vitória a pouco mais de sete segundos do fim, com a mão do Jeff Green toda esparramada na frente de seu rosto, sendo de média para longa distância o chute.

Um desfecho desses serve um pouco de testemunho para a capacidade de Doc Rivers de armar seu time, mesmo sem contar com um jogador competente sequer em sua rotação acima dos 2,08 m de altura (e não vale falar de Chris Wilcox, que, nesta fase de sua carreira, mal consegue sair do chão). Também diz muito sobre o talento abundante na liga norte-americana, em que um Brandon Bass, um Jason Terry ou, principalmente, um Jeff Green estão ali prontos para serem acionados e liberarem seus talentos quando vem a oportunidade.

*  *  *

Por curiosidade, o Boston Celtics foi justamente o último time a encerrar uma sequência quase tão longa como essa da turma de Spoelstra. Em 2007-2008, o Houston Rockets desembestou a ganhar jogos, mesmo sem contar com Tracy McGrady ou Yao Ming em forma ao mesmo tempo por um bom período, e engatou 22 vitórias em série, com um elenco muito bem conectado, em pura química. Entre aquele time e o atual Miami Heat, havia só um ponto em comum: Shane Battier.

*  *  *

Para um time tão orgulhoso feito Boston, em uma derrota, a linha estatística de Jeff Green pode não servir de muito alento, mas deveria: 43 pontos, 7 rebotes, 4 tocos e 2 assistências e 2 roubos de bola em 40 minutos? Uau. E mais: cinco bolas de três convertidas em sete chutes e um aproveitamento espetacular de 14 em 21 arremessos no geral. Por mais que possa ficar uma sensação de desperdício – “não acreditamos que perdemos mesmo com o cara jogando isso tudo “ –, na real Pierce, Garnett e, principalmente, Rivers só podem se entusiasmar com a atuação do ala. Visto com muita desconfiança quando assinou seu contrato de US$ 9 milhões anuais em 2012, o produto da universidade de Georgetown deu um baita indicativo de que está pronto para batalhas maiores nos playoffs do Leste daqui a alguns meses.


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