Vinte Um

Arquivo : Ricky Rubio

Seleção se recupera ao bater a Espanha. Nem céu, nem inferno
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Huertas foi para a galera, após tapinha salvador de Marquinhos

Huertas foi para a galera, após tapinha salvador de Marquinhos

Dois jogos, duas partidas dramáticas. A seleção brasileira vai nos assegurando que aquele script de que o Grupo B do torneio olímpico seria teste para cardíaaaaaaaco, Galvão. Depois do bumba-meu-boi que foi a estreia e a derrota contra a Lituânia, agora foi necessário um tapinha de Marquinhos para chegar ao primeiro triunfo, contra a Espanha. Por aí vamos até a quinta e última rodada, galera. Não tem jeito.

Mas… Espere um pouco, só. Estamos falando de Lituânia e Espanha, certo? Um aproveitamento de 50% nessas duas partidas, tendo a chance de sair com duas vitórias e duas derrotas, parece bastante razoável. Se for para a pagar aquele primeiro tempo desastroso de domingo, temos um time extremamente competitivo, que limitou os dois finalistas do último EuroBasket a parciais de, pela ordem: 12, 12, 13, 18, 14 e 20 pontos. Nada mal: a defesa está funcionando, de um modo geral.

O que não quer dizer que está tudo perfeito. Assim como a derrota para a Lituânia não era o fim do mundo, a vitória dramática sobre a Espanha, decidida realmente por múltiplos detalhes na penúltima posse de bola, não significa que o Brasil está prontinho da Silva para ir ao pódio. Tem muito chão pela frente. Magnano disse que o time estava ferido, mas não morto após o primeiro tempo estarrecedor da estreia. E certamente vai dar um jeito de passar a mensagem ao seu grupo de que ninguém ali é medalhista olímpico ainda por ter batido uma Espanha muito mais vulnerável que poderíamos supor. Uma chave dura dessas não permite extremismos, montanha russa.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Levando isso em conta, algumas coisas para ruminarmos antes da terceira rodada, contra a Croácia, na quinta-feira:

– A questão Hettsheimeir: se as redes sociais servem como termômetro, dá para notar uma insatisfação com o desempenho de Rafael Hettsheimeir até o momento. Compreensível: é muito pouco provável que o próprio pivô esteja contente com o que (não) vem produzindo. já que, em duas partidas e 17 minutos de ação, ele conseguiu acertar apenas um arremesso de quadra em quatro tentativas, mal teve chance de disparar de longa distância – apenas uma bola de três que saiu de suas mãos. Também só pegou um rebote e cometeu seis faltas. É um rendimento fraco, que fica ainda mais alarmante quando vemos que, somados os duelos com Lituânia e Espanha, a seleção teve um saldo de -20 pontos quando ele esteve em quadra, com direito a -12 contra os Espanhóis.

É preciso entender o que está por trás desses números temerosos, porém. Hettsheimeir se desenvolveu em um jogador de características únicas desde que saiu do Zaragoza, da Espanha. Adicionou o arremesso de fora ao seu repertório, mas isso não faz dele necessariamente o ala-pivô aberto ideal, tão em voga hoje. No ataque, se tiver espaço para ativar sua mecânica, é certo que ele pode cumprir esse papel. O problema está do outro lado, na defesa. Não dá para colocar o pivô de Bauru para perseguir caras como Nikola Mirotic e Victor Claver no perímetro, ou mesmo um cara menos leve como Paulius Jankunas. Hettsheimeir não tem mobilidade lateral, nem cacoete para isso – e não só isso: a questão da falta de rapidez para completar as rotações também, se a bola girar bastante. Devido ao seu porte físico, ele teria mais chances de encarar pivôs mais pesados próximos da cesta. Acontece que, para esse papel, Magnano conta com Nenê e, como vemos, Felício, aparentemente oficializado como o reserva imediato de Maybyner Hilário.

A amostra é pequena, mas acho que já deu para perceber que Rafael não pode jogar com esses dois, devido a essa questão defensiva. Seu parceiro ideal seria Augusto Lima, que pode perseguir atletas mais ágeis na marcação e atacar a tábua ofensiva com voracidade. Não custa lembrar que a dupla funcionou muito bem na conquista do ouro pan-americano no ano passado. Ok, era apenas o Pan. Ainda assim, do ponto de vista de tática e química, a combinação funcionou. As habilidades dos dois casam muito bem, obrigado. Rafael até mesmo espaçava a quadra para o pick-and-roll com Augusto mergulhando fundo no garrafão. Enfim, feito o registro, se Magnano está convicto, mesmo, de que Nenê ou Felício precisam ficar em quadra por boa parte do tempo, aí os minutos de Hettsheimeir devem ficar bem limitados, mesmo, ainda mais depois da boa participação de Guilherme Giovannoni nesta terça.

Produtivo demais no NBB, questionado por muitos, o veterano ainda pode ser útil ao time nacional em situações específicas, devido ao seu arremesso exterior – que é mais testado que o de Rafael em jogos de alto nível pela seleção. Só precisaria se observar também quem é o oponente da vez. Com atletas mais leves como Mirotic e Claver do outro lado, ele não teria problema para jogar, mesmo. Não por acaso, seu saldo de pontos contra os espanhóis foi de +12, inversamente proporcional ao de Hettsheimeir.

Giovannoni pode ganhar espaço nessa

Giovannoni pode ganhar espaço nessa

– Um pouco de tudo: Nenê saiu de quadra com 6 pontos, 4 rebotes e apenas uma cesta de quadra em cinco tentativas em 21 minutos. O brasileiro que ainda se dignifique a criticar o são-carlense naquela linha oscar-schmidtiana de apátrida, desertor poderia se apegar a esta linha estatística paupérrima e esculhambá-lo. Não estaria mais equivocado. O pivô pode não ter a mesma explosão física de seu auge, mas ainda consegue fazer a diferença em um jogo de basquete com suas múltiplas facetas. Contra os espanhóis, ele terminou também com cinco assistências registradas, incluindo um lance incrível em que cruzou a quadra toda e deu um passe para enterrada de Marquinhos que seria complicado até mesmo para Huertas e Raul, freando em meio ao tráfego, sem perder a graça em seu movimento. É um cara especial, gente, que influencia uma partida de modo que nem sempre

Mas ele merece mais aplausos por mais um esforço defensivo que deve pegar muito bem com Magnano. Depois de algumas trombadas e hematomas pelo choque com Jonas Valanciunas pela estreia, o pivô se via obrigado a lidar com uma lenda viva como Pau Gasol. Pois o craque espanhol não foi nada eficiente nesta segunda rodada, mesmo que tenha chegado a um double-double de 13 pontos e 10 rebotes em 32 minutos. Quando Gasol não alcança a marca nem de 13 pontos, e a seleção espanhola ao mesmo tempo converteu apenas 5-19 arremessos de três, você tem uma vitória tática. Da sua parte, o pivô acertou apenas 4 de 11 tentativas de quadra e foi empurrado para fora do garrafão por Nenê, sem precisar de ajuda. Quando Felício era o responsável, algumas dobras providenciais foram realizadas para . Dessa vez, para completar, seu tiro de média distância não funcionou também.

Deve ser por isso que Magnano tem exigido demais de seu pivô titular.

Nenê, com o modo armador ligado

Nenê, com o modo armador ligado

– Augusto Lima é uma fera: quase que o primeiro double-double brasileiro no #Rio2016 veio com o famoso Gutão (9 pontos e 10 rebotes). Ou nem tão famoso assim. O pivô do Zalgiris Kaunas, cedido por empréstimo pelo Real Madrid, teve seus momentos de fama – digo em relação ao público menos ligado no basquete europeu, claro – no ano passado, durante a campanha brilhante rumo ao ouro do Pan de Toronto. Quando ele foi contratado pelo Real Madrid, isso também chama a atenção por razões óbvias merengues.

Agora, numa Olimpíada, acho que está claro para todo mundo que estamos falando de um grandalhão de elite. Não importa que o Real, com um elenco abarrotado, totalmente gastão e esnobe, não o tenha aproveitado tanto assim e que agora o empreste, preferindo contratar os americanos Othello Hunter e Anthony Randolph. Não importa que ele não esteja na NBA, que não tenha sido Draftado. Já temos três anos de evidências que sustentam que o carioca é um jogador de ponta para o basquete Fiba, no mínimo. Por isso, tendo um cara desses disponível e também o valioso Cristiano Felício na lista de espera, não era o caso de se assustar com o desfalque de última hora de Anderson Varejão. Você poderia até se sensibilizar pelo veterano, mas não era motivo para pânico. Até porque, em muitos sentidos, Augusto foi moldado à sua maneira, como um pivô extremamente veloz e ágil, além de atlético e raçudo. Não existe bola perdida para o cara. Contra os espanhóis, velhos conhecidos, apanhou quatro ofensivos em pouco menos de 28 anos. Na meia quadra, se mexe muito bem lateralmente e deve ganhar minutos seguros ao lado de Nenê e, ao que parece, Felício, para marcar jogadores mais velozes no perímetro. Mesmo que ele não ofereça arremesso ao time, se mexe tanto pelo ataque, que acaba ajudando a destravar as coisas. Já que Nenê hoje também age ainda melhor com a partir da cabeça do garrafão, a combinação com o jovem pivô fica melhor ainda.

Augusto, enérgico

Augusto, enérgico

– Foi de três? De qualquer forma, a seleção brasileira ainda não se acertou quando o assunto é o chute de longa distância. Nessas duas partidas, acertou apenas seis tiros de fora, com aproveitamento péssimo de 20,7%. Qualquer scout ou treinador vai tomar nota disso, e podem esperar mais e mais defesas por zona contra os donos da casa no futuro, tal como a Espanha fez nesta terça, com muito sucesso, no segundo período e no quarto. Vem daí a inclusão de Hettsheimeir e Giovannoni na lista final. O time, porém, não pode depender dos dois pivôs para tentar escancarar as defesas. A turma do perímetro precisa entrar em ação. Leandrinho errou todas as suas sete bolas até aqui. Alex também está zerado em três. Marquinhos matou apenas uma em seis. Benite, uma em duas. Raulzinho tem duas em cinco. Huertas acertou a sua, mas não é grande chutador. Com a pressão dos arremessos de três, a vida de Huertas e Raulzinho e seus parceiros grandalhões ficaria mais fácil para o pick-and-roll e outras tramas. Se há algum ponto positivo aqui, é o fato de que a seleção só tentou 29 arremessos em duas partidas, em vez de forçar a barra. Hoje em dia, isso é bem pouco.

– Gracias, professor: o técnico Sergio Scariolo que se prepare. Seu título mundial pela Espanha já tem dez anos de história, e, ao topar voltar ao comando da equipe, sabia que estaria sujeito a críticas. E elas vão chegar. Na derrota para a Croácia, insistiu com Victor Claver no perímetro mesmo que o cara tenha sido um completo desastre exercendo essa função em sua breve passagem pela NBA. Quando retornou ao Lokomotiv Kuban, da Rússia, nesta temporada, voltou a cativar os scouts jogando basicamente como um ala-pivô flexível, usando sua velocidade e leveza para atacar o aro. Contra os Brasileiros, esse equívoco foi corrigido, com o camisa 10 jogando da forma como mais gosta.

Dessa vez, o que merece questionamento são os minutos dedicados a Ricky Rubio. Se ele tem quatro armadores de qualidade excepcional em seu elenco, é para usá-los com liberdade e autonomia. Taí o José Calderón amargando a reserva, e paciência. Analisando a a derrota brasileira contra a Lituânia, estava evidente que uma das principais deficiências da equipe de Magnano seria a defesa no pick-and-roll, com Mantas Kalnietis fazendo estragos. Rubio pode ser excelente em diversos quesitos (passe e defesa, principalmente), mas todo mundo sabe que ele não representa ameaça nenhuma com a bola em mãos. Você pode pagar para ver seu arremesso o quanto quiser. Em 16 minutos, teve saldo negativo de 6 pontos. Ele tentou apenas três arremessos e converteu um e mais um lance livre, para somar 3 pontos. Não deu nenhuma assistência, porque o Brasil não se importava em lhe dar espaço e tirar a linha de passe. Marcelinho Huertas, então, ficou todo solto para ser uma força criativa para a seleção, com 11 pontos, 7 assistências e nenhum turnover, em 30 minutos.

Se tivesse mantido Sergio Rodríguez mais tempo, quiçá o desfecho fosse outro. O Señor Barba é muito mais agressivo que o titular da posição e causou problemas no segundo tempo, para ajudar na reação espanhola. Bateu para dentro, chacoalhou a defesa brasileira e somou 10 pontos e 5 assistências em 22 minutos, com 50% nos arremessos.  Também não é coincidência que tenha terminado com o melhor saldo entre os espanhóis, com +9 – ninguém nem chegou perto disso… Claver foi o segundo com +3.

Scariolo tem um elenco muito talentoso em mãos. Mas parece não ter o controle sobre essas peças. Uma dúvida que me intriga: por que o técnico simplesmente não usa o quinteto Rodríguez-Llull-Fernández-Mirotic-Reyes? Esses caras jogaram um tempão pelo Real Madrid, e essa base foi uma das mais vitoriosas do continente. Nos minutos que for descansar Scariolo, o técnico deveria simplesmente tentar transformar a seleção numa filial do Real, empregando seu ritmo de jogo mais acelerado. Não vem acontecendo.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?
>> Espanha ainda depende de Pau Gasol. O que não é ruim
>> Argentina tem novidades, mas ainda crê nos veteranos
>> França chega forte e lenta, com uma nova referência

>> Lituânia tem entrosamento; Sérvia sente falta de Bjelica
>> Croácia e Austrália só alargam o número de candidatos
>> Nigéria e Venezuela correm por fora. China? Só 2020

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 96572-1480 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Guia olímpico 21: a Espanha de Gasol quer mais medalhas
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A partir da definição dos 12 jogadores da seleção brasileira, iniciamos uma série sobre as equipes do torneio masculino das Olimpíadas do #Rio2016:

O MVP histórico do último EuroBasket

O MVP histórico do último EuroBasket

O grupo
Em termos de desfalques, podemos considerar apenas um, mesmo, para a Espanha. Mas é dos grandes: Marc Gasol, que não se recuperou inteiramente de uma fratura no pé sofrida em fevereiro. Pudera: é o tipo de lesão que deu um trabalho danado para Kevin Durant, por exemplo. No caso de Marc, estamos falando de um cara de 2,16m de altura, pesadão, e de 31 anos. Todo cuidado é pouco. Agora, se for para perder um Gasol, com todo respeito ao astro, melhor que seja o atleta do Memphis Grizzlies, mesmo, em vez de seu irmão mais velho, que é simplesmente um dos 10, 20 maiores jogadores da história das competições Fiba.

De resto, Serbe Ibaka é outro nome constantemente discutido, mas sua ausência na lista final de Sergio Scariolo não se deve a veto do Orlando Magic, contusão, nem nada obscuro assim. Foi simplesmente uma opção do treinador por Nikola Mirotic, já que qualquer seleção só pode recrutar um naturalizado por vez. A base espanhola segue produzindo uma infinidade de jogadores talentosos, mas a federação local ainda acha por bem apelar a esse expediente. Então Scariolo foi de Mirotic, uma opção bastante razoável, e não pelo fato de ‘Niko’ já ter defendido o país em competições de base.

O montenegrino tem algumas vantagens, como o maior entrosamento com Gasol, depois de tê-lo acompanhado em Chicago nas últimas duas temporadas e a melhor relação com seus companheiros. Não se esqueçam que Ibaka saiu de Londres 2012 reclamando de seus minutos e oportunidades com a equipe. Devia pensar: “Já não basta o KD e o Wess dominarem a bola em OKC, agora também sou ignorado pela seleção que nem era para ser minha!? Hmpf, que chato”. Então para que procurar esse problema novamente, quando você tem uma alternativa de alto nível?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Restam dois cortes ainda para Scariolo fazer. Imagino que sairão dois entre José Calderón, Pau Ribas, Alejandro Abrines e Fernando San Emeterio. Calderón ainda é um grande arremessador, tem as mãos seguras no ataque, mas encara disputa duríssima com os Sergios Rodríguez e Llull, protagonistas do time, além de Ricky Rubio, que tem muito mais impacto na defesa. Ribas e Abrines são concorrentes diretos – o certo seria botar Juan Carlos Navarro também nesse grupo, mas fica difícil de mexer com alguém dessa estatura. Abrines levaria vantagem pelo fato de ser um pilar para a eventual reconstrução da seleção, além de chutar demais e ser mais alto e atlético do que um aguerrido Ribas. San Emeterio sempre correu por fora nessa geração, e sua presença depende muito do estado físico de Rudy Fernández. Talvez fosse prudente incluí-lo na lista, por precaução.

Os dez que estariam garantidos: Rodríguez, Llull, Rubio, Navarro, Fernández, Victor Claver, Mirotic, Reyes, Gasol e Willy Hernangómez.

O jovem ala-pivô Juancho Hernangómez, irmão mais novo de Willy, poderia muito bem estar nessa discussão, mas foi selecionado pelo Denver Nuggets no último Draft e está naquele momento de sua carreira fica num suspense que só. Talvez pudesse enfrentar Claver e garantir uma vaga olímpica, mas tudo tem seu tempo. A gente vai ouvir muito sobre ele nos próximos anos.

Rodagem
Já se passaram dez anos da conquista do Mundial pela Espanha. Em dez anos, muita coisa deveria mudar.  Comparar o elenco atual com aquele celebrado no Japão, porém, faz a gente repensar essa tese. Não só Pau Gasol segue como um dos melhores jogadores do mundo, o que por si só impressiona bastante. Além do pivô, Scariolo pode contar com outros cinco atletas que o acompanharam naquela conquista histórica: Rodríguez, Calderón, Navarro, Fernández e Reyes. Considerando que o desfalque de Marc Gasol é apenas uma questão de azar, os espanhóis poderiam ter até  mais de 50% de sua equipe repetida. Podemos falar em falta de renovação, ou que esses atletas simplesmente deram um jeito de se manterem relevantes por tanto tempo. No caso de Rodríguez e Fernández, eles eram ainda bastante jovens naquela ocasião. Agora estão no auge. Temos aqui, então, um grupo bastante experiente e entrosado também.

spain-espana-world-champion-japan-2006

Muitos ainda estão por aí

Para acreditar
Recentemente contratado pelo Spurs, aos 36 anos, Pau Gasol ainda é um dos jogadores mais temidos do #Rio2016. Os franceses se recordam bem do que o pivô lhes aprontou pela semifinal do último EuroBasket, com uma exibição verdadeiramente seminal. Buscando vingança após a derrota em casa pela Copa do Mundo de 2014, o gigante fez um campeonato espetacular para ser eleito o MVP, sem que ninguém lhe conseguisse parar: teve médias de 25,6 pontos, 8,8 rebotes e 2,9 assistências, além de absurdos 56% nos arremessos de dois pontos, 67% de três e 81% nos lances livres. Recomendo ler em voz alta todos esses números pelo menos uma vez para ver se a cabeça os processa de maneira adequada.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?

O legendário espanhol manteve o ritmo durante a extensa temporada da NBA e disputou 72 partidas pelo Bulls, com média de 31,2 minutos. O importante aqui é constatar sua durabilidade, ao contrário de campanhas passadas em que se apresentou ao time nacional com mobilidade limitada. Quando está solto em quadra, vira um pesadelo no basquete Fiba, pelo fato de a linha de três pontos ser mais curta. Você em de marcá-lo muito longe da cesta, e ele ainda tem fundamento e passada larga para bater grandalhões com o drible. Sem contar o inúmero repertório de giros, fintas, ganchos e arremessos de média para curta distância.

A ausência de seu irmão, nesse sentido, pode até ser benéfica. Pelo menos no ataque. Por mais que saiba perfeitamente jogar em high-low, como faz há anos com Zach Randolph em Memphis, Marc deixaria a quadra com menos espaço para Pau entrar em ação. A mesma atenção que os adversários vão prestar para contestar Mirotic não seria a mesma com o grandalhão. Além do mais, vindo do banco, a dupla Reyes-Hernangómez ainda pode dar conta do recado.

Mirotic muda as coisas o ataque para a Espanha

Mirotic muda as coisas o ataque para a Espanha

Para servir aos pivôs, a seleção espanhola também conta com o melhor conjunto de armadores das Olimpíadas, independentemente da presença de Calderón, ou não. Os Sergios dominaram o basquete espanhol e europeu, de certa forma, nos últimos três, quatro anos, fazendo dupla pelo Real Madrid. Ao lado de Rubio, podem formar um trio invejável, que dão muito manejo de bola, visão de jogo, intensidade e põem pressão defensiva. Se por acaso tivermos uma terceira final seguida entre Estados Unidos e Espanha, para os europeus sonharem com um ouro, esses baixinhos terão de se impor não só contra Kyrie Irving e Kyle Kowry, mas principalmente enfrentar o abafa dos norte-americanos, reduzir turnovers e tentar fazer um jogo controlado para que eventualmente Gasol faça a diferença.

Contra defesas menos agressivas, os armadores podem fazer a Espanha jogar muito bem em velocidade, característica que ajudaria muito Fernández e Mirotic, emulando o Real Madrid de Pablo Laso.

Questões
Marc Gasol vai fazer muita falta do ponto de vista da marcação. Ele pode ser lento, indo na contramão do que temos cada vez mais visto pelo basquete mundo afora, mas é um desses gigantes extremamente inteligentes que se fazem notar quando posicionados ao centro de uma defesa, fechando muito bem espaços e também contestando qualquer jogador que se aventure em jogar de costas para cesta sob sua observação. Ainda assim, para a Espanha ir longe, sem sustos, o último EuroBasket mostrou que Pau Gasol precisa estar em quadra por cerca de 30 minutos. Em 2016, creio realmente ser difícil unir os irmãos em quadra. Não é o pior dos mundos, então.

sergio-rodriguez-sergio-llull-real

Um ponto a ser lamentado é justamente essa dependência do pivô. Em tese, a seleção espanhola tem elenco para se virar também sem o astro. Mas os dois Sergios precisam jogar como se estivessem com a camisa do Real Madrid, dominando o jogo com seu imenso pacote de habilidades, coisa que não aconteceu no último europeu – e que foi ainda pior durante o Mundial em casa. É só dar uma espiada no aproveitamento de longa distância de ambos. Chutam com muito mais eficiência por seu clube do que pela seleção. Neste caso, a familiaridade com sistemas e companheiros não deveria ser uma desculpa: afinal, há momentos em que podem montar um quinteto todo merengue em quadra, acompanhados por Fernández, Reyes e… Mirotic (sim, ele é do Chicago hoje, mas jogou muito mais tempo com esses caras do que com Taj Gibson e Jimmy Butler). Para não falar de Willy Hernangómez, que só ficou com esse núcleo uma temporada e agora está indo para Nova York. Aliás, que Scariolo não use desse expediente mais vezes é algo um tanto curioso.

A última preocupação é a disputa nas duas tábuas. Gasol, Reyes e Hernangómez são ótimos reboteiros, mas o restante do quinteto tem tamanho diminuto, especialmente nas alas. Já não há mais esperanças de que Victor Claver possa se tornar esse lateral de grande estatura que o país procura há anos – tipo o Brasil, enquanto Lucas Dias e Bruno Caboclo não chegam lá. Equipes como França, Sérvia e Lituânia podem dar trabalho nesse sentido, com um perímetro de maior estatura.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 96572-1480 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


A constante reformulação do Minnesota Timberwolves
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (Tá acabando!!!)

A bola é sua, Wiggins

A bola é sua, Wiggins

Quando foi nomeado pela primeira vez técnico do Minnesota Timberwolves, Flip Saunders tinha no elenco alguns jogadores de bom apelo de mercado, mas nenhum deles era a prioridade do clube: a ele cabia desenvolver um adolescente de 19 anos, extremamente badalado, e montar uma equipe ao seu redor. Parece familiar com algo?

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Pois é. Tal como em 1995-96, o Wolves estava em um processo de reconstrução de elenco, com a intenção de se livrar de Isaiah Rider e Christian Laettner e abrir caminho para a ascensão de um vareta chamado Kevin Garnett. Saunders tinha 40 anos então. Hoje, com 59, combina o cargo de presidente da franquia com o de técnico, substituindo Rick Adelman para guiar o time em sua era pós-Kevin. O Love, no caso.

As coisas se confundem mesmo: é como se a franquia estivesse em constante reformulação, em busca de alguma identidade, de alguma luz, para deixar os porões da Conferência Oeste. Com o brilho atlético do canadense Andrew Wiggins e outras apostas de futuro, a esperança é de que agora – ou, tudo bem, daqui a uns dois, três anos – vão engrenar.

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Playoffs? Eles não disputam uma partida de mata-mata desde 2004, na final da Conferência Oeste contra o frustrado Lakers de Shaq, Kobe, Jackson, Malone e Payton. Garnett estava no auge, acompanhado de Sam Cassell, Latrell Sprewell, entre outros. Todos apoosentados. Aliás, do último confronto daquela série, vencida por4 a 2 pelos angelinos, apenas dois jogadores ainda estão em tividade: Kobe e KG. Glup.

Desde então, Saunders foi demitido em 2005, e dúzias de atletas promissores (ou não) passaram por lá Marko Jaric, Al Jefferson, Rashad McCants, Ricky Davis, Randy Foye, Mike Miller… E Kevin Love. Sem conseguir mudar a sorte da franquia. Os anos com o megaprodutivo ala-pivô foram talvez os mais frustrantes. A base com Ricky Rubio, Nikola Pekovic, Kevin Martin, Andrei Kirilenko sugeria um belo time. Mas as lesões castigaram o elenco, a ponto de Love não aguentar mais e pedir uma troca.

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

Entra em cena LeBron James, o novo gerente geral do Cleveland Cavaliers, com um pacote enfim irresistível. Saunders, o cartola, topou, depois de pedir Klay Thompson, David Lee e Harrison Barnes para o Golden State Warriors, sem sucesso. Tivesse realizado sua primeira troca ideal, julgaria ter um time competitivo, para brigar novamente por uma vaguinha nos playoffs. A rota que acabou seguindo, porém, requer mais fôlego e cabeça.

Quando viu Dave Joerger dá um giro de 180º, Saunders respirou fundo, então, e decidiu ele mesmo descer do escritório da presidência para dirigir o time nove anos depois. Depois de uma sequência de dez temporadas inteiras seguidas com mais vitórias do que derrotas, ao menos o técnico se acostumou a perder em sua sofrível passagem pelo Washington Wizards.

Como presidente e, aliás, um dos acionistas do clube, ele não tinha obrigação alguma de ir para a quadra. É de se imaginar, então, que esteja empolgado para trabalhar com Wiggins e os mais jovens promissores, que podem compor um forte núcleo se bem cuidados. Está novamente em suas mãos o futuro do time.

O time: Kevin Martin, Thaddeus Young, Nikola Pekovic, Chasey Budinger e Corey Brewer serão todos mantidos? Para falar sobre a temporada do Wolves, tudo depende dessa resposta. Martin, Young e Pekovic ainda são muito produtivos e poderiam reforçar equipes que sonhem para  hoje com os mata-matas. Em Minnesota, o mais lógico era abrir caminho para Wiggins, Zach Lavine, Anthony Bennett e Gorgui Dieng, que, aos 26 anos, pode ser inexperiente em NBA, mas já não é mais nenhum moleque.

Rubio, mais uma lesão

Rubio, mais uma lesão

Enquanto as negociações não esquentam – já há muita gente interessada em Brewer, por exemplo –, porém, a garotada depende de desfalques para jogar. E eles já vão se acumulando com menos de um mês de temporada. a franquia precisa ou de um estafe médico novo, ou de uma benzedeira. Talvez os dois.

A lesão mais lamentada é a de Rubio, claro. De contrato renovado, confiante em liderar a equipe após a saída de Love – parece que a relação dos dois havia dado uma boa azedada –, o espanhol voltou a ser atropelado pelo azar, com uma lesão grave no tornozelo. Não tem previsão de volta. O armador seria fundamental para deixar os mais jovens em situação mais confortável – e divertida – em quadra.

A pedida: progresso acelerado para Wiggins, Bennett e Lavine e um bom posicionamento no Draft, sem alarde.

Olho nele: Zach Lavine. Wiggins é quem chama as manchetes, mas, para muitos olheiros, Lavine também tem potencial para virar um All-Star. Com as lesões de Rubio e Martin, o ala-armador revelado pela UCLA tem ganhado minutos mais cedo que o esperado. Ainda muito cru, mas extremamente atlético (muita impulsão e velocidade), é capaz de executar alguns lances de efeito. Mais relevante, porém, seria seu desenvolvimento na criação de jogadas, seja para própria finalização ou para os companheiros. Vai levar um tempo.

Abre o jogo: “As duas ofertas eram Andrew Bynum, cujos joelhos me davam medo, e o Big Al, além de algumas escolhas de Draft e outros complementos, coisas do tipo. Gostava de Bynum, mas também gostava do Al, porque ele era um pontuador melhor. E eu realmente tinha muito medo dos joelhos do Bnyum e as complicações que vêm disso. Então, sei o que as pessoas falam sobre mim e Danny (Ainge), mas, se você olhar para o que o Celtics ofereceu, foi a melhor oferta disponível. Eu, na verdade, fiquei surpreso, porque não havia muitos times com quem negociar”, Kevin McHale, ex-gerente geral e técnico do Wolves, nativo de Minnesota e chapinha de Danny Ainge, atual chefão do Celtics e seu ex-companheiro de equipe. Por Garnett, em 2007, ele recebeu Jefferson, Gerald Green, Ryan Gomes, Sebastian Telfair, Theo Ratliff e duas futuras escolhas de Draft (que resultariam em Jonny Flynn e Wayne Ellington). Pacote melhor ou pior do que o que Saunders obteve por Love? Vai depender de Wiggins e Bennett.

Você não perguntou, mas… o Minnesota contratou um técnico especialista em arremessos para tentar ajudar Ricky Rubio (e outros, mas especialmente Rubio): Mike Penberthy. O torcedor do Lakers vai se lembrar dele. Acho. Era um pretenso clone de Steve Kerr que Phil Jackson usou em sua rotação em 2000-2001, temporada do segundo título da equipe sob sua gestão. Em 56 times como profissional, ele acertou 39,6% de seus chutes de longa distância. Segundo consta, Penberthy vinha trabalhando como frila nos últimos anos e teria passado técnicas a Paul George, Andre Iguodala, Reggie Jackson e Jrue Holiday, entre outros.

kevin-garnett-minnesota-card-rookieUm card do passado: Kevin Garnett. Em 1995, o Minnesota apostava alto em um adolescente de 19 anos, em época que isso ainda não era nada normal. Ainda mais com o garoto saindo direto do colegial. KG saiu de ginásios modestos em Chicago para a grande liga, abrindo caminho para a onda que invadiu os anos 2000, até ser encerrada em 2006 por David Stern. Kobe, T-Mac, Jermaine O’Neal e tantos outros viriam em sequência. Muitos tiveram sucesso, outros se perderam pelo caminho. Garnett foi ganhando minutos aos poucos em seu primeiro ano, começando 43 jogos como titular depois que o clube se desfez de Christian Laettner e com Saunders assumindo o time no meio da jornada, com 20 jogos disputados. O ala-pivô Tom Gugliotta e o problemático Isaiah Rider eram seus principais companheiros, enquanto Terry Porter e Sam Mitchell eram as referências veteranas.


O 7º dia da Copa do Mundo: Zebras de folga
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Ufa. Depois da maratona em sua primeira semana, neste sábado a tabela da Copa do Mundo pegou bem mais leve com esses pobres jornalistas. Quatro joguinhos, nada simultâneo, e a chance de apreciar melhor o que se passa em quadra. Embora, quem esteja tentando enganar? Aquela avalanche de jogos dos grupos era divertida pacas e nos deixa com abstinência. Difícil até digitar aqui, de tanto tremelique. Mas vamos lá: depois de alguns sustos na fase de grupos, não temos nada de surpresas por ora nas oitavas. Os grandes favoritos, Espanha e Estados Unidos, passaram com tranquilidade, para agora enfrentarem, respectivamente, Eslovênia e França nas quartas de final.

O jogo do dia: França 69 x 64 Croácia
Um segundo tempo redentor nos livrou daquele que poderia ter sido o primeiro duelo com menos de 100 pontos no placar. No caso, com os dois ataques somados! A primeira etapa, para se ter uma ideia, teve 48 pontos anotados. Um inacreditável: 23 a 22 a favor dos Bleus, que haviam anotado apenas 7 pontos no primeiro período – quantia igualada pelos balcânicos no segundo quarto. Uma tristeza que só, uma batalha do jogo feio. Na volta do intervalo, para alívio geral, os ataques desafogaram, permitindo que Ucrânia 64 x 58 Turquia ficasse com o justíssimo título de partida mais sonolenta do campeonato.

A vitória francesa ganha este espaço devido aos 20 minutos finais, na disputa mais equilibrada da jornada, e também pela quantidade de jogadores talentosos de ambos os lados. Dario Saric, Ante Tomic, Bojan Bogdanovic, Boris Diaw, Nicolas Batum e mais. Todos de NBA ou em grande parte em potência europeias. Entre eles, Bogdanovic foi quem se destacou, com 27 pontos em 35 minutos, exibindo todos os seus fundamentos que poderiam perfeitamente ilustrar um manual. No ataque, o croata é uma maquininha de cestas, e com um estilo mais classudo impossível.

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Num tiro de três a 52 segundos do fim, o ala diminuiu uma vantagem francesa que chegou a ser de 11 pontos para apenas dois. No ataque seguinte, Antoine Diot errou um chute de fora na zona morta, e os croatas tinham a chance de virada. Foi aí que a apareceu a outra faceta do “hero ball”, com Bogdanovic se precipitando com uma bola de fora, de muito longe, restando mais de 10 segundos de posse no cronômetro. Nos lances livres, os adversários definiram o placar. Olho neste jogador na próxima temporada da NBA: vai jogar pelo Brooklyn Nets. É um dos principais cestinhas da Europa, mas é preciso ver como irá se a ajustar, já que está habituado a jogar com a bola em mãos, como referência primária (e secundária, hehe) de seus times. Um tanto fominha.

De resto, é de se lamentar o fogo que Batum tem com a bola em diversos momentos, abrindo mão das infiltrações para cômodos disparos de longe (0/6 para ele hoje nos três pontos, 5/7 de dois). Também fica a dúvida sobre como a Croácia demorou para abastecer Tomic no garrafão durante todo o campeonato. No quarto período, hoje ele foi o grande responsável pela reação de seu time, com 17 pontos em 25 minutos (7/10 nos arremessos). O pivô do Barcelona, mesmo assim, ficou no banco nos últimos três minuto.

Quem fez falta: as Filipinas… 🙁
O esforço da atlética seleção de Senegal contra a Espanha foi formidável, especialmente primeiro tempo, mas é difícil de fugir de um devaneio sobre como teria sido o confronto dos anfitriões com as Filipinas nestas oitavas de final. Antes que me acusem de pirado: não, os filipinos não venceriam, não causariam a maior surpresa da história. Mas pode ter certeza de que eles proporcionariam alguns instantes de pura diversão em quadra, deixando Pau Gasol atônito.

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Um causo
Não chega a ser um dramalhão mexicano, mas Gustavo Ayón ainda está desempregado. A despeito de suas diversas qualidades, o pivô não tem contrato para a próxima temporada. Que vergonha, NBA. Neste sábado, contra os Estados Unidos, ele mostrou que tem bola. A melhor vitrine. Será o suficiente para levantar uma proposta? Vejamos. Só não foi suficiente para evitar uma derrota por 86 a 63.

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Alguns números
35 –
Os “Splash Brothers” do Golden State Warriors anotaram juntos 35 pontos na vitória contra o México.  Stephen Curry foi o cestinha, com 20. Klay Thompson anotou 15. Juntos, eles mataram nove de 18 arremessos de longa distância.

33 – A vitória por 89 a 56 sobre Senegal, por 33 pontos, foi a mais larga da Espanha em um jogo de mata-mata de Mundiais, EuroBasket ou Olimpíadas.

18 – O cestinha da Eslovênia contra a República Dominicana foi um Dragic. Mas Zoran dessa vez. O ala-armador não permitiu que um jogo abaixo do esperado de seu irmão derrubasse a equipe, marcando 18 pontos com 8/15 nos arremessos. Goran ficou com 12 pontos e 6 assistências – mas também cometeu seis desperdícios de posse de bola. Curioso que o astro do Phoenix Suns tenha se atrapalhado contra uma equipe que não é muito conhecida por sua pressão defensiva. Duro agora é se preparar para um embate com os Estados Unidos.

11,1% – Os irmãos Gasol não deixaram Gorgui Dieng se despedir da Copa da melhor maneira. Uma das sensações do campeonato, o pivô senegalês terminou as oitavas de final com 6 pontos, 7 rebotes e 2 assistências, acertando apenas 1 de 9 chutes de quadra (aproveitamento de 11,1%). No geral, ele teve médias de 16 pontos, 10,7 rebotes, 2 assistências e 1,5 bloqueio.

4 x 5 – Para Ricky Rubio, que preencheu a tabela estatística hoje, com pelo menos cinco incidências em quatro categorias diferentes: 7 pontos, 5 rebotes, 6 assistências e 5 roubos de bola em apenas 20 minutos. O armador já não tem a mesma badalação dos tempos de adolescente, mas ainda é um jogador bastante singular quando em forma.

Andray Blatche: acabou a contagem
Vocês sabem, né? O pivô mais filipino da Copa liderou a primeira fase em total de arremessos de quadra. Foi bom enquanto durou. Agora ele já está de volta aos Estados Unidos. Destino: Miami. Para assinar com o Heat, ou simplesmente por que vive lá? A Internet não responde com clareza. Consta apenas que ele não será reaproveitado pelo Brooklyn Nets.

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Treinou com seus amigos gregos e estudou o comportamento dos alas da Sérvia. Simples assim.

Tuitando:

O técnico Vincent Collet vem sendo cobrando por muita gente neste torneio sobre os parcos minutos que o ala-armador Evan Fournier, agora do Orlando Magic, vem recebendo no torneio. Contra a Croácia, ele saiu do banco para anotar 13 pontos em apenas 16 minutos, sendo fundamental na reação francesa no segundo período. Mas o treinador não fica muito impressionado, não, depois de ver o jovem atleta arrriscar uma bola de fora precipitada contra marcação por zona. “Ele não conhece o jogo de basquete, pelo menos não o bastante”, disse. Ouch.

Fair play, a gente se vê por aqui. Depois de seus pivôs anularem Gorgui Dieng, o armador entra em contato com seu companheiro de Minnesota Timberwolves com algumas palavras de incentivo.

É com esse espírito que a torcida espanhola vai para as quartas de final.


Mas nem todo mundo é só sorrisos no basquete espanhol. Para vocês verem que não é só jornalista brasileiro quem chateia. ; )


Ida imediata de Bebê e Raulzinho para a NBA depende de projetos específicos dos clubes
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O agente e a garotada

Aylton e os dois draftados: trabalho sério para desenvolver a rapaziada

Essa talvez seja a pergunta que ronda a cabeça de uma boa parte de vocês, viciados em basquete, que não têm muito mais o que fazer da vida, que ficam vagando por aí chutando pedrinhas e imaginando qual será a rotação de seu time, nesses últimos e nestes próximos dias: será que Lucas Bebê e Raulzinho vão jogar na NBA já na próxima temporada?

Por uma cortesia do companheiro Murilo Borges, antenadíssimo jornalista da Rádio Bradesco Esportes FM, temos aqui algumas respostas que, embora não definitivas, ajudam a elucidar o que está em jogo para os dois promissores brasileiros no momento.

Murilo bateu um longo papo com o ex-jogador da seleção brasileira, Aylton Tesch, hoje um importante agente de atletas internacionais, cuja cartela vai de gente como Anderson Varejão, Nenê e Ricky Rubio até Nikola Mirotic, o astro do Real Madrid. A entrevista vai ao ar na sexta-feira, no programa Sports All the Time (que ele toca ao lado de Ivan Zimmerman).

Desta conversa, o que dá para tirar basicamente: não há ansiedade alguma por parte do agente – que é sócio do temido (pelos dirigentes) Dan Fegan – de levar os garotos para a NBA agora. O que não quer dizer que possa acontecer. Zelando pela carreira dos dois, ele espera que Atlanta Hawks e Utah Jazz tenham algum plano de desenvolvimento pronto para seus clientes, caso os queiram na liga para já.

“Não tem por que fazer uma mudança drástica, nem forçar para que levem este ano, se não tiver um planejamento. É assim que muitas carreiras se perdem”, afirma Aylton. Para ser justo, a resposta se referia apenas a Lucas. Mas dá para imaginar que o processo seja o mesmo para o armador.

Sobre o pivô, em específico, uma das primeiras preocupações se referem, naturalmente, ao seu físico franzino. Qual seria a melhor forma de desenvolver isso – e o quanto ele realmente precisa encorpar? Ao mesmo tempo, não adianta se fortalecer, se não for para jogar. E aí a diretoria do Hawks tem de entregar um projeto satisfatório.

“Se você tem uma franquia por trás, tentando desenvolver o jogador, lá nos Estados Unidos o foco da parte física é outro. Se ele focar em ganhar dez quilos em três meses, ele consegue. Mas ele só vai para a NBA se o time tiver um plano de evolução para ele”, diz o agente. “Tem de planejar algo para que eu me sinta bem e o atleta também. Se for para colocá-lo lá hoje e deixá-lo de lado, melhor deixar jogando na ACB, que é a segunda maior liga do mundo, na qual ele vai jogar mais de 25 minutos.”

Maaaas…

“Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram.”

Essa declaração acima é crucial. Se Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiver de acordo – e não parece nada absurdo, convenhamos –, Lucas deve assinar agora mesmo com o Hawks, pagando sua multa rescisória ao Estudiantes, na Espanha.

O Atlanta contratou nesta segunda-feira o experiente Elton Brand, que chega para fortalecer uma rotação que estava reduzida, até, então, a Al Horford e Paul Millsap. Ter Brand no banco é importante porque tira qualquer pressão do caminho de Bebê – ele não está pronto para ficar muito tempo em quadra por uma equipe que obviamente mira a vaga nos playoffs novamente.

Não dá para descartar que Ferry ainda contrate mais um veterano barato como seu quarto grandalhão na rotação, embora o ala Demarre Carroll possa assumir esse papel, numa formação de small-ball que deve ser empregada por Budenholzer. O segundanista Mike Scott também é um candidato, apresentando um jogo desenvolvido na liga de verão de Las Vegas desta semana. Sobrariam, então, alguns minutinhos para Bebê ou para o outro novato da equipe, Mike Muscala – mais maduro, mas também um pouco frágil fisicamente? Ainda não dá para saber.

“Hoje o que eu tenho em mente: se ele for para a Espanha, tenho essa conversa mais ou menos acertada de que o Atlanta Hawks mandaria um preparador físico para cuidar dele duas ou três vezes na semana. Então estou planejamento para que, aonde quer que ele esteja, ele vai desenvolver, seja na NBA ou na ACB”, assegura Aylton.

Sobre Raulzinho? Bem, o Utah Jazz era identificado por seu time com um clube em potencial para o armador. Afinal, sua posição era uma carência do elenco. A franquia, porém, investiu duas primeiras escolhas de Draft para contar com Trey Burke, o jogador do ano do basquete colegial. Isso muda de modo significativo o encaminhamento dessa negociação.

“Será que é a hora de ir para a NBA agora com dois armadores novatos no mesmo time? Ou será que é a hora de buscar um time (na Europa) um pouco mais forte, pelo qual possa estar jogando talvez na Euroliga ou EuroCup e ACB ao mesmo tempo, fazendo dois jogos (por semana)? É a decisão que agora nos cabe tomar”, diz o agente.

E, neste ponto, ais uma peça do dominó do mercado da liga norte-americana caiu nesta segunda: segundo a ESPN.com, o armador John Lucas III, ex-Bulls e Raptors, já está apalavrado com o Utah e chega como uma espécie de apólice de seguro. Afinal, o badalado Burke viveu dias infernais em Orlando na semana passada, e não foi por causa do calor. O garoto foi muito mal na primeira liga de verão do ano e bombou em muitos quesitos, preocupando muita gente. Mas não será um fiasco desses que fará a franquia desistir do atleta, claro. O que fica claro é qeu ele precisará de muita ajuda de seus treinadores. E, com tanta atenção assim dedicada ao “titular”, talvez não seja o caso de Raul fazer a transição neste ano, mesmo.

Agora, tem muito mais no bate-papo com Aylton. Ele detalha como é o dia de Draft para um agente de atletas, por exemplo. Vale conferir na íntegra na sexta. Aqui está o site da rádio.


Scott Machado: “Posso fazer o que Ricky Rubio faz”
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Scott batalhando na D-League

Competição da D-League primeiro, Ricky Rubio depois

Scott Machado estava em seu giro básico de toda noite pelo Twitter, quinta-feira passada. Primeiro ele disse que estava pronto para concluir um “Trabalho”, assim com caixa alta. Depois, avisou que iria assistir ao companheiro de Rio Grande Valley Vipers, Royce White, participar da série do Dr. Phil,  Phil McGraw, que tinha um quadro no programa da Oprah e hoje comanda seu próprio talk show, abordando toda a sorte de tópicos familiares e particulares. É o psicólogo da galera. Pelo respeito prestado a White, uma figura bastante controversa hoje na NBA, tudo bem que ele se perca por alguns minutos como telespectador disso. E aí… Pouco depois, ele acionou a rede que soa como um desabafo:

– “Eu posso fazer o que Ricky Rubio faz!!!”

– “Estou apenas esperando pelo meu momento!!!”

Foram dois tweets em sequência. Provavelmente ele estava assistindo ao confronto entre o Wolves do armador espanhol e o Los Angeles Lakers, fechando a rodada da liga norte-americana daquela noite. Para constar: todo estrupicado de lesões, o time de Minnesota apanhou do mambembe Lakers por 116 a 94, mas Rubio aprontou mais das suas, com 13 pontos, 13 assistências e oito rebotes, ganhando mais confiança em seu joelho cirurgicamente reparado a cada temporada.

O paralelo que se pode traçar entre os jogos do brasileiro nova-iorquino e o da jovem estrela espanhola é o seguinte: são dois casos raríssimos de armadores puros que ainda sobrevivem à sua maneira, muito mais preocupados em servir aos companheiros, encontrando prazer, se divertindo na hora de passar a bola, mesmo. Curiosamente, na hora de atacar, os dois não são realmente os arremessadores mais temidos em quadra – Scott na D-League e Rubio pelo Wolves estão com aproveitamento abaixo de 40%, algo muito baixo.

Mas as comparações param por aqui.

Rubio também tem dessas

Defesa de Ricky Rubio: outro patamar

Pela plasticidade de seus passes, seu espírito de líder desde a adolescência, quando se pensa em Rubio, é muito mais natural que se fale sobre o impacto que causa no ataque do Wolves, mas há muito mais substância em seu basquete para se avaliar, especialmente o modo como ele usa seus atributos físicos –  larga envergadura e a movimentação rápida de pés, especialmente – na hora de marcar. Tanto fora da bola, rompendo linhas de passe, como na contenção individual, o rapaz atormenta os adversários, exercendo sua maior influência em quadra. Mas o melhor disso tudo é poder ser um ladrão de bola eficaz sem atos irresponsáveis, procurando respeitar um posicionamento adequado para não quebrar a defesa coletiva de sua equipe.

O ponto é: há muito mais em Ricky Rubio do que passes picados que atravessam a quadra.

Dá para entender de onde vem a frustração de Scott, que não teve muito tempo de Rockets para mostrar serviço, de agarrar aquele sonho de se dizer jogador de NBA. Ele esteve lá, mas durou pouco. E, em sua cabeça, depois de tanto ralar, as coisas não deveriam ser assim.

Mas não é fácil, mesmo.

Nem na D-League, especialmente com a filial do Rockets pensando sempre longe, cheia de planos alternativos, com uma equipe de scouts bastante atuante e influente – lembrem-se que o clube é administrado pela mesma diretoria de Houston. A mesma diretoria que, quando teve a chance de contratar um talento como Patrick Beverley, não hesitou. A mesma que, na semana passada, com uma vaga em seu elenco aberta depois da saída de Marcus Morris, promoveu mais um jogador do Vipers – mas não o armador, e, sim, o alemão Tim Ohlbrecht, que foi premiado com um contrato plurianual. Era mais uma oportunidade, mas a vez foi do pivô que tomou a corajosa decisão de abrir mão de bons contratos na Europa para tentar a sorte nos porões do basquete norte-americano.

No próprio elenco do Vipers, por exemplo, em constante fluxo, Scott tem de brigar por tempo de quadra com Andrew Goudelock, ex-Lakers, e Malik Wayns, ex-Sixers, dois atletas que também foram desligados da liga principal recentemente e que devem acreditar sinceramente de que pertencem ao que há de melhor no basquete. Os dois podem não ter o maior nome do mercado, mas não se iludam: a competição acaba sendo ferrenha.

Uma disputa da qual Rubio já está muito distante.


Série constante de graves lesões ameaça ‘Eldorado’ de armadores na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Derrick Rose abatido

Como Rose vai retornar depois da ruptura do CLA? Torcida do Bulls apreensiva

Se o cara é um armador sensacional, um craque de bola ganhando milhões na NBA, alguma coisa pode estar errada ou algo de errado está prestes a acontecer?

Eu, hein?!

Que toda a galera bata na mesa da escrivaninha agora ou, se estiver com o computador no colo, que se corra até a madeira mais próxima: toc, toc, toc.

(Vocês vão me desculpar o começo de texto absurdo, mas é que, quando se dá conta de um apanhado como este que vem por aqui, é de se ficar meio atônito, mesmo, escrevendo qualquer coisa. Explicando…)

Porque Rajon Rondo é a vítima mais recente de uma profissão mágica, fundamental para deixar nosso passatempo predileto mais divertido: a de bom armador. Uma profissão que, por exemplo, vai deixando cada vez mais conhecida a a famigerada sigla LCA. Significado: ligamento cruzado anterior e sua ruptura. A mesma lesão que tirou Ricky Rubio e Derrick Rose de quadra ao final da temporada passada, sendo que o astro do Bulls ainda nem voltou a jogar e Rubio ainda tem dificuldades para recuperar o basquete que encantou a NBA em sua primeira campanha.

Os problemas físicos de uma talentosa fornada de armadores não param por aí, porém. John Wall perdeu quase meia temporada por conta de uma lesão por estresse na rótula – aliás, não me perguntem nada além disso, por favor, porque taí algo bem estranho de se escrever. Stephen Curry já tem o tornozelo direito castigado por tantas torções. Kyrie Irving, o prodígio do Cavs, mal conseguiu jogar por Duke na NCAA, devido a uma lesão no pé, fazendo apenas 11 partidas. Em seu ano de novato, sofreu com concussões e uma lesão no ombro. Mais velho que essa turma toda, Chris Paul também já teve de lidar com a ruptura de um menisco no joelho em 2010.

Nessa lista estão sete dos talvez dez mais da posição. Vamos evitar a brincadeira de elencar um top 10, mas dá para fazer de outro modo. Veja abaixo.

*  *  *

Russell Westbrook, aquele dínamo do Oklahoma City Thunder, nunca perdeu um jogo em sua carreira devido a contusão ou lesão.

*  *  *

Rubio, CP3, Irving

Três armadores brilhantes em diferentes níveis

Em termos de armador (sem pensar exclusivamente em jogadores puramente passadores como Andre Miller), a NBA vive hoje uma espécie de eldorado.

Checando o titular da posição em cada equipe, e a grande maioria vai apresentar um jogador de destaque. Nem todos são incontestáveis, mas tem muita gente no auge e outros de muito potencial, além de Steve Nash e Jason Kidd, no ocaso de suas carreiras históricas. Alguns podem ser considerados apenas regulares, mas é difícil de encontrar alguém que ruim de chorar.

Vamos lá.

Na Divisão do Pacífico, temos Stephen Curry, Steve Nash, Chris Paul (para não falar de Eric Bledsoe), Isiah Thomas e Goran Dragic.

Na região do Noroeste: Russell Westbrook, Damian Lillard, Ricky Rubio, Ty Lawson e Mo Williams.

No Sudoeste: Tony Parker, Mike Conley Jr., Darren Collison, Jeremy Lin e Greivis Vasquez.

Na Divisão Central: Derrick Rose, George Hill, Brandon Jennings, Brandon Knight e Kyrie Irving.

No Sudeste: Mario Chalmers, Jameer Nelson, Jeff Teague, Kemba Walker e John Wall.

Por fim, nos lados do Atlântico: Raymond Felton/Jason Kidd, Deron Williams, Jrue Holiday, Rajon Rondo e José Calderón.

Levando a brincadeira adiante, talvez dê para dividi-los assim:

A elite: Paul, Westbrook, Parker, Rose, Deron Williams, Rondo.
Wess pode não ter o maior fã-clube lá fora, mas é uma força da natureza como Rose, que atacam de uma outra forma na posição, mas com sucesso inegável. Williams ainda se segura por aqui pelo conjunto da obra, mas ainda tem muito o que jogar pelo Nets para justificar seu salário. Os demais? Nem precisa discutir, né?

Chegando lá: Irving, Curry, Holiday, Wall, Lawson.
Irving só não está um degrau acima ainda pela brevidade de sua carreira e por sua defesa pífia. Curry é o melhor arremessador da turma, herdeiro de Nash nesse sentido, Holiday combina bem doses de Wess/Rose com ótima defesa, Lawson perdeu rendimento nesta temporada, mas, quando está em plena forma, com confiança, ninguém segura. Wall: quando os chutes de média distância, ao menos, vão começar a cair?

No meio do caminho: Felton, Conley Jr, Calderón, Hill.
Com Felton, o Knicks é uma coisa. Sem ele, outra. O que não quer dizer também que ele esteja entre os melhores de sua posição: isso apenas reflete o modo como o elenco do Knicks foi construído, e a dupla armação em sintonia com Kidd se tornou vital. Conley começou o ano barbarizando, mas deu uma boa desacelerada depois. Ótimo defensor, veloz, mas ainda longe de ser decisivo. Calderón é um dos poucos puros passadores nesse amontoado todo, um ótimo organizador, mas que sofre muito na hora de parar os adversários. George Hill é o contrário: marcador implacável, bom finalizador próximo da cesta, mas que não está na mesma categoria de Rose e Westbrook e não faz o jogo ficar mais fácil para seus companheiros.

Em franca evolução: Lillard, Walker, Dragic, Teague, Jennings, Bledsoe.
Grupo de potencial, mas que ainda não sabemos exatamente onde vão parar. Ninguém poderia imaginar o impacto que Lillard vem causando em Portland. Mais um ano desse jeito e já vai para o andar superior. Walker enfim parece aquele terror da NCAA. Dragic é vítima das circunstâncias em Phoenix. Teague e Jennings ainda alternam bastante, mas contribuem de modo mais positivo com suas equipes no momento do que complicam seus treinadores. Bledsoe jajá vai ganhar uma bolada de alguém.

Enigmas: Rubio, Lin, Knight, Vasquez.
Ainda está cedo para avaliar o físico do espanhol depois da lesão – a defesa e o arranque para a cesta especialmente –, mas seu arremesso está ainda pior. Lin: ainda não acho que dê para dizer que a Linsanidade foi uma mentira, vide suas principais atuações neste campeonato quando Harden está de molho. Knight é dos mais jovens da lista, com apenas 20 anos, mas, comparando, está beeeeem abaixo de Irving em termos de produção estatística e personalidade em quadra, sendo que o rapaz do Cavs é de sua mesma geração. Mas todos em Detroit dizem que é um cara sério, que trabalha duro e que tem muito a crescer. A ver. Já os números do venezuelano são ótimos neste ano, mas fica a dúvida ainda se ele consegue manter esse rendimento com consistência e se consegue fazer valer seu tamanho na defesa, se tornando mais combativo.

Já deu o que tinha de dar: Nelson, Mo Williams, Darren Collison.
Nelson é o líder emocional do Orlando Magic, corajoso, habilidoso mas… seu tamanho hoje impede que ele compita de um modo justo contra aberrações atléticas que vêm dominando a posição. Williams sempre foi mais moldado como um ótimo sexto homem do que como alguém que vá fazer a diferença para um bom time de titular. Collison ainda é bastante jovem, mas rende mais quando é a estrela da companhia – vide seu ano surpreendente como substituto de Paul no Hornets. E quem vai querer dar a Collison um time para liderar, levando em conta o nível dos outros jogadores aqui listados?

Sobram Mario Chalmers e Isiah Thomas, dois casos bem particulares. Jogando ao lado de Wade e LeBron, Chalmers tem um papel bem reduzido em Miami: abrir a quadra com chutes de três pontos e colocar muita pressão na linha de passe do oponente, duas coisas que faz muito bem. É um jogador que se encaixa perfeitamente num esquema e ainda não foi testado para valer de outra forma. Isaiah Thomas, com 1,75 m, é o jogador mais baixo desta página, enfrentando todas as dúvidas de sempre. Pelo Kings, se mostra um jogador, de qualquer forma, bastante útil, com números sólidos, boa velocidade, mas não chega a ter a eficiência de um Lawson que o torne irresistível no ataque para compensar sua fragilidade na retaguarda.

*  *  *

'Rio já não ouve mais tantos gritos assim de Wade ou LeBron

É justo comparar Mario Chalmers com os demais armadores quando sua função é tão diferente?

Como o Knicks vem mostrando com Felton e Kidd, finalizadores e facilitadores, o Heat com a obrigação de condução do time dissipada entre seus principais nomes, a ascensão de cestinhas impossíveis como Irving, Rose e Westbrook, é cada vez mais raro pensar no armador da NBA como um Bob Cousy ou John Stockton, e isso não quer dizer que estejamos diante do fim do mundo. O jogo vai mudando, seguindo diversos caminhos, e os técnicos e jogadores mais antenados vão se adaptando junto.

Só esperamos que as lesões gravem não acabem com essa evolução natural da modalidade. Não quer dizer que os astros estejam ou tendam a ficar baleados. Muitas vezes uma cirurgia pode acontecer apenas em decorrência de um lance de azar. Que essas ocorrências fiquem mais raras. Um armador com velocidade e mobilidade avariadas se complica em uma liga que valoriza cada vez mais o jogo atlético espalhado por toda a quadra.

E outra: enfermaria não tem graça nenhuma.


Com retorno de Ricky Rubio, Minnesota sonha com arrancada rumo aos playoffs
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Ricky Rubio

Por Rafael Uehara*

Após nove meses de molho devido a uma lesão séria no joelho esquerdo, o armador Ricky Rubio voltou às quadras no sábado passado contra o Dallas Mavericks para o delírio da torcida no Target Center, em Minnesota. Mesmo com Kevin Love se desenvolvendo em um All-Star, Rubio foi o principal responsável pela ressurreição da franquia como um time de interesse na temporada passada. Pela primeira vez desde que Kevin Garnett foi negociado quase meia década atrás, o futuro parecia promissor. Mesmo com um elenco limitado ao seu redor, Rubio estava liderando o time em direção aos playoffs quando colidiu joelhos com Kobe Bryant em Março e teve sua magistral primeira temporada abruptamente terminada. Sem ele, os Timberwolves perderam 17 de seus últimos 20 jogos.

Para essa campanha a diretoria reforçou a ala, setor de maior dor de cabeça ano passado, e a esperança era de que o time ganhasse jogos num número suficiente para não cair fora da briga enquanto Rubio não retornasse. Quando Love quebrou a mão na pré-temporada, as probabilidades estavam contra o time. Mas, mesmo ao cambalear no começo, em um momento perdendo cinco jogos seguidos, o Minnesota encontrou este meio de produzir vitórias, vencendo seis de suas próximas oito partidas, chegando a sábado com 11 vitórias em 20 jogos. E, agora que Rubio está de volta, semanas depois de Love, o time sonha em uma arrancada aos playoffs, algo 1u3 não disputa desde a temporada 2003-2004.

Há dúvidas com relação à capacidade de Rubio voltar a ser o jogador que era no passado, por se tratar de uma lesão tão séria, mas, se sua estréia na temporada serve de modelo, o jovem de 22 anos aparenta estar a caminho de uma recuperação completa. Em 18 minutos contra Dallas, Rubio marcou oito pontos, deu nove assistências e teve três roubos de bola. O time ganhou na prorrogação, 114-106, sem Rubio, pois o técnico Rick Adelman mostrou disciplina ao plano de segurar o garoto a exatamente no máximo que havia estipulado: 18 minutos. Mas, mesmo em tempo limitado, o impacto de Rubio na vitória foi claro.

Os Timberwolves têm tido dificuldade no ataque devido a tantas lesões a jogadores importantes e é atualmente apenas 19° em pontos por posse de bola. Luke Ridnour e JJ Barea são bons armadores, mas Rubio é especial por um motivo: sua visão de jogo o permite criar para o time situações para marcar pontos que outros jogadores não são capazes. E isso ficou evidente sábado. Quando Rubio entrou em quadra pela primeira vez, o time sofria contra a defesa de Rick Carlisle e perdia por dez. Quando Rubio saiu, o time perdia apenas por dois e com um ritmo de produção que resultou em uma vantagem de nove no intervalo.

Já na segunda-feira contra o Magic, em Orlando, Rubio realmente pareceu como alguém fazendo apenas o seu segundo jogo em nove meses. Ele esteve em quadra por 16 minutos, zerou em pontos, deu quatro assistências e teve apenas um roubo de bola. O Orlando tem sido um time de respeito este ano, especialmente em casa, o que tem surpreendido algumas pessoas pois a franquia acaba de perder Dwight Howard, mas esse é exatamente o tipo de jogo que Minnesota tem que vencer fora de casa para que possa chegar aos playoffs. Porém, o time foi muito mal em tiros de quadra e caiu, 93-102, ao permitir 52 pontos no garrafão e 28 no total para Glen Davis.

E, daqui pra frente, o caminho ficará apenas mais difícil. De acordo com Jeff Sagarin do jornal americano USA Today, os Timberwolves enfrentaram a quinta tabela mais fácil até o momento. Tudo se balanceará no próximo mês. Começou com o time visitando Miami nesta terça-feira. Receberá Oklahoma City quinta e, depois, viajará para Nova York. Em seguida, seus próximos adversários serão Houston, Phoenix, Utah, Denver, Portland, Atlanta, Oklahoma City de novo, Nova Orleans, Sacramento, Dallas, os Clippers, Houston de novo, Atlanta de novo, Brooklyn e Washington. Sete desses 15 jogos listados serão fora de casa. E isso nos leva até o fim de janeiro.

Logo, o retorno de Rubio não poderia ter vindo em hora mais oportuna. O jovem ainda não está 100% e talvez ainda não recupere o físico ideal por todo este mês, de modo que Adelman talvez relute em colocá-lo em quadra aos poucos. Isso pode ser muito difícil, porém. Esse é o trecho mais importante da temporada para Minnesota, no qual o time provará se tem ou não condição de chegar aos playoffs, e Rubio não é apenas peça fundamental nessa jornada, ele é única razão para que a jornada seja meramente possível.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.

 


Um estranho fetiche por Portland
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

David Kahn, presidente de operações do basquete do Minnesota Timberwolves, tem uma formação bastante peculiar. Formado em Inglês pela UCLA, começou a trabalhar como jornalista freelancer para o Los Angeles Times, até que voltou a sua cidade natal, Portland, empregado pelo The Oregonian. Foi repórter lá de 1983 a 1989, tendo feito coberturas até do Blazers. Depois que se cansou da vida no periódico, decidiu se formar em direito e advogou por uma empresa bem envolvida com as grandes ligas esportivas do país. Trabalhou por Indiana Pacers, times de beisebol e virou homem de negócios até chegar ao cargo, um pouco mais técnico, que ocupa hoje. Ninguém entendeu muito bem, mas chegou lá.

Brandon Roy - NBA

Brandon Roy está voltando, via Minnesota

Agora, em sua eterna reformulação do Wolves, o cartola parece ter uma nova obsessão: conseguir tudo e qualquer um que já teve qualquer vínculo com Portland.

– o ala-pivô Kevin Love, astro do clube, começou sua carreira como colegial em Portland0;

– o técnico Rick Adelman comandou o Blazers histórico de Clyde Drexler nos anos 80 para os anos 90;

– assistente-técnico Terry Porter era o armador dessa equipe de Adelman;

– o assistente-técnico Bill Bayno foi assistente do Blazers de 2005 a 2008;

Ok. No atual mercado, Kahn elegeu também o ala Nicolas Batum como seu principal alvo, estudando oferecer uma proposta para o agente livre restrito francês, do Blazers, claro. Além disso, o time já chegou a um acordo para contratar o ala-armador Brandon Roy, que voltou de uma aposentadoria tristemente precoce por problemas graves e crônicos no joelho. Em qual clube Roy havia brilhado a gente nem precisa falar.

Desse jeito, não vai espantar se aparecer algum primo hispano-americano de Ricky Rubio no Oregon, não

* * *

Sobre Roy, seria prematuro julgar a contratação e sua decisão de voltar a jogar antes de saber exatamente quais são suas condições. Só dá para constatar como deve ser duro para qualquer esportista abrir mão de sua tão cedo. Ele vai completar 28 anos no dia 23 de julho.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>