Vinte Um

Arquivo : Brandon Roy

A cesta decisiva – e o migué – de Lillard
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Giancarlo Giampietro

Damian Lillard não quer nada o que ver com isso. O cronômetro a 0s9 do fim, seu time dois pontos atrás do placar? Pffff, tô fora dessa, cara. Não é à toa que ele se coloca lá do outro lado da quadra, com diversos companheiros e adversários posicionados entre ele e a reposição de Nicolas Batum. Podem reparar no vídeo abaixo: o armador do Blazers está vagando pela quadra até que o francês é autorizado a fazer o passe. “La-la-ri-la-lá”, parece estar cantando.

Até que… Partiu!

Quando Chandler Parsons se tocou, já era tarde demais. Um baita migué, daqueles que a gente faz desde que começou a jogar basquete. Lillard fez seu papel direitinho saiu em disparada em sua semiparábola, pronto para fazer o que mais gosta:

Muitos questionaram a decisão de McHale de colocar Parsons em Lillard, em vez de sua peste chamada Patrick Beverley. Bem, o ex-superastro do Boston Celtics fez uma série de bobagens durante todo o confronto, mas não sei bem se essa está conta. Primeiro: Beverley está passando mal há dias, mal treinando direito, provavelmente jogando à base de drogas. As lícitas, no caso. E este era o último instante de um jogo que durou mais de 1h53, depois de algumas duras batalhas já acumuladas nos últimos dias. Além disso, hoje pode soar absurdo, mas Parsons conseguiu se fixar na rotação do Rockets já em seu ano de novato, sendo um cara de segunda rodada de Draft, devido ao seu empenho defensivo. Acreditem, já existiu esse dia. Além do mais, é um cara esguio, ágil e alto. Ideal para atrapalhar a recepção. Né?

Realmente tem o que se discutir aqui. Mas o fato é que, uma vez concluída a jogada, o ala acaba dando razão aos críticos. De modo algum ele poderia ter dado aquela separação inicial para Lillard, com tão pouco tempo no relógio. Nas fotos (mais abaixo), temos a impressão de que ele estava perto para contestar o chute mortal de um craque emergente. Se for pensar no pieque, até que talvez ele tenha se recuperado bem… Só que não. Nada disso: a bola já estava bem distante das mãos de seu adversário quando ele chega para o toco. Pior: nem mesmo um corta-luz foi posicionado no caminho do atleta do Blazers. Não há contato de Mo Williams antes de seu companheiro engatar a quinta.

Com o vídeo congelado em 11 segundos, temos Lillard já praticamente esperneando para mostrar o quão livre ele estava. Já eram no mínimo duas passadas de distância para qualquer marcador mais próximo. E aí que cabe uma outra pergunta para McHale: que diabos James Harden estava fazendo em quadra? Difícil tirar sua superestrela, né? Mesmo quando o figura já é reconhecida como um dos piores defensores de toda a liga. Reparem que Harden fica perdido com Wes Matthews ali na cabeça do garrafão, mesmo que o ala esteja praticamente de costas para a linha de passe.

Damian Lilllard, clutch, inbound play, Game 6, Blazers, Rockets

Com míseros 0s9 por jogar, obviamente não dá tempo de pensar: “Ferrou”, quando a bola chega às mãos do armador, mesmo que o batalhão de estatísticos do Rockets soubesse que Lillard mata 42% de seus arremessos de três tanto em situações de calmaria ou correria (parado ou em movimento). Mas já era, mesmo.

“Nós falamos especificamente para eles que não era para permitir chutes de três”, disse McHale, culpando seu elenco — muitos acreditam que foi seu último jogo como treinador do time. “Não parece que foi verdade. Um puta arremesso. Um puta arremesso. Ficou livre. Puta arremesso. E lá foi o jogo”, disse Jeremy Lin (em tradução livre demais até, porque obviamente Jeremy Lin não fala coisa feia). “É o pior sentimento que já tive na minha vida”, completou o pobre coitado do Parsons.

Um tiraço para a história, em semanas eletrizantes de basquete. Milhares de pessoas permanecendo no ginásio, dançando, gritando, mesmo com o jogo encerrado há tempos. A primeira vitória numa série de playoffs para o Blazers desde 2000. É claro que Lillard queria a bola.

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Por outro ângulo, praticamente dentro da quadra. Reparem nas palminhas:

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As fotos:

Ângulo para deixar o chute mais épico (e mais difícil do que foi)

Ângulo para deixar o chute mais épico (e mais difícil do que foi)

Oi, Parsons, bom dia? Lá foi a bola

Oi, Parsons, bom dia? Lá foi a bola

A separação entre Lillard e Parsons

A separação entre Lillard e Parsons

Lillard para a TV

Lillard para a TV

Damian Lillard 2014, Brandon Roy novembro de 2008: bombas contra Rockets

Damian Lillard 2014, Brandon Roy novembro de 2008: bombas contra Rockets

Deixa falar, deixa cantar, deixa rimar. Lillard, senhor de Portland

Deixa falar, deixa cantar, deixa rimar. Lillard, senhor MC de Portland

It's Lillard Time!

It’s Lillard Time!


Tabela 2012-2013 da NBA é divulgada: veja 5 reencontros imperdíveis
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Giancarlo Giampietro

Você, assinante do NBA League Pass, caçador de links na rede, madrugador do combo ESPN/Space, prepare-se. Pegue a caneta e a genda ou abra o bloco de notas, mesmo: a temporada 2012-2013 da liga norte-americana está toda definida, com a organização e os meses de antecedência de sempre.

Confira aqui cinco reencontros imperdíveis da campanha:

Nenê, Washington Wizards

Nenê já tem data para vestir este uniforme bacana nas Montanhas Rochosas pela primeira vez

Nenê vai fazer sua primeira partida em Denver como jogador do Washington Wizards no dia 18 de janeiro. Imagino que para ouvir aplausos na cidade de onde vem sua esposa e onde ainda deve ter casa;

Jeremy Lin, agora do Houston Rockets, encara Carmelo Anthony e o Madison Square Garden no dia 17 de dezembro para testar o que ainda restará de Linsanidade em Manhattan;

– Phoenix vai receber um Steve Nash vestido de roxo, mas o do Lakers, numa cena que certamente vai lhes parecer bizarra no dia 3 de janeiro. Feliz ano novo?

Ray Allen se veste de preto ou vermelho em Boston como um atleta do Miami Heat apenas no dia 18 de março: vai ser tratado como um pula-cerca ou ovacionado pelos serviços prestados?

– O ex-aposentado Brandon Roy, agora um Timberwolf, revê os hipongas e ex-companheiros de Portland no dia 23 de novembro. Se os seus joelhos permitirem, claro.

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A temporada vai começar no dia 30 de outubro e terminará no dia 17 de abril, restabelecida com 82 partidas para cada franquia. A noite de abertura terá três jogos, com destaque apra o confronto entre Cavaliers e Wizards, em Cleveland.

Hã…

Brincadeira. As principais atrações são: Los Angeles Lakers x Dallas Mavericks, para Dirk morrer de vontade de jogar com Nash novamente, e Miami Heat x Boston Celtics, que dispensa comentários.

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Para virar clássico, eles precisam se enfrentar. O primeiro duelo de New York Knicks e Brooklyn Nets está marcado para o dia 1º de novembro, na novíssima arena do Nets, que vai estrear Joe Johnson e Mirza Teletovic. Se o blog fosse muito maldoso, também falaria da estreia de Deron Williams, que não jogou nada desde que saiu de Utah Jazz. Mas xapralá.

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A revanche entre Oklahoma City Thunder e Miami Heat é uma das atrações da tradicional rodada natalina da liga.


Conheça os 15 jogadores “anistiados” da NBA
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Giancarlo Giampietro

Desculpem o trocadilho, mas é inevitável: boa parte destes aqui nem a Anistia Internacional deve defender. Pá-pum, o Vinte Um recapitula os 15 jogadores que já foram  alvos da chamada “cláusula de anistia” da NBA, à qual os clubes da liga podem recorrer para tirar de sua folha salarial um contrato indesejado, embora ainda sejam obrigados a pagar o prometido ao atleta:

Gilbert Arenas x Baron Davis

Arenas e Davis já foram mais felizes

Armadores: Gilbert Arenas (Orlando Magic), Baron Davis (Cleveland Cavaliers) e Chauncey Billups (New York Knicks)
São três jogadores com passagem pelo All-Star Game, que assinaram contratos gigantescos e supostamente liderariam seus clubes no auge de suas carreiras a campanhas de sucesso nos playoffs. No caso de Billups, deu certo, e fica até injusto listá-lo ao lado dos outros dois figuras. Campeão em 2004 pelo Detroit Pistons, MVP das finais daquele ano, ele só foi dispensado pelo Knicks no ano passado porque o clube vislumbrou a possibilidade de contratar Tyson Chandler – tanto que, prontamente, ele foi contratado pelo Los Angeles Clippers, pelo qual vai jogar a próxima temporada também.

Baron Davis assinou seu contrato com o Los Angeles Clippers para teoricamente formar uma grande dupla com Elton Brand em sua cidade preferida. Acontece que o pivô se mandou para Philadelphia, o primo pobre de LA se afundou novamente e o armador ficou mais interessado em sua carreira de produtor cinematográfico do que entrar em forma para jogar. Foi trocado para o Cleveland Cavaliers, que, na verdade, só estava interessado, mesmo, na escolha de Draft que levaria no negócio, ganhando no futuro um Kyrie Irving de presente. No campeonato passado, acabou ocupando a vaga de Billups em Nova York, mas esteve longe de causar qualquer tipo de impacto em quadra, privado de sua explosão física. Nos mata-matas, acabou sofrendo uma grave lesão no joelho e não joga mais neste ano.

Já Arenas… Bem… Por onde começar? Após defecar no tênis dos companheiros (sim, isso mesmo) e quase começar um bangue-bangue no vestiário, ser indiciado criminalmente e cair bastante de produção devido a uma cirurgia no joelho e o tempo inativo, ele ainda convenceu seu amigo Otis Smith, ex-gerente geral do Magic, a apostar em seu talento. Não deu nada certo, embora tenha ficado amigo de Dwight Howard. Foi cortado antes do campeonato, treinou sozinho por um tempão e descolou uma vaguinha no Memphis Grizzlies. Sua presença como reserva de Mike Conley foi insignificante, no fim.

– Alas: Charlie Bell (Golden State Warriors), Brandon Roy (Portland Trail Blazers), Travis Outlaw (Brooklyn/New Jersey Nets), James Posey (Indiana Pacers), Ryan Gomes (Los Angeles Clippers) e Josh Childress (Phoenix Suns).
Em uma quase-palavra: “Aaaargh”. Quem dá mais?

Bell: já não estava jogando nada mesmo, foi preso dirigindo alcoolizado, armou um barraco e público e acabou demitido para o time se aventurar no mercado de agentes livres , mesmo sem ganhar tanto assim. Roy: um craque, mas cuja estado precário dos joelhos lhe forçou uma aposentadoria precoce – ele agora tenta reviver a carreira. Outlaw: assinou um contrato de US$ 7 milhões por temporada com o Nets que ninguém entendeu, foi cortado um ano depois e já foi recolhido do lixo pelo Kings por US$ 4 milhões anuais, e todos continuaram sem entender. Posey: não era nem sombra do defesor implacável dos tempos de Celtics e Grizzlies. Gomes: dispensado para o Clippers contratar o quarentão Grant Hill. Josh Childress: quando voltou da Grécia, onde defendeu o Olympiakos, esqueceu seu jogo por lá.

Andray Blatche

Torcida da capital já não aturava mais Blatche

Alas-pivôs: Andray Blatche (Washington Wizards) e Luis Scola (Houston Rockets).
Dois jogadores opostos em termos de pacote físico: enquanto Scola faz o máximo com o mínimo (lento correndo, impulsão quase nula, mais baixo do que a média da posição), Blatche poderia ser rápido e explosivo e pular razoavelmente, além de bater os 2,10 m de altura. Poderia, mas não que quisesse. O desgosto da torcida do Washingotn com sua falta de preparo físico e intensidade em quadra chegou a um extremo em que, a cada vez que pegava na bola durante a última temporada, era vaiado. A cada bola. Já Scola é uma aberração aqui. Na ânsia de contratar Dwight Howard ou Andrew Bynum ou Neymar, o clube texano simplesmente decidiu limpar o salário do craque argentino, que havia perdido um pouco de rendimento, mas aind é extremamente produtivo. Voi resgatado na hora pelo Phoenix Suns.

Pivôs: Darko Milicic (Minnesota Timberwolves), Brendan Haywood (Dallas Mavericks), Elton Brand (Philadelphia 76ers) e Chris Andersen (Denver Nuggets).
Os grandalhões bem pagos de sempre. Darko já nem eterna promessa é mais, o que não impedirá de assinar mais um contrato milionário este ano. Haywood é imenso, ainda apanha rebotes e protege o aro, mas nada que justifique seu salário de US$ 21 milhões que tinha de contrato com o Mavs para as próximas três temporadas – por um preço menor, o Bobcats topou. Elton Brand receberia US$ 18 milhões do Sixers este ano, mas o time da Filadélfia optou por seguir outro caminho – agora, US$ 2 milhões desse total ao menos serão bancados pelo mesmo Mavs. Andersen, outro jogador ainda produtivo, o cara mais tatuado da história da liga, 100% carisma e impulsão, já não se encaixava  mais na jovem e pulsante rotação de pivôs do Nuggets.

Algumas notas para entender isso direito:

– cada jogador dispensado fica por 48 horas em estado de “waiver”, período  no qual os clubes abaixo do teto salarial podem tentar sua contratação em uma espécie de leilão, fazendo seus lances para a direção da liga sigilosamente;

– a partir do momento que o clube contrata esse jogador, o valor de seu lance vencedor será deduzido do que a franquia que o dispensou tem a pagar de salários;

– uma vez recolhido o jogador, ele não pode ser trocado por seu treinador pelo menos até o final da temporada. Isto é, Haywood obrigatoriamente fica em Charlotte até o fim da campanha 2012-2013;

– o prazo para “anistiar” os jogadores nesta temporada se enceroru na terça-feira. Isso não impede os clubes de sispensarem mais nomes eventualmente nos próximos meses, mas o saleario deles ainda constará na folha de pagamento.

– se o jogador não for recrutado por ninguém durante a fase de leilão, vira um agente livre total no mercado, podendo negociar com quem quiser. E, não, por enquanto ninguém teve coragem de assumir o risco Blatche.


Um estranho fetiche por Portland
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Giancarlo Giampietro

David Kahn, presidente de operações do basquete do Minnesota Timberwolves, tem uma formação bastante peculiar. Formado em Inglês pela UCLA, começou a trabalhar como jornalista freelancer para o Los Angeles Times, até que voltou a sua cidade natal, Portland, empregado pelo The Oregonian. Foi repórter lá de 1983 a 1989, tendo feito coberturas até do Blazers. Depois que se cansou da vida no periódico, decidiu se formar em direito e advogou por uma empresa bem envolvida com as grandes ligas esportivas do país. Trabalhou por Indiana Pacers, times de beisebol e virou homem de negócios até chegar ao cargo, um pouco mais técnico, que ocupa hoje. Ninguém entendeu muito bem, mas chegou lá.

Brandon Roy - NBA

Brandon Roy está voltando, via Minnesota

Agora, em sua eterna reformulação do Wolves, o cartola parece ter uma nova obsessão: conseguir tudo e qualquer um que já teve qualquer vínculo com Portland.

– o ala-pivô Kevin Love, astro do clube, começou sua carreira como colegial em Portland0;

– o técnico Rick Adelman comandou o Blazers histórico de Clyde Drexler nos anos 80 para os anos 90;

– assistente-técnico Terry Porter era o armador dessa equipe de Adelman;

– o assistente-técnico Bill Bayno foi assistente do Blazers de 2005 a 2008;

Ok. No atual mercado, Kahn elegeu também o ala Nicolas Batum como seu principal alvo, estudando oferecer uma proposta para o agente livre restrito francês, do Blazers, claro. Além disso, o time já chegou a um acordo para contratar o ala-armador Brandon Roy, que voltou de uma aposentadoria tristemente precoce por problemas graves e crônicos no joelho. Em qual clube Roy havia brilhado a gente nem precisa falar.

Desse jeito, não vai espantar se aparecer algum primo hispano-americano de Ricky Rubio no Oregon, não

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Sobre Roy, seria prematuro julgar a contratação e sua decisão de voltar a jogar antes de saber exatamente quais são suas condições. Só dá para constatar como deve ser duro para qualquer esportista abrir mão de sua tão cedo. Ele vai completar 28 anos no dia 23 de julho.


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