A NBA não vive apenas de estrelas: conheça os anônimos que brilham ao seu modo na liga
Giancarlo Giampietro
Sabe o Jeremy Lin, né?
Aquele da Linsanidade e tal.
Então: seu caso de jogador que era refugo da D-League e virou um astro na NBA foi o mais emblemático quando pensamos em atletas que nem sempre foram valorizados como deviam por dirigentes, técnicos e scouts, ou, no mínimo, atletas que acabam evoluindo consideravelmente contrariando qualquer previsão e acabam se dando bem na liga norte-americana.
São histórias sempre bacanas de se acompanhar, mostrando que nunca é tarde para realizar seus sonhos.
(Espaço para imaginar a trilha de cinema, daquele filme de drama enobrecedor, que faz a pessoa se sentir nas nuvens depois de um clímax meloso, mas arrebatador. Que toque a sifonia na sua cuca…)
Agora ok.
No ano passado, ainda na primeira encarnação, o Vinte Um elegeu seu “Esquadrão Jeremy Lin” em homenagem ao armador que conquistou Manhattan, reunindo jogadores que tiveram de lutar e viajar um bocado até chegar ao bem-bom da NBA.
Ainda estamos na metade do campeonato 20120-2013, com muita coisa para rolar – especialmente a fase deprimente e ao mesmo tempo extremamente intrigante em que os times vão se autossabotar para tentar uma escolha mais alta de Draft, abrindo as portas para as hordas vindas da D-League. Mas já deu para pinçar aqui e ali quatro bons candidatos para formar o”EJL 2012-2013″.
Sem perder mais tempo, vamos aos rapazes que concorrem a uma honraria tão prestigiada como essa:
– Chris Copeland, New York Knicks.
Nascido em Nova Jersey, formado na universidade de Colorado em 2006, o ala de 28 anos realmente apareceu do nada. Quer dizer, a não ser que o informado leitor do Vinte Um estivesse por dentro de tudo que se passava na liga belga de basquete. Era lá que ele estava jogando nas últimas duas temporadas, defendendo o ilustre Generall Okapi Aalstar (muito prazer) e foi encontrado pel olheiro europeu dos Bockers. Foi convidado para jogar a liga de verão de Las Vegas, ganhou um lugar no training camp de Mike Woodson e, alguns meses depois, já faz parte do quinteto titular, jogando ao lado de Carmelo Anthony como um Steve Novak turbinado. Arremessa muito bem de qualquer canto da quadra e é um pouco mais atlético que o branquelo. Já marcou mais de 20 pontos em três partidas.
– Alan Anderson, Toronto Raptors.
Aos 30 anos, o ala enfim conseguiu seu lugar para valer no Eldorado. Graduado em uma universidade bem mais tradicional, Michigan State, demorou para ter destaque pelos Spartans, dirigido por Tom Izzo. Teve médias de 13,2 pontos, 5,6 rebotes e 1,7 assistência em sua última campanha. Não foi o suficiente para convencer um time a selecioná-lo no Draft de 2005, mas ele acabou jogando pelo Bobcats em duas temporadas intermitentes, alternando com passagens pelo Tulsa 66ers da D-League. Dispensado, decidiu então migrar para a Europa, onde jogou na Itália, na Rússia e na Croácia até assinar com o Maccabi Tel Aviv, pelo qual fez uma ótima temporada em 2009-2010. Voltou para os EUA, então, mas, sem ofertas da NBA, jogou pela D-League novamente em 2010. Era muito pouco para seu talento, tendo se transferido logo para o Barcelona. Foi eleito o MVP da Copa do Rei. Hora de se firmar na NBA? Claro que não: teve de ir para a China até que, em março de 2012, assninou um contrato de 10 dias com o Raptors. Depois, fechou pelo restante da temporada, com médias de 9,6 pontos por partida em 17 partidas como titular. Mas é apenas nesta temporada, mesmo como reserva, que ele vem sendo produtivo, com 12,2 pontos em 24,7 minutos, com desempenho decisivo em algumas vitórias do Raptors. Mais importante: tem seu primeiro contrato garantido.
– PJ Tucker, Phoenix Suns.
Ao contrário dos dois jogadores citados acima, Anthony Leon Tucker foi selecionado no Draft da NBA na 36ª posição, no ano em que decidiu deixar a universidade do Texas, em 2006. Acontece que sua carreira pelo clube canadense não foi das mais produtivas ou duradouras: fez apenas 17 partidas em sua temporada de calouro até ser dispensado. Ele admite hoje que não soube lidar com a falta de tempo de quadra, deixando se levar pela frustração. “Eu ficava reclamando, brigando. Tinha a cabeça muito jovem e não entendi que isso é um negócio, perdi a perspectiva. Você precisa entender seu papel numa equipe. Agora vejo garotos fazendo a mesma coisa: dizendo que foram ferrados pelo GM ou pelo técnico. Quando você consegue ser verdadeiro consigo mesmo, é aí que as coisas fazem sentido. Foi uma jornada dura, mas completa”, diz o ala que é um dos poucos pontos positivos na decepcionante campanha do Suns. Nessa jornada dura você pode incluir passagens por dois clubes de Israel, um da Ucrânia, um da Grécia, um da Itália, um de Porto Rico e outro da Alemanha. Por clubes menores, mas preenchendo o currículo: foi eleito o MVP da liga israelense em 2008, cestinha da liga ucraniana e MVP da última final da liga alemã, pelo Brose Baskets Bamberg. Seu passe estava valorizado na Europa, mas optou por tentar a NBA mais uma vez, garantindo seu lugar no Arizona com muita garra, assumindo o desafio de marcar um LeBron James uma noite e Kevin Durant na outra. “Nunca deixo alguém trabalhar mais duro do que eu”, afirma.
– DeQuan Jones, Orlando Magic.
Um jogador com muita impulsão e elasticidade, candidato natural a qualquer concurso de enterradas, Jones era, porém, apenas o sétimo cestinha da universidade de Miami – equipe que está bem distante do pelotão de elite da NCAA. Não era de estranhar então que, na noite do Draft de 2012, sua família não tivesse preparado nenhuma festa de arromba. “Ninguém esperava por nada. Era mais como um tiro no escuro”, diz o ala. Sete meses depois, e lá está ele no quinteto titular em Orlando, clube pelo qual ele nem foi testado nos treinos particulares que antecedem o recrutamento de novatos. Para constar: apenas Bucks, Lakers e Pistons o observaram de perto, e foi em Detroit que Scott Perry, futuro gerente geral assistente da franquia da Flórida o conheceu. Perry o convidou para jogar a liga de verão, e deu certo. Acabou conseguindo uma vaga no traning camp, sem garantia alguma no seu contrato, mas bateu o veterano Quentin Richardson (US$ 4,5 milhões em salário) e os alas Justin Harper e DeAndre Liggins, que eram escolhas de Draft do clube.
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