Vinte Um

Houston Rockets manda Scott Machado e mais dois para liga de desenvolvimento

Giancarlo Giampietro

Scott Machado vai ter de arrumar as malas e cair na estrada. Ele tem uma viagem de cerca de 500 km para fazer entre Houston e Hidalgo, pequena cidade localizada ainda no Texas. Passadas duas semanas de temporada regular na NBA, o Rockets decidiu, enfim, enviar o jovem armador para sua filial na D-League, o Rio Grande Valley Vipers.

Scott Machado pelo Rockets em Las Vegas

Scott vai ter tempo de quadra pela primeira vez desde a pré-temporada

Sem ser aproveitado no elenco, ficando fora até mesmo do banco de reservas, o movimento por parte da franquia não pode ser encarado como um rebaixamento para o nova-iorquino brasileiro. Em meio a dezenas de viagens, um corre-corre danado, é mais fácil que ele mostre serviço para sua diretoria e comissão técnica e diretoria jogando com regularidade, em vez de depender dos minutos escassos de coletivos.

Aliás, em sua mudança, Scott vai acompanhado de dois companheiros do Rockets, o ala Royce White e o ala-pivô Donatas Motiejunas, duas escolhas de primeira rodada do clube nos últimos anos e que também mal vinham sendo aproveitados pelo técnico Kevin McHale – ele tem dado prioridade a seus jogadores mais experientes. Dos novatos, apenas Terrence Jones fica, então, em Houston, embora tenha minutos esporádicos nas partidas.

O salário do armador não muda. Ele continua sendo pago pelo clube surpreendeu ao contratá-lo este ano, torrando mais de US$ 5 milhões em salários de jogadores dispensados, e pode ser chamado de volta para a qualquer momento por McHale para o time principal. O que muda é sua rotina: as instalações, as viagens, a rotina de um atleta da D-League são bem mais modestas do que os luxos que rodeiam os astros do primeiro escalão.

O nível de competitividade também é intenso. Cada um dos jogadores inscritos no campeonato de desenvolvimento sonha com uma contratação por parte dos primos ricos. Atletas como Scott, Motiejunas e White são vistos como alvos preferenciais dos concorrentes – é a chance de competir com caras que desfrutam da ''mamata'' e mostrar que são melhores ou que pelo menos têm nível para voos mais altos. Mas não que isso vá assustar o armador, que teve de batalhar bastante para entrar no radar da NBA jogando pela pequena universidade de Iona. Depois de ser ignorado no Draft, suou um pouco mais para garantir seu contrato. Então não tem nada de novo para o rapaz.

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Veja alguns jogadores que o Houston Rockets já mandou para Hidalgo: o armador Aaron Brooks, o ala Steve Novak, o pivô Joey Dorsey, o ala-armador Jermaine Taylor, o armador Ish Smith, além do pivô Greg Smith, do ala-pivô Patrick Patterson e do ala Marcus Morris (os três ainda no Rockets). Desses, apenas Dorsey e Taylor estão fora da NBA hoje, sendo que o primeiro por opção – foi campeão europeu pelo Olympiacos na temporada passada e recusou propostas que considerou baixas por parte da liga. Taylor acabou de acertar com o Lagun Aro na Liga ACB espanhola e vai fazer companhia ao nosso Raulzinho.

Outros atletas passaram pelo Vipers e ainda têm contratos: o ala Terrell Harris, reserva de Dwyane Wade e Ray Allen no Miami Heat, o ala Ivan Johnson, duro-na-queda do Atlanta Hawks, e o armador Will Conroy, que conseguiu neste ano uma vaga no Minnesota Timberwolves.

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Quem não reagiu nada bem ao comunicado sobre a decisão do Rockets foi o ex-técnico de Motiejunas na Euroliga, Tomas Pacesas, com quem trabalhou no Asseco Prokom. Na real, o cara ficou furioso. ''Não fiquei só surpreso, mas nervoso com esse tipo de decisão. Na minha opinião, Donatas é um dos melhores pivôs não só da Europa, mas no mundo também. Suas capacidades físicas e técnicas deixariam jogá-lo bem mesmo na piada que é essa liga'' disse. ''Para mim, Donatas é tão bom quanto Jonas Valanciunas e poderia jogar tão bem ou talvez melhor que ele na NBA.''

O treinador teria sugerido, então, que seu ex-pupilo – paparicado pelos olheiros europeus há anos e anos, isso é fato – se daria melhor num time como o Toronto Raptors ou o San Antonio Spurs, duas franquias historicamente ricas em seus relacionamentos com jogadores vindos da Europa. Mal sabe ele o que anda acontecendo com Tiago Splitter…