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Vásquez, Kleiza e o selo NBA no mundo Fiba
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Giancarlo Giampietro

Há diversas percepções por aí fora de como se encarar os jogadores – e o jogo em si – da NBA. Tem gente que considera todos superatletas, capazes de tudo a qualquer hora, outros que vão falar que não muitos deles passam de fraudes, mãos-de-pau, produtos de marketing. Durante o Pré-Olímpico mundial, temos a possibilidade de fazer algumas observações e arriscar algumas considerações. Dá para navegar entre os  dois grupos com facilidade. E não precisa de extremismo, precisa?

Greivis Vasquez, superastro na Venezuela

Greivis Vasquez, superastro na Venezuela

Peguemos, então, a vitória da Lituânia sobre a Venezuela, transmitido direto de Caracas nesta terça-feira, como exemplo.

(E pensar que houve um tempo que esse tipo de jogo só chegava por cá em informações mastigadas via despachos de agências internacionais ou microprogramas produzidos pela federação internacional, e olhe lá. Mas avancemos.)

O garotão Jonas Valanciunas, grande aposta do Toronto Raptors para a próxima temporada – embora ainda sem contrato assinado –, teve dificuldades em se enturmar com a arbitragem e enfrentar a pressão e os anfitriões. Acontece: ficou carregado de faltas.

Os outros dois mais veteranos de NBA, Linas Kleiza e Greivis Vasquez, não tiveram problema com isso e se sobressaíram. Cada um ao seu modo.

O ala lituano, do Raptors, estava num dia de máquina mortífera. No sentido de que matava tudo e o que aparecia em sua frente com facilidade, rapidez e eficiência. Caixa, caixa e caixa, jogando fora da bola, se movimentando subitamente para aparecer livre, receber o passe e convertê-lo em assistência. Também brigou nos rebotes e deu um ou outro chega-pra-lá em quadra para devolver a agressividade com a qual jogavam os donos da casa. Terminou com 28 pontos, cinco rebotes e 11 chutes convertidos em 16 tentados (68,8%, uau).

O ala-armador venzuelano, do Hornets, também teve uma linha estatística chamativa: 24 pontos, sete assistências, cinco bolas de três convertidas em nove que chutou. A diferença foi o modo como chegou a esse montante. Dominando a bola, batendo para os dois lados, procurando espaço muitas vezes onde não tinha – e ainda assim os encontrando, numa prova de seu talento, mas também forçando uma porção de arremessos bicados.

Linas Kleiza, Lituânia

Linas Kleiza, máquina mortífera lituana

O quanto disso ocorre porque assim é Vásquez ou porque é desse jeito que a Venezuela precisa vê-lo jogando, teríamos de perguntar para o agitado Eric Musselman para saber. Do outro lado, Kleiza tem uma função bem definida e dois ótimos armadores para lhe servir (olho em Mantas Kalnietis, que a cada torneio aparece em evolução pelo time báltico), e fica de bom tamanho assim mesmo, já que não possui muitos recursos no drible e também não tem a vocação mais atirada para o passe.

Na NBA, estamos falando de dois meros coadjuvantes, com um ou outro lampejo – Kleiza consegue matar seus chutes aqui e ali, Vásquez se concentra mais na distribuição de jogo e vai bem nas assistências. Mas pouco do que eles produzem pode realmente mudar a cotação do dólar.

Mãos-de-pau? Bem, se a gente realmente for adotar tudo da “cultura de futebol” de que Magnano fala e reclama, com razão, essa acepção faria sentido.

Mas não somos sempre assim, né? O que não nos empurra a dizer que são dois gênios. Não vão ser dominantes assim a toda rodada.

Podemos ver, no entanto, que suas habilidades estão em acima da média naquele microcosmo de 24 jogadores convocados entre lituanos e venezuelanos. E isso diz muito sobre o tipo de jogador que a NBA mantém e, sim, desenvolve em seus clubes.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Lituânia e Venezuela em sua encarnação passada


Mesmo sem KGB, segue a guerra fria por Steve Nash
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Giancarlo Giampietro

Quando Deron Williams divulgou sua decisão, de modo bem mais tímido que LeBron James, apenas com um logo bem tosquinho do Brooklyn Nets via Twitter, foi pura lamentação aqui no QG 21.

Mas não pelo fato de termos aversão ao Mark Cuban Mutante Russo ou por torcer mais para o Mark Cuban de verdade e seu Mavs. O chororô foi mais porque a piada ia levar menos graça.

Queríamos falar da guerra fria travada entre algumas franquias por Steve Nash. Sem o Nets na parada, não daria para meter a KGB de Mikhail Prokhorov na história.

Steve Nash

Steve Nash, de saída do Suns

Agora, com essa enrolação toda, ao menos conseguimos passar a meia-piada.

Então, como íamos dizendo… A guerra fria. Que rola entre Knicks e Raptors pelos serviços do armador canadense, surpreendentemente desprezado pelo Phoenix Suns.

Tá certo que o clube do Arizona precisa se renovar, retomar o rumo após aparentemente buscar o genocídio de seu time nos últimos anos. Aos 38 anos, no entanto, Nash ainda era seu melhor jogador, sem dar sinais de que estava diminuindo a velocidade. Se tivesse melhores cestinhas ao seu lado, poderia voltar ao topo no Oeste, era a crença.

Não foi o que pensaram e, antes mesmo de o mercado se abrir, o canadense já deixava escapar que havia compreendido o recado e que talvez sua época de Sun havia chegado ao fim, mesmo. E aí que Raptors e Knicks se animaram todos.

Por razões óbvias,no caso da franquia canadense. Para os nova-iorquinos, pode ser mais difícil de entender, considerando aquele sino-asiático que dominou o mundo por duas semanas só há alguns meses, mas o fato é que eles investiram para ter Nash, sim – ele seria o mentor de Lin e colocaria Amar’e Stoudemire para cravar todas novamente.

Acontece que Bryan Colangelo não ia deixar isso barato, não. O Knicks já havia lhe roubado Mike D’Antoni um tempo atrás. Agora queria surrupiar o Nash? Tá de sacanagem?

Pois o manda-chuva do Raptors deu um golpe daqueles. Mandou uma proposta absurda para o ala Landry Fields, xodó de Spike Lee, que deve ter caído como uma bomba no Garden. Muito menos pelo status cult de Fields, do que pelas possibilidades de negócio que os Bockers tinham para contratar Nash.

Bryan Colangelo

Bryan Colangelo

Grana por grana, Toronto tinha mais disponível para oferecer. O clube de Manhattan precisava, então, encontrar outros meios para elevar sua proposta e reduzir uma diferença de até US$ 8 milhões para convencer Nash a ficar na cidade para andar de skate não só em suas férias. Uma opção seria dar um aumento para Fields, outro agente livre, e repassá-lo para o Arizona. Agora, com a oferta canadense em mãos, suas opções ficaram bem limitadas. A não ser que queiram incluir o promissor Iman Shumpert no negócio. Oh-oh.

Foi uma cartada ousada e caríssima por parte de Colangelo, que ofereceu algo em torno de US$ 19 milhões para o ala que pode nem ser titular do Raptors na próxima temporada. Se eles querem tanto o Nash assim, talvez o retorno comercial de contar com o canadense valha a pedida.

Mas não está garantido, de modo algum, que o armador vá retornar para casa. Já tem boato indicando que o Lakers se mostra interessado. O Dallas também poderia mandar um telegrama, agora que ficou sem Deron. O Suns, vai saber?

Agora podem tirar a KGB dessa parada. Só no caso de Nash, claro.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Steve Nash em sua encarnação passada.


Com seis convites da NBA, Scott Machado tem mais uma chance
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Giancarlo Giampietro

Fica difícil juntar os cacos e achar que o mundo não acabou. Mas o armador Scott Machado já recebeu algum consolo ao saber que o telefone de seu agente não parou de tocar nesta sexta-feira.

Nessa altura do campeonato, tendo passado batido no Draft, Scott, digamos, não está em condições de ser fresco e escolher clube. Qualquer oferta já seria lucro, uma dádiva.f

Porém, Adrian Wojnarowski, do Yahoo norte-americano e senhor de todos os furos da NBA, publicou hoje que seis clubes já fizeram convites para contar com o brasileiro em suas equipes de Summer League: Atlanta Hawks, Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Houston Rockets, New Orleans Hornets e Toronto Raptors.

Scott Machado agora vai precisar de visão de jogo

Aí a coisa muda um tico. O brasileiro tem um pouco mais de controle sobre seu destino. Um pouquinho, ok.

Agora é hora respirar fundo e  estudar qual time lhe abre a melhor oportunidade para mostrar serviço – partindo do pressuposto de que brigaria por uma vaga apenas para compor elenco, como segundo ou terceiro armador da rotação. Elogiado pelos scouts por sua visão de jogo em quadra, Scott agora vai ter de mirar bemf avaliar onde se encaixa melhor, pensando longe.

De cara já dá para ver que o Hornets não se configura como a melhor opção. Acabaram de selecionar o espevitado Austin Rivers, queridinho de Monty Williams, na décima colocação, e acreditam que ele pode ser um armador ao lado de Eric Gordon. Não obstante, contam com Greivis Vasquez e Jarret Jack em sua folha salarial. Muita gente na parada.

Rockets? Tudo depende do que vão fazer com Gordan Dragic e Kyle Lowry – por enquanto, os rumores dão conta de que o esloveno fica e o bulldog, depois de detonar Kevin McHale publicamente, pode sair. Shaun Livingston acabou de chegar de Milwaukee e não deve ser repassado. Pode sobrar, ou não, uma vaga para batalhar no banco. Colocaria em penúltimo, então, no meu ranking pessoal.

As coisas em Toronto, onde ele treinou, salvo engano, duas vezes no período pré-Draft, também estão confusas. José Calderón tem mais de US$ 10 milhões para receber do clube canadense em 2012-2013, mas pode ser trocado ou dispensado a qualquer momento (creiam). Bryan Colangelo vai tentar fechar de todo jeito com Steve Nash no mercado de agentes livres. Jerryd Bayless alternou ótimos e péssimos meses no último campeonato, mas ainda parece nos planos. Sei, não, hein?

Tomislav Zubcic, ala da Croácia

O espigão Tomislav Zubcic foi uma surpresa do Draft, deixando Scott Machado para trás

Os outros três clubes soam como melhores pedidas: o Cavs escala Kyrie Irving, o novato do ano e um brilhante armador já aos 20 anos. Fora o prodígio, no entanto, há uma boa lacuna para ser preenchida: Donald Sloan, velho de guerra de D-League, não inspira tanta confiança assim, vai? Em Charlotte, só Kemba Walker está sob contrato na posição. O mesmo vale para o Atlanta e Jeff Teague, a não ser qeu eles enxerguem John Jenkins de outra forma. Pagando uma fortuna em quatro jogadores, tendo apenas seis atletas assinados, o time vai precisar de peças mais baratas para completar seu elenco.

Para constar: todos esses seis clubes tiveram uma segunda ou até terceira chance para ter draftado Scott Machado na véspera.

O Toronto teve duas escolhas de segunda rodada no Draft e optou pelo ala-pivô Quincy Acy (36º) e o ala croata Tomislav Zubcic (56º). O Atlanta selecionou o ala-pivô Mike Scott em 43º. O Houston comprou a escolha 53 do Clippers e optou pelo turco Furkan Aldemir. O Charlotte, em 31º, ficou com Jeff Taylor. New Orleans, por fim, foi com o ala Darius Miller em 46º.

Mas a NBA é assim, mesmo. “Business as usual”. Tem de engolir o orgulho e seguir em frente.

Qual seria o melhor time para Scott tentar?

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Scott Machado em sua encarnação passada