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Jason Kidd ‘derruba’ refrigerante em quadra e encara pressão
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Giancarlo Giampietro

Jason Kidd x Kevin Garnett

Kidd em quadra com Garnett. Mas de outro jeito, bem diferente

Acontece, claro. Mas é melhor evitar, né?

Num dos treinos de pré-temporada do Brooklyn Nets, o bósnio Mirza Teletovic e o marciano Andray Blatche se estranharam. Trocaram empurrões, mas o nível de tensão não chegou a ir além disso. Veio a turma do deixa-disso, e a equipe voltou a praticar rapidamente. “É normal. Acontece todo ano, dez vezes no ano, ou algo assim. É realmente algo competitivo, com os caras trombando e se batendo lá embaixo. O time fica sujeito a ter algumas dessas (confusões”, afirmou Deron Williams.

Bem, com um elenco abarrotado de jogadores talentosos – e ambiciosos –, competição por pontos, minutos é o que não vai faltar, mesmo, para o time do bilionário Mikhail Prokhorov. Quem tem de administrar tudo isso, envolver tantas peças talentosas  em torno de um só objetivo, numa mesma família e blablabla é Jason Kidd.

Fosse o armador Kidd, com sua visão de jogo em cinco dimensões e o respeito que emanava em quadra, não haveria problema nenhum. Mas agora estamos falando do técnico Kidd. Outra história. Aconteceu que o Nets, tentando cumprir a corajosa meta estabelecida por Prokhorov, de conquistar um título em cinco anos, resolveu apostar numa figura indiscutível do basquete, mas inegavelmente um calouro em sua nova profissão.

Dá para lembrar de algumas trocas de farpa célebres entre boleiros brasileiros. Quem não se recorda da célebre frase de Romário sobre a janelinha? “Mal chegou no busão e já quer sentar”, endereçada ao assistente promovido a treinador do Fluminense, Alexandre Gama? Teve também o bate-boca entre Emerson Leão e o agente de jogadores Wagner Ribeiro, com o meia-atacante Lucas no meio. “O Lucas é uma Ferrari, que está sendo mal conduzida pelo piloto, que não sabe nem sequer trocar a marcha do carro e muito menos dirigi-la”, disse o empresário.

São duas frases que não saem da cabeça na hora de avaliar a contratação do  jogador como técnico de um timaço que precisa vencer agora ou agora, nem mesmo três meses depois de sua aposentadoria. Ninguém vai questionar o cérebro de Kidd para o basquete. Mas comandar um elenco pede muito mais que isso. Uma coisa é pensar em quadra, por instinto, quando as coisas vão acontecendo. Outra é planejar o que vai acontecer nas partidas. É necessário ter um conceito de jogo e saber como aplicá-lo desde o início, sem se descuidar com todos os fatores que resultam em química dentro e fora de quadra.

Por enquanto, com 4 vitórias e 11 derrotas, Kidd já se vê em uma enrascada. A ponto de, nesta quarta-feira, ter forjado um incidente ridículo, para dizer o mínimo. Com pouco mais de 8 segundos no cronômetro, sem poder pedir tempo, ele, digamos, sugere que o jovem armador Tyshawn Taylor o acerte (“HIT ME”) na linha lateral de quadra, antes de Jodie Meeks bater dois lances livres para definir a vitória do Lakers. Sua intenção? Não só fazer Meeks repensar toda a sua vida antes de fazer as cobranças, como para ganhar tempo e desenhar uma eventual última jogada para o empate ou a virada. E aí que vira trapalhada: enquanto John Welch, seu coordenador ofensivo, risca a prancheta, Steve Blake e Xavier Henry estão ali, no meio da rodinha brooklyniana, vendo tudo, prontos para espalhar as novidades para seus companheiros. É uma das cenas mais estapafúrdias da história da liga:

 

Mostra a que ponto o técnico já se sente pressionado.

Claro que, na patética Divisão do Atlântico, dá tempo de sobra para ele e seus atletas se recuperarem. Mas não há dúvida de que, em 28 de novembro de 2013, estão muito aquém da expectativa. A noviça torcida da franquia, na vizinhança nova-iorquina, já começou a vaiá-los. “Acho que todo mundo aqui está cheio de vergonha”, disse Kevin Garnett. “Você definitivamente não quer que isso aconteça em casa.”

Para entender o tamanho da vergonha, números. Em termos de quantidade de pontos por jogo, o Nets tem a sexta pior defesa e o nono pior ataque. Se por fazer essas contas considerando o ritmo de jogo de cada equipe, pensando em pontos por 100 posses de bola, os rankings só caem: a equipe teria a defesa menos eficiente e o oitavo ataque mais anêmico. Resultado disso tudo? Mesmo com a contratação de Garnett e Paul Pierce, a franquia também é a última colocada em número de espectadores por jogo.

Mark Cuban Mutante Russo (via Bill Simmons)

É tudo dele: Prokhorov vai curtindo a vida de dono de clube da NBA

Claro que isso tudo não é cul-pa de Kidd. Seu time vem sendo um daqueles mais atingidos pela maré de azar quanto a lesões, neste início de temporada. Brook Lopez, seu melhor jogador (sim, isso mesmo),  já perdeu seis partidas. O temperamental e quebradiço Deron Williams ficou fora de cinco. Andrei Kirilenko, alguém fundamental para a coesão defensiva, só disputou quatro jogos, ou míseros 53 minutos. Pierce e Garnett perderam um cada e estão com os minutos limitados – uma decisão correta, pensando nos playoffs. Isso, claro, se eles chegarem lá. Algo sobre o qual Prokhorov nem pode pensar. Ainda que ele não tenha se pronunciado oficialmente sobre o assunto, o ESPN.com afirma que, por enquanto, ele dá total cobertura para o aprendizado de Kidd.

Também pudera. Depois da fanfarra que fez ao anunciar a surpreendente contratação de seu novo técnico, o magnata russo assegurou que era tudo ideia sua. E, bem ao seu modo de fazer graças a toda hora, gastando uma série de piadas como qualquer um dos homens mais ricos do mundo pode fazer, disse que seu novo técnico lhe lembrava o personagem de Tom Cruise no filme “Top Gun”, hit de bilheterias – e locadoras – nos anos 80. Uma referência bizarra.

“Quero refrescar sua memória. Tom Cruise interpreta o Maverick, e ele é um piloto top, um verdadeiro líder. No final, ele tomou a decisão de se tornar um instrutor porque ser um líder era o que ele mais valorizava. Então, Jason Kidd é a nossa Top Gun. Ele vai fazer seu melhor, estou certo, para usar todas as suas qualidades para nos elevar como uma equipe”, disse o russo.

E aí? Todo mundo convencido, né?

Esse é um sujeito que conseguiu dar um jeito para acumular mais de duas dezenas de bilhões de dólares de fortuna – até agora sem se abalar por falácias de mercado futuro ou nenhuma companhia que termine com “X”. Como questionar o feeling de uma figura dessas? Chega a ser até opressor.

Mas o problema com Prokhorov, muitas vezes, é a sua vocação para o show, mesmo. Ele pode falar o quanto quer um título de NBA, mas se tornar o dono de uma franquia esportiva nos Estados Unidos tem muito mais a ver com glamour e as luzes. E daí vem uma citação pop demodé e tresloucada dessas. Depois ele garante: “Para mim, internamente, só há um lugar aceitável: o número um.”

Por isso ele não se importa em bancar uma folha salarial de US$ 101,2 milhões. É, disparada, a maior do campeonato, conseguindo uma façanha praticamente impensável há um ou dois anos: faz da quantia gasta pelo vizinho de Manhattan, o Knicks,  algo até razoável (US$ 86,8 milhões). Além do dinheiro gasto com os salários, a franquia ainda vai pagar mais de US$ 80 milhões em taxas por exceder arrebentar o teto da liga. “Acho que eles ainda estão contando o dinheiro no escritório”, brincou o russo. “Mas, falando francamente, espero apenas que o cheque não volte.”

Beira o injusto depositar esse cheque e a esperança de estar no topo na conta de alguém que, antes de o campeonato começar, se assumia como uma “esponja”, em fase de aprendizado. “Estou tentando absorver toda a informação que puder de Doc, Pat Riley, Phil, de todos, para anotar isso e compartilhar com o estafe. Algumas dessas coisas vão pegar, outras vão ser jogadas fora. Algumas podem reaparecer, tudo em busca de uma identidade para o time agora. Mas, no fim, sou eu que vou tomar minhas próprias decisões e encontrar meu próprio caminho”, disse Kidd.

Para chegar lá, Kidd tem muito mais com o que se preocupar do que eventuais conflitos internos em treinos. A briga hoje é muito mais séria.


NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Atlântico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Divisão Sudeste, amos dar uma passada, agora, pela Divisão Atlântico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e predileções de uma só cabeça (quase) pensante:

BOSTON CELTICS
Para curtir:
– Os americanos se divertindo com o suposto apelido de Vitor Faverani de “El Hombre Indestructible” em suas crônicas, admirados como o jogo durão do brasileiro.

Avery Bradley oprimindo, com sua movimentação lateral implacável, postura perfeita e muita garra, quem quer que tente driblar em sua direção, ou em qualquer direção, na verdade.

– O eventual segundo quarto em que Jeff Green vai parecer um All-Star, atacando a cesta com tudo e convertendo chutes da zona morta.

Jared Sullinger coletando rebotes ofensivos, mesmo que não consiga pular um par de chinelos – e tomando impulso na corrida.

Kelly Olynyk mostrando que força não pode ser tudo no basquete, mesmo quando se tem mais de 2,10 m de altura.

Para chiar:
– Os jogos em que Brandon Bass e Kris Humphries vão apanhar toda a vida o garrafão, mas nada de Faverani na quadra.

Avery Bradley amassando o aro, do outro lado da quadra.

– Os outros três quartos em que Jeff Green fica vagando na quadra, sem muito propósito.

Jordan Crawford algemando a bola em um garbage time no Boston Garden, com o Celtics perdendo por 20 pontos.

– As caretas de MarShon Brooks no banco de reservas.

– Cada cheque gordo mensal depositado na conta de Keith Bogans e Humphries.

BROOKLYN NETS
Para curtir:
– Para delirar, na real, imaginando o quão forte pode ficar a defesa do time nos minutos em que Garnett e Kirilenko estiverem juntos em quadra. Vai ser um terror para qualquer coordenador ofensivo.

Pierce e Garnett, aos poucos, dominando o vestiário e tentando dar um jeito na prima donna que se tornou Deron Williams.

– Kirilenko, Pierce e Garnett podendo um dar descanso ao outro, para que cheguem bem aos playoffs.

Brookly reforçado

Brookly reforçado

Brook Lopez dominando embaixo da cesta, mas também matando seus chutes de média distância e aprendendo uma coisa ou outra com Garnett na cobertura e imposição defensiva.

– As partidas de 15 ou mais rebotes de Reggie Evans, mesmo que ele nem passe dos 20 minutos de ação.

Para chiar:
– A deterioração no jogo de Joe Johnson e sua passividade em quadra.

– Se Deron tiver problema em dividir os holofotes com os veteranos que chegaram.

– Qualquer limitação física que abale a equipe rumo aos mata-matas.

Jason Terry, afoito para fazer suas cestinhas, abortando alguns ataques.

Jason Kidd atendendo ao celular durante jogos. Difícil que ele repita o que fez na liga de verão. Em todo o caso…

NEW YORK KNICKS
Para curtir:
– Quando Carmelo Anthony incendeia o Madison Square Garden; aqueles momentos em que ele fecha dos olhos, atira para cima e cai tudo, mas tudo mesmo, como um robozinho preparado para fazer cestas.

– As acrobacias de JR Smith que fazem o queixo cair.

– Toda a calma e inteligência de Pablo Prigioni, fazendo os passes corretos, na hora certa, além de sua esperteza para bater a carteira de rivais muito mais rápidos e jovens.

Tyson Chandler brincando de vôlei perto da tabela e, com aquele tamanho todo, sendo capaz de defender alas no mano a mano (desde que as costas estejam 100%, claro).

– Os ataques do jornalista Frank Isola, do New York Daily News, ao conglomerado de James Dolan, via Twitter. Imperdível.

– O fantástico mundo de Ron Artest.

Para chiar:
– Quando Carmelo Anthony  e JR Smith simplesmente não vão passar a bola para ninguém.

– Os diversos momentos em que, por desatenção ou preguiça, Carmelo concede cestas fáceis aos adversários. Para depois reclamar de seus companheiros.

– A triste derrocada de Amar’e Stoudemire, que mal consegue parar em pé há duas  temporadas e já vem estourado desde a pré-temporada.

– Contratar Chris Smith só pelo fato de ele ser o caçulinha de JR.

– Os quilinhos a mais de Raymond Felton.

Andrea Bargnani e um potencial nunca realizado.

– O bilionário mundo de James Dolan.

PHILADLEPHIA 76ERS
Para curtir:
Thaddeus Young e seu jogo silencioso, mas muito eficiente e vistoso, sim, senhor, com suas passadas largas rumo ao aro.

– A liberdade plena de criação para Brett Brown, mais um discípulo de Gregg Popovich a tentar a vida fora de San Antonio.

– Prospectos até hoje escondidos, mas com muito talento e uma grande oportunidade para mostrar serviço: James Anderson, Daniel Orton e Tony Wroten.

– Hã… Bem… Difícil ir além disso. Que Nerlens Noel possa se juntar a Michael Carter-Williams em quadra o mais rápido possível em um dos elencos mais limitados dos últimos anos.

Para chiar:
– As claras intenções de se sabotar toda uma temporada em busca de uma boa posição no Draft; do ponto de vista coletivo, de credibilidade da liga, lamentável, ainda que a estratégia faça sentido para a franquia.

Evan Turner batendo cabeça com Carter-Williams.

Cada salário depositado na conta de Kwame Brown.

TORONTO RAPTORS
Para curtir:
– As maquinações de Masai Ujiri nos bastidores, em busca da próxima troca em que vá rapelar o outro negociador.

– A adoração dos torcedores do Raptors por Jonas Valanciunas, e desenvolvimento deste promissor gigantão lituano.

– A leveza e capacidade atlética de Rudy Gay, DeMarr DeRozan e Terrence Ross.

Amir Johnson, pau-pra-toda-obra.

– O arremesso de Steve Novak.

Tyler Hansbrough trombando com todo mundo que não atenda pelo nome de #mettaworldpeace.

Para chiar:
– As tijoladas intempestivas, pouco inteligentes de Rudy Gay.

– Toda a falta de mobilidade de Aron Gray, provavelmente o jogador mais pesado da NBA (oficialmente com 122 kg).

– As lesões e os chiliques de Kyle Lowry.

Landry Fields e toda a sua saudade dos tempos de Linsanidade.

– A perda total de confiança por parte do diminuto DJ Augustin.


Bargnani x Novak? Knicks confia em reforço italiano para sonhar com título
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Giancarlo Giampietro

Andrea Bargnani x mídia de NYC

Andrea Bargnani e Steve Novak entraram juntos na NBA, no Draft de 2006.

Badalado na Itália, o italiano, “Il Mago”, foi o primeiro da lista de recrutamento de novatos, algo inédito para um europeu. Após sete temporadas, ganhou mais de US$ 48 milhões e ainda tem mais, no mínimo, US$ 11,8 milhões encomendados – ou US$ 23 mi, dependendo do que o New York Knicks optar. Até 10 de julho de 2013, conhecia apenas um só time da liga norte-americana, o Toronto Raptors.

O americano já ficou para lá de contente em ser o número 32 daquela relação, algo de certo modo surpreendente para o ex-companheiro de Dwyane Wade em Marquette. De lá para cá, embolsou US$ 8 milhões em sete anos, três milhões a menos que “Bargs” faturou na última temporada. De qualquer forma, tem mais de US$ 10 milhões garantidos para os próximos três anos. O ala foi selecionado pelo Rockets e trocado para o Clippers em 2008. Assinou como agente livre com o Dallas Mavericks em setembro de 2010. Acabou dispensado em janeiro de 2011. Em fevereiro do mesmo ano, completou a trinca texana ao fechar com o San Antonio Spurs. Foi chutado mais uma vez em dezembro. Dois dias depois, acertou com o New York Knicks. Foi aí que aconteceu a “Linsanidade”, na qual surfou com toda a empolgação possível, mandando bala do perímetro a partir das infiltrações do armador.

Os dois são conhecidos como jogadores altos com ótimo arremesso de três pontos, mas têm status bem distintos, como fica evidente nessa comparação. Até que seus caminhos voltaram a se cruzar há alguns meses, quando Knicks e Raptors fecharam uma transação. A equipe nova-iorquina teve de ceder Novak, Marcus Camby, Quentin Richardson, uma escolha de primeiro round e mais duas de segundo para fechar o negócio.

Por esse preço, julga-se o prestígio de Bargnani como o de uma estrela, não? Foi um superpacote, digno de um antigo número um do Draft. Que muita gente tenha feito troça dos Bockers e louvado mais uma limpa de mão cheia promovida por Masai Ujiri, o novo manda-chuva do time canadense é o problema.

Para o mercado da NBA, o italiano já era visto como um fiasco total, um símbolo de jogador com um salário muito acima do merecido, considerado como o grande motivo para a queda de Bryan Colangelo, antecessor de Ujiri. Colangelo havia fechado uma renovação contratual de mais de US$ 50 milhões por cinco temporadas com seu atleta em 2009, ainda que o jogador de 2,13 m de altura ainda não tivesse apanhado mais de 6 rebotes em média em três campanhas na liga.

Mas Bargnani ainda era novo, apenas com 23 anos. Dá para entender a dificuldade se desvencilhar de uma aposta pessoal dessas, ainda mais pela faceta intrigante de seu basquete. Ele foi um dos muitos possíveis futuros “Dirk Nowitzkis”, daqueles grandalhões com munheca para converter os arremessos de longa distância e a coordenação para driblar arrancando em direção ao aro. Uma versatilidade que encanta, mas que nem sempre se traduz em quadra. O astro alemão é um workaholic. Sua habilidade e dedicação contumaz são únicas, difíceis de se equiparar.

Já Novak não tem nada de potencial para se explorar nesse sentido. Tem uma e só qualidade que lhe sustenta na liga: o tiro de longa distância, na qual é um sniper, com média de 43,3% na carreira e quatro temporadas com um mínimo de 41,6%. O italiano, por sua vez, chegou a converter 40,9% em 2009, mas só vem caindo desde, então, terminando os últimos dois anos com uma pontaria abaixo de medíocre – 29,6% e 30,9%. O tipo de arremesso que sobra para um é diferente do que resta para outro, diga-se.

Seria a pressão por encabeçar um Draft? A falta de fome? As constantes lesões? Ter começado num time com Chris Bosh, um jogador de certa forma semelhante e que pode ter tolhido seu desenvolvimento na entrada na liga? A falta de estrutura na comissão técnica ou clube? Ou simplesmente ele não era bom o bastante? Não há uma só resposta definitiva para entender o que deu errado na jornada do italiano acima do lago Michigan. Fato é que as médias de 15,2 pontos, paupérrimos 4,8 rebotes, 0,9 tocos e 43,7% nos arremessos valeram como uma enorme decepção.

E o que fazer com uma peça rara dessas em Nova York? Justamente na cidade com a mídia mais implacável, com tabloides diversos prontinhos para estorvar? Para ponderar: o Brooklyn Nets conseguiu Kevin Garnett, Paul Pierce e Andrei Kirilenko. O Knicks, se corroendo de inveja, tem um “Bargs” para apresentar – além do #mettaworldpeace, claro, que é uma oooooutra história.

Vai encarar?

De um jeito outro, o italiano é obrigado a. E o técnico Mike Woodson acredita que pode ajudá-lo neste sentido, confiante depois do trabalho que fez com JR Smith e Raymond Felton no ano passado. “Não acho que você pode desperdiçar a oportunidade de contar com uma peça como Bargnani”, disse. “Ele é um desses jogadores talentosos que acho que posso influenciar. Já o assisti muitas vezes de longe, treinando contra ele em Toronto. Acho que ele pode fazer uma série de coisas. Só tenho de deixá-lo aclimatado ao que estamos fazendo, se sentindo bem, porque ele realmente pode ajudar este clube.”

Já Carmelo Anthony fala de um jeito mais desbocado. “Não tem pressão para cima dele”, afirmou. “Você tem de vir aqui e jogar bola. Toda a pressão está em mim. Deve ser uma transição fácil para ele, se ajustar a isso. Apenas faça as coisas certas, e o resto deveria ser fácil.”

Melo até que tem razão. Se as coisas não derem certo para o Knicks, pode ter certeza de que ele, Amar’e, Chandler e Smith, além de Woodson, da diretoria e do proprietário James Dolan, vão aparecer na frente na lista dos críticos. Com o volume de cobertura, porém, de que o time desfruta, sempre dá para sobrar uma farpa para um ragazzo.

Tendo que se preocupar não apenas com o Nets, mas também com Pacers, Bulls e, claro, Heat, para cumprir as expectativas (irreais?) de um tão cobrado título, o Knicks vai precisar de tudo o que Bargnani puder entregar. Nem que seja – pelo menos e quem diria? – simular o rendimento de um Novak na linha de três pontos. Nessa hora, não é mais o prestígio que conta. Mas, sim, a produção.


Retorno de astros e impacto balcânico marcam início de pré-temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, o Retorno de Verdade

A fase de pré-temporada nem sempre vale para prever o sucesso deste ou daquele jogador na NBA de verdade. Mas, ao menos, já se apresenta como um estágio muito mais avançado na linha de avaliação de um atleta se comparado com o que vemos em julho durante as peladas das ligas de verão: 1) os atletas estão trajando uniformes oficiais e 2) são orientados pelos treinadores principais de cada clube; 3) em quadra estarão concorrentes que, em grande maioria, têm contrato garantido para todo o campeonato, ou múltiplos campeonatos; 4) os treinadores começam a definir suas rotações, então há uma boa chance de que os sistemas usados e as combinações de atletas se repitam nos meses seguintes ­– claro que com melhor execução; 5)seis faltas representam a exclusão, em vez de dez; entre outros fatores.

Até esta terça-feira, após uma dessas rodadas malucas com oito partidas de uma vez, tivemos já/só () 14 jogos preliminares computados. Pode parecer pouco – depende do quão faminto você estava –, mas algumas notinhas podem ser destacadas:

– Derrick Rose, a mais óbvia e provavelmente a mais aguardada. Como quase todo o seu jogo é baseado em atributos físicos anormais, havia uma tensão daquelas no ar em Chicago sobre como o astro retornaria de uma cirurgia no joelho que o tirou de toda a temporada passada. Estaria explosivo como antes?  Segundo todos os relatos após as duas partidas, contra Pacers e Grizzlies, antes de sua viagem rumo ao Rio de Janeiro, o armador voltou com tudo, alegando ter até mesmo ganhado alguns centímetros em sua impulsão. “Era só que faltava”, pensou um Mario Chalmers. Tom Thibodeau está feliz da vida – acreditem é possível –, enquanto os jogadores do Bulls acreditam que o time encontrou sua versão mais forte nesta era. As expectativas só crescem para a franquia.

– Há muito mais gente retornando de cirurgias graves além de Rose. Na primeira rodada da pré-temporada, enquanto os torcedores do Bulls examinavam o armador nos mínimos detalhes, os fãs do Pacers deveriam estar ligados na forma física de Danny Granger, também operado no joelho. Granger pareceu um pouco “enferrujado”, de acordo com Frank Vogel, contra o Bulls, sem surpresa nenhuma. Talvez por isso tenha ficado 29 minutos em quadra, para ver se pega no tranco – e o time de Indiana precisa checar desde já se pode contar realmente, ou não, com seu ex-cestinha para tentar o titulo em junho.

– Em Los Angeles, enquanto Kobe Bryant curte alguns dias na Alemanha depois injetar mais plasma em seu moído joelho, ainda sem saber quando poderá estrear na temporada, Pau Gasol se torna uma figura fundamental para qualquer plano competitivo que o técnico Mike D’Antoni possa ter. Então até mesmo o treinador, conhecido por ignorar algumas precauções médicas, vem sendo cuidadoso com a reinserção do espanhol em seu time, maneirando na carga de treinos e em minutos da pré-temporada. Mais um a sofrer cirurgia no joelho, por conta de suas crônicas tendinites, o pivô ficou fora da vitória contra o Golden State Warriors no sábado, mas ficou em quadra por 23 minutos contra o Denver Nuggets. Steve Nash também ganhou o mesmo tratamento. No caso do armador, o jogador mais velho da NBA, prestes a completar 40 anos, o controle de minutos vai valer para todo o campeonato.

– A NBA dá sequência ao crossovers com os clubes europeus. Se a abertura da pré-temporada foi reservada ao um duelo de potências dos dois lados do Atlântico, entre Oklahoma City Thunder e o turbinado Fenerbahçe, dois confrontos entre pesos penas também tiveram sua vez, com o Philadelphia 76ers e o Phoenix Suns, dois candidatos seriíssimos a saco de pancada no campeonato, envolvidos. Coincidência?

No País Basco, o Philadelphia 76ers enfrentou o Bilbao e venceu no finalzinho, por dois pontos de diferença. Evan Turner, ala que entra possivelmente em sua campanha de agora-ou-nunca, enfim tem o time todinho só para ele: foi o cestinha (25 pontos), o segundo a ficar mais minutos em quadra (31, um a menos que o comparsa Thaddeus Young), quem mais arremessou (15) e também quem mais cometeu turnovers… Vem tudo num pacote. O clube espanhol conta com um velho conhecido do Utah Jazz, o armador Raúl López, que já foi considerado o sucessor de John Stockton por lá e era muito mais bem cotado que Tony Parker no início da década passada. Na segunda, em Phoenix, o Suns recebeu o Maccabi Haifa e promoveu um espancamento, vencendo por 130 a 89. Seis de seus jovens jogadores anotaram 10 ou mais pontos.  Este é o segundo ano seguido que o time israelense visita times nos Estados Unidos, num arrojo um tanto masoquista. São campeões israelenses e tal, mas não estariam nem entre os 20 – ou 30? – melhores clubes do Velho Continente. De qualquer forma, levando em conta a imensa colônia judaica ianque, ao menos vendem melhor sua marca. Ao menos ambos os clubes começaram suas campanhas com vitória. Que comemorem enquanto podem.

– Por sorte, nem Suns, nem Sixers enfrentarão o CSKA Moscou, que bateu o Minnesota Timberwolves por 108 a 106, na prorrogação, para somar seu segundo triunfo em solo norte-americano. A equipe russa contou com uma atuação magistral do armador Milos Teodosic. Um dos jogadores mais marrentos, boêmios, tinhosos, displicentes do mundo, mas extremamente talentoso, o sérvio arrebentou com Rubio, Shved e AJ Price. Recuperado de uma lesão muscular na panturrilha que o tirou do Eurobasket, ele saiu do banco e marcou 26 pontos em 29 minutos, de modo balanceado: 12 em tiros de três, seis em lances livres e oito em bolas de dois. Some aí nove assistências e cinco rebotes, e temos uma das melhores atuações de um jogador europeu contra os “profissionais da NBA”. Incrível? Nah. Só uma amostra do que Teodosic é capaz, quando joga motivado em provar que é dos melhores na posição, sem querer atirar tudo da metade da quadra. Fez de Ettore Messina um treinador feliz.

– Outra jovem estrela dos Bálcãs a deixar sua marca contra os norte-americanos foi o ala croata Bojan Bodganovic, na derrota do Fenerbahçe para o Thunder, com 19 pontos em 31 minutos. É um jogador de 24 anos e estilo clássico (um jogo limpo, sem muita firula com a bola, mas bastante produtivo), bem fundamentado, com tino para conseguir cestas quando bem entende. Por outro lado, precisa desenvolver seu passe e a defesa. Seus direitos pertencem ao Brooklyn Nets, e, no momento, tudo leva a crer que se apresentará na próxima temporada ao clube nova-iorquino ­– a negociação para renovar com o Fener está enroscada­ –, para jogar ao lado de Paul Pierce e Joe Johnson no perímetro.

 


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Scola reforça ainda mais o banco do Indiana Pacers, seu terceiro clube na NBA
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Giancarlo Giampietro

David West & Luis Scola

West e Scola agora são amigos em Indiana. O Pacers vem com tudo, sim

Bem, essa já não é tão discreta, né?

Pelo menos não para nós brasileiros, que sabemos bem dos truques e truques de que um Luis Scola é capaz. Agora ele vai oferecer suas habilidades para o técnico Fran Vogel, em Indiana. O banco do Pacers, seu (grande) ponto fraco da equipe nos últimos playoffs, fica ainda mais forte.

Segundo a mídia americana, a diretoria do Pacers estava namorando há um tempão a ideia de contratar Scola. As negociações esquentaram na semana passada, até que Larry Bird concordou em ceder um pouco mais ao Phoenix Suns para fechar o negócio.

O clube do Arizona, em plena reconstrução, recebeu em troca o ala Gerald Green, o pivô Miles Plumlee e uma escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA, considerado por 100 em 100 especialistas como um dos mais fortes desde 2003 (ano de LeBron, Melo, Wade, Bosh e Darko).

O argentino, Bird já anunciou, chega para ser o reserva imediato de David West. Difícil encontrar um time com alas-pivôs tão talentosos assim na rotação – clique aqui para ver uma detalhada comparação estatística entre os novos companheiros –, embora possamos dizer o mesmo sobre “ala-pivôs nada atléticos”.

Acontece que essa ressalva, sinceramente, pouco importa neste caso. West e Scola não vão castigar tanto o aro ou incomodar seus adversários com tocos, mas têm muito fundamento, inteligência, força e coração para batalhar no garrafão. Dificilmente os dois poderão ficar juntos em quadra, mas ter Scola no elenco se torna um grande luxo, dando a Vogel a chance de regular os minutos de seu titular.

No fim, o Indiana está inserindo Scola no papel que coube a Tyler Hansbrough nos últimos anos. Difícil até de quantificar o que representa essa evolução. Tudo de rebote que a equipe estaria perdendo numa troca do Psyco-T por Chris Copeland acaba zerado agora.

A presença do craque sul-americano também reforça, desta maneira,  indiretamente a rotação exterior, já que Copeland pode ser aproveitado como um reserva de Paul George. Caso Danny Granger esteja em forma, os minutos desse cestinha ficariam bem limitados, mas Vogel só teria o que agradecer ao seus dirigentes – tendo um jogador de bom nível como o décimo ou 11º jogador de sua rotação. Dando tudo certo, as coisas ficariam assim:

– George Hill, CJ Watson, Donald Sloan.
– Lance Stephenson, Orlando Johnson.
– Paul George, Danny Granger, Solomon Hill.
– David West, Luis Scola, Chris Copeland.
– Roy Hibbert, Ian Mahinmi.

(Pensem que atletas como G. Hill, Stephenson, George, Granger, S. Hill e Copeland podem fazer múltiplas funções em quadra, aumentando consideravelmente as alternativas para a comissão técnica.)

Se Copeland e CJ Watson não valeram tantas manchetes, com Scola a história fica diferente.

Erik Spoelstra, Tom Thibodeau, Mike Woodson e (?) Jason Kidd certamente já estão avisados.

*  *  *

O que o Phoenix Suns está ganhando nessa?

(Fora o aumento de confiança na capacidade do novo gerente geral Ryan McDonough…)

O mais importante é a escolha condicional do próximo Draft. A escolha ficará com o Pacers caso eles falhem em se classificar para os playoffs. Algo inimaginável. E, ok, se eles forem para os mata-matas, é bem provável que o clube do Vale do Sol vá ganhar nessa um “pick” por volta da 25ª posição. Historicamente, poucos talentos de primeiro nível são aproveitados nessa altura. Mas há bons valores, de todo modo, para serem descobertos, assim como o ala-armador Archie Goodwin, extremamente promissor, apenas o 29º do recrutamento de calouros.

De resto, não é muita coisa. Mas, para um time processo de remodelação, quanto mais jogadores diferentes para se avaliar, melhor.  Com o plantel do campeonato passado é que eles não poderiam ficar.

Gerald Green já tem 27 anos. O tempo passa. McDonough estava no estafe do Boston Celtics que escolheu o atlético ala no Draft de 2005, quando saiu direto do colegial para a grande liga, ainda adolescente.

O jogador era muito cru tecnicamente, pouco maduro fora de quadra também e naufragou, passando ainda por Minnesota Timberwolves, Houston Rockets e Dallas Mavericks até ser forçado a continuar com sua carreira fora dos Estados Unidos. Passou pela China, pela Rússia, voltou para a D-League e, no fim da temporada 2011-2012, era novamente um jogador de NBA, fazendo uma campanha decente pelo New Jersey Nets (18,4 pontos numa projeção por 36 minutos, 48,1% nos arremessos, 39,1% de três, em 31 jogos). Que bela história! Green havia encontrado seu rumo, enfim! E o Pacers pagou para ver, e não deu muito certo: sua pontaria despencou, sua disciplina defensiva também não condizia com o esperado e, nos playoffs, teve apenas 11,7 minutos. O Suns espera que, num sistema ofensivo mais agressivo, ele possa render mais, ainda que sua posição não seja garantida. Há minutos para serem conquistados, mas tudo vai depender de um jogador muito talentoso, mas bastante inconsistente.

Plumlee é o irmão mais velho dos Irmãos Plumlee (conte aí o calouro Mason, recém-escolhido pelo Nets e o caçulinha Marshall, que ainda joga por Coach K em Duke). Não sei se a gente precisa acrescentar algo depois disso, né? Os Irmãos Plumlee!

Mas, ok, não vamos nos contentar com essa futilidade. Miles é mais um jogador extremamente atlético, especialmente para alguém do seu porte (2,11 m e 115,7 kg), com boa impulsão e agilidade, além de forte. Apesar dos quatro anos sob a tutela de Krzyzewski, ainda é visto como um jogador em desenvolvimento. O que, no caso, é um pouco estranho, considerando que, apesar de partir apenas para sua segunda temporada, já tem 24 anos. Vai ter de mostrar serviço nos treinos a Jeff Hornacek se quiser se intrometer numa rotação com Marcin Gortat, os gêmeos Morris e, talvez, o ucraniano Alex Len, quinta escolha do Draft, mas que vem de cirurgias em ambos os pés.


Nets fecha com Kirilenko a maior barganha do mercadão 2013 da NBA
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Giancarlo Giampietro

Andrei. Kirilenko.

Andrei Kirilenko reforça, e muito, o Brooklyn Nets

Primeiro o fato: ao fechar com Andrei Kirilenko por US$ 3,1 milhões por um ano de contrato, o Brooklyn Nets conseguiu a melhor barganha do mercadão 2013 de agentes livres da NBA. Um negócio que tem tudo para dar melhor resultado em termos de custo-benefício, na frente do contrato assinado por Paul Millsap com o Atlanta Hawks.

Vamos colocar em perspectiva: Kirilenko vai ganhar o mesmo salário de Chris Kaman no próximo campeonato. Perguntem a Mike D’Antoni quem ele preferiria assinar em seu time.

Mais: independentemente da loucura de outros dirigentes, uma série de jogadores inferiores ganharam muito, mas muito mais. O próprio Minnesota Timberwolves, ex-time do AK-47, fechou com Kevin Martin (cestinha “eficiente”, que na verdade é supervalorizado pelos estatísticos) por US$ 30 milhões em quatro anos e Chase Budinger (bom atacante, fraco defensor) por US$ 16 milhões em três anos. Zaza Pachulia (lenhador típico, num time já abarrotado de pivôs) vai ganhar o mesmo que Budinger pelo Bucks. Dava pra continuar aqui sem parar. Esses três, porém, já dão uma boa ideia de onde queremos chegar.

Acontece que o dicionário Michaelis oferece como explicação para “barganha” também o seguinte: “Transação fraudulenta; trapaça”. É apenas a quarta definição, ok, mas está lá. E aqui do nosso cantinho, não dá para acusar, cravar nada. Mas que foi uma notícia chocante, foi. Já havia feito algumas, digamos, piadas no Twitter quando eles anunciaram. Havia realmente no ar um clima de surpresa geral. Aí que o jornalista Adrian “Fura o Furo” Wonjarowski  saiu para o front mais uma vez para checar o que diversos cartolas rivais estavam pensando a respeito da transação.

Vou traduzir apenas um trecho de seu artigo. “As insinuações são inequívocas: ao redor da NBA, estão ligando para o escritório do comissário, pedindo para investigar a possibilidade de algum acordo paralelo e de os rublos russos estarem dando a ordem – por ora, acusações infundadas baseadas em circunstância e aparência”, escreveu.

Assim: Kirilenko abriu mão de um salário de US$ 10 milhões para a próxima temporada, pelo Timberwolves, para supostamente ganhar um contrato mais seguro, de longo prazo. Disse que não queria que sua família tivesse de se perguntar sempre sobre aonde o astro jogaria etc. Queria estabilidade, melhor dizendo. E, de repente, ele assina por um terço deste valor – por um só ano – pelo Nets. O clube de propriedade de seu compatriota Mikhail Prokhorov, que também investe uma grana no CSKA Moscou, clube pelo qual o jogador atuou durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

Ter Kirilenko, por orgulho russo, no Nets foi sempre uma meta do bilionário, um dos homens mais ricos do mundo (mesmo). No verão passado, porém, seu time não tinha espaço salarial para fazer uma proposta que fosse decente. Não resta dúvida, de que não estavam pensando em assinar por algo abaixo de US$ 5 milhões. Agora conseguiram um desconto.

“É descarado”, “Deveria haver uma sondagem a respeito. O quão óbvio é isso?”, “Vamos ver se a NBA tem alguma credibilidade” foram algumas das respostas que Wojnarowski ouviu em suas entrevistas. A galera está irada.

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Kirilenko, Prokhorov e a inveja e fúria da concorrência

Segundo consta, Kirilenko queria um contrato de no mínimo US$ 8 milhões por três temporadas, algo bem mais adequado ao seu valor em quadra. O San Antonio Spurs teria tentado sua contratação, mas desistiu no meio do caminho. Imagino a cara de Gregg Popovich ao saber do acordo fechado.

Agora vamos ao outro lado da… Hã… Moeda.

Antes de especular sobre qualquer coisa, por exemplo, o analista Kevin Pelton, da ESPN.com, avaliou os piores negócios do ano e inseriu a tentativa fracassada do Spurs na lista. Ele simplesmente considera que o grande erro de Kirilenko foi ter rescindido seu contrato com o Wolves. “Aquele dinheiro (US$ 10,2 milhões) já não estava mais disponível. Os times com os recursos para fazer uma oferta substancial para Kirilenko simplesmente seguiram em outra direção”, escreveu. “A não ser que alguma informação adicional apareça, a noção de que Kirilenko deixou um montão de dinheiro na mesa para jogar pelo Nets é injustificada. Ele cometeu um erro.”

Pode até ser, mesmo, que tenha sido um erro de cálculo do jogador e de seu estafe. Talvez tenham superestimado a inteligência dos gestores da liga. Que ninguém apareceu sinceramente interessado em seus serviços e, considerando as demais opções, tenha escolhido o clube de Prokohorov, pela familiaridade – e sem essa de dinheiro por baixo da mesa.

Sobre os gestores da liga, vale gastar mais um parágrafo. O Milwaukee Bucks, neste caso, gente… Aiaiai. O preço de um Carlos Delfino mais Pachulia teria valido um Kirilenko, por exemplo. Kirilenko + Ilyasova + Sanders seria uma linha de frente instigante, por exemplo. O Hawks poderia ter feito o mesmo ao emparelhar o medalhista de bronze olímpico com Al Horford e Paul Millsap – num time que vai sentir muita falta das habilidades defensivas de Josh Smith, algumas das quais AK poderia suprir. Vai pagar US$ 10 milhões por Monta Ellis, Mark Cuban, com um cara desse nível disponível? Será que, no fim, o Spurs conseguiria convencer o russo a aceitar o dinheiro dividido em Marco Belinelli, Jeff Pendergraph e mais uma peça complementar (algo em torno de US$ 5 milhões)? Enfim, vai entender como chegamos a esse ponto.

Voltando aos fatos: com Kirilenko, o Nets ganha em versatilidade e elenco. O mais reforço permitirá que Kevin Garnett e Paul Pierce tenham seus minutos regulados com mais tranquilidade – assim como a sua própria carga de trabalho. No banco, terão agora, provavelmente, Shaun Livingston, Jason Terry, AK, Andray Blatche e Reggie Evans, para não falar do ostracismo de Mirza Teletovic. O Nets chega para valer na briga, e, quando começar o campeonato, se os veteranos aguentarem em quadra, saudáveis, a concorrência no Leste vai ter muito mais com o que se preocupar além dessa teoria da conspiração.


Raulzinho põe pressão em calouro badalado do Utah, mas diz que só fica na NBA se for para jogar
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Giancarlo Giampietro

Olha o Raulzinho aí, gente

O pirulão Gobert e os armadores que brigam por espaço em Utah. Burke não esperava…

Depois que Trey Burke foi selecionado na posição número nove do Draft, Raulzinho, ou Raul Neto, como dizem lá, precisou esperar um tempão. Mais 37 atletas fossem chamados até que ouviu o seu nome, como a 47º da lista, para o Utah Jazz, via Atlanta Hawks.

Então, na hora de juntar as peças, tentando entender quais os planos da franquia de Salt Lake City para a próxima temporada, o natural era pensar que tdoa a prioridade do mundo seria de Burke. Afinal, estamos falando do jogador do ano no basquete universitário, vice-campeão por Michigan, e pelo qual eles pagaram duas escolhas de Draft para poder subir cinco postos e asseugrá-lo.

Raulzinho? Bem, saindo apenas na segunda rodada, ele não teria direito a um vínculo garantido. Além disso, tem um contrato em vigência na Espanha. E… Será que a franquia toparia entrar no campeonato com dois armadores novatos em sua rotação? Quer dizer, o cenário não era muito animador para que o brasileiro seja aproveitado já na próxima temporada. Até que…

Nesta quarta-feira, depois de ficar fora das duas primeiras rodadas enquanto a burocracia da Fiba não liberava sua papelada, o armador foi para quadra na liga de verão de Orlando, teve uma ótima atuação em fácil vitória sobre o Brooklyn Nets por 98 a 69 e colocou um pouco de pimenta nessa história toda.

Raulzinho jogou por pouco mais de 18 minutos, saindo do banco, e terminou com sete pontos, três assistências e quatro rebotes. Mais que os números, porém, o que causou melhor impressão foi o modo como se comportou em quadra, tranquilo, sereno, sem se deixar levar por nenhum tipo de nervosismo. Ajuda o fato, claro, de ter atuado no segundo principal campeonato nacional do mundo nos últimos dois anos. “Estava mais nervoso ontem porque não sabia se iria jogar, mas hoje eu me senti bem demais”, disse o atleta.

Raul Neto, o Raulzinho

Frame da estreia de Raulzinho

Sem colocar muita fé no brasileiro, o técnico Jason Kidd (ainda soa muito estranho isso, aliás) colocou seus jogadores para pressionar o oponente na quadra inteira. Quem ficou mais no seu pé foi Chris Wright, jogador da D-League. No final, Tyshaun Taylor também foi para o abafa. O filho do Raul não deu a menor bola. Soube lidar com essa marcação, controlando bem seu drible e partiu para cima.

Em um lance no terceiro quarto, ficou muito perto de um turnover até que recuperou a compostura, sacudiu Wright com um crossover da direita para a esquerda, e limpou espaço para fazer o corte. Foi até a cesta e fez a bandeja na cobertura de chocolate, por cima do bração estendido do pivô. Uma de suas belas jogadas que deixaram todos os envolvidos bastante impressionados. Veja no vídeo abaixo este lance e uma assistência dele para ponte aérea, com muita categoria, a partir dos 50 segundos:

Apenas nos minutos finais do quarto período que o queridinho de Magnano afrouxou um pouco, evidentemente cansado, cometendo alguns turnovers ao tentar inventar demais, com passes por trás das costas e tal. Na defesa, teve alguma dificuldade para conter, se colocar à  frente do atlético Wright, especialmente no primeiro tempo. De um modo geral, ele parecia um pouco pequeno perto de tanta gente atlética e vigorosa. Mas, após o intervalo, provavelmente mais adaptado ao nível de competição e ao caos geral que tende a ser uma destas partidas de verão, fez um trabalho muito melhor lidando com essas investidas e causou alguns desperdícios de bola e contestou arremessos.

No geral, foi uma tremenda atuação, ainda mais considerando o fato de que nem treinar direito com os novos companheiros ele pôde – e era visível o desentrosamento da equipe, com um bando de jogadores reunidos há poucos dias, muitos dos quais nunca atuaram em conjunto. “Você não precisa treinar com o time. Todo mundo joga o mesmo jogo”, afirmou o brasileiro, confiante que só.

 “Ele fez um ótimo trabalho. Levando em conta que ele nem treinou conosco, isso mostra um pouco sobre sua mentalidade”, afirmou o assistente técnico Sidney Lowe, que comanda o time de verão do Jazz, que se derramou em elogios – e o melhor foi notar que o técnico principal, Tyronne Corbin, observa tudo atentamente na lateral da quadra, ao lado do legendário Jerry Sloan, agora um consultor da franquia. “Ele sabia cada jogada. Ele sabia o que queríamos, nossas ações. Ele sabia aonde os caras deveriam estar. Sabia o ritmo. Isso fala muito (sobre seu talento).”

A equipe de transmissão da NBA TV não parava de citar seu nome. Era “Raul Neto” para lá e “Raul Neto para cá” – pareciam ter prazer de falar essas palavras, também. Beeeem diferente de quando precisavam narrar o nome do esloveno Rašid Mahalbašić, hehe.

Raulzinho na telinha

Raulzinho gastou seu inglês com Dennis Scott e Rick Kamla ao fim do jogo

Os setoristas dos diários de Utah também fizeram sua parte em elogiar o brasileiro. E, jornalista que são, já começaram a ficar irrequietos e a desenvolver uma trama que deve dominar a seção de esportes do Salt Lake Tribune e do Desert News nesta quinta-feira. A carreira de Trey Burke na NBA não tem nem uma semana e ele já se vê pressionado.

O armador revelado por Michigan não foi nada bem nas duas primeiras partidas em Orlando, a ponto de a comissão técnica ter decidido preservá-lo contra o Nets. Seus números após confrontos com Miami Heat e Houston Rockets: 9,5 pontos, 3,5 assistências, 4,5 rebotes e três desperdícios de bola. Seria algo até regular não fosse o horrendo aproveitamento de 22,2% arremessos e os 10% na linha de três pontos. No total, ele acertou apenas seis chutes em 27 tentativas. Argh.

Então…

“Será interessante ver como Trey Burke reage depois de ter sentado no banco e observar o jogo depois do modo como Raul Neto respondeu”, escreveu Jody Genessy, do DN. “Muito foi falado sobre como Burke vai precisar de tempo para aprender o ataque (algo verdadeiro), e então Net aparece e mostra que sabe, friamente”,  escreveu Bill Oram, do Tribune.

Deu para sacar o clima, né?

Da sua parte, quando questionado sobre o que o futuro (imeadiato) lhe reserva, Raulzinho manteve a linha: é preciso esperar que seu agente, o ex-ala-pivô Aylton Tesch, vai resolver com o Jazz e com o Lagun Aro GBC, seu clube na Espanha. Mas mandou seu recado também, dizendo que só fecharia com a franquia da NBA se tivesse garantias de que seria aproveitado em quadra – seria pouco inteligente, mesmo, trocar uma situação confortável numa liga fortíssima com a ACB, na qual vem evoluindo consideravelmente, para virar um esquenta-banco nos Estados Unidos.

“Claro que, se eu tiver que escolher, quero jogar na NBA, mas isso não cabe a mim”, afirmou ao DN. “Tenho de falar com meu agente e ver o que será melhor para mim. Porque não quero ficar aqui sem jogar. Eu quero jogar.”

Está certo que foi apenas uma partida, numa liga de segundo escalão, e que há muito mais o que fazer durante a semana. Mas, se a primeira impressão é a que fica, vai ser difícil o Utah Jazz não deixá-lo jogar. Goste Trey Burke, ou não.


Símbolo do Bulls, Joakim Noah tem atuação histórica e já tira o sono de Chris Bosh
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Giancarlo Giampietro

JoJo esmaga!

Joakim Noah, ame-o ou ame-o

 

Sabe quem não acordou nada feliz neste domingo?

Chris Bosh.

O ala-pivô do Miami Heat, na real, já deve ter ido deitar na noite de sábado com a cabeça cheia, já que, nos próximos dias, vai ter de encarar ao menos quatro jogos de encheção de saco, de esforço máximo exigido quando soube queprecisaduelar com este animal que atende pelo nome de Joakim Noah. Veja a foto acima.

O pivô é um dos queridinhos do blog, mas, num campo (beeeem) mais amplo, ocupa um lugar especial no clube dos personagens mais odiados da liga, com suas bravatas, o comportamento estridente em quadra. Dos mais detestados desde que, claro, você não jogue ao seu lado. Pois quem não vai gostar de tê-lo como companheiro? O sujeito é quem em média mais corre em quadra em quadra: são cerca 4,4 km por partida!

E não tem fascite plantar que segure, pelo jeito. No sacrifício, Noah batalhou durante seis partidas contra o Brooklyn Nets e, na noite deste sábado, foi brilhante ao liderar o Bulls rumo ao triunfo no único “Jogo 7” da primeira fase dos playoffs 2013 da NBA. Com apenas sete minutos de descanso, produziu 24 pontos (com 12/17 nos arremessos), apanhou 14 rebotes e, para completar o serviço, ainda deu seis tocos em uma atuação que certamente entra no rol das mais memoráveis da história de uma laureada franquia. Ainda mais épico depois de ele ter anunciado ainda em Chicago, ao final do sexto jogo, que sua equipe venceria, sim, na próxima oportunidade. Cojones.

Porque, sim, Noah pode ser brilhante. Quer dizer, vamos recomeçar: ele é brilhante.

Muito pouco de seu jogo pode ser considerado plástico, embora ver m gigante de mais de 2,10 m puxar contra-ataque em alta velocidade como ele faz não seja das cenas mais comuns de se ver por aí. Mas tudo bem: entre as categorias dehighlights que costumam render notoriedade no marketing da liga, dificilmente ele vai se enquadrar. Vez ou outra o pivô pode emplacar uma enterrada na cara de alguém em algum top 10 de jogadas. Só não espere ver uma contagem regressiva dos “melhores rebotes da temporada!”, muito menos um clipe com “as melhores recuperações na defesa de um pick-and-roll 2012-2013!” etc.

Não basta ter coração. Ajuda, mas, para se tornar um defensor especial, daqueles que influencia drasticamente o andamento de uma partida, o jogador precisa ser minimamente inteligente e entender qual o seu papel em esquemas complexos como os de Tom Thibodeau. Noah domina em absoluto esses conceitos, com um posicionamento impecável na cobertura da turma do perímetro, fechando o garrafão, forçando o adversário a ruminar outras soluções enquanto o cronômetro não para. E é pela defesa que Thibs, que se firma entre os melhores técnicos da liga e o seu Bulls vão avançando, mesmo sem Derrick Rose, Luol Deng, Kirk Hinrich, Rip Hamilton e Vlad Radmanovic. Ops, esqueçamos este último.

Ganhou contra o Nets o time de mais camisa, mas também aquele time mais determinado e instruído, que não vai se dar por derrubado jamais, e que tem em Noah seu principal símbolo, por mais que a estrela da companhia seja Rose.


Jason Collins se assume gay e, após 12 anos, passa de coadjuvante a estrela na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jason Collins, 34, acumulou em todo o campeonato 2012-2013 da NBA exatos 41 pontos, marca atingida ou superada por outros atletas em 22 ocasiões em apenas um jogo. No total, ele ficou apenas 38 minutos em quadra. Entrou na competição como jogador do Boston Celtics, clube que sonhava com o título, e terminou com o Washington Wizards, franquia que tem como hábito dar férias mais cedo aos seus atletas – leia-se, antes dos playoffs, em abril. Ainda assim, o pivô pode ter protagonizado a grande notícia da temporada nesta segunda-feira, ao se assumir homossexual em um artigo para a revista Sports Illustrated, que tem circulação mundial e é uma verdadeira instituição esportiva nos Estados Unidos.

Jason Collins, primeiro a assumir homessexualidade na NBA

Jason Collinas, nas bancas na sexta-feira

Só não foi capa (ainda) porque a revista teve de se desdobrar para realizar seu ensaio em primeira pessoa, optando por publicá-lo no site nesta segunda antes de colocá-lo nas bancas na próxima sexta – uma raridade em sua rotina. A repercussão foi imensa, claro. Para se ter uma ideia, Collins começou o dia com pouco menos de quatro mil seguidores no Twitter em mais de 400 dias como usuário. No momento de redação deste post, menos de 24 horas depois, já tinha 84 mil. Não é para menos: estamos falando do primeiro jogador em atividade tanto na NBA, como em todas as principais ligas de esportes coletivos norte-americanas a se revelar desta maneira.

Antes de fazê-lo, costurou o anúncio com o comissário David Stern e seu eventual sucessor, Adam Silver, e recebeu o sinal verde. Não que, a julgar por seu texto,  fosse mudar de ideia em caso de alguma negativa dos cartolas. “Cheguei a este estado invejável na vida em que eu posso fazer praticamente o que eu quero. E o que eu quero é continuar a jogar basquete. Eu ainda amo o jogo e eu ainda tenho algo a oferecer. Meus treinadores e companheiros de equipe reconhecem isso. Ao mesmo tempo, eu quero ser genuíno, autêntico e verdadeiro”, escreveu.

Curiosamente, na semana passada, quando questionado hipoteticamente, Stern afirmou que não esperava nenhum tipo de comoção se algum das centenas de atletas de sua liga se declarasse gay.  Na semana passada! “Isso deveria ser um não-problema neste país”, disse, no sentido de que os Estados Unidos já deveriam estar mais do que habituados com o tema. Em seu comunicado de segunda, foi um pouco mais além: “Como Adam Silver e eu dissemos a Jason, nós conhecemos a família Collins desde que Jason e Jarron entraram na NBA em 2001, e eles têm sido membros exemplares da família da NBA. Jason tem sido um jogador e um companheiro de equipe muito respeitado ao longo de sua carreira, e estamos orgulhosos que ele tenha assumido o manto da liderança sobre esta questão muito importante”.

Claro que rolou uma repercussão danada, dentro e fora da liga. Kobe Bryant, Steve Nash, Kevin Durant e muitos, mas muitos outros jogadores usaram a grande rede para manifestar apoio ao companheiro, falando em “orgulho”, “felicidade”, “respeito” e “admiração” pelo exemplo dado pelo veterano.  (Agora: quem teria a coragem de partir ao ataque, depois do aval público de Stern e de toda a corrente positiva que a declaração de Collins originou? Difícil.) Bill Clinton, Michelle Obama, Martina Navratilova, Andy Roddick, Barry Sanders, entre outras personalidades, seguiram essa linha.

Durante todo o dia, então, lá estava Jason Collins na ESPN, na CNN, na NBC, em todas as TVs, em todos os lugares, justo ele, que nunca foi estrela de nada – um cara sempre reconhecido muito mais como um dos “gêmeos Collins”, ao lado do irmão Jarron, do que como “astro da NBA”.

Jason Collins, que jogou com Nenê na temporada

Jason Collins, num rebote mais que fácil

Em quadra,  seu papel é realmente discreto. Com um jogo pouco chamativo e até bastante limitado em alguns quesitos, já levou diversos ‘especialistas’ e torcedores de Nets, Grizzlies, Wolves, Hawks, Celtics e, agora, Wizards a questionar se era francamente um jogador digno de fazer parte do melhor basquete do mundo.

Acontece que o pivô sempre fora muito mais valorizado por treinadores do que por qualquer outra classe. Não só por sua postura profissional exemplar, valorizada nos vestiários, mas também pelo sutil impacto que pode causar por meio dos pequenos detalhes de um jogo, muitas vezes captados apenas em métricas mais avançadas, em vez dos apanhados básicos de números como pontos, rebotes ou tocos.

Quer dizer, “sutil” talvez não funcione como um termo apropriado, uma vez que, para cumprir bem suas determinações em quadra, Collins já desceu a marreta em muita gente. “Eu odeio dizer isso, e eu não tenho orgulho disso, mas uma vez fiz uma falta tão dura em um jogador que ele teve que deixar a arena em uma maca”, referindo-se ao ala Tim Thomas, ex-Sixers, Bucks, Knicks, Suns.

Mas não fica nisso apenas, no ato de dar pancada. De nada valeria seu porte físico robusto, sua presença intimidadora, se ele não tivesse a inteligência para usá-los, sabendo exatamente o que precisa e como deve ser feito (corta-luz preciso, com ângulos variados, bloqueio para o rebote, cobertura defensiva, concentração etc.) – Dwight Howard que o diga, sempre teve dificuldade contra ele no mano a mano. Foi, assim, combinando cabeça e força bruta que ele conseguiu sustentar uma carreira de 12 anos na liga, a despeito de sua notória lentidão e de uma impulsão que pouco incomoda a equipe de manutenção dos aros dos belíssimos ginásios da liga.

São todas nuanças que hoje ficam realmente bem menores. Agora, nos livros históricos, “Jason Collins” passou de nota de rodapé a capítulo. Pelo menos até chegar o dia em que uma atitude como a dele, sem dúvida corajosa, não precise mais ser enxergada como um marco.

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Antes de Jason Collins, em tempos recentes, apenas o pivô John Amaechi, hoje comentarista, assumiu sua homossexualidade. Mas isso aconteceu bem depois de ele ter se afastado das quadras, em sua autobiografia. Além disso, sua carreira na NBA não foi das mais duradouras (foram cinco anos: 1995-96 e de 1999 a 2003). Seu melhor ano aconteceu em 1999-2000, pelo Orlando Magic, na campanha que revelou Doc Rivers como técnico. Com uma rotação frenética de jogadores, sem grandes estrelas (até então Ben Wallace era um desconhecido), a equipe batalhou demais por uma vaga nos playoffs, registrando campanha de 43 vitórias e 39 derrotas, mas terminou com a 9ª posição. Voluntarioso no ataque, Amaechi foi uma surpresa, registrando 10,5 pontos em apenas 21,1 minutos. Depois disso? Ladeira abaixo, defendendo o Utah Jazz como reserva de Karl Malone.

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Acreditem. É difícil encontrar um lance de destaque de Jascon Collins no YouTube, devido a sua extrema capacidade de ser discreto em quadra. Mas o jornalista Beckley Mason, do ESPN.com, teve uma ótima sacada diante desse impasse. Se ele não produz jogadas espetaculares, que se espetacularize o seu basquete feijão-com-arroz, mesmo. Com humor, vamos lá:

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Jarron Collins, que se graduou com Jason na prestigiada universidade de Stanford, teve ainda menos “sucesso” que o irmão em quadra: está sem clube desde 2011. Sua última sequência relevante, exagerand, aconteceu nos playoffs de 2010, como uma medida provisória do Phoenix Suns vice-campeão do Oeste.