Vinte Um

Arquivo : Magnano

Capacidade de chute de Benite faz falta ao ataque da seleção
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Giancarlo Giampietro

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Por Rafael Uehara*

Em 15 minutos com Vitor Benite em quadra, a seleção brasileira bateu a Argentina por sete pontos. Nos 35 minutos em que ele esteve no banco, o déficit foi de 11 pontos, o que resultou na derrota de 111 a 107, que muito provavelmente impedirá que a seleção avance à próxima fase, uma vez que a seleção espanhola atropelou a lituana no jogo seguinte.

Benite é hoje um dos melhores chutadores do planeta. Acertou apenas quatro tiros de três pontos em quatro jogos, mas, assim como tem acontecido no caso de Guilherme Giovannoni, sua mera presença em quadra alarga a defesa e permite a seus companheiros mais espaço para trabalhar. De acordo o site RealGM, com Benite em quadra a seleção tem marcado em média 115,6 pontos a cada 100 posses de bola.

É uma pena, porém, que o ex-flamenguista seja abaixo da média em quase todos os outros quesitos, ao menos contra esse nível de competição. Com a bola nas mãos, ainda consegue criar alguma coisa quando a recebe já com a defesa fora de posicionamento. Dificilmente chega à cesta e não cava muitas faltas, mas é também um atirador certeiro de meia distância após o drible.

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Porém, contra uma defesa armada, Benite não vem se mostrando uma opção para criar. Fica mais difícil ainda quando está pressionado pelo relógio, o que é mais viável para Marquinhos e Alex, principalmente devido à suas habilidades de jogar de costas pra cesta contra alas mais fracos.

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Benite é também abaixo da média no setor defensivo, onde não tem porte físico para se manter à frente de oponentes no um contra um, gerar roubos de bola, ou fazer muita diferença em rotações. Sua estatura se torna um problema na hora de pensar nos rebotes defensivos. Com ele em quadra, a seleção tem permitido em média 108,4 pontos a cada 100 posses de bola do adversário. Ainda assim, o saldo é positivo, devido ao efeito que causa no ataque.

Na hora de montar uma rotação, qualquer treinador vai ter de avaliar os pontos positivos e negativos de cada um de seus 12 jogadores e decidir de que maneira eles podem se encaixar.  Se for se apegar às suas limitações, é de se entender porque Magnano não deu a Benite papel maior nessa rotação. Técnicos, em geral, quase sempre dão preferência aos defensores que têm dificuldade no tiro do que aos atiradores que dificuldade na marcação.

Porém, considerando que o que essa seleção tem sentido mais falta neste #Rio2016 é um tiro de longa distância consistente (aproveitamento de apenas 30,9% em 81 tentativas), que estresse os adversários e facilite as coisas para os jogadores mais criativos com a bola, é de se argumentar que Magnano não tem feito a análise custo-benefício correta, especialmente considerando que esse grupo proporciona opções para assimilar o chute de Benite em uma escalação de forma que o impacto de seus defeitos sejam minimizados.

*Rafael Uehara edita o “Basketball Scouting”. Seu trabalho também pode ser encontrado nos sites “Upside & Motor” e “RealGM”, como contribuidor regular. Vale segui-lo no Twitter @rafael_uehara.

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Rendimento nos amistosos deixa até Magnano feliz. Mas são só testes ainda
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos esquentou contra a Lituânia. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Marquinhos esquentou contra a Lituânia. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Os amistosos vão passando, e a seleção brasileira, vencendo. São cinco jogos-teste até o momento e cinco triunfos,  restando mais uma “pelada” contra a China antes de a coisa ficar séria, seríssima ao chegar o #Rio2016.

Até enfrentar dificuldades contra a Lituânia neste domingo, com uma vitória por 64 a 62 em Mogi das Cruzes, a equipe de Rubén Magnano vinha atropelando a concorrência, com placares de 90 a 45 e 96 a 50 contra a Romênia,  96 a 67 contra a Austrália e 91 a 50 contra a China. Podem fazer as contas aí, que vai dar 42,7 pontos de saldo. Num estalo, não tem como não se empolgar com esse rendimento, certo? Até que chegaram os bálticos, adversários da estreia olímpica, para complicar um pouco as coisas.

Agora, independentemente do que se passou neste penúltimo amistoso em Mogi, não é para se deixar levar por euforia ou preocupação. Sim, testes contra Romênia e China só servem para exercitar a seleção e não provam nada. Austrália e Lituânia são obviamente muito mais competitivas. Ainda assim, estamos falando apenas de partidas preparatórias. Amistosos podem ser traiçoeiros, dependendo do nível de concentração e dedicação dos adversários. Por um lado,  a equipe nacional não tirou o pé e fez jogaram o máximo e atropelaram, sem considerações maiores. Vale dizer que dois dos melhores jogadores chineses, o armador Ailun Guo e o pivô Jianlian Yi, mal jogaram. Ninguém é campeão antes de o torneio começar. Talvez só os Estados Unidos.

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Neste domingo, também vimos claramente a seleção do Leste europeu medindo esforços. Onde estavam Jonas Valanciunas e Mantas Kalnietis no quarto período? E desde quando Jonas Maciulis se transformou num Linas Kleiza para querer arremessar e partir para a cesta toda vez que pegava na bola? Enfim. Naturalmente, Magnano também não mostrou  todas as suas cartas. E por que ele e Kazlauskas o fariam, a poucos dias de se enfrentarem pelas Olimpíadas, num grupo em que cada rodada será basicamente uma decisão? Não é querer ser chato ou desconfiado demais, embora esse seja mais ou menos um pré-requisito jornalístico.

O time tem se apresentado bem. A dúvida que fica é apenas sobre o nível de seriedade que a seleção teve em seus amistosos, comparando com o que os australianos e lituanos mostraram, mesmo que, contra estes, o pau tenha quebrado nas disputas do garrafão. O placar contra o  time da Oceania, por outro lado, impressiona bastante, por mais que não estivessem a todo o vapor.

Os sinais positivos? A pegada defensiva ainda está ali, algo que Magnano reforçou no momento em que chegou. O mais importante também é ver que o elenco, no geral, está muito bem fisicamente, mesmo, voando em quadra, pressionando a bola, saindo em velocidade. No ataque, como aponta Magnano, estamos vendo poucos arremessos forçados e a bola compartilhada. Existe todo um mistério, ou até mesmo drama em torno de quem seria o “go-to guy” da equipe, aquele cara de referência. Como Gasol na Espanha, Bojan Bogdanovic na Croácia, Nando De Colo/Tony Parker na França etc. Se essa fosse uma condição obrigatória, Marquinhos seria meu candidato. Mas, se o Brasil mantiver essa abordagem que vem mostrando nos amistosos, talvez simplesmente não seja necessário. A equipe conta com diversos jogadores talentosos em diferentes posições, que podem partir para o ataque quando chamados, dependendo de quem é o marcador do outro lado. E eles não têm forçado a barra. No final, o arremesso de três está irregular, então também foi bom ver o ala flamenguista despertar em Mogi.

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“Como treinador, tenho que tentar fazer com que os jogadores atinjam a excelência. Alguma coisa sempre falta, mas vimos, por exemplo, 14 assistências, o que quer dizer que a bola rodou, que os jogadores passaram a bola. A solidariedade está presente no jogo, tanto no aspecto ofensivo, quanto no defensivo. Estou muito contente”, afirmou o treinador da seleção, após o triunfo de domingo.

Agora, precisa ver como tudo isso vai ser aplicado quando o jogo estiver valendo. E valendo muito. Magnano, da sua parte, acredita que a partida contra os lituanos serviu para se avaliar isso também.  “Foi um jogo muito interessante porque nos colocou em situações de adversidade. Quatro pontos atrás, três pontos, quatro de novo. E recuperamos. Isso nos dá confiança. Alguns acham que, quando o Brasil cai no buraco, não é capaz de sair. Não é assim. Já mostramos isso em outras situações, e neste jogo aconteceu novamente. Parecia que a Lituânia ia disparar, mas fomos capazes de suportar isso, continuar jogando e passar à frente. Então isso não me preocupa muito porque acho que estamos bem.”

É difícil ver o argentino solto deste jeito. Ainda assim, é mais recomendável ainda evitar o termo “empolgar” ao falar sobre os amistosos e os placares obtidos pela seleção. Se quiser usar “animar”, com o aval do costumeiramente exigente treinador brasileiro, acho que aí fica tudo bem.

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Varejão no #Rio2016? Ficou mais difícil e passa por aprovação do Warriors
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Giancarlo Giampietro

Varejão participou da cerimônia da tocha neste domingo, sem forçar as costas

Varejão participou da cerimônia da tocha neste domingo, sem forçar as costas

Você pega o celular e, de repente, se depara com este link aqui e este release:

“Informamos que o atleta Anderson Varejão embarcou para os Estados Unidos na noite de ontem (domingo, dia 24), por orientação de sua equipe (Golden State Warriors/NBA). O capixaba, que integra o grupo que se prepara para os Jogos Olímpicos Rio-2016, passou a última semana em tratamento intensivo em função de fortes dores nas costas. Anderson, que foi liberado pela CBB para a viagem, será submetido a exames mais detalhados nos próximos dias e passará por avaliações que vão auxiliar na sequência de sua recuperação.”

Tiago Splitter está fora, e agora fica realmente sob ameaça a participação de Anderson Varejão no #Rio2016. Como o comunicado deixa claro, o pivô foi chamado de volta aos Estados Unidos pelo Golden State Warriors, com quem acabou de assinar um novo contrato, válido por um ano, para a próxima temporada da NBA. Conhecendo o zelo dos clubes da liga americana com seus atletas, esse foi um desenvolvimento natural depois que, no sábado, os companheiros Fábio Aleixo e Adriano Wilkinson nos informaram sobre a situação complicada do veterano, que vem sofrendo com uma lombalgia.

O detalhe é que, na matéria, Aleixo e Wilkinson escrevem que “que a comissão técnica brasileira vê os dois amistosos que o time fará em Mogi das Cruzes, na quinta e no sábado da semana que vem – contra a Austrália e China, respectivamente – como fundamentais para a definição sobre o pivô. Se Varejão não estiver apto a jogar, a comissão vai cogitar seriamente cortá-lo do grupo”. Os planos do Warriors eram diferentes.

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Várias dúvidas surgem, então: para um atleta que está com lombalgia, a longa viagem até Oakland é a melhor solução? Por mais que embarque de primeira classe, e tal? Ele será avaliado já nesta segunda-feira? Quando os médicos do clube estarão preparados para fazer um diagnóstico?  Varejão está com um contrato mínimo, daqueles que os clubes não hesitam em rescindir, se for o caso. Então qual é o exato relacionamento entre o capixaba e a diretoria? Se estiver liberado, será que conseguirá se apresentar a Magnano até quinta-feira, mesmo que dificilmente vá ter condições de jogo? Corre-se o risco de Anderson chegar aos Jogos sem poder treinar adequadamente por duas semanas?

Percebam que a combinação de tantas perguntas – ao meu ver lógicas, nada alarmistas – coloca a comissão em uma situação difícil. Varejão é dos jogadores mais experientes da equipe, inclusive em competições Fiba. Nesse sentido, a ausência de Splitter já era bastante sentida. Mas não seria um risco levar apenas quatro pivôs saudáveis para um torneio desses, sendo que um dos quatro é (toc-toc-toc) Nenê, outro atleta que também já sofreu diversas lesões sérias na carreira? Segundo a apuração do UOL Esporte, Varejão pode ser substituído até o dia 2 de agosto. Os candidatos? Qualquer atleta incluído na pré-lista original, que tem mais de 50 nomes. Se bobear, então, até Pipoka e Israel estão nessa.

Brincadeira à parte – nestas horas de maior tensão, é preciso rir um pouco –, Magnano e sua comissão ficam sob pressão para tomar uma decisão que definitivamente não é simples. Mesmo no caso de liberação do Warriors, não há garantias de que o capixaba vá estar em mínima forma quando a competição  começar para a equipe brasileira, no dia 7 de agosto.

Se tiver de correr atrás de um substituto, olho em Cristiano Felício. Por mais que o técnico não tenha gostado nem um pouco de seu pedido de dispensa, para jogar a Summer League de Las Vegas pelo Bulls, o argentino já se mostrou bastante flexível na hora em que a corda apertou durante os últimos anos. As portas não estão fechadas, e, passada a competição de veraneio, talvez o clube de Chicago não ofereça resistência. Felício, por sinal, arrebentou por lá novamente.

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O que joga contra o jovem o pivô é, claro, o fato de ter recusado a primeira convocação. Como o restante dos atletas reagiria a sua chegada tardia? Outro ponto: ele mal terá treinado com os companheiros. Por outro lado, qualquer adição, a essa altura, seria um problema do ponto de vista de entrosamento (em quadra) com a equipe, mesmo para veteranos como João Paulo Batista, Olivinha e Rafael Mineiro. Do trio flamenguista que foi vice-campeão pelo Sul-Americano há algumas semanas, Mineiro teria minha preferência, devido a sua estatura, capacidade atlética e seu subestimado poderio defensivo já comprovado contra adversários de primeiro nível internacional (vide Copa Intercontinental).  Em termos de experiência, JP seria o mais bem cotado, creio.

Ao que parece, não existe preparação da seleção brasileira que possa avançar sem soluços ou sustos. Mas isso é algo recorrente para o mundo Fiba hoje, com o calendário apertado.  Por mais que a CBB dê uma forcinha sempre, este processo acontece praticamente com todas as federações. A questão é a transparência para resolver os problemas. Vamos aguardar.

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Guia olímpico 21: a seleção brasileira, as questões e os 12 jogadores
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Giancarlo Giampietro

A partir da definição dos 12 jogadores da seleção brasileira nesta quarta-feira, iniciamos aqui uma série sobre as equipes do torenio masculino das Olimpíadas do #Rio2016.

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– O grupo
Qualquer corte deve ser muito complicado para cada treinador, ainda mais para um cara como Rubén Magnano, que dá claro valor aos atletas que o acompanharam nos últimos anos pela seleção brasileira. Na hora de definir um grupo olímpico, em casa ainda, era para ser uma tremenda dor-de-cabeça.

Mas, devido a circunstâncias diversas, o sacrifício não foi tão grande. Inicialmente, o técnico pretendia convocar 16 jogadores. Cristiano Felício, porém, recusou, enquanto Tiago Splitter estava se recuperando de uma cirurgia nas costas. Depois, foi a vez de Vitor Faverani abortar a missão, devido a uma lesão no joelho, praticamente definindo o garrafão. Aí restou apenas um atleta para ser excluído. Ficou entre os armadores Rafael Luz e Larry Taylor. Sobrou para Taylor, com o anúncio nesta quarta-feira.

O americano de Bauru (ou seria brasileiro de Chicago) não fez a temporada que Mogi esperava. Teve alguns lampejos, mas lhe faltou a consistência de alguns anos atrás. Física e atleticamente ele não é mais o mesmo. Ainda marca bem, pressiona a bola, e talvez isso fosse o suficiente para um 12º homem. Mas é provável que Rafael dê conta disso da mesma maneira, sendo ainda mais alto e mais forte. Além disso, o ex-flamenguista tem um jogo mais cadenciado, faz a bola rodar mais, oferecendo algo de diferente para o time. Por fim, ainda é jovem e segue como um prospecto para a equipe para o futuro.

E aí que temos esses 12 caras aqui relacionados para o #Rio2016: Huertas, Raulzinho, Rafael, Benite, Leandrinho, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Hettsheimeir, Augusto e Nenê.

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– Rodagem
É um grupo de vasta experiência. Todos os atletas ou estão no exterior, ou já tiveram experiência significativa lá fora, seja na Europa ou nos Estados Unidos, incluindo os cinco que jogaram o último NBB (Rafael, Alex, Marquinhos, Givoannoni e Hettsheimeir, sendo que o armador já está de contrato assinado com o Baskonia, de volta ao basquete espanhol).

Não pensem que isso é uma coincidência. Uma das coisas evidentes que o convívio com o Magnano desde 2009 nos passa é que ele infelizmente não bota muitas fichas em atletas que disputam o campeonato nacional, ao passo que valoriza demais quem já passou um bom tempo nas principais ligas.

– Para acreditar
Não há nenhuma novidade aqui. Todos os 12 jogadores foram listados competiram por Magnano em pelo menos duas competições anteriores. Se, por um lado, o argentino talvez não estivesse tão disposto a dar chances ou a fazer apostas em gente mais nova, por outro temos como consequência o entrosamento de uma base, a despeito da eventual ausência de um ou outro atleta.

No final, a média de idade é de 30,3 anos, certamente uma das mais altas do torneio olímpico, se não a mais alta. Isso deveria valer para afastar o suposto fator “pressão”. É aquilo: quem joga em casa tem motivações adicionais, tem a torcida a seu favor, mas também precisa manipular essa turma a seu favor. Mesmo os jogadores mais jovens do time – Raulzinho, Rafael e Augusto – têm extensa quilometragem de basquete europeu e já vestiram muitas vezes a camisa da seleção para, em tese, não se impressionarem tanto assim.

Nos últimos dois grandes torneios, Olimpíada e Copa, a seleção jogou de igual para igual com grandes equipes, venceu times como França e Sérvia, e mostrou que dá para brigar.

– Questões
A que mais me preocupa, há um tempo já: se na hora de definir sua rotação, Magnano iria/vai priorizar nomes e currículos, em vez do que está acontecendo em quadra agora, em julho, agosto de 2016. Ao separar alguns veteranos do NBB para o Sul-Americano e fazer uma convocação enxuta, o argentino meio que deu uma resposta parcial. Que ficou ainda mais facilitada devido aos desfalques de Felício e Faverani. Ainda assim, entre os 12 que sobraram, pode haver um encontro de forças, entre jogadores em ascensão e estrelas em declínio. Como o argentino vai encarar esse choque natural é algo vital para as chances do grupo, pensando em produção dentro de quadra e química fora.

De 2012 (Londres) ou mesmo de 2014 (Copa do Mundo) para cá, o tempo que se passou aparentemente valeu mais do que quatro ou dois anos. Hã… Como assim? Calma, explico. Não se trata exatamente de uma aplicação da Teoria da Relatividade. Mas também não é apenas um mero exercício de se virar as folhinhas do calendário. Nesse período, muita coisa aconteceu em torno do núcleo central de Magnano. Foram anos intensos, por assim dizer, em termos de mudança. Peguem, por exemplo, nossos pivôs.

Houve um tempo em que Varejão e Nenê eram dois dos pivôs mais ágeis que a gente poderia encontrar por aí. Os dois grandalhões não têm a impulsão de um Dwight Howard ou um Anthony Davis, mas foram atletas bastante especiais quando no auge, devido à mobilidade e à agilidade fora do comum. Hoje, em 2016, já não é mais o caso, devido ao desgaste de longas, milionárias e vitoriosas carreiras de NBA, além do acúmulo de diversos problemas físicos.

Esse desgaste gera dilemas. A combinação da dupla de pivôs não me parece tão simples assim; quando foram lançados no início da década passada, a gente poderia imaginar Nenê e Varejão formando uma parceria que duraria anos e anos. Mais de 16 anos depois dos Goodwill Games na Austrália, cá estamos. Por diversas razões, essa combinação não foi realizada muitas vezes assim pela seleção. Não sei se é o caso de repeti-la agora, tanto por razões ofensivas como por defensivas.

No ataque, nenhum deles desenvolveu um chute de três pontos confiável, embora possam matar bolas de média distância tranquilamente. Isso interfere no espaçamento, podendo obstruir infiltrações dos armadores e dos alas. Há coisa de cinco, seis anos atrás, o dinamismo dos pivôs poderia compensar a falta de chute, desde que o sistema brasileiro não fosse modorrento e incentivasse a movimentação de todas as peças. Esse deslocamento está agora mais arrastado. O que, de novo, não é uma crítica: é apenas uma consequência natural do esporte.

Depois tem a defesa: se Nenê e Varejão foram premiados com tanta grana assim nos Estados Unidos, a capacidade de cada um deles de conter jogadas em pick-and-roll foi dos principais motivos para tanto. Os dois brasileiros eram casos raros de pivôs que poderiam aceitar a troca de marcação num corta-luz e lidar muito bem, obrigado, com esse teórico impasse. A movimentação lateral dos dois era quase implacável. O pick-and-roll vem sendo cada vez mais e mais utilizado mundo afora, especialmente quando as seleções não conseguem treinar tanto assim. Os dois serão inevitavelmente atacados a partir do perímetro, assim como acontecerá com Gasol na Espanha, Gobert na França, Cousins nos EUA etc. Como será o desempenho neste caso? Para Augusto Lima, para quem o acompanhou bem nos últimos anos de Liga ACB, isso não seria um problema.

De resto, para esse capítulo sozinho não tomar proporções bíblicas, vamos em pílulas: 1) a aposta ainda será na marcação alta, com abafa, e saída em velocidade em transição? 2) em meia quadra, a bola vai girar no ataque, certo? Tal como aconteceu no Pan. Ou vamos ver investidas óbvias e/ou forçadas como as da Copa América? 3) Magnano pensa em eventualmente usar Marquinhos como um stretch four, para ganhar em agilidade, mesmo que os demais alas da seleção não sejam tão altos assim, podendo o rebote ficar vulnerável?

>> OS ELEITOS

Marcelinho Huertas
Armador, 33 anos
Clube: Lakers
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2006, 2010, 2014; Copa Améria 2005, 07, 09, 11, 13; Sul-Americano 2004; Pan 2007.

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Magnano não escondeu sua preocupação com a situação que Huertas enfrentava em Los Angeles, perdido em meio ao caos da gestão Byron Scott. O armador não conseguia entrar em quadra, enquanto Lou Williams e Nick Young alienavam os atletas mais jovens e promissores do elenco. De março em diante, porém, para alívio do argentino, ele participou das últimas 21 partidas do time californiano, o que dá dois terços de uma temporada de Liga ACB, por exemplo. No final das contas, em termos de preparo físico, talvez o chá de cadeira que levou no início tenha vindo para o bem. Sua média ficou em 16,4 minutos.

Em sua primeira temporada de NBA, em meio aos grandes atletas da modalidade, o brasileiro ficou basicamente dentro do esperado. Visão de quadra não foi um problema para ele, se envolvendo em alguns highlights próprios com belas assistências – por mais que as redes sociais tenham valorizado muito mais os lances desfavoráveis. Huertas sabe ditar o ritmo de jogo e funciona muito mais no pick and roll ou em transição. Mas teve dificuldades para pontuar, indo poucas vezes ao lance livre e acertando apenas 26,2% dos tiros exteriores numa linha de três pontos mais distante. Por outro lado, quando se aproximou da cesta, usando seu clássico arremesso em flutuação, o brasileiro ao menos teve um aproveitamento de acordo com a média da liga. Na defesa, foi agressivo, mas vulnerável.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA.

Raulzinho
Armador, 24 anos
Clube: Utah Jazz
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 2014; Copa América 2013; Sul-Americano 2014.

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Também um estreante na NBA, mas em estágio completamente diferente na carreira. A princípio, Raul chegaria a Salt Lake City para brigar por espaço na rotação. A lesão do australiano Dante Exum, porém, mudou tudo. Para surpresa geral, o calouro começou a temporada como titular. E não foi necessariamente devido ao seu senso de organização de jogo, mas, sim, por sua presença defensiva, que conquistou o técnico Quin Snyder, desbancando a decepção chamada Trey Burke.

Como armador, porém, o jogador não teve a oportunidade de se soltar muito. As ações do ataque do Jazz ficavam concentradas nos alas Gordon Hayward e Rodney Hood, com o brasileiro jogando afastado da bola. Ao menos cumpriu seu papel quando chamado, ao converter 39,5% de seus chutes de três e 44,4% de média para longa distância. No meio do campeonato, ainda assim, viu o clube contratar o competente, mas inexpressivo Shelvin Mack para assumir seu posto.

Na seleção, é de se esperar que sua criatividade com a bola será mais exigida. Depois de fazer boa Copa do Mundo em 2014, não competiu no ano passado pela equipe, naquela que poderia ser uma campanha de afirmação.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA

Rafael Luz
Armador, 24 anos
Clube: Baskonia/ESP (saindo do Flamengo)
Torneios: Copa América 2011, 13 e 15; Sul-Americano 2012 e 14; e Pan 2015.

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Se você for se apegar apenas aos VTs de melhores momentos, aos lances de Vine etc., dificilmente vai apreciar o que Rafael traz para a quadra, como um armador de jogo controlado no ataque e forte pegada defensiva, usando sua envergadura para causar impacto nas linhas defensivas e para pressionar o oponente. São características que justificam a escolha por ele, em detrimento de Larry. Como peça complementar, oferece algo a mais para Magnano, considerando que não deva ser um dos primeiros a sair do banco de reservas durante os Jogos.

Sua participação com a seleção na temporada passada deve ter sido decisiva também para sua manutenção no elenco olímpico. Confira um scout detalhado sobre o que o armador fez na conquista do ouro pan-americano. Foi muito bem como o condutor de um ataque poderoso.

Depois, a passagem pelo Flamengo foi de altos e baixos – como os duríssimos playoffs contra Mogi e Bauru mostraram –, talvez por jogar num time cujos preceitos táticos não lhe favoreciam tanto assim. Ainda assim, participou da conquista do NBB antes de receber boa oferta para defender um clube de ponta como o Baskonia, pela Euroliga e pela Liga ACB.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e pelo NBB

Vitor Benite
Armador, 26 anos
Clube: Murcia/ESP
Torneios: Copa América 2011, 13, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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A transição do NBB para a Liga ACB foi um tanto custosa a Benite, principalmente a serviço de um clube pequeno que se meteu a brigar por uma vaga nos playoffs espanhóis, o que seria uma façanha e tanto para o Murcia. Seu tempo de quadra basicamente flutuou de acordo com sua pontaria nos tiros exteriores. Quando teve bom aproveitamento, seus minutos dispararam. No geral, acertou 35% de seus disparos, o que não foi o suficiente para lhe dar mais que 17 minutos, na avaliação do ótimo técnico grego Fotios Katsikaris, que registrou as dificuldades de adaptação do atleta, tanto do ponto de vista defensivo como na tomada de decisões no ataque.

Ainda assim, os serviços prestados em 2015 lhe garantem um posto na seleção, quando foi o cestinha no Pan e na Copa América, sendo uma ameaça na linha perimetral. O importante é que ele entre com confiança e agressividade, sem pedir passagem, mas também ciente da melhor oportunidade para atacar.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela Liga ACB

Leandrinho
Ala, 33 anos
Clube: Phoenix Suns (saindo do Warriors)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10 e 14; Copa América 2003, 05, 07, 09; Pan 2003.

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O ligeirinho teve seus minutos limitados num timaço como o do Golden State Warriros. Ainda assim, quando foi chamado por Steve Kerr, correspondeu, quanto mais no momento mais crítico: a decisão da NBA. Jogou tão bem, com tanta confiança que o treinador foi justamente questionado por não lhe dar mais tempo de quadra no derradeiro Jogo 7 em Oakland.

Está aqui um cara que desafiou o Passar do Tempo. Aos 33, depois de uma cirurgia no joelho, Leandrinho segue como um dos caras mais velozes da NBA de uma ponta da quadra à outra. Também rende muito bem em cortes em linha reta para a cesta quando não precisa se esgueirar entre defensores, abusando da tabela com finalizações em arcos improváveis.

De todo modo, a cancha que ganhou em 13 anos de liga também não fez dele um melhor preparador, armador ou criador. Leandrinho ainda pode ser um pontuador de mão cheia, mas apenas em determinadas situações, sem que lhe deva ser entregue a bola em momentos de desespero, para que ele crie uma situação no mano mano, sem nenhuma jogada trabalhada – uma armadilha que ele assumiu, ou que lhe foi sugerida em diversas passagens pela seleção.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Alex
Ala, 36 anos
Clube: Bauru
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13; Pan 2003, 07; Sul-Americano 2003.

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Alex é o jogador mais velho da seleção, com três meses a mais que Giovannoni. Se for para se concentrar em vigor físico e capacidade atlética, porém, ninguém vai acreditar nisso. O condicionamento do veterano ainda é veterano. Pensem que, com 1,92m, ele ainda teve média de 5,0 rebotes na última temporada do NBB, que é basicamente aquela de sua carreira.

Também estamos falando ainda do melhor marcador individual do país ainda, dando conta de segurar toda sorte de oponente, incluindo alas-pivôs bem mais altos. Tudo isso é uma prova de sua seriedade, ou da notória “brabeza” pela qual é conhecido desde os tempos em que era uma revelação por Ribeirão Preto.

Em alguns aspectos, o Alex de hoje é bem melhor que o de dez anos atrás. Sua visão de jogo se aprimorou de acordo com o que se espera da idade, a ponto de ele se tornar efetivamente um segundo armador em quadra. Sem Ricardo Fischer, assumiu as rédeas do ataque do Bauru neste ano, e o time alcançou as decisões da liga nacional e da Liga das Américas novamente.

A ausência de Fischer – e do sistema espaçado e criativo de Guerrinha – só interferiu em seu arremesso de três pontos. Alex não sobrou mais tão inconteste no perímetro, e seu percentual caiu de 40,8% para 31,2%, que é basicamente o normal para ele. Esse chute pode fazer falta.

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Marquinhos
Ala, 32 anos
Clube: Flamengo
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 14; Copa América 2007, 11 e 15; Pan 2007.

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MVP de um NBB em ano em que a concorrência foi forte, livre de lesões, habituado a ser campeão pelo Flamengo, liderando a equipe em quadra… Por mais que Magnano não dê tanta abertura assim a atletas do campeonato brasileiro, acho que não há muita dúvida que, em termos de protagonismo e momento técnico, o ala se apresenta na melhor forma.

O veterano é hoje a melhor opção de criação brasileira, com opção tanto para finalizar como servir aos companheiros, sem egoísmo. É um ala alto e habilidoso, cujos fundamentos se impõem até mesmo em nível internacional. Se quisesse, Marquinhos poderia estar frequentando as grandes ligas europeias há anos. Mas fez suas escolhas, optando pelo conforto do lar, e talvez seja subestimado por isso.

Em momentos de aperto, vai aceitar assumir maior parcela de responsabilidade? É a hora para tal, em comparação aos últimos dois torneios, pelos quais invariavelmente deu um passo atrás, deixando as decisões para seus companheiros mais prestigiados. De todo modo, essa não é uma pregação para que o time seja de Marquinhos. A seleção só vai a algum lugar realmente se jogar bem coletivamente, assim como aconteceu em alguns momentos da Copa do Mundo, especialmente a partir da defesa. Na hora do aperto, porém, que o flamenguista pode ser mais bem explorado.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Guilherme Giovannoni
Ala-pivô, 36 anos
Clube: Brasília
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13, 15; Pan 2003, 11.

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É uma pergunta que se escuta muito por aí: Guilherme ainda é jogador de seleção brasileira? Aos 36 anos, a resposta segue a mesma: sim.

Havia outros concorrentes para a posição, como Rafael Mineiro e Olivinha. Cada um deles poderia ser bastante valioso por características singulares: Mineiro é um excelente defensor em sua posição, com agilidade nos pés e verticalidade, enquanto Olivinha é o guerreiro que a torcida rubro-negro venera, daqueles que não desiste da bola nunca, botando em prática também sua inteligência para ajudar nesse tipo de empreitada.

Mas Giovannoni concede ao grupo uma habilidade que, como vimos até aqui, está em falta: arremesso. Algo, digamos, importante num jogo de basquete, certo? Chutadores nunca são demais. E o experiente ala-pivô converte 40,3% em sua carreira no NBB, chegando aos 42,9% na última temporada, assessorado pela dupla Fúlvio-Deryk.

Agora, não é que ele se reduza a isso. Acho curioso como o empenho de Olivinha pelos rebotes é justamente elogiado, mesmo com suas limitações atléticas, enquanto Giovannoni ainda segue dando duro nas duas tabelas e seja visto só como um gatilho. No basquete nacional, ao lado de Alex e Marquinhos, ele vem sendo um dos jogadores mais consistentemente produtivos.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Rafael Hettsheimeir
Pivô, 30 anos
Clube: Bauru
Torneios: Copa do Mundo 2014; Copa América 2005, 11, 13; Pan 2015; Sul-Americano 2014.

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A efetividade de Hettsheimeir hoje em jogos de alto nível está diretamente ligada à sua eficácia nos disparos de longa distância. O pivô até pode pontuar mais próximo da cesta com seu gancho de direita, mas, na atual configuração da seleção, este espaço estará ocupado.

Desde que passou a se dedicar ao fundamento com mais ênfase na Espanha, os resultados têm sido inconsistentes a serviço da seleção. Só lembrar o que aconteceu em 2014, quando o grandalhão arrebentou em jogos amistosos, mas foi anulado durante a Copa do Mundo. Rafael precisa de um certo espaço para matar. Durante a campanha do Pan, com ótima movimentação de bola, seu rendimento foi de 46,2% em mais de 5 tentativas por partida. Excelente. Magna o obviamente conta com esse chute em seu plano tático.

O problema está do outro lado, quando o pivô, forte que só, pode ser desafiado por alas-pivôs muito mais ágeis e flexíveis – enquanto pelo Bauru e pela seleção pan-americana, lhe restaram alguns “cincões” (ou qualquer coisa perto disso no atual cenário da modalidade), nas imediações do garrafão, tarefa para a qual está mais bem equipado.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba aqui e aqui e pelo NBB

Anderson Varejão
Pivô, 33 anos
Clube: Golden State Warriors
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 09; Pan 2003.

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Varejão é, para mim, a grande incógnita desse grupo, devido ao tempo bastante limitado de quadra que teve durante a temporada. Se teve seus momentos positivos na série contra OKC, seu desempenho no geral, pontuado pela última partida, não foi dos melhores. Pelo Jogo 7 das finais contra o Cavs, o capixaba parecia disposto tão somente a tentar cavar faltas, sem que a arbitragem caísse na sua, causando impacto lamentavelmente negativo para seu time.

Será que, depois de tantas dificuldades físicas e de saúde que enfrentou nos últimos cinco anos, restaram somente as artimanhas para o cabeleira? Seu corpo quebrou? Ou o que vimos por Cleveland e Golden State é apenas fruto dos minutos reduzidos, causando certa ferrugem? É o que estamos prestes a descobrir nas próximas semanas. Se estiver em forma, ninguém duvida do que Anderson pode entregar a uma equipe: domínio dos rebotes, flexibilidade defensiva, arremesso de média distância, boa movimentação ofensiva e passes espertos e precisos.

Se o Cavas não hesitou em dispensá-lo durante o campeonato, ao menos o Warriors agora concordou em contratá-lo por mais um ano, n numa prova de confiança do técnico Steve Kerr. Ficamos no aguardo ansiosamente por uma resposta positiva, então.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Augusto Lima
Pivô, 24 anos
Clube: Real Madrid
Torneios: Copa América 2011, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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Augusto estourou pela seleção no ano passado, com um perfil muito semelhante ao de Anderson Varejão em diversos quesitos, como agilidade, empenho e feeling para os rebotes. É um finalizador mais atlético perto do aro, mas não passa tão bem a bola. Fazendo as contas, temos um ótimo contribuinte para anos e anos – e já preparado para receber seus minutos olímpicos. Em termos de marcação contra o pick-and-roll, é provavelmente a melhor opção de Magnano.

Em termos de ritmo de jogo, porém, sua temporada também sofreu um certo acidente. De tão bem que atuou pelo Murcia nas últimas campanhas, foi contratado neste ano pelo Real Madrid, time que certamente poderia usar todas as suas ferramentas defensivas. Em meio a Felipes Reyes, Gustavos Ayóns e Andrés Nocionis, não foi tão utilizado.

Pior: no mercado, a superpotência espanhola ainda contratou mais dois homens de garrafão (Anthony Randolph e Othello Hunter), de modo que o destino do brasileiro parece ser um empréstimo. Isso não quer dizer necessariamente que ele tenha desagradado. Talvez só não tenha recebido uma devida chance. Com milhões de euros para investir, o Real faz disso. Acontece com a equipe de futebol direto. A vantagem de Augusto é a sua juventude para a retomada de um condicionamento ideal para encarar uma Olimpíada.

Confira um scout detalhado do pivô depois de sua participação decisiva na conquista do ouro pan-americano.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Nenê
Pivô, 33 anos
Clube: Houston Rockets (saindo do Wizards)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2014; Copa América 2003, 07; Pan 2003.

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Por diversos anos, os semiganchos de Tiago Splitter foram uma espécie de bola de segurança da seleção. Já suas tramas no pick-and-roll com Huertas eram um verdadeiro carro-chefe. Além de sua liderança e serenidade, seus recursos técnicos são uma referência em quadra. Pois, num ato cruel, quis o destino que o catarinense não jogasse o torneio olímpico em casa.

Entra em cena Nenê. O pivô injustamente vaiado pela torcida antes de amistoso contra Chicago no Rio de Janeiro e perseguido por figuras como Oscar. A reposta pode vir agora – não que ele precise provar nada para ninguém. Sua carreira na NBA não foi a de um All-Star, mas foi de imenso sucesso, recompensado por dezenas de milhões de dólares. Somente as fossem as desafortunadas lesões e sua abordagem por vezes altruísta ao extremo o desviam de uma aclamação crítica.

Seu físico acaba se tornando hoje um dos fatores vitais para as pretensões da seleção. O grandalhão tem todos múltiplos recursos acima da média (munheca, força, arranque, bloqueio, passe e mãos e pés ágeis) para desafiar a maioria de seus adversários de garrafão, passando por Luis Scola e Jonas Valanciunas.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

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Magnano “digere” desencontros com Faverani e convoca pivô para o #Rio2016
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Giancarlo Giampietro

Faverani fez boa Liga ACB pelo Murcia. Agora vai?

Faverani fez boa Liga ACB pelo Murcia. Agora vai?

Considerando todas as declarações e farpas que o Rubén Magnano soltou nos últimos anos, é com surpresa que recebemos a inclusão de Vitor Faverani nesta sexta-feira num grupo de 14 candidatos a disputar as Olimpíadas do #Rio2016 pela seleção brasileira. O pivô é a grande surpresa numa lista, digamos, conservadora elaborada pelo argentino, com os nomes de sempre. Huertas, Raul, Rafa Luz, Larry, Benite, Leandro, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Nenê, Hettsheimeir e Augusto o acompanham. Dois desses terão de ser cortados.

Magnano flerta com a convocação do pivô há um bom tempo tempo, mas até agora não teve sucesso em fazer com ele se apresentasse. Foram idas e vindas neste namoro, incluindo o famigerado episódio de 2011, antes da Copa América, em que o treinador levou um ‘cano’ do atleta durante uma viagem à Espanha. Os dois supostamente iriam se reunir em um hotel de Murcia. O técnico foi. O jogador, não – depois, alegou que e teve um problema pessoal de última hora e que não conseguiu se comunicar com o argentino. Obviamente esse ‘causo’ deu o que falar. Dois anos depois, o atleta voltou a ser listado para mais uma Copa América. Os dois, enfim, se encontraram, e Vitor topava jogar. Mas aí veio um acerto com o Boston Celtics para travar o processo. Desde então, o argentino não perdeu a chance de alfinetar o atleta durante uma série de entrevistas.

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Acontece que agora a gente está falando de Olimpíada. De tentar reunir os melhores atletas, mesmo, e lutar por uma medalha em casa. Acho que era motivo o bastante para Magnano superar qualquer ressentimento que restasse e desse mais uma chance a Faverani. “Sempre quis que ele jogasse pela seleção. Houve no passado uma situação muito curiosa, desagradável. Digo curiosa, porque não posso dizer que tenha sido engraçada. Consegui digerir isso”, afirmou o técnico, com a acidez típica. “Depois, ele teve muito problema de lesão, que atrapalhava sua preparação. Hoje, como já tinha visto há muito tempo, acho que ele está jogando muito bem. Tenho gostado muito dele, é um grande jogador. Ele tem muita vontade de vir, estamos em contato direto com ele e, por isso, está de novo na convocação. Espero não ter mais nenhuma surpresa. Se vai ficar ou não, depois vemos.”

Que Magnano tenha “digerido” essas questões só mostra o quanto admira as características de Faverani, que de fato são raras para um pivô e estão em voga. Recuperado de uma cirurgia no joelho que o atrapalhou muito nos últimos dois anos e forçou sua demissão pelo Boston Celtics e pelo Maccabi Tel Aviv, o jogador oferece arremesso de média para longa distância e também é um excelente protetor de aro. Isto é, pode jogar aberto no ataque tranquilamente, espaçando a quadra quando necessário, e estabelecer uma presença defensiva importante no garrafão. Pelo fato de nunca ter se apresentado antes, porém, dá para dizer que corre por fora, mesmo que tenha feito boas apresentações pelo Murcia na segunda metade da temporada espanhola. Afinal, este é o modus operandi do argentino.

Ninguém vai olhar a lista de Magnano e apontar uma incoerência. Na verdade, o treinador se mantém fiel até demais aos atletas que convocou durante anos e anos. Pesa muito mais na cabeça do argentino a noção de conjunto da obra do que necessariamente a produção apresentada na última temporada – no caso de Bruno Caboclo e Lucas Bebê, aliás, para constar, nenhum desses fatores os favoreciam. Não havia muito espaço para novidades. Ou isso, ou o treinador julgou que nada de muito interessante tenha surgido no último NBB.

Da liga brasileira, para o grupo principal, foram chamados seis jogadores – todos eles figuras mais que habituais em suas listas e que também tiveram experiência no exterior antes de se estabelecerem como referências em quadras nacionais. Magnano dá muito valor a isso. De resto, sobrou uma composição de veteranos e mais jovens para a disputa do Sul-Americano (valorizada este ano pelo fato de já valer para o novo calendário de seleções da Fiba).

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O outro nome mais comentado do dia foi o de Cristiano Felício. O pivô seria convocado, mas pediu dispensa para seguir treinando com o Chicago Bulls. Lendo assim, a frase parece absurda, não? Magnano, mesmo, se frustrou. “Claro que fico chateado. São razões pessoais. Temos que entender. Não significa aceitar”, disse Magnano.

Mas é preciso entender a dinâmica que envolve jovens atletas e clubes da NBA. É improvável que a recusa tenha partidoexclusivamente de Felício. Há sempre outro lado nesse tipo de questão. Em seu comunicado, tentando explicar o que se passava, dá para dizer que o pivô foi no mínimo ambíguo, claramente tentando evitar pisar nos calos de muita gente.   “Estou vindo de um bom fim de temporada pelo Chicago Bulls, e, como todo brasileiro, vivendo também essa expectativa pelas Olimpíadas no Brasil. Mas não posso pensar com a paixão, preciso e devo agir com a razão. Não foi nada fácil. Sei da importância, do que significa vestir a camisa do meu país, mas tenho a consciência de que tenho que trabalhar ainda mais duro, me dedicar e evoluir para conquistar o meu espaço, pensar no meu futuro. Infelizmente, aconteceu tudo ao mesmo tempo”, afirmou.

O que acontece? O jovem pivô foi uma das poucas boas notícias que o Bulls teve em uma campanha que foi um tremendo fiasco. Aproveitou as chances que teve nas últimas semanas da temporada, mostrou serviço e subiu de cotação internamente. É provável que o chefão John Paxson e o técnico Fred Hoiberg tenham planos mais ousados para ele, ainda mais com as incertezas em torno de Pau Gasol e Joakim Noah, agentes livres. De modo que o clube prefere manter o pivô por perto, dar sequência ao seu desenvolvimento e eventualmente disputar uma segunda liga de verão.

Taí mais uma frase que parece despropositada, já que estamos falando de uma Olimpíada em casa. Mas o que prevalece aqui é a lógica da diretoria do Bulls, que cuida de seu investimento do modo que achar  melhor. E não havia muito como atleta e empresário baterem o pé aqui, ao contrário do que Giannis Antetokounmpo fez com o Milwaukee Bucks, por exemplo. A franquia de Winsconsing não vai querer irritar  seu jovem prodígio. Por outro lado, em Chicago, por melhor que tenha ido em sua temporada de novato, Felício ainda não teria tantos trunfos para barganhar. Seu contrato nem deve estar garantido.

Além do mais, se viesse, iria se meter em uma disputa acirrada por um lugar final no grupo olímpico. Ao meu gosto, não só entraria no grupo dos 12, como chegaria para jogar. Mas a cabeça de Magnano não funciona assim, e o pivô revelado pelo Minas Tênis teria de se superar para desbancar nomes mais badalados e de veteranos que bateram cartão nos últimos torneios. Não seria fácil. Assim como não será para Faverani, independentemente da digestão do argentino.

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Felício aproveita seus minutos ao máximo: “Aqui estou jogando mais livre”
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Giancarlo Giampietro

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Que Cristiano Felício tinha o talento inato para, no mínimo, ser testado pela NBA, não havia dúvida. A questão é que, entre 30 franquias, era difícil de imaginar que o Chicago Bulls, com seis pivôs sob contrato, seria o primeiro interessado no brasileiro a se mexer e levá-lo para um período de testes. Falando sério,  o clube era muito provavelmente o destino mais improvável para o mineiro de Pouso Alegre.

Mas foi de Bulls, mesmo. Passo a passo, Felício convenceu o técnico Fred Hoiberg e os exigentes cartolas da franquia, John Paxson e Gar Forman, de que valeria investir mais algum trocado em um eventual sétimo homem de rotação. Da liga de verão ao traning camp à pré-temporada à data-limite em janeiro, o grandalhão revelado pelo Minas Tênis avançou e teve seu contrato garantido. Mais que a segurança financeira – especialmente com o dólar em câmbio elevado –, o que conta mais nesse processo é o ganho de confiança para um jogador ligeiramente subestimado por estas bandas.

>> Felício causa boa impressão geral em estreia pela D-League
>> As anotações de um scout da NBA sobre Caboclo, Bebê e Felício

Felíco x Jeff Ayres, ex-Spurs

Felíco x Jeff Ayres, ex-Spurs

Ok, não é que o brasileiro tenha chegado a Chicago e dominado. Em sua primeira temporada na NBA – e a segunda nos Estados Unidos, depois de uma intrigante passagem pelas “prep schools” de lá –, o pivô foi utilizado por Hoiberg em apenas 73 minutos, distribuídos em 15 partidas, para uma média de 4,9. Quando jogou, porém, deus sinais bastante positivos, especialmente na sequência de quatro jogos que teve pela D-League, causando boa impressão geral quando enviado ao Canton Charge, a filial do Cleveland Cavaliers.

Não teve ferrugem que o atrapalhasse. Depois de semanas e semanas de treino, respondeu com 14,3 pontos, 5,5 rebotes, 1,5 toco e 40% nos chutes de longa distância em 23,8 minutos por uma equipe na qual não conhecia ninguém, sem entrosamento nenhum. Numa projeção por 36 minutos, valeu 21,6 pontos, 8,3 rebotes e 2,3 tocos.  Mostrou que estava crescendo, independentemente do quanto estava jogava pelo time de cima, num trabalho mais concentrado com os assistentes Pete Myers, ex-jogador andarilho que voltou ao clube nesta temporada, e Charlie Henry, de apenas 29 anos, que havia trabalhado com Hoiberg em Iowa State. Que Ruben Magnano tenha tomado nota, então, depois de se encontrar com o rapaz.

“A conversa com o Magnano foi muito boa, falamos muito sobre a Olimpíada. Ele viu que não tinha muito tempo de quadra, mas que estava treinando bastante e melhorando. Com certeza, se for um dos convocados para a seleção, vou chegar muito melhor, mais bem preparado do que estava antes. Estou aprendendo com os melhores jogadores e tenho evoluído muito. Isso vai ser um bônus para mim”, afirma Felício ao VinteUm. O interessante é que, nesses poucos minutos, ficou claro como seu repertório se expandiu, fazendo valer o esforço numa rotina que, dependendo da cabeça, pode ser tediosa e alienante. “Aqui estou jogando mais livre”, diz.

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Ao retornar ao Bulls, demorou um pouco para que uma nova oportunidade surgisse. Até que Joakim Noah teve sua temporada encerrada por lesão, Nikola Mirotic foi afastado por uma cirurgia mais complicada do que se imaginava para tratar de uma apendicite, e agora Taj Gibson vai jogando no sacrifício, com dores musculares na coxa. Felício passou a entrar em quadra com certa frequência, mas em um momento delicado: o time está fora da zona de classificação para os playoffs e com muitas questões de relacionamento entre atletas e comissão técnica para serem resolvidas.

Dependendo do desfecho da temporada, a equipe pode entrar em um processo de reformulação, dando adeus de uma só vez a um ídolo como Noah e a Pau Gasol. Enquanto ainda é cedo para aprofundar essa discussão, quieto ao seu modo, Felício vai aproveitando como pode sua experiência de NBA, mesmo que isso não seja tão evidente. Veja a entrevista:

21: Primeiro de tudo, parabéns pelo contrato com o Chicago. É um grande clube, com diversos jogadores de peso em sua posição, e ainda assim apostaram em você, garantindo seu vínculo pelo menos até o final da temporada. Como tem sido essa experiência? Até por esse excesso de pivôs qualificados, foi uma surpresa ainda maior por terem te procurado e te garantido no time, passo a passo? O quanto isso aumenta sua confiança, de ver seu potencial reconhecido? Felício: Acredito que, desde o primeiro momento, foi uma  surpresa, o Chicago ter me chamado para jogar, mas, depois disso, vim trabalhando, trabalhando, e nos jogos de pré-temporada procurei aproveitar os minutos que tive, dando o máximo. Estava sempre buscando melhorar meu jogo. Com certeza para mim foi uma grande surpresa, mas não é algo que veio do nada, mas veio com muito suor, e graças a Deus estou tendo minha oportunidade. Para mim está sendo uma experiência incrível. São vários jogadores de outro nível jogando na mesma posição. No momento eu procuro observar, entender a maneira de como eles veem a jogada e atuam. Isso está me ajudando muito, me dando bastante experiência, para, tomara, num futuro próximo, ter minha oportunidade de jogar tão bem como eles.

cristiano-felicio-big-bullsNo período pré-Draft, lembro de você citar Phoenix e San Antonio como dois clubes que haviam mostrado um certo interesse. E o Chicago? Havia indicado algo? Ou a proposta deles surgiu “de repente”?
Sabia de alguns times que tinham interesse, mas sempre confiei que uma hora minha chance ia chegar, e tenho sempre conversado com pessoas que vêm me ajudando, me informando sobre tudo. Essa aposta de Chicago em mim na summer league foi surpreendente e foi muito interessante o jeito que eles me trataram desde que cheguei. Foi sensacional, e, com certeza, até pela grandeza do Chicago, me motivou bastante para treinar bastante nesse período de espera, para ver se ficaria, ou não. Depois foi pegar essa experiência com os mais velhos, pois no começo não teria muito tempo de quadra, mesmo.

Sabemos que a temporada é uma correria. Viagens atrás de viagens, pelo país todo. O quanto de tempo sobra para você trabalhar com os técnicos? Você faz alguma sessão específica de fundamentos e jogadas com eles? Com quem costuma trabalhar mais?
Sem dúvida nenhuma a temporada é de muita correria, mas a gente procura se ajustar o máximo que pode durante as viagens. Por não estar jogando muito, nos dias entre uma partida e outra, procuro ir para a quadra e trabalhar muito meu jogo ofensivo. Sempre que posso, converso com os técnicos, e eles observam tudo e dizem o que posso fazer melhor, o que devo fazer mais. Trabalho bastante com Charlie Henry e Pete Myers, que estão sempre me ajudando.

O arremesso de três pontos vem aparecendo com mais frequência no seu repertório. Não era uma bola que você tentava tanto no Brasil. Em 2014-15, não há, na verdade, nenhuma tentativa de três computada em suas estatísticas do NBB. E a linha da NBA é mais distante da cesta ainda. Você já tinha a ideia e confiança de tentar esse tipo de chute, ou foi algo trabalhado pela comissão técnica de Chicago?
Sempre tive a confiança de chutar, que venho tentando durante a minha carreira, mas que está aparecendo mais agora. No Flamengo, como tínhamos muitos jogadores que jogavam, não tinha muita chance de tentar essa bola. Como um jogador 5, ficava mais dentro do garrafão, e isso fazia que as oportunidades não chegassem. No sub-22 eu tinha tentado algumas bolas. Aqui estou jogando mais livre, o jogo está ficando mais espaçoso, e eles tendem a treinar diversas posições, e venho treinando bastante essa bola. Agora é trabalhar cada vez mais para, quando precisar, se estiver numa situação de jogo para arremessar a bola, ter a confiança para chutar e converter.

felicio-offense-bulls

A passagem pela D-League: o quão difícil é chegar a um time do qual você não conhece praticamente ninguém? E chegar com o selo de ser um atleta de NBA, enquanto a maioria dos companheiros busca justamente essa condição? De todo modo, foi um sucesso sua experiência com o Canton Charge. Depois de tanto treino, ficou feliz de ver os resultados em prática?
Minha chegada ao Canton não foi tão difícil assim, eles  sempre me deixaram a vontade desde o início. Fui muito bem recebido. E o técnico (o espanhol Jordi Fernández, que trabalhou na diretoria do Cavs por quatro anos e também dirige a seleção espanhola sub-20) já conhecia alguns dos meus amigos, e isso me deixou muito mais confortável para poder jogar. Fiz grandes jogos e, com certeza, depois de muitos treinos com o time e das sessões individuais, fiquei muito feliz com o desempenho que tive.

Os Bulls agora passam por um momento difícil, com as lesões de Butler e Noah e a cirurgia do Mirotic. Pode ser um momento importante para você.
Com as lesões, venho tendo algum tempo de quadra, e estou procurando responder da melhor forma que posso, tentando ajudar o time a ganhar. Em alguns jogos tenho ido muito bem, em outros, nem tanto. É algo que acontece durante uma temporada de novato por aqui, e quero tirar o máximo disso. Quem sabe com a volta deles, ainda possa ganhar meu tempo de quadra para ajudar do jeito que posso?

Para a temporada que vem, Gasol e Noah serão agentes livres. Existe alguma perspectiva de mais tempo de quadra? Já houve alguma conversa com você nesse sentido, por parte da diretoria ou dos técnicos?
Sobre a temporada que vem não estou sabendo de nada ainda. Não me falaram nada. Estou procurando me focar o máximo nesta temporada para fazer meu máximo e, quem sabe, no ano que vem poder estar aqui novamente e poder ajudar o time ainda mais do que neste ano.

Para fechar, como foi o encontro com o Magnano? Pensando em seleção, mesmo que não esteja jogando muitos minutos, você acha que vai se apresentar como um jogador mais bem preparado para tentar uma vaga na equipe olímpica?
A conversa com o Magnano foi muito boa, falamos muito sobre a Olimpíada e meu tempo de quadra aqui. Ele viu que não tinha muito tempo de quadra, mas que estava tre inando bastante e melhorando. Com certeza, se for um dos convocados para a seleção, vou chegar muito melhor, mais bem preparado do que estava antes. Estou aprendendo com os melhores jogadores e tenho evoluído muito. Isso vai ser um bônus para mim.


Magnano se preocupa com panorama nebuloso para os brasileiros da NBA
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Giancarlo Giampietro

Huertas, Magnano, Felício e poucos minutos

Huertas, Magnano, Felício e poucos minutos

Não é hora para pânico. Ainda. Pois as Olimpíadas serão disputadas em agosto, daqui a menos de seis meses. Mas que é alarmante o contexto da seleção brasileira masculina, não há dúvida.

As semanas da opressora temporada regular da NBA avançam, e o panorama da volumosa legião brasileira por lá segue nebuloso. Nenhum deles é protagonista – mas isso não vem de agora. O problema é o tempo de quadra consideravelmente reduzido, pelas mais diversas razões. Raulzinho é o único que tem mais de 20 minutos em média por partida (20,5), mas menos da metade do tempo regulamentar da liga.

O que leva Rubén Magnano a coçar a cabeça, ao retornar de seu giro pelos Estados Unidos, para falar tête-à-tête com a trupe. Em conversa com Fábio Aleixo, aqui do UOL Esporte, citando Marcelinho Huertas e Anderson Varejão como “os que mais preocupam”. O argentino chegou a sugerir a eles que procurassem novos clubes, para que pudessem jogar mais, pensando na forma física no momento em que forem convocados para as Olimpíadas. O prazo para trocas na NBA se encerra no dia 18 de fevereiro, próxima quinta.

“Eles sabem disso. Vamos ver como fica esta história [de troca de times, que acontece anualmente no meio da temporada]. Seria muito bom se conseguissem algo. Dei o meu parecer e a minha ideia, tivemos uma conversa muito aberta. Mas não sou eu que vou fechar o negócio”, afirmou. “Todos sabem como funcionam as coisas na NBA.”

Magnano se encontrou com Splitter mais uma vez nos Estados Unidos. Diz que as visitas "não têm preço". Será? Com a CBB endividada, fica a dúvida sobre a real importância dessa visita. Houve um tempo em que a seleção estava distante dos atletas. Mas o constante contato nas últimas temporadas já deveria ter bastado para se criar uma cultura. Além do mais, era realmente necessário que o treinador conversasse com eles, pessoalmente, para falar sobre a importância de se jogar uma Olimpíada? E mais: do ponto de vista prático, fevereiro ainda é muito cedo para uma temporada da NBA. Um "sim" dito agora pode não ter valor nenhum daqui a quatro ou oito semanas, com muitos jogos importantes pela frente. Peguem a situação de Splitter como exemplo: se a necessidade de uma cirurgia se confirmar, muda tudo em relação ao bate-papo dos dois. São muitas variáveis em jogo. Enfim...

VALE A VISITA? – Magnano se encontrou com Splitter mais uma vez nos Estados Unidos. Diz que as visitas “não têm preço”. Será? Com a CBB endividada, fica a dúvida sobre a real importância dessa visita. Houve um tempo em que a seleção estava distante dos atletas. Mas o constante contato nas últimas temporadas já deveria ter bastado para se criar uma cultura. Além do mais, era realmente necessário que o treinador conversasse com eles, pessoalmente, para falar sobre a importância de se jogar uma Olimpíada? E mais: do ponto de vista prático, fevereiro ainda é muito cedo para uma temporada da NBA. Um “sim” dito agora pode não ter valor nenhum daqui a quatro ou oito semanas, com muitos jogos importantes pela frente. Peguem a situação de Splitter como exemplo: se a necessidade de uma cirurgia se confirmar, muda tudo em relação ao bate-papo dos dois. São muitas variáveis em jogo. Enfim…

Sim, o desejo de Magnano não conta quase nada perante o plano de cada uma das 30 franquias da liga americana, ou de Lakers e Cavaliers, no caso. Os rumores pelos bastidores indicam que o Cavs até vem sondando o quanto Varejão desperta de interesse do mercado. Mas o assunto não está pegando fogo.

De qualquer forma, na frase do técnico da seleção, acho que a ênfase deve ficar em “mais”: aqueles que mais preocupam. Não quer dizer que a situação dos demais brasileiros seja tranquila. Aliás, pelo contrário. As notícias envolvendo Tiago Splitter são ainda alarmantes. Como o Atlanta acaba de admitir, o catarinense pode passar por uma cirurgia no quadril. Nenê teve sua campanha sabotada, desta vez, por conta da panturrilha. Enquanto isso, em Toronto, Lucas Bebê voltou a sumir de quadra com o retorno de Jonas Valanciunas, enquanto Bruno Caboclo segue como um projeto de longo prazo, com a D-League servindo como laboratório. Cristiano Felício tampouco joga pelo Bulls.

E aí?

Bem, antes de julgar, é importante entender o que se passa com eles – pois já dá para ver por aí os comentários oportunistas – ou, digamos, bastante “desapegados aos fatos” –, prontos para desqualificar esses atletas, sem entender diferentes particularidades que os cercam. O fato de essa galera não estar jogando muito agora não significa de modo algum que não sirvam. Antes de abordar cada situação especificamente, há um ponto em comum que une Splitter, Varejão e Nenê e outro para Felício, Bebê e Caboclo.

O primeiro trio é composto por trintões, não podemos nos esquecer. Isso não quer dizer que estejam acabados. Eles têm muita lenha para queimar ainda. Só não são os mesmos jogadores de quatro ou cinco anos atrás, principalmente do ponto de vista atlético. Não há como brigar contra isso, e até um Kobe Bryant se mostra mortal.

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Já a segunda trinca está do outro lado do espectro: jovens talentos garimpados pelos scouts da liga, ainda em formação. O leitor mais crítico pode observar que, ao 23, Felício e Bebê são três anos mais velhos que calouros superprodutivos como Karl-Anthony Towns, Kristaps Porzingis e Jahil Okafor. Ou que têm a mesma idade de Kyrie Irving, Victor Oladipo, Harrison Barnes, Jordan Clarkson, Jared Sullinger, Valanciunas, entre outros. Mas é injusto comparar. Cada um caminha no seu ritmo. Bebê saiu cedo para a Europa, perdeu quase um ano entre negociações com Atlanta, problemas no joelho e o retorno ao Estudiantes. Na temporada passada, também só treinou. Felício passou pelo Oregon por um ano e, no Flamengo, mal tinha a bola para atacar. E por aí vai. São crus para o jogo em alto nível, mas ainda vistos como atletas de potencial por suas franquias.

“Temos jogadores jogando muito pouco e que são muito importantes. Pode ser que isso mude a partir de agora. Quero que os atletas cheguem com uma boa minutagem, e isso é o que mais preocupa. Não é tão fácil trocar o chip de uma hora para outra. Temos de colocar todos na mesma sintonia”, diz.

Contra o LAkers, na quarta, Varejão recebeu 19 minutos e somou oito pontos e seis rebotes, cometendo quatro faltas. Kevin Love saiu de quadra com uma contusão no ombro, e aí abriu-se espaço na rotação. Chance para os olheiros das outras equipes verem o que Anderson ainda tem para vender

Contra o Lakers, Varejão recebeu 19 minutos e somou oito pontos e seis rebotes, cometendo quatro faltas. Love saiu de quadra com uma contusão no ombro, e aí abriu-se espaço na rotação. Chance para os olheiros das outras equipes verem o que Anderson ainda tem para vender

Essas questões interferem na convocação do time de Magnano, ou deveriam interferir, se me permitem opinar. Lesões, falta de ritmo… Você não tem garantia de que, em 40 dias de treinos e testes, vai superar isso. Talvez o mais prudente, então, na hora de elaborar a lista, seja pensar em mais nomes, algo mais amplo. Em sua rotina extremamente exigente de treinos, o técnico tem de botar esses caras para correr, mas sem quebrá-los. Desenferrujar não é a única questão. Tem mais: você precisa de alternativas e de competição para definir os 12 olímpicos.

Do seu lado, contudo, o argentino não parece tão inclinado a isso. Não dá para esperar novidades. “Agora não vou fechar nomes ou possibilidades. Mas claro que hoje tenho bem definido um grupo de jogadores que posso chamar pensando não apenas na seleção do Brasil neste momento, mas também o que podem representar no futuro”, analisou.

É um dilema, sem dúvida. Convocar por currículo, por nome, ignorando temporada pouco produtiva, não deveria ser a regra. Mas, a essa altura, também pode soar como loucura advogar por mudanças drásticas na relação, pensando na experiência acumulada pelo núcleo usual de Magnano. Só é preciso respeitar as condições de jogo de cada um, do ponto de vista físico, médico.

Em sua entrevista, o treinador fala que quer o Brasil jogando sempre no mesmo horário durante as Olimpíadas, que já assegurou a presença de uma comitiva de familiares nas arquibancadas e um pouco mais sobre o planejamento até o #Rio2016. Pode conferir lá. Abaixo, vamos tentar entender o que se passa com os brasileiros da NBA:

Anderson Varejão
Vai chegar ao torneio olímpico beirando os 34 anos
Na temporada:
31 jogos, 10,0 minutos, 2,6 ppj e 2,9 rpj
Projeção por 36 min: 9,3 ppj, 10,6 rpj, 2,3 apj, 1,3 roubo
O capixaba está numa das rotações interiores mais congestionadas da NBA, em tempos em que os pivôs vão perdendo espaço para jogadores mais flexíveis. Quer dizer: não só tem de brigar por espaço com Kevin Love, Tristan Thompson e Timofey Mozgov, como verá LeBron James ocupar minutos por ali, assim como o veterano Richard Jefferson. Se você for pegar os números projetados, Anderson tem entregue, em tempo limitado, mais ou menos aquilo que apresentou durante toda a sua carreira. A dúvida que fica, mais séria, é sobre sua mobilidade, que sempre foi um de seus grandes diferenciais, assim como o instinto e a inteligência. O pivô se recuperou de uma cirurgia no tendão de Aquiles no ano passado, o que é um desafio (independentemente do que Kobe Bryant e Wesley Matthews façam em Los Angeles ou Dallas). Fica difícil. Conforme já dito, o Cavs faz sondagens de mercado para se há um negócio interessante pelo brasileiro. Caso fique em Cleveland, é grande a chance de que esteja envolvido com a liga até o início de junho, época das finais. http://www.basketball-reference.com/players/v/varejan01.html#per_minute::none

Leandrinho
Fez 33 anos em novembro passado
Na temporada:
39 jogos, 14,9 minutos 6,6 ppj, 1,4 apj, 1,4 rpj, 36,5% de 3pt
Projeção por 36 min: 15,9 ppj, 3,4 apj e 3,8 rpj

Leandro, e seu novo visual. Mas o papel no time é o mesmo do ano passado

Leandro, e seu novo visual. Mas o papel no time é o mesmo do ano passado

O ligeirinho está toda hora na TV e até os marcianos sabem que ele é uma peça complementar num dos melhores times da história do basquete, tendo a confiança dos treinadores e um respaldo imenso no vestiário. Não é o foco no ataque da segunda unidade, como em seu auge pelo Phoenix Suns, mas ainda põe fogo em quadra e se encaixa perfeitamente numa proposta intensa de jogo. A dúvida aqui é saber até quando vai se estender a jornada do Warriors. Ao que tudo indica, estarão jogando no início de junho, sendo que as Olimpíadas começam no dia 6 de agosto. A despeito da ascensão de Brandon Rush e de uma torção no ombro, ele tem hoje a mesma média de minutos da temporada passada. Seus números por 36 minutos também são muito semelhantes aos que produz desde que entrou na liga em 2003.

Marcelinho Huertas
Completará 33 anos em maio
Na temporada: 29 js, 11,4 mpj, 2,7 ppj, 2,4 apj, 1,1 turnover, 29,6% de 3 pts
Projeção por 36 minutos: 8,5 ppj, 7,7 apj, 1,4 roubo, 3,6 turnovers
O Lakers tem um elenco fraco. Está na cara isso. Mas as posições perimetrais contam com um certo sr. Bryant e dois garotos que são as grandes apostas para logo mais. E ainda tem o Lou Williams, fominha que só, mas um cestinha oportuno. O brasileiro foi contratado, em tese, para ajudar Russell e Clarkson e, eventualmente, colaborar com a organização da segunda unidade. Durante a pré-temporada, Byron Scott se empolgou com sua capacidade de liderança em quadra. Essa empolgação não durou muito… Mesmo com o time totalmente desfragmentado, o brasileiro vem sendo utilizado de maneira esporádica. (E, por favor, essa história de toco, roubo de bola, drible… Torcida pode gostar disso, mas, em discussões mais sérias, não cabe.)

Nenê é relevante para o Wizards. Mas está limitado pelo corpo

Nenê é relevante para o Wizards. Mas está limitado pelo corpo

Nenê
Completará 34 anos em setembro
Na temporada: 28 js, 18,8 mpj, 8,8 ppj, 4,4 rpj, 1,4 apj, 53,6% nos arremessos
Projeção por 36 minutos: 16 ppj, 8,3 rpj, 2,7 apj, 1,8 roubo e 1,0 toco
Como podemos ver, o são-carlense ainda segue muito eficiente, fazendo um pouco de tudo em quadra. Suas estatísticas, por 36 minutos, são praticamente idênticas ao que produziu na carreira. O grande problema é que o técnico Randy Wittman simplesmente não sabe quando pode contar com os seus serviços, e aqui acho que nem vale citar uma ou outra lesão específica – a panturrilha é o que mais incomoda neste campeonato. Nenê já enfrentou tantos problemas físicos nos últimos anos, que o baque pode ter um foco ou outro numa semana, mas o baque é geral. Por isso, tem seus minutos controlados e é poupado em ocasiões de duas partidas em duas noites. Não obstante, a ideia para o time neste ano era adotar uma formação mais baixa, com três alas ao redor de Marcin Gortat. Outro ponto: Nenê vai ser agente livre ao final do campeonato. A questão de seguro ficará ainda mais cara e complicada.

Raulzinho
Vai fazer 24 anos em maio
Na temporada: 51 js, 20,5 mpj, 6,2 ppj, 2,5 apj, 1,5 rpj, 39,6% de 3 pts
Projeção por 36 minutos: 10,9 ppj, 4,3 apj, 2,7 rpj, 1,5 roubo.
Vamos deixar Magnano falar um pouco a respeito? “Com certeza em seis anos que estou na seleção você nunca me escutou falar de titulares. Tem jogadores que abrem o jogo, outros que terminam. Eu não tenho nenhuma preocupação quanto a isso. A minha única preocupação é que o cara renda na hora do jogar. Tenho exemplos muito claros disso e um deles é o próprio Raulzinho, que contra a Argentina, na Copa do Mundo, entrou e teve ótima atuação”, afirmou o argentino, a Aleixo, quando questionado sobre um quinteto inicial.

Tudo isso para dizer que, sim, é surpreendente e bacana que Raul tenha conseguido o posto de titular em sua campanha de calouro, com um papel bem definido na rotação, fazendo a bola girar, abrindo para o chute. Mas o brasileiro, que vem se soltando nas últimas rodadas, também está ciente de que a criação de jogadas do Utah cabe, na verdade, a Gordon Hayward, Rodney Hood, Alec Burks (quando retornar) e até mesmo a Trey Burke, seu suplente, que foi para o banco para ganhar mais liberdade na segunda unidade. Mesmo tendo disputado duas partidas a menos, Burke recebeu mais de 100 minutos de jogo na temporada. E não podemos nos esquecer da lesão de Dante Exum.

Raul, o único titular. Mas por circunstâncias

Raul, o único titular. Mas por circunstâncias

Tiago Splitter
Fez 31 anos há pouco, em janeiro
Na temporada: 36 js, 16,1 mpj, 5,6 ppj, 3,3 rpj
Projeção por 36 minutos: 12,5 ppj, 7,5 rpj, 2,2 apj, 1,1 roubo e 1,1 toco
O início mais tímido de Splitter em Atlanta, com poucos minutos, poderia sugerir as dificuldades normais de adaptação a um novo time e elenco, mesmo que houvesse uma lacuna clara no garrafão. Em tese, o encaixe com Horford e Millsap era perfeito. Mas não era só isso. Ele perdeu sete jogos entre novembro e dezembro. Mais quatro entre dezembro e janeiro. Agora, em fevereiro, aí que a coisa ficou mais séria, com mais seis jogos fora. Finalmente, o clube revelou o que se passava com o catarinense, e a notícia não é boa: as dores no quadril são tão fortes que podem pedir até uma cirurgia. Ao final deste período prolongado de descanso e tratamento, será reavaliado. Mike Budenholzer e Magnano, claro, esperam que não seja necessário. Pois, limitado nos movimentos, o pivô ainda foi útil ao Hawks, causando ótimo impacto defensivo.

Caboclo, Bebê e Felício
Os mais inexperientes até agora não somaram nem 160 minutos de jogo. Desta cota passageira, Bebê é responsável por 85,3%, e, nas poucas chances que teve, foi bem. Desde a virada do ano, porém, só foi acionado sete vezes por Dwane Casey. Só contra Denver, em 1º de fevereiro, que ganhou 14 minutos, quando seus companheiros foram destroçados por Nikola Jokic no primeiro tempo, e o treinador se viu obrigado a buscar novas opções.

Para Caboclo, isso já representaria um recorde, ainda assim. A maior rodagem que o ala ganhou até agora foi, conforme o esperado, na D-League. Entre idas e vindas entre o Raptors A e o B, acumula 797 minutos em 24 partidas,com 32,5 por rodada. Médias de 13,6 pontos, 5,8 rebotes, 1,5 assistência e 1,8 toco, matando 34,4% de três pontos e apenas 38% dos arremessos no geral. É preciso cuidado na hora de avaliar esses números, já que as estatísticas da liga são infladas pela natureza peladeira de 95% de seus jogos. Além disso, no caso do ala brasileiro, é difícil encontrar o equilíbrio entre prepará-lo para um eventual papel reduzido que possa ter na NBA o quanto antes e, ao mesmo tempo, lhe dar liberdade para expandir seus talentos ofensivos, aprendendo com erros e acertos em quadra. Lucas, por seu lado, teve mais 179 minutos com a equipe de baixo em sete partidas.

Em Chicago, Felício entrou em um vestiário lotado de ótimos pivôs. Por isso, mais treinava do que qualquer outra coisa. Sem uma franquia na D-League, o Bulls demorou um pouco para enviá-lo. Quando a chance chegou, a revelação do Minas Tênis se esbaldou, mostrando que os treinos ao menos foram proveitosos. A lesão sofrida por Joakim Noah e a cirurgia complicada por que passou Nikola Mirotic deixam o time enfraquecido e a perigo. Será que, em um momento complicado, o brasileiro vai para quadra? Não é tão simples assim. Cameron Bairstow e Bobby Portis ainda estão na fila.


A zebraça venezuelana e as lições de basquete e humildade
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Giancarlo Giampietro

Estavam todos no Pan

Estavam todos no Pan

Sério, quem imaginava? Nem o Greivis Vásquez.

A Venezuela protagonizou nesta sexta-feira uma das maiores zebras da história da Copa América — e do basquete mundial. Guardadas as devidas proporções, a vitória, por 79 a 78, sobre o estrelado Canadá tem um quê de Argentina derrubando pela primeira vez uma seleção dos Estados Unidos formada por jogadores da NBA, em 2002, pelo Mundial de Indianápolis. Um resultado de tremendo impacto, mesmo.

Contrariando todas as previsões, a equipe vinotinto vem, então, ao Rio 2016 de peito erguido e ensinando muitas lições aos integrantes da seleção brasileira que na Cidade do México estiveram. Para a diretoria, que descolou uma verba federal milagrosa em tempos de recessão, vale investigar quanto teria custado a campanha venezuelana. Quantas peças de roupa eles teriam lavado? Num degrau mais abaixo, chegamos aos jogadores, mas também os técnicos, não? Afinal, perderam todos.

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Aqui faço referência a mais uma declaração de Rubén Magnano que, pode cravar, não pegou bem com o seu elenco: “Os jogadores devem avaliar então em que estágio se encontram hoje. Essa derrota não vai modificar a minha maneira de ver o basquete. Os ganhos que tive ao longo da minha carreira me dão a força necessária para apostar no que penso. Eu não acredito em fazer as coisas de maneira automática. Gosto que os jogadores tenham a coragem e a bravura para resolver as coisas. Insisto na solidariedade, e o fato de 80% deste time ter jogado junto nos Jogos Pan-Americanos não se refletiu.”

“Em comparação ao Pan, que é a relação mais próxima que consigo fazer, tivemos um aproveitamento bem inferior nos arremessos. Isso tem a ver com o nível do torneio, que não era o mesmo do Pan, e pelo fato de as partidas terem sido muito físicas, como já falei. As decisões tomadas não foram as corretas. Não tivemos sucesso e não repetimos o jogo coletivo do Pan, graças aos nossos erros e às virtudes dos outros”, disse ainda. “Certamente saio com gosto amargo e espero que os jogadores pensem o mesmo.”

Pela segunda vez consecutiva após um vexame na Copa América, o comandante argentino procura se distanciar do que acontece em quadra. Dá a entender que seus atletas atuaram com soberba, relaxamento — ou que não tenham nível técnico para jogar desta forma. Fala em mentalidade individualista, bem diferente daquela que vimos durante a conquista em Toronto. Algo que não se pode negar, de fato. Mas isso aconteceu por desobediência tática? O descontrole é deles? Se Magnano tinha uma mensagem a ser passada e ela não foi aceita/escutada/compreendida, isso é um problema só dos jogadores?

Cory Joseph, aquele que assumiu o posto de Vasquez. Esmagado por venezuelanos

Cory Joseph, aquele que assumiu o posto de Vasquez. Esmagado por venezuelanos

E aqui temos, novamente, a questão do Pan, aquele que, de acordo com a tese geral, não vale nadica de nada. Para Magnano, percebam, valia e valeu, sim. O técnico também imaginava que aquele basquete vitorioso pudesse ser replicado. Por alguma razão, não deu certo. O nível da competição aumentou, como ele diz, mas aqui interfiro: a Copa América foi muito mais dura do que os Jogos de Toronto, sim, mas não do ponto de vista técnico. Pelo menos não para o Brasil, conforme o já exposto aqui.

Do contrário, como explicar a Venezuela alcançando a final? Afinal, a seleção dirigida por outro argentino, Nestor Garcia, teve exatamente o mesmo número de jogadores que atuaram no Pan em comparação com os brasileiros: 10 de 12. Apenas o ala-pivô Windi Graterol e o reservão Ceso García foram adicionados. Por mais que adore Graterol, não dá vou dizer que ele, sozinho, elevou uma equipe que nem mesmo brigou por medalhas no primeiro torneio à condição de superpotência no segundo.

Também não vamos agora olhar em retrospecto e salivar pelo elenco venezuelano. O fato de terem derrubado o Canadá na semifinal, depois de vitórias sobre Porto Rico e República Dominicana na fase classificatória e de jogos duros contra Argentina e México, pode indicar que mereciam mais respeito prévio. Afinal, conhecemos há tempos esses caras de muitas competições internacionais, por clubes ou seleção: há gente de muito talento por lá, como sabemos desde aquela marcante derrota pela semifinal do Pré-Olímpico de 1992. Só não dá para dizer que os atuais jogadores seja tão superiores assim aos que Magnano convocou para o torneio. Nada que chegue perto de justificar tamanha discrepância nos resultados.

Garcia consegue o improvável. Quanto custa o projeto?

Garcia consegue o improvável. Quanto custa o projeto?

O que Nestor Garcia conseguiu foi organizar a equipe e dar a ela um senso de coletivo e combatividade — e nisso podemos todos concordar com Magnano: comparada ao Pan, a Copa América foi mai difícil do ponto de vista de intensidade e desejo, algo que faltou à seleção brasileira. Essa evolução vinotinto veio, naturalmente, num processo gradual. Na Copa América de 2013, em casa, terminaram na quinta colocação e só não foram à semifinal devido a uma derrota dramática para Porto Rico pela segunda fase, por 86 a 85. Um pontinho que os tirou da semifinal. No ano seguinte, foram campeões do Sul-Americano. Antes que você engasgue com a competição, atente que Laprovíttola, Richotti, Safar, Delia, Augusto, Rafael Luz, Meindl, Felício, Hettsheimeir e Raulzinho estiveram em ação por lá. Agora, na Cidade do México, deram a grande rasteira.

A façanha aconteceu mesmo que não contassem com sua principal estrela, Greivis Vásquez. Depois de anos e anos de serviço, tendo inclusive jogado o Sul-Americano, o armador recusou a seleção desta vez. Ironicamente, o ex-jogador do Raptors viu o time fazer seu melhor basquete justamente contra Cory Joseph, aquele que foi contratado para a sua vaga em Toronto, e Andrew Wiggins, com o qual a franquia canadense sonha desesperadamente para o futuro.

Como conseguiram isso? Primeiro que, tal como Magnano fez no Brasil, Garcia colocou os venezuelanos para defender como nunca antes visto na história desse continente, diria o outro. Na semifinal, adiantou sua marcação para contestar de qualquer maneira o arremesso de fora canadense. Com um time extremamente atlético e veloz, o rival ainda se mostrava mortal com sua artilharia exterior, listando sete jogadores com aproveitamento superior a 40%, com dois deles acima de 50%. Valendo vaga olímpica, foram limitados a 5-17 (29%). Isso porque Kelly Olynyk matou 3 em 4, num jogo excepcional.

Do outro lado, a estratégia ofensiva era claramente gastar a posse de bola. Nem que, para isso, tivessem de investir muito em jogadas individuais a partir do perímetro. Fosse com seus armadores malacos (Heissler Guillent, 28, talvez tenha feito a partida de sua vida, com 19 pontos em 22 minutos, matando quatro chutes de fora) ou com o peladeiro John Cox, o primo do Kobe nascido em Caracas (14 pontos em 15 arremessos, com seis cestas de quadra, algo nada eficiente), muito importante por sua habilidade no drible, fazendo o tempo passar. O ataque foi todo controlado. Em 40 minutos de um jogo extremamente nervoso, cometeram apenas dez desperdícios de posse de bola.

E aqui há o outro lado também: o Canadá sentiu a pressão. Na verdade, dois tipos de pressão. Primeiro que era o jogo mais importante, o único que valia em suas ambiciosas projeções, e eles estiveram abalados por este fardo. Quando esteve solta em quadra durante a competição, a molecada atropelou seus eventuais algozes (82 a 62!) e os mexicanos anfitriões. Segundo que houve a própria pressão venezuelana. Foi o time de Garcia que tirou os oponentes de uma zona de conforto, que os desestabilizou. E, aí, mérito para os atletas e para seu treinador. Garcia foi um caso à parte durante o torneio e, em especial, na decisão. Correu todo esbaforido na lateral de quadra, com seu conjunto esportivo geralmente desarranjado. Vejam isto:

Não acho que o técnico precise jogar junto com seus atletas, fazendo esse show todo. Sinceramente, embora o vine acima seja hilário, com direito a censura nada higiênica por parte do árbitro, prefiro uma figura mais discreta, que confie nas instruções que tenha passado ao seu elenco na preparação do jogo e que possa observar simplesmente o que se passa em quadra, anotando os ajustes necessários. Cada um na sua.  Garcia conseguiu, do seu jeito, fazer sua mensagem ser entregue. Por aqui, quando decide jogar para a torcida, Magnano usa outro expediente: queimar o filme de seus em praça pública.

Em diversos sentidos, a Venezuela virou exemplo, de postura, empenho e, principalmente, basquete e humildade. Algo que, admito não esperava escrever tão cedo e que Grevis Vásquez, ao contrário de Manu Ginóbili, flagrado no ginásio, nem pôde ver de perto.


O Pan não vale? Fadiga? Questão sobre Magnano? Entendendo o vexame
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Giancarlo Giampietro

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Segundo o pai de todos, antes de “vergonha”, vexame significa “aquilo que vexa“. Vexar, seria “afligir, atormentar, molestar, oprimir“. No caso da segunda eliminação seguida do Brasil ainda pela primeira fase de uma Copa América, essa hierarquia faz muito sentido, ainda que no jargão esportivo a segunda acepção seja a usual.

Acredito que os profissionais envolvidos com a pífia campanha na Cidade do México, dentro e fora de quadra, estejam realmente mais atordoados do que envergonhados depois de somarem três derrotas em quatro jogos — “vergonha” é um termo muito forte, mas dá para sentir que, do ponto de vista do público, foi o sentimento que ficou, de todo modo. Com direito a uma assustadora surra panamenha nesta sexta-feira que pôs fim a uma longa temporada da seleção que começou tão bem em Toronto e termina de modo aflitivo, atormentador, molestador e, também, opressor.

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Eram dez times inscritos, divididos em dois grupos, e apenas dois em cada chave ficariam fora da segunda etapa. O cenário se repetiu. Em 2013, a equipe dirigida por Rubén Magnano caiu acompanhada pelo Paraguai. Agora, fez par com Cuba. E aqui precisamos ser justos com os cubanos: eles caíram numa chave mais complicada com a nossa, com três candidatos sérios à vaga olímpica: Canadá, o grande favorito, Argentina, com Scola, Nocioni e uma rapaziada pilhada que faz o time correr como nunca, e Porto Rico, bastante mambembe depois de mais um show de desorganização nos bastidores, vitimando um técnico do porte de Rick Pitino, mas que ainda tem Barea e Balkman, dois dos melhores atletas da competição. Além da Venezuela, que, mesmo sem Greivis Vasquez, vem se mostrando muito competitiva num trabalho louvável de outro técnico argentino, Nestor Garcia.

Num cenário desses, é fácil lançar a caça às bruxas, até por conta da reincidência. Mesmo que já tenha acontecido em Caracas, não deixou de ser uma surpresa lastimável o péssimo desempenho coletivo na capital mexicana, especialmente depois do basquete de primeiro nível praticado em Toronto. Aqui não tem como aliviar: em nenhuma de suas quatro partidas, a equipe conseguiu acertar mais de 40% de seus arremessos de quadra (35% contra o Uruguai, 39% na única vitória sobre a República Dominicana, 35% contra o México e 33% contra o Panamá. Sinceramente, não há como relativizar estes números. O que acabe é tentar entender o que aconteceu. Seja para os que estão aqui, assistindo, como, principalmente, para os que estão do lado de lá, participando.

Brasil x Panamá, Copa América

Na volta da Venezuela, dois anos atrás, dois assuntos predominaram: um mal-estar (físico), provocado por virose, que teria abalado mais de meio time. Ainda é um mistério para mim porque diabos, na ocasião, a confederação, a comissão técnica, ou os jogadores não foram mais incisivos ao bater nessa tecla. Talvez achassem que fosse pegar como mera desculpa, depois da queda. Antes, obviamente que não se podia abrir o jogo, para não avisar o oponente. Mas o simples fato de não terem falado mais a respeito acaba minando um pouco a seriedade do episódio. Além do mais, antes que a virose virasse assunto, a metralhadora giratória de Rubén Magnano acabou roubando e destroçando a cena.

Vamos ver o que o argentino tem a dizer dessa vez. De 2012 para cá, entre campanhas sólidas nos últimos Mundiais e em Londres 2012, mas longe de medalhas, a seleção penou para valer no campo continental, com apenas uma mísera derrota em oito jogos. Em nenhuma dessas campanhas, o time contou com força máxima. Daí a dedução mais óbvia é a de que, sem a cavalaria da NBA, não dá pé. Aqui, do meu canto, não compro essa tese. “É o que temos, é o o nível do basquete brasileiro etc.”. Não acredito que os 12 atletas levados por Magnano ao México não fossem capazes de, juntos, acertar 40% de seus arremessos ou que não pudessem impedir uma média superior a 15 rebotes ofensivos a garrafões que não incluem a elite do basquete mundial, Gustavo Ayón à parte.

Posto isso, segue, então, alguns palpites sobre o que pode ter acontecido, com base no que vimos em quadra e em conversas com pessoas próximas ao grupo, levando em conta o que já ouvi também de carnavais passados:

O que significava a Copa América?
A despeito da semana de pesadelo em quadra, a memória coletiva do basquete brasileiro não pode se esquecer do episódio que antecedeu a participação no torneio. Até um mês atrás, a trinca Rubén Magnano, Vanderlei e Carlos Nunes simplesmente não sabia se a sequer disputaria a Copa América — quanto mais se precisaria lutar pela vaga olímpica. As reuniões em que o pires foi passado e o acordo, costurado davam todos os indícios de que a pendenga havia sido resolvida. Mas, enquanto o conselho da Fiba não votasse o tema em Tóquio, não dava para ter certeza absoluta de nada. A CBB, afinal, a entidade que deve até as cuecas na praça, não havia quitado sua dívida. Só havia sinalizado com um compromisso de que não daria calote, com o respaldo bem mais confiável de seus dois patrocinadores.

O trabalho de Magnano foi horroroso durante a semana, mas, em sua defesa, é inegável que a impossibilidade de se fazer um planejamento já minava o técnico. A não ser que ele já tivesse garantias, nos bastidores, de que o torneio serviria como a chance de testar alguns atletas, mais alternativas dentro de seu sistema de jogo e, sem pressão, de repente, a tentativa de uma segunda conquista, que encheria a seleção de moral rumo ao Rio 2016.

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Fadiga
O núcleo desta seleção brasileira se apresentou em São Paulo para iniciar os trabalhos em 14 de junho. Foram, então, de dois meses e meio a três meses juntos. Pensando de modo isolado, não é muito tempo. Levando em conta que alguns deles mal puderam descansar ao final da temporada 2014-2015, esse período ganha outro significado.  Com um agravante: o jogo na altitude da Cidade do México, que pede até mesmo o auxílio de balões de oxigênio. E aí, novamente, o drama pela vaga olímpica atrapalha. Se houvesse, em junho, um caminho já definido, talvez o Brasil pudesse ir ao México realmente com um grupo de garotos, formar dois grupos separados, assim como fez a maioria das seleções que estão na segunda fase da Copa América. Perder por perder, apanhar por apanhar, ao menos dava rodagem aos caras que vão carregar o bastão no próximo ciclo olímpico.

E aí, amigos, entro num tema espinhoso, que, em termos jornalísticos, valeria o “lead”. É uma informação que tem circulado há um tempão por trás das cortinas e que, com o microfone ligado, as câmeras acesas, ninguém vai confirmar. Pelo menos não até que seja disputado o torneio olímpico. Mas, se for para falar de cansaço, chega a hora de compartilhá-la: dez, 11 semanas de treino com Magnano podem ser mais desgastantes que o normal, tanto do ponto de vista de condicionamento como do mental. Sim, do mental.

O técnico é daqueles que não tira o pé em nenhum momento, exigindo intensidade máxima o tempo todo. O tem-po to-do, enfatizando. O resultado disso é positivo em diversas maneiras, como se vê obviamente na defesa. Essa abordagem, porém, levanta questões a longo prazo: o quanto ela é efetiva se os jogadores estiverem de saco cheio? Não exatamente pela falta de fôlego, mas pela pressão, pela cobrança constante.

magnano-brasil-uruguai

Já ouvi muitas fontes, de origens e filiações distintas, mas sempre bem próximas aos atletas, corroborar essa história: por mais que respeitem, não é que os principais jogadores da seleção morram de amores pelo técnico. Não existe confiança plena da parte deles com o argentino, e esse pé atrás tem muito a ver com o comportamento do comandante. Estão cansados do discurso de que “nós vencemos”, “eles perderam”. Aí você as declarações de 2013, com um enxame de marimbondos cuspidos, e a situação ser agrava.

Para deixar claro: não sei se aconteceu com o atual grupo, depois do ótimo Pan-Americano (início de trabalho).

E não é que essa indisposição dos medalhões chegue a um nível em que estejam tentando ou já tenham tentado derrubar o treinador. Não foi por conta disso que perderam para a Argentina em 2010 e 2012 e para a Sérvia no ano passado. Mas dá para se dizer que a relação entre ambos poderia ser muito mais saudável, amigável. E, aos amigos comentaristas anônimos, que adoram ler o que não está escrito: essa é a informação que vem de gente próxima dos atletas, e não minha opinião. Não estou dando razão a ninguém ao reportar isso. Não estou defendendo a queda de Magnano, advogando a favor da “classe brasileira”. Por outro lado, seu currículo e o ouro no Pan não podem blindá-los contra tudo e todos, certo? Não dá para usar dois pesos e duas medidas.

A convocação
Não dá para discutir o grupo formado para a Copa América sem levar em conta o tópico acima. Se for para bancar o detetive, no momento em que o treinador convocou Marquinhos e, na sequência, Guilherme Giovannoni, a impressão é de que Magnano não tinha certeza de nada sobre suas obrigações para a competição. Daí a opção por dois veteranos com os quais trabalhou constantemente nos últimos anos. Seriam duas apólices de seguro para ele, para o caso de o bicho pegar na busca por uma vaga olímpica. Isso e mais isto: levou para a Cidade do México uma equipe que, em sua cabeça, iria competir para valer no torneio. Do contrário, faria muito mais sentido escalar Danilo Siqueira e um Lucas Mariano, ou qualquer outro jogador mais jovem do NBB para se ganhar cancha*. De resto, pode-se discutir um ou outro nome, mas o grupo listado era basicamente aquele seria reunido pela maioria dos técnicos, levando em conta a ausência de Splitter, Varejão & Cia. Dez desses caras haviam acabado de ganhar o Pan jogando muita bola. Essa discussão vai longe e pede outro texto, pois este aqui já vai ficar longo o bastante.

(*Sobre a dupla do Raptors: 1) precisaria ver o que o clube sentiria a respeito: por os dois jogadores em quadra neste cenário talvez ajudasse muito em seu desenvolvimento; por outro lado, a diretoria tem se mostrado bastante superprotetora quanto à dupla e talvez preferisse trabalhar com eles em casa. Mas aí você ouve falar que Caboclo andou por São Paulo por esses dias, então fica em dúvida. 2) Planos do Raptors à parte, não sei bem qual recado, exemplo seria dado ao se convocar dois atletas que mal jogaram durante a temporada e que, ainda por cima, deram trabalho nos bastidores.)

seleção brasileira campeã do Pan de Toronto

O Pan
Sim, o nível de competição era inferior ao que estamos assistindo na Copa América, no geral. Agora, no que diz respeito aos jogos da seleção brasileira, a concorrência não foi tão inferior assim. Cuidado com a generalização e a orelhada. Vamos lá:

– Na Cidade do México, o Brasil enfrentou Scola e Nocioni? Barea e Balkman? Wiggins, Olynyk, Joseph? Não. Mas enfrentou, por exemplo, um Francisco Garcia, dominicano totalmente fora de forma, que não esteve nos Jogos de Toronto, aliás, e cujo time foi o que mais deu trabalho aos eventuais campeões, na semifinal. Em termos práticos, no Grupo A, só o México, devido à presença de Ayón e Jorge Gutiérrez, se apresentou com um elenco claramente superior.

Ou o Uruguai, com sua população inferior à de Salvador, agora virou uma superpotência, a ponto de ser temido mesmo quando não escala Esteban Batista, Jayson Granger e Leandro Garcia Morales? E o que dizer do Panamá, que faz uma turnê de despedida para Michael Hicks, Jaime Lloreda, Rubén Garces (41 anos!!!) e, talvez, nosso pequenino e velho amigo Joel Muñoz? No papel, são times mais fortes que os Estados Unidos de Bobby Brown, Keith Langford, Anthony Randolph, Damien Wilkins, Ryan Hollins e uma série de futuros profissionais de ponta? Ou mais fortes que o núcleo composto por Anthony Bennett, Andrew Nicholson, Carl English, Brady Heslip, Jamal Murray, Melvim Ejim e Aaron Doornekamp? Não creio.

Anthony Bennett, Canadá, Pan Am

(Aliás, um parêntese: não quero menosprezar aqui uruguaios e panamenhos. Dizer que eles não estão na elite da modalidade não significa que eles sejam “lixos” de equipes, para empregar o vocábulo que é muito provavelmente mais utilizado pelo irado comentarista online brasileiro. Peguem Hicks como exemplo. Hoje com 39 anos, o ala fez uma bela carreira na Europa, jogando na Itália por dez temporadas. Em competições Fiba, tem média superior a 17 pontos por partida. Lloreda e Garces deram trabalho e causaram hematomas em muita gente nos últimos 10, 15 anos. Esses caras não são galinhas mortas. Mesmo envelhecidos, deram uma surra em todos os sentidos numa fragilizada equipe.)

Sabe em qual aspecto os uruguaios e os panamenhos foram melhores que o Canadá ou os Estados Unidos? Como equipe, como unidades coletivas, vindo de preparação mais extensa voltada exclusivamente à Copa América, enquanto os norte-americanos formaram seus grupos do Pan em cima da hora. A seleção brasileira, por outro lado, regrediu.

Tá, mas e aí? O que diabos aconteceu?
Pelo que ouvi entre sexta-feira e este sábado, não há teoria da conspiração que se encaixe aqui. O clima entre os atletas esteve bom do início ao fim. Não houve motim contra Carlos Nunes, gripe suína, interferência externa, nem nada fora do normal além de questões dentro de quadra.

A seleção em quadra
Do grupo pan-americano, dois jogadores saíram: Rafael Hettsheimeir e Larry. Já escrevi aqui após a derrota para o Uruguai (a segunda consecutiva em Copas Américas). A troca por Giovannoni e Marquinhos gerou desequilíbrio. São atletas  de perfil muito diferentes, tanto do ponto de vista técnico como do físico, sem contar que estavam vindo de férias e foram inseridos num time que estava montado. Não quer dizer que os dois que saíram sejam superiores aos dois que chegaram. Acontece que, entre uma habilidade perdida e outra somada, a rotação se descarrilou.

Sem Larry, Magnano perdeu uma alternativa de dupla armação, levando em conta os recursos defensivos que o norte-americano, mesmo já um ou dois passos mais lento, pode oferecer. Para piorar, o jovem Deryk ficou no grupo final, mas foi retirado da rotação, enquanto Rafael Luz voltou de uma contusão que o tirou de quadra da Copa Tuto Marchand.

Panamá x Brasil, Copa América, basquete

A baixa maior, porém, foi a de Hettsheimeir, que hoje representa um fator tático claramente importante para o ataque de Magnano. Historicamente, Guilherme é um chutador mais temido, mas Rafael vem trabalhando exaustivamente no fundamento e teve aproveitamento superior no último NBB. Em competições internacionais, desconfio também de que hoje chame mais a atenção das defesas adversárias. De qualquer forma, fico me perguntando se, num ataque devagar-quase-parando desses, a presença do pivô no perímetro faria alguma diferença, uma vez que os oponentes mais atentos adiantaram suas defesas e contestaram para valer os arremessos brasileiros. De longa distância, o aproveitamento foi de apenas 22,1% na Copa América, uma calamidade. Haveria espaço para ele chutar?

Mas no que o pivô faz mais falta? Por conta de seu perfil singular. Se hoje se caracteriza como um chutador no ataque, na defesa tem porte físico para aguentar o tranco. Não é nenhum Roy Hibbert, não tem verticalidade e mal protege o aro, mas ocupa espaço no garrafão e é pelo menos mais alto que João Paulo. Contra os massudos panamenhos certamente teria feito diferença, ajudando um sobrecarregado Augusto Lima.

Por outro lado, Marquinhos e Giovannoni não conseguiram atingir seu melhor nível na Cidade do México. Para os veteranos, demora um pouco mais para chegar ao ápice físico, e os dois estavam visivelmente fora de ritmo, vindo de férias. Mas por que os velhacos panamenhos estavam se impondo fisicamente e como é possível que Luis Scola dê uma aula na molecada canadense, sendo da mesma idade de Guilherme? Bem, eles começaram a treinar para o torneio bem antes.

Marquinhos, Copa América, Brasil x República Dominicana

São apenas dois jogadores? Sim, mas dois que teriam papel importante para Magnano, com bons minutos em quadra e cuja presença em quadra não foi bem administrada. Em meio às constantes trocas que levam o Wlamir à loucura, o treinador se perdeu em suas rotações. No jogo derradeiro contra os panamenhos, nem mesmo quando mandou contra os panamenhos para a quadra uma formação mais “ofensiva” o time conseguiu render, enquanto a defesa sofreu. Os problemas que via em quadra não eram contornados. Esse, aliás, parece um ponto no qual o argentino campeão olímpica fica aquém: os ajustes durante as partidas. Qual foi último jogo que a seleção conseguiu virar quando estava atrás do placar por muito? Sinceramente, não lembro. A impressão é de que, quando desandam as coisas, não tem volta.

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Aqui, realmente parece que há uma divergência na hora de assimilar o que aconteceu na Copa América: que os problemas sejam estruturais, de formação dos jogadores, e não há santo de casa que dê um jeito nisso, ou que Magnano, mais uma vez, não conseguiu tirar o melhor que podia de seus atletas? Minha colher: mesmo que se aceite que o time seja limitado, não é função do treinador elevar o seu jogo? O grupo brasileiro não era o mais forte, mas jogou o máximo que podia. Na verdade, não creio que tenha jogado nem perto de seu potencial pleno.

Custo
Se não dá para esquecer toda a novela que foi a confirmação da seleção nas Olimpíadas, expondo a CBB ao ridículo no noticiário internacional, também há outra conta que não pode faltar nunca ao se avaliar os resultados obtidos: os R$ 7 milhões que o ministério do Esporte concordou em pagar para custear apenas para sustentar as operações da equipe brasileira masculina. Ou, pelo menos, é o que dizem, é o que consta no texto de descrição do convênio. Entre viagem para Brasília, Buenos Aires, San Juan, escala em Miami, e o desembarque na Cidade do México, delegação de 24 pessoas e tal, quanto custou esse fiasco na Copa América? Lembrando que, apenas para lavanderia, foram gastos R$ 149.760,00.


Brasil vence. Foram nove minutos de ótimo basquete, antes da complacência
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Giancarlo Giampietro

Foram 17 pontos para Marquinhos. Mas o time dessa vez procurou diversificar seu ataque por um tempo

Foram 17 pontos para Marquinhos. Mas o time dessa vez procurou diversificar seu ataque por um tempo

Voltando do trabalho (o outro), cheguei atrasado para o jogo, admito. No caminho, apressado depois de tantas baldeações no lamentável metrô paulistano, restava recorrer ao Twitter e às estatísticas oficiais, já que o sinal de celular não permitia o acesso regular à Fiba TV. Por um bom tempo, achei que, para ajudar, o “tempo real” estava com pau. Afinal, passavam-se as estações, e o Brasil não saía do cinco. Atualizei por conta o link, e nada. Até me dar conta de que estava tudo correndo normalmente. Era só a dificuldade (de sempre?) para se fazer cestas, mesmo. Entre uma bola de três de Marquinhos e um lance livre de Rafael Luz, correram mais de quatro minutos de partida sem nenhum pontinho. Dali até o final sairiam mais dez, diga-se.

Ao menos isso: consegui escapar do período de draga total desta terça-feira, em vitória por 71 a 65. Quando o sofá já se mostrava acolhedor o bastante, a seleção brasileira estava mais solta em quadra, se aproveitando da pouca resistência que a República Dominicana oferecia para construir vantagem no placar. Quando restavam 4min20s para o fim do primeiro tempo, vencia por 31 a 26. A 5min37s do final do terceiro quarto, a parcial já apontava 54-34. Ou seja, em nove minutos, abriu-se 15 pontos.

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E aí há os dois lados, como sempre: os dominicanos parecem desmembrados neste torneio, para alívio geral de argentinos, mexicanos, porto-riquenhos e, opa!, dos canadenses. Tiveram uma postura muito mais frouxa que a dos uruguaios na véspera. Certo. Os brasileiros, de qualquer maneira, souberam se aproveitar desses lapsos de um modo apropriado. Foi uma bela sequência, mesmo. O ataque voltou a ficar, digamos, elástico, no ritmo do Pan, com todos participando. A bola rodou muito mais, indo para o garrafão, voltando para o perímetro, cruzando de um lado para o outro. Fugiram daquele sistema básico de toca-para-o-Marquinhos-que-tudo-bem – o ala flamenguista foi o cestinha novamente, com 17 pontos. Ricardo Fischer marcou todos os seus 10 pontos, João Paulista fez a festa no garrafão (10 pontos e 9 rebotes em 24 minutos), Augusto cravou e até o jovem Leo Meindl, que andava bem travado, esteve agressivo e relativamente produtivo (5 pontos, 3 rebotes, 3 assistências em 18 minutos).

(Parêntese para a revelação francana: o ala apareceu bem, em cortes pelo lado contrário que ele faz tão bem e que deveria usar muito mais, diversificando seu arsenal. E se faz imperativo também que o reforço bauruense trabalhe sua c ondição atlética. Nem todo mundo precisa ser Kobe Bryant nessa vida, mas Leo pode muito bem perder alguns quilos e ganhar em arranque e agilidade, sem perder a força que lhe ajuda em suas ainda raras incursões no garrafão. Ele tem muito talento para ser explorado, e o tempo ainda está o seu favor. Duro é se acomodar em quadras nacionais. Não pode.)

>> E o professor Scola deu uma aula para a molecada canadense da NBA

O jogo meio que se decidiu, então, de modo precoce, e aí voltou a complacência. É meio injusto destacar isso, pois o placar não estava saindo do zero, mas vamos lá: os caribenhos venceram os últimos 15 minutos de jogo por 14 pontos, com direito a um 20-13 no quarto final. Período em que, durante um pedido de tempo, Magnano perguntou aos atletas: “Por que vocês não estão respeitando o que estou falando?”, com ar de perplexidade, depois de tantos arremessos de três pontos forçados. É, pois é. Nada como o áudio liberado no banco de reservas, um reflexo de uma condução mais light do argentino nesta temporada ajuda.

Todo treinador é responsável por sua equipe. Desde a convocação à condução dos treinos, à preparação para os jogos e ao comando na partida. Por mais supercontrolador que seja, porém, todo profissional nesse cargo tem um limite de ação — e, cá entre nós entre marmanjos não me agrada muito o estilo autoritário. Chega uma hora que o desenvolvimento da equipe vai depender da execução dos atletas. Por que os jogadores não estavam cumprindo o recomendado, então, se torna uma boa pergunta. Voltamos aqui ao relaxamento, a um descompromisso com a competição? Os maus hábitos liberados (por quem?) devido ao placar largo? Vai saber.

Por isso, nessa acompanho o Wlamir: não dá para comemorar tanto o resultado, porque não é que o Brasil tenha jogado muito bem, ou melhor: consistentemente bem. E foi contra um adversário que parece destinado à eliminação bem antes da disputa das medalhas. Nesta quarta-feira, é a vez de enfrentar o México, com jogadores  melhores, ginásio bombando e a perspectiva de um embate bem mais complicado.