Vinte Um

Arquivo : LeBron

Chalmers (!) lidera ataque balanceado do Miami, que estoura no 2º tempo e empata final contra Spurs
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Giancarlo Giampietro

RIIIIO!

Tem noite que os jornalistas esperando do lado de fora do vestiário do Miami Heat só ouvem uma coisa: RIO!

É “Rio” pra cá, “Rio” pra lá, aos berros.

E, por mais que a maravilhosa que seja a cidade, não se trata de nenhuma fixação específica sobre a capital carioca: mas, sim, a rotineira sessão de esculacho para cima de Mario Chalmers. Pouco maduro com a bola, ele era afeito a alguns lances destrambelhados, que deixavam seus companheiros atônitos.

Além das pontes aéreas em contra-ataque, da admiração com as loucuras de Chris Andersen e de andar de bicicleta por South Beach, o esporte favorito de LeBron James e Dwyane Wade era avacalhar com seu armador.

Imagino que nesta noite de domingo os gritos tenham sido os mesmos. Mas dessa vez com uma ternura nos gritos, elogiosos, celebrando o companheiro que conseguiu, ao menos por uma noite, superar Tony Parker.

Chalmers marcou 19 pontos e foi o cestinha do Jogo 2 contra o San Antonio Spurs, liderando um ataque superbalanceado para uma vitória por 103 a 84. Não é uma quantia de outro mundo, mas não é todo dia que você consegue ser o cestinha num time com LeBron, Wade, Chris Bosh e Ray Allen. E o mais importante: a pontuação de Chalmers aconteceu quando o jogo estava no pau ainda, com o Spurs ameaçando triunfar pela segunda vez na Flórida.

Depois da noite impecável de Parker na primeira partida, dessa vez foi Chalmers a completar uma atuação sem nenhum desperdício de posse de bola. Além disso, ele matou 6 de 12 arremessos no geral, duas em quatro de três pontos e todos os seus cinco lances livres. Pegou ainda quatro rebotes e deu duas assistências. Com ele em quadra, seu time venceu por 30 pontos de diferença.

Porque de “armador”, na verdade, Chalmers tem pouco em um time que já conta com dois excelentes condutores em outras posições no quinteto inicial. Para o jogador, o fundamental é aproveitar as chances que tem a partir da marcação dobrada que seus companheiros mais célebres atraem. Nesta partida, ele executou o que lhe cabe com agressividade e muita eficiência.

Na final da Conferência Leste, o jogador já havia feito a sua parte, diante de uma defesa fortíssima como a do Indiana Pacers, atacando George Hill com ousadia, sem se deixar intimidar por nada.

E esse é um traço do caráter do atleta – o destemor. Algo que vem desde os tempos de Kansas, pelo qual foi campeão universitário com direito a uma participação decisiva na final contra Memphis, encarando Derrick Rose, com direito a cesta de três pontos desequilibrada quase no estouro do cronômetro para forçar uma prorrogação.

Não percam de vista o seguinte: a final da NCAA é um dos maiores eventos esportivos de todos os Estados Unidos. Nível absurdo de pressão, e pra Chalmers aquilo parecia não dizer nada. Esse tipo de personalidade foi vital para sua sobrevivência num vestiário complicado e exigente.

Se os astros gritavam “RIO!”, talvez ele, sim, estivesse pensando em Copacabana ou algo do tipo.

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Bosh x Manu

Bosh deixou as coisas um pouco mais difíceis para o Spurs no Jogo 2, ainda mais para Manu Ginóbili, em uma atuação horrível e destrambelhada

Tony Parker foi limitado a apenas 13 pontos e cinco assistências, com nove erros em 14 arremessos tentados, cometendo cinco turnovers. Seu marcador primário foi Chalmers, depois dos rumores de que LeBron talvez assumisse esse papel. Mas o crédito não pode ser todo dele, neste caso.

Erik Spoelstra dessa vez ordenou que seus jogadores fossem para baixo dos corta-luzes em cima do francês e que eles também fizessem a troca, com Haslem, LeBron ou Bosh recuando. Melhor que Parker arrisque seu arremesso melhorado de média distância, do que vá para a cesta com suas belas e velozes bandejas.

Bosh também foi muito melhor na proteção da cesta, atuando enfim como um pivô de força, protetor. Não terminou com nenhum toco, mas alterou diversos arremessos por parte do armador e outros. Tim Duncan (3-13 de quadra, nove pontos, irco!) surpreendentemente teve dificuldades ali debaixo, assim como Tiago Splitter.

(Em tempo: sobre o toco de LeBron para cima do catarinense? Digno de pôster e o tipo de jogada que, sinceramente, esperávamos acontecer aqui e ali: o catarinense nunca foi de saltar muito e acabou dando o azar de se deparar com o jogador errado na hora errada. Bom saber, contudo, que o brasileiro é daqueles que não dá a menor bola para isso. É do jogo, acontece. Sem criancices.

“Eu tentei fazer uma boa jogada. Fui para a enterrada e ele foi ainda melhor. Bloqueou. Tentei partir forte e ele estava bem ali. Ótima jogada para ele”, afirmou Splitter. Segue a vida.)

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A sequência de 33 pontos contra 5 do Miami dos minutos finais do terceiro período em frente mostrou todo o potencial físico, atlético dessa equipe. Quando eles conseguem atingir essa quinta marca, fica praticamente impossível de se enfrentar. Foi o mesmo ritmo que usaram no Jogo 7 contra o Indiana Pacers. Nestas horas, as dobras defensivas se tornam sufocantes, com muitos desvios de direção e uma rotação e recuperações frenéticas.

MM e LBJ vibram

Baita vitória para o Miami, mas apenas uma vitória. Responderam bem, mas série só está 1 a 1. Não é que o placar geral tenha sido virado

Por isso é tão crucial para o Spurs cuidar da bola (foram 16 dessa vez, cinco no terceiro período), impedir ao máximo que eles entrem no contra-ataque, em quadra aberta. Porque, a partir daí, não só LeBron James se torna a arma mais letal do planeta, como seus arremessadores ganham espaço para atirar. E, se esses disparos começam a acertar o alvo, a coisa pode desandar rapidamente – o time da casa acertou 52,6% no perímetro, com destaque para as 3 em 3 de Mike Miller e as 3 em 5 de Ray Allen. Game. Set. Match.

Lembrando: com 3min49s restando no terceiro quarto, os texanos venciam por 62 a 61, após uma chute de Danny Green em flutuação. A partir dali, só deu Heat.  Não só a parcial terminou com dez pontos de vantagem 75 a 65, como, com menos de quatro minutos jogados do quarto período, o placar já era de 91 a 67, com uma cravada de LeBron.

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Perder um jogo, aliás, em que LeBron tinha menos de dez pontos com quase três quartos disputados pode tirar o sono de alguns integrantes da comissão técnica do Spurs – menos o Popovich, que é não se abala com essas coisas, né?

Era uma atuação um tanto… Hã… Bizarra por parte do astro. Por um lado, dava para entender que ele não queria se precipitar perante aas armadilhas preparadas pelo Spurs. A tática de povoar o garrafão ou qualquer trecho de quadra à frente do supercraque foi mantida. O ala tinha, então, de decidir com sobriedade o que fazer diante dessa situação. Até aí tudo bem. Mas LeBron vinha com parcimônia demaaaaais. Era um pouco assustador.

Talvez por cansaço? Talvez por ter colocado na cabeça que era vital envolver todos os seus companheiros, a todo custo? De modo que se preservaria energia para arrebentar no quarto? Vai saber. Fato é que a arrancada de sua equipe no finalzinho do terceiro e início do quarto período nos poupou de mais uma daquelas discussões tipo Arquivo X para entender o que se passaria na cabeça do cara, que terminou com 17 pontos, 8 rebotes e 7 assistências, flertando com mais um triple-double.

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Foram dez rebotes  para Bosh, um milagre em 31 minutos. Wade também deu sua contribuição. Por mais que sua linha final tenha sido de míseros dez pontos e seis assistências em 30 minutos, o ala-armador foi muito bem no primeiro tempo, atacando com agressividade, impedindo que o Spurs abrisse com as bombas de três de Danny Green. Na segunda etapa, sumiu do mapa novamente – e parece que será esse o seu papel na série, mesmo, uma vez que o joelho não permite muito mais.

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Para fechar, algo típico sobre este Miami Heat. Quando saem as decolagens de contragolpe, quando as bolas de três caem, quando sua torcida deixa os coquetéis de lado para, enfim, gritarem, a postura que o time adota em quadra beira o inaturável. São poses e poses, como a de LeBron após o toco em cima de Splitter. Com a bola em jogo, ele para no centro do garrafão e se petrifica como uma estátua. E não deveria haver time mais atento a esse tipo de infantilidade do que o próprio Heat.

Ou será que eles já se esqueceram de uma provocação de Dwyane Wade bem na fuça dos reservas do Dallas Mavericks nas finais de 2011 e a reação que aquela exibição de soberba desencadeou? A estrela acertou um chute da zona morta e ficou com o braço erguido por uma eternidade, matutando provavelmente se havia, ou não, desferido a adaga final naquele Jogo 2. Sofreram uma virada incrível, perderam por 95 a 92, e a história do confronto se alternaria por completo.

Está documentado aqui, a 9min55s, com seu chute abrindo 15 pontos de vantagem:


Spurs cuida da bola com paciência, evita o caos de Miami e vence a primeira nas finais
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Giancarlo Giampietro

Valeu, TP, valeu o chute

Miami espera uma bola de Parker e uma revisão certeira a 0s1 do estouro do cronômetro

Geralmente é o talento dos jogadores que define tudo em quadra. Mas ajuda ter um bom plano de jogo, né?

Se uma coisa que a sequência de 27 vitórias do Miami Heat mostrou durante a temporada regular, algo que foi confirmado no Jogo 7 na final do Leste contra o Indiana Pacers, é que os atuais campeões rendem melhor quando conseguem promover o caos na quadra. Caos total, mesmo. Com frenesi da torcida, dos técnicos, de todo mundo. Seus jogadores dobram, dobram, dobram em cima da bola sem cansar. Eles voltam para seus jogadores. Quando não dá, é porque um companheiro já estava lá na cobertura. E a bola vai ficando quente, bem quente na mão do adversário. Saem arremessos precipitados. Passes tortos, passes na mão dos juízes. Contra-ataques, enterradas, LeBron e Wade arrepiando.

O que o San Antonio Spurs fez, então?

Tomou conta da bola com o bem mais valioso em todo o ginásio, em toda a Flórida, em toda a Costa Leste americana. E a bola era tudo isso, mesmo. Em 48 minutos, eles a desperdiçaram sem nenhum arremesso por apenas quatro vezes. Com o maior zelo possível. Não cederam cestas fáceis para os oponentes e venceram o Jogo 1, fora de casa, por 92 a 88, com uma virada no quarto período.

Em certo momento, Tiago Splitter ou Tim Duncan podiam até estar decepcionados. Uma das regras básicas e não escritas do basquete é a de que, quando seu pivô faz o trabalho defensivo e corre a quadra com velocidade e suor, ele deve ser recompensado por seus companheiros com uma tentativa de cesta do outro lado. Em diversas ocasiões, o catarinense e um dos melhores jogadores da história cumpriram sua parte no script e foram ignorados quando cortavam em direção ao aro. As mãos erguidas na altura do peito, bem espalmadas, prontinhas para receber o passe que não vinha. Davam de ombro, giravam a cabeça e, por vezes, davam aquele tapinha leve no quadril para expressar certa frustração – mas nem tanta, claro, pois Spur que é Spur, não pode reclamar tanto.

Não é questão de que os alas ou os armadores estivessem esfomeando. Eles apenas respeitavam demais o poder de recuperação de seus oponentes. Talvez aquele corredor não estivesse tão aberto assim. Talvez eles imaginassem que ali havia uma linha de passe que poderia ser prontamente interrompida por aqueles freaks de Miami. Desta forma, então, seguraram, tiraram o tempo da bola e marcaram apenas quatro pontos de contragolpe, mesmo que Tony Parker seja excelente nesse quesito.

E, o sujeito é tão rápido, que, mesmo um ataque em meia-quadra pode resultar numa bandeja tranquila, bastando um corta-luz centralizado de Duncan:

Os jogadores de perímetro do Spurs simplesmente seguiram adiante, confiantes no plano, sem se importar que o Heat vencia a partida praticamente de ponta a ponta. Até que veio o quarto período e, com seus jogadores bastante descansados – seja pelo maior período de descanso entre a final do Oeste para a do Leste, seja pela rotação magistral de Gregg Popovich –, apertaram a defesa e forçaram por conta cinco turnovers por parte do Heat. Mais do que cometeram na partida inteira.

Parker somou 40 minutos, mas foi um desses preservados por Pop durante o jogo, ganhando descanso providencial no decorrer da partida. Chegou ao quarto final tinindo e passou a ser mais agressivo com a bola, junto com seus companheiros. Assumiram o controle do placar pela primeira vez desde um distante 9 a 8 na primeira parcial e nunca mais perderam o comando.

Parker, de olho na cesta

Parker escapa do quase-toco de LeBron, de outro ângulo

O armador francês, quietinho, quietinho, teve um jogo sensacional com 21 pontos, seis assistências e nenhum desperdício de bola. E o destaque, claro, fica para sua última bola, com apenas 0s1 no cronômetro de ataque – e  5s2 no geral. A arbitragem acertou por instinto, mas o lance só foi validado depois de longa conferência de vídeo. Pior, enquanto uma câmera de frente para Parker indicava uma coisa, a de trás indicava outra – mas, no fim, essa era melhor imagem, e a bola realmente saiu da mão do cestinha do Spurs por uma fração de décimo do milésimo de alguma coisa temporal (0s1, na verdade).

Foi um lance espetacular e de tirar o fôlego, em que Parker foi contestado múltiplas vezes com a bola, conseguiu manter o drible vivo de algum jeito e, na hora de subir para o chute de média distância ainda se desvencilhou de um quase-toco de LeBron para guardar um arremesso chorado, chorado, definindo o placar. Já uma jogada para a história, para clipes e clipes de YouTube ou comerciais “BIG”.

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O Spurs segue tanto seu plano de jogo que por vezes podem ser um pouco teimosos demais. Como na chuva de arremessos de três pontos errados da zona morta no início do quarto período. O Miami dava todas as chances do mundo para a reação, mas Danny Green e Kawhi Leonard desembestaram a chutar dali sem sucesso, adiando a virada. Esses disparos da zona morta são o arremesso da moda – quer dizer, uma moda que já vem de sete ou oito anos já, mas vá lá. Por ser a bola que abre as defesas e, ao mesmo tempo, vale mais do que dois pontos numa distância menor para a cesta, o chamado corner three, coqueluche da comunidade estatística. O que não quer dizer que seja sempre o melhor arremesso disponível.

Pior que essas bolas apenas a de Manu Ginóbili com 1min37s no cronômetro e vantagem de 88 a 83 para o Spurs. O argentino manda um pombo sem asa a 7,6m da cesta, sem o menor cabimento, se candidatando a herói sem sucesso. Já vimos o narigudo fazer isso diversas vezes, até mesmo contra a Seleção, e tem vezes que dá certo. Mas esse é o tipo de jogada que vale a morte de algumas células de Popovich.

Mesmo convertendo apenas 30,4% de longa distância, o Spurs venceu – fraquíssimo rendimento para uma equipe que converte 36,2% nos playoffs, a segunda melhor marca no geral (atrás apenas do Golden State Stephen Curries). Seria um sinal terrível para o Miami Heat, não fossem os próprios erros da equipe da casa. Depois de um primeiro tempo excepcional no fundamento, terminaram também com percentual reduzido: 32%, abaixo de sua média de 35,6%

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LeBron cozinhou o jogo por um bom tempo. Rodou a bola, fez alguns corta-luzes monstruosos para liberar seus arremessadores. Reboteou como nunca. Acumulou estatísticas (finalizando o jogo com 18 pontos, 18 rebotes e 10 assistências). E decidiu assumir a parada nos quatro, três minutos finais.  Marcou quatro pontos seguidos no ataque e tentou segurar Tony Parker na defesa. Mas já era muito tarde. Foi um grave erro de cálculo do astro e do técnico. Não que fosse fácil a missão de parar Parker. Não dá para colocar o astro correndo atrás do francês o tempo todo. Mas, se eles imaginavam desde o princípio que James teria essa função nos momentos derradeiros da partida, demoraram demais para fazer o ajuste. É de se esperar que ele assuma esse desafio bem mais cedo no Jogo 2.

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Splitter x Bosh

Splitter teve problemas com Bosh no 1º tempo, mas fez bem seu papel cobrindo por Leonard

Wade e Bosh não têm do que reclamar. LeBron trabalhou para sua equipe por mais de três quartos, envolvendo todo mundo em quadra.  E não foi dessa vez que os chorões retribuíram. Wade se mostrou muito mais explosivo com a bola (embora não tenha contribuído em outras facetas) e marcou 17 pontos com 7/15 nos arremessos, mas sumiu no segundo tempo. Bosh marcou 13 pontos com algumas belas jogadas, mas seu basquete hoje está privado de qualquer consistência ou energia  (apenas cinco rebotes em 35 minutos, ridículo) – se bem que, para o catarinense, macaco velho de era esperado

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Kawhi Leonard, Danny Green, Splitter… Os operários do Spurs não sentiram em nenhum momento a pressão de jogar uma final de NBA pela primeira vez na carreira – se bem que, para o catarinense, macaco velho de profissionalismo, não dava para esperar outra coisa. O destaque aqui fica para a compostura de Leonard, que deixou evidente o porquê de Popovich amá-lo tanto. Fez o máximo que dá para segurar James, se deslocando com agilidade, estendendo aqueles braços e mãos enormes para mantê-lo por perto, sempre numa postura ameaçadora. Além disso, terminou com um double-double de 10 pontos e 10 rebotes.

Mas o ala não marcou o superastro sozinho. Como Splitter havia adiantado, foi um esforço coletivo, com os grandalhões da equipe ou os armadores sempre numa posição de ajuda, dependendo do setor da quadra em que LeBron fosse acionado e esboçasse uma arrancada com a bola. Nesse ponto, o pivô brasileiro foi importante. Uma relevância que, novamente, vai bem além de seus números (sete pontos, dois rebotes e um toco em 25 minutos, com 3/6 nos chutes de quadra). Não é por acaso que, entre os grandalhões de Popovich, foi o segundo que mais tempo ficou em ação. Aliás, juntos, Boris Diaw e Matt Bonner, os caras do banco, tiveram apenas 16 minutos.

Tim Duncan jogou por 37 minutos, incansável. Correu feito um doido de um lado para o outro e terminou com 20 pontos, 14 rebotes, 4 assistências e 3 tocos. Vejam o vovô em ação no segundo período:


Quais os desafios que aguardam Tiago Splitter nas finais contra o Miami Heat?
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Giancarlo Giampietro

Splitter pra mais dois pontos

Dificilmente Tiago vai encontrar um caminho tão livre assim para fazer a bandeja

Ele pode ser o primeiro brasileiro campeão da NBA. É o nosso melhor e mais consistente jogador na Seleção há anos. Decidiu tudo que é título na Espanha e na Europa em geral. Agora está no palco mais brilhante, chamativo, com um papel muito importante, encarando talvez seu maior desafio. Dá um frio na barriga intenso só de pensar. O que esperar de Tiago Splitter na decisão contra o Miami Heat? Vamos respirar fundo e tentar entender/projetar o que vem pela frente.

Ataque
A característica mais marcante do Miami Heat é sua capacidade atlética coletiva. São aqueles que representam, na prática, aquilo que se idealiza sobre a liga norte-americana em termos de exuberância física.  Erik Spoelstra pode mandar para quadra jogadores de muita velocidade e agilidade, impulsão e invariavelmente empenhados em fazer o serviço sujo. Quando levam isso ao máximo, se torna um inferno atacar contra esses caras – como Paul George descobriu no Jogo 7 das finais do Leste.

Um páreo duro, ainda mais para um jogador como Tiago, que gosta de produzir se esgueirando pelos mínimos espaços oferecidos por uma defesa, a despeito de seu corpanzil.

Além de muito inteligente, enxergando os diversos ângulos para se cortar para a cesta, o catarinense corre bem e se desloca por toda a quadra e também é bastante coordenado para um cara de seu tamanho, podendo receber o passe nas redondezas do garrafão em velocidade e, tal como o carteiro Karl Malone, entregar a carta no destino certo (sua  média na carreira é de 57,2% nos arremessos, sensacional).

Contra os mutantes de Miami, porém, essa habilidade para finalização será testada ao máximo. É preciso cuidado com a defesa que virá do lado contrário em seus pick-and-rols com Parker e Manu, especialmente quando LeBron tiver Dwyane Wade e Chris Andersen ao seu lado. Os três têm ótimo tempo de cobertura.

Só não dá para confundir precaução com receio, temor, mesmo que estejamos falando desses atletas de primeiríssimo time – e aqui, literalmente, já que são os atuais campeões.

Splitter nunca  teve o jogo mais vertical. É difícil, por exemplo, lembrar a última cravada, ou até mesmo um grande highlight de sua carreira nessa linha. E não teve problema nenhum para o pivô prosperar e se tornar um dos melhores do mundo (Fiba) em sua posição. Ele desenvolveu uma série de movimentos, digamos, criativos, para não escrever estranhos, mas que obviamente são úteis e eficientes.

Splitter se vira

Splitter vai precisar finalizar com autoridade, ao seu modo, contra uma defesa hiperatlética

Colocar isso em prática na NBA, envolto por jogo mais veloz, explosivo e aéreo que o da Liga ACB ou Euroliga, sempre foi visto como o grande desafio para o catarinense, alguém que foi analisado pelos scouts das franquias norte-americanas desde a adolescência na Espanha, uns bons deeeeez anos atrás.

“A evolução foi lenta, mas consistente. Claro que todo mundo quer chegar e jogar, se adaptar o mais rápido possível. Demorou um pouco, mas agora estou bem, com mais protagonismo tanto no ataque quanto na defesa”, disse o pivô em entrevista completinha a Daniel Neves, companheiro aqui do UOL Esporte.

Demora um pouco, mesmo, para captar o que se passa ao seu redor. Talvez Gregg Popovich o tenha segurado um tico demais da conta. Ou talvez ele só estivesse realmente esperando a plena adaptação de seu jogador. Mas o fato é que hoje o brasileiro está confortável e perfeitamente integrado ao plano de um dos maiores treinadores da história. Enfrentando quem quer que seja, com suas bolas heterodoxas, mesmo.

Dentre essas jogadas, aliás, o arremesso em flutuação pode lhe ser muito útil no confronto. É um chute que ele converte com boa frequência e pode ser utilizado quando o tráfego rumo ao aro estiver intenso. Além disso, como destacamos em outro post quando o rival ainda era o Golden State Warriors, é muito incomum que um pivô tenha esse tipo de bola, que até hoje surpreende os narradores e comentaristas da liga e, imagino, também os seus oponentes.

Veja aqui a sequência a partir de 1min01s, com seu floater em pleno funcionamento e os comentários de Jeff Van Gundy na sequência:

Um Splitter eficiente em quadra será fundamental para o Spurs. Se o pivô conseguir incomodar a defesa interior de Miami, estará criando um senhor problema para Spoelstra, que poderá ter dificuldade para decidir o que fazer na hora em que ele e Tony Parker jogarem em dupla.  “Vamos continuar fazendo nosso jogo. Todos os times têm brechas e vamos aproveitar tudo o que está à nossa disposição”, disse ao Daniel.

Fica a dúvida sobre que marcador seria designado para o brasileiro de cara. Muito provavelmente Chris Bosh nos primeiros minutos, com o técnico do Heat tentando preservar o jogador de um embate direto com Tim Duncan.  Além disso, resta saber se Spo vai optar por ficar com dois pivôs em quadra como fez contra o Indiana Pacers, ou se vai voltar com Shane Battier para sua rotação, confiando no ala para segurá-lo. Se esse duelo realmente acontecer, Splitter precisaria fazer de tudo para se impor em quadra no mano-a-mano, fazendo o oponente pagar pela estratégia de small ball, seguindo o exemplo dado por  David West.

Defesa
Vocês podem não acreditar, mas o mesmo time que é superveloz e atlético na defesa, também leva esse mesmo pacote para o ataque. :  )

A diferença que os percalços para Tiago aqui estão distantes da cesta, independentemente de quem estiver em quadra do outro lado – Haslem, Bosh, Battier, LeBron, Mike Miller ou Rashard Lewis. Ops, esqueçam o Lewis. Apenas Chris Andersen não fica posicionado desse jeito.

A ideia é espaçar bastante a quadra, abrindo trilhas para os cortes de LeBron e Wade. Por isso, os “pivôs” do Miami se afastam costumeiramente da área pintada, preparados para receber o passe e matar os chutes de média e longa distância. Splitter vai ter de persegui-los em muitas ocasiões no perímetro, mesmo Haslem, que, do nada, recuperou sua confiança e voltou a representar uma ameaça nesse quesito.

Foi algo que David West fez excepcionalmente bem pelo Pacers, contestando os chutes de longa distância até de Ray Allen – Shane Battier, então, nem se fala: foi reduzido a pó, a ponto de se tornar uma peça inútil para o Heat. O catarinense tem velocidade e movimentação lateral para dar conta disso, ainda que não esteja tão habituado a correr atrás de alas. Como o chapa Rafael Uehara mostra nesta edição aqui, com ações focadas na contenção de pick-and-roll:

Ao mesmo tempo que tem de vigiar essa turma, o brasileiro vai ter de ajudar, e muito, Kawhi Leonard na inglória missão para tentar incomodar LeBron James de algum jeito. A ideia é que ele ou Duncan se posicionem atrás de Leonard, centralizados, para desencorajar as infiltrações os atropelos do superastro. Uma ação que requer uma baita organização tática e sintonia fina com os companheiros.  “Não existe uma pessoa no nosso time que possa pará-lo [LeBron]. A única forma é adotar uma defesa forte no coletivo. Só assim conseguiremos enfrentar os astros do time deles”, afirmou o brasileiro ao Daniel.

Splitter x Z-Bo

Splitter lidou bem com Z-Bo na final do Oeste; Miami apresenta desafio bem diferente

Muitas vezes é quase como uma defesa por zona, com a limitação dos três segundos imposta pela NBA. Para alguém criado na Europa, não é problema algum. A verdade é que a promoção e efetivação de Splitter no quinteto titular do Spurs foi capital para a solidificação de uma defesa que andava estranhamente mambembe sob a orientação de Popovich. Sua mera presença física ao lado de Duncan ajuda a congestionar tudo.

De todo modo, poucos são tão grandes como um Roy Hibbert, dos raros casos capazes de intimidar LeBron. Nesse confronto, para o brasileiro vai contar muito mais sua aplicação e desenvoltura tática.

E aí?
Esses são apenas alguns dos pontos que envolvem Tiago Splitter num grande  e promissor jogo de tabuleiro que começa nesta quinta-feira e se estenderá para os próximos dias. Lembrando que o brasileiro se tornará um agente livre ao final da temporada. Dependendo do quão bem ele executar seu papel, o Spurs pode ter problemas para segurá-lo em seu elenco. Agora, se isso for ajudá-los a conquistar um título depois de seis anos, Popovich e Duncan aceitarão de bom grado. Vamos ver no que dá.


LeBron espera por mais ajuda de Wade e Bosh para bater Spurs sem heroísmo nas finais
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Giancarlo Giampietro

Quinto jogo da série entre Miami Heat e Indiana Pacers, na Flórida. O time da casa joga pressionado para defender seu mando de quadra, depois de os visitantes já terem vencido uma vez lá, no Jogo 2, e, para tanto, conta com o esforço supremo de LeBron James. Até que, durante a transmissão da TNT, o comentarista Reggie Miller não se aguenta diante do que vê e dispara de longa distância: “Esse time do Miami vai parecendo mais e mais o Cleveland do LeBron James”.

Depois, no Jogo 6, soltou logo que estavam assistindo ao “Miami Cavaliers”:

Pow!

Acho que Dwyane Wade já não teria gostado muito dessa, né? Mas a coisa piorou significativamente quando o próprio LeBron, na entrevista que sucedeu uma preocupante derrota, falou por conta própria algo na mesma linha: “Eu meio que voltei aos meus dias de Cleveland e apenas pensei: ‘Ei, hora de tentar fazer mais jogadas, de ser uma ameaça maior no ataque também’; era para ver apenas se os caras iriam me seguir, só para eu liderá-los da melhor maneira que poderia”.

Sok!

LeBron, Dwyane, e aí?

Não há crise entre os astros, mas o fotógrafo foi muito feliz neste corte, não?

O que vimos nesses dois embates foi isso, mesmo, especialmente na quinta partida. Com o Miami mais uma vez atrás do Indiana no placar ao final do primeiro tempo, o melhor jogador da liga se viu obrigado a carregar sua equipe a qualquer custo. A valente tropa comandada por Frank Vogel pagou o preço: ele anotou 16 pontos no terceiro período, e a parcial foi vencida por 30 a 13. Game over.

A defesa da equipe também voltou muito mais forte – mais sobre isso no tópico abaixo – e Udonis Haslem voltou a matar seus chutes de média distância. Mas o triunfo que começou suado e terminou tranquilo para o Heat aconteceu pela força da natureza chamada LeBron James. Ele deixou a quadra com 30 pontos, oito rebotes, seis assistências, essas linhas fantásticas que para o ala não passam de corriqueiras.

Só desta maneira para eles vencerem? Bem, no sétimo jogo, vimos que não necessariamente. Mas, em meio a esta briga de foice que se mostrou a série contra o Pacers, foi preciso. Porque, de uma hora para outra, o fanfarreado, famigerado e invejado Big 3 – que, para mim, sempre foi Big 2 + Bosh, aliás – havia se reduzido ao esquema de LeBron contra a rapa, com uma ou outra ajudinha de operários.

Há quem jure que, quando o desertor de Cleveland falou sobre os “maus e velhos” dias na cidade, não tinha a intenção de lançar uma indireta para seus companheiros. Que teria apenas achado graça da dinâmica do jogo e tal. Vai saber. Mas que foi merecido, não se discute.

Big 3?

Big 2 + Chris Bosh?

Entre Wade e Bosh, o (?) pivô foi o pior.

Naquele Jogo 5, somou sete pontos e cinco rebotes em 33 minutos. No geral, ele falhou em superar a marca de dez pontos nas últimas quatro partidas da série, vivendo noites miseráveis no ataque, com um aproveitamento de apenas 37,7% nos arremessos em sete jogos (contra 53,5% na temporada). De qualquer forma, talvez estivesse apenas em má fase? Ou talvez fosse muito difícil mesmo pontuar contra a defesa entrosada e combativa do Pacers? Talvez seu próprio time o estivesse ignorando, ou simplesmente não conseguiam encontrá-lo. De qualquer modo, para um sujeito de 2,11 m e ágil, haveria outras maneiras de contribuir se o jump shot não estava caindo, e não há desculpa para sua pífia média de rebotes: apenas 4,3 por partida. Inacreditável e inaceitável, embora não tão chocante, uma vez que apanhou apenas 6,8 no ano. Roy Hibbert meteu tanto medo assim?

“Não vou tentar dar nenhuma desculpa.Não me apresentei para meus companheiros hoje, e não vou deixar isso acontecer novamente. Estou realmente decepcionado comigo”, disse CB, que estaria incomodado por uma torção no tornozelo e não conseguiu evitar a derrapada.

Já Wade fechou o confronto com 15,4 pontos, 5,1 rebotes, 4,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola. Não são números nada desprezíveis. O problema foi a inconstância durante o confronto – especialmente no intervalo entre os Jogos 4 6, em que matou apenas 11 de 34 tentativas de quadra, cometeu oito turnovers para apenas 11 assistências, com média de 12 pontos. Era um jogador que vinha vagando pela quadra nas últimas partidas e não parecia em nada com um dos melhores da história na sua posição.  Obviamente incomodado por um joelho estourado, perdeu muito de sua explosão e acabou mostrando como seu jogo depende ofensivo muito mais do físico do que técnica – já que lhe falta o fundamento mais básico do esporte, o arremesso. O Indiana ficava mais do que contente quando o veterano parava a sete, dez passos da cesta e soltava uma pedrada – foi facilmente contido por Lance Stephenson e/ou Paul George, facilitando a vida da defesa adversária como um todo, uma vez que a pressão só vem de LeBron. Nos Jogos 4 e 5, Mario Chalmers agrediu muito mais.

Ok, na hora de a onça beber água, a dupla reagiu, de certa maneira. Bosh teve nove pontos e oito rebotes (números medíocres), mas, epalelê!, somou três tocos, mostrando ao menos alguma garra defensiva, depois de conseguir apenas quatro bloqueios nas seis partidas anteriores. Já Wade teve um jogo muito mais enérgico, com 21 pontos e 9 rebotes (superando o “pivô”, reparem), seis deles na tábua ofensiva.

O esforço do ala-armador em especial foi valorizado, mas ainda não estava de acordo com suas capacidades. Ainda assim, tentou reforçar em quadra o apelo ao amigo de número 23. “Temos caras que individualmente querem jogar melhor. Mas nós temos de tentar ajudar um ao outro neste vestiário, sem deixar que o indivíduo se imponha por vontade própria”, disse. Nenhum nome foi citado, mas não precisa de dica nenhuma para entender quem seria o “indivíduo”, né? Especialmente depois de o supercraque ter feito suas controversas observações a respeito de como, de repente, tudo parecia com Cleveland.

Wade continuou com seu clamor (que também pode ser lido como “mi-mi-mi”, ficando a seu critério): “Nós temos de fazer um trabalho melhor para garantir que eu e Chris tenhamos nossas oportunidades para ter sucesso no decorrer dos jogos. É algo que temos de olhar como um time”.

Não há razão alguma para esse choro todo. Spoelstra cantou jogadas de pick-and-roll entre Wade e Bosh para o início das partidas contra o Pacers. Desde os tempos de Cavaliers, LeBron sempre foi conhecido como uma figura altruísta em quadra. Quem se lembra do lance em que ele foi avacalhado por ter passado uma bola decisiva nas mãos do ala Donyell Marshall num duelo com o Pistons nos playoffs? Aqui, a 1min25s:

É claro que ele está disposto a acionar seus companheiros de hoje, sempre esteve e vai continuar fazendo. Só precisa que cumpram sua parte no trato. A defesa do Spurs não é tão física, opressora como a do Pacers, mas funciona muito bem taticamente e foi a terceira melhora da temporada regular, com o brasileiro Tiago Splitter sendo fundamental aqui, inteligente que é na ocupação de espaços. Para derrubar os campeões do Oeste, também será uma batalha, e o Miami vai precisar da dupla que anda em baixa.

É isso, ou, apesar de todo o orgulho, que abram espaço para os atos de heroísmo de LeBron James. Talvez seja o bastante pelo bicampeonato. Talvez não.


Tim Duncan destoa de velhinhos e pode igualar marca histórica de Abdul-Jabbar nas finais
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Giancarlo Giampietro

O eterno Duncan

Duncan eterno: a chance de ser MVP de uma final 14 anos depois

Muitos velhinhos começaram a temporada da NBA beirando ou ultrapassando a casa de 40 anos. Poucos deles chegaram aos playoffs inteiros e com relevância em suas equipes. Enquanto isso, Tim Duncan, de alguma forma, segue arrebentando pelo San Antonio Spurs, desafiando qualquer lógica, ou, pelo menos, o padrão apresentado por seus contemporâneos.

O torcedor do New York Knicks sabe muito bem do que estamos falando, né? Durante o ano, Jason Kidd, Rasheed Wallace, Kurt Thomas e Pablo Prigioni deram sua contribuição para a primeira campanha decente da equipe desde a saída de Jeff Van Gundy no início da década passada. Chegaram os playoffs, e Sheed e Thomas estavam fora de ação, assim como Marcus Camby, que mal foi para quadra no campeonato. Jason Kidd terminou os mata-matas com dez jogos seguidos sem fazer nenhuma cesta, tendo marcado apenas 11 pontos no total em duas séries – não à toa resolveu encerrar sua carreira no fim de semana passado. Prigioni, vai saber, talvez só tenha aguentado o tranco por ter sido guardado por um bom tempo à sombra do recém-aposentado. Melancólico.

Ainda assim, o Knicks passou na primeira rodada pelo Boston Celtics de Paul Pierce e Kevin Garnett, que alternaram bons e maus momentos no confronto, sendo muito mais relevantes que os adversários anciões, mas não tiveram forças para abrir mais uma longa campanha na fase decisiva. Assim como seu arquirrival Los Angeles Lakers, que mal pôde usar um Steve Nash todo arrebentado e teve de assimilar uma varrida pelo Spurs, sendo que Kobe Bryant acompanhava tudo de casa.

Tim Dunk, dãr

Duncan dá suas machadadas ainda

No Miami Heat, Ray Allen, que era aparentemente incansável, viu seu aproveitamento de três pontos despencar desde o confronto com o Chicago Bulls, acertando apenas 30,8% contra o Indiana Pacers, uma heresia considerando seu currículo. Rashard Lewis só sai do banco quando o jogo está decidido. Juwan Howard é mais um assistente técnico do que um pivô da equipe.

Enfim, tudo isso poderia servir como bom argumento para um artigo que discutiria o quanto vale, hoje, investir seriamente nesses quarentões ou quase na NBA superatlética de hoje, com um calendário ainda muito desgastante, não importando muito os voos fretados e mimos oferecidos pelos clubes. São jogadores que te ajudam no começo, mas, se forem muito exigidos durante a campanha, te deixam na mão na hora do vamos ver. Há uma tese a ser defendida aí, não?

Pois é.

Não fosse Duncan e seu San Antonio Spurs.

“Estou muito focado em mais uma oportunidade de conquistar outro campeonato, tentando vencer”, afirma o nativo das Ilhas Virgens. “Não estou preocupado sobre o quão velho eu sou ou qualquer coisa perto disso.”

E por que Duncan deveria estar preocupado com seus 37 anos?

Quando você olha para o pivô em quadra, é claro que tem diferença para aquele que entrou na liga em 1997 já destinado a entrar no Hall da Fama. Embora Duncan nunca tenha sido celebrado como uma aberração física como Kevin Garnett (mais veloz e explosivo), sempre foi um jogador com uma coordenação absurda para alguém de seu tamanho, o que já é uma capacidade atlética em si. Esse controle motor ainda está lá, mas com algumas limitações em seus movimentos. Tudo sai de modo um pouco mais custoso perto da cesta. Na verdade, hoje ele opera muito mais de média distância, na cabeça do garrafão, do que no auge, quando dominava com facilidade os adversários de costas para a cesta, ainda que pudesse atacar frontalmente sem problema algum.

Duncan light

Um Tim Duncan mais light em 2013

Sua vantagem, no entanto, é que seu basquete sempre pendeu mais para seus recursos técnicos e seu domínio tático do jogo. O cara não ganha o apelido de Big Fundamental por qualquer bobagem. Arremessos de média distância buscando o quadradinho em ângulos improváveis. Os ganchos de esquerda e direita, o jogo de pés criativo e eficiente, girando para todos os lados. O tempo perfeito para tocos e rebotes, a capacidade de recolher a bola fora de seu espaço – e sua loooonga envergadura não faz mal nenhum aqui. A capacidade tanto para executar como para receber os passes picados, de costas ou os passes mais simples e ainda mais importantes, devido a suas mãos gigantes e maleáveis. Enfim, o pacote completo, de modo que até poderia parecer injusto.

Mas essas coisas você não conquista apenas por talento natural. Tem de trabalhar bastante para atingir um determinado nível e flertar com ou, no seu caso, atingir a excelência. E Duncan segue dando duro, sem se importar com todas as suas condecorações: melhor jogador universitário em 1997, novato do ano da NBA em 1998, 14 vezes no All-Star Game, MVP das finais da NBA em 1999, 2003 e 2005, MVP da NBA em 2002 e 2003. Tetracampeão. “Ele é o maior ala-pivô de todos os tempos”, diz Chauncey Billups. “Seu retrospecto só mostra como o basquete de verdade prevalece. O basquete de fundamentos, eficiente, cerebral ainda é o jeito certo para se jogar.”

Para se manter relevante, Duncan afirma ter perdido cerca de 12 kg durante as férias, para ganhar agilidade. “Eu meio que mudei minha dieta no verão mais do que tudo. Nos últimos anos, meu jogo caiu um pouco e mudou. Mas eu não estava pronto para permitir isso, para deixar rolar. Pensei que se eu me tornasse mais leve, poderia diminuir a dor no meu corpo e ter uma temporada melhor”, afirmou.

As Torres Gêmeas do Spurs

Torres Gêmeas com Robinson enfim campeão e Duncan MVP lá em 1999

Parece que deu certo. Eleito para o primeiro quinteto da temporada, com um desempenho incrível, o veterano tem agora médias de 17,8 pontos e 9,2 rebotes 2,1 assistências, 1,7 toco. “Ele está jogando de modo incrível. Não sei se muitas pessoas na sua idade já fizeram isso na história da NBA”, disse Tony Parker. É difícil encontrar algo parecido, mesmo. Fazendo uma breve pesquisa, chegamos a um certo Kareem Abdul-Jabbar, que, aos 37, teve médias de 21,9 pontos, 8,1 rebotes, 4 assistências e 1,9 toco. Afe. Mas olha o nível sobre o qual estamos falando, né?

Abdul-Jabbar, aliás, evoca uma façanha que Duncan pode repetir neste ano. Ainda que LeBron esteja do outro lado, que Parker seja hoje a principal arma do Spurs, seu companheiro tem chances de ser o MVP das finais novamente, não? O mítico pivô do Bucks e Lakers conseguiu ser eleito melhor jogador de duas decisões separadas por 14 anos (1971 e 1985). Duncan ganhou esse troféu em 1999. De lá para cá, são precisamente 14 anos de intervalo.

Não que ele se importe com qualquer coisa nessa linha. “Estou muito concentrado em outra oportunidade de conquistar outro campeonato. Já fomos descartados por muitos anos, e hoje parece que não jogamos as finais há uma eternidade”, afirma o jogador.

Na verdade, são apenas seis anos desde que eles disputaram e ganharam o título de 2007, quando seu time superou o Cavs de um jovem LeBron James. De eterno, mesmo, para Duncan, apenas o seu jogo.


Miami, enfim, iguala intensidade do Indiana, se livra de zebra e está na final da NBA
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Giancarlo Giampietro

Chris Bosh vive na defesa!

Até o Chris Bosh marcou bem nesta segunda. Aí complicou para o Indiana de David West

De tanto que se fala, pode parecer o discurso mais automático de todos, uma falácia, o clichê dos clichês. E nem sempre esse discurso explica tudo, mesmo. Mas que pode fazer diferença? Ô se pode.

Tudo isso para falar de “energia”, “intensidade”, “vontade”, “raça”. São quesitos que supostamente seriam obrigatórios para jogadores que ganham milhões e milhões por seus contratos – só de salário. Mas nem sempre é fácil, assim, de se explicar. Nem sempre estamos falando exatamente de coração: “cabeça” pode explicar isso muito bem: a concentração para executar aquilo que é necessário em quadra.

Paremos por aqui, contudo. Independem as razões para as oscilações de empenho na análise deste Jogo 7: uma vez que o Miami Heat enfim pôde fazer frente, mesmo, consistentemente, frente ao Indiana Pacers  nas pequenas coisas, na briga pelos rebotes, na aplicação defensiva, seu talento fez a diferença. Vitória por 99 a 76 e a vaga nas finais da NBA para enfrentar o San Antonio Spurs.

Comecemos pelos rebotes, a batalha que todos julgaram ser impossível para os atuais campeões desde o começo da série. Nesta segunda-feira, o time da casa dominou as coletas (43 a 36), em especial na tábua ofensiva (15 a 8).

LeBron, rumo ao aro

LeBron e o Miami agrediram muito mais o aro no Jogo 7, sem ajuda dos juízes

Destaque aqui para Chris Bosh. Sim, é possível! No caso, consegue pegar mais de cinco rebotes num jogo! Vocês podem não acreditar, mas ele apanhou nove nesta partida decisiva, um recorde pessoal na final do Leste. Mas a ovação fica por conta, mesmo, de Dwyane Wade. O ala-armador orgulhoso e quebradiço que  até mesmo superou Bosh no garrafão com nove rebotes – seis deles ofensivos! Spoelstra chorou ao checar as estatísticas finais, certeza.

Além disso, temos o caminhão de 21 desperdícios de posse de bola cometidos pelo oponente. Mesmo quando venceram o primeiro tempo período por dois pontos, os jogadores do Pacers não tiveram a chance de se sentirem confortáveis em quadra. Cometeram nos 12 minutos iniciais 9turnovers. Eram 15 ao final do primeiro tempo. Reparem, então: cometeram apenas seis na segunda etapa, mas, francamente, o confronto já estava decidido. Uma vez que o time da casa abriu 15 pontos antes de ir ao intervalo, a fatura estava praticamente liquidada.

Pois o Pacers depende em demasia de seu quinteto titular (mais a respeito em um artigo sobre o fechamento de temporada deles). Significava, basicamente, que seus cinco principais jogadores precisariam fazer um trabalho tão impecável a ponto de tirar uma desvantagem dessas em 24 minutos de jogo contra um time que tem LeBron James. Muito difícil.

Mas mais difícil ainda quando esse mesmo time está jogando com uma defesa dessas. É impossível jogar com esse tipo de suor o tempo todo, 48 minutos por partida. Quando eles conseguem, todavia, entregar por alguns – ou muitos – minutos uma defesa com um nível de pressão acima da média dentro das quatro linhas, fica muito difícil. E só assim, mesmo, para inverter o tabuleiro apresentado apresentado na série.

Penando por todo o confronto com Roy Hibbert debaixo da cesta, resolveram cortar, de uma vez por todas, seu acesso ofensivo. Em vez de parar o poste com a bola dominada, melhor evitar que ele a receba de vez, não? E taca Mike Miller flutuando para a cabeça do garrafão, Bosh (aleluia!) marcando de modo antecipado, nem que fosse com um posicionamento 3/4 consistente, Chris Andersen, Udonis Haslem, Wade, Chalmers, todos eles esticando bem os braços, procurando o passe, acotovelando, cutucando, incomodando, sufocando, desgastando. Sem contar a defesa exemplar de LeBron para cima de George: colado em seu jovem e emergente rival (só 7 pontos em 2/9 de quadra, com 4 assistências e três turnovers), sem perder a pose ou o foco. Impressiona demais mesmo quando não faz cesta.

Como se ele também não tivesse arrebentado no ataque, ué: foram 32 pontos em 40 minutos, 15 deles na linha de lances livres (traduzindo: agressividade ao extremo e sem a ajuda da arbitragem geralmente caseira da liga). Perdeu o medo de encarar Hibbert? Sim. Mas também enfrentou  menos o paredão do Indiana rumo ao aro, uma vez que o gigantão teve um raríssimo problema com faltas no duelo. Além disso, o astro desta vez contou com a ajuda de Wade (19 pontos, 7/15, 5 lances livres) e Ray Allen (10 pontos, todos no segundo quarto decisivo). Quem é vivo aparece, gente. Wade definitivamente não jogou como o craque de sempre, mas ao menos compensou a explosão reduzida com um pouco mais de coragem.

Com a vitória, o Miami se insere num grupo seleto de equipes a jogar a final da NBA por, no mínimo, três anos seguidos: apenas o Los Angeles Lakers (em seis ocasiões), o Boston Celtics (duas), Chicago Bulls (duas), Detroit Pistons (uma) e Knicks (uma, nos anos 50) deram conta disso.

Só mesmo, os elencos mais talentosos para se estabelecer desta maneira.

Desde que a habilidade natural esteja acompanhada por tudo aquilo que os técnicos imploram nessas gravações registradas em discursos inflamados durante paradas de tempo. Súplicas que podem parecer as mais banais. Mas que, no calor de uma decisão, podem fazer toda a diferença.

*  *  *

Pequenos detalhes. Dentro e fora de quadra. Como Erik Spoelstra  comprovou neste jogo ao limar Shane Battier de sua rotação e inserir Mike Miller. Para os técnicos conscientes, metódicos, é algo MUITO difícil de se fazer. Pense o seguinte: você ficou com um padrão de equipe por mais de 90 partidas no ano. Chega uma hora, porém, em que fica de frente para a parede. As coisas estão difíceis, tem de fazer algo. Mas primeiro você se sente obrigado a tentar até o último instante a reabilitação de um de seus homens de confiança. Até que chega a hora em que diz chega. E, para Battier, ao menos no duelo com o Pacers, chegou o fim. Toca botar Mike Miller, que estava afundado no banco de reservas, em quadra.

Mike Miller x Paul George

Mike Miller, mais do que um chutador e peça quase esquecida no banco do Miami. Talento

Miller foi muito bem em pouco tempo no Jogo 6 e mostrou que estava pronto. Na volta a Miami, não contribuiu em nada no ataque naquele fundamento que basicamente paga seu salário – o chute de longa distância –, mas mostrou por que já foi um agente livre cortejado por James e Wade para se juntar ao time. Porque ele pode fazer, sim, mais do que arremessar. Ótimo reboteador para sua posição, bom passador e um jogador inteligente que cobre bem os espaços dos dois lados da quadra. Fez a diferença em diversas posses de bola dessa maneira: ajudou muito nas dobras defensivas do segundo período derradeiro e conseguiu várias interceptações. Não por acaso, em sua linha estatística, o número mais elevado foi de roubos de bola: três. Parece nada, mas é muito mais do que o esperado e, ao mesmo tempo, descreve muito pouco o que ele fez em quadra.

E ter um Mike Miller como solução de última hora diz muito a respeito do desnível de talento nos dois grupos. O cabeludinho certamente seria o sexto homem do Pacers se estivesse do outro lado.

*  *  *

Frank Vogel foi duramente criticado por sua decisão de sentar Roy Hibbert na posse de bola final da prorrogação do primeiro jogo. Uma pane que acabou sendo custosa demais, e ele mesmo assumiu o erro. Neste Jogo 7, seu erro foi um o pouco mais sutil, mas também valeu como uma senhora derrapada. Ele falhou feio em sua rotação. Depois de vencer o primeiro período por dois pontos, abaixou a guarda muito rapidamente, ao descansar três titulares de uma vez (DJ Augustin, Sam Young e Tyler Hansbrough), permitindo a reação imediata – e a escapada dos adversários no placar. Uma coisa as estatísticas mais avançadas mostraram claramente na série: quando o Indiana tinha seus cinco titulares, juntinhos, ao mesmo tempo em ação, a equipe venceu o Miami Heat. Qualquer outra formação, porém, mesmo que fosse apenas um reserva acompanhando quatro titulares, deu Miami. Numa partida dessas, era hora de segurar um pouco mais as mudanças, mesmo que se corresse o risco de esgotar o quinteto inicial. Era a hora de ver como o oponente viria para quadra e, aí, tomar uma decisão. Mas tudo bem também: o que o treinador tirou de um plantel limitado desses é incrível, e, apenas em sua terceira temporada como o comandante, está crescendo junto com seus atletas.

*  *  *

Depois do jogo de cartas e blefes entre Popovich e Spoelstra durante a temporada regular – nos dois confrontos diretos entre dois candidatos ao título, pelo menos um dos times poupou alguns de seus principais jogadores –, agora chegou a hora de eles e suas equipes se enfrentarem para valer em quadra. As finais começam no dia dia 6, quinta-feira, em San Antonio Miami, claro. Expectativa de um grande embate.

 


Gigantão Hibbert desequilibra e ajuda o Indiana Pacers a fazer frente ao Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Hibbert, uma encrenca

Nem assim: está difícil para o Miami Heat segurar o dinossauro Roy Hibbert

Quando  se assiste ao homem em quadra na estas finais da Conferência Leste, Roy Hibbert passa a impressão de ser tão grande, mas tão grande que o Miami Heat nem consegue incomodá-lo com faltas. Pelo menos é o que acontece quando o Indiana Pacers encontra um bom equilíbrio  em seu ataque e abastece seu pivô nas imediações do garrafão, como nesta terça-feira. Liderada pelo sujeito de 2,18 m de altura, a resiliente equipe de Frank Vogel venceu por 99 a 92 e empatou a série melhor-de-sete em 2 a 2.

Não era para ser assim. Eles supostamente eram dinossauros em extinção, vítimas de uma revolução aqui já propagada em diversas ocasiões. Na liga NBA, não era, mesmo, para ter mais espaço para esse tipo de espécime, os pivôs lentos, que obtêm relevância com o arcaico jogo de costas para a cesta, daqueles que se arrastam em quadra. Mas Hibbert está aí para provar que tudo se adapta. Que nesta vida – e no basquete – tudo tem jeito.

Roy Hibbert x Chris Andersen

O meio-gancho de esquerda: fundamentos trabalhados em Georgetown em desenvolvidos pelo Pacers. Tyler Hansbrough observa atentamente

O gigante marcou 23 pontos e coletou 13 rebotes, seis deles ofensivos, alguns desses extremamente importantes no quarto final, dominando qual fosse o adversário que ousasse se colocar em seu caminho na direção da cesta. Chris Bosh, Chris Andersen, Joel Anthony e por vezes até um corajoso Shane Battier tentaram, mas não puderam lidar com o cara, que converteu 10 de seus 16 arremessos, em 40 minutos de ação.

O aproveitamento de quadra é espetacular, mas vale ainda mais destaque o tempo de jogo: carregando seus 127 kg de um garrafão para o outro, num jogo intenso como esse, Hibbert descansou por apenas oito minutos e ainda foi bastante efetivo, atuante, decisivo nos momentos derradeiros do quarto período. Com o jogo empatado em 89 a 89, com menos de 2min50s por jogar, ele teve fôlego, pernas e cabeça para apanhar dois rebotes cruciais no ataque. O primeiro veio com 2min43s para o fim, seguido logo por uma bandeja. O segundo veio com 1min30s, antes de mais uma bandeja, mas dessa vez com um detalhe: a quinta falta de LeBron, que viria a ser excluído pouco tempo depois. Até mesmo um atleta com a força física e elasticidade de LeBron tem dificuldade em fazer frente ao brutamontes.

Mas não é só força ou tamanho, claro. Para o pivô causar impacto, é preciso fundamento e paciência – tanto próprios como dos companheiros, que precisam saber o momento certo de servi-lo e, não só isso, saber o ângulo certo e a velocidade para fazer o passe de entrada, algo que parece simples assim no, hã…, papel, mas que fica bem mais difícil quando você tem alguém com os reflexos de Mario Chalmers, Dwyane Wade e James pela frente.

Dessa vez o Pacers encontrou seu grandalhão com mais frequência. De tão grande, Hibbert praticamente inviabiliza a marcação frontal, uma vez que pode esticar os braços por trás de seu marcador neste caso e, com o ombro colado nas costas dele, cria uma separação suficiente para receber a assistência. O que o Miami não fez e deve estudar para o quinto jogo é a dobra em cima do pivô quando ele coloca a bola no chão partindo para o gancho ou a bandeja, para tentar o roubo de bola, o desarme no drible ou passe. Ele teve apenas um desperdício de posse de bola neste confronto. Aqui ele se livrou sem problemas do Birdman:

Sobre a brincadeira de não conseguir nem parar nas faltas, não é bem assim, tá? Nos dois jogos anteriores, o gigante cobrou 25 lances livres, uma quantidade expressiva. E o pior: ele é daqueles que converte o tiro com os pés plantados. Seu aproveitamento na série até esta terça era de 22 cestas em 27 arremessos, acima de 81%.

Fato é que Spoelstra vem tendo um trabalhão danado para lidar com Hibbert, que já havia marcado 19, 29 e 20 pontos nas três partidas anteriores, e buscado 32 rebotes no geral (mas com oito turnovers). É por isso que, confiante na habilidade de seu pivô, Frank Vogel se gabou por meses e meses que seu Indiana Pacers não se ajusta ao adversário. Que eles têm uma identidade, um estilo de jogo e iriam com isso até o fim, forçando que os oponentes, sim, se virem com o que eles oferecem.

Por isso foi tão estranha sua decisão de colocar o pivô no banco para defender aquela que se transformou na última posse de bola do jogo 1, na prorrogação , ainda Miami. Assumindo o erro, sem ter ninguém para fechar a porta na cara de LeBron, afirmou que jamais voltaria a fazer isso. Pelo que Hibbert tem feito desde então, fica realmente difícil tirá-lo de quadra.

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Os horrendos uniformes do All-Star de 95 em Phoenix

Conexão Georgetown: Ewing, Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo e Mourning

Quem assistiu ao ótimo jogo de Hibbert em Indianápolis foi seu técnico universitário, John Thompson III. Os dois trabalharam juntos em Georgetown, uma usina de pivôs talentosos nos últimos 30 anos, tendo revelado Patrick Ewing, Alonzo Mourning e Dikembe Mutombo. Othella Harrington e Mike Sweetney a gente não conta, ok?

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Assim como Ewing, Hibbert tem nacionalidade jamaicana, com a diferença de que nasceu nos Estados Unidos, vizinho de Scott Machado no Queens. Ele defendeu a seleção caribenha nos bagunçados torneios da América Central e, depois, ficou se remoendo de arrependimento. Hoje um All-Star, com um salário em média de US$ 14 milhões, o grandalhão em 2008 não tinha tanta confiança de que fosse prosperar assim em 2008 quando abriu mão de jogar pelos Estados Unidos.

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Curiosamente, Hibbert já veio jogar no Brasil com a seleção norte-americana. Foi no Pan de 2007, no qual um time de universitários dirigido por Jay Wright, de Villanova, fracassou enfrentando uma série de mistões do continente. Ao seu lado estavam jogadores como o armador Eric Maynor (Blazers e futuro agente livre), o ala Wayne Ellington (Cavaliers) e o ala-pivô DJ White (Celtics) – Joey Dorsey, ex-Rockets e Olympiakos e James Gist, do Panathinaikos, foram outros destaques. Ele tinha apenas 20 anos, era o mais badalado da equipe, mas não se destacou na futura Arena HSBC, com médias de 10 pontos, 3,4 rebotes e 47,7% nos arremessos em 21min. Quem se lembra?


Miami Heat esquece jogo exterior para demolir a defesa do Indiana Pacers
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Giancarlo Giampietro

Quem falou que é obrigatório ter um grandalhão excepcional para se orquestrar um potente ataque interior?

Bem, o Miami Heat mostrou neste domingo contra o Indiana Pacers que uma coisa não tem a ver obrigatoriamente com a outra. A não ser, claro, que estejamos preparados para nomear Udonis Haslem, com seus surpreendentes 17 pontos e 7 rebotes no jogo 4, como o novo superpivô da liga.

LeBron James x Paul George

LeBron: calma com a bola, buscando sempre o jogo interior desta vez

Abrindo mão de seu jogo exterior, com um basquete extremamente agressivo e, ao mesmo tempo, e pragmático, a equipe da Flórida estraçalhou a melhor defesa da NBA para vencer por 114 a 96 e retomar o controle da Final da Conferência Leste, com dois triunfos em três partidas.

Antes de falar sobre o que o Miami fez em seu ataque, vale um breve comentário sobre a defesa de Indiana. Por mais forte que seja sua retaguarda, uma coisa esses caras não fazem bem, por questão de disciplina e princípios até: pressionar a linha de passe. Frank Vogel comunga da ideia de que seus marcadores devem ficar colados a seus respectivos adversários, sem fazer muitas dobras ou sair de um posicionamento mais adequado em busca de uma roubada ou toco. Desta forma, conseguem uma boa contestação aos arremessos de fora de seus oponentes, uma vez que os arremessadores não têm muito espaço para receber a bola e subir para o chute.

O que Erik Spoelstra ordenou, então, foi que os atuais campeões agredissem o garrafão dos donos da casa sem parar. Era preciso medir, calcular os passes na hora de fazer o jogo de costas para a cesta – no qual LeBron James foi mortal –, ou espaçar bem seus atletas e caprichar na movimentação de bola lateral para que os ângulos para as infiltrações fossem criados. Funcionou direitinho, com uma execução indefectível por parte de seus atletas.

Sente-se na cadeira e assimile  os seguintes números: aproveitamento 54,5% nos arremessos de quadra e apenas cinco desperdícios de posse de bola cometidos. Cinco turnovers em 48 minutos, um a cada 9 minutos e pouco. Impressionantes a precisão técnica e a consistência tática.

Eles tentaram apenas 14 disparos de três pontos, sendo que, no primeiro tempo, foram apenas cinco. Na verdade, dos 14 no total, quatro vieram nos últimos minutos de jogo, com a fatura já liquidada. Nas duas primeiras partidas, que valeram realmente até o último segundo, foram 40 arremessos.

LeBron arriscou apenas um chute de fora, sendo muito mais acionado nos arredores do garrafão. Dwyane Wade, então, não tentou nenhum – o que, no seu caso, é algo mais que positivo, já que nunca foi bom, muito menos medíocre neste fundamento (28,9% na média, 31,7% no melhor ano, 2008-09).

Sobre os cinco turnovers, um espetáculo, considerando que eles cometeram 20 na primeira partida e 14 na segunda. No primeiro tempo, cometeram apenas um. Não por acaso, combinando esses dois fatores, marcaram 70 pontos em 24 minutos, com média de 62,8% nos arremessos.

Esse rendimento é bastante possível quando você tem LeBron James e Dwyane Wade dividindo a quadra. A habilidade dos dois ou de (?) Mario Chalmers e Norris Cole, porém, está longe de ser a única explicação para o sucesso que o Heat teve contra o Pacers neste domingo. Tem muito mais a ver com planejamento e conscientização de seus jogadores.

Pode ter durado apenas 48 minutos, até porque o oponente virá com seus ajustes para o próximo jogo. De qualquer forma, foi uma exibição, e tanto, que vale o DVD gravado.

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Udonis, gente, o Udonis!

A cesta ficou maior para Haslem neste domingo

Quem é vivo aparece. E Udonis Haslem, contrariando a forte boataria que se espalhou por todos os lados nos últimos meses, está vivo. Por essa Hibbert não poderia Vogel realmente não poderia esperar: “Será que ele vai arremessar 8 de 9 toda noite? Se ele fizer isso, provavelmente será uma série difícil para nós”, afirmou o técnico, irônico e inconformado.

Nos dois primeiros jogos do confronto, Haslem marcou três pontos. Digo: dois no dia 22 de maio e mais um no dia 24. Entendeu? Três pontos, tendo acertado apenas um de sete arremessos. Aí que, em sua visita a Indianápolis, ele resolveu matar oito de nove arremessos, muitos de média distância, algo que sempre foi sua especialidade, mas que ele havia perdido por completo.

Faz muito tempo que não saía nada nessa linha: contra o Milwaukee Bucks, na primeira fase, sua média foi de 7,5 pontos. Contra o Bulls, na sequência, 5,2 pontos. Na temporada regular? Pior ainda: 3,9 pontos.

Apesar da produção anêmica ofensiva, Spoelstra se manteve fiel a seu veterano, dando a ele a condição de titular em 59 partidas das 75 em que esteve disponível. O principal fundamento em o jogador ajuda, aliás, é o rebote, e ele está em quadra basicamente para batalhar debaixo do aro, compensando as limitações de Chris Bosh nesse quesito.

“Veja, nós conhecemos Udonis Haslem há uns dez anos. Ele provavelmente já disputou mais batalhas de playoff do que qualquer um neste vestiário. Ele sempre foi grande nos maiores momentos, quando você precisa dele, quando há adversidade”, disse o técnico do Heat, orgulhoso que só de sua escolha

Spo foi brindado com uma noite especial de Haslem, bem além de “apliação tática”. Por uma noite especial, o veterano ala-pivô, de 32 anos, resolveu a parada. “Meus camaradas continuaram me encontrando. O crédito é deles, eles me encontraram, e eu apenas arremessei com confiança”, disse. “Eu sempre quis contribuir de qualquer jeito que fosse. Hoje eu estava apenas acertando os arremessos.”

Simples assim? O Pacers espera que não.

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O Miami Heat venceu 23 de seus últimos 24 jogos fora de casa, contando a temporada regular, incluindo cinco nos mata-matas.


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.