Vinte Um

Arquivo : Leandrinho

Lavada contra a China, classificação garantida e armadilha a ser evitada
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Giancarlo Giampietro

Varejão marca Jianlian

Yi Jianlian foi dominado pelos pivôs brasileiros: apenas cinco pontinhos, três deles em lances livres

Para um time que ainda jogava por sua classificação, impressionou negativamente a pouca intensidade dos chineses neste sábado. Ressaca, ou não, a seleção brasileira não tinha nada com isso: se impôs desde o início e fez seu trabalho muito bem, obrigado, para vencer por 98 a 59.

Para garantir a classificação para as quartas, a equipe começou sua partida buscando o jogo interior, ufa, e viu aquele Tiago Splitter eficiente, ao qual se habituou nas últimas temporadas, executar bons movimentos, abrindo caminho para  uma boa diferença logo de cara. Com pivôs menores e mais leves, a China teve de encolher sua marcação e permitiu uma série de chutes de três pontos para os brasileiros, e dessa vez, livrinhas, as bolas caíram.

Não houve egoísmo também, tendo o time acumulado 27 assistências. Foram pouquíssimos os desperdícios de bola (6). A defesa não afrouxou em nada, continuou desestabilizando os chineses e forçou este desempenho pífio: nos primeiros 20 minutos, seu oponente somou seis erros e apenas uma assistência, por exemplo. Na segunda etapa, foi um treino.

(Agora um parêntese obrigatório, e que se tome cuidado com as armadilhas: foram 25 tiros de longe e 12 cestas, a maioria equilibrada, sem pressão alguma. Mas não achem os brasileiros que vão enfrentar uma defesa esburacada como essa em duelos com Espanha, França e Argentina. Fica o exemplo do comportamento dos Estados Unidos hoje contra a Lituânia, acreditando que a tempestade de três pontos que causaram contra a Nigéria se replicaria naturalmente.)

*  *  *

Só Leandrinho, Giovannoni e Alex ficaram em quadra por mais de 20 minutos, e raspando. Deu, então, até para Caio Torres e Raulzinho jogarem. Pelo andar da carruagem olímpica brasileira, a convocação do pivô do Flamengo parece cada vez mais deslocada: se era para ter um jogador para ser usado tão pouco no torneio, não era melhor investir em alguém mais jovem, mesmo?

*  *  *

Excluindo os jogos dos Estados Unidos, essa foi a maior vitória do torneio olímpico masculino, com 39 pontos de vantagem. A maior diferença até então havia sido da Argentina sobre a Lituânia: surpreendentes 23 pontos (102 x 79). Os argentinos também haviam vencido a Tunísia pelos mesmos 23 pontos (92 a 69).

*  *  *

Agora o assunto que vai dominar as próximas 48 horas: ganhar, ou não, da Espanha, para evitar um eventual confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Imagino que haverá muitos a torcer para uma vaga como terceiro colocado. Desta forma, evitaríamos também o clássico diante da Argentina nas oitavas. Bem… Para mim, não tem essa de entregar jogo. A bola está com Magnano.

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Duas notas sobre a China:

– Wang Zhizhi foi o primeiro atleta do país a jogar na NBA, contratado em 2001 pelo Dallas Mavericks, um ano antes de Yao Ming ser selecionado pelo Houston Rockets na primeira colocação do Draft que também levou Nenê para a liga norte-americana.

– Quem se lembra do técnico Robert Donewald Jr.? Ele foi contratado pelo ex-agente de Nenê e Leandrinho, Michael Coyne Jr., para trabalhar no Brasil na temporada 2005-2006 com o ala Marquinhos. Ele foi o treinador do time de São Carlos, do qual Nenê também participou na formação. Depois, ele ainda treinou Guarujá, antes de partir para a Ásia. Neste meio-tempo, Donewald trabalhou com Marquinhos e o pivô Morro, do Pinheiros, na preparação dos dois atletas para o Draft da NBA de 2006. O ala foi selecionado na posição 43 pelo Hornets.

 


Uma derrota dolorida no fim para acelerar a educação olímpica da seleção
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Giancarlo Giampietro

Vitaly Fridzon faz acontecer

Vitaly Fridzon se contorce para acertar de três pontos com Leandrinho ao chão

Sendo o mais direto possível: se era para perder um jogo desta maneira, que seja para a Rússia na fase de grupos, mesmo. No fim, é mais um capítulo na educação olímpica da seleção brasileira, batendo de frente com uma grande equipe que também é candidata a pódio.

Para efeitos práticos, isso deve significar um confronto com a França nas quartas de final, em vez dos nossos amigos da Argentina. Numa eventual semifinal, evitaríamos o duelo com os Estados Unidos.

(A não ser que aconteça alguma zebra, entre as alternativas abaixo:

a)    Brasil perde para a China

b)   Brasil vence a Espanha

c)    Rússia vence a Espanha

d)   Rússia perde para a Austrália)

Vai ver que estava tudo planejado por Rúben Magnano, né?

(Brincadeira.)

E aquela bomba? Bem, a bola de Vitaly Fridzon – que tem fama de doido no basquete europeu, mesmo, e jura ser “especialista nessa bola” – foi milagrosa, certeira, daquelas que vai entrar em todos os compactos do torneio. E como fica? Você sente o baque na hora, perdeu o jogo, mas não pode deixar que esse impacto seja duradouro.

Os técnicos se reúnem no quarto, reveem a partida – haja tortura –, anotam o que deu errado, o que saiu de acordo com o esperado e preparam a equipe para a próxima partida. Para eles, não há muito o que prolongar na discussão dessa cesta incrível de Fridzon.

Ao tentar fugir do corta-luz de Sasha Kaun, evitar o contato, Leandrinho acabou perdendo um segundo precioso. Para compensar, ao ver o rival escapar, acabou se desequilibrando e escorregou. Ele falhou em sua missão, mas não vejo como um erro clamoroso, desastroso, que valha a cruz nos próximos dias. Foi a bola do jogo, mas teve coisa muito mais feia no decorrer dos 40 minutos.

Como o segundo quarto desastrado, em que a seleção novamente se atrapalhou toda no ataque, parou de mover a bola e anotou apenas quatro cestas de quadra em dez minutos, cometeu violações, passou a depender dos chutes erráticos de fora (cinco erros).

Nesse período, Magnano também foi muito mal da sua parte, fazendo trocas frenéticas em suas rotações, quebrando o ritmo de sua equipe, que acabou permitindo um passeio de Andrei Kirilenko por dez minutos.

E como eles voltaram no jogo?

Bem, depois de tantas substituições, Magnano enfim (re)encontrou um quinteto com boa química em quadra, especialmente na defesa, com atletas bem postados, contestando o ataque adversário agressivamente. Até converter seus dois disparos de três pontos derradeiros, a Rússia havia errado oito de seus 11 arremessos e cometido quatro desperdícios de bola. “Defesa ganha jogo”, pode dizer o técnico argentino.

Melhor ainda foi ver combinar essa forte defesa – que virou nosso padrão, uma evolução enorme – com um ataque muito mais inteligente. E melhor: sem Marcelinho Huertas em quadra, creiam. Larry respirou ares de Bauru, colocou a bola debaixo do braço e comandou uma ofensiva muito mais incisiva, buscando a infiltração, atacando os gigantes russos na corrida, deixando Mozgov e Kaun pendurados de faltas. As bolas em flutuação caíram, assim como as bandejas do norte-americano e de Leandrinho, que seguiu o exemplo e buscou as cestas mais fáceis. É mais gratificante acertar uma bandejinha do que errar o chute de três, gente.

Defesa ganha jogo, sim, mas precisa fazer cesta também.

A equipe tem agora um ótimo exemplo a seguir daqui para frente.  Vão ter o sangue frio e executar desta forma? Esperemos que sim. Neste caso, as chances de viver um drama destes nos segundos finais novamente se reúnem drasticamente.

Por que de decepções no último segundo já chega, né?

Mama mia!

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O chapa Bruno Freitas, imerso no basquete olímpico, já nos traz três repercussões quentinhas direto de Londres:

– Marcelinho Huertas destaca falha da seleção em defender sua vantagem de cinco pontos nos minutos finais

– Rúben Magnano fala sobre pontos positivos na recuperação brasileira no quarto período

– Técnico da Rússia coloca o Brasil – e sua seleção, claro – no páreo pelo pódio nas Olimpíadas. AK elogia Larry

*  *  *

E o que escrever sobre a atuação de Timofey Mozgov? O gigantão russ, que já foi protagonista de muitas e muitas piadas na rede, fez uma partida excepcional, engoliu Splitter e Nenê em alguns momentos e mostrou um arsenal ofensivo que dificilmente apareceu na temporada passada da NBA. George Karl e a diretoria do Nuggets só pode ficar contente com esse progresso, e imagino que ele estivesse provando isso nos treinos de sua equipe.


Na terceira partida brasileira, todos os olhos voltados para Andrei Kirilenko
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Giancarlo Giampietro

Na NBA, em meio a tanta gente talentosa, muitas lesões e campanhas medíocres do Utah Jazz, ele andava meio subestimado, esquecido. Na temporada passada, no entanto, de volta ao CSKA Moscou, onde é amigo do rei – dou o czar, que seja –, Andrei Kirilenko vem em uma fase esplendorosa.

Um adjetivo que soa sempre pouco exagerado, mas não consigo pensar em algo mais comedido para avaliar o basquete que o ala da seleção russa vem praticando nos últimos meses.

Andrei Kirilenko, Rússia

Kirilenko: mil e uma utilidades em quadra

MVP inconteste da Euroliga, recém-contratado pelo Minnesota Timberwolves por US$ 20 milhões em dois anos, AK47, em seu apelido infame, mas que também diz muito sobre seu jogo, estufa as linhas estatísticas de um modo único.  Suas médias na Euroliga: 14,1 pontos, 59,8% nos arremessos de dois pontos, 41,7% de três pontos, 7,5 rebotes, 2,4 assistência, 1,5 roubo de bola e 1,9 toco. Ataca de perto e de longe, defende pelo alto e embaixo… Falta o quê?

É esse russo que a seleção vai encarar nesta quinta-feira, pela terceira rodada olímpica. Para um time formatado nas posições  tradicional “1 a 5”, Kirilenko seria um 3 e/ou 4. Para o Brasil, isso representa um páreo duro.

Quem Magnano vai escalar para ficar no astro? Marquinhos aguenta o tranco? Leandrinho e Alex marcaram muito bem Luol Deng. Mas o russo é um pouco maior que o britânico, não precisa tanto da bola em suas mãos como Deng, para desequilibrar uma partida. Ele corta bastante para a cesta vindo do lado contrário. Ataca os rebotes ofensivos e pode arremessar rapidamente uma vez que receba o passe. Ele é um jogador muito atlético, comprido e alto. Varejão? Hoje muito lento para esse duelo.

Não sei bem qual seria a solução, não. O homem segue inspirado: nas duas primeiras partidas, ele teve médias de 25,5 pontos, 3 roubos de bola e 2 tocos.

Mesmo que seja um oponente, do ponto de vista de se deleitar com o basquete pura e simplesmente, Kirilenko vale o ingresso.

*  *  *

Com Kirilenko e Viktor Khryapa lado a lado, a Rússia talvez seja o time que mais se assemelhe ao que os Estados Unidos nos oferece nessas Olimpíadas, com jogadores intercambiáveis. A diferença é que o técnico David Blatt costuma revezar dos “cincões”: sempre que sai Timofey Mozgov, ex-companheiro de Nenê em Denver, entra Sasha Kaun, e vice-versa.

*  *  *

O armador russo Alexey Shved, que também pode jogar como ala, é uma estrela em ascensão na Europa e acabou de ser contratado pelo Wolves também. Engraçado: para quem vem de Moscou, a neve de Minneapolis não devia assustar, mesmo. Muito habilidoso, alto, versátil da sua maneira – não é tão atlético ou agressivo como Kirilenko, mas se move pela quadra com muita facilidade –, também merece uma observação atenta.


Com mais sufoco, seleção vence a 2ª, encaminha vaga, mas ainda segue aquém de seu potencial
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha. Ufa

Vocês queriam Olimpíadas? Então toma.

Melhor do que lamentar a ausência da seleção brasileira masculina em Londres-2012, é sofrer com os caras até o final? Por enquanto, vai desse jeito, mesmo.

Contra a Grã-Bretanha, equipe de Magnano mais uma vez não jogou bem no ataque, não encheu os olhos de ninguém – patriotada você não acha aqui, não –, mas sobreviveu com sua forte defesa contra um adversário bem inferior tecnicamente. Os britânicos acumularam 19 erros e converteram horrendos 38,9% nos arremessos.

Então a boa notícia fica sendo esta: duas vitórias em duas rodadas e a classificação muito bem encaminhada, mesmo que no sufoco. Basta mais um triunfo em três jogos para assegurá-la.

Que mais tem nessa linha?

– Nunca vi Leandrinho defendendo com tanta entrega, determinação e inteligência assim. O ligeirinho foi muito mal no ataque no começo de jogo, mas segurou seu ímpeto nos quartos seguintes e deve estar morto agora de tanto correr atrás de Luol Deng. Repararam? O ala do Chicago Bulls, faz-tudo dos britânicos, passou diversas posses de bola sem nem participar do ataque porque o brasileiro se colocava na frente da linha de passe de maneira insistente. Foi um desempenho fundamental para suprir a ausência de Alex, afastado por faltas.

Alex segura Luol Deng no rebote

Deng teve problemas contra Alex e Leandrinho

– Marquinhos ganhou seu merecido espaço na rotação e foi uma força estabilizadora para o ataque brasileiro a partir do terceiro período. Pode ter cometido dois turnovers nos minutos finais do quarto período, pisando na linha lateral, mas o segundo deles foi mais pelo passe na fogueira de Nenê. De resto, acompanhado de Larry ou Huertas, o ala ajudou a equipe a cadenciar um pouco a partida (mesmo chutando 3/10(, passando mais a bola e também partindo para dentro para quebrar a defesa britânica. Seus números de 8 pontos, 4 rebotes e 2 assistências não contam exatamente sua importância no embate.

– Larry também conduziu bem o jogo no segundo quarto, dando um descanso providencial para Huertas. Foram nove minutos nada brilhantes, mas consistentes. E é disso que precisamos vindo de nosso armador reserva. (Raulzinho, em compensação, deve demorar para retornar.)

– Tiago Splitter teve um jogo de “sai, uruca”. Soube se posicionar bem no garrafão e foi devidamente municiado por Huertas no segundo tempo para terminar a partida como seu cestinha 21 pontos, com várias bandejas.

Essa foi a parte positiva da coisa, para se construir em cima.

Deve-se aplaudir a eficiência do time para segurar ótimos jogadores como Luol Deng e Joel Freeland. Mas que fique bem claro: eles não são os adversários mais qualificados que enfrentarão daqui para a frente se estiverem pensando realmente em pódio. Se Pops Mensah-Bonsu causou problemas em determinados momentos, que fiquemos beeeem ligados quando estiverem do outro lado Pau Gasol, Juan Carlos Navarro, Manu Ginóbili, Luis Scola, Sarunas Jasikevicius, Nicolas Batum, Andrei Kirileko, e… Ficamos por aqui, ok?

Em duas partidas, para somar duas vitórias, o Brasil enfrentou dois quintos da parte mediana da tabela. Nesse nível, ainda falta a China. Mas com uma terceira rodada diante da Rússia e a quinta contra a Espanha, o torneio vai apertar.

Contra times deste porte, não dá para marcar apenas quatro pontos num quarto. Não dá para repetir a atuação do primeiro tempo de modo algum. Haja “nervosismo” até lá para dar conta disso. Pressão existe em todo jogo olímpico? Se assim a seleção permitir.

Enterrada de Nenê

Um dos três “chutes” de Nenê no jogo

Acertar apenas três chutes em 22 tentativas de longa distância é algo que deve ser riscado de qualquer caderninho técnico. E dessa vez a sangria toda não tem o álibi chamado Marcelinho Machado, limitado a apenas dois minutos de ação.

Precisa realmente demorar mais de dez minutos de jogo, numa segunda rodada olímpica, para entender que nosso ataque funciona muito melhor quando se busca a infiltração? A partir do momento em que Huertas, Larry e Marquinhos “colocaram a bola no chão”, se assentaram em quadra, os pontos de Splitter começaram a surgir. No segundo tempo, quando este passou a ser o padrão ofensivo, marcamos 40 pontos, 13 a mais do que na primeira etapa.

Então ficamos assim momentaneamente: um ataque avariado sustentado por um empenho defensivo pouco visto na história deste país, contra adversários fortes, sólidos, mas não os mais temerosos de toda a competição.

Vamos vencendo sofrendo, valendo os mesmos pontos na classificação, mas, para cumprir qualquer que seja o nosso potencial, falta muito.


Alguém precisa se candidatar a herói olímpico?
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Giancarlo Giampietro

Vai cair, Leandrinho?

E vai cair?

Imagino que muita gente que frequenta estes aposentos um tanto esculhambados – o Vinte Um, que fique claro, e não a casa maior, sempre azeitada – deva também dar suas bandas por vizinhanças muito mais  glamorosas, como o ESPN.com americano. Lá, a galera deve ter tido contato com o blogueiro Henry Abbott, do True Hoop, que já fez a alegria e a fúria de muitos leitores com uma cruzada particular contra Kobe Bryant.

Não é exatamente um ataque pessoal contra o astro do Lakers, mas ele não deixa de dar suas estocadas no ala quando critica a cultura do que chama de “hero ball’ na NBA. Aquela coisa de, nos minutos finais de uma partida, abrir mão de qualquer sistema para que a bola fique isolada em um canto da quadra com a superestrela de cada equipe, que teria carta branca para decidir e matar o confronto – ou não.

Abbott resolveu fazer um extenso levantamento sobre o aproveitamento de Kobe nos minutos finais em lances decisivos para, supostamente, desconstruir o mito em torno do cestinha, que seria considerado o principal predador da liga nesse tipo de ocasião. De acordo com seus números, ele não seria nem o melhor, nem um dos cinco melhores, nem um dos 20 melhores. Sinceramente, dá preguiça de ir além no assunto: acho que as coisas não são podem ser julgadas só pelo mero aproveitamento de qualquer atleta. Precisa ver como foi cada chute e em que contexto ele aconteceu. A discussão vai longe – por que o capitão do Lakers seria, então, ainda, um dos jogadores mais temidos da liga, por atletas, técnicos e cartolas?

Mas todo esse preâmbulo serve para nós falarmos de seleção brasileira. E se o tema é “hero ball” e a equipe nacional, já dá para sacar aonde estamos chegando, né?

Leandrinho e os minutos decisivos da estreia contra a Austrália.

Com cerca de dois minutos para o fim, por duas posses de bola seguidas, o Brasil se contentou em entregar a bola nas mãos de Leandrinho para deixar que o ala resolvesse a parada. Leandrinho seria o herói da vez. E não dá para concordar com isso.

Kobe Bryant no último segundo

Se nem Kobe pode… Vai quem?

Se há gente que conteste esse tipo de armação até mesmo para um Kobe – ou um Ginóbili, um Gasol, um Tony Parker –, não posso nem arriscar os impropérios que o Mr. Abbott soltaria diante da ocasião em que o até agora desempregado Leandrinho decide/é colocado para jogar contra a rapa.

Não que ele não tenha condição de criar algo: o ala tem um bom chute de três pontos e ainda parte para a cesta com um primeiro passo explosivo acima da média. O problema é o que acontece no meio do caminho. Invariavelmente, o ligeirinho toma decisões equivocadas com a bola, esbarrando em postes no garrafão ou queimando bolas de três pontos absurdas de forçadas, como fez neste domingo, com pouco menos de 50 segundos para o fim e sua equipe vencendo o jogo por quatro pontos.  Foi um chute que me remeteu na hora para 2007, em um daqueles fatídicos duelos Brasil x Argentina no Pré-Olímpico de Las Vegas, no qual ele ignorou o corta-luz de Nenê para chutar a uns bons oito metros de distância. Saiu uma tijolada desgovernada.

Então, se não for ele, vai quem?

Acho que não há resposta para essa pergunta. Na real, ela nem deveria ser feita.

A equipe brasileira tem um ótimo elenco, com muitos jogadores competentes para executar diversas tarefas, mas o que não temos é este sério candidato ao “hero ball”. Então, em vez de contar com anomalias, o recomendável talvez seja partir para quadra com um cenário em que Huertas e Magnano pudessem determinar qual a melhor opção para aquele momento. Tudo vai depender do rival, sua quantidade de faltas individuais e coletivas, quem do seu lado está com a mão quente e outras tantas alternativas. Tudo de acordo com o que o jogo propõe, mas baseado em ações em conjunto.

É muito mais razoável do que tentar glorificar ou crucificar um só atleta.

Leandrinho, no caso.

*  *  *

O mercado da NBA já deu uma bela esfriada, e até agora não há sequer um rumor lá fora que envolva Leandrinho. Muitos jogadores de sua posição já se arrumaram. Caras como Ray Allen, Eric Gordon, Shannon Brown, OJ Mayo, Courtney Lee, Jason Terry, Randy Foye, Lou Williams, Ronnie Brewer, Nick Young etc.

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Batendo na mesma tecla: o veloz ala rende muito mais quando envolvido em movimentações em que receba a bola em boas posições para dar o bote. Depois de um corta-luz, um corte por trás o marcador etc., a coisa funciona muito melhor do que simplesmente isolá-lo na quadra para que crie algo por conta. Recebendo a bola em movimento, a caminhoa da cesta, ele pode usar sua explosão com muito mais eficácia, para passar pela defesa como um legítimo “Vulto Brasileiro” (seu apelido na liga em 2006, 2007 e agora esquecido). Próximo da cesta, seu aproveitamento é bem superior ao de média para longa distância.


Em estreia olímpica, Marcelinho queima tudo de três pontos e pivôs são subutilizados
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Giancarlo Giampietro

 

Como costuma dizer o vizinho Bala, “é até chato” repetir isso aqui, mas não tem como evitar.

Sobre o Marcelinho Machado, que jogou por 15 minutos contra a Austrália e tentou dez arremessos.

Pior, aquele mesmo causo de sempre: oito desses dez tiros foram de três pontos, tendo convertido apenas um. Descontando Machado, a seleção foi bem comedida e arremessou apenas sete vezes de longa distância: três com Leandrinho, duas com Huertas, que não acertaram nenhuma,  e mais duas de Alex, que matou a primeira).

Nenê contra australianos

Enquanto Marcelinho não se cansa de chutar, as trombadas de Nenê são pouco recompensadas

Marcelinho só livrou a cara nessa, em termos de resultado, porque os australianos foram ainda mais teimosos e incompetentes no perímetro externo (com apenas 4 cestas em 22 arremessos, 18%). Patty Mills chutou nove bolas de três e matou apenas uma. Joe Ingles: 1/4. Brad Newley: 0/1. Matt Dellavedova: 0/2. Matt Nielsen: 0/1.  David Andersen: 2/5 (as duas em reação no quarto período, diga-se).

Apenas dois jogadores brasileiros chutaram mais que Machado na partida de estreia: Huertas (12) e Leandrinho (15). Mas… para comparar de modo justo: Huertas ficou em quadra por 32 minutos. Leandro, poor 25 minutos.  A média de chutes por minuto do flamenguista, então, estoura.

O que o veterano fez hoje em quadra para justificar um tempo maior de quadra do que recebeu Marquinhos (limitado a 11 minutos)? Bem, não foi rebote (zero), assistência (necas) e roubo de bola (nada). Hmm… Não sei, então.

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Nenê jogou 20 minutos e encestou quatro de seus seis arremessos. Varejão foi ainda mais produtivo: em 25 minutos, matou seis em sete. A dupla som ou 22 pontos extremamente eficientes, então. Por que diabos não usá-los mais? Qual a dificuldade?

Principalmente quando Splitter não estava bem em quadra, com oito erros em dez tentativas de quadra, muitas delas mal posicionadas, com ganchos da cabeça do garrafão no estouro do cronômetro – nessa ocasião, porém, a culpa não é sua de sobrar com a batata quente na mão.

 


Vitória importantíssima para a seleção na estreia. E por que acharam que seria fácil?
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Giancarlo Giampietro

Seleção vence a Austrália na estreia olímpica

15 pontos e 10 assistências para Huertas na estreia sofrida

Quem falou que ia ser fácil?

Compreensível que se demonstre confiança em torno da seleção e era difícil, mesmo, segurar a euforia. Afinal, o time voltava a uma Olimpíada após 16 anos e vinha bem nos amistosos.

Mas… Daí a menosprezar a Austrália? Não se justifica.

Eles têm gente de NBA, atletas na elite da Europa há tempos – David Andersen é um dos jogadores mais bem remunerados no nível Euroliga por cinco ou seis anos já –, pivôs fortes, um técnico muito competente e um cestinha tão ou mais qualificado do que qualquer jogador brasileiro (Mills hoje tem muito mais facilidade para pontuar em jogadas individuais do que Leandrinho e Splitter, inegável).

O Brasil pode estar muito bem, ser considerado um favorito ao pódio, mas isso não servia para desqualificar nosso adversário de estreia.

Tivemos de ganhar o jogo, por  75 a 71. Não entramos com a partida já liquidada.

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E, para quem perdeu a hora, como foi?

Bem, um primeiro quarto tenso. Huertas pressionado, chutes forçados, transição australiana funcionando, mas conseguimos apertar as coisas no final do primeiro quarto, ficando um pontinho atrás apenas. O segundo quarto seguiu travado, com os brasileiros dessa vez terminando com o pontinho na frente.

No terceiro quarto, por cinco, seis minutos, a seleção enfim apresentou um basquete de acordo com o que havia praticando nas últimas duas semanas. Em vez de atuar como presa, foi o time que optou por caçar os adversários, forçando sete desperdícios de posse de bola, enfim conseguindo sair de modo organizado no contra-ataque. Abriu 13 pontos de vantagem.

E aí veio algo inesperado: podemos esperar algumas bobagens aqui e ali de Leandrinho com a bola, uma falta de ataque mal marcada pelo árbitro, 300 chutes forçados de Machado, mas não estávamos preparados, não, para um equívoco sério de… Magnano!

O argentino fez um favorzão aos Aussies ao sacar o quinteto brasileiro em sua íntegra, justamente quando o time estava em alta. Em três minutos, a diferença já estava na casa  de cinco pontos. Não era hora para colocar o Caio, che.

Entendeu, Leandro?!?!?

Magnano dá aquela bronca em Leandrinho, mas dois cometeram erros graves na partida

Uma vez com o núcleo Huertas-Leandrinho-Nenê em quadra para iniciar o quarto final, voltou o respiro no placar. Não que tenha de ser obrigatoriamente desta forma daqui até o final do torneio. Não vai ser necessariamente com esses que o Brasil vai render seu melhor – quer dizer, no caso do armador, sim. Mas cada jogo tem sua história e, contra os australianos, o físico e a disciplina de Nenê foram muito mais eficazes.

Na metade do quarto final, porém, duas bolas de três convertidas por David Andersen voltaram a mexer com a partida. De repente, o placar voltava para a casa de cinco pontos, caminhando para o os minutos decisivos daquele jeito que cardíaco não gosta.

Um jogo parelho, dois minutos no cronômetro, e o que fez a seleção? Colocou a bola nas mãos de Leandrinho. No primeiro ataque, o ala fez tudo direitinho: gastou a posse de bola, encontrou uma brecha na defesa, bateu para dentro e descolou a falta de Andersen e dois lances livres. Tudo de acordo com o script, levando o placar para 73 a 67.

Muito bom para ser verdade?

Parece que sim.

Nas duas posses de bola seguintes, Leandrinho tentou uma descabida e egoísta bola de três pontos (com 52 segundos no relógio e vantagem de quatro pontos…) que a gente já viu acontecer diversas vezes. Inexplicável, mesmo.

Do outro lado, Mills errou seu disparo de longa distância, e o ala brasileiro voltou a se precipitar. Tentou acelerar para um contra-ataque, foi de ombro em direção a Joe Ingles e cometeu a falta de ataque. O lance até pode ser discutível, mas não haveria bate-boca se o brasileiro não tivesse se colocado naquela posição. Faltavam 44 segundos, não era hora de correr com a bola.

Leandrinho acabou excluído, e Machado entrou em seu lugar. O veterano ala, em sua primeira Olimpíada, ficou caçando borboletas na defesa e permitiu que um Ingles livrinho da silva, cortando pela porta dos fundos :), fizesse a bandeja e diminuísse para dois pontos o placar.

Foi aí que a sorte deu uma ajudinha.

Huertas controlava o jogo, gastando tempo até chamar um corta-luz impecável de Splitter, desmarcando o companheiro. O armador entrou no perímetro interno e faria um perigoso passe quicado para a zona morta. No meio do caminho, porém, a bola bateu no pé de um australiano e morreu, com nove segundos no relógio. Resultado: os brasileiro ganharam alguns segundinhos preciosos para atacar, exigindo que os oponentes fizessem a falta.

E, gasp!

Foi por um triz que Mills não roubou a bola, antes de cometer a falta em Huertas. O armador acertou os dois lances livres.

Vitória na estreia? Sim, e ufa. Mas, de novo: com o jogo jogado.


O corte de Augusto e os pivôs das Olimpíadas
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Giancarlo Giampietro

Tá, vocês já sabem: Augusto Lima foi o último cortado da seleção brasileira masculina para as Olimpíadas de Londres-2012. No fim, o que isso pode significar?

Caio Torres, seleção brasileira

Caio Torres, um dos 12 olímpicos

Vamos tentar entender. Mas deixando bem claro: o que vem aqui abaixo é o produto de especulações internas do QG 21, sem informações que venham diretamente de Foz do Iguaçu, muito menos de Córdoba, na Argentina, ok? E outra: o post está imenso, sim, mas com informações que julgo interessante compartilhar e discutir de modo um pouco mais prolongado do que o normal.

Adelante, então:

– Começando pelo mais simples, algo que muitas vezes pode ser ignorado em favor de teses mais mirabolantes. Magnano pode realmente achar que Caio é o melhor jogador entre os dois pivôs ou pelo menos considerar que era o que estava em melhores condições para ir aos Jogos.

– Além disso, de informação, mesmo, dá para dizer que Magnano conhece Caio há tempos e sempre o admirou. Para justificar essa afirmação, resgatamos uma passagem que o blogueiro testemunhou lá atrás em 2004 (caceta, já são quase dez anos atrás!), na distante ilha de Chiloé, cidade de Ancud, no Chile. A anedota já foi contada em nossa encarnação passada, mas nem todo mundo aqui nessa nova casa tem ligações com o sobrenatural para saber disso, né? Então segue o que já foi publicado no VinteUm do além-vida, na ocasião da divulgação da primeira lista de Magnano: “Sabemos que Magnano adora Caio desde os tempos de base. Em 2004, em Ancud, cidadezinha a mil quilômetros de Santiago, lá embaixo no continente, o treinador já via o pivôzão fazer estragos, mesmo sendo dois anos mais novo que a concorrência num Sul-Americano. Estava lá e via o quanto ele se divertia em falar “The Big Man”, de boca cheia, subindo as escadas, em minha direção depois de ver o brasileiro atropelar os adversários no garrafão. Ao ver seu nome novamente incluído na relação principal, não tem como esquecer a cena.”

Faltou dizer que fazia um frio danado, e Magnano só estava virando as costas para o jogo para buscar um copo de café na tendinha bem tímida armada dentro daquele inesquecível ginásio, que precisava de uma calefação daquelas.

– Sabendo dos problemas físicos de Nenê, a convocação de Caio, também não deixa de ser um movimento de precaução do argentino, não? Mesmo na melhor forma física de sua vida, o pivô do Flamengo ainda é uma fortaleza.

David Andersen x Andrei Kirilenko

Andersen e Kirilenko: força bruta?

– Se ignorarmos as dores no pé de Nenê, talvez o argentino esteja se preparando para batalhas físicas de garrafão em Londres-2012. Esse é um mantra constantemente evocado aqui, ali e em todo lugar. Será, mesmo? Convém aqui, então, um resumo não tão breve sobre o que nos aguarda na primeira fase olímpica, pelo Grupo B, em termos de pivôs:

1) a Austrália tem um garrafão de respeito, com David Andersen, Aleks Maric e Matt Nielsen, todos beeeem rodados em alto nível na Europa. Desses, contudo, apenas Maric é alguém que investe muita energia de costas para a cesta, dando suas pancadas – algo que só fez em treino nas últimas duas temporadas, diga-se, já que estava enterrado no banco do Panathinaikos depois de um a Euroliga imponente pelo Partizan. Andersen também pode fazer isso, mas faz tempo que sua preferência é flutuar com frequência para o perímetro, dada sua habilidade no chute de média distância. Nielsen opera basicamente da cabeça do garrafão, fazendo bons corta-luzes, arremessando e orientando os companheiros;

2) a Rússia tem Timofey Mozgov e Sasha Kaun, um NBA e outro CSKA, dois grandalhões, mas nenhum deles é uma grande arma ofensiva. Varejão não teria problema com nenhum deles, por exemplo. O restante são alas-pivôs versáteis, que chegam na zona pintada com velocidade e, não, força;

Pau Gasol x Yi Jianlian

Há uma boa diferença entre um Pau Gasol e um Yi Jianlian

3) a China joga com Yi Jianlian e o imortal Wang Zhizhi, que são da categoria pena, né? Mais chutadores do que tudo. Tem também um sujeito de 2,21 m inscrito, Zhang Zhaoxu. Se ele fosse minimamente ameaçador, com essa altura e 24 anos, já teríamos ouvido a alguém mencioná-lo, creio;

4) a Grã-Bretanha está mais ou menos no mesmo patamar dos australianos, com gente bem experiente e pesada em Robert Archibald e Joel Freeland. Agora, são dois que Splitter cansou de enfrentar na Espanha, quase sempre com resultados mais que positivos. Já Pops Mensah-Bonsu tem um dos melhores nomes do torneio olímpico e é um ótimo atleta, mas não alguém para Caio marcar. Daniel Clark e Eric Boateng também podem apresentar um currículo razoável, mas ninguém pode temê-los.

(Nota de rodapé? Clark jogou com Caio no Estudiantes espanhol anos atrás e seguiu no clube, enquanto o brasileiro foi dispensado e/ou decidiu se desligar. Dava pra desenvolver mais aqui, mas iríamos nos estender demais, né? Tem a ver com jogador comunitário, imaturidade, muitas apostas no clube etc.)

5) Espanha: aí, sim. Os irmãos Gasol, o atlético Ibaka e o chatíssimo Felipe Reyes, daqueles que parece lento, baixo, mas é forte e técnico pra burro e nunca desiste. Aqui é pedreira para qualquer time do mundo.

6) Se quisermos já prospectar sobre as oitavas, os EUA vão apenas com um pivô tradicional para Londres, mesmo caso da Nigéria; a Argentina tem Juan Pablo Gutiérrez, a Lituânia leva o jovem Jonas Valanciunas e o robótico Javtokas; na França, os três pivôs listados são Ronny Turiaf, Kevin Seraphin e Ali Traoré, gente. São jogadores que podem render bem em determinadas situações, mas esse trio não intimida nem a China ofensivamente.

Façam as contas. A era dos gigantes, a era do “cincão” já acabou faz tempo, galera. Mesmo um Dwight Howard não representa exatamente o mesmo tipo de problema que era lidar com um Patrick Ewing, ou Arvydas Sabonis. O jogo vai mudando.

– Essa conclusão nos inclinaria para a convocação de Augusto? Teoricamente, sim. Seu jogo realmente se encaixa melhor com o que vamos ver pela frente: um pivô ágil, determinado, que corre toda a quadra. Não se iludam com algo: força física nem sempre quer dizer mais intensidade e melhor presença defensiva. E esse não é um ataque contra Caio, de modo algum. Aqui estou mirando, na real, os mantras, dogmas repetidos a esmo e que adotamos como a verdade mais pura e absoluta, sem muitas vezes nem parar para pensar a respeito, mesmo. Agora, não dá, necessariamente, para cravar que Augusto era a melhor escolha. Ele é mais jovem, mais cru e teve de superar uma série de questões físicas e médicas durante a última temporada.

– Questionar se não era o caso de cortar Raulzinho me parece algo bem inadequado. Ainda mais vendo Magnano usar Larry como um ala sem receio algum, nos últimos amistosos sem Leandrinho e/ou Marquinhos. E, quanto ao ligeirinho, não dá mais para considerar Leandrinho alguém que “joga, quebra o galho de 1”. Mesmo, e por favor. Na NBA, ele não executa mais esse tipo de bico há umas quatro temporadas, no mínimo. E a função de armador é muito importante para se falar em “quebra-galho”.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Caio Torres e Augusto Lima em sua encarnação passada.


Mercado da NBA: panorama da Divisão Central
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Giancarlo Giampietro

O post já vai ficar imenso, então vamos direto ao assunto. A partir desta quarta-feira, os clubes da NBA começaram a oficializar os acordos que trataram nos últimos dias, em período agitado no mercado de agentes livres. Nesta quarta, resumimos o Leste. Confira o rolo em que cada franquia da Divisão do Central se meteu, ou não, abaixo:

Cleveland Cavaliers: os principais reforços do time de Kyrie Irving (já dá para tratar assim, né?) por enquanto vêm do Draft: o ala-armador Dion Waiters, ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse, e o pivô Tyler Zeller. Em termos de negociações por agentes livres, tudo anda muito quieto em Ohio. A equipe chegou a ser envolvida na central de boatos própria que virou a negociação entre Nets e Magic por Dwight Howard, mas se recusou a receber o ala Kris Humphries com um contrato de mais de um ano de duração. Certos eles. Também se recusam a falar sobre Anderson Varejão com os diversos interessados.

Daryl Morey

Chicago agora detesta Morey

Chicago Bulls: o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, deve ser o novo inimigo público número um em Chicago, uns 80 anos depois de Al Capone. O rei dos nerds fez uma proposta diabólica pelo turco Omer Asik, que, se coberta, vai estrangular as finanças do Bulls daqui a dois anos. A partir desta quarta, John Paxson e Gar Forman têm três dias a mais para debater se vale a pena segurá-lo. Ronnine Brewer e CJ Watson, que dá lugar ao repatriado Kirk Hinrich, já foram dispensados. Kyle Korver ainda não sabe o que o futuro (breve) reserva. O novato Marquis Teague também vai ajudar Hinrich na missão de preencher os minutos perdidos pela lesão de Derrick Rose. Ah, e Luol Deng vai se quebrando ainda mais pela Grã-Bretanha.

Detroit Pistons: dos contratos bizarros que Joe Dumars andou distribuindo nos últimos anos, de um ele se desvencilhou no mês passado: Ben Gordon, mandado para Charlotte em troca de Corey Maggette. O ala ainda pode ter alguma utilidade, mas sua maior relevância para o clube é o fato de estar no último ano de seu contrato. Para o garrafão, na tentativa de dar uma força para o talentoso Greg Monroe, chegam o novato Andre Drummond, apenas 18 anos e forte candidato a pior chutador de lances livres da história da liga, e o ucraniano Vyacheslav Kravtsov, uma contratação surpreendente que agrada a muitos olheiros do basquete europeu, por sua capacidade atlética e evolução recente na liga de seu país. Ainda precisam arrumar o que fazer com Charlie Villanueva.

Vyacheslav Kravtsov

Ânimo, Kravtsov: você vai trocar de uniforme

Indiana Pacers: com um elenco jovem e barato, o Pacers brigou para valer com o Miami Heat nos playoffs, numa história inspiradora para os pequenos mercados da NBA que tentam se virar como podem diante das potências econômicas. Tava tudo muito bonitinho até que a temporada se encerrou de vez para escancarar uma rede de fofocas e intrigas na direção do clube. O resultado foi a demissão do gerente geral David Morway e na saída do presidente Larry Bird, que havia promovido o brilhante – e genioso – Kevin Pritchard para o cargo de seu antigo assessor. O veterano Donnie Walsh, arquiteto daquela versão histórica do Pacers dos anos 90 liderada por Reggie Miller, assume o cargo de Bird, para aliviar a tensão. George Hill teve seu contrato renovado, mas ainda não há sinal nenhum sobre as intenções do clube a respeito de Leandrinho. O pivô Roy Hibbert fica. Depois de flertar com o Portland, do qual iria receber uma bolada, foi avisado de que nem precisaria assinar a proposta, que ela seria coberta de imediato.

Milwaukee Bucks: Está aqui uma dessas franquias que poderia se inspirar no que fizeram o Pacers, com ou sem intriga, vá lá. A prioridade de John Hammond era renovar com o versátil ala-pivô turco Ersan Elyasova e, a despeito de muito assédio, até da Europa, ele conseguiu. Outro estrangeiro, o argentino Carlos Delfino deve estar de saída. Chegam os novatos John Henson, ala-pivô magrelo, mas ótimo defensor, e Doron Lamb, campeão universitário por Kentucky e de boa pontaria nos três pontos.

Veja o que aconteceu até agora nas Divisões do Atlântico e Sudeste.

Na quinta, passamos a limpo aqui a Conferência Oeste.


Seleção vence ‘coletivo’ contra o Chile
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter contra o Chile

Na falta de adversário mais forte, vai contra o Chile, então. Em abertura de torneio amistoso em Buenos Aires, a seleção brasileira fez uma espécie de coletivo oficial nesta quinta-feira contra um time que apanharia mesmo de nosso time B que foi mal no Sul-Americano. Terminou 110 a 64.

Valeu para quê?

– Bem, Leandrinho pôde (me deixem com meu próprio acordo ortográfico) desenferrujar um pouquinho puxando contra-ataques, em sua primeira exibição pela equipe desde o Mundial de 2010. Splitter também precisava de alguns minutinhos a mais.

– Outro ponto é o básico “reconhecimento de quadra” para poder enfrentar a Argentina, os donos da casa, no dia seguinte. Desde que, claro, vençam a galera da Espanha B, em partida que deve ser um pouco mais complicada.

– Nenê e Marquinhos nem tiraram o agasalho e foram poupados. Alguma coisa mais séria? Precaução em relação a quê? No fim, eram 11 fardados de 13 possíveis.

– Na rotação de pivôs sem Nenê, Tiago foi o titular, com Giovannoni ao seu lado. Caio Torres foi primeiro a sair do banco, na metade do primeiro quarto. Varejão entrou no finalzinho dessa parcial. Augusto foi acionado na metade do segundo quarto, com a 13 do Nenê, e jogou bem menos. Indício de corte?

– Entre os armadores, Huertas começou o jogo, deu lugar a Larry, que, depois, teve a compahia de Raulzinho – ficaram dois armadores em quadra, uma vez que a equipe estava com um ala a menos. Tudo no período de abertura também. Os dois reservas, diga-se, não tiveram uma atuação tão animadora assim.

– Há um ala chileno, Jorge Schuler, que é sósia de Luis Scola. Mas é amanhã que devemos enfrentar a fera de verdade.

– Numa rodada preliminar, o ginásio portenho Luna Park lotou. Torneio na capital argentina. Bem diferente do que tivemos por aqui na semana passada e vamos ter na próxima semana. Reforçando: BEM diferente a atenção dada ao time nacional. Deles, no caso.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada