Vinte Um

Arquivo : John Stockton

Tal pai, tal filho? Segunda geração invade as quadras da NBA
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Giancarlo Giampietro

Não é um fenômeno recente. Digo, um fenômeno de agora. Mas é algo que vem ficando mais e mais recorrente. A cada temporada da NBA, temos a chance de revisitar alguns sobrenomes bastante familiares – ao menos para a minha geração, a dos trintões desse Brasil profundo. Acho que começou com o Patrick Ewing Jr., ou algo assim. Mas aí veio muito mais: Hardaway, Robinson, Rice… Até chegarmos a um STOCKTON no mês passado. É uma segunda geração cara-de-pau, que não viu problema algum em seguir os passos de seus pais famosos. “Encaramos isso como se você o nosso tempo agora”, afirma Tim Hardaway Jr., o ala do Knicks. “Eles já tiveram o deles.”

Vamos recuperar alguns desses nomes, então? Escrevo “alguns” pois me parece meio que impossível dar conta de todos os caras espalhados por aí. Se você se lembrar de mais um, favor entrar em contato com a secretaria, que anda ocupada, mas é atenciosa. Serviço de utilidade pública, gente. Por favor.

Para não virar uma bagunça, vamos dividi-los por categorias – incluindo alguns universitários que podem aumentar a legião nos próximos anos. Aqui, vamos agrupar os atletas cujos pais jogaram na liga pelo menos em alguma temporada dos anos 90, tá? Porque, acho, deixa a coisa mais legal, devido à maior chance de familiaridade com eles. Desta forma, que nos desculpem Kobe/Joe “Jellybean” Bryant, Kevin/Stan Love (o parente mais famoso do ala-pivô, na real, é o tio Mike Love, vocalista dos Beach Boys) e Joakim/Yannick Noah (do tênis, dãr):

>> Difícil de superar
A molecada vai ter de suar e melhorar muito para poder fazer cócegas no currículo paterno.

David/John Stockton

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

Se você é o filho do Pelé e quer jogar futebol de qualquer jeito, o cenário menos exigente talvez fosse virar goleiro, mesmo, como no caso de Edinho. Agora, se o seu pai se chama Stockton, você vai topar ser armador, mesmo? David, convenhamos, é um garoto determinado, para dizer o mínimo. Ainda assim, se formos pegar suas médias na universidade de Gonzaga, a mesma de John, temos modestos 4,8 pontos e 3,1 assistências em 20 minutos. No último ano, antes de se formar, somou 7,4 pontos e 4,2 assistências: nada de outro mundo. Então não há como negar também que o sobrenome deu uma boa ajuda na hora de o rapaz assinar um contrato de training camp com o Washington Wizards no ano passado. Dispensado, entrou na D-League, pela qual foi selecionado pelo Reno Bighorns, a franquia conveniada com o Sacramento Kings. Foi pelo time da capital californiana, com um contrato de 10 dias, se aproveitando da lesão de Darren Collison, que ele fez sua estreia, no dia 21 de fevereiro, ao receber sete minutinhos contra o Los Angeles Clippers. A primeira assistência – e, por ora, a única – de sua carreira foi para o israelense Omri Casspi, num tiro de três pontos no Staples Center. Agora, está de volta a Reno. Uma curiosidade? David, na verdade, não foi o primeiro descendente direto de Stockton a se associar a um clube da NBA. Seu filho mais velho, Michael, profissional na Alemanha, já havia defendido o Utah Jazz numa liga de verão em 2012.

O que o pai fez? Só é o líder no ranking histórico de assistências e roubos de bola da NBA, membro do Dream Team original, duas vezes campeão da Conferência Oeste e jogou a vida toda com shorts bem pequenos, mesmo num mundo pós-Iverson.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, tendo vestido uma só camisa, a do Utah Jazz.
Por onde anda? Com muito custo, o Utah consegue tirá-lo de casa para alguma cerimônia. Só atende a ligações de Karl Malone e Jerry Sloan.

Tim Hardaway Jr./Sr.

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Ala do Knicks, mas vai saber até quando. Eleito para a seleção da Big Ten quando defendeu a Universidade de Michigan, pela qual foi vice-campeão da NCAA em 2013. Foi selecionado na 24ª posição do Draft daquele ano. Em duas temporadas pelo Knicks, alternou bons e maus momentos. No geral, não tem o rendimento dos mais eficientes como cestinha, convertendo apenas 41,2% dos arremessos na carreira e 34,9% de três pontos, com menos de 2 lances livres por jogo. No geral, sua média é de 10,7 pontos por jogo, ou de 16,4 pontos por 36 minutos. Aos 22 anos, poderia ser visto como uma peça de futuro do clube nova-iorquino, mas a verdade é que já foi incluído como moeda de troca em diversas propostas de Phil Jackson, a última delas buscando Goran Dragic.

O que o pai fez? No auge, tinha um dos crossovers mais mortais da NBA, sendo integrante do aclamado trio Run TMC do Golden State Warriors. Em 1993, porém, sofreu uma grave lesão no joelho que lhe roubou a explosão e obrigou a se reinventar como um arremessador em Miami ao lado de Alonzo Mourning. Foi eleito cinco vezes para o All-Star Game e teve médias de 17,7 pontos e 8,2 assistências.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, aos 36, como reserva do Indiana Pacers, e paciência.
Por onde anda? É assistente de Stan van Gundy em Detroit.

Glenn Robinson III/II

Glenn Robinson para tudo que é lado

Glenn Robinson para tudo que é lado

Uma dinastia de Glenn Alan Robinsons, vejam só! O terceiro da linhagem foi draftado Minnesota Timberwolves no ano passado, na 40ª posição. Acompanhou Hardaway Jr. (além de Trey Burke e Mitch McGary) em Michigan, mas esticou sua permanência por lá com a expectativa de que um ano a mais na NCAA serveria para aprimorar sua técnica. Não aconteceu: o ala ainda é tido como um superatleta, mas bastante limitado com a bola em mãos. Sob o comando de Flip Saunders, jogou 108 minutos em 25 partidas em sua primeira temporada, até ser dispensado para a contratação do pivô Justin Hamilton. Foi recolhido pelo Philadelphia 76ers. Tem 21 anos.

O que o pai fez? Foi o primeiro num Draft que tinha Jason Kidd e Grant Hill. Anotou mais de 20 pontos em média por oito temporadas – a média da carreira foi de 20,7. Duas vezes All-Star. Na sua saideira da liga, ainda descolou um título pelo Spurs. Ah, mas claro: ganhou e adotou o apelido de Cachorrão. Aí, sim.
Quando o pai se aposentou? Em 2005, jogando 8,7 minutos em média pelo Spurs nos playoffs.
Por onde anda? Está curtindo por aí. Ganhou mais de US$ 80 milhões em salário.

Glen Rice Jr./Sr.

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Aqui, roubamos um pouco, já que o ala foi dispensado pelo Washington Wizards, perdendo a concorrência por minutos na rotação de Randy Wittman para o veterano Rasual Butler. A princípio, isso poderia parecer humilhante, mas Butler jogou bem o suficiente este campeonato para entendermos a decisão. Rice Jr. agora está de volta ao Rio Grande Valley Vipers, da D-League, aos 24 anos, em busca de uma nova chamada. Sua primeira passagem pela liga de desenvolvimento aconteceu em 2013, quando foi dispensado pela Universidade de Georgia Tech, de tanto que aprontava fora de quadra. Na capital americana, pelo que tudo indica, se comportou bem, mas não teve muitas chances para se provar. Em duas temporadas, ganhou apenas 152 minutos de Wittman, pouco mais de três partidas inteiras.

O que o pai fez? All-Star em três temporadas pelo Charlotte Hornets. Naqueles tempos, tinha um respeito considerável na liga, a ponto de ser incluído como peça principal num pacote de Pat Riley por Alonzo Mourning. Acertou 40% de seus arremessos de três e marcou mais de 18 mil pontos, com média de 18,3. Em 2000, ganhou um título pelo Lakers, sendo titular no timaço de Shaq e Kobe. MVP do All-Star Game de 1997.
Quando se aposentou? Em 2004, como reserva do Clippers.
Por onde anda? Rice reapareceu nos noticiários – políticos! – quando revelou que passou uma noite amorosa com a ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, quando universitários. Hoje, é dono da GForce Promotions, que aspira a ser uma liga de desenvolvimento do MMA nos EUA. Sério.

Austin/Doc Rivers

Técnico e jogador, pai e filho

Técnico e jogador, pai e filho

Austin já foi considerado o melhor prospecto de sua geração quando estava no High School. Passou um ano por Duke, trabalhando com o Coach K. Durante sua única temporada como universitário, porém, viu seu status e encanto diminuir com os scouts. Já em seu terceiro ano como profissional, talvez restem poucos que acreditem que ele possa virar ao menos um jogador decente para a NBA. A vida é dura: o rapaz tem apenas 22 anos. Sua passagem pelo Clippers, clube no qual se tornou o primeiro filho a jogar por seu pai treinador na liga, também não anima tanto.

O que o pai fez? Foi um ótimo armador, eleito All-Star em 1988, quando era um dos escudeiros de Dominique Wilkins pelo Atlanta Hawks, no auge. Ao todo, jogou os playoffs por 10 temporadas, sendo vice-campeão do Leste pelo Knicks em 1993 e vice-campeão do Oeste pelo Spurs em 1995.
Quando se aposentou? Em 1996, pelo Spurs, que tinha Bob Hill como técnico e um então anônimo Gregg Popovich como gerente geral.
Por onde anda? Sabemos bem.

Phil/Paul Pressey

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Phil quem? Talvez só o torcedor do Boston Celtics mais fanático possa dissertar a respeito do armador que fez sucesso pela Universidade de Missouri entre 2010 e 2013, ganhando vários prêmios por lá. Se a fama por lá não foi o suficiente para lhe render uma posição no Draft, ao menos o ajudou para fechar contrato com o Boston Celtics. Danny Ainge o adora e confia que, aos 24 anos e em sua segunda temporada, ainda pode se desenvolver e se tornar uma boa opção de armador reserva. Tem velocidade e visão de quadra, mas o arremesso é falho – tem aproveitamento de apenas 32,8% em 115 partidas, com média de aproximadamente 14 minutos. Acontece que, baixinho por baixinho, acaba de chegar Isaiah Thomas, alguém muito mais qualificado, deixando o futuro de Pressey na Beantown bastante nebuloso.

O que o pai fez? Paul Pressey também teve uma carreira universitária de destaque, em Tulsa, a ponto de ser escolhido um All-American em 1982, quandol também seria selecionado pelo Milwaukee Bucks na 20ª posição do Draft. Jogou pelos Bucks por sete anos, com sucesso, participando de equipes que desafiavam gigantes como o Celtics e o Sixers nos playoffs, sob o comando de Don Nelson. O heterodoxo treinador, aliás, enxergou no ala de 1,96 m a habilidade necessária para torná-lo o condutor do time. Pressey se tornou, então, um dos primeiros “point forwards” da liga, ao estilo de Grant Hill e LeBron James – se é que não foi, de fato, o pioneiro da posição na NBA. Bastante atlético, também competiu em torneio de enterradas e foi eleito duas vezes para a seleção dos melhores defensores da liga.
Quando se aposentou? Em 1993, disputando 18 partidas pelo Golden State Warriors, novamente com Nelson, de quem já era assistente.
Por onde anda? Integra a comissão técnica de Byron Scott no Lakers.

>> Já viraram a referência
Quando os caras dos anos 80/90 passam a ser conhecidos como pais de fulano.

Stephen/Dell Curry

Três grandes arremessadores

Três grandes arremessadores

Aqui nem precisamos elaborar muito, né? Stephen deixou as lesões de tornozelo no passado e se fixou como uma das figuras mais populares da nova NBA. Para ele, não existe sequer um arremesso que pareça impossível de acertar. Além disso, tem um dos dribles mais vistosos e efetivos da liga e vem melhorando sensivelmente como defensor. Candidato a MVP da temporada. E chega.

O que o pai fez? Transferiu geneticamente sua habilidade de grande chutador para dois filhos – Stephen e Seth, hoje num contrato de 10 dias com o Phoenix Suns. Maior cestinha da franquia Hornets, Dell entrou na liga em 1986, escolhido em 15º pelo Utah Jazz, passou pelo Cleveland Cavaliers, mas fez seu nome, mesmo, em Charlotte, como um exímio arremessador de média para longa distância. Melhor sexto homem em 1994, era um verdadeiro especialista, tendo convertido mais de 40% de seus disparos de longa distância (foram 1.245 no total, número tímido para os padrões do filho pródigo, que já soma 1.121 na carreira, com aproveitamento de 43,6%).
Quando se aposentou? Aos 37, em 2002, ainda como uma peça importante no Toronto Raptors de Vince Carter.
Por onde anda? É comentarista de TV nas transmissões locais do Hornets.

Wesley/Wes Matthews

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O ala do Blazers já falou muito a respeito da difícil relação que tem com o pai, de quem herdou o nome, mas com o qual não teve convívio algum durante toda sua infância e adolescência. Admite, inclusive, que esse distanciamento – ele e sua mãe foram, basicamente, abandonados pelo ex-jogador – o fez tornar a pessoa e o atleta que é hoje, um cara que deu um duro danado para se profissionalizar e, acima de tudo, virar um dos melhores em sua posição, com mais de US$ 30 milhões já ganhos em seis anos de carreira. Uma pena, porém, que, na melhor temporada recente do clube de Portland, o ala, excelente defensor e arremessador, tenha sofrido uma ruptura no tendão de Aquiles que encerrou sua campanha. Vai virar agente livre ao final do campeonato, numa das situações mais curiosas do mercado.

O que o pai fez? Foi selecionado pelo Washington Bullets na 14ª posição do Draft de 1980, mas não teve uma carreira produtiva, muito menos estável. O cara se tornou um andarilho, na verdade, passando por San Antonio, Chicago, Philadelphia, Atlanta e Los Angeles. Por sorte, quando estava na Califórnia, caiu nas graças de Magic Johnson e fez parte do elenco bicampeão em 1987-88. O Hawks, em uma segunda passagem em 1990, foi seu último time de NBA. Depois, jogou na Itália, nas Filipinas, em ligas menores americanas e afins. Até que…
Quando se aposentou? Em 1998, como jogador do… COC-Ribeirão Preto! Ele foi dispensado do clube paulista depois de trocar socos com o dominicano José Vargas, que teve passagem marcante por Franca, e de o time ter perdido a final do Paulista.
Por onde anda? Mora em Chicago. De vez em quando, comparece a jogos do filho, dá conselhos e tenta desenvolver a relação.

Al/Tito Horford

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Também não precisa gastar muito tempo para falar sobre Al Horford, a principal peça da melhor equipe da Conferência Leste no momento. Multitalentoso, dedicado, excelente figura de vestiário, bicampeão universitário por Florida, mais de US$ 67 milhões em salário etc. etc. etc.

O que o pai fez? Foi o primeiro jogador dominicano a atuar na NBA. Tinha 2,16 m, gigante que só, e se formou pela Universidade de Miami. Pelo que consegui levantar de seu início de carreira, dá para dizer que não era dos atletas mais empenhados nos treinos. Ainda assim, pelo tamanho e pela habilidade, foi recrutado pelo Milwaukee Bucks na segunda rodada do Draft de 1988, em 39º. Ficou em Milwaukee por dois anos apenas, jogando com Paul Pressey. Em 1993, assinou um contrato de 10 dias com o Bullets. Na Europa, jogou na Itália e na França. Em suas andanças, também jogou no Brasil, no final da década de 90, defendendo Sírio e Suzano. Teve uma filha por aqui, Maíra Fernanda, hoje atleta do São José, da LBF.
Quando se aposentou? Em 2004, pelo San Carlos, da fraca liga dominicana.
Por onde anda? Vive nos Estados Unidos e acompanha mais um filho tentando a sorte no basquete: Jon Horford, ala que se transferiu da Universidade de Michigan para a da Florida e andou aprontando por lá.

Andrew/Mitchell Wiggins

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Sim, ainda está muito cedo para julgar a carreira de Andrew, 20 anos e apenas 66 jogos disputados pelo Timberwolves, como um sucesso. Mas o fato é que, em termos de divulgação/hype/popularidade, o menino já superou o pai. Além do mais, sua primeira temporada na liga dá todos os indícios de que a badalação que recebeu desde os tempos de colegial em Toronto era justificada.

O que o pai fez? Mitchell foi selecionado pelo Indiana Pacers em 23º no Draft de 1983, mas jogou sua primeira temporada pelo Chicago Bulls. Um ala-armador talentoso, foi vice-campeão da NBA pelo Houston Rockets em 1986, derrotado ao lado de Hakeem Olajuwon e Ralph Sampson por um histórico Boston Celtics. Naquele mesmo ano, porém, seria flagrado num exame antidoping, por uso de cocaína. Foi suspenso por dois anos, e só voltou a jogar na liga em 1989, ainda pelo Rockets. Fez sua melhor temporada, com média de 15,5 pontos por jogo, aos 30, até ser novamente suspenso e dispensado. Ainda defendeu o Philadelphia 76ers em 1991-92, com 11 minutos em média em 49 partidas. De todo modo, conseguiu prolongar sua vida de atleta na Europa, ficando um bom tempo na Grécia. Foi mais um a passar pelas Filipinas e ainda defendeu o Limoges, time tradicional francês. Vice-campeão mundial em 1982 pela seleção norte-americana.
Quando se aposentou? Em 2003, jogando em ligas menores dos Estados Unidos.
Por onde anda? Mora no Canadá, casado com a medalhista olímpica Marita Payne-Wiggins.

>> Júri em aberto
Os mais jovens têm boas chances para assumirem o protagonismo em família.

Klay/Mychal Thompson

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Talvez Klay já tenha invertido a dinâmica, com um status de astro emergente. Mas o fato é que seu pai teve uma carreira muito mais duradoura e expressiva que a de Mitchell Wiggins. Então o ala do Warriors, aquele dos 37 pontos em um só período, ainda fica nessa categoria. Por enquanto.

O que o pai fez? Nativo das Bahamas, Mychal foi o calouro número do Draft de 1978, como um ala-pivô muito forte, de envergadura considerável, saindo da Universidade de Minnesota. Dá para dizer que, nos primeiros anos de carreira, era muito mais badalado que o filho. Seguindo a trágica tradição de pivôs do Portland Trail Blazers, perdeu a segunda temporada pela franquia devido a uma fratura na perna. De qualquer maneira, quando retornou, fez sua melhor temporada em termos estatísticos, com médias de 20,8 pontos, 11,7 rebotes, 4,0 assistências e 1,4 toco, em 1981-82. O Blazers, no entanto, não conseguiu ir tão longe nos playoffs sob sua liderança, nem mesmo quando o grandalhão fez parceria com o jovem Clyde Drexler. Em 1986, foi trocado para o San Antonio Spurs. Um ano depois, seria repassado ao Los Angeles Lakers, numa típica transação que irritaria a NBA até hoje: daquelas em que o clube californiano claramente levava a melhor. Em Los Angeles, chegou para ser bicampeão logo nas duas primeiras campanhas, como um reserva de luxo para Kareem-Abdul Jabbar.
Quando se aposentou? Em 1991, após derrota do Lakers para o Bulls na final.
Por onde anda? Comentarista. Talvez seja a fonte mais consultada pelos jornalistas envolvidos na cobertura do Warriors – especialmente durante os meio que turbulentos dias em que seu filho era especulado como possível moeda de troca por Kevin Love. Mychal fala mais até que Dell Curry.

Ed/Terry Davis

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Um dos maiores enigmas da temporada perdida do Los Angeles Lakers gira em torno dos minutos de Ed. Por que diabos Byron Scott não daria mais tempo de quadra para o pivô de 25 anos? Ainda mais depois da lesão do calouro Julius Randle. Para que gastar oportunidades com Carlos Boozer? E o Robert Sacre (um bom defensor no garrafão, admitamos, mas que não passará de um quinto homem de rotação num time minimamente competente)? Mesmo que não seja mais tão jovem assim, Davis claramente tem potencial a ser explorado. Ficou apenas 23,9 minutos em quadra neste campeonato e foi titular em 24 jogos, com médias de 8,3 pontos, 7,5 rebotes e 1,3 toco. Em uma projeção por 36 minutos, teria 12,5, 11,3 e 2,0, respectivamente. É a temporada mais eficiente de sua carreira, tendo já defendido o Toronto Raptors e o Memphis Grizzlies.

O que o pai fez? Terry não foi draftado ao sair da Universidade de Virginia Union, bem menos expressiva que a UNC – mas a mesma que revelou gente casca grossa como Charles Oakley e Ben Wallace. Com abordagem semelhante em quadra, conseguiu jogar na liga por 10 temporadas, vivendo seus melhores anos pelo Dallas Mavericks de 1991 a 93, beirando um double-double de média. Importante dizer, todavia, que o Mavs era um saco de pancadas nessa época. Desde então, foi basicamente relegado ao banco e nunca foi aos playoffs, seja pelo Washington Bullets ou pelo Denver Nuggets. Ed é um jogador superior, mas, em termos de longevidade, ainda não está garantido – sem encontrar um nicho de mercado, fechou um contrato baixo e de curta duração com o Lakers nesta temporada. Seu agente, Rob Pelinka, é o mesmo de Kobe Bryant.
Quando se aposentou? Em 2001, pelo Nuggets, aos 33.
Por onde anda?  Hm… Não tenho ideia.

Jerami/Harvey Grant

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami foi companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e exultava potencial. Na defesa por zona comandada por Jim Boeheim, foi um terror para seus adversários, devido a sua envergadura e agilidade. Na hora de entrar no Draft, viu sua cotação despencar, porém. Supostamente por não ter uma “posição” definida, flutuando entre 3 e 4. O Philadelphia 76ers agradeceu, podendo acolhê-lo na 39ª colocação, oferecendo um contrato de quatro anos, baratíssimo. O ala perdeu as primeiras semanas devido a uma lesão no tornozelo, mas conseguiu seu espaço aos poucos. Aos 20 anos, seu talento é indiscutível, a ponto de o clube não se incomodar em ceder KJ McDaniels ao Houston Rockets. Pode ser dos raros casos que flerte com 2 tocos e roubos de bola por partida.

O que o pai fez? Harvey esteve sempre um degrau abaixo do irmão gêmeo, Horace. Aliás, estamos falando de um verdadeiro clã do basquete. Horace, vocês conhecem dos títulos com o Bulls e da parceria com Shaq em Orlando e Los Angeles, com direito a visita a Franca neste mês. E ainda vem por aí o Jerian Grant, irmão de Jerami que vem fazendo uma grande temporada pela Universidade de Notre Dame e muito provavelmente vai ser escolhido entre os 30 primeiros  do próximo recrutamento. Enfim, voltando a Harvey: ele entrou na liga um ano depois do irmão, em 1988, via Washington Bullets. Ficou na capital americana até 1993, tendo média superior a 18,0 pontos por jogo nos últimos três campeonatos por lá, com bom tiro de média distância e boa presença na tábua ofensiva. Foi mandado para Portland em troca de Kevin Duckworth. Depois, voltou a Washington em 1996, ao lado de Rod Strickland, em negociação envolvendo Rasheed Wallace.
Quando se aposentou? Em 1999, pelo Sixers. Ele chegou a ser trocado ainda com o Orlando Magic, mas nunca disputou um jogo pelo clube da Flórida.

>> Na fila

Dois Paytons em Oregon State

Dois Paytons em Oregon State

Prepare-se, aliás, que pode ter mais: na Universidade de Oregon State, há um armador em seu terceiro ano de estudos que, aos poucos, vem ganhando fama entre os scouts. Ele se chama Gary Payton II., que conseguiu no final de 2014 o primeiro triple-double (10 pontos, 10 assistências e 12 rebotes, fora as seis roubadas) de sua equipe desde… o seu pai, 27 anos atrás. Já podem chamá-lo de Luvinha, por favor. Pouco badalado no início do ano, o rapaz já começa a ser especulado como um possível candidato ao Draft deste ano. Seu pai faz de tudo para a NBA voltar a Seattle – e, enquanto não volta, também não pára de mandar mensagens para os ex-companheiros, em busca de um empreguinho na liga.

Na Universidade de Detroit, temos o ala Juwan Howard Jr., que, segundo consta, não desfruta de muito prestígio com os olheiros, não. Com 1,95 m, pelo menos dez centímetros mais baixo que o pai, joga mais no perímetro e tem média de 17,8 pontos nesta temporada, sua terceira, com aproveitamento de 42,3% nos arremessos de três pontos. O paizão se aposentou há pouco e hoje é assistente do Miami Heat.

Jogando por uma universidade bem mais tradicional, a de Winsconsin, o armador Traevon Jackson é filho do ala Jim Jackson, aquele nômade que defendeu 12 clubes entre 1992 e 2006 e já disputou o coração de Toni Braxton com Jason Kidd quando eram jovens apostas do Mavs. O Jackson filho está afastado das quadras no momento, se recuperando de uma fratura no pé direito – pode ser que nem jogue os mata-matas da NCAA, aliás. O sênior é comentarista de basquete universitário, da conferência Big Ten, ao lado de Kendall Gill e de seu xará Jimmy King, ex-Bad Boy.

A Universidade de Wyoming conta com os serviços de Larry Nance Jr. para fazer uma boa campanha no torneio da NCAA, enfrentando Northern Iowa na primeira rodada, em Seattle. O ala de 2,03 m de altura tem médias de 16,1 pontos, 7,2 rebotes e 2,5 assistências em seu último ano como atleta-estudante. Sonhando com o Draft da NBA, Nance já orgulha a família pelo simples fato de estar competindo em alto nível com sua idade. Aos 22, ele tem de combater no dia-a-dia a Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Larry Nance, o pai, jogou por 13 anos na liga, passando os primeiros seis anos e meio em Phoenix, até ser trocado pelo armador Kevin Johnson, mudando-se para Cleveland. Na Conferência Leste, foi vítima constante de Michael Jordan nos playoffs, acompanhado de Mark Price e Brad Daugherty. Foi eleito para três All-Stars, ganhou o torneio de enterradas de 1985 e teve médias de 17,1 pontos, 8,0 rebotes e 2,2 tocos, sendo um ala-pivô extremamente atlético.

*   *   *

Para fechar, então, uma boa musiquinha, né?

O quê? “Pais e Filhos”? Ah, vamos ser um tico mais originais, né? Vamos voltar aos anos 70 com o antigo Cat Stevens, hoje Yusuf Islam:


Utah Jazz: mais uma chance para uma mente brilhante
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Giancarlo Giampietro

 30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Saga de Snyder o leva a Utah. Fim de peregrinação

Saga de Snyder o leva a Utah. Fim de peregrinação

Quando o Portland Trail Blazers foi enfrentar o Utah Jazz lá nos confins das Montanhas Rochosas na abertura da pré-temporada, enquanto o jogo rolava, o técnico Terrt Stotts teve uma sensação estranha, à medida que ele e seus assistentes analisavam mais e mais o adversário. Seria o Utah mesmo? Ele diria aos repórteres locais, depois, que era a primeira vez que via o time sem nenhum vestígio dos tempos de Jerry Sloan.

Não é fácil virar as costas para algo que deu certo por tanto tempo. Sob o comando de Sloan por incríveis 23 anos, numa das gestões mais duradouras que a liga já viu, a equipe chegou a duas finais da NBA e a mais quatro finais de conferência e só ficou fora dos playoffs em três temporadas, de 2004 a 2006, sendo que apenas em 2005 eles tiveram um recorde abaixo de 50% de aproveitamento.

Sabe aquela coisa de desenvolvimento sustentável? O Utah Jazz representou isso no basquete, antes de Gregg Popovich e Tim Duncan levarem o San Antonio Spurs a outro patamar. Mas chega uma hora que isso acaba, gente. A família Miller e o cartola Kevin O’Conner bem que tentaram prorrogar esse período com a promoção de Tyrone Corbin. Não deu muito certo.

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Corbin, é verdade, pegou um time em reformulação depois da saída de Deron Williams e Carlos Boozer – e, depois, de Paul Millsap e Al Jefferson. A diretoria tem um dedo nisso, claro. Mas em nenhum momento ele conseguiu passar uma identidade ao seu jovem time em quadra. A defesa era uma calamidade. Chegara a hora de seguir em outra direção. E Quin Snyder foi o escolhido para conduzir esse processo.

Quando você faz uma breve pesquisa sobre Snyder, a pergunta que fica é a seguinte: por que levou tanto tempo para ele chegar aqui?

Porque vejam só o que o Trevor Booker tem a dizer: “O Coach Q é um gênio do basquete”. E quanto ao Steve Novak? “Ofensivamente, acho que é área em que ele tem uma grande mente para o jogo. Você vê nas sessões de filme e nas rodas, que ele tem um monte de ideias no ataque, e acho que a gente ainda está na ponta do iceberg”, diz. E o Enes Kanter fala também de sua facilidade no relacionamento: “Ele é como se fosse um irmão mais velho. Não tenta se impor como o técnico e que saiba tudo. Ele pergunta para os jogadores o que deveríamos fazer em algumas ocasiões. Ele se comunica com os jogadores, e isso significa muito para mim. Quando você está sob estresse, isso te afeta em quadra. Mas quando falamos com o técnico Quin, ele te dá confiança e ele se comunica tão bem que você apenas vai jogar, quer jogar jogar por ele. Faz muita diferença. Vai ser um ano interessante”.

É o suficiente?

Espere só para ver o depoimento dos rapazes de Atlanta, como os quais ele trabalhou na temporada passada como assistente de Mike Budenholzer. Antes, porém, vamos tentar contar a história, a saga do novo treinador do Utah Jazz  e entender por que demorou tanto – ou não.

Quin Snyder levou Mercer Island a um título estadual em Washington em 1985

Quin Snyder levou Mercer Island a um título estadual em Washington em 1985

Quincy Snyder era uma estrela no estado de Washington nos tempos de colegial. Qualquer pessoa minimamente interessada por basquete o reconhecia pelo nome. O primeiro, no caso. Ele, por exemplo, seria o primeiro jogador da região a ser eleito como McDonald’s All American, inserido na elite do basquete colegial. Optou por jogar com o Coach K em Duke, de 1985 a 89. Nesses quatro anos, jogou o Final Four em três ocasiões, sendo titular a partir da temporada de sophomore, a segunda. Virou também o capitão do time. O curioso é que talvez ele tivesse ainda mais sucesso fora das quadras, como estudante. Quando se formou em 89, tinha diplomas de filosofia e ciência política. E não parou por aí: dez anos mais tarde, completou um doutorado na escola de direito de Duke e também um MBA na escola de negócios.

Nesse meio tempo, enquanto não se cansava de estudar, encerrou sua breve carreira como jogador e entrou no mundo dos técnicos, bastante jovem. Em 1992-93, chegou a fazer bico como assistente do Los Angeles Clippers de Larry Brown. O time chegou aos playoffs e fez dura série com o Houston Rockets, caindo na primeira rodada. Quando enfim largou a sala de aula, foi efetivado como assistente de Krzyzewski em 1995. Em 1997, já era o técnico principal associado. Em 1999, era a hora de montar o seu próprio programa. Aceitou, então, uma oferta da Universidade de Missouri, não importando a responsabilidade de substituir Norm Stewart, um treinador que havia ocupado o cargo por 32 anos. Trinta e dois! Coincidentemente, a mesma idade de Snyder.

Não teve pressão que atrapalhasse sua ascensão impetuosa. Seu time se classificou por quatro anos seguidos aos mata-matas da NCAAA, se posicionando entre os oito melhores (o chamado “Elite Eight”) em 2002, a melhor marca da história. Obviamente, foi incensado pelos locais, ainda mais pelo fato de a equipe conseguir fazer frente a Kansas, seu arquirrival muito mais laureado. Tão rápido ele subiu, contudo, tão vertiginosa foi a queda. Investigações da sempre hipócrita entidade que regular o esporte universitário americano detectaram uma série de irregularidades no trabalho conduzido com os Tigers. A situação se transformou num escândalo em Missouri, embora, quando reveladas, as infrações se tornassem pálidas se comparadas com o que já se viu por lá. Coisas como atender o telefone em uma situação inapropriada e pagar uma refeição além da conta para prospectos. Chocante, né?

Sob a tutela do Coach K. Raro pupilo que prosperou, ainda que tenha passado por dificuldades

Sob a tutela do Coach K. Raro pupilo que prosperou, ainda que tenha passado por dificuldades

O furacão de (falta de) relações públicas, porém, derrubou Snyder em 2006. A turbulência afetou os resultados em quadra, e o time mais perdeu do que venceu em suas últimas duas temporadas. O treinador, com 128 vitórias e 96 derrotas, acabou demitido de forma humilhante: o diretor do departamento atlético, Mike Alden, nem mesmo se prontificou a dar a notícia pessoalmente. Passou o recado por meio de um dos comentaristas de TV da universidade. “Essa experiência o assustou emocionalmente. Ele foi culpado por muitas coisas sobre as quais ele não tinha controle algum, e isso o levou a questionar muitas cosias. Houve tempos em que ele considerou se afastar do jogo”, disse Bob Rathbun, jornalista que acompanhou seu trabalho por lá.

O San Antonio Spurs, porém, não permitiu que isso acontecesse. Ignorando a imagem ‘manchada’, ofereceu a Snyder o cargo de técnico do Austin Toros, sua filial na D-League. Um emprego que, convenhamos, não é dos mais charmosos. Mas propiciou que ele fizesse bons contatos e se afastasse dos holofotes e trabalhasse com o que mais gosta: o desenvolvimento de jovens talentos. E fez: durante os três anos que ficou na capital texana, foi o que mais levou jogadores à NBA e, ao mesmo tempo, mais venceu, tendo sido vice-campeão na primeira temporada.

Em 2010, foi a vez de ele migrar e retornar à liga principal, como assistente de Doug Collins no Philadelphia 76ers. No ano seguinte, foi escolhido por Mike Brown, ex-assistente de Gregg Popovich, para compor sua comissão no Lakers. Lá, conheceu Ettore Messina, com quem foi para a Rússia em 2012, chegando ao CSKA Moscou. Em sua peregrinação, voltou para os Estados Unidos em 2013, com primeira escala em Atlanta. Lá, voltou a causar impacto.

Snyder e o jovem Dennis Schroeder em liga de verão por Atlanta

Snyder e o jovem Dennis Schroeder em liga de verão por Atlanta

“Ele foi o primeiro técnico que realmente trabalhou comigo em meu jogo de pés, meu arremesso, que dedicou tempo comigo”, afirma o ala DeMarre Carroll, que, não por coincidência, evoluiu consideravelmente desde que chegou ao Hawks. “Isso é crédito para ele e mostra o quanto ele se importa com a gente como pessoas e com nossas carreiras. Senti que estava partindo para uma nova direção, me senti como um novato até”.

“Ele realmente tem uma mente interessante para o basquete. Foi muito legal trabalhar com ele”, diz Kyle Korver. “Ele me ensinou muitas coisas. Depois que você passa um certo tempo na liga, se tende a reagir meio que automaticamente. O Quin trouxe um novo modo de pensar o basquete para mim. Acho que melhorei no ano passado, e muito se deve a ele. Muito, mesmo. Ele te faz pensar nas possibilidades em quadra e pensar de modo geral. É uma mente realmente ótima para o basquete.”

“Aprendi muito com o Q durante o campeonato, ele é muito inteligente”, diz Paul Millsap. “Quando nos sentamos e conversamos, ele te faz pensar. Muito das coisas que ele falava eu só iria entender no final do dia, depois de praticar muito. Ele é esperto desse jeito.”

Agora fixo em Utah, tem muito o que fazer com jovem núcleo

Agora fixo em Utah, tem muito o que fazer com jovem núcleo

Foi esse profissional que o Utah Jazz buscou para ver se o seu plano de renovação decolava de vez. Snyder vai ter muito o que conversar e ensinar a Trey Burke, Alec Burks, Gordon Hayward, Enes Kanter, Derrick Favors, Rudy Gobert, Rodney Hood e, principalmente, Dante Exum, o mais promissor de todos.

Para quem já passou por tanta coisa, não assusta muito, não? “Enfrentei alguns desafios na minha vida, e eles me ajudaram. Passei por um pouco de adversidade, e ela me tornou um treinador melhor, e uma pessoa melhor”, disse. Agora em seu sexto emprego em seis anos, ele espera enfim se assentar num trabalho de longo prazo.

Manteve alguns integrantes do estafe técnico anterior, trouxe outros de sua confiança e montou uma comissão bastante jovem, com média de idade de 41 anos. Apesar da pouca idade, o treinador principal indica um ponto em comum: “Eles são professores. Numa situação como a nossa, a capacidade de ensinar foi tão valorizada como a experiência. Quando você está treinando um time que vai passar por alguns percalços de crescimento, ter uma comissão que possa sustentar a paixão e o entusiasmo pelo jogo é realmente importante. Para que os jogadores jovens não desanimarem, seguirem competindo e melhorando. Esse é o principal”, disse.

Agora, nesse processo, pode muito bem acontecer o reverso. Dá para todo mundo aprender alguma coisa. “Há jogadores que são muito mais inteligentes que os treinadores. Você pode aprender com eles só de assisti-los. Estava vendo o Kobe um dia, e ele me ensinava sem saber. Estava apenas vendo e ouvindo”, afirmou Snyder, que não pára de estudar, mesmo.

Hayward, em franca evolução

Hayward, em franca evolução

O time: bem, já adiantamos um pouco as coisas aqui. É uma equipe bastante jovem, que não vai conseguir brigar para chegar aos playoffs. A missão é realmente desenvolver os garotos, e os primeiros sinais dados por Gordon Hayward e Derrick Favors já são muito positivos. E o desenvolvimento realmente precisa ser acelerado: com altos salários para esses dois e Alec Burks, o Utah aceitou que essa é a base deles para o futuro. Na NBA, você nunca sabe quando vai pintar uma troca, mas, por ora, essa é o núcleo, mesmo.

Em quadra, Snyder pede um estilo de jogo muito mais veloz do que o das últimas campanhas com Corbin, acompanhando a tendência da liga. Podem esperar muitos arremessos de longa distância, tal como era pedido em Atlanta. Trevor Booker, por exemplo, já arriscou 21 chutes de longa distância nas primeiras 18 partidas. Em toda a sua carreira, em quatro temporadas, ele havia tentado apenas dez. De qualquer forma, o treinador quer por mais ênfase, mesmo, na orientação defensiva. O que era uma carência, e tanto.

A pedida: curva de crescimento acentuada e, inevitavelmente, mais uma boa escolha de Draft.

Enes Kanter também quer um contrato

Enes Kanter também quer um contrato

Olho nele: Enes Kanter. Gente, o pivô turco ainda não passou uma noção exata sobre que tipo de jogador pode ser na liga. Mas fiquem certos de que ele também vai querer sua parte em dinheiro. Ainda muito jovem, com 22 anos, Kanter confia que vá receber uma boa proposta ao final da temporada, quando vira agente livre restrito. Resta saber se vai ser do Utah, que já tem muita grana investida em três atletas. É um promissor reboteiro e pontuador, e vai expandindo seu raio de ação sem perder eficiência. Muito lento em sua movimentação lateral, a questão que fica é sobre o quanto ele vai progredir como defensor individual ou coletivamente.

Abre o jogo: “O técnico realmente partiu para cima de nós no intervalo. Sinceramente, estávamos todos chocados ao ver o quão agitado ele ficou”, Trey Burke, sobre um momento de ira de Snyder durante duelo com o Oklahoma City Thunder. A equipe chegou a ficar 17 pontos atrás de um adversário totalmente arrebentado. Acabaram vencendo pelos mesmos 17: 98 a 81. Quer dizer: mente brilhante, e tal, mas que também sabe gritar.

Você não perguntou, mas… Quincy Snyder é um caso raro de treinador que tenha trabalhado com o Coach K em Duke e prosperado na sequência de sua carreira. É algo de fato intrigante, principalmente pelo sucesso que os caras do outro lado – os Tar Heels. A irmandade da Universidade de North Carolina se mostra muito mais influente. Da árvore genealógica de Dean Smith, saíram nomes como Larry Brown, George Karl, Doug Moe, Mitch Kupchak, entre outros. Michael Jordan não conta.

piculin-ortiz-utah-jazz-cardUm card do passado: José “Piculín” Ortiz. Quando Jerry Sloan assumiu o Utah Jazz no decorrer da temporada 1988-89, estava lá o par John Stockton e Karl Malone, a montanha humana Mark Eaton e os alas Darrell Griffith e Thurl Bailey como principais figuras. Havia também esse pivô porto-riquenho formado pela Universidade de Oregon State, que se tornaria uma lenda do basquete na ilha caribenha, mas foi pouquíssimo aproveitado em apenas dois anos de NBA. Piculín disputou 51 partidas naquela campanha, sendo titular em 15, com médias de 2,8 pontos, 1,1 rebote em apenas 6,4 minutos. Já tinha 25 anos. Em 1989-90, ele faria apenas 13 partidas, com ainda menos minutos. Foi dispensado em fevereiro de 1990, seguindo carreira na Espanha. Passou por Real Madrid, Barcelona, jogou na Grécia e retornou a Porto Rico em 1997. Ele se aposentou apenas em 2006, aos 43.


Sobrinho de Leandrinho tenta a chance na D-League da NBA
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Giancarlo Giampietro

Ricardo Barbosa, sobrinho de Leandrinho, armador, Osasco

Ricardo Barbosa, armador de 20 anos e 1,85 m de altura, está tentando a sorte nos Estados Unidos também. O jogador se inscreveu no Draft da liga de desenvolvimento da NBA, a NBADL – também popularmente conhecida como D-League. Mas quem seria Ricardo? Era a pergunta de um scout da liga principal norte-americana quando veio me informar sobre essa pequena surpresa na lista oficial que recebera pela manhã. Bem, estamos falando de um sobrinho do Barbosa mais famoso em tempos recentes do basquete nacional: Leandrinho.

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A princípio, minha pergunta para o olheiro foi de espanto: Ricardo quem? Também não conhecia, e havia pouca informação disponível por aí no Google. Checar informações nas federações nacionais nem sempre é a tarefa mais fácil, mas com ajuda da comunidade nerd basqueteira, como o pessoal do Mondo Basquete, e de grandíssimos torcedores do Pinheiros, conseguimos juntar as peças.

Quando obtive acesso à lista oficial – agora já divulgada pela D-League com alguns nomes interessantes como Marquis Teague, Erik Murphy, o dominicano Eloy Vargas e o canadense Brady Heslip –, chamou a atenção o agente que o representava: Sam Goldfelder, cujos atletas vão ganhar mais de US$ 57 milhões nesta temporada da NBA. É um cara poderoso, que conta com Blake Griffin como principal cliente. Quando fui conferir quem mais ele representava, lá estava Leandrinho.

Por aqui, pouco se escreveu sobre Ricardo. A primeira ocorrência que encontrei foi um texto do extremamente valioso blog da Liga Nacional de Basquete, o Território LNB. Numa lista de “novos talentos”, identificando nada menos que 25 jovens atletas para serem acompanhados na LDB de 2013. Ô loco. Ricardo, inscrito pelo Pinheiros – clube que seu tio defendeu depois da cirurgia por que passou no joelho, antes de voltar ao Phoenix Suns –, apareceu na posição 18, com a seguinte descrição: “Nascido em 1994, mostrou uma grande evolução da 2ª para a 3ª edição da LDB. Em São Sebastião do Paraíso mostrou muita versatilidade, começou jogando na 2 e assumiu a armação principal do time após a contusão de Gustavoa Ceccato. Boa defesa e, no ataque, um faro pra encontrar os buracos no sistema adversário”.

Ricardo Barbosa, jogando pelo Pinheiros na LDB

Ricardo Barbosa, jogando pelo Pinheiros na LDB

O garoto, que é filho de Arthur, irmão mais velho de Leandro e uma grande influência na trajetória ímpar do ala-armador, não foi aproveitado pelo time principal do clube da capital paulista, no entanto. Antes, na base, havia jogado pelos times menores de Hebraica e Palmeiras.

Neste ano, Ricardo assinou com o time de Osasco. E foi pesquisando no perfil do clube no Facebook que encontramos também o Eduardo Barbosa, irmão mais velho de Ricardo, que já havia ganhado suas manchetes no passado por ter assinado com o Londrina em 2010. Em termos de clube, Eduardo teve na base a mesma trajetória do caçula, tendo estudado também por dois anos nos Estados Unidos. Na equipe paranaense, que passava por situação financeira bastante grave, trabalhou com o técnico Ênio Vecchi. Justamente o comandante de Osasco.

Agora, o jovem atleta tenta dar um grande salto. Ele é um dos cerca de 180 atletas que estão disponíveis para as franquias da D-League selecionarem neste sábado, pela tarde – 11 deles têm experiência de NBA. Entre eles também consta o veterano armador Luther Head, ex-Houston Rockets, companheiro de Deron Williams na universidade de Illinois, e Chris Smith, o irmãozinho do JR. David Stockton, armador revelado por Gonzaga, nunca jogou lá, mas também tem um sobrenome de peso, com pai famoso.

Como funciona o Draft? São loooongas oito rodadas de escolhas para as 18 franquias. Tal como na liga principal, esses picks estão sujeitos a trocas, e tal, com muitas delas já interferindo na ordem de escolha deste ano. As negociações, porém, só podem acontecer até esta sexta-feira. Não estranhem se Ricardo for selecionado pelo Santa Cruz Warriors, filial do Golden State, de Leandrinho. Na campanha passada, eles contaram com Seth Curry, por exemplo. Esse tipo de acordo é normal.

Dos 18 times, 17 têm vínculo exclusivo com, digamos, seus irmãos da NBA. O único fora da brincadeira é o Fort Wayne Mad Ants, justamente aquele de melhor nome, que acaba sendo forçado a abrir espaço em suas fileiras aos demais 13 clubes da liga administrada hoje por Adam Silver. O Toronto Raptors, de Bruno Caboclo e Lucas Nogueira, está no meio dessa confusão, diga-se.

O training camp dos times começa no dia 2 de novembro, enquanto a largada da temporada regular será no dia 14. Na véspera, os clubes precisam definir seu elenco oficial de 10 atletas. A origem dos jogadores não precisa ser apenas via draft. O site oficial explica tudo em detalhes, mas basicamente os times de cima têm direito de “reservar” alguns atletas para seus afiliados (num limite de quatro). Além disso, durante o calendário regular, sabemos muito bem que há constante intercâmbio entre os dois campeonatos. Brasileiros como Vitor Faverani, no campeonato passado, antes de se lesionar, Scott Machado e Fabrício Melo já passaram por essa rota.


Na vaga de Raulzinho, Scott Machado chega à 3ª escala em seu sonho de NBA
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, e aí?

E não é que, mesmo sem Raulzinho, o Utah Jazz pode iniciar a temporada 2013-2014 da NBA com um armador brasileiro em seu elenco? Lá está ele, Scott Machado, já na terceira escala de seu sonho de se firmar como um jogador da liga norte-americana.

A equipe de Salt Lake City inicia formalmente suas atividades para um novo campeonato nesta segunda-feira, com o “Media Day”, no qual os jogadores ficam disponíveis para sessões de fotos e entrevistas com os jornalistas antes do tapinha inicial do training camp. E toca o gaúcho nova-iorquino, um rapaz bastante otimista e batalhador, falar sobre suas ambições como profissional e sobre como esta é uma excelente oportunidade para ele mostrar seu valor.

Mas é mesmo? Qual é o Utah Jazz que ele tenta convencer a lhe empregar nas próximas semanas?

Este é um ano de transição drástica para o clube. Abriram mãos de alguns veteranos consolidados e decidiram investir em jogadores mais jovens, com a expectativa de desenvolver uma base mais forte a longo (ou médio?) prazo.

Algo parecido com o que se passou em quadra ao final da carreira de John Stockton e Karl Malone. Com pequenas diferenças, claro: 1) o grupo anterior, de Al Jefferson, Paul Millsap e alguns resquícios da era Deron-Boozer-Okur, jamais chegou perto da identidade que aqueles chatíssimos, mas eficientes times dos anos 90 tiveram, ainda mais carregados por duas lendas do basquete; 2) a nova guarda de agora tem muito mais talento para oferecer do que os times de Arroyo, Raul López, Sasha Pavlovic, Jarron Collins e Ben Handlogten, a despeito da exuberância de Andrei Kirilenko.

A ideia é investir no núcleo de Trey Burke, Gordon Hayward, Enes Kanter, Derrick Favors (e talvez Alec Burks? Rudy Gobert?). Depois de anos medíocres com Al Jefferson e Paul Millsap, flertando com os playoffs, mas sem ter chance alguma de incomodar, chegou a hora de apostar que um ou vários desses garotões estoure e venha se tornar um líder de maior potencial, pensando em voos mais altos num Oeste ainda muito competitivo.

Nesse sentido, Scott encontra, então, um contexto benéfico para alguém igualmente jovem. Esse é o ponto mais otimista para o brasileiro se equilibrar. Outro: o armador foi o primeiro atleta a ser convidado pelo gerente geral Dennis Lindsey (mais um dos pupilos de Buford e Popovich em San Antonio) para fazer parte dos treinos da pré-temporada. Os alas Mike Harris, ex-Rockets, e Dominic McGuire, ex-Wizards e Warriors, foram os atletas adicionados na sequência – McGuire, um defensor versátil, capaz de segurar as pontas no perímetro e de reforçar o rebote é alguém de que sempre gostei, e seria um bom substituto para o enérgico DeMarre Carroll, que fechou com o Hawks. Por fim, chegaram o ala Justin Holiday (irmão mais velho do Jrue), o veterano ala-pivô Brian Cook (um pesadelo para Phil Jackson), o viajado pivô Dwayne Jones e o armador Nick Covington, da D-League e bom arremessador do perímetro.

Explicando do que se trata o tal do “contrato do training camp”: o jogador assina sem garantias alguma, tal como no ano passado com Houston. Isto é, pode ser dispensado a qualquer momento, sem que a franquia lhe deva muito dinheiro.

Não é o compromisso mais promissor do mundo, mas o fato de ele ter sido o primeiro da lista já conta para alguma coisa. Principalmente pelo fato de a diretoria ter acabado de dispensar Jerel McNeal, armador rodado na D-League e que fechou com a equipe na temporada passada. (Embora ainda não esteja claro se essa atitude teve a mais a ver com um desinteresse do clube, ou se o atleta recebeu alguma proposta mais vantajosa para jogar na Europa ou China.)

Scott terá, então, alguns dias ou semanas para convencer o técnico Tyrone Corbin de que seria útil ao seu time. Em teoria, falta ao elenco do Utah Jazz hoje um terceiro armador, atrás do calouro Burke, nona escolha do Draft deste ano, e de John Lucas III, ex-Raptors, Bulls e tantos outros.

Acontece que Hayward e Burks (não confundir com Burke… Deveria haver uma regra na NBA que proibisse os times de criar esse tipo de confusão para jornalistas e torcedores, não?) também têm o tipo de habilidade no drible e visão de jogo que lhes permite conduzir uma equipe em quadra por alguns minutos. Ainda mais se acompanhados em quadra pelo ala-armador Ian Clark, um baixinho que impressionou durante as ligas de verão, jogando pelo Miami Heat e pelo Golden State Warriors. Clark apresenta o suposto biótipo de um armador, mas não está habituado a criar para os outros. Tem muito mais tino para a finalização, com um excepcional tiro de três pontos. De todo modo, se for para quadra, deve ter alguma responsabilidade na estruturação da equipe.

(A presença de Clark, aliás, no elenco do Jazz não deixa de ser uma ironia e um incentivo para Scott: foi ele quem o colocou no banco no Warriors de veraneio em Las Vegas, praticamente definindo a demissão do brasileiro. Há divergências sobre o tipo de vínculo que ele tem com o clube. Se parcialmente garantido – no sentido de que, se mandado embora, ainda embolsaria pelo menos um cheque de agradecimento – ou se já tem um salário integral assegurado.)

Incluindo o chutador revelado pela universidade de Belmont, o Utah tem 13 jogadores contratados para a temporada, o mínimo necessário para a formação de um elenco, de acordo com as regras da liga. De modo que Scott precisa fazer bons treinos, dando sequência aos testes que realizou nas Montanhas Rochosas durante o mês de setembro, para tentar abrir mais uma vaguinha nesse plantel.

O que causa estranhamento, de certa forma, em seu convite pelo Utah Jazz é a baixa estatura dos armadores já contratados pelo time. Com 1,80 m, Lucas consegue encarar este blogueiro  de olho-pra-olho, assim como o titular Burke, com seu generoso e oficial 1,83 m. Scott teria sido ainda mais abençoado com seu oficial 1,85 m.

É de se esperar que os gerentes gerais procurem diversificar na formação de um time, com peças complementares no banco de reserva. Do ponto de vista físico, Scott não oferece nada de diferente, sofrendo igualmente diante de armadores maiores, mais fortes e mais atléticos – e sabemos que a liga está inundada com este tipo de cara. Ainda que em seus últimos jogos pelo Warriors ele tenha se mostrado combativo na defesa, pressionando com sucesso o drible do adversário, o tipo de adversários que enfrentou em Vegas é bem inferior aos Roses e Walls do mundo.

O que o brasileiro oferece de diferente (beeeem diferente, aliás) é sua visão de jogo, sua maior propensão para o passe, facilitando a vida de seus companheiros no ataque. Lucas é um chutador por vezes descontrolado, enquanto Burke seria um meio termo, dependendo da orientação que tiver de sua comissão técnica.

Além disso, Scott ainda precisa solucionar sua mecânica de arremesso de modo urgente, além de melhorar sua técnica para conversão de bandejas – ainda tem muita dificuldade para encarar pivôs fisicamente intimidadores, e os treinos contra Favors, Kanter e Gobert já serão um duro teste. Sim, o armador persiste, busca novos caminhos para continuar sua carreira, mas as coisas de forma alguma se apresentarão fáceis para descolar um emprego de alto nível.

Uma posição que Raulzinho teria a oportunidade de ocupar este ano, mas que postergou ao tomar a correta decisão de voltar para a Espanha, aonde poderá ficar muito mais minutos para usufruir e evoluir. De lá, nem que seja online ou por meio de algum espião-amigo em Salt Lake City, poderá coletar as informações com o que se passa com seu breve companheiro de seleção, de olho no futuro.


Há 15 anos, a Espanha descobria Gasol, Navarro e sua geração de ouro no basquete
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Giancarlo Giampietro

Enquanto as últimas peças ainda caem no dominó do mercado da NBA, temos um tempinho para aqui para dar uma pausa nessa maratona.

A foto aí cima já varia um post por conta própria. Só ela, sem preciar dizer mais nada.

Vocês reconhecem alguns dos indivíduos? No centro da foto, quem é aquele garotão ali debaixo do sovaco direito do sujeito (Aparecido! Metido! Só dá ele de agasalho!)? E esse exibidão aí está agarrando seu braço esquerdo no cangote de quem? Do lado desse cangote, olha o pirulão!

Vamos identificando, então, da esquerda para a direita: Drame, López Valera, Berni, Bueno, Herráis, Calderón, Raúl, Germán, Felipe, Pau, Cabezas e Navarro. Esse é o modo como são conhecidos por quem tem afinidade.

Já sacou, né?

Estamos hablando da jovem seleção espanhola sub-20 campeã europeia em 1998, lá numa terra chamada Varna, que fica na Bulgária. Há 15 anos, esse apanhado de molecotes conquistaria um título que abriria uma era dourada para o basquete deles.

O cotovelo esquerdo de Felipe Reyes cobre aquele que viria a ser La Bomba, sem nenhum pelo nenhum na cara. Assim como está limpa a face do pirula Gasol, numa época em que o irmão Marc deveria beirar apenas o 1,95 m de altura, gordotinho que só no quintal da família – tinha 13 anos. Será que já enterrava? O de agasalho é o Raúl López, na época O Futuro Armador da Espanha – esse, sim, escolhido para suceder John Stockton em Utah, mas que teve uma carreira muito acidentada por lesões. Ao seu lado direito, o José Calderón, aquele que viria a liderar seus companheiros no futuro, de fato. Enquanto o Cabezas, penúltimo, seria seu escudeiro. Muita história.

Desse grupo, alguns poucos ficaram pelo caminho.

Souley Drame, ou Souleymane Drame Kamara, foi um deles. Para se ter uma ideia, no site da ACB seu nome estava identificado como “Dramec”, com o “c” sobrando. Foi difícil  encontrá-lo na rede (quer dizer, “difícil”, levou uns cinco hits no Google – aposto que o vizinho da frente do QG 21, de sete anos, faria mais rápido). Ele nasceu na Nigéria e foi desenvolvido nas tradicionais categorias de base do Badalona, de Rubio e Rudy Fernández. Subiu ao profissional pelo clube, mas nunca vingou e vagou pelas divisões abaixo da elite. Aposentou-se em 2011 pelo time B do Barcelona. 🙁

Félix Herráiz nem página na Wikipedia tem. Um texto de 2009 no site da FEB, a CBB deles, que nos ajuda a falar sobre seu paradeiro. A manchete: “O júnior de ouro no esquecimento”. Já viu, né? Nascido nos arredores de Valência, era o camisa 12 e viu sua carreira ser sabotada por uma grave lesão no joelho. Abandonou as quadras em 2002 e virou técnico.

José López Valera se formou na base do Real Madrid, mas também não foi muito longe no profissional, tendo nessa conquista juvenil o maior feito de seu currículo (un junior de oro toda a vida). O pivô Antonio Bueno teve uma carreira sólida na ACB até 2010 (quando sofreu um feio acidente de carro), assim como Berni Rodríguez, que jogou por um tempão na seleção principal. O pivô Germán Gabriel, companheiro de Lucas Bebê no Estudiantes, talvez viva hoje sua melhor fase. O restante dispensa comentários.

Para o basquete espanhol, essa imagem deve ser a mais rica de toda a sua história, aquela mais cheia de significados.

Das dez medalhas que o país conquistou em Eurobaskets, metade foi conquistada de 2001 para cá. As outras cinco saíram entre 1935 e 1999. Mundial? Apenas o ouro de 2006. Olimpíadas? Ok, uma prata em 1984, mas duas em 2008 e 2012.  Dá para ter uma ideia do que foi a Roja antes e depois dessa geração, né?

Quer ver mais fotos deles adolescentes? Aqui no site da Liga ACB.

*  *  *

Pau Gasol, creiam, terminou aquele europeu sub-20 com médias de 6,4 pontos e 3,7 rebotes (veja todas as estatísticas), jogando pouco mais de 12 minutos por partida – jogu menos que Drame, ala atlético, que tinha mais de 20 minutos por embate. Dois anos mais tarde, Pau seria a escolha número três do Draft da NBA, logo atrás de Kwame Brown e Tyson Chandler.

*  *  *

Juan Carlos Navarro foi o cestinha do time espanhol na campanha, com 14,6 pontos por jogo. Durante a campanha, ele atirou em média 4,0 bolas de três pontos por duelo, acertando 43,8% delas. La Biribinha!

*  *  *

Raúl López acumulou 203 minutos em oito jogos, com 26 assistências. Calderón? Apenas 79 minutos em sete, com apenas dois passes para a cesta.

*  *  *

No Brasil? Luiz Gomes resgatou no Draft Brasil ainda este ano um artigo antigo de Guilherme Tadeu para falar sobre o fiasco que é o nosso basquete na hora de aproveitar seus talentos da base, mesmo aqueles que conseguem algum sucesso pelas seleçãozinhas. Se tiver estômago, clique nos links acima. Enquanto Guilherme falava de uma turma de 1999, Luiz nem precisou ir muito longe, resgatando a trupe semifinalista do Mundial de 2007 para detectar o quão enferrujada e é a nossa máquina de desperdiçar talentos.


Vocação de Scott Machado para o passe atrai técnico do Warriors e garante nova chance
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Giancarlo Giampietro

O azar de Mark Jackson foi, de certa forma, ter concorrido a carreira inteira com um certo John Stockton, o líder de toda a história da NBA em assistências e um dos caras que poderia ser chamado de “robótico” no bom sentido. O homem era uma maquininha de jogar basquete, mesmo, com regularidade impressionante.

Claro que Jackson não chegava aos pés de Stockton em muitos sentidos. Mas, como passador, armador puro, um entendido do jogo, tornando a vida dos companheiros muito mais fácil em quadra, ele podia rivalizar, sim – ainda que tivesse ficado quase sempre à sombra do mítico armador reserva do Dream Team.

Mark Jackson, naqueles tempos

Mark Jackson, conexão NY com Scott?

Tenham em vista que sua carreira como profissional começou em 1987 e durou até 2004 e ele nunca chutou acima dos 50% nos arremessos de quadra. Na verdade, só passou dos 45% em seis temporadas das 17 que disputou. De três pontos, então? Matou mais de 40% em três ocasiões, todas elas já depois dos 30 anos. No final, sua média foi de 33,2%, algo medíocre.

Era um problema sério para se contornar. Pois o armador também nunca foi muito explosivo em quadra, com raras investidas para dentro do garrafão. Enão, na hora de marcá-lo, a coisa ficava fácil, né? O sujeito não vai me machucar no tiro de fora e nem vai me deixar comendo poeira?  E toca o defensor responsável por Jackson se dedicando mais à ajuda, fazendo dobras, do que qualquer outra coisa. Seria uma estratégia sensata, não fosse o detalhe de que um passe bem feito, preciso e criativo pode ser bastante nocivo. Se não fosse um excepcional criador de jogadas (para os outros), seria difícil imaginar que fosse tão longe. E Reggie Miller, Danny Manning e Patrick Ewing, entre outros craques abastecidos pelo cerebral nova-iorquino, só podem agradecer, assim como operários como Antonio e Dale Davis, que puderam dar muitas enterradas em Indiana e ganhar alguns bons dólares depois de atuarem ao seu lado.

Tudo isso de introdução para comentar a contratação de Scott Machado pelo Golden State Warriors, time justamente hoje dirigido por Mark Jackson.

Está certo que o vínculo inicialmente vale por apenas dez dias, mas só o fato de a franquia convocá-lo para ser avaliado mais de perto já tem um significado especial. Ainda mais que o brasileiro do Queens mal completou um mês dentro da “família Warriors” – foi adquirido pelo Santa Cruz, filial do Golden State, precisamente no dia 8 de março –, tendo causado boa impressão em tão pouco tempo.

Scott Machado x Coby Karl

Scott Machado ainda luta por seu lugar na NBA, agora vinculado a nova franquia: Golden State

Seus números são, inicialmente, “modestos”, “tímidos”, “fracos”, avaliando apenas pela calculadora:  6,5 pontos, 3,4 assistências e 1,8 rebote em dez jogos por seu novo clube, depois de uma campanha frustrada pelo Rio Grande Valley Vipers. Acontece que, na liga menor, é preciso muito cuidado na hora de avaliar estatísticas, por diversos fatores. Especialmente dois:

1) Muitos jogadores podem parecer dominantes em um cenário, mas com um tipo de atitude ou jogo que não se encaixaria um nível mais acima – isto é, o cestinha de um time X da D-League talvez só possa ser a 11ª ou 14ª opção na NBA. E como ele aceitaria isso? Será que ele tem outras habilidades que possam se encaixar melhor de acordo com as necessidades de um elenco já abarrotado de talento?

2) Os jogos desta competição muitas vezes também descambam em peladas, sem preocupação defensiva alguma, uma correria desenfreada que infla os números de muitos atletas, mas pode apresentar pouca substância.

Scott Machado, ao menos, já conseguiu exibir ao Warriors que tem, sim, um fundamento que pode ser traduzido para a liga principal.  “Ele é um passador muito bom, um quarterback (no sentido de líder e organizador/estrategista) muito bom e um armador tradicional”, resumiu Mark Jackson, para quem, aliás, imagino não deve ser lá uma grande novidade – o técnico também é de Nova York, assim como Scott, e o burburinho dos jogos locais passa de um para outro com facilidade.

Um dos pontos fracos no basquete do brasileiro hoje é, justamente, seu arremesso, o que não deixa de ser uma ironia em sua associação com Jackson. Por outro lado, o ex-armador sempre foi um grande defensor, usando seu físico e estatura para pressionar os adversários. Neste ponto, ainda tem chão para seu novo atleta.

O treinador lembrou, porém, que o Golden State tem vários jogadores extremamente dedicados em seu elenco hoje – quem diria, né? – e que essa seria uma influência positiva para que Scott desenvolva seu  jogo. “Espero que esse ambiente o ajude a melhorar e impulsione uma longa carreira”, afirmou. É só o que o garoto quer.

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“Minhas emoções estão loucas agora, realmente como em uma montanha-russa”, disse Scott ao jornal San Francisco Chronicle, periódico tradicional da Costa Oeste dos EUA. Ao mesmo tempo em que está empolgado por receber já uma segunda chance na NBA, o jovem armador ainda tenta assimilar a morte de seu pai, o gaúcho Luiz Machado, aos 61, devido a um ataque cardíaco depois de ser detido por autoridades no aeroporto JFK, no dia 28 de março. O motorista de táxi teria ficado à espera de um atendimento médico por 11 minutos. As investigações ainda estão em curso. “Ele era um grande fã de basquete. Então sei que ele vai estar assistindo”, afirmou Scott.

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Curry & Jack

Scott vai poder treinar ou ver de perto a duplinha aqui

Os contratos de 10 dias podem ser assinados por times da NBA a partir do dia 5 de janeiro de cada campeonato. Eles, porém, não podem ser estendidos durante os playoffs – os vínculos deste tipo se encerram no dia da última partida da temporada regular. Caso o Warriors queira manter Scott em seu elenco para 2013-2014, sem encarar o risco de perdê-lo durante as férias, a diretoria teria de fazer um contrato para o restante da temporada, ainda que ele não tenha nenhuma garantia de que vá ser realmente aproveitado pela franquia. Caso Machado fique, dificilmente teria tempo de quadra nos playoffs. Sua posição está ocupada pelo fantástico Stephen Curry e pelo veterano Jarrett Jack, um dos candidatos a melhor reserva da liga.

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O Golden State Warriors tem um ótimo histórico no aproveitamento de jogadores com passagem e/ou revelados pela D-League. O ala Reggie Williams – esse, sim, um cestinha que se deu bem na NBA, como um pontuador vindo do banco de reservas – foi um deles. Descoberto pelo Warriors, fechou um contrato de US$ 5 milhões por dois anos de serviço com o Charlotte Bobcats. Outros destaques: os armadores CJ Watson, hoje no Brooklyn Nets, e Will Bynum, Detroit Pistons, os alas-pivôs Anthony Tolliver, do Atlanta Hawks, e Jeff Adrien, também do Bobcats, e o ala Kelenna Azubuike.


Knicks inicia a temporada arrasando já com a influência do quase quarentão Jason Kidd
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Giancarlo Giampietro

Kidd: menos pressão, todo sorriso

Nova York sorri com Jason Kidd após duas vitórias expressivas, incluindo a estreia contra o Heat

Enquanto Steve Nash ainda tenta se enquadrar no ataque de Princeton proposto por Mike Brown e Eddie Jordan em Los Angeles – e se entrosar com todos seus diferentes companheiros –, outro armador quase quarentão vai muito bem, obrigado em seu ajuste a uma nova equipe: Jason Kidd já vai deixando sua influência num New York Knicks repaginado.

Foram apenas dois jogos, então não dá para seguir com hipérboles. Mas os 96 minutos praticados pelo time nova-iorquino neste início de temporada mostram, ao menos, uma predisposição jogo coletivo que só foi praticado na campanha passada durante algumas poucas semanas mágicas e linsanas. Com Carmelo Anthony dando todas as cartas, a queda de Mike D’Antoni e um Amar’e Stoudemire fora de ritmo, os Bockers chegaram aos playoffs com um ataque estagnado que se resumia em boa parte a ações isoladas de sua (presumida) autoestrela e de um doido como JR Smith.

A ponto de a franquia da contratação de um armador seus Planos A, B, C, e D no mercado. Eles tentaram o mesmo Nash com muita determinação. Quando o Suns fechou seu repasse para o Lakers, conseguiram em Kidd o que – neste comecinho de campeonato – vai se confirmando como um ótimo prêmio de consolação. Ainda mais da forma que fecharam o pacote.

Com seu aniversário de 40 anos marcado para março de 2013, o veterano não teria condições de conduzir o Knicks por conta própria, ficar com a bola por tanto tempo em mãos de maneira eficiente. Em Dallas, um time que operava com mais cadência no ataque, até por não ter o tipo de elenco que permitisse apostar corrida com as equipes mais jovens. Especialmente contra um Miami Heat. Então, se em Nova York Woodson quere um pouco mais de aceleração, entra aí o investimento em Raymond Felton. Se tivessem mantido Jeremy Lin, daria na mesma. O importante era ter alguém com pernas mais jovens e fôlego para atuar em parceria com um dos melhores armadores da história, mas que já está bem distante de seu auge físico e precisa ser preservado.

“Fica sempre mais fácil com menos responabilidade, acho”, afirmou o armador. “Felton é o motor. O que sempre digo para ele antes do jogo é que é ele quem deve forçar o jogo para fazer as coisas acontecerem.”

O pivô Kurt Thomas concorda e diz que vê Kidd mais solto: “Ele está levando a bola, acertando chutes de três, marcando do outro lado da quadra. Acho que, desde que conseguiu aquele título, ele só está se divertindo”.

Como uma espécie de “assessor” ofensivo, Kidd vai facilitando a vida de todo mundo. Tyson Chandler vai receber seus passes pelo alto para completar a ponte aérea. Carmelo pode ser abastecido nos pontos da quadra em que se sente mais confortável. Felton tem a quem recorrer nos momentos em que a marcação apertar. Steve Novak e Smith devem ficar atentos para os petardos em suas mãos quando estiverem livres para o chute de três pontos. Gira todo o carrossel.

“Já tinha me cansado de treinar times contra aquele cara (Kidd) nos últimos anos. Ele é um profissional exemplar. Sabe como jogar e como tornar os outros melhores. Muitos caras vão se beneficiar de jogar com Jason Kidd, prometo isso a você”, afirmou o técnico Mike Woodson.

Na vitória por 100 a 84 sobre o Philadelphia 76ers neste domingo, ele contribuiu com seis assistências em pouco mais de 25 minutos, um terço dos passes do time que resultaram em cesta. Na estreia contra o Miami Heat,  o desempenho coletivo foi bem mais impressionante, com 27 assistências para 36 cestas. “É muito complicado marcá-los. É um time muito difícil de se enfrentar porque eles podem jogar no garrafão e também podem se espalhar pela quadra e mexer a bola realmente bem. Estão jogando um basquete bastante altruísta”, definiu o técnico Doug Collins, do Sixers.

Altruísmo? É sério?

Quem imaginou que a temporada do Knicks poderia ser associada, de modo positivo, a uma coisa dessas?

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Neste contexto, a contratação de Pablo Prigioni pelo salário mínimo da NBA, tamanha era a vontade do argentino de se testar na liga, também se torna uma tremenda de uma barganha para o Knicks. Sozinho, com um time só seu, talvez enfrentasse dificuldade. Em minutos reduzidos, com um escolta na armação, ele também fica mais livre para usar aquilo que tem de melhor, o cérebro, e manter a equipe organizada em quadra enquanto os armadores titulares descansam. Em 31 minutos nos primeiros dois jogos, ele já deu sete assistências.

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Não custa lembrar: Jason Kidd tem 56 vitórias em 56 partidas pela seleção principal norte-americana, incluindo amistosos. Ele foi campeão olímpico em Sydney-2000, no auge, e Pequim-2008, na qual foi titular a despeito da presença de Chris Paul e Deron Williams no elenco. Impunha respeito e organização tática ao time.

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Kidd tem média de 9,0 assistências na carreira, num total de 11.845 passes para a cesta – segundo, atrás apenas das 15.806 de John Stockton (confira o ranking). Quer dizer, então, que ele gerou no mínimo 23.690 pontos diretos de sua armação – contando apenas cestas de cois pontos, isto é. Coloque nessa conta aí os inúmeros passes para chutes de três ou as infiltrações de companheiros que resultaram em falta e lances livres, e chegamos a uma contagem absurda.

Confira dez assistências especiais do armador:


Filho de Stockton ganha chance no Utah Jazz
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Giancarlo Giampietro

Michael Stockton

Michael Stockton devolve o sobrenome aos registros históricos do Utah Jazz

Há um Stockton no elenco do Utah Jazz que disputa a Summer League de Orlando a partir desta segunda-feira. Michael Stockton, no caso, 22 anos e filho do legendário armador que ganha uma oportunidade de mostrar serviço para a franquia em que seu pai se consagrou.

Formado por uma universidade pequena de Salt Lake City – a Westminster College, jogando também futebol americano –, o também armador jogou a última temporada pelo BG Karlsruhe, clube que disputa a segunda divisão da Alemanha e esteve entre os últimos colocados durante todo o ano. Muito pouco? Ele nem se importa.

“Só queria uma chance, não importando onde ou em qual liga. Disse que iria para qualquer lugar”, afirmou o jovem Stockton, que se frustra um pouco por não saber falar alemão. “Há muito espaço para evoluir. Já consegui fazer algumas coisas boas, mas não que tenha nem arranhado a superfície do que posso ser como jogador. Não fiz muitas cestas, não fui espetacular, mas fui sólido.”

Michael não é o único descendente de John Stockton a tentar a carreira de jogador. Seu irmão mais novo, David, joga pela universidade de Gonzaga, pela qual o pai se formou nos anos 80.

John e Paul Millsap

John e Paul Millsap em 2007

Em sua posição, no time de verão do Jazz, Michael não terá vida fácil. Os titulares devem ser Blake Ahearn, veterano da D-League que terminou a temporada passada da NBA no elenco do Jazz, e o talentoso Alec Burks, lottery pick em 2011. O versátil Kyle Weaver também deve ser bastante utilizado.

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Outra curiosidade na lista de jogadores do Jazz: o ala John Millsap, irmão mais velho de Paul, ala-pivô que é um dos destaques da franquia e um dos jogadores mais subestimados da liga. Aos 29 anos, ele tenta novamente cavar um espaço no clube pelo qual treinou em outras ocasiões – na última temporada, defendeu o Guaros da Venezuela, tendo já rodado por República Dominicana, Porto Rico, Argentina e Europa. Outro integrante do clã Millsap, Elijah, também joga profissionalmente, na D-League.


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