Vinte Um

Arquivo : Huertas

Há muito basquete além da NBA: a Euroliga começa a pegar fogo
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Sonny Weems, da NBA para o CSKA

O superatlético Sonny Weems substitui Andrei Kirilenko em Moscou

Por Rafael Uehara*

(Nota/Ótima notícia no Vinte Um: convidado do blog durante o mês de dezembro, o Rafael veio para ficar. Semanalmente, ele vai publicar um artigo por aqui. Aproveitem!)

O mundo não acabou, mas 2012 sim, e, com a virada do calendário, as principais ligas do mundo começam a pegar fogo nessa arrancada em direção ao fim da temporada. No caso da Euroliga, principal competição de clubes do continente Europeu, isso é sinalizado pelo TOP 16, que teve sua segunda rodada disputada na semana passada. Com a mudança de formato a partir dessa temporada, a segunda fase da Euroliga terá 14 rodadas para definição dos oito classificados para as quartas de final, ao invés de apenas seis em anos anteriores. Há ainda muito chão pela frente, mas já é possível se ter uma ideia de quais times são concorrentes legítimos ao título e quais precisam de mudanças drásticas para voltar à briga.

O Barcelona de Marcelinho Huertas foi à Rússia na semana que passou e perdeu apenas pela segunda vez na competição, 65-78 para o BC Khimki, mas não há dúvida de que a máquina catalã é a força mais respeitável do basquete europeu no momento. Mesmo com um elenco composto de menos jogadores de pedigree defensivo como no ano passado, liderado pelo técnico Xavi Pascual, o Barcelona está a caminho de igualar marcas históricas registradas em 2011-2012. De acordo com o site gigabasket.org, o Barcelona tem permitido apenas 88,8 pontos a cada 100 posses do adversário, marca muito similar ao 87,3 da temporada passada, o que é fantástico especialmente considerando que o time substituiu Boniface N’Dong, Fran Vázquez e Kosta Perovic por Ante Tomic e Nathan Jawai no pivô.

Juan Carlos Navarro, La Bomba

Um Barça menos dependente de Navarro no ataque para tentar o título

Tomic e Jawai foram incorporados ao time em uma tentativa de adicionar maior criatividade ao ataque, que sofreu demais contra o Olympiacos no Final Four do ano passado. Pascual fez as mudanças necessárias, incluindo maior envolvimento de Huertas, e o resultado tem sido um time muito menos dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek e que tem marcado em média três pontos por cada 100 posses a mais do que na temporada anterior. Graças à boa química entre Huertas, Jawai e Tomic no pick-and-roll, o Barcelona lidera a Euroliga em pontos no garrafão. Com esse ataque renovado e uma defesa histórica, o time catalão é, em minha opinião, o principal favorito ao titulo.

Talvez os rivais de Madri estejam no mesmo nível. O Real Madrid de Pablo Laso também está tendo um ano fantástico. Entre supercopa da Espanha, campeonato espanhol e Euroliga, os merengues perderam apenas quatro jogos até o momento, sendo um deles para o Barcelona semana passada. Com uma filosofia oposta aos inimigos catalães, o Real tem se estabelecido como o ataque mais feroz do continente. No momento, é apenas o terceiro classificado em pontos por posse (marcando em média 109,7 a cada 100), mas isso é porque o Montepaschi Siena e o Zalgiris Kaunas estão fazendo campanhas históricas em termos de eficiência. Com a adição de Rudy Fernandez (um talento fora de série no continente) e o desenvolvimento de Nikola Mirotic (a caminho de se tornar o melhor ala-pivô na Europa), o Real não tem como ser parado, apenas contido. Mas esse já era mais ou menos o caso na temporada passada. O que faz do time merengue um concorrente legítimo ao titulo este ano é a melhoria em prevenção, setor no qual o time subiu de 13º para terceiro em pontos permitidos por posse.

É o que diferencia o Real Madrid do Montepaschi Siena, por exemplo. O Siena tem o melhor ataque do continente, marcando em média 115 pontos a cada 100 posses de bola. Bobby Brown tem sido fantástico e lidera a competição com 252 pontos em 12 jogos após uma exibição magnífica de 41 pontos em apenas 18 tiros de quadra contra o Fenerbahçe, em Istambul semana passada. O Siena tem superado as expectativas pra esse ano. Devido a problemas financeiros do patrocinador, Banco di Monte Paschi, o time teve que se despedir de medalhões como Simone Pianigiani, Bo McCallebb, Rimantas Kaukenas, David Andersen, Nikos Zisis e Ksystof Lavrinovic e remontar um elenco com soluções mais baratas do que a torcida estava acostumada. O Siena começou o TOP 16 com duas vitórias, sobre Maccabi e Fenerbahçe, mas ainda é difícil vê-lo como concorrente ao título. Com a terceira pior defesa da competição, e a expectativa é que em algum momento sua falha retaguarda pesará.

Kaukenas fazendo das suas

Kaukenas encontra espaço para a bandeja pelo ataque sensacional do Zalgiris

Já o Zalgiris Kaunas de Joan Plaza não pode ser visto da mesma forma. Havia muitas dúvidas com relação à idade avançada do elenco e como esse time defenderia, mas o atual campeão lituano é o sexto colocado em pontos permitidos por posse, mesmo que apenas Tremmell Darden e Ibby Jabber sejam atletas de porte físico invejável. Essa aplicação no setor defensivo, mesmo que não seja de elite, tem sido o suficiente para dar suporte ao segundo melhor ataque do continente. É uma dinâmica curiosa e fenomenal: o Zalgiris marca a segunda maior taxa de pontos por posse e, ao mesmo tempo, tem a menor taxa de posses por jogo. Isto é, faz o máximo com menos. Plaza formatou uma maneira de jogar que minimiza os fatores idade e a falta de porte físico do time. Será interessante ver se o clube lituano conseguirá impor seu ritmo de jogo contra Real Madrid e CSKA Moscow, dois dos times mais atléticos do continente e dos poucos com atletas ao nível de NBA. Mas o que eles já têm feito até agora é suficiente para se estabelecer como força a ser respeitada.

Falando em CSKA Moscou, o time de Ettore Messina (que voltou pra casa após três anos divididos entre o Real Madrid e o Los Angeles Lakers) vem, quietinho em seu canto, fazendo a melhor campanha da liga até o momento. O CSKA tem sido muito menos dominante do que aquele time liderado pelo fantástico Andrei Kirilenko ano passado, mas venceu 11 de seus 12 jogos até o momento e é o quinto colocado em ataque e segundo em defesa. Talvez sejamos nós que tenhamos prestado menos atenção. Sonny Weems também é talento de NBA, mas empolga menos do que o sempre enérgico e impactante Kirilenko. A combinação de Weems e Dionte Christmas nas alas é o que diferencia o CSKA dos demais times do continente. Poucos têm a capacidade atlética da dupla. O sistema ofensivo ao redor de Nenad Krstic mudou, mas o pivô sérvio tem mantido sua excelência. Tem saído do banco apenas porque seu companheiro de posição Sasha Kaun está totalmente recuperado de uma lesão séria no joelho sofrida 18 meses atrás e Messina agora apresenta uma sutil uma queda por atletas de primeiro nível, depois de sua experiência nos Estados Unidos.

Em Israel, o Maccabi Tel Aviv de David Blatt começou o TOP 16 com duas derrotas para o Siena e o Caja Laboral, a última por um ponto em casa na semana passada. Vindo pra temporada, a dúvida era como esse time iria marcar pontos após as saídas de Keith Langford e Richard Hendrix. Mas, com um ataque certeiro em tiros de meia distancia e uma defesa que tem permitido o menor número de pontos no garrafão, a potência israelense está a caminho de fazer o papel que fez ano passado; timinho difícil de bater nas quartas de final. Mais que isso será uma surpresa considerando as limitações do elenco, mesmo que se há alguém capaz de tirar um final four desse time, esse alguém é David Blatt.

E por último, mas não menos importante, o atual campeão Olympiacos. A temporada começou meio estranha para os vermelhos de Piraeus, com duas derrotas nos primeiros três jogos e a saída do pivô Joey Dorsey do time após desavenças com o novo técnico Georgios Bartzokas, que substitui o legendário Dusan Ivkovic, aposentado. Mas as coisas se acertaram a partir dali. O Olympiacos ganhou sete jogos seguidos na Euroliga para terminar a primeira fase com vitórias em 10 jogos. Além disso, bateu o rival Panathinaikos no campeonato grego. A defesa se endireitou e o importantíssimo Kostas Papanikolaou se apresentou melhor depois de um primeiro mês muito tímido. O TOP 16 começou com derrota em Vitória para o Caja Laboral, rejuvenescido depois da demissão Dusko Ivanovic, mas os vermelhos se recuperaram com vitória sobre o Besiktas em casa. É difícil saber, porém, o quanto Dorsey fará falta nas fases finais. Ele foi peça fundamental na corrida ao título ano passado e seu substituto Josh Powell é um jogador de características totalmente diferente.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Huertas eleva suas apresentações em Barcelona e justifica prêmio de melhor do Brasil
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas, Barcelona

Huertas abre mais uma temporada com perspectiva de títulos pelo Barça

Não é questão de criar picuinha, provocar polêmicas, embora tudo isso possa acontecer inerentemente. Mas é uma opinião, que, depois da divulgação da premiação do COB nesta temporada, pode se passar até como chapa branca.

Mas vocês sabem que não é o caso, né?

Sabem, mesmo, né?!

Ah, bom. Ufa.

Sobre o Marcelinho Huertas ser o melhor jogador brasileiro hoje – e por hoje só não entenda como o momento imediato, mas, sim, algo como “hoje em dia”.

Para falar do armador, os números não contam muito – ou contam pouco da história. Explicando: o armador muitas vezes joga como se estivesse imobilizado, algemado no sistema (f)rígido de Xavi Pascual no Barcelona, sem poder criar como fez nos tempos de Baskonia e Bilbao.

Neste ano, a equipe catalã ainda segue apostando a maior parte de suas fichas no sistema defensivo, mesmo que, individualmente, Ante Tomic e Nathan Jawai não causem o mesmo impacto que os pirulões Boniface N’Dong e Kosta Perkovic tiveram na temporada passada, em termos proteção do aro e do garrafão, como explica aqui o  Rafael Uehara – brasileiro que assina, em inglês mesmo, o The Basketball Post e colaborou com o Vinte Um neste mês de dezembro. Na Euroliga, os adversários continuam sufocados. Na Liga ACB, as coisas também tendem a se acertar a longo prazo, mesmo depois de um início irregular que era impensável para uma superpotência dessas.

Para manter esse padrão defensivo, não esperem, então, uma revolução do outro lado do quadra, no ataque. A abordagem ainda será muito mais metódica do que “cabeça aberta”. Por outro lado, como o Rafael escreveu aqui, aos poucos Huertas vai ganhando um pouco mais de espaço para atacar, aqui e ali, os oponentes em vez de se limitar a alguém que apenas passe de lado, concentrado apenas em alimentar Juan Carlos Navarro ou Erazem Lorbek. Ele faz o que pode.

Contra o Valencia, por exemplo, o Barcelona perdeu para um time desfalcado de Vitor Faverani, mas não olhem para o armador na hora de tentar encontrar um reponsável. Não quando ele fez 21 pontos e seis assistências em apenas 29 minutos. Além disso ele matou todos seus oito lances livres, seus dois chutes de dois pontos e três em quatro disparos de três para totalizar iíndice 33 de eficiência, valendo a nomeação como melhor jogador da rodada. Duas jornadas antes, ele já havia sido impecável com a bola em mãos, anotando 13 pontos sem errar um chute sequer (de qualquer canto) e somado quatro assistências contra apenas um desperdício de posse. Pela  Euroliga, sua melhor atuação aconteceu contra o Partizan, com 24 pontos, nove assistências e cinco rebotes e 38 pontos de eficiência. No geral, vem com aproveitamento altíssimo nos arremessos, incluindo de três pontos.

Não precisa ir muito longe ao avaliar a atual geração da seleção, pensando no time olímpico e demais selecionáveis, e perceber como Huertas é quase uma aberração, numa inversão curiosa de valores, considerando que o Brasil ofereceu, nos últimos anos,  gigantes atléticos aos montes, abastecendo elencos na Europa e nos Estados Unidos sem parar. Agora, pensando nos homens baixos, daqueles que a gente consegue encarar olho no olho, sem cansar o pescoço – jornalista sofre em zona mista de basquete, viu? –, talvez não dê para contar em cinco dedos. E o Scott Machado não vale, tendo sido formado nos EUA.

Mas também não quer dizer que ele mereça a distinção de melhor do ano por ser único em sua característica, e, sim, sua consistência.

Os últimos meses do ano foram todos de Anderson Varejão, com razão. Todos estão testemunhando a quantidade descomunal de rebotes que o cabeleira vem apanhando. Mas nos últimos anos Huertas acabou dando um passo a mais. O ‘baixinho’ se desgarrou dos grandalhões, impressão que só foi reforçada pela experiência de seleção brasileira que tivemos entre julho e agosto. Em Londres, foi possível observá-lo de perto em muitas ocasiões e contra os melhores do mundo. Nesses jogos foi possível onstatar que, na verdade, esse não era um desafio tão grande assim para seu talento. Agora o Barcelona começa a aproveitar melhor essas qualidades.


Maior envolvimento de Huertas resulta em melhor ataque e favoritismo para o Barcelona
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Huertas vibra

Por Rafael Uehara*

A ineptidão no ataque custou ao Barcelona uma vaga na final da Euroliga na temporada passada. Durante todo o ano, o time foi dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek para conseguir suas cestas. E quando Navarro se viu obrigado a lidar com uma lesão crônica no pé no fim do ano e Lorbek teve uma atuação muita apagada contra o Olympiacos, o time catalão sofreu demais.

Ao chegar de Vitória, a esperança era que Marcelinho Huertas adicionaria uma terceira dimensão ao ataque barcelonista. Mas, como já havia ocorrido com Ricky Rubio, o técnico Xavi Pascual não deu tanta liberdade ao armador brasileiro dentro de seu esquema e, constantemente, confiou mais no reserva Victor Sada para terminar partidas, devido a sua grande capacidade defensiva, prioridade absoluta para Pascual.

Contudo, depois do fiasco em Istambul, a diretoria catalã reconheceu a necessidade de adicionar maior criatividade ao ataque, buscando os pivôs Ante Tomic e Nathan Jawai e o armador Sarunas Jasikevicius, o futuro membro do Hall da Fama, no mercado. Com esses reforços, o Barcelona abriu um pouco mão de seu pedigree defensivo, confiando na habilidade de Pascual de treinar aquele lado da quadra. Ao mesmo tempo, aprimorou o poder ofensivo no elenco.

Contudo, a melhoria que tem surtido o maior efeito para o ataque barcelonista este ano tem sido o maior envolvimento de Marcelinho Huertas. Esse acaba sendo o grande reforço.

Segundo o portal gigabasket.org, que mantém controle de estatísticas avançadas sobre a Euroliga, Huertas tem usado 23,2% das posses do time em seu tempo de quadra. Este percentual é cinco pontos maior do que na temporada passada, quando Marcelinho muitas vezes iniciava a jogada esquematizada e geralmente acabava no canto apenas como opção para o tiro. Neste ano, Pascual modificou o ataque para que seja um pouco menos pesado em jogadas individuais envolvendo Lorbek no garrafão ou em pick-and-rolls apenas envolvendo Navarro e Lorbek.

Uma fração maior do ataque agora envolve a criação no perímetro, resultando em mais oportunidades para Marcelinho contribuir para o time. Especialmente com seu perfeito tempo de bola usando os corta-luzes. Outro que vem sendo mais aproveitado é o ala australiano Joe Ingles (surpreendentemente encaminhado para a NBA no ano que vem).

O resultado tem sido um ataque mais potente, especialmente em comparação com o do ano passado. O Barcelona tem marcado em média 108,6 pontos a cada 100 posses de bola na Euroliga, uma considerável melhora de quase quatro pontos por 100 posses, além de apresentar agora um aproveitamento superior de 7% nos tiros de quadra. Na liga espanhola, o time tem marcado em média dois pontos a mais por jogo nessas primeiras 10 partidas.

Outro ponto bastante positivo: o time lidera a Euroliga em pontos no garrafão e o campeonato espanhol em enterradas, estatísticas indicativas de que a equipe vem buscando com proficiência as jogadas mais simples – e de mais probabilidade de acerto, isto é. Segundo o portal DraftExpress, Huertas seria o principal condutor nessa guinada ofensiva, registrando 6,6 assistências a cada 40 minutos em 18 jogos este ano.

O Barcelona está invicto na competição continental, vencendo todas as suas oito partidas até o momento. No campeonato espanhol, o time perdeu quatro de suas 10 partidas, um começo de temporada atípico, mas essas derrotas vieram por uma média de 5,5 pontos e três delas foram na casa do adversário.

Não há dúvida, porém, de que o time catalão é concorrente legítimo a ganhar a coroa europeia e ainda é favorito a reter o troféu doméstico (mesmo que o rival madrilenho tenha tido um começo de temporada fulminante com sua máquina de marcar pontos). Muito pelo equilíbrio que vem conseguindo, com seu ataque reestruturado fornecendo maior suporte a sua defesa ainda fantástica (que está a caminho de superar as marcas históricas estabelecidas pelo time da temporada passada). E o maior envolvimento de Marcelinho Huertas é a grande razão para isso.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Diferentemente do futebol, Real Madrid é líder em início equilibrado da Liga ACB
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Nikola Mirotic, estrela emergente na Europa

O jovem astro Mirotic lidera um ataque que está nos trinques

No Campeonato Espanhol de basquete, a Liga ACB, as coisas estão invertidas em relação ao de futebol, La Liga (de las Estrellas, coisa cafona). Para a bola que quica, nesta temporada quem manda por enquanto é o Real Madrid, enquanto o Barcelona aparece no pelotão intermediário. Isso, claro, depois de um blogueiro aí ter eleito o time catalão como o grande favorito ao título.

São sete vitórias em sete rodadas para o clube merengue, o único invicto até o momento. Sob o comando de Pablo Laso, um pouco mais solto de que seu antecessor, o cerebral Ettore Messina, a equipe da capital também tem disparado o melhor ataque da competição, com 627 pontos convertidos, sendo que o segundo é o Estudiantes, do Lucas Bebê, com 579. Seu saldo de pontos também é o maior, com 94 pontos (média de +13,4 por jogo).

Para comparar, o Barça tem até o momento surpreendentes três derrotas no campeonato, ocupando um ainda mais inacreditável sétimo lugar. Com 558 pontos marcados e 476 sofridos, tem a terceira melhor defesa, atrás de Bilbao (456) e Unicaja Málaga (469) e saldo de +82 pontos, 11,7 por confronto, de todo modo também uma margem confortável, embora ainda não traduzida diretamente para a tabela de classificação.

A equipe catalã está situada no enorme pelotão de cinco concorrentes com o mesmo número de vitórias e reveses, que se estende até a 12ª posição, ocupada pelo Valladolid. Outro agrupamento engloba do segundo ao sexto colocados, no qual estão Baskonia (Caja Laboral), Valencia, Málaga, Gran Canaria e Bilbao. Nesse bolo todo, apenas uma vitória separa o vice-líder do 12º lugar.

*  *  *

O Real conta com quatro jogadores com duplos dígitos na pontuação (o jovem Nikola Mirotic, ultratalentoso é o cestinha com 15,1 pontos), e poderia ter um quinto não fossem os 9,9 de Jaycee Carroll, astro do Azerbaijão. Para o mundo Fiba, especialmente na Liga ACB, é bastante coisa. A equipe tem média geral de 43% nos tiros de três pontos (líder), 56% nos dois pontos (quarto) e 17,1 assistências (líder). Um ataque que realmente está nos trinques e ainda vai ganhar o reforço do pivô brasileiro Rafael Hettsheimeir, que ainda trabalha para recuperar a melhor forma depois de uma cirurgia no joelho.

*  *  *

Naturalizado espanhol, draftado pelo Bulls, Mirotic aparece como o jogador mais eficiente da Liga em sete rodadas, com 19,3 pontos de valoração, pouco acima dos 19 do canadense Levon Kendall e do ala americano Tariq Kirksay. Kendall, aliás, faz uma dobradinha do Canadá no topo da lista dos cestinhas, que tem o experiente ala Carl English na dianteira, com 17,9 por partida, acima dos 16,4 de seu compatriota. Por curiosidade, o espanhol mais bem ranqueado é Alberto Corbacho, ala do Obradoiro (Blusens Morbús), em sexto, com 14,7. O pivô argentino Leo Mainoldi é quem vem dominando a tábua de rebotes, com 8,57 de média, acima do brasileiro Vitor Faverani (7,71).  Marcelinho Huertas aparece em terceiro nas assistências, com 4,43, abaixo das 6,57 de Andrés Rodríguez, do Obradoiro, e das 5,0 de Llull.


Barça busca 3ª vitória contra rival de NBA em mais um teste para Huertas
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas x Deron Williams

Huertas ignorou a marcação de Deron Williams em amistoso

Lembram do zum-zum-zum que Marcelinho Huertas causou com sua atuação no amistoso da seleção brasileira contra os Estados Unidos, pouco antes das Olimpíadas?

Naquela ocasião, o armador jogou de igual para igual com Chris Paul, superou Deron Williams, um homem de mais de US$ 100 milhões de contrato, e ganhou elogios do Coach K e de um monte de jornalistas locais impressionados em Washington.

De modo que o raciocínio lógico, a seguir, era o de especular como Huertas se daria numa quadra de NBA, se teria sucesso, se poderia ser um titular etc. Nesta terça-feira, em amistoso do Barcelona contra o Dallas Mavericks, o brasileiro tem, então, mais uma chance de mostrar suas habilidades para a audiência norte-americana.

Não custa, né?

“Este é um jogo que não tem muita valia, já que se trata de um amistoso, mas ter vitória contra um time da NBA é muito bom. O Barcelona tentará seu quarto resultado positivo contra os profissionais e eu vou atrás da primeira vitória”, afirmou. Verdade: o Barça já teve dois triunfos sobre clubes dos EUA (Sixers e Lakers, o último deles em 2010).

O duelo será na cidade catalã, no Palau Sant Jordi, e opõe o campeão da NBA e o da Liga ACB, o segundo campeonato nacional de clubes mais forte do mundo. Será o segundo embate do Mavs na Europa, depois de vitória apertada sobre o frágil Alba Berlin, no sábado, na capital alemã.

*  *  *

Não será a primeira vez que o armador enfrentará concorrência de NBA entre clubes. Em 2010, pelo Baskonia, ele encarou o San Antonio Spurs e o Memphis Grizzlies.

Contra o Spurs, vendo seu ex-parceiro de pick-and-roll Tiago Splitter no banco, lesionado, ele somou seis pontos, nove assistências e seis rebotes em 33 minutos. Detalhe: enquanto esteve em quadra, seu time venceu por um ponto. Com seu reserva, Pau Ribas, um desastre: desvantagem de 17 pontos num revés por 108 a 85. Pelos texanos, Tony Parker marcou 22 pontos em 24 minutos, matando 9 bolas em 17.

Contra o Grizzlies, derrota por 110 a 105, com sete pontos, 11 assistências e cinco rebotes em 33 minutos do brasileiro. Do outro lado, Mike Conley Jr. arrasou, com 27 pontos em 29 minutos e 11 arremessos convertidos em 17 tentativas.

Na ocasião, lembrando, o Caja Laboral estava em queda, aprendendo a funcionar sem Splitter. Veja o resumo de ambos os jogos (e reparem na dificuldade do locutor da NBA TV em pronunciar os nomes, hehe):

*  *  *

Veja o retrospecto de duelos do Barça com clubes da NBA:

– Barcelona 103 x 137 Denver Nuggets, em Roma, 27/10/1989

– Barcelona 80 x 91 Memphis Grizzlies, em Barcelona, 10/10/2002

Barcelona 104 x 99 Philadelphia 76ers, em Barcelona, 05/10/2006

Los Angeles Lakers 108 x 104 Barcelona, em Los Angeles, 18/10/202008

Los Angeles Clippers 114 x 109 Barcelona, em Los Angeles, 19/10/202008

Barcelona 92 x 88 Los Angeles Lakers, em Barcelona – 07/10/2010

Veja alguns lances deste último confronto, quando Ron Artest ainda era Ron Artest:


Barcelona abre temporada na Supercopa para tentar estender hegemonia
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas, Barcelona

Huertas abre mais uma temporada com perspectiva de títulos pelo Barça

No futebol, virou praxe nos últimos anos dividir o Campeonato Espanhol em duas competições distintas: uma travada entre Barcelona e Real Madrid e a que fica para o resto da cambada (saiba, neste caso, que o Valencia seria tricampeão nacional!).

No basquete, ainda que não exista um abismo como nos gramados, o poderio financeiro dos dois clubes gigantes do país começou a fazer a diferença. O problema, só para aumentar a agonia dos merengues, dos seguidores do time da capital, é que, na verdade, a hipotética polarização entre Barça e Real não se concretizou. Porque só dá Catalunha nessa, algo muito bom para o currículo de Marcelinho Huertas.

A temporada espanhola começa oficialmente neste fim de semana, com a disputa da Supercopa. E os barcelonistas jogam pelo tetracampeonato do torneio. Um, dois, três seguidos eles já têm. Agora querem o quarto.

Dá para dizer que não é a competição mais badalada. Mas ainda é um caneco nacional. E, de todo modo, nos certames de maior prestígio,  o Barcelona conquistou também duas Ligas ACB e duas Copas do Rei nos últimos três anos. Eles não param, entende? Não é apenas a galera de Lionel Messi que irrita os madridistas.

A má notícia para a concorrência: no início desta campanha 2012-2013, o Barça ainda tem o elenco mais equilibrado e, por isso, mais forte. Na armação, Huertas tem a companhia de Sarunas Jasikevicius e Victor Sada. Juan Carlos Navarro também entra nessa rotação. Nas alas, o talentosíssimo australiano Joe Ingles, o veterano norte-americano Pete Mickeal, o promissor Alex Abrines (olho nesse, xodó de muitos scouts europeus) e Xabi Rabaseda. Os pivôs são o croata Ante Tomic, um de nossos preferidos, o craque esloveno Erazem Lorbek, que recusou o Spurs, o força-bruta australiano Nathan Jawai e o americano CJ Wallace.

Além de nomes consolidados no mercado europeu, são peças que se encaixam naturalmente. Diferentemente do que observamos no Real Madrid, que possui gente muito gabaritada no perímetro (Sérgio Llull, Sérgio Rodríguez, Dontaye Draper, Jaycee Carroll, Rudy Fernández e, ufa!, Martynas Pocius), mas deixa a desejar em seu jogo interior (Nikola Mirotic só vai melhorar, mas Felipe Reyes já não é mais o mesmo de três temporadas atrás e Mirza Begic e Marcus Slaughter ainda precisam se provar alto nível no continente).

Um degrau abaixo aparecem Caja Laboral, que é o Baskonia, Valencia, de Vitor Faverani, Unicaja Málaga, de Augusto Lima e que perdeu terreno recentemente, e Bilbao, clubes que vão precisar de excelentes química e trabalho tático para fazer frente aos dois gigantes.

*  *  *

As semifinais da Supercopa são as seguintes: Barcelona x Valencia e Real Madrid x Zaragoza, que joga em casa. Os vencedores se enfrentam na semifinal, no domingo, 14h (horário de Brasília). O Bandsports deve transmitir tudo.

*  *  *

É muito difícil escrever qualquer coisa sobre esses resultados obtidos pelo técnico Xavi Pascual nos últimos anos. Ele teve seu contrato renovado até 2015. Quem sabe, porém, se ele não chega ao final de seu vínculo com um basquete um pouco menos robótico do que obriga o seu clube praticar… Pascual é daqueles “control freak”, regulando toda e qualquer ação de seus atletas do lado de fora da quadra. Só Navarro pode ser Navarro. O resto que se enquadre, e assim ele vai vencendo. Mas não é de encher os olhos, não.

*  *  *

Vitor Faverani terminou a Liga ACB passada como um dos atletas mais quentes no mercado europeu e acabou estendendo seu contrato com o Valencia, onde enfim encontrou um meio de fazer seu imenso talento valer.  Ele encara agora uma temporada muito importante para confirmar esse status.


Argentina vence o Brasil novamente, e dessa vez não há um carrasco ou vilão. Foi só o jogo
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Nenê x Juan Gutiérrez

Nenê e Varejão tiveram juntos os mesmos 11 pontos de Gutiérrez

Por muito tempo, uma crítica predominou sobre a seleção brasileira: a de que basquete da seleção brasileira era por vezes muito destrambelhado. Nesta quarta-feira, o time foi bastante cuidadoso – foram somente oito bolas desperdiçadas de graça em 40 minutos, um fato raro. O problema é que essa passividade atingiu a equipe do outro  lado da quadra também. Por três períodos, faltou a combatividade na defesa que vinham apresentando até então na competição.

Era como se o time de Magnano estivesse esperando que a Argentina se cansasse no fim, para que aí, sim, desse o bote. Se foi isso mesmo, quase deu certo.

Quase.

Com 1min45s para o fim, uma larga diferença de até 15 pontos caiu para três, 74 a 71.

Os brasileiros conseguiam, a essa altura, enfim defender, liderados por Nenê, que, no sacrifício, brecou Luis Scola, impedindo que o argentino fosse acionado. Quando os adversários conseguiam envolver o pivô brasileiro em simples trocas, o pivô também foi bem, mesmo quando atacado frontalmente por Carlos Delfino.

O problema é que… Uma vez feito o “serviço sujo”, uma vez tendo o time voltado ao jogo, as precipitações voltaram, e com tudo, no ataque. Primeiro, Alex, com uma falta de ataque atropelando Manu Ginóbili, e Marcelinho Huertas, com um chute de três pontos mesmo tendo um Scola carregado de faltas à sua frente. No fim, com Leandrinho abaixando a cabeça e se deixando encurralar na lateral da quadra. Entre o primeiro erro e o terceiro, foram três pontos para o ligeirinho, dois para Nocioni e quatro lances livres convertidos por Ginóbili, Scola e Delfino (dois cada). O placar pulava para 80 a 71, restando 30 segundos. Aí já era.

A ideia aqui não é apontar culpados.

Chegando a esse ponto, a seleção penava para alcançar a marca da medíocridade, 50%, nos lances livres. Foram 12 desperdiçados em 24 batidos. Se pelo menos seis amais tivessem caído… Os argentinos também erraram seus chutes parados na linha (9 em 28, 68%), mas saíram com sete pontinhos preciosos a mais no fundamento.

Mas podemos ir além. Splitter e Nenê sempre se atrapalharam com lances livres, mesmo. Então talvez fosse injusto colocar esse fardo em seus ombros, ainda mais com os argentinos fazendo faltas descaradamente.

Então, o que falar daquela velha coqueluche? Os tiros de três pontos. Depois de duas partidas atípicas diante de chineses e espanhóis – convenhamos, galera, não dá nem para comparar a intensidade desses dois duelos com os três primeiros do grupo –, a seleção caiu na arapuca: voltou a atirar desenfreadamente de fora.

Foram apenas 7 convertidos em 23 tentativas, resultando em anêmicos 30% de aproveitamento. Se lembrarmos que duas dessas caíram em chutes no desespero de Leandrinho no finzinho, é provável que a seleção tivesse uma pontaria de apenas 25% até os minutos finais. Um número pífio, que foi cultivado durante todo o torneio e acaba, no fim, jogando contra, sabotando seu próprio empenho defensivo. E, ainda assim, superior aos 29% dos oponentes. Creiam.  Mas não que a falha de um redima a do outro.

De novo o Brasil teve chances, mas não soube capitalizá-las. Pesa a experiência de nossos vizinhos, o maior talento individual de dois jogadores, mas contam também erros que se repetem com uma frequência que acaba sendo implacável.

*  *  *

O Bala havia cantado a pedra já no primeiro tempo, o Murilo, que cobriu o torneio in loco, só reforçou: a Argentina propôs ao Brasil, especialmente no primeiro tempo, a mesma armadilha do confronto das oitavas de final do Mundial de Istambul-2010. Pablo Prigioni estava claramente com sua movimentação debilitada, não conseguia e nem tentava acompanhar Huertas, mas Júlio Lamas não se mostrava nada preocupado. Manteve em quadra seu veterano, que perdeu dois jogos devido a cólica renais, e só usou o novato Campazzo por dois minutinhos na etapa inicial. Que o armador chutasse todas, mesmo, privando o jogo interno do Brasil de mais algumas investidas. Lembrando que o jogo com os pivôs funcionava muito bem no primeiro quarto, com Splitter e Varejão, forçando inclusive as duas faltas em Scola.

No fim, muitos jogadores foram alienados: enquanto o Brasil teve 22 pontos de Huertas e outros 22 de Leandrinho, fora a dupla, só Alex passou teve dois dígitos na pontuação (11). De resto, foram 2 pontos de Machado, 2 de Larry, 4 de Varejão, 7 de Nenê, 2 de Giovannoni e 6 de Splitter.

*  *  *

Dessa vez não houve um “carrasco”, um “algoz”, um super-herói argentino que tenha esmigalhado. Com um ataque mais solidário, nossos vizinhos contaram com 17 pontos de Scola, 16 de Ginóbili, 16 de Delfino, 12 de Nocioni e 11 de Juan Gutiérrez. Creiam: o pivô reserva argentino, sozinho, marcou o mesmo número de pontos de Nenê (7) e Varejão (4) somados.

*  *  *

Terminar os Jogos de Londres em quinto lugar não é o fim do mundo, claro. No fim, a seleção mais venceu (quatro) do que perdeu (duas). Para quem não participava da competição há 16 anos, parece algo satisfatório. E aí você que tem de decidir em qual grupo se enquadrar: numa faixa mais condescendente e/ou conformada, está de bom tamanho a campanha. O Brasil competiu em alto nível, fez o que dava e parabéns. Se for mais minucioso, inevitável também a sensação de que dava, sim, para buscar mais neste torneio.

*  *  *

O basquete volta a ser discutido. As pessoas voltam a torcer por basquete no Brasil. Mas estamos bem distantes de presenciar uma massificação do esporte. A CBB contratou um ótimo técnico, ok, mas este é apenas um paliativo, um movimento de curto prazo. Podem elogiar a seleção pela campanha londrina, mas as palavras não podem ser usurpadas por quem não é de direito.

*  *  *

O discurso de que o Brasil ao menos resgatou um pouco de seu prestígio internacionalmente se justifica até a segunda página. A seleção foi elogiada, jogou no pau contra um time duas vezes medalhista olímpico, e tal. Inegável. A dúvida que fica é: até que ponto esse prestígio vai ser levado adiante? Em breve, venho  as datas de nascimento com mais calma (vocês podem checá-las aqui), mas exsiste  a possibilidade de que a participação em Londres pode ter sido a primeira e última de muitos dos jogadores do Magnano.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

*  *  *

Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

*  *  *

Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.


Uma derrota dolorida no fim para acelerar a educação olímpica da seleção
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Vitaly Fridzon faz acontecer

Vitaly Fridzon se contorce para acertar de três pontos com Leandrinho ao chão

Sendo o mais direto possível: se era para perder um jogo desta maneira, que seja para a Rússia na fase de grupos, mesmo. No fim, é mais um capítulo na educação olímpica da seleção brasileira, batendo de frente com uma grande equipe que também é candidata a pódio.

Para efeitos práticos, isso deve significar um confronto com a França nas quartas de final, em vez dos nossos amigos da Argentina. Numa eventual semifinal, evitaríamos o duelo com os Estados Unidos.

(A não ser que aconteça alguma zebra, entre as alternativas abaixo:

a)    Brasil perde para a China

b)   Brasil vence a Espanha

c)    Rússia vence a Espanha

d)   Rússia perde para a Austrália)

Vai ver que estava tudo planejado por Rúben Magnano, né?

(Brincadeira.)

E aquela bomba? Bem, a bola de Vitaly Fridzon – que tem fama de doido no basquete europeu, mesmo, e jura ser “especialista nessa bola” – foi milagrosa, certeira, daquelas que vai entrar em todos os compactos do torneio. E como fica? Você sente o baque na hora, perdeu o jogo, mas não pode deixar que esse impacto seja duradouro.

Os técnicos se reúnem no quarto, reveem a partida – haja tortura –, anotam o que deu errado, o que saiu de acordo com o esperado e preparam a equipe para a próxima partida. Para eles, não há muito o que prolongar na discussão dessa cesta incrível de Fridzon.

Ao tentar fugir do corta-luz de Sasha Kaun, evitar o contato, Leandrinho acabou perdendo um segundo precioso. Para compensar, ao ver o rival escapar, acabou se desequilibrando e escorregou. Ele falhou em sua missão, mas não vejo como um erro clamoroso, desastroso, que valha a cruz nos próximos dias. Foi a bola do jogo, mas teve coisa muito mais feia no decorrer dos 40 minutos.

Como o segundo quarto desastrado, em que a seleção novamente se atrapalhou toda no ataque, parou de mover a bola e anotou apenas quatro cestas de quadra em dez minutos, cometeu violações, passou a depender dos chutes erráticos de fora (cinco erros).

Nesse período, Magnano também foi muito mal da sua parte, fazendo trocas frenéticas em suas rotações, quebrando o ritmo de sua equipe, que acabou permitindo um passeio de Andrei Kirilenko por dez minutos.

E como eles voltaram no jogo?

Bem, depois de tantas substituições, Magnano enfim (re)encontrou um quinteto com boa química em quadra, especialmente na defesa, com atletas bem postados, contestando o ataque adversário agressivamente. Até converter seus dois disparos de três pontos derradeiros, a Rússia havia errado oito de seus 11 arremessos e cometido quatro desperdícios de bola. “Defesa ganha jogo”, pode dizer o técnico argentino.

Melhor ainda foi ver combinar essa forte defesa – que virou nosso padrão, uma evolução enorme – com um ataque muito mais inteligente. E melhor: sem Marcelinho Huertas em quadra, creiam. Larry respirou ares de Bauru, colocou a bola debaixo do braço e comandou uma ofensiva muito mais incisiva, buscando a infiltração, atacando os gigantes russos na corrida, deixando Mozgov e Kaun pendurados de faltas. As bolas em flutuação caíram, assim como as bandejas do norte-americano e de Leandrinho, que seguiu o exemplo e buscou as cestas mais fáceis. É mais gratificante acertar uma bandejinha do que errar o chute de três, gente.

Defesa ganha jogo, sim, mas precisa fazer cesta também.

A equipe tem agora um ótimo exemplo a seguir daqui para frente.  Vão ter o sangue frio e executar desta forma? Esperemos que sim. Neste caso, as chances de viver um drama destes nos segundos finais novamente se reúnem drasticamente.

Por que de decepções no último segundo já chega, né?

Mama mia!

*  *  *

O chapa Bruno Freitas, imerso no basquete olímpico, já nos traz três repercussões quentinhas direto de Londres:

– Marcelinho Huertas destaca falha da seleção em defender sua vantagem de cinco pontos nos minutos finais

– Rúben Magnano fala sobre pontos positivos na recuperação brasileira no quarto período

– Técnico da Rússia coloca o Brasil – e sua seleção, claro – no páreo pelo pódio nas Olimpíadas. AK elogia Larry

*  *  *

E o que escrever sobre a atuação de Timofey Mozgov? O gigantão russ, que já foi protagonista de muitas e muitas piadas na rede, fez uma partida excepcional, engoliu Splitter e Nenê em alguns momentos e mostrou um arsenal ofensivo que dificilmente apareceu na temporada passada da NBA. George Karl e a diretoria do Nuggets só pode ficar contente com esse progresso, e imagino que ele estivesse provando isso nos treinos de sua equipe.


Em estreia olímpica, Marcelinho queima tudo de três pontos e pivôs são subutilizados
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

 

Como costuma dizer o vizinho Bala, “é até chato” repetir isso aqui, mas não tem como evitar.

Sobre o Marcelinho Machado, que jogou por 15 minutos contra a Austrália e tentou dez arremessos.

Pior, aquele mesmo causo de sempre: oito desses dez tiros foram de três pontos, tendo convertido apenas um. Descontando Machado, a seleção foi bem comedida e arremessou apenas sete vezes de longa distância: três com Leandrinho, duas com Huertas, que não acertaram nenhuma,  e mais duas de Alex, que matou a primeira).

Nenê contra australianos

Enquanto Marcelinho não se cansa de chutar, as trombadas de Nenê são pouco recompensadas

Marcelinho só livrou a cara nessa, em termos de resultado, porque os australianos foram ainda mais teimosos e incompetentes no perímetro externo (com apenas 4 cestas em 22 arremessos, 18%). Patty Mills chutou nove bolas de três e matou apenas uma. Joe Ingles: 1/4. Brad Newley: 0/1. Matt Dellavedova: 0/2. Matt Nielsen: 0/1.  David Andersen: 2/5 (as duas em reação no quarto período, diga-se).

Apenas dois jogadores brasileiros chutaram mais que Machado na partida de estreia: Huertas (12) e Leandrinho (15). Mas… para comparar de modo justo: Huertas ficou em quadra por 32 minutos. Leandro, poor 25 minutos.  A média de chutes por minuto do flamenguista, então, estoura.

O que o veterano fez hoje em quadra para justificar um tempo maior de quadra do que recebeu Marquinhos (limitado a 11 minutos)? Bem, não foi rebote (zero), assistência (necas) e roubo de bola (nada). Hmm… Não sei, então.

*  *  *

Nenê jogou 20 minutos e encestou quatro de seus seis arremessos. Varejão foi ainda mais produtivo: em 25 minutos, matou seis em sete. A dupla som ou 22 pontos extremamente eficientes, então. Por que diabos não usá-los mais? Qual a dificuldade?

Principalmente quando Splitter não estava bem em quadra, com oito erros em dez tentativas de quadra, muitas delas mal posicionadas, com ganchos da cabeça do garrafão no estouro do cronômetro – nessa ocasião, porém, a culpa não é sua de sobrar com a batata quente na mão.