Miami Heat esquece jogo exterior para demolir a defesa do Indiana Pacers
Giancarlo Giampietro
Quem falou que é obrigatório ter um grandalhão excepcional para se orquestrar um potente ataque interior?
Bem, o Miami Heat mostrou neste domingo contra o Indiana Pacers que uma coisa não tem a ver obrigatoriamente com a outra. A não ser, claro, que estejamos preparados para nomear Udonis Haslem, com seus surpreendentes 17 pontos e 7 rebotes no jogo 4, como o novo superpivô da liga.
Abrindo mão de seu jogo exterior, com um basquete extremamente agressivo e, ao mesmo tempo, e pragmático, a equipe da Flórida estraçalhou a melhor defesa da NBA para vencer por 114 a 96 e retomar o controle da Final da Conferência Leste, com dois triunfos em três partidas.
Antes de falar sobre o que o Miami fez em seu ataque, vale um breve comentário sobre a defesa de Indiana. Por mais forte que seja sua retaguarda, uma coisa esses caras não fazem bem, por questão de disciplina e princípios até: pressionar a linha de passe. Frank Vogel comunga da ideia de que seus marcadores devem ficar colados a seus respectivos adversários, sem fazer muitas dobras ou sair de um posicionamento mais adequado em busca de uma roubada ou toco. Desta forma, conseguem uma boa contestação aos arremessos de fora de seus oponentes, uma vez que os arremessadores não têm muito espaço para receber a bola e subir para o chute.
O que Erik Spoelstra ordenou, então, foi que os atuais campeões agredissem o garrafão dos donos da casa sem parar. Era preciso medir, calcular os passes na hora de fazer o jogo de costas para a cesta – no qual LeBron James foi mortal –, ou espaçar bem seus atletas e caprichar na movimentação de bola lateral para que os ângulos para as infiltrações fossem criados. Funcionou direitinho, com uma execução indefectível por parte de seus atletas.
Sente-se na cadeira e assimile os seguintes números: aproveitamento 54,5% nos arremessos de quadra e apenas cinco desperdícios de posse de bola cometidos. Cinco turnovers em 48 minutos, um a cada 9 minutos e pouco. Impressionantes a precisão técnica e a consistência tática.
Eles tentaram apenas 14 disparos de três pontos, sendo que, no primeiro tempo, foram apenas cinco. Na verdade, dos 14 no total, quatro vieram nos últimos minutos de jogo, com a fatura já liquidada. Nas duas primeiras partidas, que valeram realmente até o último segundo, foram 40 arremessos.
LeBron arriscou apenas um chute de fora, sendo muito mais acionado nos arredores do garrafão. Dwyane Wade, então, não tentou nenhum – o que, no seu caso, é algo mais que positivo, já que nunca foi bom, muito menos medíocre neste fundamento (28,9% na média, 31,7% no melhor ano, 2008-09).
Sobre os cinco turnovers, um espetáculo, considerando que eles cometeram 20 na primeira partida e 14 na segunda. No primeiro tempo, cometeram apenas um. Não por acaso, combinando esses dois fatores, marcaram 70 pontos em 24 minutos, com média de 62,8% nos arremessos.
Esse rendimento é bastante possível quando você tem LeBron James e Dwyane Wade dividindo a quadra. A habilidade dos dois ou de (?) Mario Chalmers e Norris Cole, porém, está longe de ser a única explicação para o sucesso que o Heat teve contra o Pacers neste domingo. Tem muito mais a ver com planejamento e conscientização de seus jogadores.
Pode ter durado apenas 48 minutos, até porque o oponente virá com seus ajustes para o próximo jogo. De qualquer forma, foi uma exibição, e tanto, que vale o DVD gravado.
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Quem é vivo aparece. E Udonis Haslem, contrariando a forte boataria que se espalhou por todos os lados nos últimos meses, está vivo. Por essa Hibbert não poderia Vogel realmente não poderia esperar: “Será que ele vai arremessar 8 de 9 toda noite? Se ele fizer isso, provavelmente será uma série difícil para nós”, afirmou o técnico, irônico e inconformado.
Nos dois primeiros jogos do confronto, Haslem marcou três pontos. Digo: dois no dia 22 de maio e mais um no dia 24. Entendeu? Três pontos, tendo acertado apenas um de sete arremessos. Aí que, em sua visita a Indianápolis, ele resolveu matar oito de nove arremessos, muitos de média distância, algo que sempre foi sua especialidade, mas que ele havia perdido por completo.
Faz muito tempo que não saía nada nessa linha: contra o Milwaukee Bucks, na primeira fase, sua média foi de 7,5 pontos. Contra o Bulls, na sequência, 5,2 pontos. Na temporada regular? Pior ainda: 3,9 pontos.
Apesar da produção anêmica ofensiva, Spoelstra se manteve fiel a seu veterano, dando a ele a condição de titular em 59 partidas das 75 em que esteve disponível. O principal fundamento em o jogador ajuda, aliás, é o rebote, e ele está em quadra basicamente para batalhar debaixo do aro, compensando as limitações de Chris Bosh nesse quesito.
“Veja, nós conhecemos Udonis Haslem há uns dez anos. Ele provavelmente já disputou mais batalhas de playoff do que qualquer um neste vestiário. Ele sempre foi grande nos maiores momentos, quando você precisa dele, quando há adversidade”, disse o técnico do Heat, orgulhoso que só de sua escolha
Spo foi brindado com uma noite especial de Haslem, bem além de “apliação tática”. Por uma noite especial, o veterano ala-pivô, de 32 anos, resolveu a parada. “Meus camaradas continuaram me encontrando. O crédito é deles, eles me encontraram, e eu apenas arremessei com confiança”, disse. “Eu sempre quis contribuir de qualquer jeito que fosse. Hoje eu estava apenas acertando os arremessos.”
Simples assim? O Pacers espera que não.
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O Miami Heat venceu 23 de seus últimos 24 jogos fora de casa, contando a temporada regular, incluindo cinco nos mata-matas.