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Miami Heat esquece jogo exterior para demolir a defesa do Indiana Pacers
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Giancarlo Giampietro

Quem falou que é obrigatório ter um grandalhão excepcional para se orquestrar um potente ataque interior?

Bem, o Miami Heat mostrou neste domingo contra o Indiana Pacers que uma coisa não tem a ver obrigatoriamente com a outra. A não ser, claro, que estejamos preparados para nomear Udonis Haslem, com seus surpreendentes 17 pontos e 7 rebotes no jogo 4, como o novo superpivô da liga.

LeBron James x Paul George

LeBron: calma com a bola, buscando sempre o jogo interior desta vez

Abrindo mão de seu jogo exterior, com um basquete extremamente agressivo e, ao mesmo tempo, e pragmático, a equipe da Flórida estraçalhou a melhor defesa da NBA para vencer por 114 a 96 e retomar o controle da Final da Conferência Leste, com dois triunfos em três partidas.

Antes de falar sobre o que o Miami fez em seu ataque, vale um breve comentário sobre a defesa de Indiana. Por mais forte que seja sua retaguarda, uma coisa esses caras não fazem bem, por questão de disciplina e princípios até: pressionar a linha de passe. Frank Vogel comunga da ideia de que seus marcadores devem ficar colados a seus respectivos adversários, sem fazer muitas dobras ou sair de um posicionamento mais adequado em busca de uma roubada ou toco. Desta forma, conseguem uma boa contestação aos arremessos de fora de seus oponentes, uma vez que os arremessadores não têm muito espaço para receber a bola e subir para o chute.

O que Erik Spoelstra ordenou, então, foi que os atuais campeões agredissem o garrafão dos donos da casa sem parar. Era preciso medir, calcular os passes na hora de fazer o jogo de costas para a cesta – no qual LeBron James foi mortal –, ou espaçar bem seus atletas e caprichar na movimentação de bola lateral para que os ângulos para as infiltrações fossem criados. Funcionou direitinho, com uma execução indefectível por parte de seus atletas.

Sente-se na cadeira e assimile  os seguintes números: aproveitamento 54,5% nos arremessos de quadra e apenas cinco desperdícios de posse de bola cometidos. Cinco turnovers em 48 minutos, um a cada 9 minutos e pouco. Impressionantes a precisão técnica e a consistência tática.

Eles tentaram apenas 14 disparos de três pontos, sendo que, no primeiro tempo, foram apenas cinco. Na verdade, dos 14 no total, quatro vieram nos últimos minutos de jogo, com a fatura já liquidada. Nas duas primeiras partidas, que valeram realmente até o último segundo, foram 40 arremessos.

LeBron arriscou apenas um chute de fora, sendo muito mais acionado nos arredores do garrafão. Dwyane Wade, então, não tentou nenhum – o que, no seu caso, é algo mais que positivo, já que nunca foi bom, muito menos medíocre neste fundamento (28,9% na média, 31,7% no melhor ano, 2008-09).

Sobre os cinco turnovers, um espetáculo, considerando que eles cometeram 20 na primeira partida e 14 na segunda. No primeiro tempo, cometeram apenas um. Não por acaso, combinando esses dois fatores, marcaram 70 pontos em 24 minutos, com média de 62,8% nos arremessos.

Esse rendimento é bastante possível quando você tem LeBron James e Dwyane Wade dividindo a quadra. A habilidade dos dois ou de (?) Mario Chalmers e Norris Cole, porém, está longe de ser a única explicação para o sucesso que o Heat teve contra o Pacers neste domingo. Tem muito mais a ver com planejamento e conscientização de seus jogadores.

Pode ter durado apenas 48 minutos, até porque o oponente virá com seus ajustes para o próximo jogo. De qualquer forma, foi uma exibição, e tanto, que vale o DVD gravado.

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Udonis, gente, o Udonis!

A cesta ficou maior para Haslem neste domingo

Quem é vivo aparece. E Udonis Haslem, contrariando a forte boataria que se espalhou por todos os lados nos últimos meses, está vivo. Por essa Hibbert não poderia Vogel realmente não poderia esperar: “Será que ele vai arremessar 8 de 9 toda noite? Se ele fizer isso, provavelmente será uma série difícil para nós”, afirmou o técnico, irônico e inconformado.

Nos dois primeiros jogos do confronto, Haslem marcou três pontos. Digo: dois no dia 22 de maio e mais um no dia 24. Entendeu? Três pontos, tendo acertado apenas um de sete arremessos. Aí que, em sua visita a Indianápolis, ele resolveu matar oito de nove arremessos, muitos de média distância, algo que sempre foi sua especialidade, mas que ele havia perdido por completo.

Faz muito tempo que não saía nada nessa linha: contra o Milwaukee Bucks, na primeira fase, sua média foi de 7,5 pontos. Contra o Bulls, na sequência, 5,2 pontos. Na temporada regular? Pior ainda: 3,9 pontos.

Apesar da produção anêmica ofensiva, Spoelstra se manteve fiel a seu veterano, dando a ele a condição de titular em 59 partidas das 75 em que esteve disponível. O principal fundamento em o jogador ajuda, aliás, é o rebote, e ele está em quadra basicamente para batalhar debaixo do aro, compensando as limitações de Chris Bosh nesse quesito.

“Veja, nós conhecemos Udonis Haslem há uns dez anos. Ele provavelmente já disputou mais batalhas de playoff do que qualquer um neste vestiário. Ele sempre foi grande nos maiores momentos, quando você precisa dele, quando há adversidade”, disse o técnico do Heat, orgulhoso que só de sua escolha

Spo foi brindado com uma noite especial de Haslem, bem além de “apliação tática”. Por uma noite especial, o veterano ala-pivô, de 32 anos, resolveu a parada. “Meus camaradas continuaram me encontrando. O crédito é deles, eles me encontraram, e eu apenas arremessei com confiança”, disse. “Eu sempre quis contribuir de qualquer jeito que fosse. Hoje eu estava apenas acertando os arremessos.”

Simples assim? O Pacers espera que não.

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O Miami Heat venceu 23 de seus últimos 24 jogos fora de casa, contando a temporada regular, incluindo cinco nos mata-matas.


Na NBA, sobram as três melhores defesas (e o Miami Heat) na disputa pelo título
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Giancarlo Giampietro

Pesadelo para Melo

Carmelo pode dizer uma coisa ou outra sobre a defesa do Indiana Pacers

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

Fora o pianinho clássico acompanhando um ataque nos instantes finais, eternizado nos games Lakers vs Celtics, temos entre os clichês do basquete esse grito, que se disseminou por tudo que é lugar em que pingue uma bola de basquete a partir das transmissões globalizadas da NBA. Há mesmo as torcidas que cantam só por cantar mesmo, talvez utopicamente, com a vã esperança de que seu time-peneira vá esboçar alguma reação na hora de proteger a cesta.

Bem, na temporada 2012-2013 da liga norte-americana essa brincadeira deu certo. Entre os quatro times que ainda lutam pelo título, estão as três defesas mais eficientes do campeonato, pela ordem: Indiana Pacers, Memphis Grizzlies e San Antonio Spurs. O quarto? O Miami Heat, claro, nono melhor nesse quesito.

Consideramos aqui a medição que foi primeiro elaborada por Dean Oliver, que integra o departamento de estatísticas da ESPN americana e já trabalhou na diretoria do Denver Nuggets, e encampada e levemente alterada por John Hollinger, vice-presidente do próprio Grizzlies. As estimativas abordam o número de pontos numa média de 100 posses de bola. Isso por quê?

Gasol & Allen

Marc Gasol e Tony Allen, dois dos melhores defensores da liga em suas posições

Bem, cada clube tem o seu próprio ritmo de jogo. Se uma equipe corre mais com a bola, atacando com menos segundos gastos a cada posse, a tendência é que ela sofra mais pontos, mesmo, não? Isso não quer dizer necessariamente que, na média, sua defesa seja a pior – talvez apenas mais vazada.

(Por outro lado, alguém pode argumentar que, no caso do time que adota um jogo mais metódico, gastando o cronômetro, já esteja se protegendo desde o princípio, controlando a bola ao máximo. Obviamente isso não pode ser descartado, mas sigamos adiante com a defesa-por-posse.)

Na temporada regular, o Pacers de Frank Vogel permitiu apenas 99,8 pontos a cada 100 posses de bola, seguido pelo Memphis Grizzlies (100,3) e pelo San Antonio Spurs (101,6). O Miami Heat terminou com 103,7.

Para se ter uma ideia de quão bom é o índice firmado pela turma de Paul George e Roy Hibbert, a distância entre o Pacers e o Heat (de 3,9 pontos) seria maior que a que existiu entre os atuais campeões de Miami e o Toronto Raptors (3,8), apenas a 22ª defesa da liga.

De acordo com a máxima de que “são as defesas que vencem o título”, poderíamos indicar, então, o Pacers como o favorito?

Bem, nem tanto. Sua proteção de garrafão deixa as coisas bem encaminhadas, mas essa ainda não é a resposta definitiva. Façamos uma pausa, antes de avaliar os quatro finalistas, para perguntar se o mote do parágrafo acima é inteiramente verdadeiro.

*  *  *

Um estudo conduzido pelo analista Neil Pane, uma das almas angelicais por trás do Basketball-Reference, indica que, sim, as melhores retaguardas têm mais condições de ganhar o troféu, comparando historicamente os rendimentos coletivos dos dois lados da quadra.

Segundo suas contas, um time que tenha uma defesa medíocre e um ataque com 10 pontos acima da média da liga, teria 32,3% de chances para conquistar o caneco. Por outro lado, se a sua equipe mantiver um ataque medíocre e tiver uma defesa que sofra 10 pontos abaixo da média, sua probabilidade de título sobe para 80,1% – e mesmo uma equipe que sofra 7 pontos a menos do que a média do campeonato teria um candidatura mais sólida, com 39,1%.

Tiago Splitter x Dwight Howard

Splitter ajudou o Spurs a se tornar uma das melhores defesas da NBA novamente

Agora, para comprovar que seu levantamento não é pouco, Paine fez as mesmas contas excluindo o avassalador Boston Celtics de Bill Russell, que defendia muito e penava para fazer cestas em alguns anos, podendo desequilibrar o balanço do ponto de vista histórico. Fazendo uma pesquisa só a partir da fusão NBA-ABA em 1976, a distância entre ataque e defesa cai consideravelmente, mas ainda pende para a contenção. O melhor ataque tem 43,8%, de chances, enquanto a melhor defesa, 63,9%.

É difícil, porém, atingir a meta de dez pontos acima ou abaixo da média. Quanto menores esses números, menor a distância na chance de título também. Por exemplo: se um time faz 3,0 pontos a mais da média, a expectativa seria de 1,9%; se sofre 3,0 pontos abaixo, o número seria de apenas 2,4%.

“No entanto, a contínua proeminência da defesa, mesmo quando descartamos a dinastia do Celtics da amostra, sugere que as equipes devam priorizar a excelência deste lado da quadra se querem vencer um campeonato”, escreve Paine.

Ponto destacado e anotado. Mas ainda não é tudo.

*  *  *

Phil Jackson, o homem dos 11 anéis de campeão da NBA, nunca se cansa de enfatizar que as coisas estão totalmente interligadas: um bom ataque e uma boa defesa. Quanto menos precipitações (arremessos forçados e turnovers) você tiver tentando a cesta, melhores suas condições de armar sua retaguarda, propiciando menos contra-ataques, voltando com equilíbrio.

E “equilíbrio” seria a palavra-chave, mesmo, tanto do ponto de vista conceitual como estatístico, como escreveu nesta semana o analista Kevin Pelton, da ESPN, outro representante da crescente comunidade nerd do basquete. Reduzindo seu campo de pesquisa de 1980 para cá – o ano em que a linha de três pontos foi pintada nas quadras da NBA e também um marco extremamente relevante nessas contas –, constatou que 14 campeões tinham o melhor saldo de cestas da temporada (mais de 40%), sabendo dosar um bom ataque e uma boa defesa.

“É difícil encontrar exemplos de times com uma fraqueza em cada lado da quadra vencendo um campeonato. Nos últimos 33 anos, apenas dois times venceram o título com uma unidade abaixo da média durante a temporada regular: o Los Angeles Lakers 2000-2001 (fraco na defesa) e o Detroit Pistons 2003-2004 (fraco no ataque)”, escreveu Pelton.

O Lakers de 2001 foi uma anomalia na carreira de Phil Jackson, que envelheceu uns bons anos tentando administrar a conturbada relação entre Kobe Bryant e Shaquille O’Neal. Depois da conquista de seu primeiro título, o time deu aquela relaxada, despencando de melhor defesa na campanha anterior a 21ª, apesar de manter a mesmíssima base, que funcionava direitinho no ataque (segundo melhor índice). Absurdo, né? Acontece que, chegando aos playoffs, decidiram ligar o turbo e venceram 15 de 16 partidas, cedendo apenas um triunfo para o Philadelphia 76ers de Iverson e Larry Brown na primeira partida da decisão. Já o Pistons de 2004 teve Rasheed Wallace, seu melhor atleta, por apenas 22 partidas, depois de ele ser adquirido numa das trocas mais desequilibradas da história durante o campeonato.

O Oklahoma City Thunder teve o melhor saldo de cestas deste campeonato, com +9,2, mas suas aspirações ao título se encerraram com a lesão de Russell Westbrook. O Miami Heat aparece em segundo, com +7,9. O Spurs seria o quarto, com +6,4, enquanto Grizzlies e Pacers seriam sétimo e oitavo, com +4,1 e +4.

LeBron x Rose

A postura defensiva perfeita de LeBron James para segurar até um Derrick Rose

Na campanha dos rapazes de Erik Spoelstra, todavia, é possível encontrar alguma semelhança com aquele Lakers do início da década passada, começando o ano um pouco devagar (mas nem tanto) e esquentando as turbinas na metade do campeonato. No dia 1º de fevereiro, eles perderam a 14ª partida na temporada. Em 17 de abril, fecharam a conta com apenas mais dois reveses, engatando neste período sua incrível sequência de 27 vitórias. Durante esse período, seu lado de cestas foi de +11,9, o que seria a melhor marca da liga de longe, devido a uma melhora significativa na defesa, já entre as cinco mais eficientes neste período. Motivados pela busca do recorde histórico de triunfos consecutivos, viraram outra equipe. A mais equilibrada e com mais chances de título.

Descartando todos os dados enumerados acima, esse favoritismo do Miami não é novidade alguma e talvez pudesse ser explicado de modo mais simples pela soma de “LeBron” + “James”.

Só que, numa liga extremamente competitiva e rica, com recursos sendo empregados dos modos mais diversificados, as coisas dificilmente vão se desenrolar assim, de um modo tão fácil.

Com suas fortíssimas defesas, porém, Pacers e Grizzlies, com DJ Augustin, Sam Young, Ian Mahinmi, Keyon Dooling, Tayshaun Prince entre outras nulidades ofensivas em suas rotações, já derrubaram três dos cinco melhores ataques da liga (Knicks, Clippers e Thunder) e se colocaram na briga, ao menos com uma chance de surpreender.


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.


Boa ideia? Shane Battier recebeu 1.100 garrafas de cerveja nas vésperas dos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Shane Battier é um dos favoritos dos jornalistas, por sempre conseguir um pouco além em suas respostas, explanações e metáforas. Para o Miami Heat, sua chegada foi um dos pontos vitais, como registramos aqui, para Erik Spoelstra a embarcar em uma revolução tática, liberando LeBron James de qualquer grilhão em quadra. Em suma, Battier é o cara, mesmo que poucos deem alguma bola pra ele.

Agora, seu papel durante a sequência histórica de 27 vitórias da equipe da Flórida nesta temporada, seu papel pode ter ido muito além disso, usando de algo muito mais importante que a inteligência ou o talento: a superstição, claro. Diz o ala revelado por Coach K em Duke que, desde que ele tomou uma golada da cerveja Bud Light. Então ele foi que com esse ritual adiante: se fosse para tomar uma cerveja – e motivo para comemorar não faltava, convenhamos –, seria dessa marca. “Todos os atletas são supersticiosos e, mesmo que não admitam, há uma rotina e uma cadência própria no dia-a-dia. Especialmente quando as coicas vão bem. É possível nos ver tentando replicá-la”, disse Battier. “Você nunca sabe. Não quero desafiar a sorte e mudar as marcas, então fiquei leal a ela.”

Aí que, nestes tempos em que um vídeo certeiro no YouTube pode render muito mais do que um banner no Vinte Um uma peça publicitária com milhões investidos em cast e computação gráfica, eles decidiram recompensar a lealdade e o marketing involuntário do jogador operário com um presente.

Battier podia ter encenado melhor sua reação na hora de receber o “pacote”, mas tudo bem. O vídeo é bacana, de qualquer jeito. Agora, caso a produção do ala despenque nestes playoffs, a razão pode ser bastante óbvia: 1.100 garrafas de cerveja.


Após exílio de 9 meses, folclórico Chris Andersen se torna peça-chave para o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Quem ainda acreditava no Homem-Pássaro?

Tirando Brook e Robin Lopez e sua fixação por histórias em quadrinhos, acho que ninguém.

Até que o Miami Heat topou abrir suas portas para Chris Andersen, o mítico Birdman. Primeiro, um contrato de dez dias. Depois outro. Até que decidiu renovar de vez com mais um jogador extremamente atlético para sua coleção, conseguindo um pivô que se encaixava perfeitamente com a nova proposta de jogo de Spoelstra. Acho que deu certo. Diga lá, Dwyane Wade?

“Ele é perfeito. Perfeito”, afirmou o ala-armador, que depois procurou filosofar sobre seu novo companheiro, tentando entender o fenômeno.

Chris Andersen, reforço perfeito

Joel Anthony? Ilgauskas? Pittman? Deixa disso, vai de Birdman

“Quando você olha para tudo que o Birdman é, o que as pessoas dizem que ele é e até mesmo o que ele é de certa maneira, ele não corresponde.  Mas quando você olha para o modo como ele joga, sua produção na quadra e do que precisamos, é um ajuste perfeito”, disse.

Bem, deu uma viajada, né? Mas o que dá para entender dessa avaliação é que, para Wade, é fácil observar Andersen e se concentrar apenas nas caretas, bandanas, os mais diversos cortes de cabelo e, especialmente, nas tatuagens, tirando daí uma conclusão simples de que estamos diante de um tresloucado, de um jogador irresponsável, rebelde.

Aí você pega este, digamos, problema de imagem e soma o fato de ele já ter sido banido da liga por uso de drogas e envolvido, no ano passado, em nebulosa investigação em Denver, que levou à apreensão de computadores em sua residência, e o resultado foi que a NBA como um todo se distanciou do pivô, que ficou nove meses parado.

Não que George Karl e a comissão técnica do Nuggets tivesse alguma reclamação, uma postura contrária ao jogador. A equipe simplesmente não tinha espaço mais em sua rotação de pivôs, na qual Timofey Mozgov mal entra em quadra. Mas, quando procurados pelos treinadores de Miami, avalizaram qualquer negócio.

O que Spoelstra enxergava no pacote técnico de Andersen? Um jogador capaz de ampliar o espaçamento da quadra para sua equipe – para cima. Sim ele poderia – e conseguiu – adicionar mais uma dimensão ao ataque e a defesa dos atuais campeões. Com muita impulsão e mobilidade, ótimo tempo de bola e muita munheca, representou uma evolução considerável para a equipe que já contou com o mão-de-pedra Joel Anthony nesta função.

Aproveitando-se de excelente movimentação de bola de sua equipe, dos espaços abertos em infiltrações por LeBron e Wade, Andersen converteu 60,36% de seus arremessos na zona mais próxima da cesta. Mas a melhor notícia ainda é o fato de que 90,24% de seus arremessos durante todo o ano saíram dessa região. Estamos falando de 111 em 123 arremessos no total, com muita consciência tática – veja no gráfico abaixo. Para comparar, no ano passado, 77,8% de suas tentativas foram nessa faixa de curtíssima distância para o aro.

Os arremessos de Chris Andersen

“Sabe, o clube me permite ser o jogador o que sou. Este tipo de liberdade dá uma grande margem de confiança para mim. Isso me inspira a voltar para o ginásio e trabalhar ainda mais duro, muito mais, para me esforçar em ser um jogador melhor”, disse Andersen, que tem 80% de suas cestas de quadra oriundas de assistências dos companheiros.

Além disso, com sua presença sui generis, o pivô se encaixou rapidamente em um elenco que o próprio técnico diz não ser dos mais fáceis: “Acho que este foi um ponto-chave com Cris, que ele se encaixou em um vestiário complexo. Você precisa ter personalidade, tem de ser confiante. Se não tiver a personalidade certa, você pode ser destroçado numa situação dessas”.

Hoje, o reforço é intocável. “Ninguém vai mexer com o Bird. Há dois caras que você não tem permissão para mexer aqui: ele e o UD (Udonis Haslem)”, afirmou LeBron.

A personalidade de Andersen é tamanha que ele dobrou até mesmo uma das regras pessoais de Spoelstra, que havia prometido que não se referiria a nenhum atleta por seu apelido e deixou escapar vez ou outra um “Bird” em suas entrevistas, se desculpando em tom de brincadeira na sequência.  E nem precisava se desculpar, nem nada. Com Andersen, ou Bird, no time, o Heat decolou, acumulando 38 vitórias em 41 partidas. “Por alguma razão, ele é diferente”, explicou Spoelstra.

 *  *  *

Não há dúvida de que Chris Andersen seja um personagem cult, e há um certo cuidado para valorizar sua marca. Um dia desses ele corrigiu um repórter sobre seu hábito de simular batidas com os braços em quadra como se fossem asas. “Batida. Eu bato apenas uma vez, então não são batidas.”

(Se bem que, na abertura do Harlem Shake do Miami Heat, ele bate o braço no mínimo umas 13 vezes:

Figura.

Já um dos queridinhos da torcida do Miami, agora com exposição nacional nos EUA, chegou a hora de Andersen se apropriar do codinome Birdman como sua marca profissional. “Eu preciso registrar. Estamos tentando”, afirma. Seu agente, porém, só esclarece algo. “Tudo o que ele faz vai para caridade. Ele está envolvido demais com ciranças. Vamos lançar a Fundação Freebird para ajudar crianças desfavorecidas. Qualquer um que estiver vendendo camisetas ilegais do Birdman na Internet está roubando dinheiro da caridade”, disse.

*  *  *

Veja abaixo as duas participações de Andersen na disputa de enterradas do All-Star Weekend em anos consecutivos, 2004 e 2005. Destaque, claro, para sua épica apresentação no segundo ano, na qual testou a paciência de toda uma nação. Reparem também como seu corpo ainda estava limpinho, limpinho, e como Gilbert Arenas ainda era uma estrela naquela época:

*  *  *

E aqui o Chris se junta ao PETA num belo esforço de relações públicas, exibindo todas suas tatuagens:

 

 *  *  *

Chris Andersen foi o primeiro jogador a ser promovido da D-League para a NBA, em 2001, pelo Denver Nuggets, clube no qual foi companheiro de Nenê por seis temporadas. Antes de defender o Fayeteville Patriotas na liga de desenvolvimento, passou pelo basquete chinês e pela extinta IBA (International Basketball Association).


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


Confiante, armador afirma que Milwaukee Bucks pode vencer o Miami Heat em seis jogos
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Giancarlo Giampietro

Jennings, nas alturas

Brandon Jennings, uma figura contra o Miami Heat

Você dá aquela espreguiçada, calça o chinelo e o arrasta até a cozinha. Prepara o chá, encharca a torrada de requeijão e abre o HoopsHype. A primeira nota discorre sobre a possível reunião entre Mike Brown e Cleveland Cavaliers, tem um pouco sobre Bynum, Dallas Mavericks e Carmelo… Até que, de repente, lá está o Brandon Jennings para fazer da sua manhã algo muito mais feliz.

“Estou realmente confiante. Estou certo de que todo mundo já está nos descartando, mas eu nos vejo vencenco a série em seis jogos”, disse o armador do Milwaukee Bucks, em uma premiação do mundo dos esportes no estado do Winsconsin, lá onde o Bon Iver montou sua cabana-estúdio e onde a adolescente Jennifer Lawrence se revelou ao mundo em “Inverno da Alma” (Winter’s Bone).

Acontece que, mesmo no Winsconsin, você não pode sair falando o que der na telha sem que as pessoas te julguem. Lembrem que o Bucks tem pela frente o grande favorito ao título, o Miami Heat. Então nem mesmo os nativos puderam receber a declaração de Jennings sem espanto. Percebendo a reação apavorada dos jornalistas, o armador, então, sorriu e ao menos escapou com essa: “Não tem pressão alguma sobre nós!”

Bem, isso é verdade. Não há expectativa alguma em torno dos rapazes de Milwaukee nessa. Afinal, eles mais perderam do que ganharam no campeonato, com 38 vitórias e 44 derrotas.

E, por mais que ele nunca tenha terminado uma temporada da NBA com mais de 42% de pontaria nos arremessos de quadra, Jennings não deixa de lado, mesmo, a empáfia. Badalado desde os tempos de High School, seguiu uma rota incomum ao ignorar o basquete universitário para ganhar como profissional em Roma, chegou com tudo à NBA, anotando 55 pontos já em sua sétima partida.

O problema é que, até hoje, quatro anos depois, este continua sendo o grande momento de sua carreira. O jogador não progrediu muito em Milwaukee, mas ainda acredita que vale o salário máximo da liga e que seu time pode despachar o Miami Heat por 4 a 2.

Bom dia, sexta-feira.


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Quais foram os destaques individuais de uma grande temporada da NBA?
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Giancarlo Giampietro

LeBron

Somos todos testemunhas, sim. O marketing acertou

Foi mais uma grande temporada, que pareceu ainda melhor sucecendo um campeonato sabotado pelo lo(u)caute de 2011. As 27 vitórias seguidas do Miami Heat de LeBron James. A evolução contínua e assustadora de Kevin Durant. Os heroísmos de um desesperado Kobe Bryant (em sua, glup, despedida!?). O ano em que Carmelo cumpriu sua promessa e, enfim, jogou sério do início ao fim. Indiana e Chicago resgatando os tempos das defesas ferozes de Knicks e Pistons. A renascença de Tim Duncan, com Splitter efetivado ao seu lado. A correria frenética do Nuggets e seu basquete “sem estrela”, mas com o maníaco Kenneth Faried. Stephen Curry. James Harden. Russell Westbrook. Damian Lillard e Anthony Davis, bem-vindos sejam. O Charlote Bobcats. Quer dizer, o Charlote Bobcats, não. Mas tudo bem. Teve bastante coisa para acompanhar de outubro para cá. Agora, então, a de passar a régua e fechar a conta, ou, pelo menos de pedir aquela parcial pro garçom, enquanto os playoffs. Sem mais delongas, a lista de prêmios do Vinte Um pela qual você mal podia esperar:

Melhor jogador
Kevin Durant manteve sua altíssima média de pontuação, chutando estonteantes 51% de quadra, 41,6% de três pontos e 90,5% de lances livres, sendo um terror em todos os cantos a partir da meia-quadra. Melhorou como um passador, criador de jogadas para os outros – suas posses de bola terminam em assistências em 21,7% das vezes, contra 15,2% da carreira. Melhorou como reboteador e como marcador. Seus índices de eficiência estão no topo. E, não, ele não foi o melhor jogador da liga. Para você ter uma ideia do quão estepacular foi o ano vivido por…
LEBRON JAMES, Miami Heat
(Durant é o segundo da lista, algo que também não se discute. Na sequência, qualquer trio dentro do grupo de Melo, Paul, Duncan, Parker, Kobe, Marc Gasol, Wade pode completar um top 5 de respeito.)

Melhor técnico
Essa é disparada a categoria mais difícil, com tantos ótimos trabalhos. Por mais que queiram diminuir o jogo praticado na liga americana, a carga tática lá praticada é riquíssima, cheio de pequenos detalhes que podem facilmente passar despercebidos quando se quer observar apenas ***as estrelas*** em ação. Há diversas formas também de se abordar essa escolha: quem fez mais com menos, o trabalho mais surpreendente, quem tem o time mais consistente, o time mais inventivo etc. Desses caminhos, certamente o Miami Heat não se enquadra na primeira: com LeBron, Wade, Bosh, Battier, Allen, Andersen, Chalmers, Miller, mão-de-obra não falta. Ainda assim, engatar uma sequência de 27 triunfos? Ter o melhor ataque e a sétima melhor defesa? Ousar e quebrar uma série de paradigmas e dogmas, explorando ao máximo as características particulares de seus atletas? Ele fez tudo isso, levando um timaço a outro patamar…
ERIK SPOELSTRA, Miami Heat
(George Karl com seu divertidíssimo e traiçoeiro Denver Nuggets, Mike Woodson controlando Melo e JR Smith em Manhattan e explorando os velhinhos Prigioni e Kidd, Kevin McHale levando aos playoffs a equipe mais jovem da liga, Lionel Hollins e sua maquininha de basquete no Grizzlies sem Rudy Gay, Frank Vogel com sua defesa sufocante, esmagadora, tendo DJ Augustin, Orlando Johnson, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi como seu quinteto reserva… Gregg Popovich, oras!, voltando ao top 3 defensivo, com o sétimo melhor ataque, a despeito das lesões de seus craques… Enfim, a categoria é REALMENTE difícil.)

Melhor sexto homem
JR Smith teve momentos espetaculares pelo New York Knicks, ainda mais em tórrido início e final de campanha. No meio do caminho, porém, Mike Woodson testemunhou uma ou outra loucura em quadra, para variar.  Um cara mais consistente durante toda a temporada, tão importante como para sua equipe, o único a ter médias superiores a 10 pontos (12,9) e 5 assistências (5,5) por jogo vindo do banco, acertando 40,4% de três, 45,2% de quadra (criando quase sempre a partir do drible, assim como JR), mas que, por não jogar na Big Apple e ter sempre operado em franquias periféricas, andou sempre escondido foi…
JARRET JACK, Golden State Warriors
(Mas, olha, JR Smith realmente jogou uma barbaridade pelo Knicks quando Amar’e Stoudemire não esteve em quadra. Em abril, suas médias foram de 22 pontos, 6,6 rebotes (!), 2,4 assistências com 48,3% de pontaria. Nate Robinson também incendiou muitos jogos em Chicago, para o bem e para o mal. Mais regular foi Kevin Martin, que se virou muito bem, conforme o esperado, com as sobras de Wess e Durant em Oklahoma. O combo Eric Bledsoe/Jamal Crawford  também merece menção, mas a presença de um atrapalha a do outro.)

Melhor defensor
Hoje há diversos índices estatísticos que mostrem a relevância de um defensor para sua equipe, mas vamos nos dar ao direito de nem conferi-los agora, se limitando apenas a um dado levantado por Tom Haberstoth, do ESPN.com: 4,4 km corridos é a média por jogo de…
JOAKIM NOAH, Chicago Bulls
(Sério, Noah é o atleta que mais acumulou milhagem na temporada, mesmo tendo perdido as últimas semanas devido a essa mardita fascite plantar. O sujeito se mata. Ele correu mais até que Luol Deng, que liderou a temporada em minutos por jogo, com 38,9. E sabemos bem que Noah corre de modo inteligente em quadra, cobrindo espaços com velocidade lateral e vertical impressionantes, tendo que se virar como a âncora defensiva de um time que perdeu Asik e teve Taj Gibson também jogando no sacrifício; em Nova York, Tyson Chandler é a defesa do Knicks; Marc Gasol oferece uma presença intimidadora para sustentar a segunda melhor retaguarda da liga; Larry Sanders cria o caos em quadra. LeBron James, quando necessário, é acionado por Spo para anular um oponente. Até isso ele faz.)

Jogador que mais evoluiu
Diversos astros fizeram as melhores temporadas de suas vidas, como LeBron, Durant e Melo. Deron Williams terminou o ano como o cara que mais evoluiu dentro da mesma campanha, lembrando muito mais aquele craque de Utah do que o do gordote desinteressado e desvairado de Nova Jersey – mas isso não vale nesta categoria. Ainda assim, prefiro sempre os jogadores mais subestimados que conseguem se inserir no mapa das figuras mais relevantes da liga, como o garoto que assumiu a liderança de sua equipe, aprendendo com os próprios erros, com uma capacidde atlética impressionante e um pacote técnico que ainda pede aprimoramento, mas já avançou significativamente…
PAUL GEORGE, Indiana Pacers
(Pelo Sixers, Jrue Holiday seguiu o mesmo script de George, assim como Brook Lopez em Brooklyn; Larry Sanders conseguiu segurar, na maior das vezes, seu ímpeto exagerado, maneirando nas faltas, podendo jogar por mais tempo e influenciar a defesa do Milwaukee Bucks de um modo como Andrew Bogut fazia antes de sua terrível lesão; Andray Blatche deixou de ser um vagal para contribuir para um time de playoff; Greivis Vasquez, por fim, terminou como o terceiro principal assistente da liga, atrás apenas de Rondo e Paul, e nem o chavista mais fanático poderia imaginar isso.)

Novato do ano
Um pouco por causa dos constantes problemas físicos do Monocelha, mas muito mais por suas habilidades e ousadia, quebrando recordes em Portland, surpreendendo a liga toda, esta categoria é tão barbada como a de MVP…
DAMIAN LILLARD, Portland Trail Blazers
(Anthony Davis não teve o impacto que muitos esperavam em Nova Orleans, até porque sua campanha foi sabotada por pequenas lesões, mas mostrou muito potencial, com 13,5 pontos, 8,2 rebotes, 1,8 bloqueio, 1,2 roubo de bola e 51,6% mesmo sem o físico ideal para aguentar um campeonato brutal; potencial absurdo também tem o gigante Andre Drummond, de Detroit; e muito mais refinado já está o jovem ala-armador Bradley Beal em Washington. Pablo Prigioni tecnicamente se enquadra como um novato, mas não vamos ter a desfaçatez de inseri-lo nesta lista, embora tenhamos acabado justamente de fazer isso.) 🙂