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Arquivo : Giovannoni

Magnano dispensa Mariano, e restam dois cortes para definir seleção da Copa América
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Giancarlo Giampietro

A seleção brasileira vai avançando etapas – ao menos em termos de calendário –, e Rubén Magnano, definindo seu grupo. Nesta segunda-feira, o técnico argentino dispensou o pivô Lucas Mariano, o caçulinha da equipe. Restam agora 14 jogadores sob seu comando, com mais dois cortes a serem realizados até que tenhamos o plantel da Copa América definido.

Nesta terça-feira, sua equipe volta a enfrentar o fraquinho México, em São Paulo, 19h (horário de Brasília). Se o padrão for mantido, é de se esperar que, ao final do amistoso, mais um atleta seja comunicado de que não vai embarcar para a Venezuela. De modo que viajariam 13 para a disputa da Copa Tuto Marchand, até que sobrem os 12 eleitos.

Lucas Mariano e a bandeja de esquerda

Lucas Mariano para a bandeja no treino: algo que pareceu proibido em jogo

Lucas participou da final do Super 4 de Anápolis contra a Argentina, ficando em quadra por 12 minutos. Marcou três pontos, não pegou nenhum rebote e cometeu um desperdício de bola. Seus três chutes no clássico saíram de longa distância, numa arma que parece ter virado a única no repertório do talentoso jogador durante sua extensa passagem a serviço dos times da CBB.

Na Universíade de Kazan, a revelação francana já havia exagerado um pouco na dose em seus arremessos de fora: ele tentou 14 bolas do perímetro durante todo o torneio para supostos estudantes e converteu apenas uma. Até que, em amistoso contra o Uruguai na semana passada, um aparente milagre aconteceu, quando ele acertou quatro em cinco. Prova de que está praticando o fundamento, sim, mas também um número que sublinha o quanto randômica foi sua atuação. Vamos lá: se formos considerar seus dois testes pelo time de Magnano e todo o torneio “universitário”, Mariano obteve um aproveitamento de apenas 27,7% de três (6/22). Não é da noite para o dia em que um jogador que ainda não matou sequer um chute de fora quando em ação pelo NBB.

Não que ele deva ser proibido de se aventurar distante da cesta. Pelo contrário. Se há a mínima chance de um atleta tão jovem, de 19 anos, desenvolver múltiplas habilidades, que se invista nisso sem freio – Lula Ferreira certamente está ciente do que vem acontecendo. Agora… Conduzir esse experimento numa seleção brasileira e, numa subversão, limitar o rapaz a apenas este papel em quadra não parece a coisa mais produtiva para nenhuma das partes. E assim coube a Lucas nos 33 minutos que teve nos amistosos: com os pés fixos na linha de três pontos, basicamente esperando o desenvolvimento dopick-and-roll da vez para ver se dali sobraria uma rebarba. A ideia, a princípio, faz sentido. Sua presença, desde que como um chutador respeitado, serviria para espaçar a quadra para os companheiros atacarem. Agora, ficar só nisso? Um pecado, considerando o material humano. Guilherme Giovannoni (presença certa) e Rafael Mineiro (acho que ainda na luta por vaga) ficam com essa incumbência daqui para a frente.

Temos o seguinte, então: Huertas, Raul, Rafael Luz, Larry, Benite, Alex, Arthur, Marquinhos, Giovannoni, Mineiro, Felício, JP, Hettsheimeir e Caio.

Quais podem ser os próximos dois cortes?

Depende do que Magnano tem na cabeça. Se ele pretende jogar sempre com dois armadores na rotação, o natural seria manter Luz e dispensar Arthur e um pivô ou dois grandalhões de uma vez (Felício, JP, Mineiro e Caio no páreo), contando com Guilherme como alguém capaz de segurar as pontas lá debaixo. Outro caminho seria abrir mão de Rafael e manter o ala de Brasília no time como uma medida de segurança, deslocando eventualmente Benite para o rodízio de armadores. Mas… Tudo isso se Marquinhos estiver apto para jogar. Até agora, preservado com problemas no joelho, ele ainda não foi para quadra em cinco amistosos.

*  *  *

Flaquito, sim, o México, mas que deu uma canseira na rapaziada no sábado passado. Este jogo eu não consegui ver, por motivos de Ricardo Darín e de achar que a partida começaria mais tarde, mesmo, mas vocês já sabem, claro, do sufoco que o Brasil passou para derrotá-los em Anápolis. Aqui, as estatísticas do triunfo por 88 a 81, com uma virada por 29 a 17 no último quarto. Uma partida bem diferente daquela de Salta, na Argentina, em que a seleção venceu por 94 a 68.Se na derrota para a Argentina, no domingo, o ataque foi o problema, no inesperado jogo sofrido contra os mexicanos, foi a defesa quem deixou a desejar, fazendo de Magnano um sujeito furioso, com razão. Não dá para tomar 81 pontos de um time desses, ainda mais sem Gustavo Ayón, o herói de Zapotán (cliquem e assistam ao vídeo, por favor), Earl Watson, Eduardo Nájera, Chicharito e Hugo Sánchez. Vamos ver como as equipes se comportarão no terceiro confronto em oito dias. Vou tentar dar uma chegada ao clube para  conferir de perto.


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

*  *  *

No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

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Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

*  *  *

Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

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Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

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Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


Brasília apanha pela Liga das Américas naquilo que teoricamente faz de melhor
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Giancarlo Giampietro

Giovannoni reclama

O Brasília se habituou a dominar o NBB com seus jogadores mais talentosos que a média, explosivos, descendo em contra-ataques aparentemente poderosos, ainda mais com todo o entrosamento de anos entre Nezinho, Alex e Arthur, mais a adição de Giovannoni quando essa base de reencontrou no Distrito Federal.

Além disso, não dá para esquecer que os supercampeões nacionais também são famigeradamente conhecidos por sua catimba, o apreço pelo contato físico, a reclamação com a arbitragem, uma ou outra falta mais dura, para mostrar “quem manda”. O território é deles, afinal.

Mas e quando o adversário não está nem aí para nada disso – e, se quiser encarar, sobra um senhor cotovelo do pivô Fernando Martina? Quando não enxergam do outro lado nenhum cachorrão? E quando a arbitragem se mostra extremamente fria a cada contestação, petrificada, mas não por medo?

Aí o jogo tem que ser só na bola, e na bola o Lanús deu uma sova nesta quinta-feira, vencendo por grigantes 77 a 49 pela abertura do quadrangular final da Liga das Américas, em Porto Rico.

A vantagem chegou a ser de 69 a 34 ao final do terceiro período. Na última parcial, com a partida já decidida, a equipe brasileira venceu por 15 a 8. O que houve?

Os argentinos – e seus dois excelentes americanos, o pivô Robert Battle e o ala-pivô William McFarlan – simplesmente fecharam a porta na cara do Brasília, que se viu obrigado a investir em lances de um contra um, sem nenhuma inventividade em suas movimentações ofensivas, virando presa fácil.

Para entrar no garrafão foi extremamente complicado, resultando numa pontaria horrível de 35% nos arremessos de dois pontos para seus oponentes. Você soma isso com o fato de as sagradas bolinhas não terem caído dessa vez – foram 11,1%, 2/18, azar, né? – e tem uma ideia do que a defesa dos caras aprontou na partida. Para não ficar nenhuma dúvida, ainda se pode contrastar as sete assistências (sete do time todo, em 40 minutos de jogo, reparem) contra 16 desperdícios de bola para os campeões nacionais. Um estrago.

Contestando cada arremesso, cada posse de bola – quando o jogo ainda valia –, o Lanús conseguiu então atropelar os candangos justamente nos contragolpes, com 23 pontos contra apenas sete. Foi com um contra-ataque atrás do outro nos segundo e terceiro períodos, vencido por 26 a 12 e 24 a 9, que o time abriu sua expressiva liderança.

E isso chama bastante atenção: os brasileiros gostam de jogar desta forma, mas só de um lado da quadra? Porque a defesa em transição nesta primeira rodada do quadrangular decisivo foi um desastre. Completamente lenta, desnorteada, permitindo que os armadores, alas ou pivôs pudessem se aproximar de sua cesta com muita facilidade, trocando passes em high-low, em triangulações, ou batendo direto em infiltrações, mesmo, como no caso de Nicolás Laprovitolla, armador de seleção, que anotou 18 pontos e 5 assistências, matando seis chutes em oito tentativas de dois pontos.

Não dá para dizer que o Lanús é tão superior assim em comparação com o Brasília.

Dá para argumentar que foi uma daquelas noites em que “nada deu certo” – Alex acertou apenas um arremesso em oito, pontuando basicamente em lances livres; Arthur terminou com dois pontos; Guilherme foi com 4/12; Nezinho sozinho foi responsável por sete turnovers.

Mas não deixou de ser uma tremenda de uma lição de basquete .

*  *  *

O Lanús já enfrentou clubes brasileiros em quatro ocasiões neste torneio e venceu todas elas por mais de dez pontos de vantagem. Além da surra que aplicaram nos candangos nesta quinta, bateram o Flamengo por 83 a 69 na fase de semifinal e o Pinheiros em duas ocasiões: 86 a 74 na primeira fase e 87 a 72 nas semis. Afe. Ainda bem que não disputam o NBB, hein?

*  *  *

Nesta sexta, o Pinheiros enfrenta os argentinos pela terceira vez, então, neste torneio. Na primeira rodada, a equipe paulistana conseguiu uma boa vitória por 88 a 76 sobre os anfitriões do Capitanes de Arecibo – que tem três jogadores ex-NBA, os gêmeos Graham e o gigante PJ Ramos. Belo resultado, mas não vi o jogo. Seguem as estatísticas. Quem vencer entre Lanús e Pinheiros, então, vai ficar muito perto do título.


Com amistoso marcado, a NBA enfim ratifica descobrimento do mercado brasileiro
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Giancarlo Giampietro

Linha do tempo, vamos lá:

– 1984: Oscar Schmidt é draftado na sexta rodada pelo New Jersey Nets, mas nunca chega a fazer a transição para a liga norte-americana, numa época de raríssimos contatos entre a NBA e o mundo FIBA.

– 1988: vindo da universidade de Houston, a mesma de Hakeen Olajuswon, o pivô Rolando Ferreira é draftado pelo Portland Trail Blazers na 26ª escolha geral, a primeira da segunda rodada, já uma façanha e tanto. Ele encerra sua carreira na liga em apenas uma temporada, com 12 partidas disputadas.

– 1991: João Vianna, o Pipoka, disputa uma partida oficial pelo Dallas Mavericks e marca dois pontos contra o Spurs em San Antonio. Ele assinou contrato no dia 2 de outubro e acabou dispensado em 12 de novembro.

Nenê e o commish

Nenê podia ter sido do Knicks, mas foi para o Nuggets em marco brasileiro na NBA

– 2002: Nenê Hilário é selecionado na sétima colocação do Draft da NBA pelo Knicks, um feito histórico. É repassado de imediato ao Denver Nuggets, pelo qual jogou até o ano passado, quando foi trocado para o Washington Wizards. Em sua carreira, já tem garantidos mais de US$ 100 milhões apenas em contrato.

– Junho de 2003: É a vez de Leandrinho seguir a rota traçada pelo pivô são-carlense e deixar o basquete brasileiro para se preparar exclusivamente para o Draft. É selecionado pelo Spurs na 28ª escolha para ser repassado para o Phoenix Suns. Pelo clube do Arizona, foi eleito o melhor sexto homem de 2007, sendo um dos melhores arremessadores de três pontos do campeonato por dois anos seguidos.

– Setembro de 2003: Alex Garcia impressiona o técnico Gregg Popovich na disputa da Copa América no Porto Rico e assina como agente livre com o San Antonio Spurs. É dispensado em junho de 2014 e logo contratado pelo New Orleans Hornets. Acabou dispensado pelo novo clube em dezembro daquele ano.

– 2004: seguindo, uma rota diferente, o pivô Rafael Araújo, o Baby, é o oitavo no draft daquele ano, tendo se formado pela universidade de BYU – ao contrário do que teve no basquete universitário, porém, sua carreira na liga profissional dura apenas três anos, até que seu contrato com o Utah Jazz expirou em 2007. No mesmo recrutamento, Anderson Varejão sai em como o número 30, a primeira escolha da segunda rodada, pelo Orlando Magic, mas já é negociado pouco depois para o Cleveland Cavaliers. É ídolo da torcida.

– 2006: Marquinhos, com os mesmos agentes de Nenê e Leandrinho, também tenta a sorte nos EUA e é escolhido na posição 43 do draft pelo Hornets. Fica dois anos no clube, joga pouco (26 partidas no total) e é trocado nem fevereiro de 2008 para o Memphis Grizzlies, que não renovou seu contrato.

Alex, o da NBA

Alex, em novembro de 2004: um Hornet

– 2007: Tiago Splitter, jogando na Espanha, cai no colo do San Antonio Spurs no final da primeira rodada, novamente com a escolha 28, mas dessa vez o clube texano mantém o brasileiro. O pivô jogou mais alguns anos pelo Baskonia até se transferir. Virou titular na atual temporada e deve chegar bem cotado ao mercado.

– 2010: Paulão Prestes é escolhido pelo Minnesota Timberwolves, na segunda rodada (45ª), é aproveitado em jogos de liga de verão, mas não chega a firmar um contrato.

Esse é o campo esportivo.

No dos negócios, a liga desenvolveu seus laços com o país de modo bem tímido – ao menos do ponto de vista oficial, já que seu marketing já era disseminado por meio de suas partidas, site e produtos importados.

Numa teleconferência de imprensa láaaaaaa atrás em 2000, antes mesmo da chegada de Nenê a Denver, o comissário David Stern já ventilava a possibilidade de fazer um amistoso de pré-temporada no brasil. Lembro que, na mesma conversa, ele afirmava que dois jogadores brasileiros tinham chances de entrar na liga num futuro próximo: Guilherme Giovannoni e Jefferson Sobral. A história acabou sendo outra.

De todo modo, uma vez com Maybyner Hilário contratado, a NBA tinha, enfim, alguma âncora firme para evoluir com seus negócios. Mas foi bem aos poucos. O país recebeu algumas das edições do programa “Basketball Without Borders”, um camp coordenado por dirigentes e técnicos de suas franquias, reunindo alguns dos principais jovens jogadores do continente. O último foi em 2011, no Rio. Eventos esporádicos também foram realizados.

BWB no Rio

Atividade do BwB no Rio em 2011

Até que de um ano para cá as coisas esquentaram. Em 2012, começou a operar um escritório da liga no Brasil, localizado no Rio. “O país que receberá o Mundial de futebol e a Olimpíada chama a atenção do mercado internacional”, disse na época o vice-presidente da NBA para a América Latina, Phillippe Moggio, ao repórter Daniel Brito, então da Folha de S.Paulo (texto na íntegra para os assinantes). O próximo passo foi a criação de uma loja oficial online: “Vemos o Brasil como terceiro mercado para a NBA [atrás de EUA e China], é muito importante, pelo crescimento do país, seu bom momento, além da Olimpíada. É uma oportunidade muito grande”, disse Moggio.  Na ocasião, o dirigente garantiu que chegaria ainda o dia em que o país teria um jogo de pré-temporada, pelo menos. “É um compromisso que temos”, afirmou.

Durante a década passada, esse tipo de discurso havia sido repetido tantas vezes, em diversas ocasiões, que sempre foi recomendado um tico de desconfiança. Dessa vez não foi apenas falácia, enfim chegou o dia: 12 de outubro de 2013, com Washington Wizards enfrentando o Chicago Bulls na Arena HSBC, do Rio.

Ter uma arena de primeiro nível sempre foi visto como um grande impasse para a realização de um amistoso ou jogo da liga por aqui. O ginásio escolhido no Rio de Janeiro está de pé desde 2007, quando abrigou os Jogos Pan-Americanos. Na ocasião, apenas como espectador do evento, Leandrinho me disse o seguinte a respeito: “Com certeza (a arena) pode receber qualquer evento da NBA. Garanto que muita gente viria para o ginásio apoiar um time que tenha algum dos brasileiros”.

Em termos de infra-estrutura, a sede não mudou tanto assim para que pudesse ser esse o difrencial na decisão anunciada nesta terça-feira pela turma de Stern. A marcação do amistoso, enfim, ratifica o descobrimento do Brasil, como mercado, pela NBA.


Análise: Brasília vence jogo tresloucado com defesa sufocante de Alex sobre Marquinhos
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Giancarlo Giampietro

 Olivinha x Isaac

Algumas notas sobre o clássico entre Flamengo e Brasília, aparentemente as duas melhores equipes do basquete brasileiro. Uma vitória dos candangos por 82 a 70, impondo a segunda derrota do rubro-negros na atual edição da liga nacional:

– É claro que vai irritar muita gente, mas não dá para evitar a sugestão: se isso é o que há de melhor hoje no basquete brasileiro, então a coisa está feia, mesmo. Ficando evidente que os times participantes do NBB não conseguem dar aquele salto técnico tão aguardado.

(Pausa para que se digira essa colocação por alguns cucos…)

(Pronto.)

Que o ginásio borbulhando influencia no comportamento dos atletas decididamente – afinal, eles, por mais experientes que sejam, não estão nada habituados a entrar em quadra com tanta gente assim na plateia, mesmo que haja todo aquele espaço azul nas laterais da quadra para separá-los.

Que a rivalidade também contribui para tanto nervosismo. Havia muita tensão no ar, claro.

Mas chega uma hora que você espera que as coisas se assentem em quadra. Que os atletas tenham se aclimatado e passado a se concentrar tão somente no que precisavam executar em quadra, canalizando toda a energia do confronto de modo positivo.

Não foi o que aconteceu, e o que vimos foi um jogo sem ritmo algum: é de atordoar a facilidade para se alternar entre sequências infindáveis de ataques e contra-ataques tresloucados, com um festival de decisões equivocadas, e um jogo travado pelo excesso de faltas duplas, reclamações e tantas explanações didáticas (bem didáticas, tudo explicadinho, direitinho, em prol do basquete, sabe? Bem direitinho mesmo e didático, tintim por tintim, não se enganem). Foram muitos erros de bandeja e em finalizações no garrafão.

– Na NBA, já é recorrente a discussão sobre a eficiência do famigerado “hero ball”: quando o sujeito põe a bola debaixo do braço nos segundos finais, pede para limpar a quadra e parte para o abraço, para as glórias. É ele contra a rapa. Já não é realmente o cenário mais indicado. No confronto desta quinta, vimos isso acontecer muitas vezes: individualismo exacerbado. Com uma diferença: muitas vezes apenas no início de uma posse de bola qualquer no segundo quarto. Ou no primeiro. Ou no fim do terceiro. Enfim…

– O resultando de tanto nervosismo e tentativa de heroísmo na frieza dos números: um aproveitamento muito baixo nos arremessos de quadra. O Brasília matou 30 em 70 tentativas de cesta (42,8%). O Flamengo foi de 22 em 66, o clássico 33,3%. Ugh. E não me venham dizer que foi por causa de duas muralhas defensivas. Muralha, mesmo, tem um nome. Vamos a ele…

– Também não chega a ser novidade, mas é preciso reconhecer mais um esforço louvável de Alex para conter seu companheiro de seleção brasileira, Marquinhos. Não dá para dizer que existe uma rivalidade pessoal entre os dois. Mas ambos sabem que é um duelo diferente, envolvendo dois jogadores de ponta, de seleção. E nós sabemos que esse é o tipo de jogo que Alex adora também. Pois o “Brabo” usou todo o seu vigor físico, aplicação e fundamento para anular um dos jogadores mais talentosos ofensivamente do campeonato.

Alex ainda terminou com 11 pontos, boa parte deles anotados no quarto final, mas a grande influência que ele exerceu sobre a partida foi na marcação, mesmo, se dedicando a arrancar o flamenguista de sua zona de conforto.

– Sobre Marquinhos, realmente foi um jogo bastante decepcionante. O ala não conseguiu reagir contra a defesa sufocante de Alex, se perdendo em quadra. Em vez de encarar o desafio, buscar mais infiltrações – já que o tiro de fora não caía… –, o ala fez o contrário: sucumbiu, recuou em quadra e insistiu em chutes de probabilidade muito menor de acerto. Encerrou sua participação com apenas uma cesta de quadra em dez tentativas.

Quando não brecava para buscar o arremesso, procurava rodar a bola. Mas, aturdido, cometeu uma série de erros. Foram cinco desperdícios no total, sem contar outros passes forçados quase interceptados pelos oponentes. Seria um jogo para esquecer, não fosse a necessidade de rever seu desempenho e tentar tirar uma lição disso.

– Fica a expectativa para que o pivô Paulão consiga dar um jeito em seu físico. Porque do jeito que está não dá. Naturalmente, vocês vão achar que o blogueiro ficou maluco, já que o rapaz somou 17 pontos e 10 rebotes no triunfo, sendo o jogador com melhor índice de eficiência da partida. Agora, tivesse o Flamengo um pivô mais ágil, como ficaria Paulo Prestes em quadra?

– Aliás, esse é um ponto constantemente destacado pelo professor Paulo Murilo em suas análises no Basquete Brasil (leitura obrigatória para avaliar o que se passa, ou não, com a tática no NBB) e que ficou evidente: lentos, Caio e Paulão ficam bastante deslocados em seus elencos, com um estilo que não combina com a vocação do restante dos companheiros. E, por falar em Paulo Murilo, fica uma dica para os basqueteiros cariocas de plantão, ou aqueles que possam dar um pulinho no Rio de Janeiro: o professor vai coordenar uma oficina imperdível de 28 a 31 de março.

– Nezinho: 4 acertos em 11 tentativas de três pontos. Onze. Algumas delas horrorosos, daquelas de tirar as crianças da sala.

– Impressão, ou Alex está saltando ainda mais? O mesmo vale para Giovannoni, que, nos segundos finais, saiu com bastante facilidade do chão para dar duas raras cravadas.

– Sobre a transmissão: ponto para o SporTV por ter enviado sua equipe para o ginásio, dando a chance para que os telespectadores pudessem captar toda a pressão exercida pela torcida. Só uma observação: será que não dava para caprichar mais no cronômetro apresentado na tela? Dependendo do tempo de jogo, a visualização é extremamente difícil – e, sim, meus óculos estão com a lente correta. 🙂

PS: Siga o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Deu Argentina de novo: Brasília erra muito e perde em casa para Regatas Corrientes
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Giancarlo Giampietro

Alex x Washam

Nem Alex, excelente defensor, teve muito sucesso contra Washam

Você pode não acreditar, mas, num embate entre brasileiros e argentinos no basquete masculino, deu Argentina. Nesta quinta-feira, o Brasília tinha seu confronto com o Regatas Corrientes muito bem encaminhado no primeiro tempo, mas se atrapalhou todo na etapa final, com um festival de desperdícios de posse de Nezinho, e acabou derrotado por 93  a 91, em casa.

Não só o revés conta como mais um no histórico recente entre clubes dos dois vizinhos, como também custou aos candangos a liderança do Grupo B da Liga Sul-Americana.

O Brasília chegou a abrir 17 pontos de vantagem com 14 minutos de jogo, quando caía tudo de três pontos e Guilherme Giovannoni (24 pontos no total) não encontrava resistência em suas investidas. Dava tudo certo. Depois o que acontece? Roda VT: na volta do intervalo, com um pouco mais de pressão sobre a bola, os argentinos conseguem desestabilizar os anfitriões, e aí acontece um carnaval de decisões equivocadas com a bola que permitem aos adversários, de pinguinho em pinguinho, a redução da desvantagem e a virada.

Nezinho, por conta própria, somou seis erros individuais, com muitos passes descabidos. Muitos deles difíceis de engolir. Por exemplo quando o armador, experiente que só, salta com a bola no meio da quadra sem um objetivo claro e acaba atirando a batata quente para os outros resolverem.

Sabemos que é um jogador tinhoso. Nezinho não se conforma com os erros que comete e passa a enfrentar a questão de frente. Em muitos casos, trata-se de uma boa postura. Não se deixar abater para supostamente manter a cabeça no lugar. O problema com o veterano é que o complemento desta fórmula nem sempre funciona. Quando voltou do banco, ele desembestou a chutar suas bolas de três pontos na corrida, sem paciência alguma. Por mais que alguns desses disparos tenham chorado, são bolas bastante absurdas nessa altura da carreira.

Uma delas veio em momento crucial. Após uma falha da arbitragem e o destempero do técnico argentino, o Brasília pôde bater quatro lances livres, abrir cinco pontos de vantagem com pouco mais de 1min30s no cronômetro e ainda ter a posse de bola. Posse que terminou com o disparo de longa distância em péssima hora, a possibilidade de um contra-ataque e o início de uma última reação dos visitantes. Reação que terminou com uma bola de dois pontos do americano Dartona Washam (23 pontos) a 2s do fim, debaixo da tabela, numa pane defensiva que também custou caro.

O torneio continental tem mais dois rounds entre brasileiros e argentinos. Pelo Grupo C vão se enfrentar o Peñarol deles e o Flamengo. Enquanto pelo Grupo D o confronto ocorre entre São José e o tradicional Libertad Sunchales.

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Em termos de aproveitamento de quadra, o Brasília teve uma ótima jornada, com 56,1% no geral (618% nas bolas de dois pontos e 47,8% nas de três), todos bem superiores ao que apresentou o adversário, respectivamente com 47,5% (56,3% e 37%). O que acabou determinando a derrota foram os 16 desperdícios de posse de bola contra apenas sete dos oponentes, além da discrepância no número de lances livres, devido ao elevado número de faltas do time da casa: 27 contra 18.

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Algo que chamava muito a atenção vendo o jogo: a enorme diferença de capacidade atlética dos jogadores de Brasília contra os rivais do Regatas. Alex, Nezinho, Tischer, o energégico Isaac, Ronald… Esse povo sobrava nesse quesito. Ainda assim, foram os argentinos quem bateram muito mais lances lives, dada a indisciplina dos oponentes e o acúmulo de faltas muitas vezes desnecessária. O time da casa cobrou apenas 21 lances livres e converteu 16. Os forasteiros tiveram 37 lances livres, matando 27. São nove pontos de diferença nesse quesito. Foram incontáveis os lances em que o corajoso Paolo Quinteros bateu a primeira linha de defesa candanga com fintas simples para entrar no garrafão e causar um rebuliço.


Brasil perde para França, mas sai com anotações valiosas para Londres-2012
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Giancarlo Giampietro

Derrota nunca é legal, mas a seleção brasileira, superada pela França neste sábado, ao menos pode tirar algumas boas anotações desta partida realizada em Estrasburgo em sua reta final de preparação. Vamos lá:

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No terceiro período, o Brasil venceu por 26 a 14 (clique aqui para ver os números do jogo). Foi quando Magnano manteve Marcelinho Huertas por mais tempo, acompanhado por um quinteto que deve utilizar muito mais em Londres, com uma rotação um pouco mais enxuta, num ritmo diferente do que fez até nos amistosos. E esse quinteto seria formado por uma combinação entre Alex, Leandrinho, Marquinhos, Varejão, Splitter e Nenê. A presença de Giovannoni deve ser condicionada ao que o técnico adversário põe em quadra.

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Com Larry ‘armando’ no início do quarto período, mesmo tendo Parker no banco e o irregular Yannick Bokolo na armação, a França conseguiu tirar rapidamente dez pontos de vantagem. Coisa de três a quatro minutos. Foi nesse trecho que eles acabaram vencendo o jogo.

Huertas somou 15 pontos, cinco assistências e converteu sete de seus 12 chutes – e fica mais claro a cada amistoso que o armador do Barcelona vai precisar ser um ironman em Londres. Repararam que Raulzinho nem entrou?

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Escrevemos aqui sobre o desafio diferente que Tony Parker oferecia para a defesa brasileira, e faltou bater numa tecla bastante importante no jogo do armador: sua habilidade para criar no pick and roll é incrível e, no primeiro tempo, deu muito trabalho para os brasileiros. Magnano optou por fazer a defesa com a troca dos marcadores, mas, por mais que Nenê, Splitter e Varejão sejam ágeis lateralmente, não vão conseguir segurar o ex da Eva Longoria.

Quando Parker infiltrou, as rotações defensivas não conseguiram responder rapidamente, deixando os laterais livres no perímetro ou os pivôs com caminho aberto para enterradas. Caio, que foi para a quadra ainda no primeiro tempo, foi quem mais sofreu para cobrir espaços. Parker, que, aliás, descansou por 11min30s, terminou com 22 pontos, 13 deles nos lances livres. Boris Diaw deu cinco assistências aproveitando as brechas.

Em alguns momentos, a dificuldade para parar essa jogada lembrou aquele  quarto período tenebroso das oitavas de final do Mundial contra a Argentina. Com a diferença de que ali era a flecha (Luis Scola) que nos feria e não o arco (Prigioni).

Nas Olimpíadas, na primeira fase, há apenas um armador que pode causar problemas desse jeito: justamente o australiano Patty Mills, que vamos ver em ação neste domingo e na estreia das Olimpíadas e é reserva de Parker no Spurs. Mills é mais explosivo que o veterano francês, mas não tem tantos recursos com a bola.

Quem melhor defendeu Parker, para variar, foi o Alex, especialmente no terceiro quarto – lembrando que tanto o ala como Huertas começaram o jogo no banco dessa vez, evitando assim o confronto com o armador logo de cara.

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Quando o Brasil procurou o ataque interior, especialmente no terceiro quarto, invariavelmente boas coisas aconteceram: pontuação dos alas e pivôs ou alguns lances livres. Escrevendo assim, parece uma coisa bem óbvia, né? Afinal, quanto mais próximo do aro, maior a chance de você converter o arremesso. No caso da seleção, porém, vale reforçar isso. Demorou, custou um bocado, mas enfim a equipe abraçou essa obviedade, terminando com 40 pontos no garrafão, contra 30 dos anfitriões. Considerando que eles têm Tony Parker, sempre um dos maiores cestinhas na zona pintada na NBA, essa vantagem foi expressiva.

No geral, dos 69 arremessos brasileiros no jogo (12 a mais que os adversários, diga-se), 14 foram de três pontos. A França chutou ainda menos: apenas nove em 57.

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Foi muito bom ver Marquinhos voltar neste jogo como se não tivesse perdido nada nas últimas semanas. Ele se movimentou bem, sem demonstrar dor ou limitação, aguentando até mesmo uma bola presa com a fortaleza que virou o pivô Kevin Seraphin. Ele terminou com oito pontos em 26 minutos para desenferrujar.

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Seraphin, aliás, que está jogando com muita confiança, hein? O francês já havia terminado a temporada da NBA jogando muito bem, inclusive apontando uma influência de Nenê em sua evolução. Mas também não vá exagerar, rapaz. Girando para todos os lados, acertando o chute de média distância também. Foram oito pontos e quatro rebotes para ele, mas em apenas 15 minutos.

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Vale dizer também que, a despeito de um estranhamento aqui e ali entre os jogadores, foi realmente um amistoso: nenhum atleta, por exemplo, jogou por mais de 29 minutos. Os 28min27s de Parker foram o máximo para a França, enquanto os 26min34s de Marquinhos lideraram entre os brasileiros.

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Leandrinho rendeu muito mais ofensivamente quando trabalhou fora da bola em vez de investidas individuais. Dos seus cinco primeiros arremessos, por exemplo, ele converteu os dois em que recebeu a bola em condições para finalizar da zona de média distância para dentro. Errou os três em que decidiu atacar por conta própria.  Sua primeira jogada no mano-a-mano que funcionou foi quando decidiu aproveitar um mismatch contra o ex-companheiro de Suns Boris Diaw, ainda muito pesado.

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O nível atlético dos franceses é até superior ao dos brasileiros, coisa rara. Desta forma, num eventual confronto olímpico, é preciso muita atenção dos nossos alas e armadores para bloquear os jogadores após o arremesso. Gente como Diawara, Gelabale vai atacar a tábua ofensiva atrás de rebotes ou de roubadas sempre que puderem. São muito ágeis, enérgicos e elásticos. Melhor afastá-los da bola.

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Um ponto importante, por fim: dessa vez foi a França que jogou desfalcada, sem escalar o ala Nicolas Batum. E um desfalque considerável. Batum é ainda mais atlético e muito mais completo que Diawara e Gelabale, tem muito mais talento no ataque e pode ser considerado hoje o segundo principal jogador da equipe. No mínimo, o terceiro, dependendo da motivação de Boris Diaw.


Brasil barbariza na bola de três. Vai ser sempre assim?
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Machado para três

Em geral, antes de fazer seu comentário, na tentativa de ser o mais original possível, recomenda-se ao blogueiro que não bisbilhote por aí na rede, para não ser influenciado.

Depois de assistir ao VT de Brasil x Espanha B nesta quinta de manhã, porém, infringimos essa regrinha aqui ao abrir o Basquete Brasil, do professor Paulo Murilo. E o que acontece? Claro que se influencia.

Como de praxe, o ex-técnico do Saldanha da Gama levanta um ponto importantíssimo a respeito do modo como o brasileiro tem atacado. Diante de tantos chutes de três pontos do time em jogadas de cinco contra cinco, ele comenta desconfiado: “Hmm… Sei não”.

Reforçamos essa reticência aqui. Quando encarando uma defesa plantada, a seleção tem jogado muito pouco com seus pivôs. Seja Nenê, Splitter, Varejão, Caio ou Guilherme. Eles precisam ser alimentados muito mais vezes, gente. Talento não falta ali.

Creio que a contestação é válida mesmo depois da surra que os caras deram nos espanhóis ontem. Não é todo dia que vai chover bola de três pontos na cesta deste jeito (aproveitamento de 64%). Isso é um fato. Mesmo que muitos desses tiros de longa distância tenham sido/sejam bem trabalhados, não se  pode trabalhar excessivamente para isso: há muitos momentos em que eles parecem a única finalidade do time.

O número de 25 chutes pode não parecer muito para alguns. Mas, se for o seu caso, considere o seguinte: com a forte defesa e diversos contra-ataques, boa parte de nossos arremessos totais foram meras e ótimas bandejas livres. Resulta que, em termos de posse de bola com o relógio andando normalmente, digamos, o volume de bolas de longa distância cresce consideravelmente.

Em Londres, quando enfrentarem uma defesa mais bem armada e ativa no perímetro do que os espanhóis ‘bês’ apresentaram, como vai ser? Vão fintar e buscar a infiltração? Vão dar mais um passe para tentar um arremesso ainda mais equilibrado? Antes desse possível chute, vão ao menos procurar estabelecer um jogo interno qualquer? Essas perguntas podem ser importantes muito em breve.

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Tirando Guilherme, não parece, realmente, que nossos pivôs estão um pouco enferrujados? Splitter deu uma parada ao final da temporada. Nenê vem sofrendo com seus problemas no pé. E Varejão ficou muito tempo inativo por causa da fratura sofrida no pulso. Bem, para eles deslancharem, nada melhor do que abastecê-los nesses jogos preparatórios.

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Depois de uma sacolada dessas, não dá apenas para levantar dúvidas. Tem de elogiar também, e o ponto mais positivo até aqui é a intensidade da equipe. Defendendo sem parar, perseguindo a bola, quebrando o ritmo dos adversários que haviam conseguido muito mais contra a Argentina na semana passada. A diferença na abordagem brasileira, comparada com a dos vizinhos, em termos de pressão na bola, fica gritante. Para manter esse ritmo, Magnano vai rodando seu time de modo constante. É um plano de jogo bem agressivo e interessante, que já virou padrão. E essa abordagem dá uma boa segurança para a equipe se ajeitar no ataque – sem contar as inúmeras bandejas acima citadas.

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Se já não faz parte do seu hábito, durante toda a temporada, é meio que obrigatório conferir as análises do professor Paulo Murilo.


A Rússia no grupo do Brasil. E aí?
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Giancarlo Giampietro

Rússia: no caminho dos brasileiros

Difícil encontrar metáfora que me satisfaça mais do que a do copo meio-cheio x meio-vazio.

Vamos apelar a essa sabedoria popular, então, para falar sobre o ingresso da Rússia no grupo da seleção brasileira masculina nos Jogos de Londres-2012.

A versão otimista da coisa, em que ainda tem muita coisa no copo, é a seguinte: seria uma possibilidade a menos de rival forte do outro lado para enfrentarmos numa eventual oitavas de final. A pessimista, em que o copo já está acabando: crescem as chances de ficarmos em quarto ou até mesmo sermos eliminados na fase de grupos.

Pensando bem, em termos  da versão otimista, não tem muito alívio: digamos que passem EUA em primeiro e, em alguma ordem entre segundo e quarto, Argentina, França e Lituânia. Ter a Rússia, ou não, neste apanhado, não faz diferença nenhuma. Por outro lado, com os caras na nossa chave, já está garantido mais um adversário chato de cara. E segue o que disse Magnano ao Basketeria antes de saber qual seria o adversário: “Se você me der para escolher, eu preferiria indubitavelmente Nigéria ou República Dominicana do que Rússia ou Lituânia”.

Agora… Para conquistar medalha em Olimpíada não dá para esperar vida fácil, mesmo. Tem de bater Rússia, Argentina, Lituânia, Grécia, ooops, Nigéria, qualquer coisa desse nível. Não tem como fugir disso.

Pelo que observamos do time de David Blatt neste Pré-Olímpico mundial e no último europeu, destacamos o seguinte:

– Por mais que Alexey Shved tenha evoluído horrores, ele ainda não está pronto para ser um armador principal solitário em quadra, e a marcação forte que Magnano vem instaurando na seleção pode surtir efeito; Anton Pronkashov é uma máquina de turnovers e Vitaly Fridzon é um  combo guard muito melhor chutando de três do que para armar para os outros. O ideal é pressionar bastante com uma defesa adiantada, pensando nos dois sujeitos que vêm abaixo.

– Uma vez que a Rússia se estabelece no ataque, boa parte de sua criação de jogadas se oncentra no ala Viktor Khryapa, que é capaz de acumular linhas estatísticas dignas dos bons tempos de Boris Diaw na NBA, com um pouco (ou muito) de tudo: rebotes, assistências, pontos, tocos e bloqueios. Varejão, Splitter, ou qualquer grandão que sobre com ele vai precisar de cuidado, porque o russo costuma operar muito bem da cabeça do garrafão, bem distante da cesta, organizando o jogo.

– Andrei Kirilenko, bobagem apresentá-lo, é o outro ala e, ao lado de Khryapa, oferece uma combinação muito interessante. Os dois circulam bastante pelo perímetro interno, e fica difícil de segui-los. De novo o cuidado requerido para os nossos pivôs, que são ágeis para enfrentar Sasha Kaun e Timofey Mozgov, mas não tão rápidos para seguir um dínamo como AK-47. Por isso, dá para imaginar Guilherme Giovannoni e Marquinhos com um longo tempo de quadra nesse confronto.

Eles têm tradição, mas o Brasil histórico também tem. A barra fica mais pesada, mas isso também não quer dizer que já não estava. Dá um bom jogo, desde que nossos rapazes atendam bem ao que o argentino pede do lado de fora da quadra.